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1 APOSTILA DA DISCIPLINA DE CIRURGIA PLÁSTICA Última Revisão: 9/03/17 Orientações aos alunos: A leitura desta apostila é fundamental para a compreensão dos conteúdos abordados na disciplina de Cirurgia Plástica. A leitura integral da apostila deve ser realizada ANTES do início das atividades. Esta apostila tem caráter informativo básico e deve ser complementada com a leitura da bibliografia abaixo: 1) Mélega JM. Cirurgia Plástica - Fundamentos e Arte. Princípios Gerais. Volume 1. Editora Guanabara Koogan – 2002 - ISBN 8571992770. (Disponível em PDF). 2) Sabiston - Tratado de Cirurgia - 18ª. Edição, Elsevier, São Paulo, 2010. (Disponível em PDF). 3) Site da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica – órgão oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) http://www.rbcp.org.br (acesso on-line livre) 4) Projeto Diretrizes da AMB, disponível no site http://www.projetodiretrizes.org.br (acesso on-line livre) 5) Artigos e livros fornecidos no pendrive. Bons Estudos Prof. Dr. Daniel Nunes 67 33827812 - 67 84131364 2 “O paciente precisa entender que a Cirurgia Plástica é um dos ramos da Cirurgia Geral, tratando-se de um procedimento cirúrgico como qualquer outro. Uma transformação perfeita só Deus poderia fazer.” Prof. Dr. Ivo Pitanguy Patrono da Cirurgia Plástica 3 PRINCÍPIOS DA CIRURGIA PLÁSTICA A Cirurgia Plástica é uma especialidade médica ímpar, pois trata de alterações corporais complexas em pacientes vítimas, por exemplo, de traumas graves e tumores devastadores; bem como trata de pacientes hígidos, com queixas primordialmente estéticas e com altas expectativas de resultado. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) ressalta que a Cirurgia Plástica é uma especialidade indivisível, não havendo uma fronteira entre o procedimento estético e o reparador – tudo é Cirurgia Plástica. Ou seja, toda Cirurgia Plástica tem componente estético e toda Cirurgia Plástica tem componente reparador. Todo o médico, mesmo aquele que não é Cirurgião Plástico, deve dominar uma série de quesitos para poder contribuir com a evolução satisfatória de uma cirurgia plástica. A obtenção do sucesso em uma Cirurgia Plástica vai depender da montagem de um complexo “quebra-cabeça” que passaremos a discutir a partir de agora: Vários aspectos devem ser observados e superados durante o planejamento e a execução de uma Cirurgia Plástica, entre eles, ressaltaremos os chamados “Três Pilares da Cirurgia Plástica”: Pilar 1: O Pré-operatório: A relação médico-paciente é fundamental para que uma Cirurgia Plástica seja bem conduzia e alcance o sucesso. No pré-operatório, precisamos esclarecer ao paciente que o principal objetivo da Cirurgia Plástica é a obtenção do melhor resultado possível para seu caso. Infelizmente, o resultado pós-operatório atingido (por melhor que ele seja) muitas vezes é insuficiente para satisfazer a expectativa do paciente. Essas expectativas – que sempre são elevadas - devem ser analisadas a partir das particularidades do caso do paciente, confrontando seu desejo corporal imaginário (ilusão), com as limitações físicas e com as limitações técnicas dos cirurgiões (realidade). Com freqüência, temos um confronto de Ilusão X Realidade nos consultórios de Cirurgia Plástica. É muito importante que o paciente tenha uma expectativa real sobre o seu caso, para que equívocos e frustrações sejam evitados. O paciente precisa saber no pré-operatório que Cirurgia Plástica não faz mágica ou milagre: ela apenas atenua imperfeições e minimiza 4 defeitos. Ele precisa ainda ser claramente informado que, quanto mais difícil e complexo for seu caso, menores serão os resultados. Além disso, devemos informá-lo que a Medicina não é uma ciência exata e que, independente da vontade do cirurgião plástico, todo procedimento cirúrgico (inclusive a Cirurgia Plástica) é passível de complicações e intercorrências. Isso precisa ficar claro, pois – de modo geral – o paciente acredita (ou quer acreditar) que a Cirurgia Plástica é 100% segura e livre de riscos, o que, definitivamente, não é verdade. Segundo a SBCP, outro aspecto importante a ser esclarecido ao paciente é que a Cirurgia Plástica, como toda a Medicina, não tem compromisso de resultado – e sim de meio. Um exemplo ilustrativo seria de explicar à paciente que, em uma cirurgia de aumento de mama com a utilização de implantes mamários, o objetivo da cirurgia é aumentar as mamas, e não deixá-las bonitas. Isso é decisivo na relação médico-paciente, pois definir o que é “bonito” é muito difícil e geralmente varia de pessoa para pessoa, de cultura para cultura e de tempo para tempo. A insatisfação do paciente passa muitas vezes pela falta de esclarecimento no pré- operatório, por isso dizemos que o pré-operatório também é um dos “Pilares da Cirurgia Plástica”. Pilar 2: O Trans-operatório Ressaltaremos alguns aspectos importantes: 1) Assepsia e anti-sepsia: Consiste em um dos mais importantes pontos, uma vez que a correta realização, tanto da assepsia quanto da anti-sepsia, faz com que a reação inflamatória no pós-operatório seja menor. Com a redução da flora patogênica, a injúria tecidual é minimizada e com isso uma melhor cicatrização é alcançada. Vários podem ser os materiais químicos utilizados nessa etapa, como por exemplo, soluções iodadas ou de clorexidina. Vale ressaltar que nenhum deles possui a capacidade de eliminação bacteriana completa, sendo fundamental a correta utilização das técnicas de lavagem das mãos, colocação de luvas e preparo da área a ser operada. Na lavagem das mãos faz-se necessária a consideração de que você é a área contaminada e o paciente é a limpa, sendo assim, a técnica adequada preconiza que todo o processo de lavagem seja desenvolvido na direção de seus dedos para o seu corpo (cotovelo) e etc. A perfeita colocação das luvas também garante que todo processo de lavagem das mãos não seja desperdiçado, uma vez que se algo saia errado, você deve considerar-se contaminado e tudo deverá ser reiniciado. Quanto ao tratamento da área a ser operada, vários pontos devem ser considerados: área aberta ou fechada, existência de pêlos, local e contaminação da área. 5 Se a área é fechada (ex: abdominoplastia clássica), a lavagem pode ser com a utilização direta de produtos degermantes. Em uma área aberta, os cuidados devem ser redobrados e não é prescrita a utilização de produtos químicos, uma vez que esses podem causar danos aos tecidos. O preparo deve ser então realizado coma lavagem da área com água ou soro fisiológico. A limpeza deve ser em abundância e de forma cuidadosa e enérgica para que detritos sejam retirados e sempre observando a integridade do local. A parte externa da área aberta deve ser preparada da mesma forma que a área fechada. A tricotomia deve ser realizada o mais próximo do período operatório, uma vez que o processo de raspagem dos pêlos acaba por produzir trauma nos tecidos e a proliferação de bactérias pode ser facilitada. No entanto, de modo geral, em algumas áreas, a tricotomia não deve ser realizada (ex: sobrancelhas), pois o tempo de crescimento dos folículos pode ser prolongado e pode-se ainda perder importantes limites anatômicos para o ato operatório. Dependendo do local a ser operado, o preparo deve ser ampliado, tanto em cuidados como nas etapas do processo de limpeza. Nas mãos e pés, merecem menção especial as unhas, que devem ser escovadase cortadas; já na boca, deve-se considerar essa uma área contaminada, uma vez que a mucosa fica em constante exposição direta com um meio extremamente contaminado. 2) Debridamento: O debridamento, ou desbridamento, nada mais é do que a retirada de tecidos desvitalizados. Faz-se necessário uma vez que sem irrigação, esses são como fonte de infecção e podem comprometer toda a área operada. No entanto, o debridamento deve ser realizado com atenção, em especial para que não seja retirado tecido em excesso ou em menores proporções. Caso seja em excesso, o montante retirado pode prejudicar o processo de coaptação de bordas e sutura. A tensão em excesso nos tecidos pode propiciar hipóxia tecidual, com desvitalização posterior de novas áreas. Não deve ser esquecido que durante o ato operatório o paciente pode estar sob regime de hipotensão arterial, sendo o fluxo sanguíneo da área operada diminuído, dando a impressão de uma área desvitalizada. A existência de corpos estranhos nos tecidos aumenta as probabilidades de processos infecciosos, inflamatórios e de rejeição dos mesmos. O debridamento amplo deve incluir a retirada de todo e qualquer corpo estranha à ferida. 