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Apostila - MEDICINA LEGAL 2013

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Medicina Legal FEMM
MEDICINA LEGAL
Segundo Hélio Gomes, a medicina legal é “O conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito, cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada”.
Aplicação
Como aplicações diretas podemos citar: 1) Direito constituído - onde na aplicação da lei, o judiciário, busca informes de natureza médica. Ex: ofensa à integridade física ou saúde de outrem para determinar o tipo de pena.
2) Direito constituendo - ao reformar ou elaborar nova lei, o jurista terá de recorrer aos conhecimentos médicos. Ex: infanticídio, direção perigosa etc..
3) Fiscalização do exercício profissional. Ex: conselho regional e federal de medicina (normas éticas elaboradas por advogados), etc..
O que realmente nos propomos e o que iremos buscar durante todo o curso é a interpretação e o entendimento de documentos médico legais.
É através deles que vocês terão seu maior contato com a medicina legal durante sua vida como advogado.
Sabendo ser estes documentos produzidos por médicos, devemos para entendê-los, nos familiarizarmos com o vocabulário usado por estes, termos uma noção do corpo humano para sabermos localizar melhor uma lesão descrita e conhecer um pouco sobre o seu funcionamento para compreender como este pode ser afetado e como reagirá frente às ofensas a ele dirigidas.
Sabendo-se da escassez de tempo para tamanho aprendizado, me isentando da pretensão de tentar em um ano ensinar o que os médicos aprenderam em seis e continuam aprendendo até hoje, e por sugestão dos próprios alunos é que construímos esta apostila para melhor orientá-los e para servir de consultas futuras, quando as dúvidas lhes cobrarem este tipo de conhecimento.
ÍNDICE
ANATOMIA----------------------------------------------------------------------------03
DOCUMENTO MÉDICO-LEGAL--------------------------------------------------04
TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL-------------------------------------------06
INSTRUMENTOS PERFURANTES ------------------------------------------ --07
INSTRUMENTOS CORTANTES----------------------------------------------- -08
INSTRUMENTOS CONTUNDENTES------------------------------------------10
INSTRUMENTOS PÉRFUROCORTANTES----------------------------------13
INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES-------------------------------14
INSTRUMENTOS PÉRFUROCONTUNDENTES----------------------------15
LESÕES CORPORAIS--------------------------------------------------------------19
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA---------------------------------------------------24
TEMPERATURA---------------------------------------------------------------- -----24
ELETRICIDADE--------------------------------------------------------------- ---- --27
ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA-----------------------------------------------29
VITRIOLAGEM-----------------------------------------------------------------------29
ASFIXIAS/ENERGIAS DE ÓRDEM FÍSICO-QUÍMICA---------- --------30
ENFORCAMENTO------------------------------------------------------------------34
ESTRANGULAMENTO------------------------------------------------------------36
ESGANADURA-----------------------------------------------------------------------38
SUFOCAÇÃO--------------------------------------------------------------------------39
AFOGAMENTO----------------------------------------------------------------------41
ASFIXIA POR GASES----------------------------------------------------------------44
TANATOGNOSE---------------------------------------------------------------------47
INUMAÇÃO----------------------------------------------------------------------------52
EMBALSAMAMENTO---------------------------------------------------------------53
ANTROPOLOGIA FORENSE-----------------------------------------------------54
SEXOLOGIA FORENSE---------------------------------------------------- --------58
GRAVIDEZ-------------------------------------------------------------------- --------58
ABORTO------------------------------------------------------------------------------ -62
INFANTICÍDIO------------------------------------------------------------------------ 65
VIOLÊNCIA SEXUAL---------------------------------------------------------------68
PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE--------------------------------------- 71
ESTUPRO------------------------------------------------------------------------------ 75
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE----------------------------------- 79
DISTÚRBIOS DO INSTINTO SEXUAL----------------------------------- ------- 89
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE---------------------------------- ------- 88
ALCOOLISMO------------------------------------------------------------------ ------ 96
NOVA NOMENCLATURA ANATÔMICA--------------------------------- ----- 99
ANATOMIA
Para entendermos as lesões e como estas são classificadas é necessário que se tenha uma noção básica de anatomia humana.
Por uma questão didática, dividiremos o corpo em cabeça, tórax, abdome e membros e seus planos de fora para dentro.
Cabeça
(região cefálica)
1) Couro cabeludo
2) Tecido subcutâneo (gordura)
3) Músculos
4) Ossos
5) Encéfalo (cérebro)
Tórax
1) Pele (epiderme e derme)
2) Tecido subcutâneo
3) Músculos e ossos
4) Pleura parietal (envolve o tórax)
5) Pleura visceral (envolve o pulmão) / Pericárdio (envolve o coração)
6) Pulmão / Coração
Abdome
1) Pele (epiderme e derme)
2) Subcutâneo
3) Aponevrose
4) Músculos
5) Peritônio parietal (envolve a cavidade abdominal)
6) Peritônio visceral (envolve as vísceras)
7) Vísceras
Membros
1) Pele (epiderme e derme)
2) Subcutâneo
3) Músculos, vasos e nervos
4) Ossos
DOCUMENTO MÉDICO-LEGAL
Relatório Médico - Legal
É a descrição escrita e detalhada da perícia médico-legal realizada por peritos oficiais ou quando estes não existirem, por expertus não oficiais. É este determinado por autoridade policial ou judiciária.
Denomina-se AUTO quando ditado ao escrivão e LAUDO se redigido depois de realizada a perícia. Segundo o art. 160 do CPP só admite a última hipótese.
Este relatório é dividido em 7 partes: preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos.
PREÂMBULO: consta a qualificação da autoridade solicitante, dos peritos que a realizaram, do examinado, o local onde foi realizado com data e hora e o tipo de perícia realizada.
QUESITOS: são questões geralmente já determinadas ( 1941 ) para cada caso com o objetivo de esclarecer a autoridade requisitante. É permitido á autoridade e às partes, até o ato de realização da diligência (art. 176 do CP), acrescentar novos quesitos aos preliminarmente formulados, “salvo nos inquéritos policiais, já por si de natureza inquisitória” (RTJ, 58:434).
HISTÓRICO: são informações colhidas do examinado ou de terceiros relativos ao ocorrido e sobre as circunstâncias em que ocorreram para melhor elucidar o caso.
DESCRIÇÃO: é a parte mais importante do relatório, onde são descritos minuciosamente tudo que é observado pelos peritos e a técnica por eles usada.
Descrevem-se as vestes do examinado, seu grau de conservação, cor, conteúdo dos bolsos, etc.. 
No exame externo serão descritos: o sexo, a cor, a estatura, biotipo, cor dos cabelos e olhos, arcada dentária se natural ou não e seu grau de conservação, se apresenta ou não a idade alegada e todos os sinais e/ou sintomas e lesões externas por estes observados, bem como sua localização, tamanho, grau de evolução, presença ou não de reações vitais, etc.. 
No exame interno, depois de rebatido o couro cabeludo, serrada a calota craniana, aberta às cavidades toráxicae abdominal, serão descritas as lesões encontradas ou a normalidade presente.
Em caso de dúvidas, poderão ser colhidos : líquidos, órgãos ou partes destes para posterior estudo e/ou exames.
DISCUSSÃO: quando necessário os peritos, baseados nos achados, emitirão opiniões buscando um diagnóstico lógico e afastando hipóteses não pertinentes. 
CONCLUSÕES: é onde, em poucas palavras, os peritos sintetizarão o diagnóstico da perícia.
RESPOSTAS AOS QUESITOS: baseados em suas observações, estes responderão de forma clara e objetiva todos os quesitos. Se impossibilitados por justa causa, poderão responder: prejudicado, sem elementos ou aguardar evolução.
O documento é assinado e datado. 
Perito ad hoc ( “para esse caso” ). Na falta de peritos oficiais, a autoridade indicará “.. pessoas com habilitação técnica relacionada a natureza do exame” art. 159 do CPP.
As infrações penais podem deixar vestígios ( delicta facti permanentis ), como no homicídio e nas lesões corporais ou ( delicta facti transeuntis) como na injúria e no desacato.
Quando o fato produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de corpo de delito ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizadas pelo perito oficial portador de diploma de curso superior. (Lei 11.690/08).
TRAUMATOLOGIA MÉDICO LEGAL
Estuda as lesões e estados patológicos, imediatos e tardios, produzidos por violência sobre o corpo (50 a 60% das perícias).
Estudaremos as energias que ofendendo a integridade física ou a saúde, ocasionam lesões corporais e morte. 
Energias causadoras de danos pessoais:
1) Energia de ordem mecânica
2) Energia de ordem física
3) Energia de ordem físico-química
4) Energia de ordem química
5) Energia de ordem bioquímica
6) Energia de ordem biodinâmica
7) Energia de ordem mista
Energia de ordem mecânica
São as energias capazes de modificar o estado de repouso ou movimento de um corpo, produzindo lesões em parte ou no todo.
Meios mecânicos causadores de dano:
a) Arma propriamente dita - armas de fogo, soqueira, punhal, borduna, etc..
b) Armas eventuais - faca, machado, martelo, foice, navalha, etc..
c) Armas naturais - pés, mãos, dentes, unhas, etc..
d) Diversos - explosões, quedas, veículos, animais, etc..
Obs.: para se interpretar um laudo, deve-se dar mais importância à descrição das lesões e sua classificação, visto que um mesmo objeto pode causar diferentes tipos de lesões, dependendo da forma como é usado.
Tipos de Leões: interna e/ou externa. 
Podem ser produzidas pelas energias mecânicas de forma ativa, passiva ou mista.
Meio Ativo = o corpo está parado e o instrumento que provoca a lesão em movimento, indo de encontro ao corpo, provocando lesões.
Meio Passivo = O corpo está em movimento, indo de encontro ao instrumento que neste, provocará lesões.
Misto = ambos estão em movimento e se chocam.
Obs.: O que determina o meio é o movimento do instrumento causador de dano e não o corpo, exceto no tipo misto.
Classificação dos Instrumentos Mecânicos:
	INSTRUMENTOS
	LESÕES
	1)PERFURANTES
	PUNCTIFORMES
	2)CORTANTES
	CORTANTES / INCISAS
	3)CONTUNDENTES
	CONTUSAS
	4)PÉRFUROCORTANTES
	PÉRFUROCORTANTES / INCISAS
	5)CORTOCONTUNDENTES
	CORTOCONTUSAS
	6)PÉRFUROCONTUNDENTE
	PÉRFUROCONTUSAS
INSTRUMENTOS PERFURANTES
São instrumentos punctórios, finos, alongados e pontiagudos, de diâmetro transverso reduzido em relação ao comprimento, que causam repercussões mais na profundidade que na superfície.
Ex: agulhas, alfinetes, pregos, furador de gelo, garfo, etc..
Ação: age por pressão ou percussão, afastando as fibras da pele, sem seccioná-las.
Lesão: produzem as chamadas feridas punctórias, puntiformes ou perfurantes, quase imperceptíveis quando o instrumento for muito fino. Geralmente terminam em fundo cego, são mais profundas que largas, pequeno sangramento externo devido ao seu pequeno orifício de entrada.
O orifício de entrada pode ser único ou múltiplo, que variando desde pontos até a forma do objeto. Não se deve pelo trajeto, determinar o tamanho do objeto. O trajeto pode ser: a) Menor - quando não se introduziu todo objeto.
 b) Igual - se introduziu todo objeto.
 c) Maior - ocorre quando ao se introduzir o objeto, deprime-se a pele, penetrando este mais profundamente.
São lesões de repercussão mais internas que externas.
Prognóstico: dependendo da profundidade, órgão(s) atingido e local, serão classificadas desde leves, até graves ou gravíssimas.
INSTRUMENTOS CORTANTES
São instrumentos que foram desenvolvidos com a principal função de realizar o corte, pois são possuidores de gume, que será nossa fonte de estudos neste parágrafo. Nada nos impede de utilizá-los de outra forma, o que neste caso mudaríamos a sua ação e a lesão também mudaria a sua apresentação. Podem ser denominadas incisas.
Ex: faca, navalha, lâmina de barbear, vidro, “bisturi”, etc..
Ação: agem por deslizamento e pressão.
Características das lesões: 1) Bordas regulares.
 2) Fundo da lesão regular.
 3) Ausência de vestígios traumáticos.
 4) Hemorragia.
 5) Predominância do comprimento sobre a profundidade
 6) Afastamento das bordas.
 7) Cauda de escoriação ou de saída voltada para onde termina a lesão. 8) Maior profundidade no terço inicial até no centro da lesão é onde se tem mais força.
Prognóstico: depende do local e estruturas lesadas, geralmente são benignas, mas como todas as outras podem chegar a gravíssimas.
ESGORJAMENTO
São lesões geralmente produzidas por objeto cortante, podendo ser também por instrumentos cortocontundentes. Situam-se no pescoço nas regiões anterior, lateral, anterolateral ou laterolateral.
Características da lesão: 1) Grande afastamento das bordas da ferida por ação dos músculos cervicais. 2) Profundidade variável podendo atingir até a coluna vertebral. 3) Direção variável que admite suposições (vide abaixo) 
 4) Grande hemorragia.
Direção: Suicídio - geralmente se apresenta oblíquo ou transversal, já que é praticamente impossível um suicida produzi-lo na horizontal.
Quando empunhado pela mão direita, predomina o sentido transversal ou descendente para a direita. Se pela mão esquerda, descendente para a esquerda.
 
