Buscar

Apostila Interpretação e Produçaõ de Textos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Apostila Interpretação e Produção de Textos
Objetivos Gerais da Disciplina: ampliar o universo cultural e expressivo do aluno, trabalhar e analisar
textos orais e escritos sobre assuntos da atualidade, produzir na linguagem oral e escrita textos diversos.
Conteúdo programático
1) Conscientização da importância da leitura como fonte de conhecimento e participação na sociedade;
2) As diferentes linguagens: verbal, não verbal, formal e informal;
3) Noções de texto: unidade de sentido;
4) Textos orais e escritos;
5) Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico,literario, publicitário çntre outros;
6) Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade;
1) Qualidades do texto: coerência, coesão, clateza, concisão e correção gramatical;
8) Complemento gramatical;
9) Produção de textos diversos.
10) Prática como componente curricular:
I-lnidade 1: A importância da leitura
TEXTO 1: A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento
Antigamente se acreditava que o conhecimento era transmitido, que passava de uma pessoa para outra. É
claro que, por rnais que se esforçasse, talvez nosso professor de Porhrguês não tivesse conseguido nos
transrnitir as regras da colocação pronominal. (Sabe aquele papo de próclise, mesóclise e ênclise? Não?
F-iqrte calmo, quaSe ninguém se lembra...) O caso é que fizemos a pro-va e tiramoE, a nota, mas hoje
prÉrcisamos escrever uma carla comercial ou um artigo para a revista, mandar um e-mail, procuramos
dentro c1e nós e... onde foi parar'? Com certez4 náo e um conhecimento disponível no presente. Não
apt'endemos de fato, pois uma das características da aprendizagem é ser aplicável: não apenas saber, mas
poder usar o que se sabe. Agora, aquela música dos Incríveis... aquela você nunca mais esqueceu! Às
vezes se pega cantarolando era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones. Gostando
ou não gostando, ela ficou. Por que a música permaneceu e a mesóclise foi pro espaço? - Porque a música
era iãcil. 
- 
Alguóm diz.
Acontece que outras coisas eram muito mais fáceis e você esqueceu, como o telefone da sua cunhada,
enquanto reteve inúmeros dados dificeis, como um vocabulário de centenas de palavras e expressões em
Inglês. Mesmo sem entrar presentemente na relação entre memória e aspectos emocionais/sentimentais,
ainda assim podemos entender o que acontece, com a ajuda de modernas teorias da aprendizagem. Elas
consideram o conhecimento como sendo uma construção íntima de cada ser, uma elaboração da mente,
construindo, desmontando e reconstruindo eskuturas de pensamentos, sempre a partifdo que percebeu e
experimentou. Há, certamente, os fatores externos, as possíveis estimulações, que são recursos que podem
despertar o interesse do aluno para um determinado tema, numa atitude de curiosidade e atenção. Mas a
realidade é que ninguém controla o modo como o outro aprende, ou quando chegará a aprender o que
pretende ensinar. A prova disso é que aprendemos muito com nossos pais (e não apenas do que
esperavam que aprendêssemos!), mas há eertas áreas em que eles nunca conseguiram modificar nosso
jeito de pensar- E assim também acontece com as nossas crianças. Dizer que cada criança é um mundo
parece clichê, mas é a mais pura verdade.
2
Tudo o que ela já viveu, nesta encarnação e nas anteriores; tudo o que já fez, descobriu, percebeu, infuiu e
pensou; os Íllmes que assistiu, as conversas que ouviu, as histórias que leu; tudo parlicipa do seu modo de
ver o mundo e de aprender. Que conceitos adquiridos entram na formação de suas conclusões sobre as
coisas? Nunca saberemos totalmente. Mas o que se sabe é que as informações e os exemplos a que se
expõe sempre podem influenciá-la mais ou menos intensamente - o que é nossa porta de entrad4 como
educadores, neste seu mundo tão paúicular. O que se pode fazer é criar um meio propício, é oferecer, à
inteligência, a argamassa, o material de conskução em quantidade e qualidade suficientes para que a
criança construa suas estruturas de pensamento da melhor maneira, com o melhor tipo de informação e os
melhores exemplos possíveis. E aqui chegamos à importância dos liwos e da leitura neste processo. Ler é
saber. O primeiro resultado da leitura é o aumento de conhecimento geral ou específico. Ler é trocar. Ler
não é só receber. Ler é comparar as experiências próprias com as narradas pelo escritor, comparar o
próprio ponto de vista com o dele, recriando idéias e revendo conceitos. Ler é dialogar- Quando lemos,
estabelecemos um diálogo com a obr4 compreendendo intenções do autor. Somos levados a fazer
perguntas e procurar respostas. Ler é exercitar o discernimento. Quando lemos, colocamo-nos de modo
favorável ou não aos pontos de vista, pesamos argumentos e argumentamos dentro de nós mesmos,
refletimos sobre opções dos personagens ou sobre as idéias defendidas pelo autor. Ler é ampliar a
percepção. Ler é ser motivado à observação de aspectos da vida que antes nos passavam despercebidos-
Ler bors livros é capacitar-se para ler a vida.
Fonte:http://pt.shvoong.com/humanities/1650059-importoáC3oÁA2ncia-da-leitura-na-
ç onst*o/oC3oÁ A7 oÁC3 o/o A3 o I # ixzzllhEDv 0 O g
Texto 2
LETRAMENTO: Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura,e escrita. Oêstado
ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da
escrita e de suas práticas sociais. ObservaÇão importante: ter-se apropriado da escrita é diferente de ter
aprendido a ler e a escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnol ogia, a de codificar em
língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar*se da escrita é tornar a escrita "própria", ou seja,
e assumi-la cotno sua "propriedade". Retomemos a grande diferença entre alfab etizaçáo e letrámento,
entre alfabetizado e letrado: um indivíduo alfabetizado náo é necessariarnente um indivíduo letiado;
alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em
estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialrnente a leitura e a
escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.
Letramento definido num poema: Uma estudante norte-americana, de origem asiática, Kate M. Chong, ao
escrever sua história pessoai de letramento, define-o em um poema:
O QUE E LETRAMENTO?
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática-
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente
.O.terypo, os artistas da TV o .
e mesmo Mônica e Cebolinha
, nos jornais de domingo,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
' de velhos amigos.
sem deixar sua c;lma,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos-
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
:
para que você não fique perdido.
Letra.mento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.
Texto 3: J
Percebemos que as colunas de divulgação gramatical que têm aparecido na imprens4 apesar de seu
tom "moderno" e despojado, na verdade representam uma visão empobrecida, extremamente
conservadora, das qerestões da língua- Muitas vezes, kata-se simplesmente de um profundo
desconhecimento da história da língua, somado à ignorância linguística, incapaz sequer de reconhecer a
língua como uma variedade histórica ou até mesmo a distinção elementar entre oralidade e escrita.
Urn espaço que seria privilegiado para discutir com mais honestidade as questões linguísticas acaba
por se tornar apenas um repositório preconceituoso de macetes de vestibular, repetindo acriticamente as
nornas das gramáticas normativas.Por exernplo: o leitor fica sabendo que o "certo" é dtzer "fluido", e
não "fluído". Ao mesmo tempo, "fica sabendo" que existe uma única forma absolutamente certa de dizer
isso, desde sempre e para sempre, e que ele, e todas as pessoas que ele conhece, falam "errado-"
Reforça-se, a[i 
- 
além do conceito geral da língua como um bloco congelado de regras, da
ascendência da escrita sobre qualquer outra manifestação da linguagem, da absoluta unidade da língua em
todos os seus registros (publicitario, jornalístico, literario, etc-), em suma, além de todas essas
barbaridades do ponto de vista científico 
- 
a ideia de que a língu4 afinal de contás, é alguma coisa
estrangeira, um co{po estraúo na nossa vida, que só alguns "iluminados" dominam-
A consequência prática deste olhar micronormativo sobre a língua é visivel: o reforço do preconceito
e da ignorância nas faixas mais escolaraadas quando emitem opiniões a respeito do assunto. Nessa
questão, há sempre muitos pesos e muitas medidas; os levantamentos mostram que pessoas de alto
prestÍgio social cosfumam corneter tantos "erros" quanto pessoas sem prestígio social, mas são "erros" da
como "erros"... Rimos facilmente
kanquilamente os "penso de que,'
têm a sua classe-
dos "nós vai" e dos "pobremas" do dialeto caipira, *u, uaaitu*arrto,
e os "houveram problemas" dos ministros do Estado 
- 
até os ..erros,,
Em suma: reclama-se muito da indigência da linguagem atual, mas poucos sabem do que estãofalando. o '
(FARACO, C- A; 'rf,zZa,C. Prática de textos para estudantes universitiários. Voze s,1992,p. 90-91)
E você, como vê a questão? Como sugestão, siga o roteiro.
l' Até agora, em que situações concretas você escreveu textos, na escola ou fora dela? Enumere os
gêneros que você escreve regularmente ou esporadicamente.
2' Nesta prática, que grau de segurança você sente em relação ao uso da linguagem escrita?
3- o que você considera seu maior problema no uso da linguagem?
