Buscar

IED II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Matéria: IED privado II
Professor: Tiago Borges
Provas: 17/09 e 21/11
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O Direito serve para a adaptação social, traçando regras de controle social, que por sua vez, são dotadas de coercibilidade. O Direito surge, então, a partir dos fatos, uma vez que a norma jurídica sopesa os valores dos fatos, qualificando-o, adjetivando-o e judicializando-o. “A lei comumente define uma possibilidade, um vir a ser, que se transformará em direito mediante a ocorrência de um acontecimento que converte a potencialidade de um interesse, um interesse individual”- Caio Mário da Silva. Segundo Marcos Bernardes de Mello “quando o fato interfere, direta ou indiretamente, nas relações interpessoais, afetando, de algum modo, o equilíbrio de posição do homem mediante um outro, a comunidade jurídica atua sobre ele, editando uma norma que passará a regulá-lo, imputando-lhe efeitos que repercutem no plano da convivência social. (...) A norma jurídica atua sobre os fatos, atribuindo-lhes consequências específicas (efeitos jurídicos).
É justamente dessa multiplicadade de eventos, que surgem os fatos jurídicos, produzindo efeitos na esfera jurídica.
O CÓDIGO CIVIL PODE SE DIVIDIR EM:
PARTE GERAL – Pessoa PARTE ESPECIAL – Obrigações (contrato,Respons. Civil)
		 Bens Empresarial, Reais
 Fato jurídico Família, Sucessões
*OBS: A relação Jurídica tem como estrutura:
 SUJEITO + OBJETO + FATO PROPULSOR
(Capacidade de direito) (Bens, direitos) (Fato que incide na vida humana)
2. DISTINÇÃO ENTRE FATO JURÍDICO E FATO MATERIAL (AJURÍDICO)
O fato jurídico se caracreriza pela produtividade de efeitos jurídicos, distinguindo-se do fato material, que não so produz, que por sua vez, não possui coercibilidade. 
> Exemplo: Raio que atinge uma casa. Se estava acobertada por uma apólice de seguro, é um fato jurídico, porém se não o estivesse assegurado, seria meramente um fato material. Logo, distinguem-se pela produção de efeitos e não pela sua origem. 
Para que determinado acontecimento esteja inserido no mundo jurídico, precisa-se atentar para alguns elementos, tais quais: 1) definição pela norma da hipótese fática; 2) Realização concreta da hipótese; 3) Incidência da norma sobre a hipótese; 4) Juridicização do acontecimento.
 Norma Jurídica Fatispécie Genérica hipotética (descrição da norma)
 (incidência da subsunção*) 
 Fato * Fato e Norma Fatos relevantes para o controle social
 
 Fato jurídico
OBS¹: FATO NÃO JURÍDICO é quando nem todos os elementos descritos na norma são semelhantes ao fato.
3. DEFINIÇÃO DO FATO JURÍDICO
Para a doutrina majoritária, fato jurídico sempre esteve centrado na sua produção de efeitos, fazendo com que as relações jurídicas fossem criadas, extintas, modificadas ou substituídas, trazendo consigo, também, uma potencialidade de produção de efeitos, mas não necessariamente fazendo com que decorram tais consequências.
OBS¹: Nem sempre decorrerão efeitos do fato jurídico, podendo o mesmo existir e deixe de existes, posteriormente, sem que jamais produza efeitos. 
> Exemplo: Elaboração de um testamento. Produzirá efeitos após a morte do seu criador, porém, se o mesmo for revogado ainda em vida, o referido fato jurídico deixará de existir sem nunca ter produzido seus efeitos concretos (criando, modificando, extinguindo ou substituindo).
OBS²: CONCEITO JURÍDICO INDETERMINADO é aquele que possui conteúdo semântico abstrato, impondo ao aplicador do direito uma maior proximidade com o suporte fático (muitas vezes incerto, ao exemplo da “BOA FÉ”) para dar maior concretude a norma. Tal suporte fático necessita de argumentação para justificar a conclusão dela tirada, para que possa ser tido como concreto.
+ : Acaba por trazer mais justiça, uma vez que ha uma superação do Dogma da Subsunção.
- : Implica em uma maior incerteza jurídica, uma vez que se dá maior vazão a interpretações feitas pelo aplicador do direito, abrindo possibilidades para interpretações embasadas em valores subjetivos. > Exemplo: HARD CASES
4. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS
Os fatos jurídicos são aqueles oriundos da natureza ou da vontade humana, que podem repercutir na órbita jurídica, produzindo efeitos. É preciso diferenciar os atos lícitos dos atos ilícitos. Os primeiros, lícitos, são aqueles que se concretizam em conformidade com a ordem jurídica, enquanto os atos ilícitos são aqueles que, ao se concretizar, violam as normas.
Os fatos jurídicos oriundos da natureza (FATO JURÍDICO STRICTO SENSU), independem da vontade humana, sendo um ato involuntário, produzindo efeitos jurídicos. Podem ser classificados em: 
1)Ordinário: São aqueles que ocorrem freqüentemente na vida real, ou seja, são comuns à própria realidade fática, acontecendo de forma continuada ou sucessiva. São fatos naturais, provenientes da própria natureza, apesar do homem participar na formação de alguns deles. Há três tipos de fatos ordinários: nascimento, morte e decurso de tempo
2)Extraordinário: Os fatos jurídicos extraordinários caracterizam-se pela sua eventualidade, não acontecendo necessariamente no dia-a-dia. Também não são provenientes da volição humana, podendo, porém, apresentar a intervenção do homem em sua formação. São eles: caso fortuito ou força maior e "factum principis".
Já os fatos jurídicos oriundos da vontade humana (FATO JURÍDICO LATO SENSU), são quaisquer acontecimentos, dependente ou não, do homem, que tem potencialidade de conferir efeitos concretos.
Decorrente dos fatos jurídicos lato sensu, temos a presença dos ATOS-JURÍDICOS E OS ATOS-FATOS JURÍDICOS. 
O ATO JURÍDICO LATO SENSO, é uma expressão utilizada para designar os acontecimentos que têm em seu suporte fático (tipificação) a presença do elemento volitivo (vontade), dirigida à obtenção de resultados permitidos pelo ordenamento. Já o ATO JURÍDICO STRICTO SENSO é o que gera consequências jurídicas previstas em lei, desejadas pelos interessados, mas sem qualquer regulamentação da autonomia privada (reconhecimento de paternidade, no qual há vontade exreriorizada, não sendo possível ao manifestante criar efeitos distintos daqueles contemplados pela norma).
Essa vontade humana poderá se dar meramente:
> Para aderir a efeitos preestabelecidos pelo ordenamento jurídico (ATOS JURÍDICOS STRICTO SENSU) ou, ao contrário, poderá ser uma vontade criadora (NEGÓCIOS JURÍDICOS), estabelecendo novas categorias jurídicas que devem decorrer dos fatos (contrato).
*A diferença entre ato e negócio jurídico centra-se no poder de escolha da categoria jurídica respectiva (que é praticamente inexistente no ato e pleno no negócio) e não na presença de ato de vontade. Outro ponto é que os atos partem de manifestação de vontade, já os negócios partem de declarações de vontade.
São elementos caracterizadores do ATO JURÍDICO: 
i) ato humano de vontade
ii) exteriorização da vontade pretendida
iii) Consciência dessa exteriorização de vontade
iv) Fins lícitos 
Os ATOS-FATOS JURÍDICOS caracterizam-se por serem uma espécie autônoma que surge da vontade humana, tendo o ato humano como essência, porém despreza-o em seguida, uma vez que para a produção de efeitos, a vontade humana é irrelevante (prescrição). Poderão ser:
1) Atos-fatos reais (materiais): ato humano que resulta circunstâncias fáticas, geralmente irremovíveis (ocupação).
2) Atos-fatos indenizativos: ato humano não contrário ao direito, que acaba gerando prejuízo a terceiro, tendo o dever de reparar o dano (estado de necessidade).
3) Atos-fatos caducificantes: fatos jurídicos, cujo efeito consiste em extinguir direitos (decadência ou prescição).5. OS DIFERENTES PLANOS DO MUNDO JURÍDICO
É de se notar que um determinado acontecimento jurídico pode existir e não ter validade (reconhecimento pelo ordenamento), e por conseguinte, não produzir qualquer consequência jurídica (não ter eficácia). 
Com isso, percebemos que qualquer fato jurídico passa por diferentes planos (dimensões). Primeiramente o fato jurídico tem EXISTÊNCIA (plano do “ser”-ontológico), ganhando estruturação básica e elementar. Em seguida, tem-se o plano da VALIDADE (plano do “dever-ser”-deontológico, também conhecido por ser adjetivo, qualificando o fato), quando o fato se conforma com a ordem jurídica, atendendo aos elementos exigidos por ele. E por último, temos o plano da EFICÁCIA, uma vez que sendo o fato existente e válido, naturalmente produzirá efeitos jurídicos.
OBS: O fato pode: 
1) Existir, ser válido e eficaz (contrato de compra e venda, entre maiores e capazes).
2) Exister, ser válido mas ineficaz (testamento, antes da morte do indivíduo).
3) Existir, ser inválido, porém eficaz (casamento putativo - O casamento anulável, que produz seus efeitos desde a cerimônia até o trânsito em julgado da sentença anulatória).
4) Existir, ser inválido e ineficaz (doação realizada por absolutamente incapaz, pessoalmente).
5) Existir e ser eficaz (nascimento com vida).
6. CONSEQUÊNCIA DOS FATOS JURÍDICOS
AQUISIÇÃO DE DIREITOS: Pode se dar de quartro formas, quais sejam:
i) Gratuita: quando não há contraprestações (doação)
ii) Onerosa: quando houver contraprestações, enriquecendo ambas as partes (compra e venda)
iii) A título universal: quando o novo titular substitui o anterior proprietário na totalidade dos poderes sobre a coisa (herdeiro)
iv) A título singular: sucedendo o novo titular apenas em determinada coisas, certas e determinadas (legatário- é o benefíciário de um legado)
MODIFICAÇÃO DOS DIREITOS: Pode de ser de duas formas, quais sejam:
i) Objetiva: quando atigir a qualidade ou quantidade do objeto da relação jurídica (amortização de débito -processo de extinção de uma dívida através de pagamentos periódicos)
ii) Subjetiva: diz respeito ao sujeitos, subsistindo a relação jurídica íntegra (desapropriação) 
**Os direitos da personalidade (integridade física,moral e intelectual) não comportam modificação subjetiva.
7. NEGÓCIOS JURÍDICOS
Negócio jurídico é o acordo de vontades, que surge da participação humana e projeta efeitos desejados e criados por ela, tendo por fim a aquisição, modificação, tranferência ou extinção de direitos. Há portanto, uma composição de interesses (ato regulamentador dos interesses privados). É mais complexo que o ato jurídico, seja pelo contéudo, seja pela produção de efeitos.