 Homicídio - a orientação da lesão com verticalidade na lateral do pescoço fala a favor de homicídio.
Morte: dá-se por lesão dos nervos vago e frênico, hemorragia por lesão de grandes vasos, embolia gasosa (ar penetra nos vasos abertos) e por asfixia (afogamento interno) onde o sangue penetra na traquéia aberta inundando os pulmões.
Seqüelas: caso não ocorra o óbito, geralmente o indivíduo apresenta afonia (perda da fala), disfagia (dificuldade de deglutição), perda local de sensibilidade, infecções etc..
DEGOLAMENTO
São lesões provocadas por instrumentos cortantes ou cortocontundentes, na região posterior do pescoço, na nuca.
A morte se dá por lesões de grandes vasos (hemorragia) ou da medula.
DECAPITAÇÃO
É o ato de separar completamente a cabeça do corpo, geralmente produzido por objetos cortocontundentes, como rodas de trens, espadão, foice, machado, etc..
FERIDA CIRÚRGICA
 A ferida é produzida por procedimento cirúrgico, ou seja, por um profissional com conhecimento de anatomia e cuidados inerentes à realização do ato,coisa que não ocorre quando se agride uma pessoa com uma faca, por exemplo, com o único objetivo de provocar-lhe lesões cortantes ou incisas.
Características das lesões: 1) Começa e termina “a pique”.
2) Profundidade uniforme
3) Não há biselamento de bordas
4) Não há cauda de escoriação
5) Localização pré-determinada pela técnica cirúrgica
Obs.: o instrumento geralmente usado é o bisturi.
INSTRUMENTOS CONTUNDENTES
Contusão é a lesão com comprometimento dos tecidos nos mais variáveis planos, dependendo da força com que é aplicado o golpe ou da resistência do tecido ofendido. Estes instrumentos provocam também feridas.
Ação: pode ser ativa, passiva ou mista, atuando por: pressão, explosão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, contragolpe ou mista.
Instrumentos: podem ser os mais variáveis possíveis. Podem ser exclusivamente contusos (sem gume ou ponta) como a borduna, martelo, o punho fechado (soco), etc.; ou outros não contundentes, mas que podem ser usados para este fim. Ex: cabo da faca, coronha de arma de fogo etc..
Sua superfície, geralmente plana, pode ser lisa, irregular ou áspera.
O que nos importa mais é a lesão, como esta se apresenta e é descrita em laudo.
Gradação da Lesão:
1) Rubefação - É a congestão repentina e fugaz da superfície corporal, dando uma marca avermelhada efêmera, que desaparece em minutos.
É a menor e mais transitória lesão contusa, difícil de ser encontrada em laudos, pois não permanece tempo suficiente para ser observada.
Ex: vermelhidão provocada por tapa no rosto.
2) Escoriação - Provocada pela ação tangencial do meio que a produz, tem pouco valor clínico (geralmente leve) e grande médico-legal (nos permite conclusões).
É o arrancamento da epiderme com desnudamento da derme, de onde fluem serosidades (líquidos) e sangue. Caracteriza-se por não deixar cicatriz, caso esta ocorra, fatalmente não foi escoriação.
Importam-nos mais a sede (nádegas, seios, pescoço), o número (acidentes) e a forma (objeto, unhas). No morto é seco e apergaminhado sem reações vitais.
3) Equimoses - é uma infiltração e coagulação hemorrágica nas malhas do tecido, devido a rotura de vasos sangüíneos pelo traumatismo.
Às vezes adquire a forma do objeto (cordas, beijos, fivelas), geralmente superficiais e podem surgir tardiamente.
Sua intensidade e tamanho dependem do objeto que a provoca, do grau de violência, da região lesada e da higidez do ofendido.
A equimose evolui por uma sucessão de cores até seu desaparecimento, o que denominamos de espectro equimótico. Isto se deve à liberação da hemoglobina pelos glóbulos vermelhos, que ao sofrer processo de redução, produzem pigmento como a hematoidina e hemossiderina que são responsáveis pela mudança de cor da lesão, geralmente da periferia para o centro.
Espectro Equimótico
1o Dia ------------- Vermelha
2o ao 3o Dia ------ Arroxeada
4o ao 6o Dia ------ Azulada
7o ao 10o Dia ----- Esverdeada
10o ao 12o Dia ----Amarelada
Desaparece entre 15 a 20 dias e no morto se mantêm até a putrefação, e na conjuntiva (branco do olho) esta não evolui, permanecendo de coloração avermelhada até desaparecer devido a maior oxigenação e porosidade deste tecido.
Tende a desaparecer mais rápido na criança e no jovem.
No vivo é aderente aos tecidos e no morto o sangue é fluido, não aderente quando aberta.
Têm grande importância médico-legal, pois pode o legista, através de seu estudo determinar: a) A sede da contusão
 b) A data provável da violência
 c) Indicar o instrumento pela forma da lesão
 d) Afirmar a natureza do atentado (esganadura)
 e) Traduzir lesão provocada em vida ou não
4) Hematoma - é uma maior coleção sangüínea por lesão de vaso de maior calibre, formando uma cavidade delimitada com elevação e sinal de flutuação na região central à palpação digital.
5) Bossa Sangüínea - tem a mesma formação do hematoma, só que esta se localiza sobre um plano ósseo (cabeça), com saliência bem pronunciada (galo).
Ferida Contundente
É a solução de continuidade dos tecidos produzida por uma intensidade maior que a utilizada para provocar a lesão.
A resistência e a elasticidade da pele são vencidas e se rompem provocando a ferida contusa. É a contusão aberta.
Características:
1- Bordas, formas e fundo irregulares
2- Escoriações das bordas
3- Pouco sangrante
4- Presença de pontes de tecidos íntegros
5- Ângulos tendendo a obtusidade
6- Integridade de vasos, nervos e tendões
Podem às vezes ter a forma linear mas, seu estudo detalhado nos mostra a presença de escoriações nas bordas, o que fala a favor de ferida contusa.
Ex: feridas no couro cabeludo.
Fraturas
São as soluções de continuidade , parcial ou total, dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes que vencem sua resistência e elasticidade.
TIPOS: completas - de um lado a outro e incompletas - não chegam ao outro lado.
COMPLETAS: simples, duplas, triplas e/ou múltiplas e cominutivas (vários pedaços). Pode ser: abertas ou complicadas ou expostas (o osso se expõe ao ar livre) e fechadas (o osso não atravessa a pele).
INCOMPLETAS: Galho verde (forma-se uma “lasca”)
 Fissuras (rachaduras)
 Encravamento (um osso penetra no outro)
 Depressão (afundamento provocando uma fossa)
Tempo médio de Consolidação: geralmente ocorre de 1 a 2 meses podendo chegar até 6 meses como o fêmur e incapacita por 1 ano ou mais.
A clavícula se consolida em 25 dias e incapacita por mais de 30 dias.
Luxação
A articulação entre dois ossos é mantida por ligamentos, cápsulas, músculos etc..
A luxação é o afastamento duradouro de uma articulação, com ruptura capsular e às vezes de ligamentos.
Podemos ter de subluxações a luxações graves que variam de lesões leves a graves, com tempo de consolidação variando de 30 dias até 2 meses, podendo haver casos em que necessite de cirurgia reparadora. 
Entorse
É a rotação exagerada da articulação que ultrapassa seus limites fisiológicos e a seguir retornam à posição normal. Neste movimento pode haver lesão de ligamentos que dão estabilidade a esta articulação.
Geralmente são consideradas lesões leves, podendo às vezes necessitar de mais de 30 dias para a sua recuperação. 
1
INSTRUMENTOS PÉRFUROCORTANTES 
Também denominados de perfuro incisos, são os instrumentos que se apresentam com ponta e gume, predomínio do comprimento em relação à largura . 
Sua ação se dá por pressão ou percussão em um ponto que age afastando as fibras e pelo corte seccionando-as, alargando a passagem.
Ex: facas, armas brancas com um ou mais gumes (baioneta, florete).
FERIDAS: São mais profundas que largas, as bordas, vertentes e hemorragia são semelhantes às cortantes. 
Possuem a forma de “botoeira” sendo que o ângulo agudo corresponde ao corte e o oposto arredondado, a face sem corte.
Nos casos da presença de mais de um corte (dois pôr exemplo)
apresenta-se com dois ângulos agudos.
As feridas podem ser: penetrantes (penetram em cavidades).
transfixantes (atravessam parte do corpo). 
fundo-de-saco ou fundo-cego (com entrada e sem saída). 
Podem ser maiores (profundidade) que o tamanho do instrumento (depressão da parede), menores (não penetram totalmente) ou do mesmo tamanho quando encontram resistência (tórax).
Obs.: É importante que o perito determine as direções e sentidos das feridas, suas dimensões e outras informações que puder fornecer, para melhor estudo das condições em que ocorreram.
PROGNÓSTICO: depende da localização da lesão.
INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES
São os instrumentos ,que agindo mais por pressão que pelo corte (podem possuí-lo), irão provocar as lesões correspondentes.
Ex: enxada, foice, facão, motosserra,dentes, etc..
Obs.: podem preponderar na ferida as propriedades cortantes caso o corte do objeto esteja afiado.
FERIDA: quando o instrumento tem gume afiado, as bordas da ferida são regulares, mas quando este é rombo (dentes), as bordas serão irregulares, com equimoses nas bordas e com “pontes de tecidos” íntegros entre estas .
No caso específico das mordidas há formação de dois arcos de concavidades voltadas uma para a outra com as impressões dos dentes que poderão ser comparadas.
PROGNÓSTICO: depende do local e intensidade da lesão, indo desde leves a graves e gravíssimas (amputações, cicatrizes deformantes).
Obs.: deve-se sempre estar atento aos locais onde se encontram as lesões, pois estes podem nos revelar a intenção do agressor: marcas nas regiões genitais indicam crimes de origem sexual.
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL: deve-se ter o cuidado de não confundir estas com as cortantes ou as feridas contusas, isto se faz através do exame das margens da lesão, sua profundidade, comprometimento dos planos corporais, órgãos , ossos etc..
Consulta (Parecer) médico-legal: sua função é tirar dúvidas de quem interpreta o laudo. Se, por exemplo, você se deparar com uma lesão, e o objeto que provavelmente a provocou não for específico para tal (escoriações com objetos perfurantes), faça uma consulta que o perito oficial ou mesmo outro médico,lhe responderá sim, se usado desta ou daquela maneira, ou não.
Depoimento oral:pode ser o perito chamado a depor no tribunal para prestar esclarecimentos a respeito do laudo por este assinado se convocados 5 dias antes da audiência de instrução e julgamento (art. 435 do CPC).
INSTRUMENTOS PÉRFUROCONTUNDENTES
 São basicamente os projéteis de arma de fogo, mas podem também se enquadrar outros objetos como o chucho e a ponteira de guarda chuva.
Estes agem contundindo a superfície, vencem a elasticidade da pele e a perfuram.
ARMAS DE FOGO 
São formadas de: culatra, dispositivo de disparo e do cano.
Classificação : 
Quanto ao tamanho: curtas (revólveres, pistolas); longas (carabinas, fuzis, mosquetões, metralhadoras) podendo ser ou não raiadas.
Quanto ao modo de carregar: antecarga se carrega pelo cano (polveira) e retrocarga se carrega pela parte posterior (culatra). 
Quanto ao calibre: centésimos de polegada dos americanos (22, 32, 38, 44 e 45); milésimo de polegada dos ingleses (220, 320, 380, 440, 450) e milímetro dos franceses (6 mm; 6,35mm; 8,35mm; 9 mm).
No caso de armas de caça, o calibre é calculado pelo número de esferas, com o mesmo diâmetro da câmara da arma, que pesam uma libra (453,6g). Ex; no calibre 28 a sua carga contem 28 projéteis uniformes que pesam uma libra.
Munição: É formada por 
a) cápsula: pode ser metálica ou de papelão ou plástico (onde se concentra a pólvora e se encaixa o projétil).
b) escorva: é a espoleta que detona a pólvora.
c) bucha: pequeno disco que separa a pólvora do projétil.
d) carga: pólvora que pode ser negra (faz fumaça) ou piroxilada (sem fumaça).
e) projétil: único (um só orifício) ou múltiplo (rosa de tiro) como no caso de armas de caça tipo cartucheira.
Quando ocorre o disparo a espoleta é detonada e a pólvora entra em combustão fazendo com que o projétil seja exteriorizado através do cano. Todo material contido na cápsula (pólvora combusta ou não) é também lançado através do cano com os gases da explosão e a chama derivada da combustão . Ao passar pelo cano o projétil carrega consigo o sarro da arma (detritos de pólvora e sujeira do cano).
É a presença deste material que irá nos auxiliar na determinação da distância do tiro.
CARACTERÍSTICAS DOS ORIFÍCIOS A SEREM OBSERVADAS:
Orla de contusão ou escoriação: apresenta-se como uma aréola na borda do orifício devido ao impacto do projétil (aréola equimótica). Fornece-nos a direção do tiro. É a mais externa no orifício. Pode ocorrer no orifício de saída, quando o projétil se depara com um obstáculo como um cinto ou encosto de cadeira.
Orla de enxugo: ao penetrar na pele o projétil atrita nessa onde se limpa do sarro da arma (ferrugem, óleo ou fumaça ) que ficam na borda do orifício.
É exclusiva dos orifícios de entrada. Situa-se logo abaixo da escoriação.
Zona de tatuagem: é formada pelos resíduos de pólvora combusta ou não, que penetram na pele como projéteis secundários em torno de 30 a 75 cm de distância.Não é removível com lavagem.
Zona de esfumaçamento ou tisnado: resulta da fumaça que é depositada na pele após o disparo e pode mudar a sua forma de acordo com a direção do tiro: circular no perpendicular; oval no oblíquo e alongado no tangencial. É removível com água.
Obs.: não é observada quando é usada a pólvora branca.
Zona de queimadura ou chamuscamento: é formada pela ação do calor dos gases da detonação sobre a pele e pêlos.
 
