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Faculdade de Tecnologia de Americana Curso Superior de Tecnologia em Produção Têxtil NÃOTECIDOS: GEOCELULA ROBLES, Anderson A QUINTINO Jr, Carlos Antônio 5º SEMESTRE – NOTURNO Americana, SP 2017 Faculdade de Tecnologia de Americana Curso Superior de Tecnologia em Produção Têxtil NÃOTECIDOS: GEOCELULA ROBLES, Anderson A QUINTINO Jr, Carlos Antônio Projeto desenvolvido em cumprimento curricular da disciplina Não Tecidos do Curso Superior de Tecnologia em Produção Têxtil da FATEC – Americana, sob orientação do Prof. Alex Paulo Siqueira Área: Não Tecidos Americana, SP 2017 Sumário ..................................................................................................................................... 1 1. Introdução ............................................................................................................ 4 1. 1 Formas de obtenção de não tecido ................................................................... 4 1.2 Consolidação da manta ....................................................................................... 7 1.3 Aplicações de nãotecidos .................................................................................... 8 2. Geocelula ............................................................................................................. 9 2.1 Definição ............................................................................................................................. 9 2.2 Caracterização .................................................................................................................. 10 2.3 Aplicações ......................................................................................................................... 11 2.4 Proteção com Geocélula ................................................................................................... 14 2.4.1 Uso em tanque de contenção de percolado ............................................................. 16 2.4.2 Analise de Pesquisas .................................................................................................. 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 20 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 21 4 1. Introdução Conforme a norma NBR-13370, não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos, orientados na mesma ou ao acaso, consolidadas por processo mecânico (fricção) e ou químico (adesão) e ou térmico (coesão) e combinações destes. Os não tecidos surgiram sob pressões e circunstâncias externas tais como: A necessidade de simplificar o processo têxtil; A necessidade de desenvolver novos tipos de produtos têxteis; A necessidade crescente da reciclagem de resíduos e fibras; e A possibilidade de aplicação e desenvolvimento de outras áreas industriais. Figura 1: Figura de Não tecido Fonte: Site http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf 1. 1 Formas de obtenção de não tecido A manta, estrutura ainda não consolidada, é formada por uma ou mais camadas de véus de fibras ou filamentos obtidos por três processos distintos: Via Seca (Dry Laid), que inclui os Não tecidos fabricados: via carda/cardagem. 5 Figura 2: Fabricação de Não tecidos na manta – Processo de carda Fonte: Site http://www.ebah.com.br Via aérea/fluxo de ar (air laid) Figura 3: Processo de Formação da Manta Via Aérea Fonte: Site http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf Via Úmida (Wet Laid) 6 Figura 4: Processo de Formação da Manta Via Úmida Fonte: Site http://www.ebah.com.br No processo Via Fundida inclui-se os não tecidos produzidos Via Extrusão, que são os de fiação contínua (Spunweb / Spunbonded) e por Via Sopro (Meltblown). Esses processos trabalham com matéria-prima na forma de polímeros (materiais plásticos). Figura 5: via sopro spunbonded Fonte: Site http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf 7 Figura 6: via sopro Meltblown Fonte: Site http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf 1.2 Consolidação da manta Após a formação do véu ou da manta é necessário realizar a consolidação (união das fibras ou filamentos) que consiste de três métodos básicos: Mecânico (fricção) que pode ser por: agulhagem, hidro entrelaçamento e costura. Processo Químico (adesão) por resinagem Processo Térmico (coesão) por termo ligado Em grande parte dos não tecidos, os tipos de consolidação consistem no acabamento se necessário ao produto final. Os métodos de consolidação química e térmica envolvem a adesão entre as fibras, podendo defini-los