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Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança [Ano] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 2 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Unidade - Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança MATERIAL TEÓRICO Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Elias Nery Revisão Textual: Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcante Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 3 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Introdução Ante os negociantes, as máquinas a vapor, os navios e os canhões do Ocidente – e ante suas idéias -, as velhas civilizações e impérios do mundo capitularam e ruíram. (HOBSBAWM, 1977, p. 18) Você acha natural as coisas serem como são? Já se perguntou como é que chegamos até aqui? Tem curiosidade em ir além da constatação de que algo existe e tenta entender por que existe? Pois é, ao escolher um curso superior, buscamos respostas científicas, explicações para nossas inquietações e dúvidas. Nesse texto, nosso objetivo inicial é provocar em você a curiosidade, a necessidade de entender a passagem que a humanidade realizou de um mundo organizado em torno da agricultura, de verdades absolutas e de relações sociais marcadas pela exclusão da maioria da população, da possibilidade de desfrutar do conforto e do bem estar, para a etapa atual da sociedade humana, caracterizada pela produção industrial e luta pelo acesso à cidadania. O que hoje denominamos desigualdades sociais sequer poderia ser colocado como pauta pelas sociedades da Idade Média, na qual servos sustentavam com seu trabalho todos os demais segmentos que, como vampiros, sugavam a força de trabalho de homens, mulheres e crianças tratados quase como bichos. Nos poucos séculos que nos separam dessa realidade muita coisa mudou. O modo de produção capitalista prometeu colocar fim aos privilégios da nobreza e da burguesia, a classe dominante no novo sistema, conseguiu impor suas ideias às maiorias, porém o que se viu foi a instalação de uma sociedade marcada pela desigualdade de acesso à cidadania, levando as classes sociais a estabelecerem uma luta em busca, de um lado, da manutenção de privilégios e, de outro, de por um fim a eles. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 4 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Na história, como na vida individual, há escolhas a serem feitas. As escolhas que a humanidade fez, nos diferentes contextos, nos trouxe à realidade em que vivemos. Para onde nos levarão as decisões do presente? Neste texto de abertura da disciplina Sociedade Moderna e Contemporânea pretendemos iniciar um diálogo sobre temas já extensamente estudado por antropólogos, sociólogos historiadores e pesquisadores de áreas afins. A proposta inclui diversos aspectos relacionados à “vida moderna” e, para abordá-los, organizaremos informações e conhecimento produzido pelas ciências humanas e sociais. É importante ressaltar a relevância desses temas, para a compreensão das mudanças que ocorreram nas formas de organização da cultura, das relações sociais e no modo de produção de bens e serviços em um período que, devido às características do nosso tempo, pode parecer longo e distante em termos de como vivemos. O estudo das práticas sociais, porém, poderá revelar aspectos significativos das origens de nossa sociedade e indicar outros relevantes para a compreensão dos diferentes estágios pelos quais a sociedade humana tem passado. Fundamental, também, considerar que a exposição dos temas baseia-se em obras e análises por vezes conflitantes e, por esta razão, não se pretende estabelecer verdades absolutas, mas apresentar diferentes posicionamentos frente à história. Um marco importante refere- se à visão eurocêntrica que perpassa os estudos dos temas aqui incluídos. Como participantes da sociedade ocidental, desconsideramos o conjunto de práticas que não têm origem no “velho” continente, a Europa. A ciência e os relatos parecem indicar aquele continente como centro do mundo e, a partir dele, considerar a existência dos demais como sistemas mais ou menos próximos de seus valores, tendendo ao etnocentrismo. Como afirmam muitos historiadores, temos construído nossas verdades a partir do ponto de vista dos vencedores, nesse caso os europeus, que levam às outras sociedades suas verdades e ideologias. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 5 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Feitas estas considerações iniciais, passamos à análise dos temas desta unidade. 1. Moderno, Modernização, Modernidade: Oposições Entre O Antigo e o Novo As palavras moderno, modernização e modernidade são, ainda nos dias de hoje, representações de valores importantes para nós. Ser moderno é melhor do que ser antiquado; a modernização é fundamental para nos levar à modernidade. Nos mais diferentes campos do conhecimento – economia, política, cultura, educação – declarar-se moderno é assumir um posicionamento favorável às mudanças, ao novo, ao que nos é contemporâneo. É certo que setores da sociedade evocam valores antigos em nome de um saudosismo de um tempo em que a vida teria sido melhor, mas isto faz parte da resistência de parcelas minoritárias da sociedade, vencidas pela avalanche de modernidade produzida pelos sistemas criados a partir do final do feudalismo. A eterna luta entre o antigo e o novo, entre a permanência e a mudança fazem parte do processo e mobiliza as sociedades em busca de um mundo no qual a vida se revele melhor. Revoluções e mudanças radicais em todas as áreas ocorreram no período compreendido entre a instauração do que se denominou “sociedade moderna” e o nosso tempo, o que nos é contemporâneo. Para iniciarmos a análise dos temas aqui apresentados é importante esclarecer a interpretação que damos a alguns conceitos existentes na ementa da disciplina e também no conteúdo, que, contextualizados nos períodos que fazem parte da disciplina, podem nos levar a diferentes concepções. São eles: moderno, modernização, modernidade, sociedade, contemporâneo, globalização, mundialização. Tais conceitos tendem a se tornar “conceitos fetiche”, ou seja, são utilizados em tão diferentes circunstâncias que deixam de designar uma Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 6 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança realidade ou tendências, tendo seus conteúdos esvaziados. Os conceitos “moderno” e “globalização” são os que mais têm essas características: tudo pode ser moderno, do modo de organização de uma empresa às atitudes de um cidadão; tudo é efeito da globalização, desde o aquecimento do planeta às fábricas “deslocalizadas” do Século XXI. Pretendemos evitar esse efeito de esvaziamento, uma vez que os conceitos aqui indicados são essenciais para a compreensão do conteúdo a ser abordado. - Moderno: oposição entre capitalismo e feudalismo; velho e novo regime; burguesia e Aristocracia; rural e urbano. Tais oposições permanecem como válidas atualmente,na medida em que tendemos a considerar moderno como uma qualidade, em oposição àquilo que não tem essa qualidade. Dessa forma, por exemplo, podemos considerar a moda moderna ou a vida urbana moderna, em oposição à vida rural. O capitalismo se impôs ao feudalismo e, no Século XX, ao socialismo, apresentando-se como sistema moderno. Portanto, em nossas análises, a ideia de moderno tende a considerar que, em seu conjunto, as sociedades pretendem ser modernas, o que gera conflitos entre o antigo e o novo, entre os valores e as práticas tradicionais e processos de mudanças, observáveis no nosso tempo em todos os campos, haja vista a cultura do novo de nossa sociedade. - Modernização: processos instaurados em busca de alterar a condição de atraso e atingir o estágio moderno. Propomos compreender modernização como ações para vencer o atraso. As tecnologias inseridas a partir do Século XV alteraram a consciência humana acerca da capacidade humana em agir sobre a natureza, levando à crença de que é possível adaptar o mundo às necessidades humanas. Desde aquele tempo a sociedade tem como ideal modernizar-se em termos políticos, sociais, culturais, econômicos, tendo como parâmetro os países capitalistas avançados que se constituíram a partir da segunda metade do Século XIX, principalmente na Europa. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 7 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança - Modernidade: refere-se mais ao “espírito do tempo”, que propriamente a fatos e eventos e procura exprimir a condição moderna. Daí deriva, por exemplo, a ideia de modernismo, muito aplicada às artes, como o movimento modernista brasileiro das primeiras décadas do Século XX. Paris, capital do Século XIX, é o símbolo primeiro da modernidade. Urbanização, artes e mudanças nas relações sociais levaram artistas como Charles Baudelaire e filósofos como Walter Benjamin a analisarem a capital francesa como palco da modernidade, que substituía os valores tradicionais da Aristocracia pelos valores da burguesia, de certa forma expressando o resultado das revoluções francesa e inglesa do Século XVIII. - Sociedade: organizações humanas caracterizadas pela definição de regras e leis, desenvolvimento de relações sócio-culturais com o objetivo de estabelecer padrões de conduta e comportamento, objetivos e formas capazes de garantir a continuidade de um grupo humano. O ser humano sempre viveu em sociedade. O período compreendido pela sociedade moderna e contemporânea contempla o processo de intensas mudanças nas organizações humanas, o que ocorreu em função da expansão do número de seres humanos e da constituição das cidades como principal espaço de vida. O ambiente rural no qual a humanidade viveu a maior parte de sua história diferia substancialmente do mundo predominantemente urbano que progressivamente construímos a partir do final da Idade Média. A sociologia e a antropologia, entre outras ciências, estudam fenômenos que ocorreram para a adaptação do ser humano às novas dinâmicas sociais das grandes metrópoles do mundo contemporâneo. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 8 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança - Contemporâneo: é aquilo que é do nosso tempo, o que inclui ideias, pessoas, obras, contextos. Isto não significa que contemporâneo é o que ocorre hoje ou aconteceu ontem, mas um tempo em que há continuidades. Apesar de não haver consenso, consideraremos, como (HOBSBAWM, 1988), contemporâneo tudo o que ocorreu a partir de 1914, ano em que se inicia a 1ª Guerra Mundial, que teria modificado profundamente a ordem estabelecida pela burguesia até a “Era dos Impérios” (HOBSBAWM, 1988). A nova ordem forjada a partir daquele evento não foi ainda superada. As intensas disputas entre os campos capitalista e socialista durante a guerra fria e a aceleração nos processos de divisão social do trabalho a partir das novas tecnologias não levaram à superação do modelo de sociedade. - Globalização: fenômeno social, econômico e político que designa a fase atual do capitalismo, principalmente a partir da década de 1970, com as tecnologias da informação e criação de blocos econômicos com atuação global. - Mundialização: designação de antropólogos e sociólogos para as transformações no campo da cultura ocorridas com a circulação da mercadoria cultural em âmbito mundial, tendo as indústrias culturais dos EUA e Europa como principais produtores. Sabemos que essa apresentação é insuficiente para uma compreensão mais aprofundada dos conceitos, porém é uma orientação para nossas análises. Na bibliografia e nas indicações que faremos há mais informações que possibilitam maior aprofundamento. Passemos às considerações acerca do contexto no qual a sociedade moderna foi gerada. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 9 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança 1.1. Modernidade: As Origens da Sociedade Moderna. O que a história e outras ciências definiram como “sociedade moderna” tem suas raízes no modelo de sociedade feudal que a antecedeu. A “velha” ordem feudal foi progressivamente sendo vencida, à medida que os valores e a organização da sociedade foram apresentando conflitos com o que ocorria tanto na base econômica quanto na superestrutura. Não há um marco específico que determine o fim do feudalismo e início do capitalismo, modo de produção e sistema político identificados com a modernidade. A sociedade feudal, agrária, organizada em torno da produção exclusivamente realizada pelos servos, mantidos estes sob controle dos senhores feudais e da igreja católica, vê-se questionada por uma nova classe que surge: a burguesia, que, nas nascentes cidades, ou burgos, inicia um longo processo que modificaria profundamente a sociedade em todos os aspectos. Como resultado desse processo, a burguesia havia se tornado classe dominante, detendo a riqueza e o poder, sem, porém, ameaçar as classes dominantes do antigo regime, pois pretendia apenas defender seus interesses sem modificar a estrutura da sociedade. A imposição do novo modo de produção e as consequentes mudanças nas atividades tradicionais levou à construção do que Walter Benjamin descreveu em sua alegoria da história, como progresso: o passado