Obs.: as vestes podem absorver certos materiais do disparo agindo como uma “primeira” pele, o que torna importante o estudo destas.
Devido à elasticidade da pele as dimensões do orifício podem ser menor que o calibre do projétil. 
TIPOS DE TIRO: (Orifícios de entrada)
tiro encostado: como o nome já diz a arma se encontra encostada ou parcialmente encostada no alvo.
É lançado na pele o projétil (ocasionando a orla de contusão) com o sarro da arma seguido dos fragmentos de pólvora e gases da explosão ocasionando a explosão dos tecidos criando um orifício maior que o calibre da arma ou no mínimo igual. Suas bordas serão irregulares ou denteadas e podem estar voltadas para dentro (invertidas) o mais comum , ou devido à ação de recuo dos gases, se voltarem para fora (evertidas), que é denominado câmara de mina ou efeito de mina de Hoffman, ocorre geralmente sobre superfície sólida como ossos.
Nota-se zona de queimadura ou chamuscamento.
Não há zona de tatuagem nem zona de esfumaçamento distintas pois a fumaça e a pólvora penetram no orifício não marcando a pele.
A escoriação em forma da massa de mira ou do pino da mola recuperadora em torno do OE é denominada sinal de Werkgartner.
RESUMO: bordas invertidas ou evertidas
orla de contusão e enxugo
orifício maior que o calibre da arma
zona de chamuscamento
zonas de esfumaçamento e tatuagem indistintas
tiro a queima roupa: apresenta-se como o mais rico em elementos. Apresenta, orla de contusão e enxugo devido à penetração do projétil; zona de esfumaçamento causada pela proximidade do disparo, a pele se impregnará de fumaça; zona de tatuagem pelos grânulos de pólvora; zona de queimadura (pode não ocorrer) pela ação dos gases em combustão, que também irá alterar a forma do orifício com bordas irregulares, geralmente invertidas. 
Obs.: a presença de zona de tatuagem supõe-se um disparo entre 30 a 75 cm. dependendo do tipo de munição.
Já a zona de esfumaçamento, admite-se o disparo entre 10 a 35 cm e à medida que o diâmetro desta cresce esta diminui do centro para a periferia. Esta diferença de distância ocorre devido ao peso dos seus componentes: como os grãos de pólvora são mais pesados que a fumaça estes conseguem ir mais longe.
3) tiro a distância: apresenta somente orla de contusão e de enxugo, bordas sempre invertidas e orifício geralmente em fenda ou arredondado e menor que o calibre da arma, devido às linhas de força da pele. A arma geralmente se encontra de 50 cm (dependendo da munição usada) a quantos metros a potência da arma permitir. Neste tipo de tiro só alcança a pele o projétil e o que ele trás consigo. A pólvora e a fumaça devido ao seu pouco peso e à resistência do ar ficarão pelo caminho.
 Armas de projéteis múltiplos
São as armas de cano liso, geralmente usadas para caça e que possuem várias esferas como projéteis (cartucheira).
Nos tiros encostados é semelhante ao projétil único apresentando também com seus elementos de vizinhança e efeito de mina de Hoffmann. Não se observa contusão e enxugo claramente.
Nos tiros a queima roupa nota-se um orifício centralmaior (maior concentração de projéteis) circundado por vários menores devido à dispersão que ocorre quando a arma se encontra a mais de um metro de distância do alvo (se menor há orifício único).
Nos tiros a distância devido a maior dispersão teremos a chamada 
rosa de tiro que se apresenta como um círculo formado por vários pequenos pontos, sendo que cada ponto corresponde a uma esfera contida no cartucho. Como em um foco de luz (lanterna), quanto maior à distância da arma em relação ao alvo, maior será a rosa de tiro. Neste tiro a distância como no de projétil único só alcançam a pele os projéteis.
Trajeto do projétil
É o percurso percorrido por este dentro do corpo, que pode ser em fundo cego ou fundo de saco (sem orifício de saída). Pode ser único ou múltiplo (caso o projétil se fragmente) para cada entrada. Penetrante caso penetre em uma cavidade; e transfixante (vai de um lado a outro de um órgão ou segmento).
Seu estudo pode nos auxiliar no entendimento da posição do agressor e na distinção entre as feridas de entrada e saída.
ORIFÍCIO DE SAÍDA
Estes independem da distância do tiro que o originou. É maior que o calibre da arma, tem a forma irregular pela deformação do projétil em sua trajetória, as bordas são sempre evertidas (para fora) pois o projétil pressiona os tecidos de dentro para fora e apresentam aréola equimótica, devido à contusão na saída.
 PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
Na perícia examina-se a arma (tipo, calibre, presença ou não de raiação no cano e mecanismo de disparo), pesquisa-se impressões digitais etc..
O projétil encontrado é pesado e medido, anotado o calibre, impressões do raiamento: se dextroversas (raiamento gira para a direita) ou sinistroversas (projétil gira para a esquerda), exame este realizado em microscópio. Estrias primárias são causadas pelo raiamento original, as secundárias , mais importantes , pelos defeitos destas (são específicas) e as terciárias pelo desgaste da arma.
Exame da roupa: observa-se a presença ou não de roupas, o tipo de tecido e a distância do tiro (a roupa pode absorver os elementos que caracterizam a distância). 
Exame da escorva: o percursor de uma arma ao detonar a espoleta o faz sempre do mesmo modo para as demais cápsulas deixando impressões nestas que podem ser cêntricas (no meio da escorva) ou excêntricas (na periferia como um mostrador de relógio).Suas características nos permitem identificar a arma que o disparou.
Luva de parafina ou Prova de Iturrioz: durante o disparo parte dos gases com pólvora são lançadas retrogradamente pelas gretas do tambor e cano, impregnando os dedos do atirador, principalmente os dedos polegar, indicador, médio e prega interdigital. Estas substâncias são capturadas na mão por meio de um molde de parafina ou uma fita adesiva com posterior exame; deve ser realizado nas duas mãos. 
Não é específica para pólvora, indica apenas a presença de um oxidante. Pode dar falso-positivo em profissionais como mecânico de motor a explosão, motorista, frentista, soldador, bombeiro hidráulico, pintor etc..
Hoje o padrão-ouro é a microscopia eletrônica de varredura em fita adesiva complementada pela espectrometria aos raios X.
A prova positiva, eliminado os falsos, indica o disparo de arma de fogo e não a autoria do crime.
LESÕES CORPORAIS
É o estudo das lesões causadas por traumatismos, danosos ao corpo e a saúde física e/ou mental.
Estas lesões são classificadas em três tipos: 1) LEVE
GRAVE
GRAVÍSSIMA
1) LESÃO CORPORAL LEVE: constituem 80% das lesões corporais. É a lesão que ofende a integridade corporal ou a saúde de alguém com qualquer instrumento ou meio, sem maiores conseqüências. São danos mais superficiais que não deixam seqüelas importantes ou impedem que a vítima possa exercer suas atividades costumeiras, embora não deixem de ser consideradas lesões. 
Ex: escoriações, equimoses, hematomas, edemas, etc..
Obs.: o eritema (vermelhidão pelo sol) simples que desaparece em poucas horas não é considerado lesão leve; já o corte de cabelo por ofender a integridade corporal o é (JTACrimSP, 94:263).
Existem casos peculiares: No caso de um mecânico, com a mão suja de graxa, desferir um tapa no rosto de uma pessoa e a forma de sua mão ficar marcada, esta mesmo que não possa ser provada senão pela marca da graxa, pode ser considerada lesão leve (RT,475:309 e 452:461) “Não obstante gerar celeuma, é reconhecível e punível a tentativa de lesão corporal leve”.
“A dificuldade de se fazer prova segura da ocorrência dos elementos que a integram não tem nada a ver com a conceituação jurídica da espécie.”
LESÃO CORPORAL GRAVE:
É a lesão que, ofendendo a integridade corporal ou a saúde do paciente, incapacita-o para as ocupações habituais por mais de 30 dias ou debilita permanentemente quaisquer de seus membros, sentidos ou funções, acelera seu parto ou põe em perigo sua vida, ou provoca tudo isso.
 