*extinção de direitos: recisão de contrato
CARACTERÍSTICAS: O negócio jurídico, por ser fruto da vontade humana, pertence à classe dos fatos jurídicos cujo resultado final é pretendido, desejado pelas partes, tendo nítido cunho de satisfação dos interesses privados. Logo, a força propulsora do negócio jurídico é a vontade humana (elemento volitivo). Porém tal vontade humana tem limites. Limites esses estabelecidos pelos princípios constitucionais fundamentais. Daí decorre a “função social do negócio jurídico”, retratando uma sobreposição dos interesses coletivos, sem, contudo, anular o indivíduo. No plano concreto do ato negocial, significa dizer que as partes não estão obrigadas a cumprir somente as obrigações que se encontram no contrato, como também os deveres anexos a ele. 
TEORIAS DA VONTADE, DECLARAÇÃO, NORMATIVISTA E FUNCIONALISTA
TEORIA DA VONTADE: O negócio jurídico reflete a vontade real, ou seja, se existe uma dissonância entre a manifestação de vontade e o que se quer, segundo esta teoria, prevalece o que se quis.
TEORIA DA DECLARAÇÃO: Se existe uma dissonância entre o manifestado e o que se quer, prevalece o que se manifesta. ART. 112 (busca-se a vontade da declaração, e a intenção do que se manifestou).
TEORIA NORMATIVISTA: Negócio jurídico como norma, devendo preencher elementos de validade (formal-procedimento), não equiparando VONTADE com NEGÓCIO JURÍDICO. Para que produza efeitos, deverá seguir os procedimentos estabelecidos por lei (fala-se então na legitimidade). É então, uma vontade qualificada, capaz de funcionar como norma, dentro do ordenamento jurídico.
*Para os negócios jurídicos, os efeitos do N.J estão ligados a sua estrutura (VONTADE e REGISTRO).
TEORIA FUNCIONALISTA: Negócio jurídico tem uma função econômica e social, visando atender as necessidades, utilizando os recursos disponíveis (ART. 2035, parágrafo único).
*exercício do direito tem que estar em consonância com a função social e econômica, atentando-se para a dinâmica na qual se da o direito.	
CLASSIFICAÇÃO:
1. QUANTO À DECLARAÇÃO DE VONTADE
A) UNILATERAL: única manifestação de vontade (testamento).
B) BILATERAL: duas manifestações de vontade, coincidentes com o mesmo objetivo, através do consentimento mútuo (compra e venda).
C) PLURILATERAL: mais de duas vontades manifestadas por diferentes partes (contrato de sociedade).
2. QUANTO AOS TITULARES
A) INTER VIVOS: celebrado para produzir efeitos imediatamente, quando ainda vivos os contratantes, ainda que um deles venha a falecer (compra e venda).
B) CAUSA MORTIS: somente decorrem após o óbito de uma das partes (testamento).
3. QUANTO AOS BENEFÍCIOS PATRIMONIAIS
A) ONEROSO: vantagem patrimonial para ambas as partes (compra e venda). Pode ser COMUTATIVO (prévio conhecimento das vantagens- aquisição de bem imóvel) ou ALEATÓRIO (vantagens incertas – contrato de seguro)
B) GRATUITO: só umas das partes aufere vantagem (doação sem encargo)
C) NEUTRO: desprovida de expressão econômica (gestação em útero alheio)
D) BIFRONTE: pode ser gratuito ou oneroso, a depender da vontade almejada (contrato de depósito, que permite convenção de remuneração do depositário)
4. QUANTO À FORMA
A) FORMAL: tiver que obedecer aos ritos presentes na lei (casamento ou compra e venda)
B) INFORMAL: forma livre, quando a lei não regula aquela forma (empréstimo) 
*em geral, o N.J geralmente é informal, porém o ato-jurídico stricto-senso costuma ser prescrito.
5. QUANTO À IMPORTÂNCIA
A) PRINCIPAL: quando tiver existência autônoma, não dependendo de outro para produzir efeitos. (empréstimo)
B) ACESSÓRIO: quando a sua existência e fim estiver vinculada a outro negócio, dependendo deles para produzir efeitos (fiança / pacto antenupcial- tem que haver casamento)
6. QUANTO À DURAÇÃO
A) INSTANTÂNEO: execução instantânea, produzindo efeitos em momento único (compra e venda à vista)
B) DE DURAÇÃO/ TRATO SUCESSIVO: os efeitos são protraídos ao longo do tempo (prestação de serviço ou compra e venda em prestação)
7. QUANTO À CAUSA
A) CAUSAL: fundada em causa determinante
B) ABSTRATO: sem causa predeterminada
8. QUANTO À PERSONA
A) PESSOAIS: há atos intuito personae, ou seja, só pode ser praticado pela própria pessoa, não podendo delegar a execução a outrem. (Contratamos um pintor famoso para fazer um quadro de família, no qual só ele sabe fazer aquele serviço. Neste caso não podemos colocar outra pessoa no lugar, porque aquele trabalho é infungível, não substituível)
B) IMPESSOAIS: Interesse está na prestação/execução de um serviço requerido e não quem o faz, ou seja, são aqueles em que a prestação poderá ser cumprida pela própria pessoa ou por terceiro para o efetuamento do negócio jurídico. (compra e venda tanto a pessoa interessada quanto por terceiro representando aquela)
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
A partir da perspectiva civil-constitucional, não há outro modo de interpretação do Direito Civil se não a consonância com a BOA-FÉ OBJETIVA.
A boa-fé objetiva é a busca do equilíbrio. Constitui-se na estipulação de deveres anexos e implícitos no negócio, impondo probidade, honestidade, ética, honradez e informação – mesmo não estando expresso no negócio- além de limitar o exercício dos direitos subjetivos, evitando abusos de direito. 
*A partir do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, a boa-fé foi consagrada no sistemade direito privado brasileiro como um dos princípios fundamentais das relações de consumo e como cláusula geral para controle das cláusulas abusivas. 
RESERVA MENTAL
No ART. 110, o Código Civil cuida da reserva mental, caracterizada como a emissão de uma declaração não querida, não desejada, em seu conteúdo e muito menos em seu resultado, tendo por intenção enganar ou iludir o declaratário (parte contrária). Logo, o declarante declara apenas para enganar a parte contrária. Pressupõe os seguinte elementos:
i) declaração não desejada em seu conteúdo e resultado
ii) ânimo de iludir a parte contrário ou terceiro 
Esta reserva bifurca-se em duas modalidades, quais sejam:
1) SEM O CONHECIMENTO DO DESTINATÁRIO: o negócio subsiste, sendo irrelevante a reserva mental desconhecida da parte contrária.
2) COM O CONHECIMENTO DO DESTINATÁRIO: sendo conhecida a reserva mental pela parte adversa (sabendo que o declarante não irá cumprir o conteúdo negocial), o negócio será inexistente, ou se tiver intenção de prejudicar terceiros ou violar a lei, estará eivado de nulidade.
Na sequência, o Código Civil, em seu ART. 111, trata do silêncio, determinando que seja interpretada como anuência (concordância com o ato negocial), desde que as circunstâncias ou os usos locais autorizem e não seja necessária declaração de vontade expressa. 
Já em seu ART. 112, preconiza que a declaração de vontade tem de ser interpretada em sua intenção e não o sentido literal do que foi declarado. Em outras palavras, o que interessa é a vontade real e não a vontade declarada, devendo ser interpretada à luz da boa-fé para elucidar a intenção das partes. A isso, os doutrinadores chamam de TEORIA DA CONFIANÇA, que mantém íntima relação com a boa-fé objetiva.
DIFENTES PLANOS (DIMENSÃO) DO NEGÓCIO-JURÍDICO
Plano da existência: relativo ao “ser”, isto é, à sua estruturação, de acordo com elementos básicos para que possa ser admitido.
Plano de validade: relativo ao “dever ser”, sendo um plano adjetivo, diz respeito à aptidão do negócio frente ao ordenamento jurídico para produzir efeitos concretos.
Plano da eficácia: capacidade de produzir, desde logo, seus efeitos jurídicos ou ficar submetido a determinados elementos acidentais, que podem conter ou liberar tal eficácia.
**No plano de existência é preciso preencher os pressupostos de existência, enquanto no plano da validade é necessário que estejam presente os requisitos de validade, e finalmente, no plano da eficácia encontram-se os fatores de eficácia.
PLANO DE EXISTÊNCIA: O negócio jurídico inexistente é aquele que não possui os pressupostos fáticos que a sua natureza supõe e exige como condição existencial. Logo, para produção de efeitos, tem necessariamente que existir.
São requisitos do plano de existência. >> exemplo: compra e venda de imóvel
1) Agente >> comprador e vendedor
2) Objeto >> venda e compra do bem
3) Forma >> escritura particular
4) Vontade exteriorizada consciente >> uma no sentido de vender, outra no sentido de adquirir.
PLANO DE VALIDADE E SEUS REQUISITOS: a invalidade do negócio jurídico (nulidade e anulabilidade)
CONSIDERAÇÕES GERAIS: Passam pelo plano da validade os fatos jurídicos que tenham em seu núcleo a vontade humana, estabelecendo condições/requisitos que a manifestação de vontade e os demais elementos do ato-jurídico devem preencher para obterem a devida tutela do ordenamento. Logo, aqueles atos que faltarem algum (uns) requisitos, é considerado inválido, não produzindo efeitos jurídicos.
REQUISITOS DE VALIDADE: O plano da validade é um plano deontológico (“dever-ser”) e adjetivo (qualificador) do plano da existência. “correspondem os requisitos do plano da validade às qualidades que os elementos estruturais (existenciais) devem ter.”