3) Hemostasia: A hemostasia rigorosa, mas parcimoniosa e delicada, é de grande importância para todo o resultado final, uma vez que, dependendo de como foi realizada, pode prejudicar o resultado. Caso contrário, poderemos ter a formação de hematomas, com possibilidade de infecção 6 posterior. Caso seja realizada em excesso, pode determinar isquemia tecidual. Sendo assim, a hemostasia deve ser efetuada com muita atenção, sempre com o intuito de provocar o menor dano possível. A hemostasia poder ser realizada com o uso de fios cirúrgicos a partir da laqueadura dos vasos ou utilizando-se o eletrocautério. Quanto ao último, deve ser bem empregado e em atenção aos efeitos que ele pode proporcionar. Caso seja do tipo convencional, vale ressaltar dos perigos de queimaduras, uma vez que possui uma placa que é colocada sob o paciente, responsável pela recepção da carga elétrica. Caso a placa seja deslocada ou molhada, o local de recepção também sofrerá queimaduras. Toda a área existente entre o ponto de hemostasia e a placa receptora sofre ação da descarga elétrica, o que não acontece nos instrumentos bipolares. Esses são como uma pinça, onde a descarga elétrica e a recepção acontecem num mesmo ponto. A utilização de drenos pode ser realizada com a intenção de retirar fluidos ou secreções da área operada. A avaliação da quantidade drenada serve como parâmetro para avaliar a efetividade da hemostasia realizada e indicar a retirada do dreno ou a reintervenção cirúrgica. Vários são os modelos de dreno a serem utilizados, podendo ser laminado ou tubulares. 4) Técnica Atraumática: De nada é válido a realização de um pré-operatório exemplar, se o trans-operatório não for tecnicamente bem executado. O traumatismo cirúrgico deve ser minimizado, através de uma técnica atraumática. Para isso, uma série de cuidados devem ser tomados e um instrumental especial deve ser utilizado. Bordas cirúrgicas nunca devem ser manipuladas de forma grosseira, como, por exemplo, uma pressão em exagero com a utilização de pinças. Isso determina isquemia da região, fazendo com que o tecido permaneça desvitalizado. Ganchos e afastadores delicados podem ser utilizados. A exposição dos tecidos provoca desidratação e perda da vitalidade tecidual. Portanto, devemos manter as áreas expostas sempre recobertas com compressas úmidas durante a cirurgia. 5) Planejamento das Cicatrizes: É impossível que após uma sutura não ocorra a formação de uma cicatriz. Algumas pessoas possuem a idéia de que isso é conseguido através da Cirurgia Plástica. No entanto, o que ocorre é que o cirurgião plástico coloca as cicatrizes em posições adequadas, em que elas, com o tempo, sejam camufladas. Infelizmente, como já foi enfatizado, sempre teremos cicatrizes, mesmo em Cirurgia Plástica. 7 Uma maneira de amenizar a cicatriz é fazer com que a linha de sutura coincida com uma linha ou prega cutânea já existente no paciente. A colocação das cicatrizes nas Linhas de Langer proporciona resultados muito satisfatórios. As pregas e rugas cutâneas nada mais são do que o reflexo da contração muscular crônica e repetida. A força de tensão acaba por formas linhas perpendiculares à contração muscular, e as cicatrizes colocadas nestas posições acabam por ficarem menos aparentes. Outra maneira de fazer com que as cicatrizes se tornem menos perceptíveis é colocá-las em uma área de camuflagem natural. Isso pode ser conseguido deixando as linhas de suturas atrás das orelhas, em linhas de contorno como a transição aréola-pele da mama, sulco submamário, região do sulco palpebral, por exemplo. Com isso, a cicatriz torna-se menos evidente e o resultado é mais agradável. A idade do paciente é outro fator que pode ser determinante de cicatrizes mais ou menos perceptíveis, uma vez que crianças e jovens possuem uma capacidade de regeneração muito maior, a cicatriz se faz muito mais eficiente, porém torna-se mais visível e exuberante. Já em adultos e idosos, a cicatriz é menos aparente, uma vez que possui menor força de tensão e menor quantidade de colágeno. Somado ao fator idade, temos também a raça do paciente como fator decisivo na qualidade cicatricial. A incidência de quelóides e de cicatrizes hipertróficas é muito maior em negro e em orientais. Para um melhor resultado da cirurgia, convém o estudo prévio de cicatrizes já existentes no paciente para que se observe como elas se comportaram. Outro aspecto que pode prejudicar a qualidade das cicatrizes é a área do corpo operada. Devido às linhas de tensão envolvidas no processo de cicatrização, de acordo com o local onde se encontra a cicatriz, teremos um resultado diferente. Por exemplo: região de ombro e tórax superior, em que, devido aos movimentos próprios dessa área - sujeitos a muitas forças de tensão, de modo geral temos cicatrizes de qualidade inferior, com hipertrofias e quelóides. Já na face, em áreas como pálpebras, onde as forças de tensão existentes são mínimas, as cicatrizes geralmente são quase que imperceptíveis. Vale ressaltar que de acordo com a área, maior ou menor será o tempo de cicatrização, e em consequência, o tempo de repouso também deve ser modificado. Por exemplo: na face, 5 a 7 dias são geralmente suficientes para que as fibras de colágeno coloquem-se de forma que a cicatriz já esteja suficientemente estável – autorizando a retirada dos pontos e a microporagem pós-operatória. Por outro lado, esse período não é geralmente suficiente para uma cicatriz nos ombros ou membros inferiores, sendo necessários mais de 10 dias para que o mesmo resultado seja alcançado. Infelizmente, independente da atuação do Cirurgião Plástico, o principal fator envolvido no aspecto final da cicatriz é a genética do paciente - as características próprias do paciente definirão a qualidade da cicatriz. Pilar 3: O Pós-operatório 8 Diferentemente de outras especialidades cirúrgicas, na Cirurgia Plástica, o pós-operatório é tão ou mais importante que as outras fases da cirurgia. O paciente deve entender que ele é parte da equipe que o está tratando – isso o envolve no tratamento e os resultados são potencializados. Cabe orientá-lo que equimoses e edemas são esperados nos locais operados. Estes eventos pioram progressivamente até o quinto dia de pós-operatório, quando iniciam um lento processo de redução, retornando à normalidade somente após 8-12 meses. As refeições devem ser leves e com líquidos em abundância. O pacientedeve evitar comidas gordurosas e de difícil digestão (frituras e doces), preferindo alimentos ricos em proteínas (carnes magras e verduras). De modo geral, a drenagem linfática é benéfica para o sucesso da cirurgia. Ela ajudará a reduzir o edema e as equimoses dos tecidos e, principalmente, a dor no pós-operatório. A aplicação de compressas geladas nas áreas operadas, por cerca de 30 minutos, 3-6 vezes ao dia contribui para uma melhora mais rápida do paciente. O calor é prejudicial para a cirurgia no pós-operatório imediato, pois acentua o edema, prejudicando o resultado da cirurgia e facilitando o alargamento das cicatrizes. Recomendamos que o paciente permaneça em um ambiente com ar condicionado (com cerca de 20 graus). O uso do modelador é recomendado, dependendo do caso e da cirurgia, 24h por dia, por 60 dias. O paciente deve ficar atento para que o modelador não fique com sulcos ou dobras: isso poderá prejudicar o resultado. A hidratação das áreas operadas é muito importante para a recuperação e proteção da pele no pós-operatório. Recomendamos a aplicação de hidratantes 2 x ao dia por 60 dias. ORIENTAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM CIRURGIA PLÁSTICA Inicialmente é necessário que classifiquemos a cirurgia em um dos seguintes critérios: 9 1- CIRURGIA LIMPA – Geralmente eletivas, na ausência de processo infeccioso local, em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação. Ex: cirurgia plástica eletiva sem inserção de prótese. 2- CIRURGIA POTENCIALMENTE CONTAMINADA - São aquelas realizadas em tecidos não supurados, que albergam flora microbiana própria, pouco numerosa e de difícil descontaminação. Ex: cirurgia conjuntiva ocular, ouvido externo. 3- CIRURGIAS CONTAMINADAS – São aquelas realizadas na ausência de supuração franca, em tecidos com microbiota própria abundante de fácil descontaminação. Ex: cirurgia do trato respiratório alto e cavidade bucal, cirurgias otorrinolaringológicas e de cabeça e pescoço e alguns tipos de traumatismos recentes (até 6 h). 4- CIRURGIAS INFECTADAS – São aquelas realizadas em tecidos que apresentam supuração local, bem como as feridas traumáticas ocorrida há mais de 6 h com sujidades grosseiras, fraturas expostas, perfurações de vísceras ocas. Nesses casos o antibiótico deve ser usado de forma terapêutica. 