INCAPACIDADE: É a falta de habilidade (inabilitação) para todas e quaisquer habilidades corporais diárias, comuns, física e mental, não podendo ter vida normal por trinta dias, não importando se estas atividades são lucrativas ou não. Estão aí englobadas até as atividades sociais e de laser; as atividades da criança, do idoso, e do aposentado.
A falta de habilidade não precisa ser absoluta, basta o desconforto ou a simples recaída, da mesma forma que pode cessar sem que a lesão esteja curada ou consolidada.
“Para se comprovar a lesão grave consistente em incapacidade permanente para as ocupações habituais por mais de 30 dias é necessário que o exame complementar de sanidade seja realizado a partir do 31o dia do fato delituoso” (RT, 613:318).
“Não cumprida essa ressalva, o exame complementar deve ser considerado como perícia não realizada, impondo-se, por isso, a desclassificação para a lesão corporal leve. Neste sentido”: RT, 415:280. 
DEBILIDADE : É o enfraquecimento ou a diminuição de forças. É a redução de movimentos de um membro no seu todo ou nas suas partes; como é a diminuição de acuidade de qualquer sentido; como ainda o é o desempenho deficiente de uma função. Pode ser conseqüência de dano anatômico (amputação de dedo) ou funcional (paralisia nervosa)
Não precisa ser perpétua ou intratável, basta ser duradoura. 
PERMANENTE: É quando a debilidade ultrapassa um ano com ou sem tratamento, de acordo com as determinações legais
MEMBROS: São os apêndices toráxicos e pélvicos com todos os seus segmentos (braços e pernas)
SENTIDOS: São os 5 sentidos: paladar, visão, olfato, tato e audição.
FUNÇÃO: É o desempenho de um órgão, aparelho ou sistema.
Ex: Sofre debilidade quem perde qualquer percentagem da visão de ambos os olhos até o máximo de 50% de um olho e o total do outro (daí pra frente é cegueira).
A perda de órgãos duplos como pulmão, rim; representa debilidade de função, embora há quem não considere a perda de um testículo como debilitação de função reprodutora masculina.
A perda de órgãos ímpares como baço ou vesícula biliar e que tenha suas funções compensadas é lesão grave.
Há quem também afirme que a perda dos dentes incisivos em quem possui toda dentadura, apenas um dano estético, não comprometendo a função mastigatória.
“Para que se configure a gravidade da lesão, resultante da perda de um dente, precisam os peritos justificar quntum satis a conclusão de que ela acarretou debilidade permanente da função mastigatória” (RT, 612:317). (quantum satis = o quanto basta)
ACELERAÇÃO DO PARTO: deve ser entendido como antecipação deste, por meio de violência, onde a mulher grávida venha a dar a luz fora da sua provável data, a uma criança viva. A expulsão de mola hidatiforme não caracteriza crime e em caso de feto morto ou que venha a falecer por imaturidade caracterizaria aborto.
“A aceleração do parto, prevista como agravante da lesão corporal, ex vi do art. 129 do CP, não exige, para a sua configuração, que o acusado tenha ou devesse terconhecimento da gravidez da vítima, nem que ele resulte efetivamente da lesão corporal” (RT, 570:331).
PERIGO DE VIDA: caracteriza um quadro onde há possibilidade de morte iminente se o ofendido não for socorrido. Este pode se apresentar no momento da lesão ou até antes de decorridos trinta dias da evolução desta. Ao perito interessa saber se há ou houve perigo de vida, o que é feito por diagnóstico, que se chega através de dados objetivos como: pressão arterial, pulsação, temperatura corporal, volume da hemorragia, anemia, estado de coma e outros dados significativos. Não se deve basear apenas em prognósticos, pois está sujeito a erros.
Há unanimidade em caracterizar certos casos como: ferimentos penetrantes de crânio, tórax e abdome com lesões de vísceras; do choque de qualquer natureza; da queimadura de mais de 50% da superfície corporal; da peritonite; da insuficiência renal aguda; da raiva, do tétano, da septicemia e do coma. Ele existe quando de uma facada, há hemorragia e choque hipovolêmico, ou de uma lesão intestinal ocasionando peritonite; não chega a existir se a hemorragia é controlada a tempo, a volemia é reposta e nenhum sinal de choque é observado. “Se não ficar demonstrada a probabilidade da morte da vítima, não se poderá considerar caracterizado o perigo de vida”. (RT 483/246)
3) LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA:
São definidas como: incapacidade permanente para o trabalho; perda ou inutilização de membro sentido ou função; deformidade permanente; enfermidade incurável ou aborto.
INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO 
É a falta de condições orgânicas e funcionais para todo e qualquer trabalho, que ultrapasse um ano, não apenas o SEU trabalho.
Trabalho é toda e qualquer atividade lícita que proveja o sustento do indivíduo e não apenas o seu próprio e único trabalho. Flamínio Fávero dá como exemplos: a amputação ou perda funcional de dois braços; de duas pernas; ou de um braço e uma perna; a cegueira; a alienação mental.
“Na incapacidade permanente, o ofendido deve ficar privado da possibilidade física ou psíquica, de aplicar-se a qualquer atividade lucrativa. E a incapacidade, além de total, deverá ser permanente, ou seja, duradoura no tempo, sem previsibilidade de cessação” (TJSP - RJTJSP 71/331).
PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO SENTIDO OU FUNÇÃO:
Quando um membro deixa de existir, em conseqüência de sua mutilação ou amputação; quando um sentido ou função deixa de atuar, em virtude de desarranjos estruturais, estamos diante da perda ou inutilização de membro sentido ou função. Já se considera a perda de 80% ou mais da função como perda total ou inutilização. 
O uso de prótese pode desempenhar o papel funcional e estético mas não descaracteriza a lesão.
Pé e mão por suas funções de grande importância, são considerados como a perda do membro.
Obs.: o arrancamento do hímen por ação traumática de origem sexual ou não, é considerado apenas lesão leve, já que este não é órgão, sentido nem função.
DEFORMIDADE PERMANENTE:
É toda e qualquer alteração morfológica, permanente e aparente, para pior, que, por isso, cause dano estético no lesado. A lei não deixa clara a definição de deformidade, deixando para os aplicadores da lei o seu próprio critério. “A deformidade não se restringe ao rosto, podendo ser em outra parte do corpo” (RT, 554:329).
“Do ponto de vista penal, não deve a deformidade sofrer discriminação do sexo e condição sexual, pois, quanto à pessoa, tem ela uma só interpretação...” (RT 274/166-167).
A deformidade pode ser estática (caolho) ou dinâmica (sorriso repuxado por paralisia facial) .
São deformidades permanentes: a paralisia facial, a mutilação parcial ou total do nariz, do pavilhão auricular, das mamas, a vitriolagem, ablação de um olho, a zona de tatuagem por disparo de arma de fogo, cicatrizes visíveis e extensas e quaisquer lesões que causem afeamento que gera sentimento de repulsa.
“Embora não esteja a vítima obrigada à cirurgia, submetendo-se a ela e desaparecendo a deformidade, a lesão passa a ser leve ( RT 563/306, 425/343)”.
“Inadmissível considerar em condição de igualdade a estética de um homem e a de uma mulher, máxime em se tratando de argüida deformidade permanente, provocada por cicatriz. Impõe-se a solução, porque indiscutível é, por exemplo, maior o dano de um gilvaz (cicatriz) no rosto, no pescoço ou no braço de uma bela mulher do que a mesma lesão na carantonha de um Quasímodo, no perigalho (pelanca) de um septuagenário ou no braço cabeludo de um carvoeiro” (JTACrimSP, 28:393).
“As rugas da idade podem atenuar a aparência do dano estético, dissimulando-o, não configurando, dessa forma, deformidade. Nesse sentido: RT, 538:381”.
“Os expertos hão de acautelar-se na apreciação da relativa aparência da deformidade tendo em conta circunstâncias que a aumentam ou diminuem, acima examinadas, como o sexo, a idade, a cor, a profissão, as condições pessoais do ofendido, complementando, insistimos, obrigatoriamente, a diligência médico-legal com provas fotográficas. No sentido da parte final do texto, RT,538:381.
ENFERMIDADE INCURÁVEL: é todo e qualquer estado mórbido, doença ou perturbação, em evolução ou definida, que sem encontrar tratamento acessível e não arriscado, incomoda o seu portador.
Ex: epilepsia pós traumatismo crânio-encefálico, paraplegia pós traumática, cegueira, mutismo,AIDS, demência senil adquirida etc..
Não invalida a qualificadora o fato de o ofendido se submeter a tratamentos arriscados objetivando a cura.
ABORTO: é a interrupção da gravidez, em qualquer fase de sua evolução, como a decorrência de uma ação dolosa ou culposa, conhecendo ou não o autor esta situação caracteriza o aborto como lesão. 
O aborto se difere do parto porque no primeiro, o feto nasce morto, ou não tem condições de sobrevivência devido a sua imaturidade.
“Desclassifica-se se não há comprovação entre a agressão e o abortamento” (RT, 550:331).
QUESITOS OFICIAIS
Exame de corpo de delito (lesão corporal).
1o – Se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente; 2o – Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa; 3o – Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso e cruel ( resposta especificada); 4o – Se resultou de incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; 5o – Se resultou perigo de vida; 6o – Se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função
( resposta especificada); 7o – Se resultou incapacidade para o trabalho ou enfermidade incurável, ou deformidade permanente ( resposta especificada); nos casos indicados, será formulado mais o seguinte quesito; 8o – Se resultou aceleração do parto ou aborto.
Ofensa à integridade corporal:são as lesões corporais
Ofensa à saúde:é o desequilíbrio das funções orgânicas, físicas ou mentais, que produz doença, diminui o vigor, a disposição do organismo ou a disposição moral ou mental.
Instrumento:agente mecânico que executa uma ação que o determina: cortante, perfurante, etc..
Meio:ambiente onde ocorrem determinados fenômenos especiais: físico, químico, físico-químico, bioquímico, biodinâmico e misto.
Insidioso:traiçoeiro, pérfido, de emboscada.
Cruel:que se compraz com o sofrimento alheio, maldade, vingança.
Os peritos não respondem ao item 3º referente à tortura por ser um julgamento de mérito, função privativa do juiz.
Obs.: como estes laudos podem trazer ou retirar benefícios, principalmente nos acidentes de trabalho, o examinado podem às vezes tentar enganar o perito.
Simulação: alega condições inexistentes sejam físicas e/ou psíquicas.
Dissimulação: esconde situações reais (para voltar ao trabalho por exemplo).
Metassimulação: é o exagero de sua real condição, como a dor sentida. É o oposto da dissimulação e mais comum que a anterior.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA
São as energias capazes de modificar o estado físico dos corpos (delíqüido para sólido) provocar lesões corporais e até a morte.
TEMPERATURA:
Os quadros devido ao calor difuso sobre o corpo são denominados termoses
Estas se apresentam como: insolação e intermação.
Insolação: ocorre devido a ação (direta ou indireta) do sol. É a mais freqüente das termoses, ocorrendo geralmente de modo acidental. Ocorre em locais abertos como desertos e praias, podendo ter como fatores adjuvantes o álcool, o vestuário inadequado, a baixa ingestão de líquidos o não hábito de se expor ao sol etc.. Os sintomas são: sudorese, palidez, respiração rápida, podendo chegar ao coma e mesmo a morte.
Intermacão: ocorre geralmente em locais fechados tipo alto fornos, podendo ser acidental ou criminosa. Ocorre devido a altas temperaturas sem o suficiente arejamento.
Nas termoses os sintomas surgem paulatinamente devido ao desequilíbrio hidroeletrolítico. Há uma maior vasodilatação periférica intensa para se tentar perder calor (indivíduo fica vermelho) determinando isquemia (falta de sangue) cerebral, levando a tonturas, desidratação, lesões cerebrais, depressão respiratória, acúmulo de CO2 no sangue, bradicardia (batimentos cardíacos lentos), apnéia (ausência de respiração) e morte.
O diagnóstico diferencial entre insolação e intermação é feito pelo histórico do fato. 
QUEIMADURAS
São as lesões determinadas pela ação direta do calor no corpo, causado por chamas, sólidos, líqüidos ou gases quentes, ou indiretamente através da irradiação, onde se provocam queimaduras.
Classificação:
1o grau - eritema (vermelhidão)
2o grau - flictema (bolhas)
3o grau - escarificação (coagulação necrótica)
4o grau - carbonização (destruição dos tecidos moles)
Eritema- afeta só a epiderme, onde esta devido á vasodilatação fica vermelha, edemaciada (inchada) e dolorosa, sinal de Christinson. Com o tempo, inicia-se sua descamação e a pele é reconstituída sem deixar cicatrizes.
Flictema- Afeta a epiderme e derme, causando bolhas, sinal de Chambert, que quando se rompem expõe terminações nervosas que são extremamente dolorosas. Também aqui, geralmente a pele se reconstitui sem deixar cicatriz. Pode por infecção se transformar em 3o grau.
Escarificação- Há acometimento da epiderme, derme e tecido subcutâneo, causando feridas que são substituídas por tecidos de granulação, deixando, portanto cicatrizes e até quelóides.
Carbonização- Há destruição dos tecidos moles e até de ossos. Segundo Tardieu as “carnes” apresentam todos os graus de cozimento.
Nesta , devido a condensação dos tecidos, há uma redução do volume corporal, ficando o corpo de um adulto com cerca de 1,0 a 1,2m. Este adquire a posição de boxeador devido a retração dos tecidos fletindo pernas e braços, enquanto as mãos se fecham em frente ao tórax; a boca fica entreaberta deixando os dentes à mostra.
A pele se desgarra ao nível das articulações; os ossos das pernas e braços sofrem rupturas dando a impressão de amputação.
Os ossos do crânio estalam em múltiplas fraturas, deixando escapar massa cefálica; o tórax e abdome se abrem na linha mediana devido a ação dos gases que se expandem no seu interior.
EXTENSÃO
Teoria dos 9% de Wallace para a área corporal:
Cabeça e pescoço...................................................................09%
Membros superiores....(9+9)..................................................18%
Membros inferiores.....(18+18)...............................................36%
Tronco anterior......................................................................18%
Tronco posterior....................................................................18%
Períneo(área do calção)..........................................................01%
 