como consolidação adesiva. O termo consolidação mecânica é dado para expressar a consolidação por forças friccionais e o entrelaçamento das fibras através de agulhagem, hidro entrelaçamento e consolidação coser-tricotar. A técnica de agulhagem é definida como o entrelaçamento mecânico de fibras com a utilização de agulhas com farpas. Estes não tecidos agulhados são obtidos pelo entrelaçamento mecânico dos véus de fibras provenientes de uma carda, ou aerodinamicamente depositados, ou ainda véus de filamentos contínuos. Figura 7: Processo de Consolidação por Agulhagem 8 Fonte: Site http://www.ebah.com.br 1.3 Aplicações de não tecidos Figura 8: Diversos segmentos em aplicação de não tecido Fonte: Site www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf 9 2. Geocelula 2.1 Definição A norma brasileira NBR 12553 de 1997, e Manual Brasileiro de Geossintéticos (AGUIAR e VERTEMATTI, 2004) definem o geossintético “geocélula” (GL ou GCE) como um produto com estrutura tridimensional aberta, constituída de células interligadas, que confinam mecanicamente os materiais nela inseridos, com função predominante de reforço e controle de erosão. Outras definições que expressam o mesmo sentido podem ser encontradas na literatura internacional, citando aqui aquela expressa por Koerner (1994), que define geocélulas como uma caixa composta por tiras rígidas de polímeros habilmente dispostas verticalmente com formato celular, utilizado em arranjo horizontal (com as células na vertical) e preenchidas com solo, de sorte a gerar um confinamento celular capaz de criar um colchão impressionantemente forte e estável. Figura 9: Figuras de Geocelulas Fonte: Site http:// http://inovageo.eng.br/produtos/geocelula/ 10 2.2 Caracterização Usualmente, as geocélulas são fabricas com os mesmos materiais de outros geossintéticos como o Polietileno (PE) e o Polietileno de Alta Densidade (PEAD) das geomembranas, e o Poliéster (PET) e o Polipropileno (PP) dos geotêxteis e geogrelhas. São feitas tiras com dimensões pré-definidas, e soldadas umas as outraspara obter o formato celular. Para a união destas tiras em geocélulas de PE e PEAD, Utilizam-se soldas ultrassônicas e por termofusão, sendo a primeira mais recomendada. No caso de tiras de geotêxteis (PET e PP), usualmente a união é feita por costuras. Muitas aplicações de geocélulas preveem uma função secundária de drenagem das mesmas. Para tal, é comum encontrar as paredes das células (tiras) com perfurações, permitindo o fluxo de água no plano do colchão. A Figura 4 exibe um exemplo Deste material. Foi muito comum no início da utilização de geocélulas a sua manufatura feita “in loco” no próprio canteiro de obra, de forma artesanal. Para isto, eram comumente empregados outros geossintéticos como geotêxteis tecido e não tecido, e principalmente as geogrelhas, para sua montagem. Apesar do crescimento da fabricação de geocélulas industrializadas, é comum ainda encontrar este tipo de utilização deste geossintético em obras, principalmente as rodoviárias. Os procedimentos de projeto de instalação e montagem de geocélulas no próprio canteiro de obra através de geogrelhas são descritos por Bush et al. (1990). Contudo, como citado, nos dias atuais esta utilização “artesanal” da geocélula é restrita a raras e específicas obras. Com o crescimento exponencial experimentado pela indústria de geossintéticos nas últimas décadas, a esmagadora maioria das aplicações de geocélula utiliza-se de material pré- fabricado. As vantagens de utilizar uma geocélula feita pela indústria abrangem 11 desde a garantia da qualidade de um produto industrializado até a facilidade e rapidez de sua instalação. 2.3 Aplicações De acordo com o Manual Brasileiro de Geossintéticos (BUENO, 2004), as principais Funções da geocélula são: proteção, erosão e reforço, tais quais descritos na Tabela 1. Tabela 1 – Funções dos geossintéticos (BUENO,2004) Nota: 1- Quando impregnado com material asfáltico. Desempenhando as funções anteriormente descritas, as aplicações da geocélulas estão inseridas basicamente em dois grandes grupos descritos na Tabela 2 e 3: proteção superficial e estruturas de contenção. Entre suas principais aplicações, destacasse sua utilização como melhoria da capacidade 12 de carga de solos, revestimentos e controle de erosão em canais, proteção e controle de erosão em taludes E estabilidade por construção de muros de gravidade. Devido a especializações do material e a criatividade de engenheiros, algumas geocélulas podem desempenhar outras funções como no caso das tiras perfuradas que também desempenham a função de drenagem Tabela 2 – Principais tipos de obras de estabilização de encostas (adaptado de ALHEIROS et al., 2003) 13 . 