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1. Jurisdição

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JURISDIÇÃO
CONCEITO: A jurisdição é entendida como a atuação estatal, através da aplicação da lei ao caso concreto, que tem como finalidade a solução de uma crise jurídica com força de definitividade. O poder jurisdicional permite o exercício da função jurisdicional que se materializa no caso concreto por meio da atividade jurisdicional. Como função, a jurisdição é o encargo atribuído pela CF ao Poder Judiciário, podendo ser exercida, de forma excepcional, por outros poderes, a exemplo do processo de impeachment do Presidente da República realizado pelo Poder Legislativo, bem como nas sindicâncias e processos administrativos realizados pelo Poder Executivo. Como atividade, a jurisdição é o complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de jurisdicional no processo.
ESCOPOS: Escopo jurídico: corresponde a aplicação concreta da lei, a fim de que seja solucionada a lide jurídica. a ) escopo social: proporcionar às partes envolvidas no litígio a pacificação social e não apenas resolver o conflito sob o aspecto jurídico. b) escopo educacional: busca ensinar aos jurisdicionados os seus direitos e deveres, aumentando o contato entre a população e o Poder Judiciário. C) escopo político: pretende fortalecer a credibilidade do Estado perante os cidadãos, de modo que a jurisdição deve ser eficaz, afirmando o poder estatal. Ademais, a jurisdição é o último recurso em termos de proteção as liberdades públicas e aos direitos fundamentais. Por fim, objetiva incentivar a participação democrática através do processo, a exemplo da utilização da ação popular pelo cidadão para a defesa do Erário Público.
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS: O Estado não tem, por meio da jurisdição, o monopólio da solução dos conflitos, sendo admitidas pelo Direito outras maneiras pelas quais as partes possam buscar uma solução do conflito em que estão envolvidas. Trata-se do que é denominado pela doutrina de equivalentes jurisdicionais ou meios alternativos de solução dos conflitos, como a autotutela, a autocomposição, mediação e a arbitragem. a) autotutela: ocorre a sobreposição de um interesse pelo outro de maneira forçada, resultando na imposição da vontade da parte vencedora. É vedada, como regra, em nosso ordenamento jurídico (exercício arbitrário das próprias razões ou abuso de poder, conforme previsão nos artigos 345 e 359 do CP). Autoriza-se, excepcionalmente, a autotutela, como nos casos de greve, do direito de retenção, estado de necessidade, legítima defesa, etc. b) autocomposição: as partes, seja de forma unilateral ou bilateral e, mediante sacrifício integral ou parcial de um interesse, solucionam o conflito. A autocomposição é gênero, cujas espécies são as seguintes. Transação: há concessões recíprocas, de modo que as partes sacrificam parcialmente seus interesses para chegarem a solução do conflito. Submissão: um dos sujeitos envolvidos se submete a vontade contrária, ainda que legítima fosse a sua pretensão resistida. Renúncia: uma das partes abdica de seu interesse, a fim de solucionar o conflito. Embora sejam equivalentes jurisdicionais, a transação, a renúncia e a submissão podem ocorrer no curso do processo judicial, sendo que judicialmente a submissão é denominada de reconhecimento jurídico do pedido. c) mediação: busca a solução do conflito sem qualquer decisão impositiva, preservando a vontade das partes envolvidas. O mediador não propõe soluções do conflito para as partes, diferentemente do conciliador. O mediador deve atuar preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliando os interessados em conflitos, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Ao contrário, o conciliador, atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, podendo sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
PRINCÍPIOS DA CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO: a) independência (devem atuar de maneira independente, sem sofrerem qualquer espécie de pressão interna ou externa); b) imparcialidade (não pode beneficiar ou prejudicar nenhuma das partes); c) autonomia da vontade (o consenso entre as partes decorre de um acordo de vontade); d) confidencialidade (estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes; além do que, conciliador e mediador, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou mediação); e) oralidade (confere celeridade, prestigia a informalidade dos atos e a confidencialidade, já que restará escrito na ata o mínimo possível); f) informalidade (flexibilização procedimental para otimizar resultados; proporcionar tranqüilidade para as partes); g) decisão informada (manter as partes informadas quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual esta inserido). 