Para se provar que o indivíduo morreu no incêndio e não foi atirado neste, faz-se dois tipos de provas:
Pesquisa de monóxido de carbono (CO) no sangue das cavidades cardíacas, já que este não pode ser encontrado no sangue a ser examinado. Se positiva a pesquisa indica que o indivíduo estava vivo quando em contato com as chamas; caso negativo indica que este não respirou no incêndio, portanto estava morto antes.
b) Pesquisa de fuligem nas vias aéreas; ao encontrar fuligem indica que este respirou no incêndio , portanto estava vivo quando do contato com as chamas; caso não se encontre, indica que este não respirou e que já estava morto. Caso tenha respirado, o perito ainda poderá encontrar língua e faringe descamadas e pequenas ulcerações na garganta.
A morte se dá geralmente devido a dor, por choque neurogênico (nervoso) ; intoxicações por produtos necróticos produzidos pela destruição dos tecidos; coagulação sangüínea com trombose em vários órgãos e infecciosa de ocorrência mais tardia.
QUEIMADURA PELO FRIO (geladura)
Ocorrem devido a ação local e/ou sistêmica. As locais são causadas por vasoconstrição, levando a necrose (destruição), principalmente de extremidades como: nariz, orelha e dedos. As sistêmicas são devido a isquemia, levando a sonolência, cefaléia (dor de cabeça), cãibras, oligúrias (pouca urina) e infartos.
Classificação:
1o grau- eritema
2o grau- flictema
3o grau- necrose ou gangrena
Eritema: no início o frio provoca vasoconstrição com palidez cutânea seguida de rubefação vermelho escura devido a retenção do sangue pouco oxigenado que se agrupa nos vasos dilatados pela estafa da contratilidade vascular.
Flictema: devido a estase vascular há exsudação do plasma que destaca a epiderme causando bolhas de coloração escura.
Gangrena: ocorre devido a coagulação do sangue dentro dos vasos, levando a isquemia com áreas indolores e azuladas. Podem acometer membros inteiros (pé de trincheira na 1a guerra) ou ser global . A congelação do corpo é precedida por tremores intensos do corpo e mandíbula, seguido de trismo (fixação destes); marcha dificultosa; olhar fixo, vago e esbugalhado; fixação dos músculos do pescoço para um dos lados; por comprometimento do sistema nervoso central há presença de sono irresistível; imobilidade; oligúria (diminuição da urina); alterações respiratórias e morte.
Por não existirem lesões típicas, deve-se valorizar o ambiente para a diferenciação entre as lesões por frio ou calor.
ELETRICIDADE
Temos dois tipos de eletricidade: artificial e natural ou cósmica.
Eletricidade natural: é a descarga elétrica atmosférica.
É preciso diferenciar relâmpago de raios e trovões. Relâmpago é a descarga elétrica que ocorre na atmosfera, seja da nuvem para o solo, do solo para a nuvem, dentro da nuvem, entre nuvens ou da nuvem para um ponto na atmosfera. De todos os tipos, somente o primeiro, aquele da nuvem para o chão, é denominado raio. Os raios iniciam onde o campo elétrico produzido pelas cargas dentro das nuvens e no solo consegue primeiro romper a capacidade isolante do ar. Isso ocorre geralmente dentro das nuvens, mas pode ocorrer a partir do solo, em geral do topo das árvores.
Pensar que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é ledo engano. Muito do que se sabe sobre relâmpagos vem exatamente do fato de que eles caem diversas vezes em um mesmo lugar. A corrente flui em um canal com o diâmetro de uns poucos centímetros e um comprimento médio de 3Km, onde a temperatura atinge cerca de 30 mil graus Celsius, equivalente a cinco vezes a temperatura do Sol, e a pressão, valores de 10 atmosferas, ou seja, 10 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar.
Estima-se que no Brasil, por ser país tropical, haja cerca de 150 a 200 mortes/ano; nos EUA cerca de 100/ano e em países europeus 10 mortes/ano.
Fonte: Relâmpagos Ed Brasiliense .
Quando se é atingido por raios, podem acontecer dois fenômenos: fulminação e fulguração
FULMINAÇÃO: é a morte que se dá quando atingido por raios. Estes podem propagar-se por cercas de arame, liso ou farpado, por vários quilômetros e fulminar homens e animais próximos ou em contato com estes.
FULGURAÇÃO: são os acidentescom raios sem êxito letal. A lesão típica deixada pelo raio é denominada de Sinal de Lichtenberg, produzido pela paralisa vascular ou pela difusão elétrica na pele se apresentando como desenhos arboriformes que desaparecem com o tempo.
Pode-se encontrar o chamuscamento do cabelo, carbonização de partes do corpo, hemorragias internas, perfurações dos pés, manchas metálicas (anéis, colares, cintos, moedas, etc.), feridas contusas e até esquartejamento.
Os sobreviventes podem apresentar por muitos anos: insônia, cefaléia, confusão mental, cãibras, surdez, catarata, amenorréia, disritmia cardíaca etc..
A morte se dá devido a fibrilação cardíaca; lesões cerebrais; asfixia por edema pulmonar e pela tetanização dos músculos da respiração levando a apnéia.
Eletricidade artificial: é denominado ELETROPLESSÃO (Eletrocussão) o acidente com energia elétrica artificial, com desfecho letal ou não.
A corrente elétrica se apresenta de duas formas: Baixa tensão - são aquelas que têm até 250 volts; e as de Alta tensão - com voltagem superior.
O que torna a corrente elétrica perigosa para o homem é a sua intensidade (AMPERAGEM) e não a sua tensão (VOLTAGEM). Assim sendo, pode-se sobreviver a um acidente com uma corrente de mais de 1000 volts e de baixa amperagem (3 a 80 miliampères). 
Lesões: Marca elétrica de Jellinek - se apresenta, quando presente, com a forma circular elíptica ou estrelada com o centro encovado e as bordas elevadas; coloração esbranquiçada; consistência endurecida; mumificada. É indolor e fixa ao plano adjacente, as vezes toma a forma do condutor (fio, plug, placa). Não deve ser chamada de queimadura.
Metalizações elétricas - ocorrem devido ao descolamento e impregnação da pele por partículas metálicas provenientes de sua fusão.
Queimaduras - devido ao efeito Joule (transformação de energia elétrica em térmica) podem ocorrer queimaduras de 1o, 2oe até 3o graus.
O calor desenvolvido por uma corrente elétrica é proporcional à resistência do condutor, ao quadrado da intensidade e ao tempo durante o qual passa pelo condutor.
Pode-se ter ainda lesões oculares (catarata), nervosas (neurites, paralisias, atrofias), ósseas, etc..
Como no caso da energia cósmica, alguns autores consideram que a Eletrocussão relaciona-se com desfecho letal e que a Eletroplessão com lesões não letais.
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Determinação da forma de morte na dependência da voltagem e amperagem da corrente elétrica.
	Variedade
	Voltagem
	Amperagem
(miliampères)
	Forma de morte
	Alta tensão
	1.200 - 5.000
	25 - 50
	Asfixia por tetanização respiratória
	Média tensão
	120 - 1.200
	50 - 70
	Asfixia por tetanização e fibrilação ventricular
	Baixa tensão
	10 - 120
	70 - 4.000
	Fibrilação ventricular
ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA
São as lesões provocadas por substâncias químicas cáusticas, podendo ser:
 ácidas (Ac. Sulfúrico ou óleo de vitríolo, Ac. Azótico, Ac. Clorídrico) ou 
básicas (potassa, soda, amônia).
Denomina-se vitriolagem, as lesões viscerais (ingestão) ou cutâneas (da pele) ocasionadas por substâncias causticas [kaustikus= o que queima].
Sua natureza jurídica pode ser: criminosa, suicida ou acidental.
Quando criminosa geralmente é arremessado contra a vítima na região do tórax (mais comum), pescoço, pernas com a intenção de gerar deformidades. O motivo mais comum dos agressores é o ciúme ou vingança.
Quando suicida, a substância é geralmente ingerida. 
As mais usadas são a soda ou potassa.
LESÕES: seu aspecto depende da concentração da substância. 
Se fraca (eritema);
Se média (vesícula) 
Se forte (escaras).
As lesões mais comuns se apresentam em forma de úlceras cobertas por crostas que variam de coloração dependendo da substância.
 Geralmente provocam cicatrizes deformantes e irregulares, cegueira, lesões graves de orofaringe etc..
A morte geralmente ocorre por choque neurogênico, perfurações do estômago, hemorragia gástrica, asfixia por edema de glote, infecções, caquexia por estenose do esôfago. 
O sangue se transforma em uma massa gelatinosa e achocolatada, lembrando o sangue dos grandes queimados.
Renildo Prado Gomes, de Curitiba, foi condenado a 18 anos de prisão por ter jogado ácido sulfúrico no rosto de sua ex-namorada, em 13/9/93.
Queimaduras deformaram seu rosto, ficou cega do olho direito e após oito transplantes de córnea, enxerga 10% com o olho esquerdo. Marilene,18 anos, já realizou 20 cirurgias plásticas na face, mas ainda carrega as seqüelas do crime.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA
Classificação das Asfixias
	