1) Agente capaz
2) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
3) Forma adequada (prescrita ou não defesa em lei)
4) Vontade exteriorizada consciente, de forma livre e desembaraçada
* 1) Agente Capaz: Observa-se que o agente deve ser capaz, respeitadas as hipóteses de absoluta e relativamente incapaz (ART. 3º e 4º CC).
CAPACIDADE: potencialidade genérica para prática de atos da vida civil
LEGITIMAÇÃO: potencialidade específica para prática de atos da vida civil
** 2) Objeto possível: Casos de impossibilidade
i) ABSOLUTA: se aplica a todos
ii) RELATIVA/SUBJETIVA: se aplica a sujeitos determinados
iii) ORIGINÁRIA: somente esta invalida o negocio 
iv) SUPERVENIENTE: Resolve o negócio sem o anular
v) TOTAL: torna inválido o negócio jurídico
vi) PARCIAL: Analisa-se o INTERESSE CENTRAL. Se este for atingido, anula-se o negócio jurídico, porém caso não o seja, o negócio será válido, porém a parte impossível será anulada.
Determinado e determinável: Determinado é aquele que está especificado no contrato e determinável é aquele que no momento do cumprimento da prestação, possa ser identificado pelo gênero (caneta) e qualidade (01).
*** 3) Forma adequada: Embora, de regra, a forma seja livre, não se pode ignorar que a lei, não raro, exigirá forma especial, como estabelece o ART. 107 “a qualificação da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir.” (compra e venda- exige escritura pública, registrada em Cartório de Imóveis). Havendo algum “defeito” na manifestação de vontade (má-fé), haverá os chamados “defeitos do negócio jurídico”, que poder ser:
i) Vícios de vontade (discordância entre a vontade e a declaração de vontade)
ii) Vícios sociais (prejuízo a terceiros ou fraude da lei)
**** 4) Vontade livre e desembaraçada: LIVRE, CONSCIENTE E BOA-FÉ.
ATOS-JURÍDICOS INVÁLIDOS
Há atos jurídicos inválidos, porém existentes, uma vez que para ser inválido necessariamente passa pelo plano da existência. O ato-jurídico inválido é aquele que não possui os requisitos de validade, podendo ser qualificados, em sentido amplo, como ilícito. 
*o ato ilícito civil nem sempre traz como consequência a responsabilidade civil, uma vez que a sua consequência natural é a ineficácia. (A doa um bem a B. B percebe que A está em necessidade, mas nega assistência, podendo A revogar a doação).
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (nulidades e anulabilidades)
CONSIDERAÇÕES GERAIS: A nulidade esta descrita nos ARTs. 166-170 e as anulabilidades estão descritas no ART. 171 em diante. Por isso, tanto as nulidades quanto as anulabilidades são espécies do gênero das invalidades do negócio jurídico. As invalidades dependem de expressa previsão legal. 
A nulidade viola interesses públicos, logo, a legitimidade para reconhecê-la como tal pode ser feita por qualquer interessado, inclusive o MP e o magistrado pode conhecer de ofício. A anulabilidade viola interesses particulares, logo, a legitimidade para reconhecê-la como tal cabe somente ao interessado (prejudicado [s]).
REGIME JURÍDICO DAS NULIDADES: 
i) opera-se de pleno direito
ii) pode ser invocada por qualquer pessoa, inclusive o MP
iii) não admite confirmação, sendo, pois, irratificável
iv) imprescritível
v) pode ser conhecida ex officio
* A nulidade é conhecida através de decisão judicial meramente declaratória, produzindo efeitos ex tunc. O juiz não torna o ato nulo, apenas o declara como tal. 
** Declarado nulo, o negócio retorna ao ponto antes de se constatar a nulidade, uma vez que a partir daquele ponto, todos os atos foram nulos.
REGIME JURÍDICO DAS ANULABILIDADES:
i) O negócio existe e produz efeitos até que seja declarada a invalidação
ii) somente a pessoa juridicamente interessada pode promover a ação de anulação
iii) admite ratificação
iv) submete-se ao prazo prescricional *não pode-se falar em anulação de negócio já prescrito! (Entende-se por prescrição a extinção de uma ação judicial possível, devido à inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo – “perda da pretensão”)
v) o juiz não pode conhecer a anulabilidade ex officio, nem o MP pode suscitá-la.
*Em regra, o prazo decadencial para pleitear a anulação de negócio jurídico, nos termos do ART. 178, é de quatro anos. Porém, quando a leidispuser que tal ato é anulável sem estabelecer prazo, será considera o prazo de 02 (dois) anos, contados a partir da data da conclusão do ato ou negócio (ART. 179).
** A anulabilidade é reconhecida através de ação anulatória, cuja natureza é constitutiva negativa, produzindo efeitos ex tunc (retroativos), de acordo com os termos do ART. 182 do CC.
	NULO (nulidade) 
	ANULÁVEL (anulabilidade) > anulado
	Interesse público
	Interesse privado
	Qualquer interessado, inclusive MP - Art. 168
	Somente o(s) prejudicado(s) – Art. 177
	Juiz pode declarar ex officio, mesmo sem manifestação das partes – Art. 168
	Juiz não pode declarar ex officio, salvo se houver manifestação das partes – Art. 177
	Não se convalida, pois o nulo sempre o será
	Convalida-se, pois pode se conduzir ao válido
	Imprescritível
	Sujeito a decadência
	Declaratória
	Constitutiva, pois nasce anulável e se torna anulado através de sentença, exclusivamente
	EXISTÊNCIA: EX TUNC, retroage ao ponto de origem da nulidade
	EX NUNC, não retroagindo
	EFEITOS: EX TUNC, produz efeitos retroativos desde os fatos
	 (interimística), produz efeitos somente a partir de sua prolação. Se o ato se torna válido, terá os efeitos interimísticos plenos. Se for anulado, este efeito será “apagado” – ART. 182
O PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Prega que, sempre que possível, um negócio jurídico deve ser preservado. Por este motivo, o Código Civil contempla os institutos da conversão substancial (ART. 170), da ratificação (ART. 172) e da redução (ART. 184). 
 	A) Conversão substancial: Possibilidade de recategorização do negócio nulo, aproveitando-se da manifestação de vontade para reconhecer outro negócio jurídico, desde que sejam respeitados seus requisitos formais.
	B) Ratificação ou Convalidação: Possibilidade das partes, por vontade expressa ou tácita, declararem aprovar um determinado negócio ou ato anulável (inadmite a convalidação do ato nulo, como determina o ART. 169). Será expressa quando, através de um novo ato, que contém a substância negocial, as partes afirmarem a vontade de mantê-lo. Será tácita quando, apesar de ciente da anulabilidade, a parte cumpre regularmente seu conteúdo.
	C) Redução da invalidade do negócio jurídico: Aplicável às hipóteses de invalidade parcial do negócio, tendo cabimento quando, dentro de um mesmo negócio, são manifestadas duas ou mais declarações de vontade. Ou seja, incidirá a redução parcial da invalidade se existir diferentes vontades manifestadas, desde que seja admitida a separação das mesmas, permitindo assim a extirpação da parte comprometida (inválida) do ato negocial, aproveitando-se a parte válida. 
*Acolhe o princípio da conservação dos negócios jurídicos, uma vez que se configura como uma espécie de isolamento da invalidade, aproveitando-se os demais termos do negócio.
**Esses institutos servem como instrumento de busca da máxima preservação do elemento volitivo, assegurando o que se deseja na declaração de vontade.
CONVERSÃO SUBSTANCIAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
Segue o que se encontra no ART. 170 do Código Civil, sendo uma das hipóteses de materialização do princípio da conservação da vontade dos negócios jurídicos. Consiste, pois, na busca do máximo aproveitamento do negócio jurídico, uma vez que em se tratando de declaração de vontade, deve se procurar, ao máximo, respeitar o cerne da vontade.
Desse modo, a conversão substancial é um meio jurídico, através do qual, respeitados certos requisitos, transforma-se um negócio jurídico nulo (inválido absolutamente) em outro, com o intuito de preservar a intenção das partes que declaram vontade. Não se trata então, de uma medida de sanação da invalidade absoluta (não se convalida a nulidade do negócio), nem se vincula a vontade das partes, nem fica presumida a existência de outra figura negocial. Apenas aproveita-se a vontade declarada para a formação de um ato, a princípio nulo, transformando-o em outro, para o qual concorrem os requisitos formais e substanciais, sendo perfeitamente válido e eficaz.
Liga-se ao princípio da boa-fé objetiva, impedindo que se frustrem, ao menos parcialmente, os efeitos pretendidos com a atuação jurídico-negocial das partes. 
A conversão substancial diz respeito aos negócios jurídicos nulos, uma vez que os anuláveis podem ser convalidados pela simples manifestação de vontade das partes interessadas. Porém, em caso de negócio jurídico anulável que não seja possível a sua ratificação, a exemplo dos casos de anulabilidade por incapacidade relativa do agente, há a incidência da conversão.
Exige assim, a presença de dois elementos, quais sejam:
i) Objetiva: Possibilidade de aproveitamento dos elementos fáticos do negócio inválido em nova figura negocial.
ii) Subjetiva: Relacionado à intenção das partes dirigidas a obter recategorização jurídico do negócio nulo.
A conversão, tratando-se de aproveitamento de ato nulo, clama reconhecimento judicial, se presentes os seus pressupostos. Somente o juiz pode declará-la, cabendo aos interessados e a terceiros a legitimidade para reclamá-la, não podendo ser reconhecida ex officio.
PLANO DE EFICÁCIA E SEUS FATORES
GENERALIDADE: Depois de reconhecidas a sua existência e sua validade, deverá o negócio jurídico demonstrar a sua plena eficácia. Trata-se então, da eficácia jurídica, isto é, da eficácia referente aos efeitos manifestados como queridos. Porém há de ressaltar que há negócios jurídicos inválidos, mas eficazes, como no exemplo de casamento putativo. 