4' Como vocô avalia a situação atual de ensino da }inguagem no Brasil? Em que essa situação afeta sua
vida? (Pense em termos eshitamente pessoais) ô
5' No caso específico do seu cLrso universitario, que importância tem o domínio da língua padrão?
Leia o texto a seguir para refletir sobre as dimensões do prazer da leitura.
Felicidade Clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio amrivados. Tinha umbusto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se nãá bastasse, 
"r"ir" ", aoi, uot.o,da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de históriasgostaria de ter: um pai dono de livraria.
- 
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um liwinhobarato' ela nos entregava em mãos um cartão-postai da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem doRecife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letrabordadíssima palawas como ,data natalícia" e ',sãudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vinganç4 chupando ilalas com barulho.
como essa menina devia nos odiar, nós, eue éramos imperdoavehúe bonitinhas, esguias, altinhas, de
cabelos livres- Comigo exerceu 
"o* .árrru ferocidade o ,", sadismo- Na minha ânsia de ler, eu nemnotava as humilhações a que elame submetia: continua.vaa implorar-lhe emprestados os livros que ela
não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como
casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um liwo para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-
o' E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte eque ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não viviq eu nadavadevagar num mar suave, as ondas me Ievavam eme tazíam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente eorrendo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim
numa casa' Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro
a outra menina, e que eu voitasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a
esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, q"a, 
"ru 
o meu modoestraúo de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nemcaí: guiava-me a pio**rru do liwo, o dia seguinte
viria, os dias seguintes seriam mais tarde a miúa vida intÉiru, o u*o.'pelo mundo me esperava, andeipulando pelas ruas como sempre e nâo caí nenhum avez.
Mas não ficou simplesmente nisso- O plano secreto da filha do dono de liwaria era tranquilo ediabólico' No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso ; 
" 
;";;;" i"üril. p*"
5
ouvir a resposta calma: o liwo ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia
eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se iepetir com meu
coração batendo- à
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei- Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel
não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adiviúar que eú me escolhera p*u 
"u 
sofrer,
às vezes adivinho- Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como r" q,r"* quer me farÉ. sôfr.rt"r*;ã
precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer- Às vezes ela daia:pois olivro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de maúã, de modo que o emprestei a outra
menina. E eu, que não era dadaa olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos êspantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosaà ,* recusa,
apareceu sua mãe. Ela devia estar estraúando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua
casa' Pediu explicações a nós duas. Houve uma confirsão silenciosa, entrôcortada de pul-u*u, pouco
elucidativas. A senhora acltava cadavez mais eskanho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe
boa entendeu- Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este liwo nunca saiu daqui de
casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filhadescoúecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recffe. roi entao qre,
finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o liwo agora mesmo. E para
mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendemi Valia mais do [,r" *" dar o livro:
"pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer-
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, 
" 
assim-re"ebi o liwo na mão. Acho que eu
não disse nada. Peguei o liwo. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagm. S;i q";
segurava o Iiwo grosso com as duas mãos, comprimindo-o contrá o peito. Quanto tempo levei até chegar
em casE também pouco importa. Meu peito estava queúe, meu coração pensativo. (...)
(Clarice Lispector)
I,er significa aproximar-se tle argo que acaba de ganhar existência.
Italo Calvino
o ato de ler é soberano- Implica desvendar e conhecer o mundo. E pela leitura que desenvolvemos o
processo de atribuir sentido a fudo o que nos rodeia: lemos um olhar, um gesto, um sorriso, um mapa,
uma obra de arte, as pegadas naareia, * ryl"T carregadas no cóu, o sinal dã fumaça avistado ao longe etantos outros sinais. Lemos até mesmo o silêncio! - n
Nos dias de hoje, a comunicação, mesmo presencial, esta mediada por uma infinidade de signos- Na erada comunicação interplanetaria, estabelecemos infinitas conexões com pessoas de todos os cantos do
mundo, o que nos obriga a decodificar um universo poderoso de merxagers e a nos adaptar a elas:
comunidades virtuais das redessociais, conversas pelo MSN, compras e negãcios fechados peia rede e, se
essa informação foi dominantemente verbal até então, agora se torna também visual com a chegada do
YouTube.
Sabemos o quanto a força da imagem exerce fascínio e entendemos, deÍinitivamente, que não há mais
como sobreviver neste mundo sem que haja, de nossa parte, uma adaptação constante no que se refere ao
acesso às diferentes linguagens disponíveis.
É fundamental reconhec". q.r" o sàntido de todas as coisas nos vem, principalmente, por meio do olhar,
da compreensão e interpretação desses múitiplos signosl que enxergu*or, tesde os mais corriqueiros 
-nomes de ruas, por exemplo 
- 
até os mais complexos 
- 
uma poesiarepleta de metáforas. O sentido das
coisas nos vem> então, por meio da leitura, um ato individual de construção de significado num contexto
que se configura mediante a interação autor/texto/leitor.
A leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor e exige muito r6ais que o simples
coúecimento Iinguístico compartilhado peloi interlocutores: o leitor e, ,r"""rr*iamente, levado a
mobilizar uma série de estratégias, com a finalidade de preencher as Iacunas e participar, de forma ativa,
da construção do sentido. Dessa forma, autor e leitor devem
pela linguagem para que se construa o sentido do texto.
6
ser vistos como estrategistas na interação
Para esclarecer as idéias até aqui apresentadas, leia a tira a seguir:
Na tir4 Hagat, o viking,revela o papel do leitor que interage com o texto, no caso, da placa, e abibui-lhe
o sentido, considerando tanto as informações explícitas, como também o que é sugerido de maneira
implícita, subentendida-
Podemos, então, concluir que 
ê
a) a Ieitura de qualquer texto exige do Ieitor muito mais do que o coúecimento do código linguístico;
Ir) o Ieitor realiza. um trabalho ativo de compreensão e interpretaçâo do texto, a partir, entre outros
aspectos, de seu conhecimento linguístico, textual e, ainda, de seu coúecimento de mundo-
Leitura é, assim, uma atividade de produção de sentido. É nesse intercâmbio de Ieituras que se refinam,
se reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreersão
dos outros, do mundo e de nós mesmos-
O exercício pleno da cidadania passa necessariamente pela garantia de acesso aos coúeeimentos
construídos e acumulados e às informações disponíveis socialmente. E a leitura é a chave dessa conquista.
A leitura dos textos a seguir exempliÍicam a importância da mobilização de conhecimento prévio edos objetivos de leitura para a compreensão dos sentidos de um texdo. Espere as orientações da
profess.ora para que a atividade seja signiÍicativa.
A importância da mobilização de conhecimento prévio.
(.-') nosso herói desafiou valentemente todos os risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano.
"Os olhos enganam" disse ele, 'hm ovo e não uma *.ru iipificam coÍTetamente esse planeta
inexplorado"- Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura á" prorr*, abrindo caminho, às vezes
através de imensidões tranquilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos- Os dias se tornaram
semanas, enquanto os indecisos espalhavam mmores apavorantes a respeito da beira. Finalmente, sem
saber de onde, criafuras aladas e bem vindas apareceram anunciando um sucesso prodigioso.
â€]íAAüeO §r§{út,.JÁ
OIJMW N)IT0É ptrcg.Lai/'As
ajii.4ifíE &3ͧ fi&5
http://tiras-hagar.blogspot.com/ (acesso em I 6/02/2AA7)
Os objetivos também são importantes parâ a leitura. n^rsd
,o+o"
-,y Os dois garotos correram até a entrada da casa- "Veja, eu disse a você/que hoje era um bom dia
,d/f^rytbrincar aqui", disse Eduardo. "Mamãe nunca está em casa na quinta-feiiu;', .1. acrescentou. AltosÔarbuBtusggqsldiarn a-entrada da casa; os meninos podiam correr no jardim extremamente bem cuidadíaluu§twoaoacasa;oSmenmospodramcorrernojardimextremamentebemcuidadd9
"Eu não sabia que a sualasa era tão grande", disse Marcos. "É, maii ela está mais bonita agorqffiÉ-
que meu pai mandou revestir com pedras essa parede lateral e colocou uma lareira*. Haviã portas na
frente e atras e
í§ãr,;tu*o* uma porta lateral qaí- Eles entraram la porta I
entrarem e sa sem dificu
a Gasa" e Eduardo
Ias hês bicicletas com
cava sempre aberta para
sala de estar. Estava recém-
preocupou Marcos. "Não se
...-...-.-
gntou
uer di
Iugar brincar: os garotos foram
lavabo porque ele úmido e uma vez que o
selos e moedas ", disse uardo enquanto eles
onde haviajóias. O
rmas mars
pintad4 c
preocupe, a casa
confortavel ao ne
A sala dejantar, c toda
para a cozinha onde fizeram
Eduardo disse que não era
encanamento arrebentara.
"Aqui é onde meu pai g
do-]4arsos se sentiu mais
além drc\enorme jardim.
davam uma olhada no escritório, havia três q ar superror casâ.
Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mãe cheid
-oupas e o
o atari. Eduardo comentou que o
melhor de tudo era que o banheiro do corredor era seu
suas irmãs. Não era tão bonito como o de seus pais, que
melhor coisa do mundo.
desde outro foi construído no quarto de
estava vestido de mármore? mas para ele era a
EXERCÍCIOS:
Assinale a alternativa correta:
{Quanto maior o repertório do }eitor, menos condições ele tem para identif,rcar vários.fuveis de leitura.(Q)Quanto maior o repertório do leitor, mais çondições ele tem para identificar vários níveis de leitura.
- C O repertório do leitor é um conceito que nada tem a ver com sua capacidade de compreender um texto
nos seus varios níveis-
D O repertório do leitor independe de sua formação social, religios4 cultural, etc-
E Quanto maior o repertório do leitor, mais confusa se torna a compreensão que ele fazde um texto,
uma vez que ele pode confundir as informações.
UMA HISTóRIA DE LEITURA
_ 
María, apaga essa luzl
Mas era difícil fechar o livro! Apagava a luz e acendia o lampião, pouco se importando se esse cúmplice da
noite seria o delator da manhã. O rosto sonolento, sujo de fuligem denunciaria que apagara a luz, mas continuara
lendo.
Essa história de minha mãe sempre me encantou. E, mesmo sem a cumplicidade do lampião, eu também
lÍa à noÍte. Muitas vezes, confesso, eram livros que Dona Célia, bibliotecária do colégio proibia: "ainda não é
hora!", dizia ela. E Júlio Ribeiro, Adelaide Carraro eram substituídos por José de Alencar, Machado e tantos
outros- A tudo isso se acrescente o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Alan Kardec que lia todas as noites,
depois do jantar, para meus avós. E eu lia, cheia de importância, afinal "ela sabe ler tão bonito", diziam eles
orguÍhosos da neta.
Entretanto, foram tempos difíceis os da minha infância, não fui criada entre intelectuais, nem bibliotecas,
mas descendente de imigrantes espanhóis que valorizavam acima de tudo o trabalho. O estudo nos era dado
como um presente, aquilo que eles não puderam ter e por isso afirmavam orgulhosos: "fazemos questão de
formar nossos filhos".
quarto de suas irmãs não era tão interessante exceto pela te
yavazia ex
. Eduardo figou o dom:
meio quilôn{etro daqui
casa podia ser vista em qua
lana, prata e cristais, não
8
A epoca da minha infância coincidiu com a construção de Brasília, foram anos difíceis. Meu pai,
empreiteiro de obraq perdeu tudo o que possuía, pois o material de construção desapareceu do mercado e o que
estava disponível era absurdamente caro e dessa forma, não conseguÍu cumprir com os contratos assinados.
Nossa vída mudou radicalmente, da casa própria onde morávamos, confortável e bonita, mudamos para
uma casa velha que alugamos de um parente distante. Umdia, à'noite, ouvi meus pais conversando e mínha mãe
falou com uma voz que eu nunca ouvira antes. Mostrava preocüpação e lágrimas contidas: â
.
.. 
_Amanhã, não temos dinheiro nem para a mistura!
" Meu irmão e eu ouvimos tudo aquilo, do quarto ao lado, apesar da pouca idade, sentimos o peso da: t'€sponsabilidade. Ele tomou a decisão e para isso precisava da minha ajuda. Abriria uma banca de revistas e livros
, usados.
Foi nesse momento que a leitura entrou na mínha vida. Enquanto meu irmão saía para comprar livros eI 
revistas, eu tomava conta da banca e lia... lia e escondia aqueles que eu não tinha lido ainda, recusando-me a
' vendê-los. Perguntavam os fregueses:
_Chegou novidade? Algum lívro? Algumã revísta nova?
_Não, hoje nada, ainda...
E, a irmãzinha mais nova sentada no caixote-esconderijo era a cúmplice que me ajud6va a ocultar aquelas
preciosídades, pois à noite, ao som da minha voz, dramatizava aquelas histórias, ela adormecia sonhando com o
Pimpinela Escarlate, sua personagem favorita.
Assim eram nossos dias, quando à tarde, contávamos o dinheiro das vendas, e este não era suficiente
para as despesas, todos os olhos se voltavam para mim.
_Desse jeito não dá! Primeiro você vende, depois, se der você lê.
E eu respondia, indignada:
' 
-Mas, hoje, você vendeu aquele, e eu já tinha passado da metade, estava quase no final.
o
' A mistura é mais importante, diziam todos.
E revoltada eu ia para o meu quarto, criava um final para as minhas histórias, princesas, heróis, bruxas,
cujo destino eu determinava. E[es povoavam os meus sonhos e eu sempre lhes dava um final feliz, casava moças
solitárias, premiava os bons e regenerava os maus-
Um dia, à mesa do café, antes de írmos para a escola, minha mãe sorriu, estendeu sua mão e tocou a de
meu pai com carinho e firmeza. Então falou:
- 
Esta situação que estamos vivendo logo vai passar. Tenham paciência..- ela gosta de ler, ela vai ser
professora.--
_ 
Menina, não apague essa luz!
UNIDÀDE 2: Linguagem verbal, Iinguagem não verbal e linguagem híbrida.
1. Agora, leia o texto a seguir e, depois, analise a imagem que o acompanhava em uma campanha
publicitaria.
Este texto tem mil palavras"
Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo de um senhor bem velhinho e
bem simpático' Ela parece um anjo. Loirinha, cabelo castanho-claro, encaracolado, nariz eboca perfeitos,
ar inteligente e sadio, uma dessas crianças que a gente vê ern anúncios. Pelo jeito dêve ter uns três ou
quatro anos, não rnais que isso. Ela está vestida num desses macaquiúos de flanela com florzinhas azuis
e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo,
vermelho e azul, o que nos mostra que a mocinha não é apenas novinha, mas moderninha também. O
velhinho tem um tipo bem italiano. O boné Çinza 6 típico desses senhores que a gente vê passeando pelo
Bixiga nos domingos à tarde. Estatura mediana, cabelos e bigodes branquinhos, rosto e mãos enrugadas
que traem uma idade bem avançada. Paletó marrom e calça cirlzAambos de Iã, malha creme, abotoada até
o último botão, como faz todo seúor que se preze- Embaixo da malha uma camisa azul mas bem azul
mesmo, que destoa de todo o conjunto. O que prova que.o cavalheiro e a mocinha apreciam cores fortes.
Pela roupa que os dois estão vestindo e pela carinha rosada dela, deve estar fazendo muito frio. Fato que o
ar enevoado e cinzento do jardim, que está atrás deles, vem a comprovar- Os dois estão sentados num
balanço de madeira de cor verde, desses que cabem apenas duas pessoas e que são bastante comuns em
quintais, varandas e jardins de casas de classe média, classe média alta. Ela está comodamente estirada.
Com a cabeça entre o ombro e a barriga do velhiúo e os pés apoiados numa almofadua de crochê de cor
creme- Nas mãos ela ttaz um liwo de histórias cheio de desenhos coloridos. Livro esse que, olhando
atentamente, você verá que se trata da história da Bela Adormecida. O que, alirás, é muito engraçado,
porque enquanto a bela conta a história da Bela Adormecida, o velho é que adormeceu. EIe dorme a sono
solto- Com uma mão envolta na dela e a outra apoiada sobre sua propria perna direita, na altura do joelho.
Ambos à sua maneira estão sonhando. Ele sonha dormindo, ela sonha acordada. O jardim atrás,
ligeiramente desfocado, complementa esse clima de soúo. Atrás do balanço verde, onde os dois estão
sentados, vê-se uma cerca de madeira também verde, só que num tom mais esc.uro, que os decoradores
costumam chamar de verde-império. Cor, aliás, mais que apropriada para servir de fundo a essa pequera
princesa encantada por sua história. Por tras do vazado da cerca verde de madeira, podemos ver umjardim bem amplo. O que vem a reforçar a ideia que se trata de uma família de posses. Porque ou eles têm
uma casa com um jardim bem amplo na cidade ou têm uma ampla casa de carnpo, o que nos dias de hoje
não é luxo para qualquer um. O verde lâ fora, combinando com o verde-cana do balanço e o verde-
imperio do alambrado, cria um clima gostoso no ambiente, mostrando que a dona da casa é mais
cuidadosa na escolhidas cores que a mociúa e seu cavalheiro adormecido. A preserrça de plantas tão
variadas e viçosas nos permite pensar que ou a família tem um jardineiro aplicado ou alguém na família
gosta rnuito de jardinagem. Mas isso já é divagação demais. E já basta a menina que esta divagando no
colo do avô. Isso mesmo: do avô. Por que o velho que você está vendo só pode ser o avô dela- pela
intimidade com que ela está comodamente instalada no colo dele, percebe-se que não pode ser visita,
pessoa de cerimônia. E sim alguém bem chegado, alguém da família. Para um estraúo ouvir essa história
contada por uma criaturinha tão linda seria uma novidade excitante, que dificilmente o faria cair no sono.
E se não fosse por isso, um estranho também não cairia no sono, pelo menos por dever de educação.
Resistiria bravamente até aBe la Adormecida acordar. Alóm disso, é só olhar para aroupa caseira que ele
está usando para perceber que não é alguém que foi fazer uma visita. É pessoa da casa mesmo, pai não é.
