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Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 1 RESPOSTA METABÓLICA AO TRAUMA • Resposta Endócrina - Organismo frente ao trauma de qualquer origem se mobiliza para a produção de glicose * Ferida operatória/traumática, hemacias, leucocitos, SNC e medula adrenal Fonte energética primordial - Glicogênio hepático (principal fonte de armazenamento) é consumido em 12-24h Glicogenólise - Gliconeogênese: Produção de glicose a partir de substratos não glicídicos (aminoácidos musculares, glicerol - gordura, lactato) Fase Inicial do Trauma – Fase de ↓ Fluxo seguida de Refluxo 1. Fluxo - ↓ DC, ↑RVP e Volume circulatório depletado Perda de volume do compartiment intravascular - ↓temperatura central e hipometabolismo - Restauração da volemia por infusão de cristaloides (Ringer lactato) e/ou hemoderivados Refluxo 2. Refluxo - Intenso hipermetabolismo - ↑ produção de citocinas, principalmente IL-1 Febre pós-traumática - Proteólise acelerada Glutamina Gliconeogênese hepática * Glutamina é captada pelos rins Grupamento amônia (NH3) Excreção ácida Hormônios Cortisol e ACTH - Estímulos provenientes da ferida operatória, já no momento da incisão Fibras aferentes Hipotálamo CRF ACTH Cortisol - Efeito generalizado sobre o catabolismo tecidual * Mobilização de AA da musc. esquelética Substrato pra gliconeogênese Cicatrização da ferida e síntese hepatica de proteinas de fase aguda (fibrinogênio, ceruloplasmina, prot. C reativa) * Estímulo à lipólise Destruição do triglicerídeo Liberação do Glicerol e de Ác. Graxos livres Gliconeogênese e fonte energética direta ra alguns tecidos (Ex: Musc. esquelético) - Permanecem ↑ 2-5x o normal por no minimo 24h em cirurgia de grande porte, não complicadas Catecolaminas - Desajuste na circulação + estímulos da ferida Liberação de Catecolaminas (epinefrina) - Preservar a perfusão sanguinea através do compartimento intravascular Prevenir perda volemica - Estímulo à glicogenólise, gliconeogênese e lipólise - Catecolaminas e opióides endógenos Atonia intestinal pós-operatória - Piloereção, broncodilatação, ↑ FC e relaxamento esfincteriano - Catecolaminas urinárias permanecem ↑ por 48-72h após cirurgias eletivas não complicadas ADH - Alterações da osmolaridade plasmática e da volemia, ato anestésico, ação da Angiotensina II e estímulos provenientes da ferida cirurgica ↑ ADH - Promove reabsorção de água Retenção hídrica ↓ débito urinário (<30mL/h) e edema de ferida operatória - Estimula processos metabolicos: Glicogenólise e gliconeogênese - Diurese normal: 2-4 dias de pós-operatório Aldosterona - Liberada por ação da angiotensina II e ↑ K+ no soro (lesões teciduais) - Manutenção do volume instravascular Conserva Na+ e elimina K+ e H+ * Tendência natural à Alcalose Metabólica no pós-operatório Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 2 Glucagon - Cortisol tem efeito permisivo ao glucagon - Principal mediador responsável pela Gliconeogênese Hepática TSH, T4 e T3 - TSH normais ou discretamente ↓ - Níveis totais de T4 ↓, mas fração livre preservada • Resposta Imune - ↑ Agentes pró-inflamatórios: IL-1, IL-2 e TNF-α * ↑Aderencia leucocitária ao endotélio, ativação de macrófagos e linfócitos, ↑ capacidade do neutrofilo de gerar radicais livres, ↑ prostaglandinas, ↑ síntese de proteinas, ↑ degradação proteica muscular e lipólise * ↑ Proliferação de céls. hematopoiéticas e produção de fibroblastos e colágeno - Febre IL-1 e PGE2 - Anorexia, hipermetabolismo, degradação proteica e lipólise, emagrecimento e caquexia IL-1 e TNF-α - Choque, falencia de múltiplos órgãos, , isquemias viscerais, TVP, insuf. respiratória, hipotensão, anúria e acidose TNF-α - ↑ Ác. Aracdonico ↑ Leucotrienos e Prostaglandinas Quimiotaxia e injúria vascular - Opióides endógenos Atonia intestinal, depressão cardíaca e vasocontrição (↑ RVP) PRÉ-OPERATÓRIO • Etapas da Avaliação Perioperatória Etapa I – Verificar as condições clínicas do paciente - Identificadas as variáveis de risco associadas a complicações cardíacas, tais como dados da história, do exame físico e de testes diagnósticos Etapa II - Avaliar a capacidade funcional. - Indagamos sobre as limitações para deambulação rápida, subir escadas, efetuar atividades domésticas, efetuar exercícios regulares. - A probabilidade de má evolução pós-operatória é maior nos pacientes com baixa capacidade funcional. Etapa III - Estabelecer o risco intrínseco associado ao tipo de procedimento. - Os procedimentos não cardíacos podem ser classificados como de risco alto, intermediário ou baixo, de acordo com a probabilidade de desenvolver eventos cardíacos (morte ou IAM não fatal) no perioperatório. Etapa IV - Decidir sobre a necessidade de testes para avaliação complementar. Etapa V - Adequar o tratamento. - Avaliar a terapêutica que está sendo empregada, corrigindo a posologia e as classes das drogas cardiovasculares que estão sendo empregadas, adicionando novos medicamentos e orientando o manejo perioperatório das medicações em uso(quais devem ser mantidas e/ou suspensas). - Avaliar a necessidade de procedimentos invasivos, angioplastia ou cirurgia cardíaca. Etapa VI - Efetuar acompanhamento perioperatório. - A avaliação não está limitada ao período pré-operatório. - Considerar a necessidade de monitoração eletrocardiográfica, e de dosagens laboratoriais de marcadores de injúria miocárdica, corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, identificar