5- SITUAÇÕES ESPECIAIS – Procedimentos instrumentais diagnósticos e terapêuticos, cirurgia oncológica e etc. Taxa de infecção da ferida operatória, conforme sua classificação CLASSIFICAÇÃO TAXA DE INFECÇÃO OPERATÓRIA FERIDA LIMPA 1 A 5% FERIDA PONT. CONTAMINADA 3 A 11% FERIDA CONTAMINADA 10 A 17% FERIDA SUJA 27% 10 Devemos orientar o paciente com as seguintes instruções: 01 – BANHO: • Sabão comum no pré-operatório ou na véspera para as cirurgias eletivas; • Uso de anti-séptico (clorexidine ou mesmo PVPI degermante) nas cirurgias limpas com implante de próteses; 02 – TRICOTOMIA: • Somente nos casos que possam atrapalhar o campo cirúrgico; • Econômica e imediatamente antes da cirurgia (no centro cirúrgico); • Não usar lâminas. Dar preferência aos tricotomizadores elétricos; • Nas cirurgias de grande porte ou de alto risco para o paciente caso adquira infecção, utilizar obrigatoriamente tricotomizador elétrico; 03 – ANTIBIÓTICOS: • Tratar infecções prévias antes da cirurgia, pelo menos 72 h com antibiótico eficaz; • Utilizar antibioticoprofilático conforme padronização da CCIH, indicado para cada cirurgia, cerca de 30 minutos antes da incisão cirúrgica; repetir a dose do antibiótico no trans- operatório quando necessário. 04 – CONTROLE DE GLICEMIA: • Controle de glicemia no pré-operatório (glicemia capilar às 6h) e controle de glicemia no pós-operatório nos primeiros dois dias – manter abaixo de 200 mg/dl. 05 – CUIDADOS DA EQUIPE CIRÚRGICA: Usar técnica operatória rigorosa e criteriosa; 11 • EM CASO DE QUEBRA DE TÉCNICA, LAVAR ABUNDANTEMENTE O CAMPO E TROCAR O MATERIAL OU LUVA QUE SE CONTAMINARAM (ANTIMICROBIANOS NÃO REDUZEM O RISCO DE INFECÇÃO NESSES CASOS). • Lavagem das mãos da equipe cirúrgica com Clorexidine ou PVP-I durante 5 minutos na primeira cirurgia e 2 minutos nas subsequentes; • Trocar de luvas se ocorrer perfuração ou após contato com a parte contaminada da cirurgia; • Todos que adentrarem na sala cirúrgica devem utilizar equipamentos protetores obrigatórios e de forma adequadas (máscara que cubra toda a boca e o nariz e gorro que cubra todo o cabelo, em profissionais com barba utilizar máscara que cubra toda a barba, trocar de máscara quando a mesma estiver úmida e a cada cirurgia); • Remover anéis, pulseiras e relógios. • Não circular com roupa de uso restrito ao centro cirúrgico em outras áreas hospitalares. 06 - CUIDADOS COM O AMBIENTE: • Falar o estritamente necessário. O silêncio no centro cirúrgico deve ser mantido; • Evitar número elevado de pessoas na sala cirúrgica; • Manter portas fechadas; • Preferir deixar as cirurgias contaminadas para o final; • Não entrar em campo caso apresente quadro agudo de doença infecciosa transmissível. 07 - CONTROLE DE HIPOTERMIA: • Evitar hipotermia (temp. abaixo de 36,5 graus Celsius) do paciente, não usando temperatura muito baixas na sala, manter em torno de 20 a 23 graus, dependendo da temperatura ambiente. 08 - PREPARO DO CAMPO OPERATÓRIO: • Primeiramente deve ser degermado com solução anti-séptica (PVP-I ou Clorexidine), depois realizar aplicação de anti-séptico à base de álcool (PVP-I ou Clorexidine), com o mesmo princípio ativo da solução anti-séptica degermante, durante 5 minutos obrigatoriamente 12 09 - INTERNAÇÃO PRÉ- OPERATÓRIA: • Limitar o tempo de internação pré-operatória; • Aferir sinais vitais antes do encaminhamento do paciente ao centro cirúrgico; • Sondagem vesical deve ser feita no centro cirúrgico e retirar assim que possível no pós- operatório. 10 - MATERIAL CIRÚRGICO: • Certifique-se que todo o material cirúrgico está devidamente esterilizado. Nota: Quando houver necessidade de realizar procedimentos fora do centro cirúrgico, usar paramentação cirúrgica completa, campos cirúrgicos ampliados e fazer degermação das mãos seguido de degermação e anti-sepsia da pele do paciente. ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA PLÁSTICA 1- Indicação apropriada; 2- Determinar flora provável em uma infecção pós-operatória; 3- Administrar dose efetiva na indução anestésica; 13 4- Administrar antibiótico endovenoso; 5- Uso de antibióticos por curto período (em geral dose única); 6- Mudar de antibiótico caso haja evidência de infecção; 7- Evitar drogas úteis em caso de infecções graves; 8- Quando indicados Cefazolina/Cefalotina usar 1g/EV para pacientes até 70 kg e 2 g EV para pacientes > 70 kg; 9- Ver tabela (abaixo). 14 PROCEDIMENTO ANTIBIÓTICO DOSE NA INDUÇÃO INTERVALO DURAÇÃO INTRA- OPERATÓRIO PÓS- OPERATÓRIO Estéticas: Abdominoplastia Blefaroplastia Lipoaspiração Mamoplastia redutora Otoplastia Ritidoplastia Opcional (mas geralmente utilizado): Cefazolina 1-2 g EV 1 g 4/4 h Não indicada Intra- operatório Estética com prótese: Mamoplastia com colocação de próteseCefazolina 1-2 g EV 1 g 4/4 h Não indicada Intra- operatório Cirurgia de mão: Bridas Sindactilia Opcional: Cefazolina 1-2 g EV 1 g 4/4 h Não indicada Intra- operatório Queimados internados: Enxerto /Retalho De modo geral: idem a cirurgia reparadora (abaixo). Casos especiais: colher swab no planejamento operatório. A antibioticoprofilaxia deverá ser feita de acordo com os resultados de cultura e antibiograma. Manter por 24 h Reparadora: Craniofacial (congênitas, trauma) Microcirurgia Reconstrução de mama Seq. Queimaduras Enxertos Retalhos Cefazolina 1-2 g EV 1 g 4/4 h Não indicada Intra- operatório 15 DIRETRIZES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ABORDAGEM INICIAL DAS QUEIMADURAS No Brasil, as queimaduras representam um agravo significativo à saúde pública. Algumas pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados no País, a maior parte ocorre nas residências das vítimas e quase a metade das ocorrências envolve a participação de crianças. Entre as queimaduras mais comuns, tendo as crianças como vítimas, estão as decorrentes de escaldamentos (manipulação de líquidos quentes, como água fervente, pela curiosidade característica da idade) e as que ocorrem em casos de violência doméstica. Por sua vez, entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes ocorrem em situações de trabalho. Os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à sua idade avançada. Já para as mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas (como cozimento de alimentos, riscos diversos na cozinha, acidentes com botijão de gás etc.) e, eventualmente, até as tentativas de autoextermínio (suicídio). De uma forma geral, para toda a população, as queimaduras devido ao uso de álcool líquido e outros inflamáveis são as predominantes. Outras formas muito comuns de queimaduras são as que ocorrem por agentes químicos e as decorrentes de corrente elétrica. Estas são as mais frequentes no atendimento às vítimas em centros de tratamento de queimaduras. As queimaduras químicas são produzidas por agentes ácidos ou por bases e são capazes de causar, além do dano cutâneo ou no trato respiratório, alterações sistêmicas diversas. Por sua vez, as queimaduras elétricas são geralmente muito agressivas. Muitas vezes, suas vítimas são trabalhadores que sofrem tais agravos no exercício de seu ofício profissional. A seguir: as diretrizes do Ministério da Saúde para o tratamento a pacientes portadores de queimaduras. As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Tais agravos podem ser classificados como queimaduras de primeiro grau, de segundo grau ou de terceiro grau. Esta classificação é feita tendo-se em vista a profundidade do local atingido. Por sua vez, o cálculo da extensão do agravo é classificado de acordo com a idade. Nestes casos, normalmente utiliza-se a conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ). Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do paciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ. 16 A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente. TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADURAS 1. Tratamento imediato de emergência: • Interrompa o processo de queimadura. • Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses. • Cubra as lesões com tecido limpo. 2. Tratamento na sala de emergência: ABCDE a. Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer tipo de obstrução. b. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas. Atenção: na suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória: • Mantenha a cabeceira elevada (30°). • Indique intubação orotraqueal quando: a escala de coma Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for menor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na gasometria; a dessaturação for menor do que 90 na oximetria; houver edema importante de face e orofaringe. Atenção, na dúvida proceda a intubação. Lembre que o edema progride rapidamente e as conseqüências de uma demora serão sérias. c. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso). d. Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. 17 e. Exponha a área queimada. f. Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade rêmora desta utilize acesso venoso central. Lembre: o acesso central não está indicado rotineiramente. g. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças. 3. Profundidade da queimadura: a. Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: • Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. • Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. b. Segundo grau (espessura parcial-superficial e profunda): • Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. • Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. • Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda). • A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. c. Terceiro grau (espessura total): • Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas. • É indolor. • Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida. • Possui textura coreácea. • Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada também para o segundo grau profundo). 4. Extensão da queimadura (superfície corpórea queimada – SCQ). • Regra dos nove (urgência). • A superfície palmar do paciente representa cerca de 1% da SCQ. • Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e 18 tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados. 5. Cálculo da hidratação: Fórmula de Parkland = 4 ml x % SCQ x peso (kg): • Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC)devem ter seu tratamento iniciado com 2 ml/kg/%SCQ e necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. • Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato). • Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes. Considere as horas a partir da hora da queimadura. • Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. • No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5 a 2 ml/kg/hora ou até o clareamento da urina. • Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário. • Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de colóide (ex: albumina), sangue, diurético, antibióticos profiláticos e drogas vasoativas. 6. Tratamento da dor: Instale acesso intravenoso e administre: • Para adultos: Dipirona 1 grama IV, ou Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. • Para crianças: Dipirona 25mg/kg IV; ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. 7. Gravidade da queimadura - Condições que classificam queimadura grave: • Extensão maior do que 20% de SCQ em adultos. • Extensão maior do que 10% de SCQ em crianças. • Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos. Presença de lesão inalatória. • Politrauma e doenças prévias associadas. 19 • Queimadura química. • Trauma elétrico. • Áreas nobres/especiais. • Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. 8. Medidas gerais imediatas e tratamento da ferida: • Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. • Administre toxóide tetânico para profilaxia/reforço antitétano. • Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse. • Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. • Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. • Curativo exposto na face e no períneo. • Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. • Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático (ATBP) apenas às queimaduras potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Atenção: o ATBP não está indicado de forma rotineira. • Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via. • As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. • Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais. Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais. • Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. 20 9. Trauma elétrico: • Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas). • Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente. • Avalie a extensão da lesão e a passagem da corrente. • Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB). • Procure sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma. • Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. • Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço, o braço e os membros inferiores e verifique a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais segmentos. 10. Queimadura química: • A equipe responsável pelo primeiro atendimento deve utilizar proteção universal para evitar o contato com o agente químico. • Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico. Avalie a concentração, o volume e a duração de contato. • Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas e retire o excesso do agente causador. • Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó. • Dilua a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares. • Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato com o centro toxicológico mais próximo. • Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a aplicação por via endovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe laboratorialmente a reposição do cálcio iônico. 21 • Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante 20 minutos (para atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos. • Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao centro (assepsia normal). • Nos casos associados à dificuldade respiratória, poderá ser necessária a intubação endotraqueal. 11. Infecção da área queimada: São considerados sinais e sintomas de infecção em queimadura: • Mudança da coloração da lesão. • Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado. • Aprofundamento das lesões. • Mudança do odor (cheiro fétido). • Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida. • Coloração hemorrágica sob a escara. • Celulite ao redor da lesão. • Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados). • Aumento ou modificação da queixa dolorosa. 12. Critérios de transferência de pacientes para unidades de tratamento de queimaduras: • Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos. • Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da SCQ em crianças ou maiores de 50 anos. • Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão. • Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações. • Queimadura elétrica. • Queimadura química. • Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou de membros. 22 Doenças associadas, tentativa de autoextermínio (suicídio), politrauma, maus-tratos ou situações sociais adversas. • A transferência do paciente deve ser solicitada à unidade de tratamento de queimaduras (UTQ) de referência, após a estabilização hemodinâmica e as medidas iniciais, com leito de UTI reservado para queimados. • Pacientes graves somente deverão ser transferidos acompanhados de médico em ambulância com UTI móvel e com a possibilidade de assistência ventilatória. • O transporte aéreo para pacientes com trauma, pneumotórax ou alterações pulmonares deve ser realizado com extremo cuidado, pelo risco de expansão de gases e piora clínica. • As UTQs de referência sempre têm profissionais habilitados para dar orientações sobre o tratamento completodas vítimas de queimaduras. • A transferência do paciente deve ser solicitada à UTQ de referência após a estabilização hemodinâmica e as medidas iniciais. • Envie sempre relatório com todas as informações colhidas, as anotações de condutas e os exames realizados. 23 Introdução ao Tratamento das Queimaduras - SBCP O conceito de Queimadura é bastante amplo, mas basicamente podemos entender como uma queimadura toda a lesão de tecido orgânico, com destruição do revestimento epitelial, a partir de um agente agressor externo. A gravidade da queimadura também pode ser ampla, podendo variar desde lesões mais simples, que se apresentam apenas com eritema e flictenas, até formas graves, capazes de desencadear um grande número de respostas sistêmicas na vítima. As queimaduras podem ser de 4 tipos: térmica, elétrica, química ou biológica, dependendo do mecanismo de agressão e de seu agente. No Brasil, o tipo de queimadura mais comum é a térmica, acometendo principalmente crianças abaixo de 5 anos de idade. As queimaduras são classificadas de acordo com sua profundidade em: Queimadura de Primeiro Grau: atinge somente a epiderme, não provoca alteração sistêmica, hemodinâmica ou clínica significativas, tem epitelização completa em cerca de 3-6 dias, sem deixar cicatrizes. Caracteriza-se basicamente pela dor, as vezes importante, e pelo eritema acentuado e persistente. Um exemplo clássico é a queimadura solar. Queimadura de Segundo Grau: atinge a epiderme e parte da derme. Clinicamente se apresenta com bolhas ou flictenas, hiperemiadas ou não. Preserva os anexos cutâneos, os quais são os responsáveis pelo processo de reepitelização (glândulas sudoríparas e folículos pilosos). Dependendo da profundidade na derme, são classificadas em Queimadura de Segundo Grau Superficial e em Queimadura de Segundo Grau Profundo. As primeiras atingem basicamente a camada papilar da derme. Caracterizam-se por terem uma superfície rósea abaixo da epiderme descolada na flictena ou bolha. São muito dolorosas, cicatrizam em cerca de 15 dias e geralmente, se bem conduzidas, não deixam cicatrizes. As de segundo grau profundo