Ele é muito velhinho para ser o pai dela. E pouco provavelmente seria um tio. Tanto pela idade quanto
10
pela disponibiliclade e paciência. Tio dá doces, presentes, mas ouvir histórias intermináveis, contadas por
uma narraclora que de vez em quando divaga, tio não faz. Só pode ser mesmo um avô ouvindo pela
milésima vez a mesma história. Que para ele deve ser sempre igual e para ela deve ser sempre diferente.
Ela, por sua vez, não deve se importar que seu ouvinte durma. Afinal ela só quer colo e aquela mão terna,
enrugada e querida em volta da sua cintura pequenina- Mesmo desatento ele eslá dando a ela seu tempo e
seu carinho sonolento. Porque o balanço de jardim pode ser gostoso de'sentar. Mas como você pode ver
não é o local mais confortável para se dormir. Principalmente num dia frio como esse, nurn descampado
de uma varanda. Mas o fato é que ele não sente a dureza do balanço porque dorme e ela, igualmente, não
sente a dureza da madeira e a frieza do tempo por vários motivos: primeiro porque soúa e no sonho não
há desconforto ou frio. E segundo porque ela tem a barriga do avo como travesseiro, b braço dele como
edredom e uma almofadinha como encosto para seus pés e seu tênis multicolorido. Juntos os dois, ali na
varanda, vivem um momento que ela vai se iembrar sempre e cle não vai se lembrar de nada. Inclusive
nada da história. Por isso que e1a vai ter que contar e recontar essa história paÍa o avô centenas de vezes.
Principalmente para reviver os trechos que ele perdeu corn seus cochilos. Assim como você vai ter que ler
e reler muitas vezes esse texto até conseguir enxergar toda a beleza e ternura contidas nessa cena. Ou pelo
menos uma pequena parte dela.
UMA FOTO SERIA MELHOR
19 de agosto - Dia do fotógrafo
F
'; .*,
"t "§3-. : -
i:,.;!,
!ê
0. \ l- 
^ 
,'-^ ào 
.-r"-h
A. Ambos os textos são predominantemente de.sqitiv.er Ou narrativos? Explique sua resposta.
B: Tem fundamento a afrmação de que "uma loto seria melhor" do que um texto de mil palawas?
..-rít t- co/2'*.^V+k ) @ krÇ .* d;'t et-'L 6-n- * l^* ^,'{-*'r---!' 1-**ts p-^
V\- , 3-ü-&'aq[r-5- I sittr En- ,,.,)"! or /,.,*.]] ,*^.ê.
11
C: O texto verbal levanta algumas hipóteses, que são "leituras" sobre fotograÍia- Quais elementos do texto
verbal estão apenas sugeridos no texto não-verbal?
D: Fazer divagações e tecer comentários sobre o próprio texto que está sendo produzido é uma operação
mais apropriada ao texto verbal ou ao texto não-verbal?
o.
2- O autor da tira reproduzida a seguir utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento
artístico para representar a necessidade de um mesmo observador aprender a considerar,
simultaneamente, diferentes pontos de vista.
Observe a tirinha de Calvin responda: dentre as produçôes de Pablo Picasso reproduzidas abaixo, qual
delas utilizou procedimento semelhante?
,u$ô (ü!{tçfi, êt r$}ü (ir?l*
trl$$tôtr Dt u* tEqljã!íD rr3*Ít
{Õlt O tlt PIr, [ôÊS tÁry$l ]r,§,§ vrr
or pütJ tÂsor§t a$rr tiüi ÍjÍrioo
rsBlt ürYtà fo§E{cE r rII §ilxxt
ue4í8r Iü§ol
Cs ;r*ruri*s Betrato de FraLçoise Os pobres la pr:ria *s dois saliilr:Lancas ]larie-Théràse.polua.
*o cotovelo
Para ajudá-lo a resolver essa questão, leia um pouco mais sobre o processo criativo de Pabli picasso.
12
O pintor representa em Guernica, com certeza, a dissolução da existência, que se resume a fragmentos, a
transformações na anatomia dos seres retratados, de certa forma irreais, mas que ao mesmo tempo
transmitem o absurdo significado ou a absoluta falta de sentido da realidade gerada pela guerra. Este
painel, que hoje está exposto no Centro Nacional de Arte Raiúa Sofia, em Madri, ainda transmite todo
terror vivenciado por Picasso e seus contemporâneos clurante a Guerra Civil Espaúola. E clama pela
construção de urfr riruirdo renovado, tecido pela presença constante dapaze da tolerância. Esta obra será
eternamente o símbolo da destruição que o Homem pode perpetr*, *á, também de seu potencial para o
entendimento e a convivência com o Outro.
Além das obras de artes, figuras, placas, há outros elementos não verbais bastante importantes em uma
interação. Leia a respeito dessa forma de comunicação e aprenda a identificar condutas interessantes nos
ambientes de trabalho e em outros tipos de interação-
Modalidades da linguagem não verbal no cotidiano:
Quando precisamos ou queremos faiar com alguém, nossa primeira preocupação é com o que falar e, sem
dúvida, o conteúdo é um aspecto fundamental da comunicação. Nesta parte, veremos outro componente
importante: a Comunicação Não verbal (CNV).
O senso comum nos diz que o sucesso da comunicação depende da habilidade com que usamos as
palawas 
- 
embora não determine se essa é uma habilidade que nasce conosco ou se a desenvolvemos ao
Iongo de nossas experiências.
Os estudos de alguns psicólogos têm demonstrado que, no convívio socia! importa mais o que fazemos,
ou deixamos de fazer, enquanto falamos do que o conteúdo de nossa mensagem.
É comum ouvir frases como:
"O problema não Íbi o que você disse, mas como disse". 'iElu fulo,, com tristeza".
"Quando recebeu a notícia, ficou muito preocupado,'.
As emoções são comunicadas sem palavras, antes de serem formuladas na linguagem oral. Ansiedade,
decepção, alegria, tranquilidade, agressividade, equilíbrio, e tantas outras emoções são expressas por
intermédio de gestos, tom de voz, expressões faciais e dos olhos, postur4 toque etc.
E importante sempre considerar que não há regrE mas tendência, nesse aspecto. Afirmar,
categoricamente, que uma pessoa sorrindo ou acenando positivamente com a cabeça indica aprovação,
pode ser um grande erro. Principalmente se não considerarmos os antecedentes desse ato ou suas
características pessoais. Diante disso, é fundamental desenvolver nosso feeling para distinguir as pessoas
e as situações.
3
Imagine que um candidato à entrevista, nos ntinutos antecedentes ao seu horário, sente e levante várias
vezes, cruze e descruze pernas e braços, camiúe em vários sentidos pela sala, suspire o eue ele estará
expressando sobre seu estado emocional?
Movimentos com a catreça, expressão dos olhos e da face
.t'
Observar a expressão dos olhos de nossos interlocutores pode ser rnuito útil nas relações interpessoais,pois ela revela reações ao que esta sendo falad.o 
- 
o que desperta mais interesse, desinteresse,
desconfi ança, aprovação, desaprovação etc.
Para'o'senso comum, "olhar nos"olhos" e sinal de integridade e força moral- Entretanto, é sabido que
algumas pessoas usam o domínio de olhar como técnica de persuasão para dizer as mentiras mais atozes.
Já quando se diz algo desagradável, ou se manifesta discordânciq é comum evitar olhar diretamente para
o interlocutor.
Identificar a expressão dos olhos pode servir para orientar o fluxo de uma cooversa entre pessoas com
pouca convivência. A alternância de quem fala e de quem ouve pode ser determinada pela habilidade de
perceber quem tem o que dizer ou perguntar sobre o que esta em pauta, evitando silêncios embaraçosos.
Um aceno com a cabeça pode indicar concordância ou discordância, encorajando, ou não, a continuar a
linha de raciocínio desenvolvida. Se acompanhado de um sorriso, pode ressaltar a aprovação ou denotar
ironia.
As mais diversas emogões humanas podem ser visualmente transmitidas por meio das contrações dos
músculos da face- Torcer os lábios pode signiÍicar desprezo, abrir a boca e levantar as sobrancelhas, pode
significar espanto- Franzir os lábios, projetando-os para frente e para os lados pode indicar dúvida
Gestos
São formas e movimentos com as mãos que, frequentemente, acompanham o discurso para auxiliar a
expressão de quem fala e a compreensão de quem ouve. Servem para reforçar ou kansmitir uma atitude, e
também podem demonstrar os sentimentos a respeito de alguma questão.
É necessario considerar também que, muitas vezes, os gestos são inconscientes. Enrolm ou mexer no
cabelo, tocar, alisar o pescoço ou a face são gestos involuntários> que podem seryir para extravasar
tensões acumuladas, gerando equilíbrio e bem-estar.
Alguns gestos têm significados universais (o V da vitória, OK, a linguagem dos surdos-mudos etc.),
outros são convencionados, variando seu signiÍicado para grupos ou culfuras específicas.
Toque
O toque revela o grau de intimidade e o tipo de relação estabelecida entre duas pessoas. A maneira pela
qual pais e filhos se abraçam e beijam é diferente daquela dos namorados.