14 Tabela 3 – Principais tipos de obras de estabilização de encostas (adaptado de ALHEIROS et al., 2003) 2.4 Proteção com Geocélula Muitos casos de taludes íngremes existentes, ou que precisam ser construídos, em zonas onde as forças hidráulicas são de magnitudes elevadas possuem graves problemas erosivos, pois há dificuldades no estabelecimento da vegetação, mesmo com alternativas de geossintéticos. Nestes casos, o uso da 15 geocélula se torna eficaz ao assegurar que a superfície do solo seja retida na encosta, pois esta tem a capacidade de confinar fisicamente o solo dentro do interior das células de maneira mais eficiente que os outros geossintéticos. Um exemplo de aplicação de proteção de talude ferroviário com geocélula pode ser observado na figura 10 Figura 10 Outra vantagem da utilização da geocélula é a proteção contra escorregamentos superficiais. Quando uma grande massa de solo superficial possui uma inclinação com a horizontal e se encontra saturado, a ruptura desta massa e seu deslizamento compõem um risco iminente para a segurança da encosta. Um sistema de confinamento tridimensional desta massa de solo auxilia de forma eficaz a evitar problemas deste tipo na face do talude, substituindo com grande êxito o efeito um reforço vegetal. Desta forma, geocélulas são preenchidas com esta massa do solo superficial de sorte a evitar o deslizamento da face das encostas (WU e AUSTIN, 1992). Uma vez instalada, a camada de geocélulas forma um sistema estável que age como escudo na superfície da encosta. Por meio do confinamento do solo pelas paredes das células, há redução Significativa na velocidade do fluxo de água devido ao obstáculo físico formado pelo colchão celular. 16 Além deste fenômeno, há uma maior absorção de água pelo solo, o que reduz o próprio fluxo de água (MENESES, 2004). Outro fator que contribui no aumento da resistência ao cisalhamento da face do talude, e consequentemente, na redução a susceptibilidade de erosão é o aumento da massa específica do solo contido nas células por meio do processo de compactação e pelo confinamento das paredes destas células. Deste modo a superfície da encosta ganha um acréscimo expressivo de resistência contra as ações da água (BROWN e SOJKA, 1991). Uma aplicação inovadora da geocélula é como proteção de taludes em barragens. Pode-se utilizar este geossintético em ambas as faces de montante e de jusante, desde que associado a outros materiais compatíveis com a resistência necessária para a proteção. Usualmente na face de montante é utilizado concreto como material de preenchimento das células, devida às altas solicitações impostas pelo corpo de água contido. Já na face de jusante, é comum o uso de solo com vegetação. Como aplicação em barragens, as geocélulas preenchidas com concreto podem até desempenhar o papel de revestimento do vertedor da barragem, desde que devidamente dimensionada. 2.5 Uso em tanque de contenção de percolado As bacias antigas de contenção apresentam volume para armazenar até 4.500 m³, porém, estas serão desativadas devido à ampliação das fases de operação do aterro. As novas bacias de contenção apresentam capacidade para armazenar aproximadamente 8.000 m³. O sistema de impermeabilização utilizado nas bacias antigas foi formado por apenas uma camada: uso de geomembrana de polietileno de alta densidade - PEAD com 2,0 mm de espessura. As bacias atuais foram construídas utilizando um sistema com várias camadas de impermeabilização: camada de geomembrana de PEAD com 2,0 mm de espessura, camada de geocomposto bentônico – GCL 5,0 kg/m2 de bentonita, camada de geomembrana de PEAD de 2,0 mm, camada de geotêxtil GF 16/300 e uma camada de geocélula de polipropileno FC 04/20 preenchida com concreto usinado Fck 35 Mpa (Figura 17 11). A função do revestimento em concreto é de proteger mecanicamente as camadas de impermeabilização, possibilitando a limpeza mecanizada destas bacias, evitando riscos e danos à infraestrutura da mesma. A espessura do concreto utilizada foi de 11 cm aproximadamente. Figura 11 Após a instalação do sistema de impermeabilização e da camada de geotêxtil GF 16/300, pôde-se iniciar a instalação da geocélula. 