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BEMQ.Posicionamento espistemológico

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Quanti Quali www.quantiqua li.com.br Quanti & Quali 
Quanti Quali 
Posicionamento Epistemológico e o "Samba do Crioulo Doido" 
Alexandre Santos (Universidade Federal de Minas Gerai s) 
Rafael Diogo Pereira (Universidade Federal de Minas Gerais) 
1. Epistemologia: "o trem está atrasado ou já passou"? 
A ciência está longe de ser um instrumento perfeito de conhecimento, pois, conforme apontado 
por Sagan (1995, p.42), "estaremos sempre atolados no erro" . Porém a ciência acena para um 
aprendizado a partir de seus erros, seja através da autocrítica ou da revisão e teste de suas idéias. 
Entrelaçada por este contexto, ex iste a questão da produção científica atrelada a diferentes 
metodologias e pressupostos epistemológicos. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é refletir 
acerca da importância do posicionamento epistemológico e sua relação com as diferentes estratégias 
metodológicas existentes. 
De modo bem amplo, pode-se definir a Epistemologia como estudo ou tratado do conhecimento 
da ciência, ou ainda, como o estudo filosófico da origem, natureza, validade e limites do 
conhecimento. O estudo, ou tratado da ciência está enraizada na tradição ocidental, e remonta à Grécia 
Antiga, onde Platão já tratava o conhecimento como "crença verdadeira e justificada", e representa no 
seu sentido mais lato uma tradição racionalista e crítica. Neste sentido, deve-se ressaltar a figura de 
Descartes, que defendeu um corte radical com o passado a fim de construir uma nova visão do mundo 
e do conhecimento a partir de princípios básicos que, no sentido lógico, não podem ser colocados em 
dúvida. Dessa forma, deve- e aceitar apenas as proposições que resistam ao mais elaborado argumento 
cético, utilizando o mesmo como um filtro para eliminar todas as opiniões duvidosas. Assim, pode-se 
dizer que um marco fundamental para a ciência e a filosofia se dá a partir do momento em que as 
idéias acerca da origem e natureza do universo se separam do mito e da religião, e passam a ser 
tratadas como teorias que podem ser discutidas, ou seja, comparadas e porventura superadas por 
temias concorrentes . 
2. E onde o Stanislaw Ponte Preta se encaixa nisso tudo? 
Segundo Manhein (1983), a compreensão humana é influenciada por suas vontades e 
predileções, dessa forma o homem sempre acreditaria mais prontamente no que prefere. Tal afirmação 
nos remete a questão, fervorosamente debatida, da objetividade científica na busca do conhecimento. 
Para Weber (1973), na atividade científica, continuamente são introduzidos elementos da "cosmovisão 
pessoal" desencadeando problemas, ao fazer com que se trate com pesos diferentes as possibilidades 
existentes na elaboração de relações causais dos fatos, na medida em que o resultado aumenta ou 
diminui a chance de realização de determinadas idéias pessoais. Assim, para Weber, a permanente 
confusão entre a elucidação científica dos fatos e a reflexão valorativa é uma das características 
marcantes e mais prejudiciais às ciências sociais. 
Já para Schaff (1983), a objetividade na pesquisa deve ser entendida no sentido de 
imparcialidade e do valor universal dos juízos. Porém, tal êxito nunca é completo porque o 
pesquisador ' sempr um ser humano, e como tal não pode libertar-se de suas características humanas, 
não pode pensar sem as categorias de uma língua determinada, faz parte de determinado contexto 
histórico, faz parte de uma classe, etc. Dessa forma, se a objetividade do conhecimento estiver 
condicionado à exclusão de todas as suas propriedades individuais, tal objetividade seria inatingível 
pois implicaria em que o homem fosse um ser sobre-humano. 