No trabalho, em razãa da preponderância do caráter profissional nas relações, o toque é mais raro, em
geral, circunscrito às mãos, braços e ombros, tem como objetivo chamar ou direcionar a atenção de
nossos interlocutores. E possível observar dois tipos de toque ritualísticos: apertar as mãos e o
controvertido 'tapinha nas costas". O primeiro simboliza uma predisposição à proximidade e/ou à
negociação. O segundo, pode indicar cumplicidade.
Postura g
É comum durante a infância e adolescência, as pessoas ouvirem de seus pais recomendações sobre como
sentar e como andar (com "peito para fora e barriga para dentro"). Entretantq mais importante que julgar
se a posfura de alguém é correta ou não, a observação desta pode nos informar a respeito de suas
características. Ombros muito encolhidos e eaídos podem significar falta de motivaçâo e energia ou ate
14
baixa autoestima- 0 contrario disso: peito exageradamente estufado paru fora, pode denotar
;:*:::l #,"X;Í"-ji;T,lf:"j";","ião, sem uma posrura adequada, ,,rargado,, ,,u .ua"i,u, pode ser
entendido como desleixo, desinteresse, falta de concentração ou, ainda, cansaço (imagine o efeito d.isso
quando uma pessoa r*,p:olõ".u comegar em um novo.emprego).
Aparência
A aparência de uma pessoa tende a revelar seus conhecimentos, hábitos, preocupagões e valores. euando
alguém vive com as unhas sujas, provavelmente, se expondo a adquiú doenças, é possível deduzir que
ele descoúece ou não se preocupa com esse fato.
Sabemos que é impossível todos nascerem com os dotes fisicos das "estrelas", que circulamna mídia
Felizmentg qualquer um pode constatar o efeito que cuidados simples têm sobre os dotes que herdamos:
alimentação adequada e sono suficiente podem tornar-se habitos saudáveis, juntamente com outros 
- 
há
muitos liwos bons sobre esse assunto.
Para complementar o cuidado com o interior, é essencial que
higiene, cabelos e unhas bem cortados, são fundamentais.
O modo de vestir, outro componente da aparôncia, é um aspecto bastante controvertido, mas passível de
inferências. Guardadas as diferenças culturais (na Europ4 tradicionalrnente, usam-se roupas escuras e,
nos trópicos, roupas coloridas), trajes extravagantes para mulheres e homens podem denotar uma
necessidade de chamar a atenção ou uma total despreocupação com a estética e o bom gosto.
A vestimenta é tão importante que em instituições: hospitais, empresas, escolas, forças armadas etc., o
uso de uniforrnes tem a função de facilitar a identificação de quem os usa (médico. bombeiro. aluno,
faxineiro, soldado, general etc.), seu stafus e os valores associados à função que desempenha.
Orientação e proximidade
A. orientação é a forma pela qual as pessoas se posicionam fisicamente entre si. Dependendo de como o
corpo é direcionado, pode revelar a disponibilidade ou interesse em interagir com o interlocütor. Colocar-
se frente a frente demonstra uma aberh:ra, porque facilita contato verbal, visual e até o toque. Já ,,dar as
costas" para alguém revela a falta de empenho para estabelecer contato. por princíflio, é gerada uma
sit'ação que d.ificulta a compreensão e a troca de mensagens.
A proximidade é outro fator que permite avaliar se existe, ou não, relaÇão entre um conjunto de pessoas e,
ainda, que tipo de relação" Toda pessoa tem um território próprio, que só será compartilhado por outros
com sua concordância- Em um espaço público, é possível perceber a formação dos grupos, observando a
proximidade de seus componentes e de como define um território próprio- Por outro lado, em espaços
públicos mais restritos, como elevadores, ônibus, metrô etc-, existe uma proximidade fisica que não
indica a existência de relacionamento. Para demonstrar o isolamento em relação às pessoas próximas, o
silêncio é mantido, em geral, acompanhado do olhar fxo em algum ponto (porta, paisagem, livro etc.), o
que coloca obstáculo a qualquer contato.
Paralinguagem
A paralinguagem compreende:
* os sons ou expressões verbais que transmitem um significado (em geral, sentimentos| sem constifuírem
palawas: "ts, ts, ts" (muxoxo), "uau!,,, "Hummml" etc.;
* a entonação ou acento atribuído às palawas enquanto são faladas. Com eles é possível transmitir
carinho, taiva, espanto e outros acontecimentos. Eisas variáveis são tão determinantes que diferentes
o exterior também esJeja em harmonia:
15
entonações empregadas em uma mesma frase podem traduzir respeito e admiração ou, conhariamente,
ironia e sarcâsmo.
Outro aspecto importante, em relação à entonação, pode ser percebido ao se pensar em como é dificil
manter a concentração quando se ouve alguém falar sempre no mesmg tom.. Assim, transmitir emoções,
valorizar ideias e manter a atenção dos interlocutores depende, também, da habilidade em variar o tom do
discurso.
Exercício de análise de texto não verbal.
t6t
-r-,">
À..t i \
.,t ';,t
s*(4§==\
j'i
rl:\ ?*-
'r-?4'n-'\
ç!ry\i-.â-\.
'_:4::]
1- O carfum narra uma história que envolve duas p"rronug"os e algumas ações. Chamaremos o homem
sem bigode de personagem 1 e o homem de bigode de personagem 2. Observe os seis primeiros
quadrinhos.
a) O que a personagem 7 faz no 2o quadrinho?
b) Que reação ela tem?
2. observe agora os quadrinhos 7,8 e 9. Como a personagem}rcage diante do que vê?
3. observe o comportamento da personagem 1 nos quadrinhos 10 e i I.
a) O que expressam a feição da personagem e a mão no queixo?
b) o que significa o sinal que ela faz com as mãos no quadrinho I l ?
16
4. Observe a reação da personagem I nos três últimos quadrinhos.
a) O que muda no estado emocional da personagem no último quadrinho?
b) Qual dos quadriúos expressa uma mistura de dois estados emocionais diferentes da personagem? por
quê?
5. A tira de Quino, entre ouhas interpretações, pode representar as diferentes visões que é possível ter da
realidade.
a) O que faz a personagem I mudar seu ponto de vista?
b) Pode-se dizer que as personagens, por terem visões diferentes da mesma realidade possuem valores
diferentes? Por quê?
c) De acordo com o ponto de vista do cartum, é possível haver alteração nos valores de uma pessoa? Em
caso afirmativo, como?
TINIDADE 3: A Linguagem Formal e a Linguagem Informal
Nossa língua apresenta uma imensa possibilidade de variantes linguísticas, tanto na linguagem formal
uanto na li
que se relere ao co
informal Elas não no
guns efinlnam essa van
eles:
' diferenças regionais: hií características fonéticas próprias de cada região, um sotaque próprio que dá
traços distintivos ao falante nativo. Por exemplo, a fala espontânea de um caipira difere da fala dã um
gaúcho em pronúncia e vocabulário;
'nível social do falante e sua relação com a escrita: um operário, de modo geral, não fala da mesma
manela que um médico, por exemplo;
* variação histórica
. diferenças individuais.
Leitura e análise de textos: Compreendendo os diferentes níyeis de formalidade através de textos
diversos.
I- Observe, no texto a seguir, como o nível de formalidade utilizado por um dos personagens confere ao
, dessaprofissão.
Aí, Galera
Jogadores de firtebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador
de futebol dizendo "estereotipaçáo"? E, no entantq por que não?
- Aí, campeão. Umapalawinhapra galera.
- Minla saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos
seus lares.
- Como é?
- Aí, galera-
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou (lue, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na
zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatefiarmos um contra-
t7
golpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cirna pra pegá eles sem calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvezmesmo previsíyel e piegas, a urira
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistadoE pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um
ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipaçáo?
- Estereoquê?
- Um chato?
- Isso.
2. Observe, no texto a seguir, os efeitos de sentido produzidos com o uso da escrita informal, bastante
ancorada nos mecanismos orais da linguagem-
intào mina tudo belê?
achei esse teu perfiu tipo daoramêmo entende?
etamém te achei bem thuchuca.
tá ligada que podemo se da considerassão um duotro
o que c acha mana?
c disculpa mais eu num sô muito bom com cumputador
tamém num sô nenhum cheiguispir pra escrevê
ispéro que c num tenha esses preconsseitofalô?
maistou me exforssãno.
a maoria das mina dos saite de namoro tão seachano mais na rialidade a maoria é tudo tipo peneu meia
vida.
ô omario num é du tamanho que elas qué ô num mora onde elas acha que tenhemquimorá ô num ganha o
trocodesejadoôfumaôéfeioôévéioôénovodimaisônumviajôprosestranjeiroenumtemfotona
os mano tenhemsêmpre um defeito ô rnuitos defeito
sei qui eu nl.m sôuistilo gatinho e nem istilogravatado
mais sempre qui poço tô dando meus pike lá na praia do ocian
pra ficar em Íôrma
essas mina aqui destisaite parece quisao tudo GizeliBirxen e querem que o maluco sejetipo o
JamisBomde ô um Janikini
querem encontrár aqui os cara qui num vai encontrár no mundo verdadero da vida real '
pra mim quem tá aqui é gente de verdade quitrabaliaquifatz suas correria aí navidaé gente normau de
carne e oços tem um camarada meu que tranpa na fêra por ezemploqui num tem tipo um visual chegado
na verdade ele é feio mêmo mais já tem 6 barraca de batata e uma casa daoramêmo cÍlrro inportado e dois
caminhão e grana no banco-
é um sugeitoistavel e trabaliador
r.B
mals a maoria das mina daqui num ia pagá um pau pra ele, tá me entendeno?