ARBITRAGEM: Para a doutrina majoritária, trata-se de equivalente jurisdicional. Outra parte defende a natureza jurisdicional da arbitragem. As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito, de modo que a decisão desse terceiro é impositiva. CARACTERÍSTICAS DA ARBITRAGEM: a) objeto: somente é admitida em matéria não-penal, que envolvam direitos disponíveis; b) sujeitos: somente pessoas capazes podem atribuir o poder de solução do conflito a um árbitro, terceiro imparcial, de confiança de ambas – que pode ser leigo, desde que pessoa física e capaz; c) forma (investidura e exercício): é instituída pelas próprias partes, por meio de uma convenção de arbitragem, que abrange: 1) cláusula compromissória (conflitos eventualmente existentes serão resolvidos pelo árbitro); 2) compromisso arbitral (litígio já existente será resolvido pelo árbitro); d) resultado: o conflito é solucionado por meio da sentença arbitral, que não necessita de homologação judicial e produz os mesmos efeitos que a sentença. Possui força de título executivo judicial, salvo nos juizados especiais, já que devem se submeter à homologação judicial (art. 26 da Lei 9.099/95); e) controle judicial posterior: somente da validade da decisão, devendo ser requerido até 90 dias após o recebimento da notificação, sob pena de se tornar imutável; f) limites: os árbitros solucionam o conflito, mas não tem poderes de execução da sua própria decisão, nem poderes de acautelamento do direito material em jogo. A tutela executiva e a cautelar deve ser requerida ao Poder Judiciário. Há precedente do STJ reconhecendo a competência arbitral para a tutela cautelar; g) disciplina: a jurisdição arbitral é regida pela lei dos juizados especiais e pela lei de arbitragem, aplicando-se esta última “aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua edição”, conforme prevê a Súmula 485 do STJ.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO: a) substitutividade: a jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto (se a vontade da parte é o inadimplemento, a jurisdição tem condições de impor a vontade da lei, isto é, a realização do pagamento). Não há substitutividade nas ações constitutivas necessárias e na execução indireta; b) lide: trata-se de conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida, constituindo fato anterior ao processo. Nem sempre se faz presente, como no caso das ações constitutivas necessárias, controle concentrado de constitucionalidade e tutela inibitória; c) inércia: a jurisdição é inerte, dependendo de provocação do interessado para ser exercida. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, ressalvando-se, neste último caso, as hipóteses em que o impulso oficial dependerá de atuação da parte, a exemplo do disposto na Súmula 631, STF. O juiz não pode mais dar início ao inventário de ofício.; d) definitividade: a decisão judicial é a única que se torna definitivae imutável, formando a denominada coisa julgada material.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO: a) investitura: decorrente do juiz natural, somente sendo competente aquele órgão que tenha sido investido na jurisdição (concurso, quinto constitucional ou para composição do STF).; b) territorialidade ou aderência ao território: somente pode ser exercida nos limites territoriais do nosso país e, por cada juiz nela investido, nos limites do território sujeito à sua jurisdição (comarca, seção judiciária), salvo as exceções previstas em lei. A territorialidade limita apenas a prática de atos e, não, os efeitos da decisão. Sempre que for necessária a prática de atos fora do limite jurisdicional, o juiz deve expedir carta precatória ou rogatória. Principais exceções ao princípio: citação pelo correio (247, NCPC), e arts. 60, 255, 845 do NCPC..; c) indelegabilidade: o Judiciário não pode delegar a função jurisdicional a outros Poderes (aspecto externo). No quesito interno, o órgão jurisdicional previamente competente, por meio de regras abstratas e impessoais, não pode delegar sua função para outro órgão jurisdicional, salvo no caso de tribunal, em processo de competência originária, que expede carta de ordem delegando ao primeiro grau a prática de ato de sua competência; d) inevitabilidade: vinculação obrigatória dos sujeitos ao processo judicial, devendo suportar os efeitos da decisão; e) inafastabilidade: não é necessário tentar solucionar previamente o conflito no âmbito administrativo, com exceção do disposto no artigo 217, §1º, da CF (Justiça Desportiva). Modernamente, entende-se que o princípio também abrange o aspecto relacionado a amplo acesso a justiça e participação no processo, afastando limitações econômicas e permitindo a efetiva influência das partes no convencimento do magistrado; além de que as decisões sejam proferidas com justiça e eficácia; f) juiz natural: proíbe-se a criação de juízos ou tribunais de exceção, além de determinar que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Ressalta-se que a criação de varas e câmaras especializadas, foros distritais e regras de competência por prerrogativa de função não ofendem o princípio do juiz natural.; g) promotor natural: não é um princípio explícito na CF, ao ponto de alguns doutrinadores afirmarem a sua inexistência. No entanto, alguns doutrinadores entendem que o princípio do promotor natural pode ser extraído da CF, já que se pretende vedar a designação de “acusador de exceção”, de modo a resguardar o acusado ou o litigante, bem como a independência funcional dos membros do parquet. O membro ministerial deve atuar sob a observância de critérios legais e predeterminados. O princípio do promotor natural não é absoluto, de modo que os poderes conferidos ao Procurador-Geral de Justiça de efetuar substituições, designações e delegações previstas expressamente na legislação (Lei 8.625/93) não ofendem o princípio do promotor natural. Da mesma maneira, a indicação de promotor assistente, para atuar em conjunto com o promotor da causa, não ofende o princípio do promotor natural, bem como a criação de equipes especializadas de promotores ou a formação de forças-tarefas para determinada área de atividade. Por isso, há possibilidade de criação de grupos especiais de atuação de caráter geral e previamente estabelecidos por normas de organização interna do Ministério Público.