e tratar anemia, infecção ou insuficiência respiratória. - Considerar profilaxia para TVP e TEP. Etapa VII. Planejar terapêutica a longo prazo. - Identificar e orientar os pacientes sobre os fatores de risco cardiovasculares: tabagismo, hipercolesterolemia, DM, HAS, sedentarismo Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 3 • Avaliação Geral Anamnese - Doença de base que indicou o procedimento cirúrgico; - Dados clínicos, sociodemográficos e culturais (idade, gênero, tipo sanguíneo, sorologia positiva para vírus C, aceitação de transfusão); - Antecedentes cirúrgicos ou anestésicos Complicações potencialmente evitáveis, alergias ou existência de comorbidades; - Estado clínico e da necessidade de compensação de doenças coexistentes; - Identificação de cardiopatias graves (insuf. cardíaca avançada, doença arterial coronária e arritmias sintomáticas e/ou com repercussão hemodinâmica); - Determinação da capacidade funcional, indagando sobre as atividades do cotidiano; - Investigação de fatores de risco para cardiopatias; - Presença de marca-passo ou de cardioversor desfibrilador implantável; - Diagnósticos de doença vascular periférica, insuf. renal, doença vascular cerebral, DM, hepatopatia, distúrbios hemorrágicos, distúrbios da tireoide e doença pulmonar crônica - Uso de medicamentos, drogas, fitoterápicos, álcool, drogas ilícitas Interferência com o ato operatório; - Informações do cirurgião sobre a urgência e do risco do procedimento; o local do procedimento, da disponibilidade de UTI, de suporte técnico de pessoal e de equipamentos, do tipo de anestesia, do tempo cirúrgico, da necessidade de transfusão, da comissão de controle de infecção hospitalar; - Dúvidas do paciente e de seus familiares com relação ao procedimento e seus riscos Ciência e acordo quanto ao risco e aos benefícios dos procedimentos Exame Físico - Não deve ser limitado ao sistema cardiovascular. - Objetivos: identificar cardiopatia pré-existente ou potencial (fatores de risco), definir a gravidade e estabilidade da cardiopatia e identificar eventuais comorbidades. - Pacientes com doença cardíaca cujo estado geral está comprometido por outras afecções (doenças neurológicas,insuf. renal, infecções, anormalidades hepáticas, desnutrição ou disfunção pulmonar) Risco mais ↑ de complicações cardíacas Tais condições exacerbam o estresse cirúrgico - Alterações de pulsos arteriais ou sopro carotídeo Doença vascular periférica ↑ incidência de IAM - Turgecência jugular Pressão venosa central (PVC) ↑ Pode desenvolver edema pulmonar no pós- operatório * Se há ↑ da PVC, visualizado pela altura da oscilação do pulso da veia jugular interna, então cardiopatia e hipertensão pulmonar são, pelos menos, parcialmente responsáveis pelo edema do paciente. * Se a PVC não está ↑, outra causa deve ser a responsável pelo edema - Edema de membros inferiores (bilateral) deve ser analisado em conjunto com a presença ou não de distensão venosa jugular. - Presença de B3 Indicador de mau prognóstico Risco ↑de edema pulmonar, infarto ou morte cardíaca Fatores que influenciam o preparo pré-operatório - Comorbidades - Tipo de cirurgia proposta (baixo, médio e alto risco) - Técnica anestésica usada - Local que o paciente será tratado no Pós-operatório imediato (UTI, enfermaria) • Risco Cirúrgico ou Anestésico-Cirúrgico - Quanto ↑ o risco cirurgico, ↑ a probabilidade de complicações perioperatórias ou óbito Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 4 Classificação de risco para procedimentos não cardíacos 1. Risco Anestésico (ASA) - Leva em consideração o estado físico do paciente (análise subjetiva) e presença ou não de comorbidades Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 5 2. Risco Cardiovascular (Goldman, ACP e Lee) - Avaliam a probabilidade do paciente apresentar eventos como IAM, taquicardia/fibrilação ventricular, BAV total, morte cardíaca no período perioperatório Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 6 3. Risco Pulmonar - Todos os pacientes que vão se submeter a cirurgias não cardíacas devem ser avaliados - Pacientes submetidos a* devem ser considerados de risco pra complicações pulmonares pós- operatórias * Cirurgias de emergencia ou procedimentos prolongados (>3h) * Cirurgia de reparo de aneurisma de aorta abdominal * Cirurgia torácica * Neurocirurgia * Cirurgia de cabeça e pescoço * Anestesia geral Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 7 - Pacientes de ↑ risco devem receber assistencia da fisioterapia e uso de cateter naso-gástrico para consições pós-operatórias como náuseas, vômitos ou distensão abdominal sintomática - Espirometria pré-operatória e RX tórax Pacientes com asma e/ou DPOC • Exames Subsidiários - Era recomendada para todos pacientes cirúrgicos, independentemente da idade, do tipo de procedimento e do porte cirúrgico, mesmo em indivíduos assintomáticos saudáveis. * Exames pré-operatórios (ECG, RX tórax, hemograma, ureia, creatinina, eletrólitos e glicose) - Entretanto, tal prática está associada a um ↑ custo econômico para o sistema de saúde Tem-se preconizado o uso racional de exames para ↓ de custo. - A indicação de exames pré-operatórios deve ser individualizada conforme as doenças e comorbidades apresentadas pelos pacientes, assim como o tipo e o porte da cirurgia proposta. - Em muitos pacientes, exames laboratoriais de até 90-180 dias antes da cirurgia, desde que esteja normal, não precisam ser repetidos. - Desordens