' o mano é firmesa e podi ser um esselente pai e marido, mais não ele num servi
as mina daqui quééééé é o Bredipite
num sou pleiboi e tamem num sou neúum jão sou um sugeitoumilde e onesto
tô aí nas correria do kampo dq"t?, me garantino tá ligada?
c topa troca umas ideia?
comcertesa c vai se liga ni mim purque sou sugeitohóme, intão eu vô ter tipo assim a rrôral de assumi o
bagulio entende?
seiquita na moda comêsuchi e sagimi , mais essa parada de arrois cum fita izolante num é pra mim. inda
mals comê cum aquelas vareta. nossa vazei num róla
mais nóis pode i num pico tipo ropirrari ô aquele otoo das picinaqui eu nem sei nem falâ o nome mais sei
ondi é
aí maluca meu léro é f,rrmesa não tô tirando não valeu?t ispéro que c num sejeiguau a essas iludida solitárias s num vai ficá mim julgando; ispérotamemqui c num si importe por eu sêrbaxa renda
, si pude manda umas foto falô?
tácomvidadapÍum dôgue valeu
, Vâmo cai pa denko
. Decho um sauvepa ti
, vazei
é nóis na hta e os jão no dvd
3- A seguir, leia o texto "Conversa de Mineiro" e reflita sobre os aspectos da variação linguística
presentes nele- Observe a tentativa de transposição do sotaque paru a linguagem escrita- Traduzao texto a
seguir para urna linguagem escrita mais formal.
' Conversa de Illineiro
Sapas s Gdo, eras es s etembr o,
laveu na cuzinha tomando uma
,''. 
pincumel e cuzinhando um
' kidicarnecumastumate pra madifazê
: ililta macctrronctda cum
galinhassada. Quascaí de susio
qttonduvi um barui vinde
dendu forno p ar e cenltmtíridt guerr a.
A receita mandopô um bucadim de mío dípipoca
denda galinha prassá.
O forno isquentô,omistorô, e o
"fiofo do galinhispludiu !
Nossinhora! Fiquei branco quinein
um lidileite. Foi um trem doidimaís!
Quas caídendopia ! Fiquei
s ens ab ê donc ovim, noncotô,
pr onc ov ô. Op c ev e q uil o cur a !
Gr azadeus ninguém semqxuc ô !
4. No texto a seguir, grife as gírias
contexto.
19
antigas utilizadas e tente compreender o sentido delas pelomais
Antigamente (Carlos Drummond de Andrade)
ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todasmimosas e muito prendadas. Não
faziam anos: completavam primavefas, ein geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-
lhes pé-de-alferes, arrastando a asq mas ficavam Iongos meses debaixo do balaio- E se levavam tábua, o
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outa freguesia. As pessoaq quando corriam,
antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para
colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes,
esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava,
dando às de vila-diogo- Os mais idosos, depois da janta, fazíam o quilo, saindo para tomar fresca; e
também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tard.e
ao cinematógrafq chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco
siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não adrnira que dessem com os burros
n'água.
( ..)
MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.
UNTDADE 4: TEXTO, CoNTExro E UNIDÀDES DE SENTTDO.
A palawa "texto" é bastante familiar no âmbito eseolar e fora dele, embora, de r?rodo geral, não o
reconheçamos em diversas de suas ocorrências. Certamente já ouvimos: "Que texto interãssante! Seu
texto está confuso! Faça um texto sobre "suas férias,,...
No entanto, no que diz respeito especialmente à leitura, muitas vezes os alunos leem fragmentos do texto
e buscam entender partes isoladas que, sem relação com as demais 
- 
com o todo --- l"ru* o leitor,
provavelmente, a chegar a conclusões precipitadas e até mesmo erradas sobre o sentido do texto.
Os estudos mais avançados na área da Linguística Textual, a partk da década de 60, detiveram-se em
explicar as características próprias da linguagem escrita concretizada em forma de texto e não em forma
de um mero amontoado de palawas e &ases.
Para a Linguística Textual, a linguagem é o principal meio de comunicaçã"o social do ser humano e,
portanto, seu produto concreto 
- 
o texto 
- 
também se reveste dessa importante característica, já que é
por intermédio dele que um emissor transmite algo a um receptor, obedecendo a um sistema de
signoslregras codificado. O texto constitui-se, assim, na unidade linguística comunicativa basica-
Inicialmente, faz-se necessário expor o conceito de "texto", por ser ele o elemento fundamental de
comunicação. Vejamos o conceito proposto por B ernm dez (1982):
Texto é a unidade linguística comunicativa fundamental, produto da atividade verbal humana, que possui
sempre carâtw social: está caracteruada por seu estrato semântico e comunicativo, assim como por sua
coerência profunda e superficial, devida à intenção (comunicativa) do falante de criar um texto íniegro, e
à sua estruturação mediante dois conjuntos de regras: as próprias do nível textual e as do sistema da
língua".
Alguns elementos nos parecem centrais nessa definição. São eles:
7A
a' Um texto não é um aglomerado de frases; o significado de suas partes resulta das correlações que elas
mantêm entre si- Ilma leitura não pode basem-se em fragmentos isolados do texto. Observe asequência:
Marilene ainda não chegou. Comprei três rnelancias. O escritório de Sérgio encerrou o
expediente por hoje. A densa floresta era assustadora. Ela colocou mais á no feijão. O
vaso partiu-se€m pedacinhos.
Essa sequência apresenta um amontoado aleatório de Êases, já que suas partes não se articulam entre si,
não formam um todo coerente. Portanto, tal sequência não constitui um texto.
Agora, observe a tira:
htpÍltenamagnzine.terra.com"brlgalerias {acesso an 1l tüztzeal I
Inicàlmente notamos que os personagens curtem o sol num momento de lazer- No segundo quadro datira, ao lermos "mas, infelizmente.-.", aereditamos que o personagem vai interromler o ágradável
momento por conta de alguma obrigação que deva cumprir. No terceiro quadro, porém, io*os oúrigados
a reinterpretar o significado anteriormente atribuído s verificar que ambos estão, mesmo, dispostos a
aproveitar o sol sem qualquer pressa. Corno vemos, o sentido globál de um texto depende dus coàlações
enke suas partes.
Veja como isso se dá no texto que segue-
littt â} rtdfiíA
* #,4 {??pÀÂ ul§t"
f#,tu#u.?,*vt!íÉ*
ffia6ali%i&ÊÊ{} {{.rÍtre LAw
Circuito Fechado
Chinelos, va,so, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel,
espuÍna, gilete, água, cortina, sabonete , ágoa ffia, âgua quente, toalha. Crãme paia cabelo; pente. Cueca, 
"u*iru,abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paleto. Cartãira, níqueis, documentos, caneta, chaves, Ienço, relógio,
maços de cigarros,caixa de fosforos. Jornal. Mes4 cadeiras, ii"aruepires, prato, bule, talheres, guard*apos.
Quadros- Pasta, calTo. Cigarro, fosforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, ug"rràu, 
"opo "o-Iápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vuro 
"o* 
plantas, quadros, papéis,
cigarro, fosforo. Baldeja, xícara pequena. Cigarro e fosforo. Papéis, telefone, relatóiios, 
"*tu., notas, vales,cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Meia, cavalete, cinzeiros,cadeiras, esboços de
anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, câneta, projetos de filmes, xÍcara, cartaz,-4étpis, cigarro, fosforo,
quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa,
guardanapo,xícara. Maço de cigarros, caixa de fosforos. Escova de dentes, pasta, ãgua. Mesa e poltrona, papéis,
telefone, revist4 copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéisl prova de anúncio, .*ãtu 
"papel, relógio, papel, pasta, cigarrq fósforo, papel e caneta, telefone, caneta 
" 
pup"1, telefone, papéis, folheto,
xícara, jornal, cigarro, fosforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, 
"uou?e fosforos. Êaietó, gravata.Poltron4 copo, revista- Quadros- Mesa, cadeiras, pratos, talheres, 
"opór, 
guardanapos. Xícmas, cigarro e fósforo.
Poltron4 liwo. Cigano e fosforo. Televisor, poltrona Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias,
calça, cuesa, püamq espumq água. chinelos. coberta, caÍna,travssseiro.
(Ricardo Ramos)
21
Respontla: É possível reconhecer uma articulação entre as palawas do texto Circuito Fechado, de modo
que ele é urn texto coerente, e não uma lista aleatória de palawas. Comente o processo criativo do texto e
sua relação com o título.
b. O texto tem coerência de sentido e o sentido de qualquer passagem de um texto é dado pelo contextol.