caracterizam-se por acometerem as camadas mais profundas da derme, por serem menos dolorosas e por terem uma superfície mais esbranquiçada abaixo do tecido descolado. A reepitelização é mais lenta, demorando cerca de 30 dias, evoluindo normalmente com cicatrizes. Um exemplo clássico é a queimadura com líquido superaquecido. Queimadura de Terceiro Grau: são profundas, acometem a epiderme, a derme e os tecidos mais profundos, atingindo o tecido celular subcutâneo (TCSC). Não são dolorosas, pela destruição das terminações nervosas sensitivas dérmicas. Não reepitelizam espontaneamente devido a destruição completa dos anexos cutâneos. Apresentam um aspecto céreo, endurecido, “tipo couro”. Têm consistência endurecida, podendo apresentar por transparência vasos trombosados. Deixam sequelas cicatriciais graves, com contraturas e retrações. Alguns autores classificam ainda as queimaduras graves que acometem tecidos profundos, como tendões, músculos e ossos em Queimadura de Quarto Grau. 24 Atualmente a tendência da literatura é classificar as queimaduras em: Queimadura de Espessura Parcial Superficial: incluindo as Queimaduras de Primeiro Grau e as queimaduras de Segundo Grau Superficial. Queimadura de Espessura Parcial Profunda: incluindo as Queimaduras de Segundo Grau Profundo. Queimadura de Espessura Total: incluindo as Queimaduras de Terceiro Grau. Fisiopatologia: A fisiopatologia das queimaduras é basicamente dividida em dois aspectos principais: No aumento da permeabilidade capilar e no edema tecidual. Com o trauma determinado pela queimadura, temos a exposição de colágeno e consequente ativação e liberação de histamina pelos mastócitos – provocando aumento da permeabilidade capilar e edema. Ativam-se ainda o sistema da calicreína, produzidas pelas cininas, e as prostaglandinas, determinando um aumento ainda maior na permeabilidade capilar, provocando acentuação no edema e gerando hipovolemia. A dificuldade de manter o líquido no intravascular atinge seu auge em cerca de 8h após a queimadura. Inicialmente, essas alterações se dão exclusivamente na área queimada, mas repercutem em todo o organismo. As moléculas de alto peso molecular migram para o interstício, levando consigo grandes volumes de líquido, reduzindo o volume circulante intravascular – contribuindo para o choque hipovolêmico. A diminuição do volume circulante eleva os níveis do hormônio anti-diurético, retendo Sódio e excretando Potássio nos rins. Além disso, a alteração na polaridade da membrana celular determina a migração de Sódio e água para o intracelular e a saída de Potássio. Assim, entende-se que a alteração na permeabilidade capilar é considerada o fator de maior impacto na chamada “Fase de Choque do Queimado”. Esse fenômeno, se bem conduzido e tratado, tende a ceder em 24h após a queimadura. Por isso, devemos infundir apenas cristalóides nas primeiras 24h de queimadura, deixando os colóides para a segunda fase do tratamento se necessário. Se infundirmos colóides nas primeiras 24h (período de aumento na permeabilidade capilar) teremos uma acentuação substancial no edema tecidual, que passará de local, para sistêmico, agravando a condição clínica do paciente. Abordagem primária do paciente queimado: 25 A avaliação inicial equivale a de qualquer paciente vítima de trauma, preconizada pelo ATLS. Uma modificação minemônica inteligente é a preconizada pelo Advanced Burn Life Support que é o ABCDEF: A: Via aérea; B: Ventilação; C: Circulação; D: Déficit neurológico; E: Exposição F: Fluidos (reposição vigorosa de fluidos: Ringer Lactato (RL)) via veia periférica de grosso calibre. Durante a abordagem inicial, simultaneamente, devemos identificar possíveis lesões associadas, colher história detalhada do trauma, circunstâncias da lesão, antecedentes do paciente e etc. Resumo das Condutas Básicas (também chamado de “Princípios do Controle do Dano”): 1) Parar a queimadura (irrigação abundante e prolongada do local atingido). 2) Estimar a Superfície Corporal Queimada (SCQ). 3) Oferecer oxigênio suplementar (se SCQ>20%), intubação endotraqueal precoce se necessário. 4) Hidratação vigorosa (2-4ml de RL X Peso Corporal em Kg X SCQ), sendo que o volume total deve ser oferecido em 24h da seguinte forma: 50% do volume deve ser infundido nas primeiras 8h de queimadura, 25% nas próximas 8h e 25% nas 8h restantes. 5) SNG (se SCQ>20%). 6) Sonda de Foley. 7) Analgesia: Morfina IV. 8) Avaliar pulsos periféricos. 9) Estimar a limitação para ventilação. 10) Oferecer apoio emocional e para controle do suicídio. 11)Bloqueadores H2 ou Bomba de Prótons (se SCQ>20%). 12) Atenção: NÃO usar antibióticos profiláticos 13) Atenção: NÃO usar Diuréticos 14)Atenção: NÃO usar Corticóides Cálculo da SCQ: Em 1951, Wallace propôs um método não muito preciso, mas suficientemente acurado para servir de avaliação inicial aproximado da SCQ: “Regra dos Nove” = 9% para a cabeça, 9% para cada Membro Superior, 18% para cada membro inferior, 18% para o tronco anterior e 18% para o tronco posterior; e 1% para o pescoço. 26 Outro método de aceitável precisão é usarmos a área da palma da mão da vítima para estimar o equivalente a 1% da sua superfície corporal. Nos centros especializados para tratamento de queimados (CTQs), utiliza-se a Tabela de Lund e Browder, que é mais acurada e específica, pontuando valores diferentes para áreasdiferentes do corpo e variando com a idade do paciente. Na emergência, cabe ressaltar que o cálculo da SCQ é inexato (pois a queimadura ainda está em definição) e serve para estimar a gravidade do quadro e o volume líquido a ser infundido inicialmente. Critérios de Internação: O critério de internação é individual e muito variável, mas de modo geral interna-se o paciente: Adulto com >20% SCQ de Segundo Grau ou mais; e Crianças com >10% SCQ de Segundo Grau ou mais. Devemos internar ainda pacientes com queimadura em áreas de risco (face, genitais, etc); pacientes com comorbidades; vítimas de queimaduras elétricas, químicas, de via aérea; vômitos; condições sociais de risco. Na dúvida: devemos hospitalizar o paciente, por pelo menos 24h, e reavaliá-lo após o período inicial de hidratação.T Reposição Volêmica: Universalmente utilizada, a Fórmula de Parkland preconiza a infusão de 4 ml de RL X Peso Kg X %SCQ, oferecendo 50% nas primeiras 8h (contadas do horário da queimadura e não da chegada no hospital). Os 50% restantes são infundidos nas 16h restantes. Na verdade, este cálculo é APENAS uma estimativa inicial do volume a ser infundido. Atenção: a quantidade real de líquido a ser infundida nas primeiras 24h será titulada a partir do volume urinário do paciente. O objetivo será mantermos a diurese horária em pelo menos 0,5 ml/kg (nas queimaduras elétricas: 1-2 ml/kg). Se o volume calculado inicialmente não for suficiente para manter a diurese nestes níveis: aumentaremos a infusão ou alteraremos a conduta (soluções hipertônicas). Se a diurese for facilmente obtida (ou superada) poderemos reduzir a infusão. De modo geral, após o período inicial das primeiras 24h, o volume de hidratação deve ser controlado pela diurese do paciente, sendo esta mantida entre 30-50ml/h. 27 Em queimaduras elétricas este volume deve aumentar, sendo que devemos obter uma diurese de 75-100ml/h. Se houver mioglobinúria, podemos utilizar um diurético osmótico (manitol 12,5g por litro de líquido reposto). Podemos ainda alcalinizar a urina com Bicarbonato de Sódio, visto que os pigmentos da Heme são mais solúveis em meio alcalino. Importante: Para calcular o número de gotas por minuto: Os níveis glicêmicos devem ser monitorados frequentemente, especialmente em lactentes. Se hipoglicemia: acrescenta-se 5%de glicose ao RL. Geralmente, inicia-se com Albumina IV no segundo dia de internação, com o objetivo de restaurar a pressão coloidosmótica. A infusão de albumina é então mantida durante todo o período de hidratação. Imunização do Tétano: O esquema de profilaxia vai variar de acordo com a imunização prévia do paciente e com as características do ferimento (toxóide tetânico e globulina hiperimune). Tratamento Tópico da Queimadura: Nos anos 1960, introduziu-se o tratamento tópico com antibióticos nos pacientes queimados, sendo que a mortalidade apresentou sua maior queda histórica. Desde então, a terapia tópica vem evoluindo e atualmente, nos CTQs utilizam-se os seguintes tratamentos: Sulfadiazina de Prata 1%: fármaco de escolha na maioria dos CTQs. Efeito adverso: Leucopenia transitória. Aplicação pode ser de12/12h. Tem amplo espectro, mas geralmente é ineficaz contra o enterococos. Nitrato de Cério: é um imunomodulador, se fixa ao Polímero Lipoproteico (LPC), metabólito tóxico presente na pele queimada, formando uma barreira que impede a entrada de elementos tóxicos na circulação. Ele penetra da escara da queimadura. Geralmente é associado à Sulfadiazina de Prata 1%. Mafenide 11%: boa opção para Pseudomonas.Tem especial indicação para ferimentos infectados, com pus ou profundos. Penetra muito bem na queimadura. Como efeito adverso, o Mafenide inibe a anidrase carbônica, levando o paciente a perda renal de bicarbonato, acidose metabólica e hiperventilação compensatória. A aplicação é dolorosa. É bem indicado na prevenção de condrite nas orelhas. 