Por outro lado, muito embora o negócio jurídico válido tenha vocação para a imediata produção de efeitos, ocorrem não raros, fatores que bloqueiam tais efeitos ou servem como fonte liberatória deles, gerando uma eficácia pendente ou uma eficácia temporária. Surgem assim, os FATORES DO NEGÓCIO JURÍDICO. É nesta linha que se percebe a presença de alguns elementos acidentais do negócio jurídico, quais sejam:
CONDIÇÃO: Segundo o Art. 121 CC, para a sua ocorrência é mister a presença da incerteza e da futuridade do evento – que se constituem como requisitos básicos da condição. Porém, alguns atos não admitem a sua subordinação à condição, a exemplo do casamento, adoção, reconhecimento de paternidade, emancipação, dentre outros. As condições podem ser classificas em diferentes prismas, quais sejam:
i) Quanto à maneira de atuação, podendo ser SUSPENSIVA ou RESOLUTIVA
A SUSPENSIVA (Art. 125) impedirá a produção de qualquer efeito até que se realize o evento a que se subordinou a eficácia negocial “doarei um bem se você casar”. Ou seja, os efeitos ficam contidos até que o acontecimento se realize, bem como os direitos e obrigações que decorrerão do ato. Antes do implemento da condição suspensiva, não se opera a aquisição, nem o exercício, do direito a que se subordina. 
A RESOLUTIVA (Art. 127), por sua vez, faz cessar os efeitos que estão se produzindo, pois resolve a eficácia do negócio. Isso porque, enquanto a condição resolutiva não se implementar, o ato vigorará perfeitamente.
ii) Quanto à licitude, podendo ser LÍCITA ou ILÍCITA
São LÍCITAS, genericamente, as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes, deixando à mostra o campo das condições ilícitas, por análise inversa. Também são reputadas de ilicitude a condição que sujeita o negócio, exclusivamente, ao puro arbítrio de um dos negociantes (são as chamadas condições puramente potestativas, que conferem a alguém absolutos poderes. A consequência da ilicitude da condição é a invalidação do negócio jurídico, nos termos do Art. 123 CC.
iii) Quanto à possibilidade, podendo ser POSSÍVEL ou IMPOSSÍVEL, física ou juridicamente. Fisicamente impossível é aquela condição que não poderá ser atendida por qualquer ser humano. Sob o prisma jurídico, a impossibilidade reside em uma vedação do ordenamento jurídico, como na proibição de ato de disposição de herança de pessoa viva. Quando suspensiva, a condição impossível física ou jurídica invalidará o negócio jurídico (Art. 213, I, CC).
iv) Quanto à fonteque deriva, pode ser CASUAL, POTESTATIVA ou MISTA. Se a condição depende do acaso, diz-se casual (não ocorrência de uma tempestade). Se decorrer da vontade de uma das partes, é potestativa (sendo admitidas as condições simplesmente ou meramente potestativas, sendo dependentes de manifestação de vontade de uma das partes, pois as condições puramente potestativas são vedadas pelo Art. 122, CC). A condição mista, por sua vez, é a que conjuga a vontade de uma das partes e uma circunstância externa, a exemplo da doação que se realizará se o donatário casar com determinada pessoa.
CONDIÇÃO: é uma clausula voluntaria, por isso a expressão “requisitos de validade” e não “condições de eficácia”. Estas ultimas são condições legais. Considera-se condição a clausula que derivando da vontade das partes subordina os efeitos do negocio a efeito futuro incerto (três elementos: voluntariedade, futuridade e incerteza). Eu não posso dizer que “ser agente capaz” é uma condição de eficácia, pois isso é um requisito de validade. (Art. 121 em diante).
Existem dois tipos de condição:
CONDIÇÃO SUSPENSIVA - Ex: o pai de uma moça estabelece que se o noivo da sua filha se casar com ela, ele doara o apartamento (condicionando os efeitos da doação a ocorrência do casamento, ou seja, pratica o negocio mais sujeita a eficácia do negocio á um evento futuro incerto). É suspensiva porque ela suspende a eficácia ate a ocorrência da condição.
A condição suspensiva não gera direito adquirido, porém não é uma mera expectativa de direito; trata-se de direito eventual, porque sua aquisição esta sujeita a ocorrência de um evento futuro incerto. O titular de um direito eventual pode praticar os atos destinados a sua conservação – Art. 125 e 126 (ex: cautelar de penhora do bem), já o titular de um direito adquirido pode fazer o que quiser.
Obs: se o noivo casar com a noiva e depois se separar só para conseguir o apartamento, o pai pode alegar simulação o que geraria a anulação do nj.
CONDIÇÃO RESOLUTIVA - Ex: o pai chega para o noivo de sua filha e diz que vai fazer a doação do apartamento, mas se você se casar com ela esta revogada a doação (ou seja, realiza o negocio que possui efeitos imediatos, mas se ocorrer a condição, cessa-se os efeitos). É resolutiva porque ela resolve a eficácia.
Art. 123 - Se eu pratiquei o negocio jurídica com uma condição suspensiva impossível (natureza impossível do evento) nunca vai ter efeito, por isso a lei estabelece que invalida o negocio. Observe que se tem que medir essa impossibilidade ou não na época da declaração, na qual se mede a validade. Nota-se que é nulidade porque a lei coíbe sem dar sanção, sendo a sanção a própria anulação do negocio (a anulabilidade sempre vem expressa – art. 667).
 – O sujeito pratica um ato e sujeita a continuidade do nj a uma condição impossível. As condições resolutivas, quando impossíveis, devem ser consideradas não escritas, ou seja, não tem efeito uma condição impossível. Nesse caso o negocio nunca será suspenso pela condição.
 As condições incompreensíveis são aquelas que não estão relacionadas ao negocio; ex: quando o jurista pega o molde de uma petição e aplica a outro caso, esquecendo de alterar ou retirar alguma cláusula.
As condições contraditórias também invalidam uma cláusula.
As condições perplexas são aquelas que privam de todo o efeito o negocio.
As condições puramente potestativas: Subdivide-se em puramente potestativa e simplesmente/meramente potestativa. A primeira, por se caracterizar como arbítrio de uma das partes, em detrimento da outra, é considerada ilícita. Apenas a simplesmente/meramente potestativa é aceita pelo Direito brasileiro. Nela, a eficácia do negócio jurídico depende da manifestação de vontade de apenas uma das partes, mas, também se sujeita à ocorrência de evento posterior.
Art. 125 - esta sujeita à ocorrência da condição (condição suspensiva), não é um direito adquirido e sim eventual.
Art. 127 – o direito adquirido esta sujeito a condição resolutiva, ou seja, é um direito resolúvel e não um direito eventual.
Art. 128 – A condição resolutiva atinge os efeitos ex nunc, e para que se atinge os efeitos ex Tunc (retroativo) precisa ser expresso ou que a natureza do nj impunha esse efeito.
Art. 129 – (é conectada com a boa fé) A ocorrência de uma condição vai afetar a eficácia do nj. Se for suspensiva, a ocorrência da condição vai beneficiar a pessoa em favor de quem fez o nj e vai a outra parte (no sentindo técnico jurídico - ex: daquele que doou). Se a condição não ocorreu, porque o evento não se concretizou por conta de uma intervenção maliciosa de má fé daquele que seria o prejudicado, reputa-se verificada que quer dizer que o evento não aconteceu, mas o direito considera como acontecido. O direito entra para consertar a realidade e atribuir o direito nesse caso. Se a condição ocorreu em razão da má fé da parte beneficiada o ordenamento vai considerar como se não tivesse acontecido.
TERMO: O acontecimento futuro e inevitável que suspende a eficácia do ato negocial, sem prejudicar a aquisição de direitos, fazendo cessar os efeitos decorrentes do próprio negócio. Diferencia-se assim, da condição, que por sua vez, está caracterizada pela incerteza. O termo pode ser DETERMINADO, quando a data já é preestabelecida “prestação de serviço celebrado no dia 31”, ou ainda INDETERMINADO, se o acontecimento não tiver data fixada para se verificar “a morte de alguém”. 
O termo pode ser ainda, INICIAL, relativo àquele evento futuro e inevitável que suspende o início da eficácia do ato, ou FINAL, quando a eficácia do negócio expira com o advento daquela data. Vale ressaltar que se aplicam ao termo inicial e ao final, no que couberem, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva, respectivamente, segundo o Art. 135 CC. 
*Não havendo termo inicial, presume-se a eficácia imediata, porém, se as partes não estipularem um termo final, presume-se que sua eficácia será indeterminada.
*Termo inicial impede o exercício do direito, porém não impede a sua aquisição.
*Entre termo inicial e termo final existe um lapso temporal, também chamado de prazo (Art. 132 do CC).
*Segundo o Art. 133, o termo é estabelecido em favor do devedor, salvo se o instrumento, expressamente, contemplar disposição em contrário, ou seja, o termo é interpretado, nos contratos, em favor do devedor, e nos testamentos, em favor do herdeiro, salvo disposição em contrário do próprio instrumento ou se das circunstâncias resultarem o contrário.
ENCARGO OU MODO: Refere-se à cláusula acidental que cria obrigação ao beneficiário de uma liberalidade. O ENCARGO é a determinação pela qual se impõe ônus, uma obrigação, ao beneficiário de um ato gratuito, de uma liberalidade. Em geral, o encargo será devido, por disposição das partes, em contratos gratuitos, o que desvirtuará a natureza do negócio, tornando-o oneroso. Contudo é bom observar que o encargo não representa contraprestação, mantendo-se o caráter benéfico do negócio. “doação, comodato, mandato”.
*Art. 136: Se o encargo adquirir formato de condição suspensiva, aplicam-se as regras da condição. Não estando em formato de condição suspensiva, a inexecução do encargo o implica na revogação da liberalidade, convertendo-o em oneroso, o contrato antes gratuito.
*Serão sempre uma contrapartida que o indivíduos, titular do direito a uma liberalidade, assume frente aquele que lhe beneficia. Nem sempre o encargo será a favor do contratante, podendo ser a favor de terceiros. 
*Art. 137: Se o encargo for ilícito ou impossível, deve-se considera-lo como não escrito. Porém, se ficar provado, em início, que o encargo seja determinante ao negócio, a impossibilidade invalidará o negócio.
O MODO, por sua vez, não suspende a eficácia do negócio, salvo se veio expresso como condição suspensiva “lhe doarei um bem se prestares serviço gratuito no Hospital”. Neste caso, expresso o encargo sob forma de condição, somente se darão aquisição e exercício do direito, a ele submetido, após o seu implante.
	CONDIÇÃOTERMO
	ENCARGO/MODO
	Evento futuro e INCERTO
	Evento futuro e CERTO
	Cláusula acessória à liberalidade
	Quando suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito
	Quando suspensivo: NÃO impede a aquisição do direito, mas, apenas o seu exercício - gera direito adquirido.