	
	a)enforcamento
	A)Asfixia por constrição do pescoço
	b)estrangulamento
	
	
	c)esganadura
	
	
	
	
	
	a)oclusão dos orifícios externos respiratórios
	
	1)Direta ou ativa
	b)oclusão das vias aéreas
	B)Asfixia por sufocação
	
	c)soterramento
	
	
	d)confinamento
	
	
	
	
	2)Indireta ou passiva
	a)compressão do tórax
	
	
	C)Introdução do indivíduo em
	a)meio líquido(afogamento)
	
	
	b)ambiente de gases irrespiráveis
 (asfixia por gases)
ASFIXIAS
Para que a respiração se processe normalmente é necessário que o ambiente seja gasoso e com um teor de oxigênio de 21%, nitrogênio 78%, gás carbônico 0,03%, e o restante de outros gases, livre de gases tóxicos; permeabilidade das vias respiratórias, movimentação toracodiafragmática, expansibilidade pulmonar, circulação sangüínea e volemia suficiente para o transporte do oxigênio para a hematose (troca gasosa).
Cada pulmão possui em média 350 milhões de alvéolos, cuja área de contato com o ar daria pra cobrir uma quadra de tênis.
Freqüência respiratória: recém-nascido....................40-45 mov. resp. por minuto
 lactente...............................25-30
 pré-escolar..........................20-25
 escolar................................18-20
 adolescente.........................18
No adulto esta freqüência é em torno de 16 movimentos respiratórios por minuto em repouso, nas mulheres de 18 a 22.
Eupnéia = respiração normal
Bradipneia = respiração diminuída
Taquipneia = respiração aumentada
Dispnéia = respiração forçada e difícil
Apneia = pausa ou parada da respiração
Asfixia é conceituada como um estado de hipoxemia (( O2) e hipercapnia (( CO2) no sangue arterial.
Fisiopatologia
Compreende duas fases com dois períodos cada uma.
	
	
	Dispnéia inspiratória 1min.
	Fase de irritação 4min.
	Período
 de
	
	
	
	Dispnéia expiratória 3min.
	
	
	
	
	
	Inicial, apnéico, ou de morte aparente
	Fase de esgotamento 3min.
	Período 
	
	
	
	Terminal
Fase de irritação
Durando cerca de 4 minutos, temos no primeiro minuto o período de dispnéia inspiratória, durante o qual o asfíxico, sem perder a consciência , sorve grandes haustos de ar. No período de dispnéia expiratória, que dura cerca de 3 minutos, ocorre a inconsciência e, algumas vezes, convulsões devido a ação do CO2 no cérebro.
Fase de esgotamento
No período inicial, ocorre apnéia por algum tempo, simulando a morte. Ao entrar no período terminal, ocorrem os últimos movimentos respiratórios que precedem a morte. Toda a fase de esgotamento dura cerca de 3 minutos.
O tempo total da asfixia é de cerca de 7 minutos, exceto na submersão 4 a 5 min.; no enforcamento onde a morte pode ocorrer em poucos segundos ou após 10 min..
Dependendo da modalidade do processo de asfixia, idade da pessoa, sua higidez, etc., estas fases podem não obedecerem a seqüência, possuírem limites nítidos ou mesmo se fundirem.
Características do Corpo
São divididas em sinais externos e internos.
SINAIS EXTERNOS:
a) Cianose da face: é uma coloração azulada da pele e mucosasdevido à carboxihemoglobina que aumenta no sangue quando este perde o oxigênio e recebe o ácido carbônico proveniente das reações celulares pela falta do O2.
 É encontrada em certos tipos de asfixias como: esganadura, estrangulamento e compressão toráxica; podendo ocorrer em certos casos de enforcamento.
b) Espuma: se forma pela presença de líquido nas vias aéreas e por expulsão de muco e ar nos indivíduos que reagiram a morte e cujos cadáveres foram retirados precocemente da água. 
Exterioriza-se pela boca e/ou nariz, freqüente nos casos de submersão, pode faltar em outros tipos de asfixia.
Por estar também relacionado com edema pulmonar, em mortes lentas por asfixia como por esganadura, seu volume é maior.
c) Procidência da língua: a língua é escurecida e projetada além das arcadas dentárias. É encontrada no enforcamento, estrangulamento e esporadicamente no afogamento, na fase de putrefação.
d) Equimoses externas: ocorrem devido a ruptura de capilares, onde o sangue se infiltra nos tecidos. São arredondadas e diminutas, localizadas nas pálpebras, pescoço, face e tórax, e nas mucosas externas: das conjuntivas, dos lábios e, menos comumente nas asas do nariz.
e) Livores cadavéricos: aparecem precocemente. É rosado na submersão, vermelho - vivo quando o agente é o óxido carbônico, e escuro nas asfixias mecânicas em geral.
f) Rigidez cadavérica: levando à redução do O2 e de ATP, as fibras musculares entram em rigidez mais precocemente e quase ao mesmo tempo em todo corpo. É precoce e fugaz.
SINAIS INTERNOS:
a) Sangue: na asfixia é fluido e de cor negra, exceto em contato com monóxido de carbono onde adquire uma coloração vermelho-viva e, por sua diluição, róseo nos afogados.
b) Equimoses viscerais: são conhecidas vulgarmente como petéquias, também denominadas manchas de Tardieu. 
São encontradas em quase todo tipo de asfixia, têm a forma arredondada, puntiforme ou lenticular. 
Ocorrem devido a ruptura de vênulas por aumento da pressão venosa. Esforços intensos na inspiração, principalmente nas obstruções à entrada do ar, aumentam muito a pressão negativa intrapleural, favorecendo a dilatação das vênulas e sua possível rotura. Podem ocorrer em acessos de tosse e vômitos, ressucitação com massagem cardíaca e podem não aparecer em casos genuínos de asfixia.
As manchas de Tardieu são encontradas na pleura, pericrânio e timo nos recém-nascidos; em vísceras ocas e maciças, mediastino e tecido periaórtico. 
As manchas de Paultauf, são equimoses viscerais no pulmão dos afogados.
c) Congestão polivisceral: quase todos os órgãos se encontram congestos nas asfixias. O mesentério, fígado e rins, no afogamento ,se encontram mais pletóricos, sendo denominados de fígado e rins de Etienne Martim.
 O baço se encontra contraído e exangue o que é denominado de sinal de Etienne Martim.
Deve-se a uma falência cardíaca que antecede a morte, podendo ocorrer em asfixias como em outras causas de morte.
O gás carbônico (CO2) é também conhecido como dióxido ou bióxido de carbono, anidrido carbônico ou ácido carbônico. É um gás inerte, incolor e inodoro.
Difunde-se mais rapidamente no sangue que o O2 por ser 20 vezes mais solúvel.
Em concentrações de 3 a 4% causa cefaléia e taquipnéia; a 9% desorientação, distúrbios visuais, zumbidos e tremores e a 20% morte em 20 minutos.
ASFIXIA POR CONSTRIÇÃO DO PESCOÇO
É composta por: enforcamento, estrangulamento e esganadura.
Enforcamento
É uma asfixia mecânica, onde há constrição do pescoço por laço cuja outra extremidade se encontra fixa em um ponto e o peso do indivíduo age como força viva.
O laço que constringe o pescoço pode ser: DURO - cordões e correntes, fios elétricos, 
arames, cordas, etc..
 MOLE - lençóis, cortinas, gravatas, etc..
O laço é constituído pelo nó, que pode não estar presente, fixo ou corredio, e pela alça, que é quem promove a constrição do pescoço interrompendo a circulação do ar nas vias respiratórias por compressão da traquéia e pelo rechaço da base da língua contra a parede posterior da faringe.