28 Dependendo da área acometida pela queimadura e da experiência do CTQ, o curativo do queimado pode ser aberto ou fechado (oclusivo). Por exemplo: as queimaduras na face e nos genitais geralmente são conduzidas com curativos abertos, já queimaduras em membros: curativos oclusivos. Tratamento Cirúrgico da Queimadura: A abordagem cirúrgica atual das queimaduras é mais agressiva e invasiva, sendo que o objetivo é transformar uma queimadura em uma ferida cirúrgica e enxertá-la. Com isso, os resultados de redução de mortalidade e recuperação funcional apresentaram melhora. Geralmente, ainda na primeira semana de internação, inicia-se com as excisões precoces das áreas queimadas. Realiza-se o debridamento e a enxertia de segmentos queimados. 29 RETALHOS FASCIOCUTÂNEOS O retalho fasciocutâneo (RFC) por definição é a transferência de um conjunto de tecidos (pele, tecido celular-subcutâneo e fáscia muscular) de um local do organismo para outro, mantendo-se um pedículo vascular. A grande diferença do RFC para o retalho cutâneo, por exemplo, é a presença da fáscia muscular profunda no retalho, o que aumenta significativamente a vascularização do mesmo, minimizando as chances de necrose e potencializando suas indicações. Os RFC são o procedimento de escolha em diversas situações em que, por exemplo, desejamos a reparação de lesões ou a cobertura de defeitos por perda de substância. Histórico: Manchot, em 1889, descreveu os vasos septocutâneos; Esser, em 1918, e posteriormente Gilles, propuseram a inclusão da fáscia muscular profunda nos retalhos cutâneos, com o objetivo de melhorar sua vascularização. A Segunda Guerra Mundial, com o aumento na gravidade dos traumas e das suas sequelas, demonstrou a necessidade do desenvolvimento de novas técnicas para cobertura e reparação de defeitos, especialmente nos membros inferiores e na face. Em 1964, Spadafora descreveu o primeiro RFC. Mas foi com Pontén, em 1981, que os RFC ganharam importância no arsenal dos cirurgiões plásticos. O autor apresentou seu trabalho no congresso britânico de cirurgiões plásticos, demonstrando a importância da presença da fáscia profunda para a reconstrução de feridas no terço inferior da perna através de RFC. Anatomia vascular: uma das descobertas mais importantes sobre os retalhos foi a verificação de que sua sobrevivência não dependia diretamente da largura de sua base (tamanho do “pedículo”), mas sim da quantidade e do comprimento dos vasos sanguíneos a ele incorporados. Desta forma, entende-se que a sobrevivência de um retalho depende do conhecimento da anatomia vascular da região a ser operada. Basicamente, o sistema vascular cutâneo é constituído de 3 tipos arteriais: as artérias cutâneas diretas, as artérias septocutâneas e as artérias musculocutâneas. Este sistema complexo forma diversas anastomoses entre si, formando os plexos vasculares fascial, subcutâneo, subdérmico, dérmico e subepidérmico. Certas redes vasculares formam unidades vasculares bem delimitadas chamadas de ANGIOSSOMOS, vascularizados por artérias específicas e muito utilizados na confecção dos RFC. Arquitetura arterial dos RFC: composta basicamente pelas artérias cutâneas diretas (diretamente da artéria segmentar para o subcutâneo e pele); artérias perfurantes musculocutâneas; artérias septocutâneas (nos membros superiores e inferiores, originam-se no tronco arterial, no nível do septo intermuscular, perfurando a fáscia e irrigando a pele e o subcutâneo do local) e as artérias neurocutâneas (que acompanham os nervos sensitivos superficiais). 30 A drenagem venosa é concomitante e paralelaao suprimento arterial. Entre as arteríolas e as vênulas há uma importante rede capilar terminal, formando um sistema anastomótico suplementar: plexo dérmico e subdérmico, sendo o último considerado fonte primária de sangue para a pele. CLASSIFICAÇÃO DOS RFC Cormack e Lamberty, em 1984, classificaram os RFC em A, B, C e D: Tipo A: RFC irrigado por múltiplas artérias fasciocutâneas, orientadas no sentido do maior eixo do retalho, ex: Retalho Deltopeitoral (Bakamjian). Tipo B: RFC irrigado por apenas uma artéria fasciocutânea calibrosa, ex: Retalho da artéria temporal (Washio). Tipo C: RFC irrigado por múltiplas artérias perfurantes septocutâneas, distribuídas ao longo do retalho, ex: Retalho radial do antebraço (Chinês). Tipo D: retalho osteomiofasciocutâneo ou osteomioseptocutâneo livre, ex: Retalho livre para reconstrução de mandíbula. Mathes e Nahai, em 1997, simplificaram a classificação dos RFC, o que ampliou e facilitou sua utilização. Eles classificaram os RFC em 3 tipos: A, B e C. Tipo A: RFC irrigado por uma artéria cutânea direta, ex: Retalho inguinal (artéria ilíaca circunflexa superficial); Retalho Frontal (art. Temporal Superficial). Tipo B: RFC irrigado por múltiplas artérias septocutâneas. Tipo C: RFC irrigado por um pedículo miocutâneo, ex: Retalho Nasolabial ou Nasogeniano (art. Angular), Frontal Mediano, Deltopeitoral (ramos perfurantes da artéria mamária interna). Os RFC ainda podem ser classificados de acordo sua estrutura em: fasciocutâneos, fasciosubcutâneos, fasciofascial ou fasciocutâneo de pedículo fasciosuncutâneo. Aplicações clínicas e vantagens dos RFC: Os RFC são muito versáteis e seguros, podendo ser realizados onde houver uma fáscia adjacente ao plano muscular. Os RFC não devem ser vistos como substitutos dos retalhos musculares ou músculo-cutâneos e sim como uma alternativa ou como um procedimento complementar. Caracterizam-se por serem retalhos menos espessos, de fácil dissecção e transposição, com vascularização segura, causam menos sequelas estéticas e funcionais na área doadora, 31 principalmente devido a preservação muscular. As principais indicações dos RFC são as cirurgias reparadoras de membros inferiores, exposição de ossos, artérias e tendões, ressecções tumorais e correções de retrações cicatriciais. Descrição dos principais RFC: RFC frontal mediano (Indiano ou Susruta): tipo C, vascularizado pela artéria supra-troclear e, eventualmente, supra-orbitária. Indicado para reconstruções nasais e da região orbital. RFC frontal: tipo A, vascularizado pela artéria temporal superficial, podendo ser peninsular ou em ilha. Indicado para reconstruções do terço médio da face e cavidade oral. RFC naso-labial ou nasogeniano: tipo C, vascularizado pela artéria angular. Indicado para reconstruções nasais e da região de lábio superior. RFC deltopeitoral (Bakamjian): tipo C, vascularizado pelos três primeiros ramos perfurantes da artéria mamária interna. Indicado para reconstruções de região cervical e terço inferior da face. RFC Inguinal (Groin Flap): tipo A, vascularizado pela artéria ilíaca circunflexa superficial. Indicado para reconstruções de abdome inferior e coxa. RFC radial do antebraço: tipo B, vascularizado pela artéria radial. Inervado pelo nervo cutâneo medial e lateral do antebraço. Indicado para reconstruções de mão. 32 RETALHOS MUSCULARES E MÚSCULOCUTÂNEOS O Retalho Muscular (RM), por definição, é a transferência de um músculo de um local do organismo para outro, mantendo-se um pedículo vascular – chamado, neste caso, de retalho muscular simples. Se associado ao músculo for transferida a pele suprajacente, teremos um RMC – chamado então de retalho muscular composto. A grande diferença do RM e do RMC para o RC e para o RFC é que a presença do corpo muscular aumenta significativamente a vascularização do tecido transposto, o que acaba por minimizar as chances de necrose e aumentar as indicações do retalho. O RM, assim como o RMC, é o procedimento de escolha em diversas situações em que, por exemplo, desejamos a reparação e/ou a cobertura de lesões ou áreas; nos casos em que seja necessária a movimentação de uma estrutura (retalhos funcionais) ou simplesmente para os casos em que o aumento no aporte sanguíneo (para a chegada de antibióticos e etc.) é fundamental para a resolução da ferida. Histórico: a partir da Segunda Guerra Mundial, com o aumento na incidência e na gravidade dos traumas e com a expansão das suas sequelas, os RM e RMC passaram a ser muito realizados pelos cirurgiões plásticos. A partir da década de 1970, Vasconez, Mathes, Nahai e McCraw descreveram os principais retalhos de transposição muscular. Fisiologia e anatomia muscular: o músculo é formado basicamente pelo tecido muscular e por tecido conjuntivo, contendo uma vasta rede circulatória no seu interior. Sua propriedade básica é a contratilidade, sendo indispensável em diversos sistemas, como o respiratório, circulatório e locomotor. Os músculos variam de tamanho e de forma; a maioria possui inserções ósseas através de tendões. Mathes e Nahai, em seu famoso estudo anatômico, classificaram os músculos quanto a sua irrigação em 5 tipos: Tipo I: um pedículo dominante. Exemplos: músculo Tensor da Fáscia-lata (artéria circunflexa femural lateral). Tipo II: um pedículo dominante e uma vascularização periférica não muito confiável. É o tipo mais comum de músculo. Exemplos: músculo grácil; músculo solear; músculo esternocleidomastoideo. 