Popper (1978) corrobora com tal idéia argumentando que não se pode retirar do cientista sua 
parcialidade e seus juízos de valores sem aniquilá-lo, pois até mesmo o ideal da busca desinteressada 
pela verdade e a liberdade em relação a qualqu r valor, são valores em si mesmo. E Popper ainda vai 
mais além, defendendo que a objetividade científica seria constituída pelo processo de tornar pública à 
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de sua repetição, confirmando-a ou refutando-a. Ou seja, qualquer suposição, em princípio, pode ser 
criticada e o fato de todos poderem criticar constitui a objetividade científica. 
Durkhein (1976, p.46) afirma que não existe um progresso linear e unidirecional da 
humanidade, sendo que o que é passível de observação são apenas as diferentes sociedades que 
nascem, desenvolvem-se e morrem independentemente wna das outras. Sendo que, "a série de 
sociedades não pod ser representada por uma linha geométrica; parece-se mais como uma árvore 
cujos ramos vão em sentidos divergentes". Tal analogia também pode ser pensada no contexto do 
desenvolvimento do conhecimento, onde diversas formas de abordagens foram desenvolvidas em 
diferentes momentos políticos e históricos, influenciando e sendo influenciadas por tais contextos. 
Como exemplo, pode-se citar o princípio livre de valor de Weber que contribuiu para o crescimento 
intelectual e para a emancipação da Sociologia, ao proporcionar uma maior independência em relação 
à influência de partidos políticos, principalmente na Europa, e de influências religiosas, nos Estados 
Unidos (GOULDNER , 1974). 
Diante de tal diversidade de concepções e abordagens Mannhein (1983) assevera que a partir de 
uma concepção não valorativa de ideologia, o investigador não necessitaria mais perguntar qual das 
partes detém a verdade, pois dirigirá sua atenção para descobrir a verdade aproximada que emerge do 
complexo processo social , no curso do desenvolvimento histórico. Ainda que não descubra a verdade 
em si, irá descobrir a situação cultural e muitas circunstâncias anteriormente desconhecidas, relevantes 
para a descob rta da verdad . Porém é válido r ssaltar, conforme aponta Popp r (1974), que existem 
métodos cômodos e fáceis de manejar que destroem a base de qualquer discussão racional , levando ao 
anti-racionalismo e ao misticismo. Como exemplo, podemos citar os marxistas que normalmente 
explicam o desacordo de um opositor por sua parcialidade de classe. 
Finalmente, a partir do sucinto panorama apresentado, em que se insere parte da complexidade 
do desenvolvimento da ciência, torna-se claro, conforme apontado por Burrel e Morgan (1979), que 
qualquer pesquisador conscientemente ou não traz para seu tema de estudo um quadro de referência 
que refl te uma série de pressupostos sobre a natureza da realidade social e da maneira como deveria 
ser realizada a investigação. Sendo assim, o mesmo necessita assumir um posicionamento, que 
conforme apontado por Schaff (1983), pode e deve ser científico. Porém para que todo o esforço de 
pesquisa não resulte numa miscelânea de dif rentes teorias e posicionamentos conflitantes ou mesmo 
incompatíveis, tal qual a letra da canção "o samba do crioulo doido" de Stanislaw Ponte Preta, é 
preciso conforme apontado por Burrell e Morgan (1979), que o cientista, a fim de entender pontos de 
vista alternativos, esteja totalmente consciente dos pressupostos em que sua perspectiva está baseada. 
Esta tarefa requer que ele se torne consciente das fronteiras que definem sua perspectiva, como 
também, que ele se torne familiar com paradigmas diferentes do seu. 
3. "Lá, iá, Lá, iá, Lá, iá - O bode que deu vou te contar"! 
Segundo Popper (1978), o conhecimento deve partir de problemas, pois cada probl ma surge 
da descoberta de uma contradição entre o nosso conhecimento e os supostos fatos . Assim, o método 
das ciências consiste em tentativas experimentais para resolver problemas por meios controlados por 
severa crítica. 