Se não levarmos em conta as relações enke as partes do texto, corremos o risco de atribuir a ele um
sentido oposto àquele que efetivamente tem.
c. Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de narrar fatos históricos, mas no de revelar as
concepções e a cultura de um grupo social numa determinada época.
f iÀ Tnrrr trfiol ts i#À :
ffi$ iu.rueBEínstt.!,il§ãits{í i s3. qu. 5sh.r. is
a**:q, ,
l.EE:,:í: | ffóa 
^Fr,i*eE#-
Fry io**'*rsb'i FS l***r=-**.i H ii +ât 6,-lJ rb.'i;"-;.;. i qí-u i"I**
,roupü6iLryi'o.,**Àrâsssi"ffi | *,o,,*
I r:i, II . - ry a : i ...*.i ? i-j-*; it=i $: i
lr*'; i ffii
'.. i 
*" 
'"::: ; "'"* i *t#Ê, I
i::::: l'*li ffiiL Ê!r'§rr§.j c r. qrnüdaJer i
-._._Y*__ ! r*sui{1$** i ,:',.:.,i
.. t :?..i...- ).i,-.{2.4,i*;:+?ji.t:i:1iii-f*r+?is1§áF* rr,o.rn,r-.,ar.,r,-,,,,,rrrra.ru*; .
http ://wr,,'w.propagand asantigas.blog ger.com.br/
(acesso em05l}lD007)
Os anúncios retratam duas concepções distintas a respeito da rnoda infanto-juvenil em épocas diferentes: o
recato do século XIX e o olhar prático e dinâmico dos dias atuais.
a
l,Contexto: unidade maior em que uma unidade menor está inserida. Exemplo: a frase serve de contexto
paÍaapalavra, o texto para a frase etc.
i i, 
"r+*ü'"iá'w
L .,,: ,.,',W.i,z4
:.: :i -.'i:i::; rr:§É
,t 
.:t!:. . -" r
I *áe#
Ejí1
: i lma:11 _.!.r::,
22
NOÇOES DE TEXTO: UNIDADES DE SENTIDO:I
A Linguística Textual parte do pressuposto de que todo fazer (ação) é necessariamente acompanhado de
processos de ordem cognitivo, de modo que o agente dispõe de modelos e tipos de operações mentais. No
caso do texto, consideram-se os processos mentais de que resulta o texto, nrlma abordagem
. 
procedimental. De acordo com Koch QÜAq, nessa abordagem "os parceiros da comunicação possuem
saberes acumulados quanto aos diversos tipos de atividades da vida social, têm conhecimentos na
memória que necessitam ser ativados para que a atividade seja coroada de sucesso". Essas atiüdades
geram expectativas, de que resulta um projeto nas atividades de compreensão e produção do texto.
A partir da noção de que o texto constitui um processo, podemos definir quatro grandes sistemas de
conhecimento, responsáveis pelo processamento textual :
Coúecimento linguístico: corresponde ao conhecimento do léxieo e da gramátic4 responsável pela
escolha dos termos e a organização do material linguístico na superficie textual, incluàive dos elementos
coesivos-
Conhecimento enciclopédico ou de mundo: compreende as informações armazenadas na memória de cada
indivíduo. O conhecimento do mundo compreende o coúecimento declarativo, manifestado por
enunciações acerca dos fatos do mundo ("O Paraná divide-se em trezentos e noventa e nove municípios',;
"Santos é o maior porto da América Latina') e o conhecimento episódico e infuitivo, adquirido akavés da
experiência ('Não dá para encostar o dedo no ferro em brasa-'). Ambas as formas de conhecimento são
estruhradas em modelos cognitivos- Isso significa que os conceitos são organizados em blocos e formam
uma rede de relações, de modo que um dado conceito sempre evoca uma série de entidades. É o caso de
futebol. ao qual se associam: clubes, iogadores, uniforme. chuteira. bola" apito. arbitro.-. Aliás, graças a
essa estruturaçáo, o conhecimento enciclopédico transforma-se em conhecimento procedimental, que
fornece instruções para agir em situações particulares e agir em situações específicas-
Conhecimento interacional: relaciona-se com a dimensão interpessoal da linguagepl, ou seja, com a
realizaçãa de certas.ações por meio da linguagem. Divide-se em:
' conhecimentoilocucional: referentes aos meios diretos e indiretos utilizados para atingir um dado
objetivo;
' coúecimento comunicacional: ligado ao anterior, relaciona-se com os meios adequados para
alingir os objetivos desejados;
' coúecimentometacomunicativo: reêre-se aos meios empregados para prevenir e evitar disúrbios
na comunicação (procedimentos de atenuação, paráfrases, parênteses de esclarecimento, entre
outros).
imento textuais aos usuiirios reconhecer um
texto como pertencente a determinado gênero.
i Texto extraído do artigo "A Linguística Textual e seus mais recentes avanços" de Paulo d.e Tarso Gçlembeck (UEL),
disponível em http://ü'q,w.ÍiloloÊia.ore.brlixcnlf/S/O6.htm, acesso ern 70/O2l2AlA
Contexto e interação
O processamento do texto depende não só das características internas do texto, como do conhecimento
dos usuários, pois é esse conhecimento que def,rne as estratégias a serem utilizadas na produção/recepção
do texto. Todo e qualquer processo de produção de textos caracteriza-se como um processo ativo e
contínúo'dó sentido, e liga-se a toda uma rede de unidades e elementos suplementares, ativados
necessariamente em relação a um dado contexto socioculfural. Dessa forma, pode-se admitir que a
conskução do sentido só ocorre num dado contexto.
Aliiás, segundo Sperber e Wilson (19S6) o contexto cria efeitos que permitem a interação enke
informações velhas e novas, de modo que entre ambas se cria uma irnplicação. Essa implicação só é
possível porque existe uma continuidade entre texto e contexto e, além do mais, a cognição é um
fenômeno situado, que acontece igualmente dentro da mente e fora dela.
indivíduos se engajam- Essas atividades são sempre situadas e as operações de construção do sentido
resultam de varias ações praticadas pelos indivíduos, e não ocorrem apenas na cabeça deles. Essas ações
sempre envolvem mais de um indivíduo, pois são ações conjuntas e coordenadas: o escritor / falante tem
consciência de que se dirige a alguém, num contexto determinado, assim como o ouvinte/leitor só pode
compreender o texto se o inserir num dado contexto. A produção e a recepção de textos são, pois,
atividades situadas e o sentido flui do próprio contexto.
Essa nova perspectiva deriva do caráter diálogo da linguagem: o ser humano só se constrói como ator e
agente e só define sua identidade em face do outro. O ser humano só o é em face do outro e só define
como tal numa relação dinâmica com a alteridade (Bakhtin, l9g2).4 compreensão da mensagem é, desse
modo' uma atividade interativa e contexlualuada, pois requer a mobilização de um vasto conjunto de
saberes e habilidades e a inserção desses saberes e habilidades no interior de um evento comunicativo.
O sentido de um texto é construído (ou rêconstruído) na interação texto-sujejtos (ou texto-co-
enunciadores) e não como algo prévio a essa interação. A coerênciq por sua vez, deixã de ser vista como
mera propriedade ouqualidade do texto, e passa a ser vista ao modo como o leitor/ouv_inte, a partir dos
elementos presentes na superfície textual, interage com o texto e o reconstrói como uma configuração
veiculadora de sentidos. .
Cabe assinalar, em forma de conclusão, que essa nova visão acerca de texto, contsxto e interação resulta,
inicialmente, de uma contribuição relevante, proporcionada pelos estudiosos das ciências cognitivas: a
ausência de barreías entre exterioridade e interioridade, entre fenômenos mentais e fenômenos fisicos e
sociais. De acordo com essa nova perspectiva, há uma continuidade entre cognição e cultura, pois esta é
apreendida socialmente> mas armazenada individualmente.
TINIDADE 5: TEXTO ORAL B TEXTO ESCRITO
A interação pela linguagem materializa-se por meio de textos, sejam eles orais ou escritos. É relevante, no
entanto, reconhecer que fala e escrita são duas modalidades de uso da língua que, embora se utilizem do
mesmo sistema linguístico, possuem características próprias. As duas nao iêm as mesmas formas, a
mesma gramática, nem os mesmos recursos expressivos. Para a compreensão dos problemas da expressão
e da comunicação verbais, é necessário evidenciar essa distinção.
Para dar início as suas reflexões, leia o texto de Millôr Fernandes, a seguir.
24
AS mulneres tem uma manera de lalar que eu chamo de vago-especí
Richard Gehman
- 
Maria, ponha 
:r: 
,i f"".r."T qualquer parte.
- 
Junto com as outras?
- 
Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. ponha no
lugar do outro dia-
- 
Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- 
Aquele de quando choveu?
-Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- 
Que é que você disse a ele?
- 
Eu disse pra ele continuar.
- 
Ele já começou?
- 
Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
-É bom?
- 
Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- 
Você trorxe tudo pra cima?
- 
Não seúor4 só trouxe as coisas. O resto não trouxe porllue a senhora recomendou para deixar até a
véspera. + '
l
- 
Mas traga, traga- Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão'akavanca a enkada e ele
reclama como na outra noite.
- 
Esta bem, vou ver como.
FERNANDES, Millôr- Trinta anos de mim mesma São Paulo, Círculo do Liwo, 1976,p.77.