hepáticas, renais, respiratórias, grandes síndromes endócrinas e HIV Até 30 dias antes - Indivíduos Assintomáticos Pedir somente em certas circunstâncias, tendo como base a idade, o tipo de cirurgia e alterações evidenciadas no exame clínico. - Determinados procedimentos requerem a solicitação de exames, independente da existência ou não de comorbidades graves. Colégio Brasileiro de Cirurgiões ·Hemograma: - Intervenções de grande porte, suspeita clínica de anemia ou policitemia, insuficiência renal, neoplasias, esplenomegalia, uso de anticoagulantes, presença de infecção, radio ou quimioterapia recentes ·Coagulograma: - História de sangramentos anormais, operações vasculares, oftalmológicas,neurológicasou comcirculaçãoextra-corpórea,hepatopatias e síndromes de malabsorção, neoplasias avançadas, esplenomegalia. - Apenas o tempo e atividade protrombina (TAP), o tempo parcial de tromboplastina(TPT) e a contagem de plaquetas costumam ser necessários nestes casos. ·Tipagem sangüínea: - Apenas em procedimentos cirúrgicos de grande porte com possibilidade de perda sangüínea elevada. - Deve ser acompanhada de reserva de sangue. Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 8 ·Glicemia: - Pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou familiar de diabetes, uso de hiperglicemiantes, como corticóides ou tiazídicos, pancreatopatias, nutrição parenteral. ·Creatinina: - Pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou familiar de nefropatias, hipertensão arterial, diabetes. ·Eletrólitos: - Uso de diuréticos ou corticóides, nefropatias, hiperaldosteronismo secundário, cardio ou hepatopatias com síndrome edemigênica. ·Urinocultura: - Pacientes com indicação de cateterismo vesical durante a operação e que façam parte de grupos de risco de bacteriúria assintomática, como idosos, diabéticos, história de infecção urinária de repetição, litíase urinária, bexiga neurogênica, malformação de vias urinárias, gravidez e síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids). - Os elementos anormais e sedimento (EAS) não têm indicação como exame pré-operatório ·Parasitológico de fezes: intervenções sobre o tubo digestivo. ·RX simples de tórax [póstero-anterior (PA) e perfil]: pacientes com mais de 60 anos, operações torácicas ou do abdome superior, cardiopatas, pneumopatas e portadores de neoplasias, tabagistas de mais de 20 cigarros/dia. ·ECG - Homens > 40 anos e mulheres > 50 anos, cardiopatas, coronariopatas ou com sintomas de angina, diabéticos, hipertensos e portadores de outras doenças que cursam com cardiopatias ou em uso de drogas cardiotóxicas. Estes exames, quando normais, têm validade de um ano, a menos que ocorram alterações clínicas durante este período, detectadas pela história e/ou exame físico II Diretriz de Perioperatório da SBC 1. ECG - Detecção de arritmias, distúrbios de condução, isquemia miocárdica ou IAM prévio, sobrecargas cavitárias e alterações decorrentes de distúrbios eletrolíticos ou de efeitos de medicamentos. - Além disso, em pacientes com risco de ocorrência de eventos cardiovasculares, um traçado eletrocardiográfico basal é importante para a avaliação comparativa no perioperatório Recomendações para solicitação: - História e/ou anormalidades ao exame físico sugestivas de doença cardiovascular; - Episódio recente de dor torácica isquêmica ou considerados de ↑ risco no algoritmo ou pelo médico assistente; - Pacientes com DM. - Pacientes obesos; - Todos os pacientes com idade > 40 anos 2. Raio X de Tórax - As anormalidades encontradas no RX geralmente são relacionadas a doenças crônicas, como DPOC e/ou cardiomegalias e são mais frequentes em pacientes de sexo masculino, idade > 60 anos, risco cardíaco mais ↑ e com mais comorbidades associadas. - A indicação da realização de RX de tórax pré-operatória deve ser baseada na avaliação criteriosa inicial por meio de história clínica e exame físico dos pacientes. - Não há indicação da realização rotineira de RX de tórax em pacientes assintomáticos Recomendações para solicitação de radiografia de tórax: - Pacientes com história ou propedêutica sugestivas de doenças cardiorrespiratórias; - Pacientes com idade > 40 anos; Resu m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 9 - Intervenções de médio a grande porte, principalmente as cirurgias intratorácicas e intra-abdominais. 3. Exames laboratoriais A. Hemograma completo - História de anemia ou outras doenças hematológicas ou doenças hepáticas; - Suspeita clínica de anemia ao exame físico ou presença de doenças crônicas associadas à anemia; - Intervenções de médio e grande porte, com previsão de sangramento e necessidade de transfusão. - Todos os pacientes com idade > 40 anos. B. Hemostasia/ testes da coagulação - Pacientes em uso de anticoagulação; - Pacientes com insuficiência hepática; - Portadores de distúrbios de coagulação (história de sangramento); - Intervenções de médio e grande porte. C. Dosagem da creatinina sérica - Portadores de nefropatia, DM, HAS, insuf. hepática/cardíaca se não houver um resultado deste exame nos últimos 12 meses; - Intervenções de médio e grande porte. - Todos os pacientes com idade > 40 anos. De acordo com a cirurgia Cirurgia Cardíaca ou Torácica - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia - Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial (TTPa) - RX de Tórax Cirurgia Vascular - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia Cirurgias Intraperitoneais - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia - Provas de função hepática (opcional) Cirurgias com perda esperada > 2L de sangue - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia - TP e TTPa Cirurgias intracranianas - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia - TP, TTPa e tempo de sangramento Cirurgia ortopédica (prótese) - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia - Urinocultura e bacterioscopia pelo Gram da urina (aconselhável) Ressecção Transuretral da Próstata (RTU) ou Histerectomia - ECG - Hemograma e Plaquetas - Eletrólitos - Ureia e Creatinina - Glicemia Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 10 De acordo com o risco Baixo Risco • Avaliação Perioperatória Suplementar Avaliação da função ventricular em repouso - Ecocardiografia bidimensional é o exame escolhido * Grande disponibilidade * Avaliação detalhada da estrutura e dinâmica das válvulas ou presença de hipertrofia ventricular - A avaliação da função ventricular esquerda obtida de rotina no pré-operatório não é recomendada - Indivíduos com risco ↑ para complicações, achados clínicos com ↑ probabilidade de exames alterados ou aqueles com sintomas cardiovasculares exuberantes podem ser considerados para avaliação. Recomendações para realização do ecocardiograma transtorácico no pré-operatório: - Suspeita de valvulopatias com manifestações clínicas importantes; - Avaliação pré-operatória de transplante hepático. - Pacientes com insuficiência cardíaca sem avaliação prévia da função ventricular; - Pacientes que serão submetidos a operações de ↑ risco; - Avaliação pré-operatória de cirurgia bariátrica; - Presença de obesidade grau 3; Testes não invasivos para a detecção de isquemia miocárdica - Identificar aqueles pacientes com maiores riscos de apresentarem eventos cardíacos adversos no contexto perioperatório ↓ o risco e a morbimortalidade perioperatórios - Indicações * Candidatos à revascularização miocárdica ou, então, naqueles que, frente a resultados indicativos de ↑ risco cardíaco, deixarão de ser candidatos à operação não cardíaca - Geralmente se realiza por meio de uma prova funcional com estresse farmacológico ou físico associada a um método de imagem. - A cintilografia de perfusão miocárdica com dipiridamol, dobutamina ou estresse físico, quando não há limitação física para sua realização, e o ecocardiograma de estresse com dobutamina. * Tais provas funcionais não são disponíveis em larga escala em todos os serviços médicos, sendo comum os dois extremos: Teste ergométrico convencional e Cineangiocoronariografia - Pacientes que foram submetidos a alguma forma de avaliação funcional nos 2 últimos anos, sem alterações na sintomatologia e sem piora na capacidade funcional, não necessitam repetir o teste 1. Eletrocardiograma de esforço (Teste Ergométrico) - Avaliação pré-cirúrgica de grande porte ou de cirurgias vasculares - Avaliar a reserva cardíaca Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 11 - O início da resposta isquêmica em ↓ carga está associado ao significante ↑ de eventos cardíacos perioperatórios e a longo termo - Isquemia miocárdica com ↑ cargas está relacionada com ↓ risco - Condições que impedem a realização do teste * Limitações físicas do paciente e alterações do segmento ST no ECG basal 2. Cintilografia de perfusão miocárdica com estresse (CPM) - Alternativa para o teste ergométrico Método de imagem com estresse farmacológico (adenosina, dobutamina ou dipiridamol) - CPM associada ao Gated permite a avaliação tanto da perfusão miocárdica, quanto da função cardíaca Útil na estratificação de risco para as cirurgias vasculares. - Pacientes com perfusão normal, mas com alteração na contratilidade, apresentaram significativamente mais eventos cardíacos que aqueles com contratilidade e perfusão normais - Indicações da CPM associada ao Gated * ≈ às do TE * Preterido pela CPM devido à limitação física ou pela impossibilidade de interpretação por alteração basal do segmento ST * Esclarecimento diagnóstico, na qual o resultado do TE foi interpretado como falso + 3. Ecocardiograma de estresse com dobutamina - Identificar pacientes com doença arterial coronária - Caso não demonstre a presença de isquemia residual no paciente com infarto prévio Prognóstico é bom e a probabilidade de reinfarto, morte e edema agudo pulmonar é ↓ no período transoperatório de uma cirurgia não cardíaca Recomendações para realização de cintilografia de perfusão miocárdica ou ecocardiograma com estresse no pré-operatório - Paciente com estimativa de risco intermediário de complicações e programação de cirurgia vascular ou de risco intermediário; - Pacientes com ↓ capacidade funcional em programação de operações de risco intermediário e ↑ • Avaliação Específica Doença Aterosclerótica Coronariana (DAC) - Fatores relevantes no prognóstico * Presença de angina, Insuf. Cardíaca, Sinais eletrocardiográficos, extensão e limiar da isquemia e anatomia coronária, nos casos pertinentes - Cautelosa anamnese + propedêutica direcionada para o aparelho circulatório + exames subsidiários básicos ECG de repouso e a RX de Tórax É muitas vezes suficiente para determinar o risco cirúrgico de pacientes coronariopatas Hipertensão Arterial Sistêmica - Ativação simpática Durante a indução anestésica e no período pós-operatório. - Pode causar ↑ significantes na PA, especialmente nos pacientes com HAS não controlada. - Evidências sugerem que a clonidina, quando