18 A montagem da geocélula foi feita utilizando-se tirantes (cordas de poliéster) para as uniões laterais entre as peças (Figura 12) e abraçadeiras plásticas (Figura 13) nas uniões entre peças ao longo do comprimento, de forma que as células interligadas adquiriram configuração uniforme. A geocélula foi ancorada na crista dos taludes e posteriormente concretada.Figura 12: União lateral utilizando tirante. Figura 13: União entre peças ao longo do comprimento utilizando abraçadeiras plásticas. 19 Após as instalações das geocélulas, deu-se início as concretagens. A primeira etapa da aplicação do concreto foi o espaço entre as lagoas e nas cristas dos taludes (Figura 14). A segunda etapa consistiu na aplicação do concreto nos taludes e nas bases das lagoas. O tipo de concreto utilizado para a obra foi o de Fck 35 MPa para a primeira lagoa, a de formato trapezoidal, e para a segunda lagoa (formato retangular) foi utilizado o de Fck de 20 MPa. Foi utilizado concreto com maior resistência na primeira lagoa, pois esta receberá a maior carga de percolado. Portanto haverá maior acúmulo de sedimentos nesta, e, consequentemente sofrerá maior número de manutenções para limpeza, que envolverá a entrada de equipamento (BobCat) na lagoa. Figura 14 O período de concretagem das lagoas durou 7 dias, nos quais toda a área concretada era umectada para evitar a formação de rachaduras e trincas provenientes da desidratação do cimento. 8 As lagoas foram umedecidas por mais 4 dias consecutivos a fim de preservar o concreto. O volume total de concreto utilizado nas duas lagoas foi de 634 m3. A figura 15 mostra a dua lagoa com o revestimento em concreto finalizado. Figura 15 2.4.1 Analise de Pesquisas O uso da geocélula melhora a capacidade de suporte do solo. A altura da geocélula influencia no seu desempenho, uma vez que a capacidade de carga aumenta com o aumento da altura. A largura da base da geocélula também 20 melhora a resistência do solo, porém a uma certa largura, cujo valor diverge entre os autores, a melhora passa ser insignificante.Com o aumento da densidade do solo/material de preenchimento, há aumento na resistência de atrito entre a geocélula e o mesmo. A adição de reforços planar, seja de geotêxtil ou geogrelha, ambos melhoram a capacidade de carga da fundação quando empregados na base da geocélula, quando aplicados na superfície não apresentam um efeito benéfico. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mercado de não tecido vem crescendo anualmente em termos mundiais. No Brasil, isso também ocorre, porém nos últimos dois sofreu uma retração devido à situação político econômica pelo qual o país vem atravessando. A cada dia novos mercados são desenvolvidos para a solução de problemas técnicos e surgindo novos produtos em todo segmento do mercado. O Brasil representa aproximadamente 75% do mercado da América Latina, e a América Latina representa 5% do mercado mundial, isso quer dizer que o Brasil está numa posição bastante interessante neste negócio, porém ainda se encontra longe de atingir um nível da Alemanha, por exemplo. Ao compararem-se diferentes estudos, evidenciam-se os vários benefícios da utilização dos materiais sintéticos, em especial as geocélulas. Notam-se claros acréscimos no suporte de carga dos solos, relacionados principalmente com a abertura das geocélulas, com o aumento da rigidez do solo em relação à espessura da camada, com a vantagem da utilização do reforço tridimensional 21 em comparação com os planares e ainda com o melhor desempenho do reforço como um todo devido à densidade do material utilizado como preenchimento. •As aplicações mostraram-se favoráveis tanto em ensaios laboratoriais quanto em empregos de campo, além de outros benefícios, como flexibilidade para acompanharas possíveis deformações do solo e facilidade da dissipação de pôr opressões. •Em virtude das vantagens apresentadas pelo material, conclui-se que a pequena parcela de utilização no país pode-se explicar pelo fator custo devido à patentes internacionais, tipo de materiais sintéticos e também pela falta de pesquisas e estudos mais profundos sobre as formas de emprego. REFERÊNCIAS Site: https://www.abms.com.br/links/bibliotecavirtual/cobrae/2009-avesani-bueno.pdf. Acesso em 04.05.2017 as 23h44 Site: http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf. Acesso em: 4.5.2017 ás 22h52 Site: http://abint.org.br/. Acesso em 04.05.2017 ás 22h21 Site: www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf. Acesso em 4.05.2016 ás 23.02 Site: http://igsbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/07/CCO-2014-Utilização-de-Geocélulas- de-Polipropileno-na-Concretagem-das-Bacias-de-Contenção-de-Percolado-do-CTVA- Caieiras.pdf. Acesso em 05.05.2016 ás 00.42
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