33 Tipo III: dois pedículos dominantes. Exemplos: músculo glúteo maior (artéria glútea superior e inferior); músculo reto abdominal (artéria epigástrica superior e inferior); músculo gastrocnêmio (artéria sural medial e lateral); músculo temporal (artéria temporal superficial e profunda). Tipo IV: vários pedículos segmentares. É o pior para confecção e transposição de retalhos. Exemplos: músculo sartório; músculo tibial anterior; músculo flexor longo do hálux. Tipo V: um pedículo dominante e uma vascularização periférica confiável. É o mais versátil para a transposição. Exemplos: músculo grande dorsal, músculo peitoral maior, músculo fibular. Importante: a classificação de Mathes e Nahai é boa, mas tenta simplificar algo mais complexo e encaixar todos os músculos em perfis pré-estabelecidos, o que nem sempre é possível. Por exemplo, o músculo reto do abdome é classificado como sendo do Tipo III, mas recebe irrigação de artérias intercostais em cada metâmero, semelhante ao tipo IV. Atualmente costumamos dizer que não é suficiente conhecer a anatomia vascular extra- muscular (pedículos externos clássicos). No intuito de diminuir a morbidade da área doadora (principal problema dos RM e dos RMC), minimizando o déficit funcional, a tendência da cirurgia plástica atual é utilizar partes (segmentos) dos músculos nos retalhos, para tanto devemos conhecer a complexa circulação intra-muscular. Um exemplo clássico é o retalho do músculo grande dorsal que é vascularizado pela artéria toracodorsal, mas que, ao entrar no músculo, se divide em ramos súpero-medial e ínfero-lateral, permitindo assim que transportemos apenas parte do músculo, preservando parte da sua função e minimizando consideravelmente as sequelas do procedimento. O conhecimento da anatomia dos nervos que chegam aos músculos também é importante, pois assim podemos garantir a função muscular após a sua transposição. Taylor, em 1993, classificou os músculos quanto a sua inervação em 4 tipos, orientando a dissecção anatômica durante as cirurgias. Aplicações clínicas e vantagens dos RMe RMC: Os RM e RMC são, de modo geral, muito versáteis e seguros, podendo ser realizados onde houver um músculo passível de mobilização, que determine uma sequela funcional aceitável. 34 Os RM e RMC não devem ser vistos como substitutos dos RC e sim como uma alternativa mais complexa e com indicações precisas e, em alguns casos, únicas. Quando comparados aos RC e RFC, os RM e RMC caracterizam-se por serem retalhos geralmente mais espessos (de maior volume), de dissecção e transposição mais trabalhosa e com maior sangramento. No entanto, apresentam uma vascularização mais segura, fornecendo um aporte sanguíneo abundante, sendo de fundamental importância para casos específicos, como úlceras complexas e osteomielites. Os RM e RMC também são muito indicados para tratamento de sequelas de traumas, tratamento de paralisia facial, reconstrução de mama, pênis, vagina e etc. É inegável, no entanto, que eles determinam importantes sequelas estéticas e funcionais na área doadora, principalmente devido à perda muscular e à perda cutânea. Praticamente todo o músculo do corpo humano pode ser utilizado como retalho impossibilitando, desta forma, uma descrição de todos os retalhos neste momento. Os retalhos mais utilizados na prática clínica são: Retalho do Músculo Temporal: Vascularizado pelas artérias temporais superficial e profunda Tipo III. Origem: crista e fossa temporal; inserção: processo coronóide da mandíbula. Inervação: nervo trigêmeo. Ação: ajuda no fechamento da mandíbula; sua não ausência acarreta sequelas graves. Indicado para tratamento de paralisia facial, reconstruções de órbita e do 1/3 superior da face. Retalho do Músculo Platisma: Vascularizado pela artéria submentoneana (dominante) e pela artéria supra-esternal (secundário) Tipo II. Origem: fáscia do peitoral maior; inserção: subcutâneo do 1/3 inferior da face. Inervação: nervo marginal da mandíbula. Ação: ajuda levemente na flexão do pescoço e na contratura da pele da região cervical. Faz parte do SMAS. Indicado para tratamento de reconstruções do 1/3 inferior da face. 35 Retalho do Músculo Esternocleidomastoideo: vascularizado pela artéria occipital (dominante) e pelas artérias tireoidéia superior e supra-escapular (secundário), tipo II. Origens: manúbrio esternal e fáscia do músculo peitoral maior; inserção: mastóide. Inervação: nervo acessório, segundo e terceiro nervos cervicais. Indicado para reconstruções de cabeça e pescoço, cavidade oral e paralisia facial. Retalho do Músculo Trapézio: vascularizado pela artéria cervical transversa (porções média e inferior), artéria occipital (porção superior) e ramos das artérias intercostais (porção inferior), tipo II. Inervação: nervo acessório (motora) e C3 e C4 (propriocepção). Indicado para reconstruções de cabeça e pescoço. Retalho do Músculo Peitoral Maior: Vascularizado pela artéria tóraco-acromial (pedículo dominante) e por ramos da artéria torácica interna (pedículos secundários) Tipo V. Inervação: nervo peitoral lateral e medial. Origens: 2/3 mediais da clavícula, esterno, segunda a sexta cartilagens costais e na aponeurose do oblíquo externo; Inserção: sulco bicipital do úmero. Inervação: nervo peitoral lateral e medial. Ação: adução e rotação medial do braço. Sua ausência determina sequela funcional importante. Indicado para, entre outras, reconstruções de cabeça e pescoço, esôfago e mediastino. Retalho do Músculo Grande Dorsal: Vascularizado pela artéria toracodorsal (pedículo dominante) e por ramos intercostais e lombares posteriores (pedículos secundários) Tipo V. Origens: de T7 até a crista ilíaca posterior; inserção: tuberosidade do úmero. Inervação: nervo toracodorsal. Ação: aduz o braço e abaixa o ombro. Sua ausência não determina sequela funcional importante, o que o transforma em uma excelente opção para RM e RMC. É um dos músculos mais utilizados para a confecção de retalhos. Indicado principalmente para reconstruções de mama, tórax e pescoço. 36 Retalho do Músculo Reto do Abdome: Vascularizado pelas artérias epigástrica superior e inferior. Tipo III, mas também recebe anastomoses segmentares das artérias intercostais. Origens: processo xifóide e cartilagens costais inferiores; inserção: pubis. Inervação: nervos intercostais de T7 a T12. Sua ausência determina sequela funcional aceitável. Também é um dos músculos mais utilizados para a confecção de retalhos. Indicado principalmente para reconstruções de mama, tórax, vagina e períneo. Retalho do Músculo Glúteo Máximo: Vascularizado pelas artérias glúteas superior e inferior. Tipo III. Origens: espinha ilíaca póstero-superior, ilíaco e sacro; inserção: trato ílio-tibial. Inervação: nervo glúteo inferior. Indicado principalmente para reconstruções de períneo, úlceras de pressão e reconstruções micro-cirúrgicas. Retalho do Músculo Tensor da Fáscia-Lata: Vascularizado pelo ramo transverso da artéria femoral circunflexa lateral Tipo I. Origens: espinha ilíaca ântero-superior; inserção: côndilo lateral da tíbia. Inervação: nervo lateral da coxa e T12. Oferece a oportunidade de carrear grande quantidade de pele. Indicado principalmente para reconstruções de úlceras de pressão, períneo, inguinal e abdome inferior. 37 RESUMO: Tipo I: Retalho do Músculo Tensor da Fácia Lata (ramo transverso da art. Femoral circunflexa lateral) Retalho do Músculo Gastrocnêmio (art. Sural) Tipo II: Retalho do Músculo Grácil Retalho do Músculo Solear Retalho do Músculo Vasto-lateral Retalho do Músculo Platisma (art. Submentoneana (dominante) e art. Supra esternal). Retalho do Músculo Esternocleidomastoideo (art. Occipital (dominante) e art. Tireoideia sup. e supra-escapular) Retalho do Músculo Trapézio (art. Cervical Transversa) Tipo III: Retalho do Músculo Temporal (art. Temporal superficial e profunda) Retalho do Músculo Reto do Abdome (art. Epigástrica superior e inferior) Retalho do Músculo Glúteo Máximo (art. Glútea superior e inferior) Tipo IV: Retalho do Músculo Sartório Retalho do Músculo Tibial Anterior Retalho do Músculo Flexor Longo do Hálux Tipo V: Retalho do Músculo Peitoral Maior (art. Tóraco-acromial (dominante) e ramos da art. Torácica interna (secundários) Retalho do Músculo Grande Dorsal (art. Toracodorsal (dominante) e ramos intercostais e lombares posteriores (secundários). 