utilizada no perioperatório de pacientes hipertensos, mostrou ↓ significativa da variação da PA e frequência cardíaca - É fator de risco para a doença coronária e está associada com a hipertrofia ventricular, disfunção sistólica, insuficiência renal e eventos cerebrovasculares durante o perioperatório - De forma geral, a hipertensão estágio 3 com PAS > 180 mmHg e PAD > 110 mmHg deve ser controlada antes da cirurgia. - HAS leve ou moderada, em que não há alterações metabólicas ou cardiovasculares associadas, não há evidências de que seja benéfico retardar a operação Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 12 Recomendações -Se a PA não está controlada e existe tempo hábil para tal, a terapêutica deve ser utilizada para ↓ os níveis de pressão; - As medicações anti-hipertensivas (incluindo IECA) devem ser mantidas no pré-operatório, inclusive no dia da operação; - Se PA elevada e não há tempo para o controle efetivo da PA Utilizar bloqueador β-adrenérgico de curta ação (esmolol) para evitar a ↑ da pressão no ato da intubação; * Nos pacientes em que o β-bloqueador está contraindicado, a clonidina VO pode ser usada; - A hipocalemia, se presente, deve ser corrigida antes da operação; - O reinício da terapêutica anti-hipertensiva no pós-operatório, de preferência a que o paciente utilizava antes da cirurgia, deve ser realizado o mais rápido possível; - A otimização da volemia deve ser realizada durante todo o perioperatório Valvulopatias - Pacientes portadores de sopro cardíaco devem ser cuidadosamente avaliados para confirmação de lesão orgânica orovalvar - Se lesão Quantificar a gravidade anatômica, o grau de remodelamento e função ventricular. - O método complementar de escolha, após a suspeita pela anamnese e exame físico, é o ecodopplercardiograma. - Em caso de dúvida diagnóstica persistente, outros métodos são possíveis, como ventriculografia radioisotópica, ressonância magnética e cateterismo. - Portadores de valvopatia anatomicamente importante sintomáticos (↑ morbimortalidade na história natural da valvopatia) Indicação de tratamento intervencionista valvar. * ↑ risco de complicações cardíacas perioperatórias se submetidos à cirurgia não cardíaca. * Devem prioritariamente tratar a valvopatia para então serem submetidos à cirurgia não cardíaca. • Condições Sistêmicas e Preparo Pré-Operatório Doença Cardiovascular - Resposta endócrina e metabólica à cirurgia ↑ catecolaminas ↑ Consumo miocárdico de O2 e ↑ pós-carga * Produção de Aldosterona e ADH Podem descompensar a ICC e levar a Congestão Pulmonar - Aconselhável anestesia regional (raqui ou peri) em pacientes com disfunção ventricular esquerda ou doença pulmonar Deprime menos a função miocárdica e respiratória * Agentes inalatórios Depressão miocárdica dose-dependente 1. HAS 2. Doença Isquêmica do Miocárdio - Tratamento anti-isquêmico - Testes provocativos de isquemia miocárdica Definir e quantificar a doença presente * Cintilografia e ecocardiograma com esforço físico ou estresse farmacológico - Avaliado pela combinação: Risco Cardíaco + Capacidade funcional (Equivalente metabólico – MET) + Tipo de cirurgia (↓, médio ou os ↑ risco) Indicações de realização de teste provocativo - Pacientes com doença cardíaca ativa - Pacientes de ↑ risco cardíaco e com ↓ capacidade funcional (< 4 METs) que serão submetidos a cirurgias vasculares de ↑ risco Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 13 - Caso de teste provocativo positivo Cirurgia somente após a revascularização * 4-6 semanas após revascularização Diabetes Mellitus - Hiperglicemia (>250mg/dL) ↑ risco de deiscência pós-operatória, desidratação, cetoacidose e infecção de sítio cirúrgico (quimiotaxia prejudicada) - Hipoglicemia (<40mg/dL) ↑ Tônus adrenérgico e ↑ probabilidade de arritmias e complicações - Cirurgias eletivas devem ser marcados pela manhã, preferencialmente antes das 9h Doença Renal - Creatinina > 2 mg/dL ↑ risco de desordens cardiovasculares, principalmente isquemia - Distúrbios eletrolíticos, anemia, desordens de hemostasia, alterações metabólicas, HAS, desnutrição - Avaliação: Pesquisar sintomas de doença isquêmica, sinais de Insuf. Cardíaca e/ou sobrecarga de volume, evidências de desnutrição Exames pré-operatórios - Bioquímica completa (Glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos) - Albumina e cinética do Ferro - Coagulograma, hemograma, plaquetas - ECG - RX Tórax, se evidencias de IC Doença Hepática Classificação de Child-Pugh Principal preditor de risco - Pacientes Classe A: Cirurgia permitida - Pacientes Classe B: Podem ser operados mediante detalhamento pré-operatório * Cirurgias cardíacas e ressecções hepáticas extensas não são toleradas nesta classe funcional Não devem ser realizadas eletivamente - Pacientes Classe C: Contraindicado a cirurgia eletiva Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 14 • Medidas para Redução do Risco Cirúrgico Medicações • β-bloqueadores Indicações para uso de betabloqueador perioperatório - Pacientes candidatos a operações vasculares arteriais, com isquemia miocárdica sintomática ou evidenciada por prova funcional; - Pacientes candidatos a operações não vasculares, com isquemia miocárdica sintomática ou evidenciada por prova funcional; - Pacientes que já recebem betabloqueador cronicamente devem manter seu uso em todo perioperatório; - Pacientes candidatos a operações vasculares, com risco cardíaco intermediário; - Pacientes candidatos a