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO: a) jurisdição penal ou civil: esse aspecto tem por base o objeto do processo judicial. A jurisdição civil é residual, na medida em que não sendo o direito material constante na demanda de natureza penal, a jurisdição será considerada civil. A doutrina critica essa divisão, pois se o critério diferenciador é a natureza do direito material, pode-se falar em jurisdição trabalhista, jurisdição eleitoral e jurisdição penal militar; b) jurisdição superior ou inferior: a jurisdição inferior corresponde aquela que exerce a sua função desde o início, ou seja, possui competência originária para processar e julgar a demanda, ao passo que a jurisdição superior somente é exercida em sede recursal dos tribunais; c) jurisdição comum e especial: a jurisdição especial decorre das regras de competência material previstas na Constituição Federal, ou seja, relaciona-se com a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. A competência da jurisdição comum é fixada de maneira residual, sendo integrada pela Justiça Federal e pela Justiça Estadual; d) jurisdição contenciosa e voluntária: A regra na legislação processual civil é a jurisdição contenciosa, a qual soluciona os conflitos de interesses com a aplicação do direito ao caso concreto, sendo excepcional a utilização da voluntária, ao ponto de alguns doutrinadores afirmarem a sua inexistência.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: A regra na legislação processual civil é a jurisdição contenciosa, a qual soluciona os conflitos de interesses com a aplicação do direito ao caso concreto, sendo excepcional a utilização da voluntária, ao ponto de alguns doutrinadores afirmarem a sua inexistência. CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: a) obrigatoriedade: embora a utilização da expressão “jurisdição voluntária”, percebe-se que a maioria das demandas consideradas como de jurisdição voluntária, na realidade possuem natureza de obrigatoriedade, já que dependem de prévia manifestação do Poder Judiciário, a exemplo das ações constitutivas necessárias. A obrigatoriedade depende de previsão legal, constituindo verdadeira opção legislativa de condicionar determinadas situações jurídicas ao crivo do Poder Judiciário. Não há que se falar em obrigatoriedade em relação aos procedimentos de inventário, partilha, separação e divórcio, já que atualmente é permitida a realização das citadas ações no cartório de registro civil das pessoas naturais, desde que preenchidos os requisitos previstos na Lei 11.441/2007; b) princípio inquisitivo: O juiz, na jurisdição voluntária, tem mais liberdade para tomar providências não requeridas pelas partes, seja na formação, condução ou decisão do processo judicial, podendo produzir provas e decidir contra a vontade de ambas as partes, além de poder julgar utilizando o juízo de equidade e iniciar de ofício determinadas demandas; c) juízo de equidade: conforme dispõe o artigo 723 do NCPC, o magistrado não é obrigado a utilizar o critério da legalidade estrita, podendo adotar, no caso concreto, a solução que considerar mais conveniente ou oportuna. A doutrina majoritária defende que na jurisdição voluntária o magistrado pode decidir apenas com o juízo de equidade, afastando completamente o juízo de legalidade ou legalidade estrita, de modo que lhe é permitido decidir de maneira contrária a legislação, desde que considere a solução mais conveniente ou oportuna; d) participação do MP como fiscal da ordem jurídica: segundo prevê o artigo 721 do NCPC, os interessados serão citados e o Ministério Público deve ser intimado, desde que preenchidos os requisitos do art. 178 do NCPC. NATUREZA JURÍDICA DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: para a teoria clássica ou administrativista, o magistrado não exerce atividade jurisdicional, pois apenas administra interesses privados, embora tenha sido escolhida a expressão “jurisdição” voluntária para designar essa espécie de jurisdição. Para a teoria revisionista ou jurisdicionalista, o juiz exerce atividade jurisdicional, embora a jurisdição voluntária possua peculiaridades que a diferem da jurisdição contenciosa. Daniel Assumpção Amorim é adepto da segunda teoria, ocorre que há questões de concurso que adotam a teoria clássica ou administrativista. A seguir serão analisados alguns dos fundamentos utilizados pela doutrina administrativista para afirmar a sua tese. a) inexistência de caráter substitutivo: na jurisdição voluntária o juiz não substitui a vontade das partes pela vontade da lei, mas apenas