feito de ruínas, o futuro, imprevisível e avassalador, como uma tempestade que nos arrasta. Esse sentido de progresso é ratificado pelas duas revoluções da “Era Moderna”: a Industrial e a Francesa, a primeira demonstrando as mudanças no campo da produção de bens, que assume o sentido da produção em série, a segunda com o sentido político e social. Ambas ocorreram na Europa e a história as registra como fatos fundamentais para a história da humanidade, de certa forma desconsiderando o mundo que existia além da Europa. A imposição do Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 10 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança modelo de sociedade criado por essas revoluções às outras nações ou regiões do mundo tornou verdadeira a proposição dos europeus com sua suposta supremacia, resultado dessas revoluções que, segundo Hobsbawm (1977, p. 16), constituem “...a maior transformação da história humana desdeos tempos remotos...)”. O autor citado avalia que essas revoluções significaram o triunfo do capitalismo, que apresentou à sociedade seu modelo de produção – o industrial – o de liberdade e de igualdade – da sociedade burguesa liberal e a economia organizada de acordo com o modelo gerado pelos europeus, a partir da segunda metade do Século XVIII. Os valores do novo regime foram progressivamente se expandindo pela Europa e, posteriormente, pelos outros continentes, fazendo com que países importantes em outras partes do mundo se submetessem, pela força militar, à Europa. Ainda segundo Hobsbawm, o poder e a supremacia da Europa no período gerou seus inimigos: o mundo islâmico e o comunismo. O fim da Guerra Fria nos anos 1980 não pôs um ponto final à disputa ideológica e política entre capitalismo e comunismo, apesar de ter havido grande arrefecimento nos argumentos do comunismo e do socialismo no sentido de convencer a humanidade de que é capaz de construir um mundo melhor. O “espectro do comunismo” não atormenta os dirigentes do mundo capitalista, mas é lembrado a cada crise do sistema. E elas são cíclicas. Já o mundo islâmico, provavelmente o inimigo ideológico número um do sistema, definido como “eixo do mal”, por um líder dos EUA, mantém sua recusa aos valores do mundo ocidental. A “Guerra ao Terror” e as iniciativas do Ocidente nos últimos 50 anos registram o grau de antagonismo entre estas sociedades e geram profundas desconfianças de parte a parte, sendo utilizadas como argumentos para ações que desrespeitam acordos internacionais e ameaçam a ordem estabelecida pelo Ocidente capitalista e cristão. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 11 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança 2. Renascimento e Reforma: as grandes mudanças sócio- políticas e culturais. Novamente a Europa é o centro do universo para pensarmos as mudanças que ocorreram nos campos sócio-político e cultural entre os Séculos XIV e XVII. Uma volta ao passado anterior à Idade Média, ou seja, aos valores do mundo Greco-romano, foi pensada como um “Renascimento” daquele mundo idealizado em que a democracia, as artes e a filosofia teriam prosperado, gerando igualdade entre os homens. O “espírito” do renascimento seria, então, orientado pelos valores do humanismo, da racionalidade, da ciência, das artes do período Greco- romano, em oposição ao dogmatismo e às “trevas” da Idade Média, apresentados como entraves ao progresso da humanidade. A cultura e as artes tiveram, de fato grandes mudanças, principalmente em função do surgimento de um grande mecenas: a nova classe dominante, a burguesia, que, em busca de hegemonia também no campo das ideias, patrocinou as artes e as utilizou para ganhar legitimidade junto ao antigo regime. Porém, como registra PONCE (200, p. 106), “... o brilho extraordinário do Renascimento, com o esplendor da sua arte e a pompa das suas festas, não modificou em nada a situação dos explorados”, apesar de um de seus ideais ser o humanismo como forma de superar a angustiante situação das maiorias, mesmo na Europa. A “Era das Invenções”, na qual a humanidade entrava, gerou inúmeras formas de disseminação da informação e estas alteraram profundamente as relações sociais e culturais no período. A circulação da palavra impressa para além dos domínios da Igreja Católica em livros e pela imprensa gerou um ambiente político e cultural favorável ao “espírito” capitalista que, então, se desenhava e contribuiu para a aceleração nos processos de mudanças. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 12 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança O homem renascentista participa de um processo de intensas mudanças e nele assimila isso como uma característica dos “novos” tempos. O progresso parece inevitável, então o melhor é participar dele e desfrutar do que ele promete trazer. Mudanças na superestrutura cultural não ocorrem naturalmente e sem conflitos. Os antagonismos entre passadistas e modernistas nas artes, defensores do antigo regime e a nova classe dominante no âmbito político foram frequentes e geraram novas ideologias, algumas presentes em nosso cotidiano. Voltar ao distante passado Greco-Romano como forma de superar o passado recente da Idade Média, está a principal estratégia do Renascimento, que entrou para a nossa história como um período de intensa produção artística, científica e cultural. 3. A valorização do homem. As revoluções do Século XVIII prometeram enfrentar um grave problema dos períodos anteriores: os privilégios de poucos e a situação de penúria das maiorias. O discurso de oposição aos privilégios da Igreja Católica e da Nobreza buscava obter apoio de segmentos sociais excluídos, oferecendo a estes a promessa de um modelo de sociedade mais justo e com maiores oportunidades. Não foi difícil conseguir isso, já que os Modos de Produção Escravista e Feudal haviam organizado a sociedade a partir da exploração das maiorias, mantidas em situação de vida extremamente precária, sem liberdade e tratados como não-humanos. No início da era moderna isso também ocorreu e foi utilizado como bandeira para as transformações propostas pelo novo modo de produção. Segundo PONCE (2000, p. 82), “O escravo era um objeto, não uma pessoa. Ao comprá-lo o senhor lhe assegurava uma existência miserável, mas segura”. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 13 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Compondo o cenário do feudalismo, tanto escravos quanto servos eram fortemente explorados pelas classes dominantes e o cristianismo, que inicialmente se colocara ao lado dos desfavorecidos, “proclamava que eles eram iguais diante de Deus. Descoberta maravilhosa que respeitava o status quo terreno, enquanto não chegava o momento de alterá-lo, mas no céu...”. (PONCE, 2000, p. 85). A avaliação tanto dos Senhores Feudais quanto da Igreja Católica era de que manter as pessoas na “escuridão” da ignorância era o melhor meio de fazê-las trabalhar mais e aceitar viver em situações precárias. A divisão do trabalho no feudalismo mantinha uma situação de exploração absoluta de servos e escravos, responsáveis pelo trabalho braçal e produção da riqueza e totais privilégios a membros da Aristocracia e da Igreja Católica, aos quais cabia o trabalho intelectual. Essa divisão, de certa forma, permanece até os nossos dias e leva à repulsa pelo trabalho braçal, considerado desumano, inferior, a ser praticado pelos integrantes das classes subalternas e ao enaltecimento do trabalho intelectual, superior e reservado às pessoas mais capazes, em geral àquelas das classes dominantes. O mundo moderno prometeu levar a humanidade à felicidade do consumo, à diminuição das desigualdades e, em parte, cumpriu a promessa, mas apenas em parte, pois ao longo dos séculos a realidade produzida deixou de lado muitos dos valores e acabou por gerar novas formas de exploração e não de liberdade e igualdade. A valorização ou desvalorização do homem é resultado de lutas que ocorrem na sociedade e os antagonismos fazem parte do processo, não de vontades individuais ou discursos de quem quer que seja. A realidade pode ser interpretada de muitas formas e não há como não reconhecer que a modernidade gerou benefícios a segmentos antes excluídos,porém não é menos verdade que ao longo dos séculos milhões de homens, mulheres e crianças morreram trabalhando para manutenção do sistema, seja na produção de bens e serviços, seja em guerras geradas por um modelo de sociedade altamente competitivo e que cada vez mais opta pela resolução dos conflitos por meio da força, das guerras e da destruição de vidas e culturas. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 14 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Antigo, Novo, Contemporâneo: O Mundo Em Mudança Anotações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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