operações não vasculares, com risco cardíaco intermediário • Estatinas - Devem ser prescritas em paciente que vão se submeter a operações vasculares, independente de seus níveis de colesterol * ↓ probabilidade de eventos cardiovasculares maiores (IAM, AVC, angina instável e morte cardíaca) no perioperatório e em 6 meses de seguimento - Nos indivíduos que não usam a medicação, iniciar pelo menos 2 semanas antes da cirurgia e manter por 30 dias do pós-operatório * A partir daí, ajustar dose de acordo com o LDL de cada paciente * Atorvastatina (20mg/dia), sinvastatina (40mg/dia) e fluvastatina de liberação lenta (80mg/dia) Recomendações para o uso perioperatório das estatinas: - Pacientes que serão submetidos a operações vasculares; - Pacientes sabidamente coronariopatas; - Manter em pacientes que já usam • α-agonistas - Os α2-agonistas modulam a resposta das catecolaminas à cirurgia e anestesia * ↓a liberação de noradrenalina ↓ PA e a frequência cardíaca - Uso de clonidina em pacientes sabidamente coronariopatas, ou com > 2 fatores de risco para doença arterial coronária (HAS, idade > 60 anos, tabagismo, colesterol total > 140 mg/dL, DM), no perioperatório de operações não cardíacas ↓incidência de isquemia miocárdica pós-operatória e a mortalidade em 30 dias e em um seguimento de 2 anos Recomendações para o uso perioperatório da clonidina: - Pacientes coronariopatas que serão submetidos a operações vasculares e apresentam contraindicação ao uso de betabloqueadores. • Anti-hipertensivos - Não suspender * Jejum para líquidos claros sem resíduos (Ex: Água e chá. Nunca derivados do leite.) em pequena quantidade (até 50mL) é de 2-3h * Em caso de urgência, anti-hipertensivo EV Nipride (vasodilatador) - Diuréticos de alça e tiazídicos Hipovolemia e hipocalemia ↑ Risco de arritmias, potencializa o efeito de bloq. neuromusc. e prolonga o íleo paralítico pós-operatório * Suspensos na manhã da cirurgia e reiniciado assim que o paciente tiver ingerindo líquidos - PA < 180x110 mmHg não ↑ risco perioperatório Não é fator que leve a adiamento da cirurgia - Se PA > 180x110 mmHg Terapêutica com β-bloq de curta duração (Ex: Esmolol) Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 15 • Antiagregantes - Ocorre ↑ de até 50,0% na taxa de sangramentos perioperatórios em pacientes em uso de AAS. - Por outro lado , não ocorre ↑ da taxa de sangramentos graves, exceto nas neurocirurgias e ressecção transuretral de próstata (exemplo de procedimento sem hemostasia primária). Coronariopatas que realizaram angioplastia com stent AAS + Clopidogrel Risco de trombose intra-stent - Os tienopiridínicos (clopidogrel) devem ser suspensos ↑ expressivo do risco perioperatório - Manutenção do AAS em todo perioperatório,com suspensão do tienopiridínico, 05 dias antes da operação, e reintrodução o mais precoce possível, preferencialmente antes que o paciente complete 10 dias sem esta medicação Recomendações para uso de antiagregantes plaquetários antes de operações não cardíacas: - Pacientes coronariopatas em programação de operações não cardíacas, manter uso do AAS em dose reduzida para 75-100 mg/dia, exceto nas neurocirurgias e ressecção transuretral de próstata; - Paciente em uso de dupla antiagregação por angioplastia com stent recente, manter uso de AAS em todo período perioperatório, suspensão do tienopiridínico 05 dias antes da operação e reintrodução o mais precoce possível, idealmente antes que o paciente complete 10 dias da suspensão - Paciente em antiagregação somente com tienipiridínico e proposta de operação de risco moderado a ↑ de sangramento, suspender 05 dias antes. - Manutenção de dupla antiagregação em procedimentos de ↓risco de sangramento - Paciente em antiagregação somente com tienipiridínico e proposta de operação de ↓risco de sangramento, manter o seu uso no perioperatório • Anticoagulantes Cumarínicos (Warfarin) - Devem ser suspensos 5 dias antes - INR < 1,5 : Permite intervenção cirúrgica - Nos procedimentos que não oferecem grande risco de sangramento, pode voltar a ser administrada no dia seguinte - Em pacientes com ↑ risco tromboembólico (próteses cardíacas mecânicas, história recente de tromboembolismo) Anticoagulados até o mais próximo da cirurgia * Interrupção do cumarínico Iniciar heparina não fracionada e manter até 6h antes da cirurgia Reiniciar HNF + Warfarin após 12-24h no pós-operatório • Terapia Hormonal e uso de anticoncepcionais - Cirurgias com ↑ risco tromboembólico Suspender 4-6 semanas antes OBS: MEDICAÇÕES QUE DEVEM SER MANTIDAS - Estatinas, broncodilatadores, inibidores dos leucotrienos, cardiotônicos, anticonvulsivantes, glicocorticoides, levotiroxina e drogas antitireoidianas • Antidiabéticos/Hipoglicemiantes orais ou Drogas injetáveis não insulina Metformina - Contraindicada em: * Condições que ↑ o risco de hipoperfusão dos rins * Procedimentos que envolvam a administração de contraste radiológico Risco de disfunção renal Acúmulo da droga Acidose láctica Glitazonas Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 16 - Retenção hídrica, edema periférico e pode precipitar insuf. cardíaca Inibidores da DPP-4 (dipeptil dipeptidase IV) e Agonistas do GLP-1 - Agravam o íleo paralítico Recomenda-se a troca por Insulina Regular Tricotomia e Preparo da Pele - Deve ser realizado imediatamente antes da cirurgia e através de máquinas elétricas com cabeças descartáveis Cateterismo - Aspiração gástrica pré-operatória deve ser realizada em