integra o acordo de vontade entre elas, de modo a possibilitar a ocorrência de efeitos jurídicos. Nesse aspecto, os adeptos da teoria administrativista afirmam que a ausênciade substitutividade demonstra a natureza administrativa da atividade jurisdicional exercida pelo juiz nos processo de jurisdição voluntária. Ocorre que a falta do caráter substitutivo na jurisdição voluntária não é suficiente para afastar a natureza jurisdicional da atividade desempenhada pelo magistrado. b) inexistência de aplicação do direito ao caso concreto: na jurisdição voluntária não há aplicação do direito ao caso concreto para solucionar o conflito entre as partes, já que não existe lide. A decisão proferida pelo magistrado apenas integra o acordo de vontades das partes homologando-o, autorizando-o ou aprovando-o. Segundo a corrente administrativista, a inexistência de aplicação do direito ao caso concreto demonstra a natureza administrativa da jurisdição voluntária, haja vista que o fim precípuo da atividade jurisdicional é a aplicação do direito ao caso concreto. Para a corrente revisionista, trata-se apenas do escopo jurídico da jurisdição, de modo que é objetivo desta a aplicação concreta da lei, a fim de que seja solucionada a lide jurídica. Mesmo que esse escopo não esteja presente na jurisdição voluntária, não se pode negar a existência do escopo social, político e educacional, já que a jurisdição não se limita ao escopo jurídico. c) ausência de lide: na jurisdição voluntária as vontades são convergentes, uma vez que inexiste conflito de interesses entre as partes, mas que dependem do Poder Judiciário para que o acordo de vontades produza efeitos jurídicos. Afirma a corrente administrativista afirma que sem lide não há jurisdição, o que demonstra a natureza administrativa da jurisdição voluntária. Ocorre que existe jurisdição sem lide e, se não bastasse tal argumentação, levando-se em consideração que a lei exige a intervenção do Poder Judiciário em determinadas situações jurídicas, não há dúvidas de que essa exigência corresponde a uma pretensão resistida, ou seja, as partes têm a sua pretensão resistida em face da uma exigência da lei. Além disso, na jurisdição voluntária pode existir lide, a exemplo do processo de interdição em que o interditado esteja em conflito com o interditando. d) não há partes, mas meros interessados: conforme aduz a corrente administrativista, na jurisdição voluntária não há partes, mas sujeitos interessados, ou seja, os sujeitos que a integram possuem interesses convergentes. Ocorre que na jurisdição voluntária há partes, embora não sejam partes contrárias. e) não há processo, mas mero procedimento: existe processo, já que a regra na jurisdição voluntária é a existência de uma relação jurídica processual que se desenvolve através de um procedimento em contraditório, em atenção a todas as garantias fundamentais do processo. Procedimento e relação jurídica sempre existirão, sendo que, excepcionalmente o contraditório será afastado, como ocorrem nas demandas de jurisdição voluntária probatórias, a exemplo da justificação, notificação, interpelação e protesto, que não admitem a contestação. Ademais, não existe apenas processo jurisdicional, mas também legislativo e administrativo. Logo, mesmo se concluirmos pela natureza administrativa da jurisdição voluntária, ainda sim haveria processo, mas processo administrativo. f) inexistência de coisa julgada material: a doutrina administrativista se fundamenta no afirma que a sentença poderá ser alterada, sem prejuízo dos efeitos produzidos, caso ocorram circunstâncias supervenientes. A sentença proferida em jurisdição voluntária não pode ser absolutamente instável, revogável ou modificável a qualquer momento e sob qualquer circunstância; devendo gerar certa estabilidade. Assim, mantida a situação fático-jurídica deverão também ser mantidas a imutabilidade próprias da decisão.
TUTELA JURISDICONAL: corresponde a proteção conferida pelo Poder Judiciário ao direito material violado ou que esteja sob ameaça de violação. Da mesma maneira que a jurisdição, a tutela jurisdicional é una e indivisível, na medida em que apenas se sujeita as classificações abaixo para fins didáticos. A doutrina tradicional associa à tutela jurisdicional a espécie de crise jurídica que o demandante busca solucionar por meio do processo. Através desse critério, a tutela jurisdicional pode ser dividida em de conhecimento, executiva e cautelar. Importa ressaltar que o sincretismo processual autoriza a existência das três tutelas jurisdicionais em um mesmo processo. 