Tais tentativas estarão ancoradas em duas estratégias metodológicas - a qualitativa e a 
quantitativa . É importante ressaltar que o presente trabalho não tem a pretensão de ponderar sobre qual 
estratégia metodológica ou posicionamento epistemológico seriamais adequado ou superior em 
relação aos outros, sendo que a existência de tensões entre tais diferenças acaba por contribuir para o 
desenvolvimento rigoroso da ciência, onde o pesquisador deve levar em conta não apenas sua visão, 
mas também a de seus prováveis opositores. 
Por outro lado, quando o embate ocorre fora do nív 1 epistemológico e busca exaltar uma 
estratégia metodológica como superior à outra, incmTe-se num reducionismo e num discurso já 
desgastado que só tende a empobrecer qualquer discussão dita científica. Neste sentido, um 
posicionamento prévio e prescritivo - ser quantitativo ou qualitativo - diante da complexidade que 
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permeia o campo das ciências sociais é demasiadamente errôneo e sem objetividade (THIOLLENT, 
1987). 
Laville e Dionne (1999, p. 43) fornecem luz à questão: 
"Na realidade, esse debate, ainda que muito presente, parece frequentemente inútil e até 
falso. [ ... ] Inútil sobretudo, porque realme nte é querer se situar frente a uma alternativa 
estéril. A partir do momento em que a pesqui sa centra-se em um problema específico, é 
em virtude desse problema específico que o pesquisador escolherá o procedimento mais 
apto, segundo ele, para chegar à compreensão visada." 
O elemento essencial para a construção do estudo científico não é a detenninação do "ser ou 
não ser" entre quantitativo ou qualitativo; a tônica da eficácia, para Thiollent (1987), é a reflexividade, 
como auto-avaliação da problemática e das interferências ideológicas. A preocupação deve residir em 
submeter a teoria e a m todologia adotadas à um controle um rigor epistemológico. Como fator 
crítico de sucesso, numa assunção "popperiana", a c1ítica dos pressupostos teóricos, dos instrumentos 
de coleta de dados, bem como dos métodos e técnicas de análise é indispensável. O essencial é "que a 
escolha da abordagem esteja a serviço do objeto de pesquisa, e não o contrário, com o objetivo de daí 
tirar, o melhor possível, os saberes desejados" (LA VILLE E DIONNE, 1999, p.43). 
Sendo assim, percebe-se que o debate se transpôs para a adoção de uma ou outra metodologia, 
de forma que o método quantitativo acabou, erroneamente, por ser tornar uma antítese do método 
qualitativo. As estratégias metodológicas diferenciam-se em vários aspectos, podendo atender a 
diferentes tipos de objetos e tradições intelectuais , ao acessar distintos níveis de realidade, propiciando 
visões da questão sob diferentes ângulos . 
"O bode que eu vou te contar" : para Günter (2006), na metodologia qualitativa existe a 
aceitação, de forma explícita, de crenças, valores sobre a teoria, sobre a escolha dos tópicos de 
pesquisa e ainda sobre a interpretação dos resultados; e para Minayo (1999), a pesquisa qualitativa tem 
como principal motivação fenômenos complexos da vida social e que não estão sujeitos à 
quantificação e análise estatística. Já para Thiollent (1987), o método qualitativo, refere-se à corrente 
compreensiva do embate epistemológico, que, assim como a definição do Günter, está ligada ao 
indivíduo - dotado de subjetividade - e à interpretação do sujeito, o que leva ao envolvimento do 
pesquisador com o objeto de studo - r ssalta-s que isso não constitui um det ito ou impe1feição -
(NUNES, 1978). 