pacientes que apresentam condições associadas ao esvaziamento gástrico prejudicado * Estenose pilórica, distensão por suboclusão ou oclusão intestinal e cirurgias de emergência Risco de broncoaspiração no momento da indução anestésica - Cateterismo/sondagem vesical só é indicado quando: * Necessitar monitorar a perfusão tecidual * Cirurgias pélvicas ou das vias urinárias Antibioticoprofilaxia - Objetivo: ↓ probabilidade do paciente vir a desenvolver infecção de sítio cirúrgico (ferida operatória) no pós-operatório - Quanto ↑ o grau de contaminação do procedimento, ↑o risco de infecção - 1ª dose: Iniciado junto com a indução anestésica ou um pouco antes - 2ª dose: Administrada em intervalo que corresponde a 2x a ½ vida da droga em questão * Em casos de cirurgia abdominal, infundida após 3h da 1ª dose * Em casos de sangramento durante a cirurgia, o antibiotico pode ser “perdido” Repetir dose - Suspensão em até 24h no pós-operatório * Exceção: Artroplastia Pode ser mantido até 48h no pós-operatório Risco Classe I Não necessita de antibioticoprofilaxia, porém existem exceções * Uso de material sintético (Ex: Cirurgias Ortopédicas – Prótese total de quadril, de joelho) indica na maior parte dos casos uso de antibiótico. * Cirurgias que envolvem incisão de osso Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 17 * Aquelas em que uma infecção de ferida operatória represente uma catástrofe (Cirurgias cardíacas, neurocirurgias, vascular de grandes vasos abdominais e periféricos) - Cefalosporinas de 1ª geração Cefazolina Risco Classe II e III Antibioticoprofilaxia - Procedimentos gastroduodenais e cirurgias hepatobiliares Cefazolina - Intervenções em íleo terminal, cólon e reto Cobertura pra Gram - Ampicilina+Sulbactam Risco Classe IV Não necessita de profilaxia e, sim, de terapia (antibioticoterapia) COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO • Da Ferida Operatória - Pele, subcutâneo, aponeurose e músculos Seroma - Acúmulos de soro e linfa no subcutâneo - Decorrente de lesão de pequenos canais linfáticos - Complicação mais benigna da ferida operatória - Ocorrem com > freq. nas operações que envolvem dissecção de linfonodos e/ou grandes descolamentos teciduais (mastectomias com linfadenectomia axilar, dissecções radicais de pescoço, esvaziamentos linfáticos inguinais) - Manifestações Clínicas: * Abaulamento indolor, sem sinais flogísticos da ferida, com eventual drenagem de líquido de aspecto claro - Tratamento: * Aspiração com agulha calibrosa seguida de curativo compressivo (obliterar os vasos linfáticos) * Seromas que reacumulam após 2 aspirações Drenagem aberta + compressão com gaze umidificada * Presença de próteses Drenagem aberta do seroma com fechamento posterior e drenos de sucção Hematoma - Acúmulo de sangue e coágulos na ferida operatória, mais precisamente no subcutâneo - Decorrente de hemostasia inadequada Falha de técnica cirúrgica ou coagulopatia - Manifestações Clínicas * Edema com descoloração azulada ou arroxeada da pele * Saída de secreção vermelho-vinho * Dor local - Mais preocupantes Risco de infecção secundária - Dificuldade de coaptação das margens aponeuróticas Surgimento de hérnias incisionais - Comprometimento da vascularização de enxertos ou retalhos cutâneos Necrose tecidual - Tratamento depende do volume e do momento de aparecimento * Coleções volumosas em 24-48h Abertura da sutura cutânea, limpeza da ferida e ressutura se sangramento controlado * Hematomas pequenos Conservador (Calor úmido e imobilização) + Reavaliações periódicas Deiscência de Ferida Operatória (Deiscência Aponeurótica) - Separação dos folhetos musculo-aponeuróticos (3ª camada da ferida) - Pode variar de Hérnia Incisional até Evisceração - Mais frequente entre o 4º e o 14º dia de pós-operatório - Diagnóstico clínico * Abaulamento da ferida operatória * Dor local * Saída súbita de grande quantidade de secreção clara de cor salmão (secreção rósea, “água de carne”) Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 18 - Tratamento cirúrgico Processos infecciosos - Infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou nos tecidos manipulados durante a operação dentro de 30 dias a 1 ano após a cirurgia (operações que envolvem implante de material sintético) Classificação conforme localização anatômica - ISC incisional superficial * Acomete somente pele ou subcutâneo, limitada pela fáscia muscular - ISC incisional profunda * Envolve camadas mais profundas, como fáscia e músculos, independete de acometimento de subcutâneo * Poupados órgão e cavidades - ISC de órgão ou cavidades * Acomete qualquer região ou órgão manipulado durante a operação *Ex: Empiema pleural (toracotomia), abcesso subfrênico (esplenectomia), meningoencefalite (craniotomia) Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 19• Febre no Pós-Operatório - Observar a clínica do paciente Diferenciar da hipertermia - Principais causas infecciosas * Infecção de sítio cirúrgico (ferida operatória), infecção urinária, infecção relacionada ao cateter e pneumonia • Complicações Gastrointestinais Deiscência de Anastomose - Descontinuidade parcial em algum ponto da anastomose em cirurgia do aparelho digestivo Extravasamento de liquido proveniente do lúmen intestinal ou de qualquer outra estrutura do TGI envolvida Peritonite difuse Abcessos intra-abdominais ou fístulas - Uma das mais graves e preocupantes - Manifestações clínicas * Febre * Dor abdominal * Íleo paralítico * Peritonite