TUTELA JURISDICIONAL DE CONHECIMENTO: É utilizada para a solução de três tipos de crises jurídicas associadas à teoria trinaria ou ternária das sentenças. a) tutela meramente declaratória: objetiva solucionar uma crise de certeza, ao declarar a existência, inexistência ou o modo de ser de uma relação jurídica e, de modo excepcional de um fato, como a autenticidade ou falsidade de um documento, nos termos do artigo 19, II do NCPC; b) tutela constitutiva: objetiva solucionar uma crise de situação jurídica, ao criar, extinguir ou modificar uma relação jurídica. c) tutela condenatória: objetiva solucionar uma crise de inadimplemento, ao reconhecer o referido inadimplemento e imputar ao demandado o cumprimento de uma prestação. TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA: objetiva solucionar uma crise de satisfação, uma vez que o direito já é reconhecido, mas que não pode ser exercido em face da resistência da parte adversa. Para obtenção da referida tutela, exige-se a apresentação de um título executivo, seja judicial ou extrajudicial. Por fim, a tutela executiva por ser obtida através de uma ação autônoma ou uma fase procedimental. TUTELA JURISDICIONAL CAUTELAR: objetiva solucionar uma crise de perigo através da concessão de uma medida cautelar ou de um processo autônomo cautelar, de modo a garantir a efetividade da pretensão exigida no processo.
TUTELA PREVENTIVA OU INIBITÓRIA: dirige-se sempre para o futuro, de modo a afastar a prática de um ato ilícito, seja: evitando a prática de um ato ilícito propriamente dito, o que corresponde a tutela inibitória pura; impedindo a continuação do ato ilícito, nos casos de ato ilícito continuado; impedindo a repetição da prática do ato ilícito. TUTELA REPARATÓRIA OU RESSARCITÓRIA: dirige-se sempre para o passado, de modo a ressarcir os danos causados pela prática de um ato ilícito.
TUTELA ESPECÍFICA: a satisfação concedida através da prestação jurisdicional é a mesma que seria gerada com o cumprimento voluntário da obrigação. Nas obrigações de fazer e não fazer, o magistrado pode conceder a tutela específica ou determinar medidas que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento da obrigação, conforme prevê o artigo 497 do NCPC. A tutela inibitória é sempre específica, retornando ao estado a situação anterior, com a cessação da prática do ilícito. Exemplo: O MP ajuíza uma ação civil pública pleiteando a condenação do réu a diminuir o tempo de produção de sua fábrica, com o objetivo de minimizar em 30% a emissão de poluentes. O magistrado não concede a tutela específica, mas condena o réu a instalar filtros nas chaminés, com o objetivo de diminuir em 30% a emissão de poluentes. Trata-se de medida que assegura o resultado prático equivalente, pois a providencia tomada diminuirá a emissão de poluentes no mesmo percentual pleiteado pelo parquet. TUTELA PELO EQUIVALENTE EM DINHEIRO OU MONETÁRIO: a tutela jurisdicional prestada se difere da natureza da obrigação, ensejando um resultado distinto daquele que seria gerado com a satisfação voluntária. A tutela reparatória pode ser prestada de maneira específica (reparação in natura) ou pelo equivalente monetário, de acordo com o caso concreto. Na obrigação de pagar quantia certa a tutela a ser prestada é a específica. Nas obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa, a tutela pode ser prestada de modo específico ou pelo equivalente monetário.
TUTELA COMUM: é a tutela jurisdicional prestada pelo procedimento ordinário, ou seja, trata-se do padrão previsto na lei. TUTELA DIFERENCIADA: em determinadas situações é mais adequada a utilização da tutela diferenciada do que a tutela comum, em face dasexigências do direito material, de modo que a tutela jurisdicional seja prestada de modo efetivo. Os procedimentos especiais previstos no CPC correspondem a uma tutela jurisdicional diferenciada. Além disso, algumas técnicas procedimentais correspondem a uma tutela jurisdicional diferenciada, a exemplo do julgamento antecipado da lide em face da desnecessidade de instrução probatória e a presunção relativa de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia, bem como no pressuposto de admissibilidade da apelação que veda o recebimento do recurso quando a sentença se fundamenta em súmula de tribunais. São também técnicas procedimentais a tutela de urgência ampla e genérica (cautelar e antecipada), utilizada sempre que a demora do procedimento ordinário represente perigo a eficácia da tutela.

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