Contudo, as tradicionais prelnissas do fazer ciência afirmam a necessidade de uma distância 
mínima do investigador como garantia de objetividade em seu trabalho, apregoando que somente 
assim se obtêm o não-envolvimento e, por conseguinte, a imparcialidade. Uma das possíveis 
con eqüências desse raciocínio, conforme afirma Nunes (1978), seria a valorização de métodos 
quantitativos que seriam "por natureza" mais neutros e científicos. A metodologia quantitativa, 
portanto, através da quantificação e análises estatísticas de amostras fazem inferências sobre a 
população, apregoando a "distância" como fator de objetividade. Entretanto, Thiollent (1987) chama a 
atenção para o fato de que o questionário - principal método de coleta de dados da análise quantitativa 
- é um meio de interpretação do entrevistado, o que leva a crer que está passivo de influência e 
envolvimento do pesquisador, assim como na análise qualitativa. 
Não se pretende, com tal explanação, advogar para uma ou outra causa, sendo fundamental 
ressaltar, para não se incorr r no risco de reduzir determinada estratégia a refi' m de um único 
posicionamento, que a pesquisa qualitativa não necessariamente se opõe à quantitativa, pelo contrário, 
em determinadas situações, elas podem e devem ser complementares (TRIVINOS, 1987; 
GOLDENBERG, 2002). Neste mesmo sentido, Goldenberg (2002) coloca que a integração entre 
análise quantitativa e qualitativa é extremamente relevante no sentido de permitir o cruzamento de 
informações e conclusões, através da técnica da triangulação, que visa aumentar ao máximo a 
compreensão de um fenômeno , onde os limites de um método são complementados pelo outro. 
4. Consider ações F inais 
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A presente discussão visou refletir acerca da relação entre o posicionamento epistemológico e 
as diferentes estratégias existentes na produção científica. Sendo que, é fundamental ao pesquisador, 
quando se lançar na busca pelo conhecimento, estar ciente e seguro de seu posicionamento, bem como 
dos limites e pressupostos implícitos em tal postura. Desta forma , não é a metodologia ou os 
instrumentos que definirão a qualidade de sua pesquisa, uma vez que a adoção de ambos é uma 
conseqüência natural d um posicionamento intelectual bem ancorado esclarecido. 
Sendo assim, um posicionamento maduro por parte do pesquisador constitui , provavelmente, a 
melhor prevenção contra uma possível confusão epistemológica, evitando-se a construção de um 
"mosaico" teólico fiel ao já citado "samba do crioulo doido", reduzindo, também, a chance de que o 
pesquisador incorra num "metodologismo" ou instrumentalismo em sua pesquisa. 
"A metodologia conduziu a um metodologismo no qual os instrumentos e as técnicas 
se emanciparam das representações teóri cas convertendo-se em princípios absolutos de 
legitimidade para a informação produzida por eles, as quais não passavam pela reflexão 
dos pesquisadores. É nessa di reção que a medição e a quantificação se elevam como 
um fim em si mesmas, deixando de lado os processos de construção teórica acerca da 
informação que aparece nos instrumentos." (GONZÁLEZ REY , 2005). 
Em conclusão, consoante com González Rey (2005), a revitalização do epistemológico é uma 
necess idade diante da tendência de monopolizar o científico meramente a partir da relação entre os 
dados coletados com os instrumentos que os produzem. Tal processo pode implicar na redução do 
papel do pesquisador a um indivíduo, cujo intelecto praticamente não intervém no processo da 
pesquisa, e cuja função é simplesmente aplicar uma seqüência de instrumentos, onde a informação se 
organiza, por sua vez, em uma série de procedimentos estatísticos sem a necessidade de produzir uma 
só idéia. 
Referências: 
BURREL, G. ; MORGAN, G. Sociological paradigms and organizational analysis . Londom: 
Heinemmann Education Books, 1979. 
DURKHEIN, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Abril Cultural , 1976. 
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 
Rio de Janeiro: Editora Record, 2002. 
GONZÁLEZ REY, F. Pesquisa Qualitativa e Subjetividade: os processos de construção da 
informação. Editora Thomson. São Paulo, 2005 . 