38 Descrição das lesões Dermatológicas 1) Alteração de Cor: Mancha: Eritema: mancha vermelha Leucodermia: mancha branca 2) Formações Sólidas: Pápula: lesão menor de 1 cm Nódulo: lesão de 1-3 cm Tubérculo: pápula ou nódulo que ao involuir determina a formação de uma cicatriz Nodo: lesão maior de 3 cm Tumor: é o mesmo que nodo (lesão maior de 3 cm), mas de origem neoplásica. Goma: é o nodo com uma liquefação central, que pode ulcerar, eliminando material necrótico. Vegetação: lesão pediculada com aspecto de Couve-flor, branca avermelhada, com sangramento fácil. Verrucosidade: lesão hiperceratósica, dura, inelástica e amarelada 3) Coleções Líquidas: Vesícula: lesão de até 1 cm Bolha ou flictena: lesão maior que 1 cm Pústula: lesão de até 1 cm contendo pus Abscesso: lesão maior que 1 cm contendo pus Hematoma: lesão contendo sangue 4) Alterações de espessura: Queratose: espessamento da pele, aspecto duro, áspero e inelástico 39 Liquenificação: espessamento da pele com acentuação dos sulcos e da coloração, pode ter um aspecto quadriculado. Esclerose: fibrosedo colágeno Atrofia: diminuição da espessura da pele Placa: elevação da pele com mais de 2 cm 40 Carcinoma Basocelular O carcinoma basocelular (CBC) ou epitelioma basocelular é o tumor maligno cutâneo localmente invasivo com maior incidência em indivíduos de pele clara (caucasianos). O CBC invade os tecidos contíguos por expansões digitiformes irregulares. É constituído por células que se assemelham a células basais da epiderme; estas células neoplásicas originam-se de células epiteliais imaturas pluripotentes da camada basal da epiderme e mais raramente de partes do complexo cutâneo pilo-sebáceo ou outros apêndices cutâneos. Metástases de CBC são extremamente raras e os casos em que estas foram descritas são exceções; sua morbidade está relacionada com a invasão tecidual podendo invadir e destruir tecidos adjacentes à pele, inclusive cartilagem e osso. Pelo fato da maioria dos tumores localizarem-se em áreas de foto-exposição, principalmente cabeça e pescoço, esta agressividade mencionada pode levar ao desfiguramento ou perda de função de estruturas importantes, quando não tratado. INCIDÊNCIA É a mais freqüente das neoplasias cutâneas, podendo representar 65% do total de casos. A etiologia do CBC está relacionada à exposição a radiação ultravioleta e com menor freqüência a outros fatores, como irradiações radioterápicas e absorção de compostos arsenicais. A população de risco para o CBC são pessoas de pele clara, com dificuldade para adquirir “bronzeamento” e predisposição para queimaduras solares. A exposição à radiação solar intensa e prolongada aumenta o risco no desenvolvimento desta neoplasia. Indivíduos que apresentaram uma lesão de CBC têm aumentado o risco de desenvolver subseqüentes lesões de CBC em outros locais. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS • Clínicos: O tipo clínico mais comum é o epitelioma basocelular nódulo-ulcerativo, que inicialmente apresenta-se como pápula rósea perlácea crescendo progressivamente a nódulo, com posterior ulceração central, recoberta de crosta, podendo sangrar de forma episódica; as bordas são geralmente cilíndricas, translúcidas, mostrando formações perláceas e eventualmente finas teleangiectasias. A progressão do quadro pode ser por extensão em superfície, às vezes com cicatrização central (forma planocicatricial),ou em profundidade, com invasão e destruição de tecidos (músculo, cartilagem, osso), ou outras estruturas (forma terebrante). 41 A evolução pode ser centralmente proliferativa denominada de forma vegetante. O tipo esclerosante caracteriza-se por placa branco amarelada, escleroatrófica, dura, lisa e eventualmente teleangiectásica, com bordas mal definidas, lembrando a esclerodermia. Apresenta evolução lenta sem ulceração. O tipo superficial ou pagetóide consiste de lesões múltiplas, eritêmato-escamosas, discretamente infiltradas, emolduradas por bordas irregulares e ligeiramente elevadas, com localização preferencial no tronco, lembrando eczema seborréico, psoríase, lúpus eritematoso, doença de Bowen ou de Paget. O CBC pigmentado é a forma nóduloulcerativa com pigmentação melânica e faz diagnóstico diferencial com o melanoma. • Laboratoriais: O exame anatomopatológico confirma o diagnóstico do CBC. A conduta com relação à biópsia varia entre diferentes autores. Em alguns casos está indicada a biópsia parcial (incisional, por “punch”, ou “shaving”) para confirmação diagnóstica antes do tratamento definitivo (apresentado a seguir). Em outros casos o material retirado é enviado para exame histológico, finalizando-se o tratamento de forma subseqüente. FATORES DE RISCO Os CBCs podem ser divididos relativamente em duas categorias, considerando-se os fatores prognósticos de baixo risco e alto risco para recidiva. Estes critérios permitem ao médico escolher a forma de tratamento mais apropriada. Áreas de risco para recidiva: “A” (alto risco para recidiva) “H da Face” - região centro-médio facial, palpebral, sobrancelhas, periorbital, nasal, labial (cutâneo -mucosa), mentoniana, mandibular, pré e retro-auricular, sulcos nasogenianos, epicanto medial, temporal, pavilhão auricular, genitais, pés e mãos. “M” (risco médio para recidiva) – região médio-facial, frontal, pescoço, couro cabeludo. “B” (baixo risco de recidiva) – tronco e membros. TRATAMENTO Preferencialmente, o tratamento do CBC deve ser precedido de biópsia para confirmação diagnóstica e determinação das características histológicas do tumor. Quando não realizada, o material retirado deve ser encaminhado para exame anatomopatológico. Os critérios de risco mencionados para o CBC são fatores preditivos importantes no seu tratamento. O médico precisa estar seguro na escolha do método cirúrgico para o tratamento do 42 CBC, pois a cura do CBC recidivado nem sempre é possível e quando ocorre é obviamente mais mutilante. Uma vez estabelecido o diagnóstico do CBC, o tratamento deve ser discutido com o paciente, considerando-se seu estado geral, idade, medicamentos em uso e outros dados que possam influenciar na decisão da escolha do método terapêutico. O tratamento ideal é a remoção completa do tumor com margens livres de comprometimento neoplásico, no entanto, em casos excepcionais como pacientes idosos e com estado geral muito comprometido, tratamentos menos agressivos podem ser considerados, principalmente em tumores de baixo risco. A disponibilidade dos diferentes recursos locais e experiência de quem aborda o caso, definirão a melhor estratégia terapêutica. TÉCNICAS DE TRATAMENTO Cirúrgico: • Curetagem e eletro-cirurgia (C&E):O tratamento consiste na remoção da massa friável tumoral até o limite de pele normal através da curetagem e posteriormente confere-se uma margem adicional através da destruição tecidual pelo eletrocautério, o procedimento pode ser repetido (uma vez ou duas) para conferir maior segurança no tratamento. Esta técnica também é utilizada associada à criocirurgia, ou precedendo outra técnica de tratamento. Existem muitas variações sobre esta técnica e o número de ciclos de tratamento; a experiência na utilização deste procedimento e a seleção apropriada dos casos é crucial para o sucesso terapêutico. C&E está melhor indicada para o tratamento de lesões de baixo risco (pequenas, primárias, bem delimitadas, com padrão histológico não agressivo e em locais de baixo risco), quando nestas circunstâncias os índices de cura chegam a 97%. A C&E não é recomendada para o tratamento de tumores recidivados, esclerodermiformes e tumores em locais de alto risco na face como: região nasal, sulco nasogeniano e ao redor dos olhos (peri-orbital), além de áreas ricas em glândulas sebáceas (couro cabeludo), embora algumas publicações refiram resultados aceitáveis para estes tumores. O tamanho do tumor é um fator preditivo importante, pois a recidiva aumenta dramaticamente quando relacionada com as dimensões tumorais. Uma revisão de literatura de estudos publicados desde 1947 sugere um índice de 93% para sucesso terapêutico em cinco anos de seguimento, no tratamento de CBC primário por C&E. No entanto, estudo similar com revisão desde 1945 sugere 60% para sucesso terapêutico em seguimento de cinco anos, para CBCs recidivados tratados por C&E, demonstrando que a C&E tem pouca utilidade no tratamento do CBC recidivado, especialmente em áreas de maior risco. • Criocirurgia: A criocirurgia produz a redução da temperatura, através do uso de spray de nitrogênio líquido, a níveis de destruição das células tumorais. Esta técnica é amplamente utilizada no tratamento de lesões isoladas ou múltiplas de CBC. As técnicas variam consideravelmente: usando o spray
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