	NÃO impede a aquisição nem o exercício do direito - gera direito adquirido
	Condição incertus an incertus: há absoluta incerteza em relação à ocorrência do evento futuro e incerto
	Termo certus an certus: há certeza quanto ao evento futuro e quanto ao tempo de duração.
	
	Condição incertus an certus: não se sabe se o evento ocorrerá, mas, se acontecer, será dentro de um determinado prazo
	Termo certus an incertus: há certeza quanto ao evento futuro, mas incerteza quanto à sua duração.
	
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
GENERALIDADES: Podem se apresentar sob a forma de vícios de consentimento (de vontade) ou de vícios sociais. 
Os vícios de consentimento dizem respeito a hipótese nas quais a manifestação de vontade do agente não corresponde ao íntimo e verdadeiro intento do agente. Ou seja, detecta-se a mácula na vontade declarada, exteriorizando divergência entre a vontade que se percebe e o real desejo do declarante. São vícios de vontade o ERRO, o DOLO, A COAÇÃO e o ESTADO DE PERIGO. 
O prazo para pleitear anulação do negócio viciado é de 04 anos (Art. 178, I e II), contado: 
i) no caso de coação, do dia em que cessar; 
ii) nos demais casos, da data em que o ato negocial foi celebrado. 
A natureza do prazo extintivo é decadencial, uma vez que está se falando em uma ação constitutiva negativa (desconstitutiva).
Caso a lei não estabeleça prazo específico para pleitear a anulação, este será de 02 anos (Art. 179).
ERRO OU INGNORÂNCIA: O erro ou a ignorância é o resultado de uma falsa percepção, noção ou (ausência) de percepção, seja sobre a pessoa, seja sobre o objeto ou até o próprio negócio. Alguns autores fazem distinção entre erro e ignorância. O erro seria a falsa noção sobre as circunstâncias do negócio, enquanto a ignorância seria o completo desconhecimento das circunstâncias que viciam o ato negocial. *esta distinção é puramente teórica*
No erro ou ignorância, o agente incorre sozinho em lapso, sem qualquer ação de terceiro ou da parte contrária. Por isso, se houver INDUÇÃO AO ERRO, caracterizar-se-á o DOLO.
O erro só é admitido como causa de anulabilidade do negócio jurídico se for ESSENCIAL e REAL. ERRO ESSENCIAL é o que recai sobre as circunstâncias e aspectos relevantes (principais) do negócio que se celebra. É aquele que constitui a causa determinante do ato. Logo, o erro deve ser a causa essencial do negócio. Erro real é aquele que tem que ser efetivo, ou seja, aquele que venha a produzir um prejuízo para o interessado (declarante).
De acordo com o Art. 139, o erro substancial pode ser:
i) ERROR IN NEGOTIO: Aquele que interessa à natureza do negócio. “alguém imagina estar realizando “compra e venda”, mas na verdade esta praticando uma doação”.
ii) ERROR IN CORPORE: Aquele que interessa ao objeto principal da declaração “alguém compra um relógio na convicção de que pertencia a D. Pedro II, sendo que jamais o pertenceu”.
ii) ERRO IN PERSONA: Relativos às qualidades essenciais ou identidade de determinada pessoa “testador deixa benefício patrimonial para alguém que imagina ser seu filho, quando se trata de filho de outra pessoa”.
iv) ERRO IN QUANTITATE: Relativos à quantidade do objeto do negócio “colecionador adquire uma coleção de 50 pessoas, mas na verdade esta coleção continha 60”.
Dizia-se, ainda, na vigência do Código de 1916, que o erro deveria ser escusável (desculpável). Já no atual Código, não há mais a exigência deste requisito de escusabilidade para a caracterização do erro como defeito do negócio, uma vez que este atual código adotou o princípio da confiança, corolário da boa-fé objetiva (Art. 113). “joalheiro que adquire um relógio de bronze, acreditando ser de outro, sem conferir a qualidade do produto, por depositar confiança no vendedor, já que praticam relações jurídicas a muito tempo. Neste caso, a confiança se mostrou mais relevante que o conhecimento do adquirente, evidenciando a sua boa-fé objetiva.
Por outro lado, se o equívoco do agente recair sobre qualidades secundárias do negócio (coisa, pessoa), tem-se então o ERRO ACIDENTAL, que por sua vez, não afeta a validade do negócio (Art. 142) “testamento que se refira a uma pessoa, estabelecendo em sua qualificação o fato de ser casada, quando na verdade ela é solteira. O erro então, é insuficiente para invalidar o negócio”.
ERRO DE DIREITO (ART. 139): 
FALSO MOTIVO (Art. 140): Em regra, não vicia o negócio, salvo se for razão determinante ou essencial do negócio. O artigo 140 do Código Civil defere, pois, às partes a possibilidade de, concretamente, elevarem um erro acidental ao status de erro substancial.
*Quem alega o falso motivo, tem o ônus da prova
**O causador da anulação é quem cometeu o erro, sendo que a outra parte deve ser indenizada pela parte que errou (não se encontra prescrita no Art. 140).
MANIFESTAÇÃO ERRÔNEA DA VONTADE (ART. 141): Ocorrerá quando o declarante não está na presença do declaratório e se vale de uma pessoa como intermediário ou de um meio de comunicação, havendo divergência entre o que se deseja e o que erroneamente foi transmitido.
ERRO DE CÁLCULO (ART. 143): Exemplo: Pesagem
*autoriza a retificação da declaração de vontade
DOLO: Enquanto no erro há uma falsa impressão das circunstâncias do negócio, no dolo tem-se um vício através do qual o agente é induzido a se equivocar em razão de manobras maliciosas perpetradas por outrem. Ou seja, é um erro provocado por terceiro. “no ERRO, o agente se enganou sozinho; no DOLO, foi induzido a erro, foi enganado.” Advirta-se que, não é necessário que haja prejuízo para aquele que, incorrendo no erro provocado, manifesta a vontade através do dolo. Bastará que o artifício utilizado tenha sido suficiente para a celebração do negócio, que, em condições regulares, não o teria feito.
Para que sirva como causa anulatória, o DOLO deve ser ESSENCIAL (principal), caracterizando-se como aquele elemento necessário para a realização do negócio. 
(ART 146) Se, entretanto, a parte realizaria o negócio, com ou sem o dolo, tem-se, então, o DOLO ACIDENTAL, (Art. 146), não servindo para a anulação do negócio, apenas obrigando à satisfação das perdas e danos, por conta das condições menos vantajosas para o declarante.
Em sede doutrinária, distingue-se o DOLOS BONUS do DOLUS MALUS, onde somente o último macula o negócio, por nele existir vontade de iludir para viciar o consentimento, importando prejuízo para a parte contrária. 
O DOLOS BONUS consiste basicamente nos exageros cometidos pelo vendedor “melhor carro do mundo”. É um exagero, uma malícia negocial que não visa lesar ou prejudicar o outro sujeito, sendo o critério de avaliação desta conduta, com o objetivo de compreender o dolo como bom ou mal, é a “boa-fé objetiva”, ou seja, a confiança que se espera das pessoas. 
Porém, com o Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 37, não se tolera o DOLOS BONUS nas relações de consumo, no que tange a propaganda enganosa, uma vez que o consumidor não pode ser levado a erro. 
É importante ressaltar que se o DOLUS BONUS implicar em violação da boa-fé objetiva transmuda-se em DOLUS MALUS, tornando o negócio anulável.
(ART. 147) Classifica-se o dolo, em outro critério, em DOLO POSITIVO (comissivo) e DOLO NEGATIVO (omissivo). O DOLO POSITIVO consiste em uma ação perpetrada pelo agente, já o DOLO NEGATIVO se caracteriza pelo silencia intencional de uma das partes sobre fato ou qualidade do objeto sobre o qual está a declaração de vontade. Neste viés, o Código dispõe em seu Art. 147.
(ART. 148) O dolo pode ser ainda oriundo de terceiro, que é aquele que intervém direta ou indiretamente no negócio. Não será considerado terceiro o representante da parte (legal ou convencional), uma vez que atua dentro de seus limites, considerando o ato praticadopor ele um ato praticado pelo próprio representado. 
(ART. 149) Se se tratar de REPRESENTANTE LEGAL (nos casos dos incapazes - anulável), só obrigará o representado a responder civilmente até a quantia do proveito que tenha obtido. Qualquer dano além deste limite é responsabilidade do representante.
Se se tratar de REPRESENTANTE CONVENCIONAL (contrato de mandato, por exemplo - anulação), responderá solidariamente [responsabilidade solidária] pelas perdas e danos, tendo ação regressiva contra o procurador, se sofrer condenação (ART. 149).
No que tange a anulação do negócio por terceiro, é preciso que a parte a quem aproveite o dolo, tivesse (ou devesse ter) conhecimento do mesmo. A parte ludibriada terá ação de reparação de danos contra o terceiro.
Sintetizando os elementos caracterizadores do dolo:
i) finalidade de conduzir à prática do ato
ii) gravidade dos artifícios utilizados
iii) ser a causa principal da declaração de vontade, viciando-a
iv) ser realizado pela outra parte do negócio ou seu procurador e, se realizado por terceiro, que a parte contrária, a quem o dolo aproveite, tenha ciência dele ou devesse ter.
(ART. 150) Dolo recíproco: Ninguém poderá ser beneficiar de sua própria malícia, motivo pelo qual, se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma delas poderá alegá-lo como causa anulatória do negócio. *Não importa se uma das partes tenha atuado com dolo essencial e a outra com dolo acidental, bem como o dolo omissivo e o comissivo.
COAÇÃO: É toda a pressão física ou moral exercida contra alguém, de modo a força-lo à prática de um determinado negócio jurídico, contra sua vontade, tornando-o defeituoso. Enquanto no ERRO o declarante se engana sozinho, espontaneamente, e no DOLO é levado a se equivocar, por forças de ações ardilosas, na COAÇÃO o agente sofre intimidação moral “ou pratica o ato ou sofrerá certas consequências”. A coação é classificada em:
Coação física ou vis absoluta: Força exterior capaz de limitar os movimentos do agente “indivíduo cuja mão é tomada para assinar um contrato”.