GOULDNER, A. Antiminotauro: o mito da ciência social livre de valores. São Paulo: Difel, 1974. 
GÜNTER, H. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: Esta é a questão? Psicologia 
Teoria e Pesquisa. Brasília, v. 22, n. 2, p.201 - 210. Mai/Ago 2006. 
LA VILLE, C. e DIONNE, J. A construção do saber - manual de metodologiada pesquisa em 
ciências humanas. Porto Alegre: Editora UFMG e Artmed, 1999. 
MANNHEIN, K. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983. 
MINAYO , M. C. S. Ciência, Técnica e Arte: O desafio da pesquisa social. ln: MINA YO, M. C. S. 
(Org); DESLANDES , S.F. ; CRUZ NETO, O. GOMES , R. Pesquisa Social: teoria, método e 
criatividad . Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. 
NUNES, E . O. Aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. 
POPPER, K. A lógica das ciências sociais. Rio de Janeiro: Tempo e Presença, 1978. 
POPPER, K. A sociedade aberta e seus inimigos. Belo Horizonte : Itatiaia, 1974 
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Quanti Quali 
SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. IN A ciência vista como uma vela no escuro. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1995. 
SCHAFF, A. História e verdade. São Paulo: Martins Fontes, 1983. 
THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 
1987. 
TRIVINOS, A. R. S. Introdução a Pesquisa em Ciências Sociais: Pesquisa Qualitativa em 
Educação. São Paulo: Atlas, 1987. 
WEBER, M. Ensayos sobre metodología sociológica. Buenos Aires: Amorrotu Editores, 1973. 
ANEXO 
Contexto histórico da canção 
Nos primeiros anos da década de 30, os desfiles das escolas de samba, no Rio de Janeiro, eram desorganizados; 
ainda não havia horário, itinerário, disputa ou premiação. O sucesso dos desfiles na Praça Onze atraiu patrocínio de jornais 
da época, começando a cobertura jornalística dos desfiles. Já em 1935, Pedro Ernesto, prefeito do Rio de Janeiro, legaliza 
as escolas e oficializa os desfiles de rua. 
Assim, as escolas passaram a ter regulamento para os desfiles, como a que exigia temas de enredo que contassem a 
História do Brasil. Essa exigência alterou as estruturas dos sambas-enredo, que começaram a apresentar letras enormes, 
descritivas, praticamente contando a história do episódio retratado e muitas vezes com equívocos e contradições. Surgiu daí 
a expressão samba do crioulo doido uma alusão às gafes nas letras e aos compositores, que em geral eram negros e, na 
maioria das vezes, analfabetos. Décadas mais tarde, Stanislaw Ponte Preta, imortalizaria a expressão em sua canção que 
ficou muito famosa . 
Samba do Crioulo Doido - Demônios da Garoa Composição: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) 
Foi em Diamantina 
Onde nasceu J K 
Que a Princesa Leopoldina 
Arreso lveu se casá 
Mas Chica da Silva 
Tinha outros pretendentes 
E obrigou a princesa 
A se casar com Tiradentes 
Lá iá lá iá lá iá 
O bode que deu vou te contar 
Lá iá lá iá Já iá 
O bode que deu vou te contar 
Joaquim José 
Que também é 
Da Silva Xavier 
Queria ser dono do mundo 
E se elegeu Pedro II 
Das estradas de Minas 
Seguiu pra São Paulo 
E falou com Anchieta 
O vigário dos índios 
Aliou-se a Dom Pedro 
E acabou com a falseta 
Da união deles dois 
Ficou resolvida a questão 
E foi proclamada a escravidão 
E foi proclamada a escravidão 
Assim se conta essa história 
Que é dos dois a maior glória 
Da. Leopoldina virou trem 
E D. Pedro é uma estação tan1bém 
O, ô, ô, ô, ô, ô 
O trem tá atrasado ou já passou?

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