O nó se situa geralmente na região posterior do pescoço, podendo estar presente também na região lateral e raramente na região anterior.
A suspensão é dita típica ou completa quando todo o corpo permanece suspenso no ar; e atípica ou incompleta quando os pés, joelhos, braços ou mesmo abdome tocam o solo.
É uma modalidade tipicamente suicida, podendo ser acidental ou homicida.
A morte pode ocorrer instantaneamente devido a inibição reflexa por constrição dos feixes nervosos do pescoço ( nervo vago e seios carotídeos) ou em até 10 minutos, onde se divide em 3 fases:
Primeira - a constrição do feixe vascular e nervoso do pescoço, diminui a irrigação cerebral, dando sensação de calor, zumbidos e perda rápida da consciência.
Segunda - é o período respiratório, onde por obstrução das vias aéreas, há hipoxemia (diminuição do oxigênio) e convulsões por aumento do CO2.
Terceira - ocorre apneia (parada da respiração), parada cardíaca e morte.
O óbito pode ocorrer de minutos a dias após ter sido retirado, com vida, da forca devido a lesões degenerativas causadas pela anóxia 
Caso não venha a falecer podem ocorrer lesões que se traduzem em perturbações locais ou gerais.
Sinais externos: 
O sulco no pescoço é geralmente único, oblíquo, ascendente e interrompido ao nível do nó, de profundidade heterogênea. 
O rosto geralmente se apresenta de coloração azulada devido a estase venosa pela constrição dos vasos do pescoço. A cabeça pende sempre para o lado oposto ao nó, fletida para diante, com o queixo tocando o tórax (no enforcamento clássico). Pode haver projeção da língua de cor azulada com espuma sanguinolenta na boca e narinas.
 Podemos encontrar ainda a exoftalmia (olhos para fora) e otorragia (sangramento no ouvido) devido a rotura do tímpano. Os membros superiores pendem paralelamente ao tronco com os punhos fechados. A rigidez cadavérica ocorre mais tardiamente. As hipostases, pela gravidade, se localizam na metade inferior do corpo e mais intensamente nos membros inferiores.
 Devido à perda de tonicidade e eventual repleção das vesículas seminais, pode ocorrer ejaculação post mortem e ingurgitamento hipostático dos corpos cavernosos penianos.
Sinais internos:
Há, devido à ação local do laço, sufusões hemorrágicas da pele e subcutâneo, infiltrações hemorrágicas dos músculos cervicais, fratura do osso hióide e cartilagem da tireóide; luxação da coluna cervical e sinais de asfixia em geral.
ESTRANGULAMENTO
É a asfixia mecânica por constrição do pescoço por laço tracionado ou por qualquer outra força que não seja o peso da vítima e que não use as mãos para a constrição, pois aí seria esganadura.
Fisiopatologia: a) Asfixia - ocorre devido a obliteração da traquéia e fechamento da fenda glótica, impedindo a passagem do ar para os pulmões, desencadeando como no enforcamento rápida perda da consciência. A força necessária para fechamento da traquéia é de aproximadamente de 25 Kg.
 b) Obliteração dos vasos do pescoço - a pressão exercida irá ocluir as artérias carótidas e vertebrais e as veias jugulares, comprometendo a circulação cerebral; ocasionando comprometimento cerebral podendo levar a morte.
 c) Compressão dos nervos do pescoço - a compressão do nervo vago pode levar a morte por inibição.
Sintomatologia: geralmente o estrangulado passa por três períodos : resistência, inconsciência e convulsões, asfixia e morte aparente seguida de morte real. Podem ainda ocorrer espuma sanguinolenta e relaxamento dos esfíncteres.
Sinais Externos:
a) Face geralmente tumefeita e violácea
b) Hemorragias puntiformes nas conjuntivas, face, pescoço e tórax.
c) Projeção da língua cianóticad) Otorragia com ou sem ruptura do tímpano
e) Pavilhão auricular e lábios cianóticos
f) Provável presença de espuma sanguinolenta
g) Sulco ( quando presente) geralmente sobre a laringe, único, duplo ou triplo, contínuo e de profundidade uniforme, é tipicamente horizontalizado, podendo excepcionalmente ser ascendente quando o agressor o tracionar por trás e para cima.
Sinais Internos:
a) Infiltração hemorrágica no sub-cutâneo e músculos do pescoço
b) Excepcionalmente lesão do osso hióide e cartilagem tireóide e cricóide
c) Infiltrações hemorrágicas na parede das artérias
d) Ruptura transversais das carótidas
O estrangulamento pode ser homicida, suicida ou acidental, sendo o mais comum o homicida.
Uma modalidade conhecida é o chamado “golpe do pai Francisco” onde o homicida aplica a alça no pescoço da vítima e de costas para esta, sai encurvado carregando-a nas costas, presa pelo laço.
Diferenças do sulco:
ESTRANGULAMENTO - horizontal, nos raros casos de suicídio ascendente ou descendente; pode ser múltiplo, é contínuo e uniforme, em toda periferia do pescoço.
ENFORCAMENTO - geralmente é único, oblíquo, ascendente, de situação alta, por cima da cartilagem tireóidea mais profundo na parte central da alça, descontínuo por interrupção ao nível do nó.
ESGANADURA
É a asfixia mecânica por constrição do pescoço, na sua porção anterolateral, impedindo a passagem do ar, promovida diretamente pela mão do agressor.
É exclusivamente homicida, exige por parte do agressor uma superioridade de forças ou ausência de resistência por parte da vítima. 
A lei não reconhece as modalidades suicida e acidental.
A morte se dá mais por asfixia e inibição nervosa, atribuindo pouca importância à obliteração vascular.
De sua tentativa frustrada podem resultar: disfagia, disfonia, tumefação cervical e miocontratura do pescoço.
Sinais Externos:
a) Cianose da face
b) Marcas em forma de pontilhado de cor avermelhada na face e pescoço
c) Congestão conjuntival
d) Possíveis procidência da língua, otorragia, espuma sanguinolenta, exoftalmia
Como sinais externos locais temos:
a) Equimoses elípticas ou arredondadas, bilaterais e irregulares no pescoço, produzidas pelas polpas digitais do agressor
b) Marcas ungueais, escoriações pelos bordos livres das unhas do agressor, comumente pergaminhadas, variáveis em número e encontradas, mais profundas, à esquerda da linha mediana do pescoço quando o agente é destro, ou em forma de rastros escoriativos, de diferentes tamanhos e direções devido às reações da vítima.
Obs.: estas marcas podem estar ausentes se entre a mão do agressor e pescoço da vítima se encontrarem corpos moles ou se o agressor estiver usando luvas.
Sinais Internos:
a) Infiltrações hemorrágicas das partes moles do pescoço
b) Fraturas de ossos e cartilagens do pescoço
c) Lesões dos vasos do pescoço (sinal de França)
d) Lesões da coluna vertebral (só em crianças)
Obs.: estes sinais internos podem não estarem presentes se a morte ocorrer por inibição reflexa dos seios carotídeos.
ASFIXIA POR SUFOCAÇÃO
É a asfixia mecânica provocada pela obstrução direta ou indireta à penetração do ar nas vias respiratórias ou por permanência forçada em espaço fechado.
A sufocação é dividida em duas modalidades: direta e indireta.
	