difusa * Sepse - Tratamento * Dieta zero * Administração de líquidos e correção de distúrbios hidroeletrolíticos * Exploração cirúrgica em casos de peritonite difusa, hemorragia intra-abdominal ou deiscência aponeurótica com evisceração Fístulas Gastrointestinais - Comunicação entre 2 superfícies epiteliais, sendo uma delas obrigatoriamente 1 órgão ou víscera oca - Tratamento cirúrgico Obstrução Intestinal (Funcional ou Mecânica) - Resposta endócrina e metabólica ao trauma e a manipulação de alças - Peristalse retorna mais tardiamente no estômago (24-48h) e cólon (48-72h) - Pode ser causado por aderência - Diagnóstico: Clínico + exames de imagem Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 20 • Complicações Cardiovasculares Hipertensão Arterial - Resposta as catecolaminas (resposta ao trauma) IAM - Mais frequente nas primeiras 48h do pós-operatório - Mais silencioso e mais grave - Manifestações Clínicas * Dispneia * ↑FC * Hipotensão * Sinais de insuf. respiratória * Alteração do estado mental • Complicações Pulmonares Atelectasia e Pneumonia Broncoaspiração (Pneumonite de Aspiração) Edema Pulmonar e Síndrome do Desconforto Torácico Agudo TEP/TVP CICATRIZAÇÃO • Fases 1. Inflamatória (1-4 dias) - Dominada por 2 processos: Hemostasia e Resposta inflamatória aguda - Objetivo: Limitar a extensão da lesão * Interrupção do sangramento * Combate a contaminação bacteriana * Controle do acúmulo de debris celulares - Lesão do endotélio Exposição das fibras subendoteliais de colágeno Adesão plaquetária, ativação e agregação Liberação de grânulos densos (↑ serotonina) ↑ permeabilidade capilar - Ativação do sistema de coagulação e complemento Quimiotaxia Neutrófilos e macrófagos Limpeza da ferida e síntese de citocinas (IL-1, TNF-α, TGF-β, FGF, INF- ϒ) Processo de síntese dos componentes do tecido cicatricial 2. Proliferativa (2-3 semanas) - Cél. Mais importante: Fibroblasto - Proliferação de fibroblastos e síntese de matriz extracelular ↑ ác. Hialurônico e colágeno tipo I e III Utiliza a Vitamina C como cofator na formação - 2-3 semanas após o início do processo Acúmulo máximo de colágeno - Angiogênese Neovascularização * Estimulado por citocinas, como heparina, fator de cresc. de fibroblastos (FGF), TGF-β e hipóxia - Tec. de Granulação Novos vasos + Macrófagos - Ativação dos queratinócitos Epitelização da ferida 3. Remodelamento ou de Maturação - Formação do tec. cicatricial propriamente dito * Tec. pouco organizado, ↑ colágeno e ↓ vascularizado - Equilíbrio entre a síntese e degradação de colágeno, ↓ vascularização e ↓ infiltração de céls. inflamatórias - Força tênsil: Indicador da quantidade de tração que o tecido cicatricial pode suportar * 30% da pele normal em 3 semanas - Contração da ferida por miofibroblastos * Ocorre por movimento centrípeto de toda a espessura da pele em torno da ferida, aproximando progressivamente suas bordas e ↓ qntde de cicatriz desorganizada Re su m o do C as o 1 – CM 2 Ka re n Cu nh a 21 • Fatores que interferem 1. Infecção - Contaminação bacterinana > 10⁵ UFC/mg de tecido OU - Presença de estreptococo β-hemolítico na ferida - Prolonga a fase inflamatória - Interfere nos processos de epitelização, contração e deposição de colágeno - Manifesta através de sinais flogísticos + drenagem purulenta - Conduta: Exposição da ferida, retirada das suturas, cuidados locais, antibioticos 2. Desnutrição - Ingesta calórica inadequada ↑ proteólise - Albumina < 2g/dL Interfere no processo cicatricial e ↑ probabilidade de deiscência - Carência de Vitamina C Processo interrompido na fase de Fibroplasia - Carência de Vitamina K Compromete a 1ª fase da cicatrização - ↓ Zn Atua como cofator para RNA e DNA polimerase Compromete a fase de Epitelização da ferida - Vitamina A ↑ resposta inflamatória (desestabilizar a membrana de lisossomos), ↑ influxo de macrófagos pra ferida e ↑ síntese de colágeno * Administração melhora a cicatrização em diabéticos, vitimas de lesões graves, pacientes submetidos a radio/quimioterapia e capaz de reverter os efeitos dos glicocorticoides 3. Hipóxia Tecidual e Anemia - Cicatrização possui atividade sintética intensa Exige aporte contínuo e adequado de O2 - Quando PO2 < 40mmHg Síntese de colágeno ↑ prejudicada - Perfusão tecidual depende de 3 fatores * Volemia adequada * Qntde de Hb * Conteúdo de O2 no sangue arterial - ↓ infiltração de leucócitos, de fibroblastos e da angiogênese - Tabagismo Vasoconstrição 4. Diabetes Mellitus - Compromete todas as fases da cicatrização - Neuropatia afeta fibras sensitivas e motoras Predispõe a traumas repetidos não percebidos pelo paciente - Aterosclerose acelerada Estreitamento do lúmen arterial Hipoperfusão - ↓ Quimiotaxia + reposta inflamatória atenuada e incapacidade de atuar sobre microorganismos agressores ↑ probabilidade de infecção - Comprometimento da microcirculação Espessamento da membrana basal dos capilares ↓ liberação de O2 pra ferida 5. Idade avançada (Idosos) - ↓ todas as fases 6. Glicocorticoides, Quimioterapia e Radioterapia - Antiinflamatórios prejudicam a 1ª fase da cicatrização - Distúrbios na síntese de colágeno, na epitelização e na contração da ferida - Quimioterapia Comprometer o processo de divisão celular Interfere em todas as fases - Ciclofosfamida, metotrexato e adriamicina são as medicações que mais prejudicam a cicatrização * Devem ser evitadas nos primeiros 5-7 dias do pós-operatório
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