Coação moral ou vis compulsiva: Existência de uma ameaça séria e idônea de algum dano (de ordem material ou moral) “aceitação de venda de uma casa, sob ameaça de serem revelados segredos de sua vida pessoal”.
Enquanto na coação física o negócio é inexistente, porque não há declaração de vontade (não há vontade da vítima), no caso da coação moral, o negócio é anulável, exatamente porque houve um vício na declaração de vontade, uma vez que não se tolheu por completo a liberdade volitiva do indivíduo.
Os requisitos para a configuração de coação são:
i) gravidade
ii) seriedade (coação seja adequada para assustar a vítima)
iii) iminência ou atualidade
iv) nexo causal entre coação e ato extorquido (o negócio somente foi realizado por conta da coação)
v) que o ato ameaçador seja injusto
Para a aferição dos elementos acima, é preciso que sejam analisadas as circunstâncias subjetivas da vítima, o contrário do que ocorre com o erro (onde são analisadas as circunstâncias objetivas). Muito embora não exista previsão legal, a doutrina reconhece, assim como no dolo e erro, que se trate de coação principal, essencial, para que se autorize a anulação do negócio. 
(ART. 153) Segundo este artigo, não é causa de anulação do negócio a coação de ameaça de exercício regular de um direito (salvo se se tratar de exercício abusivo do direito ou constrangimento da outra parte) e o temor reverencial (temor causado pelo respeito).
Assim como não constitui anulação do negócio quando se tratar de coação de um mal impossível ou remoto.
(ART. 154) No que tange a coação realizada por terceiro, há o vício do negócio, respondendo as partes, solidariamente, por perdas e dano. Porém, se a parte a quem aproveita da coação decorrente de terceiro não tivesse ou não devesse ter conhecimento dela, o negócio subsistirá (terá existência), respondendo o autor da coação por todas as perdas e danos. Ou seja, a coação exercida por terceiro somente será causa de anulabilidade do ato se o beneficiário dela tivesse ou devesse ter ciência.
ESTADO DE PERIGO: Quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação onerosamente excessiva. Ou seja, o agente só assume a obrigação por conta do perigo atual ou iminente, que atua como verdadeiro fator de desequilíbrio, limitando a liberdade de manifestação. Ele se configura se houver dolo de aproveitamento. No caso de onerosidade excessiva da obrigação, é anulável a parte excessiva. Exemplo disso é a caução excessiva de hospitais.
São características do estado de perigo:
i) Condição de inferioridade da vítima (necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famí (...)
ii) Existência de grave dano
iv) Que o dano seja iminente
v) Que o perigo seja a causa essencial da declaração
vi) o conhecimento do perigo pela outra parte
vii) existência de obrigação onerosa excessivamente
viii) intenção do declarante de salvar a si ou a pessoa de sua família ou a terceiro.
LESÃO: Ela é sempre um prejuízo resultante da exagerada desproporção das prestações existentes nos negócios jurídicos. Ela é dividida em:
Lesão propriamente dita
Lesão real
Lesão Especial (ART. 157): Para a sua caracterização, não é bastante a desproporção entre as prestações (elemento objetivo), mas também dos requisitos relacionados aos sujeitos (elemento subjetivo). “quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente desproporcional ao valor da prestação oposta.”
Lesão consumerista (ART. 51 CDC): Analisa-se o simples elemento objetivo (prestações). Deve o juiz analisar casuisticamente, uma vez que não há tarifamento da desproporção. Causa a nulidade do pleno direito.
O reconhecimento da lesão depende da conjugação de dois elementos, quais sejam:
Ordem objetiva: Manifestada desproporção entre as prestações estabelecidas no negócio. 
Ordem subjetiva: Inexperiência ou premente necessidade (impossibilidade de evitar o negócio, em relação àquela contratação específica) do lesado no momento da contratação, levando a outra parte a um lucro exagerado, dispensando o chamado dolo de aproveitamento da parte beneficiada. Basta, portanto, que o beneficiado conheça a situação de inferioridade.
*Segundo Sílvio Rodrigues: 
a) só é admissível nos contratos comutativos
b) a desproporção nas prestações deve ser analisada no momento do contrato
c) a desproporção deve ser considerável
*Somente os contratos bilaterais e onerosos admitem a sua invocação.
*(ART. 157, § 2º): Não será declarada a anulação do negócio por lesão, caso seja oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
* Seu reconhecimento produz anulabilidade
Nos vícios sociais, a vontade é exteriorizada em conformidade com a intenção do agente, no entanto, há uma deliberada vontade de prejudicar terceiros ou burlar a lei, motivo pelo qual o vício não é interno, mas externo, de alcance social. É vício social a FRAUDE CONTRA CREDORES. 
FRAUDE CONTRA CREDORES OU FRAUDE PAULIANA: Prática de um ato de disposição patrimonial pelo devedor, com o intuito de prejudicar o(s) seu(s) credor(es), em razão da diminuição ou esvaziamento do patrimônio daquele. Em outras palavras, na fraude pauliana o devedor dilapida, maliciosamente, o seu patrimônio, reduzindo-o à insolvência, de modo a prejudicar os credores.
É neste sentido que o Código Civil de 2002 adotou o princípio da responsabilidade patrimonial do devedor, ou seja, consiste na sujeitabilidade, na possibilidade de sujeição de um patrimônio às medidas executivas que se dirigem a fazer cumprir a vontade concreta do direito Civil. A ação pauliana (meio idôneo para o reconhecimento da fraude contra credores), serve para o reconhecimento da anulabilidade do negócio jurídico. A sentença, por conseguinte, gera a anulação do negócio, restituindo as partes ao status quo ante, caracterizando a “natureza constitutiva negativa da sentença”.
*Valeressaltar a diferença entre RESPONSABILIDADE e OBRIGAÇÃO
A) RESPONSABILIDADE: Decorre do descumprimento de uma obrigação primária.
B) OBRIGAÇÃO: Resulta do dever assumido por força da lei, do contrato, do ato ilícito ou das declarações unilaterais de vontade (promessa de recompensa).
Há dois elementos caracterizadores desta fraude, quais sejam:
i) Ordem objetiva: Referente à dilapidação patrimonial “eventus damni”
ii) Ordem subjetiva: Referente ao intuito malicioso de causar o dano “consilium fraudis”.
O eventus damni é representado pelo prejuízo, sendo verificado quando esta diminuição patrimonial compromete o direito do credor, de tal maneira que não possa receber o que lhe é devido. Ou seja, o eventus damni é a insolvência total ou parcial do devedor.
Já o consilium fraudis caracteriza-se pela má-fé, pelo intuito fraudulento. Este ato por ser individual (renúncia à herança) ou aliado a terceiro (venda fraudulenta de bens). Neste último caso, há de se demonstrar que o terceiro sabia, ou tinha como saber, da redução alienante ao estado de insolvência, explicitando o elemento subjetivo.
SIMULAÇÃO
Refere-se a nulidade do negócio jurídico, uma vez que a simulação ofende o interesse público de correição e veracidade das relações negociais e não meramente os interesses privados (pode ser alegada por quaisquer das partes, inclusive terceiros ou MP e pode ser conhecida ex officio). A simulação é o intencional e propositado desacordo entre a vontade declarada (exteriorizada) e a vontade interna (pretendida pelo declarante), fazendo com que seja almejado um fim diverso daquele afirmado. Podem-se detectar duas espécies de simulação, quais sejam:
	A) Absoluta: Quando o negócio é praticado para não ter eficácia “o ato realizado é mera aparência, vazia de qualquer conteúdo”. Exemplo: compromisso de compra e venda de imóvel fictício celebrado pelo locador, apenas para possibilitar a ação de despejo.
	B) Relativa: Oculta um outro negócio (que fica dissimulado), sendo aquela em que existe a intenção do agente, porém a declaração exteriorizada diverge da vontade interna. 
Em ambas as hipóteses, a simulação gera nulidade do negócio jurídico, não produzindo efeitos.
Segundo o ARTIGO 176, a simulação é causa de nulidade negocial, porém, quando se tratar de simulação relativa, subsistirá o negócio dissimulado, se for válido na substância e forma. 
Haverá simulação do negócio quando:
i) ARTIGO 167, I, §1º = Aparentando conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas, havendo interposição fictícia de pessoas, a exemplo dos “laranjas”.
ii) ARTIGO 167, II, §1º = Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira, a exemplo dos “falsos atestados médicos”.
iii) ARTIGO 167, III, §1º = Os instrumentos particulares forem antedatados ou pós-datados, a exemplo da falsidade da data afirmada no negócio”.
*Trata-se da reserva mental, pelo fato de que a pessoa que emite a declaração de vontade, guarda o secreto propósito de não cumprir o que está declarando. 
**Se a outra parte não conhecer a reserva mental, o ato subsistirá normalmente, podendo o prejudicado pleitear reparação de danos (responsabilidade civil contratual). Entretanto, se a parte contrária souber da reserva mental, poderá existir simulação (absoluta), sendo negócio nulo de pleno direito (ARTIGO 167).
ESPÉCIES DE EFICÁCIA 
MARCOS BERNARDES DE MELO, SEÇÃO V
QUANTO À AMPLITUDE: Essa eficácia leva em conta a eficácia própria e final do fato jurídico, no que se incluem efeitos cuja irradiação dependa de elementos integrativos do suporte fático. Ela não diz respeito às pretensões, prestações e exceções que constituem o conteúdo jurídico de cada relação jurídica, porque o exercício de alguns deles pode depender de circunstâncias próprias. Exemplo de contrato de compra e venda, onde o elemento integrativo é a inscrição do acordo de transmissão no registro de imóveis.
Total: Quando todo seu conteúdo se produz. Para essa classificação, importa saber se da relação jurídica resultarem todos os “direitos deveres”, e se podem, eventualmente, nascer as “pretensões obrigações”, “ações situações de acionado”, etc. A exemplo, temos o TERMO INICIAL
Parcial: Enquanto algumas das categorias que compõem o conteúdo eficacial do fato jurídico ainda não se houverem irradiado. É o exemplo do NEGÓCIO JURÍDICO SOB CONDIÇÃO SUSPENSIVA. Ou seja, enquanto pendente a condição suspensiva, há eficácia interimística, pois, embora se forme de logo a relação jurídica, dela só se irradia efeitos expectativos (isto porque, a condição suspensiva é uma mera expectativa de direito).