	
	Oclusão dos orifícios externos respiratórios
	
	Sufocação direta
	Oclusão das vias respiratórias
	
	
	Soterramento
	Sufocação
	
	Confinamento
	
	
	
	
	Sufocação indireta
	Compressão do tórax e/ou abdome
Sufocação direta:
A) Oclusão dos orifícios externos respiratórios: ocorre quando o agressor consegue ocluir os orifícios nasais e oral.
 Esta oclusão se dá através do uso das mãos ou de corpos moles (travesseiro). Supõe-se maior força do agressor ou incapacidade de reação da vítima.
Como sinais na vítima podemos encontrar equimoses faciais, marcas ungueais próximas aos orifícios respiratórios e boca; podendo não serem encontradas em caso de uso de corpos moles. Pode ainda haver fraturas de dentes e lesões contusas.
B) Oclusão das vias respiratórias: as vias respiratórias compreendem o trajeto feito pelo ar após penetrar nos orifícios respiratórios indo até os pulmões. 
Sua oclusão se dá geralmente de forma acidental, como no caso de aspiração de corpos estranhos tipo: dentaduras, alimentos, rolhas de garrafa, balas, gomas de mascar etc.; ou mais raramente de forma homicida, pela introdução de corpos estranhos.
O valor probatório diagnóstico é o achado na necropsia do corpo estranho nas vias respiratórias com os sinais gerais de asfixia já descritos.
C) Soterramento: é a obstrução das vias respiratórias quando o indivíduo se encontra mergulhado em meio sólido.
É geralmente acidental, como no caso de desabamentos e avalanches ou homicida. A presença destes materiais nas vias aéreas, esôfago e estômago durante a necropsia é de fundamental importância, juntamente com os sinais de sufocação e outros traumatismos inerentes ao acidente.
 A presença destes materiais nas vias respiratórias nos permite afirmar que este se encontrava vivo durante o ocorrido, pois respirava.
D) Confinamento: é a asfixia que ocorre quando o indivíduo se encontra em local restrito e fechado sem renovação do ar atmosférico. 
Ocorre o consumo do oxigênio, com a produção cada vez maior de gás carbônico, saturando o ambiente e causando a asfixia. 
Como nas outras modalidades , é freqüentemente acidental.
Em 5 de fev. de 89 em São Paulo, na Delegacia de Polícia no bairro da SAÚDE, 51 detentos foram encarcerados em represália a tentativa de fuga, em uma cela minúscula. Cerca de 10 horas depois, 18 deles estavam mortos por asfixia.
Sufocação Indireta:
É ocasionada por compressão do tórax e/ou abdome, impedindo os movimentos respiratórios, ocasionando óbito por asfixia.
Geralmente é homicida ou acidental. 
Nos sertões nordestinos havia a figura do “exortador” (estimular, animar, encorajar), que pago pela família do agônico, se sentava sobre este enquanto orava para que sua alma não mais se prendesse a este mundo terreno, libertando-se desta para melhor.
A crucificação, impedindo os movimentos respiratórios é um tipo de sufocação indireta.
No caso da sufocação indireta os sinais de asfixia podem ou não estar presentes. No cadáver podemos além de outros sinais, encontrar fraturas de costelas devido a compressão toráxica.
INTRODUÇÃO DO INDIVÍDUO EM:
Meio líquido: 
AFOGAMENTO
É a asfixia em que ocorre a penetração de líquidos nas vias aéreas. Isto pode ocorrer com a introdução do indivíduo no meio líquido (submersão) ou de apenas seus orifícios respiratórios e boca. 
Pode também acontecer de se afogar no próprio sangue (esgorjamento) ou conteúdo estomacal, na fase comatosa; são denominados afogamentos internos.
Pode ser homicida , suicida ou acidental que é a mais comum.
	
São descritos dois tipos de afogamento: o primeiro e mais importante é a submersão-asfixia ou afogamento verdadeiro o que iremos estudar em particular; o segundo é denominado de submersão - inibição ou afogado branco de Parrot, de 10 a 20% dos afogados.
Neste caso em particular, o indivíduo já é previamente portador de alguma moléstia grave e quando em contato com a água sofre uma inibição vindo a falecer, sem no entanto ingerir grande quantidade de água, não se encontrando no seu cadáver os sinais clássicos de asfixia.
Fases do Afogamento: são em número de três 1- Fase de resistência
Fase de exaustão
3-Fase de asfixia
Fase de resistência: ocorre uma apnéia voluntária, onde o indivíduo se encontra lúcido com todos os seus reflexos
 
 2) Fase de Exaustão : se caracteriza por dispnéia, com inspirações profundas e expirações curtas, devido a estímulos

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