QUANTO AO EXERCÍCIO
Plena: Quando o titular da posição ativa na relação jurídica (sujeito ativo) puder exercer todos os direitos, pretensões, ações e exceções, inclusive os poderes e faculdades a ele inerentes.
Limitada: Se o titular da posição ativa não tiver a possibilidade de exercer em toda sua plenitude tais direitos, pretensões, ações e exceções, ou algum dos poderes ou faculdades a eles pertinentes, ou haja interimiscidade.
QUANTO À DEFINITIVIDADE
Definitiva:
Resolúvel:
Interimística:
QUANTO AO SURGIMENTO
Instantânea:
Sucessiva:
Potraída:
QUANTO À ORIGEM
Própria:
Anexa:
Reflexa:
QUANTO À ATUAÇÃO
Ex nunc:
Ex tunc:
Mista:
EFICÁCIA PUTATIVA A ATOS JURÍDICOS NULOS
TOTAL ou PARCIAL: Em geral produz totalmente as suas eficácias. Porém, pode ser parcial se alguns efeitos do negócio estiverem sujeitos à ocorrência de uma condição, sendo que a mesma não se concretize. Pode também ser parcial com a declaração de nulidade de uma cláusula contratual.
PLENA ou LIMITADA: Não estão sujeitos a nenhum fator eficacial que possa comprometer a sua eficácia (condição, encargo). Já a limitada equivale a condição suspensiva (impedirá a produção de qualquer efeito até que se realize o evento a que se subordinou a eficácia negocial).
PUTATIVA: Eficácia aparente, produzida pelos negócios nulos. Em geral, ela não gozará de amparo jurídico e terá que ser desfeita em razão da declaração de nulidade. Em certas situações, será mantida a sua eficácia se não trouxer danos ao indivíduo, ou seja, se for mais danosa do que sua manutenção.
INTERIMÍSTICA: Eficácia instável, enquanto durar a anulabilidade do ato, podendo ser desfeita com a nulidade. Pode se tornar plena se passar o prazo (decadência) ou se o indivíduo ratificar.
IMEDIATA ou POSTERGADA: Aplica-se ao negócio jurídico onde se estabelece o termo inicial, ou quando não houver termo inicial
INSTANTÂNEA ou DE TRATO SUCESSIVO: Se esgota com um único fato. Já a de trato sucessivo, é quando a produção de efeitos necessitam de um lapso temporal para a sua execução.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS: A doutrina clássica francesa dividiu os direitos subjetivos (que decorrem do ordenamento, do direito objetivo), em dois grandes grupos, quais sejam o DIREITO A UMA PRESTAÇÃO E DIREITOS POTESTATIVOS . No primeiro, temos como titular do direito o credor, onde o sujeito passivo é o devedor. É neste último que incide a prestação, que se divide em DAR (dar, empréstimo [entrega – transfere a posse] e restituir), FAZER ou NÃO FAZER. 
Caso o devedor não cumpra espontaneamente sua obrigação, surgirá para o credor uma PRETENSÃO (poder de exigir, com tutela do Estado, o cumprimento da prestação). Caso a prestação não possa ser executada, falar-se-á em perdas e danos (convertidas em indenização), uma vez que há uma violação ao direito do credor, em função do descumprimento da prestação pelo devedor.
No segundo, temos que é a faculdade, tutelada pelo ordenamento, que, se exercida pelo titular, deixará o sujeito passivo em um estado de sujeição. Caso o sujeito passivo resista suportar os efeitos do direito potestativo, o titular do direito poderá recorrer ao Estado para, por meio da tutela jurisdicional, obter efeitos inerentes ao exercício pleno daquela faculdade. 
Tais direitos podem decorrer da lei (direitos potestativos legais) Ex: direito de divorciar-se, de renunciar a herança.
Ou das vontades das partes (direitos potestativosconvencionais). Ex: encerrar contrato, mudar de plano no contrato de telefonia, portabilidade.
Os direitos potestativos são invioláveis, sujeitos apenas à resistência.
Para os doutrinadores contemporâneos, os direitos possuem mais uma classificação, qual seja, a de DIREITOS DA PERSONALIDADE. Tem características semelhantes aos demais direitos, porém ele sofre violação. Quando há violação, há uma obrigação de prestação, qual seja, a de reparação de danos.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES: 
AGNELO AMORIM FILHO
III- A MODERNA CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS E OS DIREITOS POTESTATIVOS
Segundo CHIOVENDA, os direitos subjetivos se dividem em duas grandes categorias.
1ª) Direitos a uma prestação: direitos que tem por finalidade um bem da vida a conseguir-se diante de uma prestação, positiva (dar ou fazer) ou negativa (não-fazer), de outrem, isto é, do sujeito passivo.
2ª) Direitos potestativos: poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situações jurídicas de outras, sem a presença da vontade pela outra parte (sujeito que sofre a sujeição). Ou seja, a principal característica dessa categoria é o “estado de sujeição” que o exercício cria para outra(s) pessoa(s), independentemente da vontade dessas últimas. Ademais, são tidos como invioláveis. Exemplo: divórcio
*Estado de sujeição: a situação daquele que, independentemente da sua vontade, sofre uma alteração na sua situação jurídica, por força do exercício de um daqueles poderes atribuídos a outra pessoa (potestativos).
V- FORMAS DE EXERCÍCIO DOS DIRIETOS POTESTATIVOS
1) Se exercitam, em princípio, mediante simples declaração de vontade do seu titular, independentemente do apelo às vias judiciais, SEM O CONCURSO DA VONTADE DAQUELE QUE SOFRE A SUJEIÇÃO. Exemplo: Aceitação da herança.
2) Se exercitam, em princípio, mediante simples declaração de vontade do seu titular, independentemente do apelo às vias judiciais, MAS SOMENTE SE O QUE SOFRE A SUJEIÇÃO CONCORDAR COM TAL FORMA DE EXERCÍCIO. SE NÃO CONCORDAR, O TITULAR DO DIREITO POSTESTATIVO PODE RECORRER ÀS VIAS JUDICIAIS. Funciona então, de forma subsidiaria! Exemplo: direito do doador de revogar a doação.
3) Só podem ser exercidos por meio de uma ação. Neste caso, a “ação” assume função essencial e obrigatória para o exercício do direito potestativo. Visa conceder maior segurança jurídica a determinadas situações de tem reflexo acentuado na ordem pública. Ou seja, segundo este autor, a segunda e a terceira categoria visam, com a propositura da ação, é apenas criar, extinguir ou modificar determinada situação jurídica. Assim, o réu da ação, embora não fique obrigado a uma prestação, fica em estado de sujeição.
VI- MODERNA CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
Substitui-se então, a classificação antiga por uma classificação segundo a carga de eficácia. De acordo com isso, CHIOVENDA classificou em três grupos distintos, quais sejam:
1º) AÇÕES CONDENATÓRIAS: quando se pretende obter do réu uma determinada prestação (positiva ou negativa). Ou seja, o objetivo deste tipo de ação é a existência de uma vontade da lei que garanta um bem a alguém, impondo ao réu a obrigação de uma prestação. Logo, não há incidência de direitos potestativos neste tipo de ação. “são meios de proteção daqueles direitos suscetíveis de violação (direitos a uma prestação).”
2º) AÇÕES CONSTITUTIVAS: cabe quando se procura obter, não uma prestação do réu, mas sim a criação de um estado jurídico, ou a modificação/extinção de um estado jurídico anterior. “são meio de exercício daqueles direitos insuscetíveis de violação (direitos potestativos).”
3º) AÇÕES DECLARATÓRIAS: tem por objetivo conseguir uma “certeza jurídica”.
VII- AÇÕES CONSTITUTIVAS
Tem por objetivo o exercício de duas categorias de direitos potestativos: 1ª e 2ª ↑. Logo, conclui-se que tem as seguintes características:
a) não pressupõe a existência de lesão a um direito
b) logo, não se exige a prestação do réu, apenas pleiteia a formação, modificação ou extinção de um estado jurídico
c) meio pelo qual se exercitam duas classes de direitos potestativos 
d) não tem o objetivo de um atendimento à pretensão, pois os direitos potestativos são, por definição, “direitos sem pretensão”.
e) as sentenças não são suscetíveis de execução, pois o conteúdo das ações se esgotam com o provimento judicial que determina a criação, modificação ou extinção do estado jurídico.
OBS¹: Tais ações produzem efeitos ex nunc, porém podem produzir efeitos ex tunc.
VIII- FUNDAMENTOS E EFEITOS DA PRESCRIÇÃO
Segundo a Teoria do ACTIO NATA, o termo inicial da prescrição é o nascimento da ação, determinado, pela violação de um direito. SAVIGNY, diz que a actio nata é caracterizada pela existência de um direito atual e, a posteriori, violação desse direito. Ou seja, o momento inicial do prazo é determinado pelo nascimento da ação. Ação, neste sentido, seria o de “pretensão”, pois a prescrição não começa com a ação e sim com a pretensão. 
Violado o direito, nasce uma pretensão contra o sujeito passivo; recusando-se o sujeito passivo de atender a pretensão, nasce a ação processual, com a qual se provoca a intervenção do Estado. Porém, doutrinariamente, o prazo prescricional não precisa, necessariamente, fluir a partir do nascimento da ação processual oriunda da lesão, isso porque, há casos em que o prazo começa a correr antes da lesão do direito.
Logo, para o termo inicial do prazo prescricional, é estabelecido pela pretensão. Diante disso, somente os direitos a uma prestação conduzem à prescrição, pois somente elas são suscetíveis de lesão ou violação, e somente elas dão origem a pretensão. Por sua vez, somente as ações condenatórias sofrem a sua incidência, uma vez que são por meio delas que se protegem judicialmente os direitos que irradiam pretensões, (1ª categoria da classificação de CHIOVENDA).
É certo afirmar então, que a prescrição atinge diretamente as pretensões. Logo, SOMENTE AS AÇÕES CONDENATÓRIAS ESTÃO SUJEITAS A PRESCRIÇÃO.
IX- FUNDAMENTOS E EFEITOS DA DECADÊNCIA
Inicialmente, fala-se que o efeito imediato da decadência é a extinção do direito, ao passo que o da prescrição é a cessação da eficácia da ação (pretensão). Surgiu então, a necessidade de se estabelecer algum prazo para o exercício de apenas alguns direitos potestativos, isto é, daqueles direitos potestativos cuja falta de exercício concorre de forma mais acentuada para perturbar a paz social. Assim, pode-se dizer com relação aos direitos potestativos subordinados a prazo, que o prazo não é fixado, propriamente, para a propositura de ação, mas para o exercício do direito.
Logo, o decurso do prazo sem o exercício do direito, implica na extinção deste, de forma direta, e a posteriori, a extinção da própria ação (de forma indireta).
Diante disso, é correto afirmar que somente nas classes dos direitos potestativos é possível cogitar a extinção de um direito em virtude do seu não-exercício. Dai infere-se que, somente tais direitos são suscetíveis à prazos decadenciais, uma vez que o objetivo e efeito da decadência é a própria extinção de um direito não exercitado dentro do prazo fixado. 
OBS¹: As únicas ações cujo não exercício do direito implica na incidência da decadência, são as ações constitutivas que tem prazo especial de exercício fixado em lei (Art. 205 do CC).
OBS²: Prazos de decadência correspondentes a direitos potestativos e a ações constitutivas. (Art. 206).
CONCLUSÃO: SOMENTE OS DIREITOS POTESTATIVOS E, ASSIM, AS AÇÕES CONSTITUTIVAS POSSUEM PRAZO ESPECIAL DE EXERCÍCIO FIXADO EM LEI.
*se trata de ação condenatória, o prazo é de “prescrição da pretensão”
*se trata de ação constitutiva, o prazo é de “decadência do direito exercitado” por meio dela
XI- AÇÕES DECLARATÓRIAS
Elas não dão, não tiram, não proíbem, não permitem, não extinguem nem modificam nada. Ou seja, as ações declaratórias não impõem prestações, nem sujeições, nem alteram, por qualquer forma, o mundo jurídico. Ou seja, não estão passíveis de incidência nem da prescrição nem da decadência, pois apenasvisam a obtenção de “certeza jurídica”. Logo, diante disso, é certo afirmar que as ações declaratórias são classificadas como ações imprescritíveis.
XII- O PROBLEMA DA IMPRESCRITIBILIDADE DAS AÇÕES
Entre elas, encontram-se as ações declaratórias, algumas ações de estado (estão dentro as ações declaratórias, mas diferentemente delas, não procuram uma “certeza jurídica”, mas sim a obtenção dos efeitos do “estado” objeto da ação. Logo, são tidas como ações constitutivas) e as ações de nulidade.
As ações imprescritíveis não estão sujeitas, direita ou indiretamente, a qualquer prazo (prescricional nem decadencial). Logo, terminologicamente falando, CHIOVENDA defende que as ações imprescritíveis devem ser chamadas de ações perpétuas.
SÃO PERPÉTUAS TODAS AS AÇÕES DECLARATÓRIAS E TAMBÉM AQUELAS AÇÕES CONSTITUTIVAS PARA AS QUAIS A LEI NÃO FIXA PRAZO ESPECIAL DE EXERCÍCIO.
XV- CONCLUSÕES
1º) Estão sujeitas a prescrição (indiretamente, em virtude da prescrição da pretensão), todas as ações condenatórias.
2º) Estão sujeitas a decadência (indiretamente, em virtude da decadência do direito potestativo), todas as ações constitutivas que tem prazo de exercício estabelecido em lei.
3º) São imprescritíveis (perpétuas) as ações constitutivas que não tem prazo especial estabelecido em lei; todas as ações declaratórias.
Diante disso, pode-se concluir que:
a) não há ações condenatórias perpétuas, nem sujeitas a decadência.
b) Não há ações constitutivas sujeitas a prescrição.
c) Não há ações declaratórias sujeitas a prescrição e decadência.
Toda demanda – qualquer que seja sua natureza e finalidade – compõe-se de três elementos indispensáveis à formação de seu conceito, que são as partes, a causa de pedir – causa petendi, e o pedido. Assim como a omissão ou a insuficiência de qualquer um destes três elementos torna defeituosa a formulação da demanda judicial, assim também a mudança de qualquer deles importará na transformação da demanda em outra diferente. Partes, causa petendi e pedido são, portanto, os elementos formais de toda e qualquer demanda, independentemente de seu conteúdo específico.
O mais antigo conceito de Ação, de que se tem notícias, é aquele atribuído a Celsus, adotada pelo Direito, "Nihil aliud est actio quam persequendi in judicio quod sibi debeatur", ou seja, "Ação nada mais é do que o direito de reclamar em juízo aquilo que nos é devido". Ou seja, ação nada mais é do que o direito de exigir do Estado uma prestação jurisdicional que venha solucionar ou dirimir dúvida e litígios oriundos das relações jurídicas ocorrentes na vida em comunidade.
As ações são relacionadas à petição inicial, que tem em sua estrutura: 
i) Descrição das partes
ii) Descrição dos fatos
iii) Fulcro legal
iv) Pedido
Toda ação guarda em seu bojo um pedido declaratório, ou seja, recorre-se ao judiciário para receber o atestado de uma existência ou inexistência de um negócio jurídico. Tal atestado é meramente declaratório, não constitutivo, dando à parte interessada, segurança jurídica. Em geral, essas ações possuem efeitos ex tunc (retroativos).
1. AÇÕES CONDENATÓRIAS: Aquelas que têm como fundamento o direito a uma prestação, isto é, em outras palavras, a ação condenatória é aquela que resulta do exercício da pretensão (decorre de uma violação de direitos e enseja uma ação condenatória para quitação da prestação). Ou seja, Nas ações condenatórias não se busca “apenas a declaração do direito subjetivo material do autor, mas também a formulação de um comando que imponha uma prestação a ser cumprida pelo réu (sanção). Exemplo: ação de cobrança, onde obtém-se “a condenação do devedor, obrigado a prestar uma determinada obrigação consistente em dinheiro ou qualquer outra quantidade de coisa fungível”, sendo inumeráveis as suas espécies e todas elas condenatórias; a ação de indenização que, como as de cobrança, apresenta todas as suas espécies como sendo condenatórias e processadas pelo rito ordinário ou sumário, de acordo com o artigo 275 do CPC; a ação contra o uso nocivo da propriedade, que “fazem parte do direito de vizinhança (...) embora não seja raro ocorrerem aqui ações mandamentais”, em geral assumindo “caráter de ações cominatórias”; a ação condenatória para entrega de coisa certa.
Toda ação condenatória tem que possuir uma pretensão declaratória de um direito (pedido subjacente), ou seja, um interesse declaratório.
OBS¹: submetem-se a prazos prescricionais (Art. 205 e 206)
2. AÇÕES CONSTITUTIVAS: Aquelas que se referem ao exercício, por via judicial, de um direito potestativo. Uma ação constitutiva tem por objetivo a criação, modificação ou extinção de uma situação jurídica, por força do exercício de um direito potestativo, pelo titular. Segundo conceito elaborado por Maria Helena Diniz, a ação constitutiva "é a ação de conhecimento que tem por fim a criação, modificação ou a extinção de uma relação jurídica, sem estatuir qualquer condenação do réu ao cumprimento de uma prestação, produzindo efeitos ex tunc ou ex nunc. Por exemplo, são ações desse tipo as que visam anulação de um negócio jurídico, por apresentar vício de consentimento (erro, dolo ou coação) ou vício social (simulação e fraude), ou a separação judicial litigiosa, dissolvendo a sociedade conjugal".
Existem dois tipos de ações constitutivas, quais sejam:
Positivas: Colimam a formação de uma relação jurídica. “Ação de Investigação de Paternidade”
Negativas: Colimam a extinção de uma relação jurídica. “Separação Judicial: É um dos exemplos mais conhecidos de ação constitutiva negativa. Seu objetivo,está dito no art. 3º da Lei do Divórcio, é pôr termo aos deveres de coabitação, fidelidade, recíproca entre os cônjuges e ao regime matrimonial de bens, como se o casamento fosse dissolvido. É evidente que as dissolução dá-se por força de sentença. A eficácia constitutiva prepondera tanto nas sentenças que decretam a separação judicial litigiosa quanto nas resultantes se separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges.”
OBS¹: Se houver prazo previsto em lei, incidirá o prazo decadencial (não havendo prazo legal, tais ações não se submetem à decadência).
3. AÇÕES MANDAMENTAIS: Pedido de ordem judicial para uma certa constituição de uma situação de fato. Ou seja, a ação mandamental tem por fim obter, como eficácia preponderante da respectiva sentença de procedência, que o juiz emita uma ordem a ser observada pelo demandado, em vez de limitar-se a condená-lo a fazer ou não fazer alguma coisa. É da essência, portanto, da ação mandamental que a sentença que lhe reconheça a procedência contenha uma ordem para que se expeça um mandado. Daí a designação de sentença mandamental. Neste tipo de sentença, o juiz ordena, e não simplesmente condena. E nisso residem, precisamente, o elemento eficacial que a faz diferente das sentenças próprias do processo de conhecimento Exemplo: Ação de despejo.
OBS¹: são sempre imprescritíveis
PRESCRIÇÃO CIVIL
A prescrição diz respeito aos efeitos que o transcurso do tempo pode causar sobre os direitos subjetivos. Somente estão submetidos aos prazos prescricionais os direitos subjetivos patrimoniais, isto porque, são direitos que conferem ao titular uma pretensão de exigir de alguém um determinado comportamento. Assim, não realizado, voluntariamente, o comportamento esperado, poderá o titular exercer a sua pretensão. 
OBS¹: Somente os direitos sujeitos a uma pretensão (direitos subjetivos) conduzem à prescrição, pois somente eles são susceptíveis de lesão ou violação, e somente eles dão origem à prescrição. 
OBS²: Os direitos potestativos são “direitos sem pretensão”, não se submetendo à prescrição.
OBS³: Sob o ponto de vista processual, somente as ações condenatórias de natureza patrimonial podem sofrer efeitos da prescrição, na medida em que constituem o único mecanismo de proteção dos direitos subjetivos patrimoniais. Exemplo: Ações de cobrança, reparação de danos.
OBS⁴: Os direitos subjetivos extrapatrimoniais (honra, privacidade) são imprescritíveis, não havendo prazos para que sejam exigidos. Vale

Outros materiais