No texto, o autor revela ironia ao atribuir às mulheres o falar de modo vago e por meio de elipses. No
entanto, tais características são próprias do texto oral, em que a interação facã-a-face permite que os
interlocutores, situados no mesmo tempo e espago> preencham as lacunas ali existent"r, ja que ambos,
ancorados em dados do contexto e no cónhecimeú" partimudo que possuem, sáa capazes dé compreender
e produzir sentido ao que se diz.
Em nossa sociedade, fundamentalmente oral, convivemos muito mais com textos oraisudo que com textos
escritos. Todos os povosl, indistintamente, têm ou tiveram uma tradição oral e relativimente poucos
tiveram ou têm uma tradição escrita. No entanto, isso não torna a oralidade mais importante que a ãscrita.
Mesmo que a oralidade tenha uma primazia cronológica sobre a escrita, esta, poi sua vez, adquire um
valor social superior à oralidade.
25
A escrita não pode ser tida como representação da fala. Em parte, porque a escrita não consegue
reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade,-tais como a prosóàia, a gestualidade, os movimentos do
co{po e dos olhos, entre outros. Ela apresenta, ainda, elementos significativos própriog, ausentes na fala,
tais como o tamanho e o tipo de letras, cores e formatos, sinais de ponfuação e elementos pictóricos, que
operam como gestos, mímica e prosódia S,rafrcylnte representados-
Observe a transcrição de um texto falado,."ti.ado de uma aula de História Contemporânea, ministrada no
Rio de Janeiro, no final de década de 70. Procure ler o texto como se você estivesse "ouvindo,'a aula.
..- nós vimos que ela assinala... como disse o colega aí,,, a elevação da sociedade burguesa... e capítalista.--
ora--. pode-se já ver nisso... a que é uma revolução... uma revolução signrfica o quê? Uma muiança... de
classe... em assumindo o poder.-. você vê por exemplo... a Revoluçdo Francesa... -o que ela signifiia? Nós
vimos..- você tem uma classe que sobe... e outrq classe que desce... ndo é isso? A burguesia cresceu... ela ti/a
burguesia possuía... o poder..- econômico..- mas ela não tem prestígio social... nem poder político... então...
através desse poder econômico da burguesia... que controlava o comércio... que tinhs nas *ãr, a economis da
França..- tava nos mãos do classe burguesa.-. que crescera..- desde o século quinze... com a Revolução
Comercial... nós temos o crescimento da classe burguesa... essa burguesía quer... quer... o poder...ela quár o
poder político... ela quer o prestígio social... elc quer entrar em Versalhes... então nós vamoi ver que atrsvés...
de umo Revolução...ela voí-.. de forma violenta... ela vai conseguir o poder... isso é *nq revoíução porque
signiJtcaaascensãodeumaclasseeaquedadeoutra..-masqualéaclassequecai?Éaaristocracia...tqnto
que... o Rei teve a cabeça cortada-.. não é isso?
Dinah Callou (org.). A linguagem faloda culta na cidade do Rio de Janeiro materiais
para seu estudo. Elocuções formais- Rio de Janeiro, Fujb, I99I, p. 104-105.
E possível notar que o texto é bastante entrecortado e repetitivo, apresenta expressivas marcas de
oralidade e progride apoiando-se em questões lançadas aos interlocutores, no caso, aos alunos. Isso não
significa que o texto falado é, por sua nafureza, absolutamente caótico e desestruturado. Ao contrario, ele
tem uma estruturação que lhe é própria, ditada pelas circunstâncias sociocognitivas.de sua produção.
No entanto, tais características, próprias do texto oral, são consideradas inapropriadas para o texto escrito.
E por quê?
ó4
Para entender essa questão, inicialmente, faz-se necessário observar a distinção entre essas duas
modalidades de uso da língua, proposta por Marcuschi (2001:25):
' I fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade
oral' Caracteriza-se pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e
significativos, bem como os aspectos prosódicos e recursos expressivos como a gestualidade, os
movimentos do corpo e a mímica-
. d escrita, por sua vez, seria um modo de produção texfual-discursiva para fins comunicativos com
certas especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica embora envolva
também recursos de ordem pictórica e outros. Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua
tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideogramas (escrita ideográfica) ou
unidades iconográficas- Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.
De modo geral, discute-se que ambas apresentam distinções porque diferem nos seus modos de aquisição,
nas suÍts condições de produção, na transmissão e recepção, nos meios akavés dos quais os elementos de
estrutura são organizados.
Para Koch (1992), denke as características distintivas mais
modalidades falada e escrita estão as seguintes:
26
frequentemente apontadas entre as
F ai:r Esclit;l
l. Contextualizada-
2. Não-planejada.
3. Redundante.
4. Fragmentada.
5.Incompleta.
6. Pouco
7. Predominância de frases
coordenadas.
8. Pouco uso
9. Pouca densidade
10. Poucas
elaborada
curtas, simples ou
de passivas.
informacional.
nominalizações.
l. Descontextualizada. §
2.Ptahejada.
3, Condensada.
4. Não-fragmentada.
5. Completa.
6. Elaborada.
7. Predominância de frases complexas) com
subordinação abundante.
8. Emprego freqüente de passivas.
9. Densidade informacional.
10. Abundância de nominalizações.
11. Maior densidade lexical-
ocorre, porém, que essas diferenças nem sempre distinguem as duas modaliclades. Isso porque se verifica,por exemplo, que há textos escritosmuito próximos ao da fala conversacional (bilhetes, àcados, cartasfamiliares, por exemplo), e textos falados que mais se aproximam da escrita forrnal (conferências,
entrevistas profissionais, entre outros). Além disso, atualmente, pode-se conceber o texto oral e o escrito
como atividades interativas e complementares no contexto das púticas culturais e sociais.
oralidade e escrita, assim, são práticas e usos da língua com características próprias, mas não
suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas lingüísticos distintos. Ambas permitem a
construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem á elaboração de raciocínios abstratos e
exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais e dialetais.
Cabe lembrar, f,rnalmente, que em situações de interação face a face, o locutor que detém a palawa não é
o único responsável pelo seu discurso. Trata-se, comobem mostra Marcuschi (1986), de umá atividade de
co-produção discursiva, visto que os interlocutores estão juntamente empenhados na produção do texto.
Você conhece essa piada?
UNIDÀDE T: CÊNTROS TEXTUAIS
as mais diversas situações comunicativas das
a
Desconfiado de que sua festa estava cheia de penetras, o anfitrião grita:
- Convidados da noiva, paÍa o lado direito!
Metade se aloja do lado direito dele.
- Agora, convidados do noivo, do meu Iado esquerdo!
Um monte de gente se junta do lado esquerdo.
- E, agora, caiarn fora vocês! Isto aqui é uma festa de aniversário!
Todos os dias, deparamo-nos com diferentes textos dwante
quais participamos socialmente: anúncios, relatórios, notícias, palestras, piadas,
exemplo, o que podemos fazer quando queremosl
?7
receitas etc. Veja, por
. escolher um filme para assistir no cinema.
Podemos consultar a seção cultural de um dos jornais da cidade ou uma ievisà ebpcializada, ler num
outdoor sobre o lançamento de um filme que lhe agrada ou, ainda, pedir a opinião de um amigo.
. saber como chegar a um local desconhecido por nós.
Podemos consultar um guia de ruas da cidade ou, ainda, perguntar a alguém que conheça o kajeto.
Quem sabe até pedir que essa pessoa lhe desenhe o caminho?
. convidar um amigo para sua festa de aniversário.
Podemos mandar um e-mail, um convite pelo correio, telefonar ao colega, enviar um "torpedo" pelo
celular.
. entreter uma criança.
Aqui as possibilidades são varias! Podemos ler histórias de fadas, lançar adivinhas, lembrar antigas
canções, recitar quadriúas e parlendas, propor jogos diversos, assistir a um deseúô etc.
Em todas as situações descritas acima, utilizamos textos em diferentes gêneros, isto é, para sifuações e/ou
finalidades diversas, lançamos mão de um repertório diverso de gêneros textuais que circulam
socialmentô e se adaptam às diferentes sifuações de comunicação. Cada um desses gêneros exige, para
sua compreensão ou produção, diferentes conhecimentos e capacidades.
De modo geral, todos os gêneros textuais têm em comum, basicamente, três características:
r o âssuÍIto: o que pode ser dito akavés daquele gênero;
. o estilo: as palawas, expressões, frases selecionadas e o modo de organizá-las;
. o formato: a estrutura em que cada agrupamento textual é apresentado.
Os gêneros surgem, sifuam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. O
conjunto dos gêneros é potencialmente infinito e mutável, malerialízado tanto na oralidade quanto na
escrita. Eles são vinculados à vida cultural e social e contribuem para ordenar e estabilizN as atividades
comunicativas do seu dia-a-dia. Assim, são exemplos de gêneros texfuais: telefonema, cart4 romance>
bilhete, reportagem, lista de compras, piadas, receita culinária, contos de fadas etc.
Para Bronckart (1999),"a apropríação dos gêneros é um mecanísmofundamental de socialização, cle
ínserção prátíca nas qtividades comunicativas l-tumanas. "
Observe os seguintes aspectos:
a) Vocabulário: alguns gêneros usam vocabulário mais específico, outros utilizam palawas estrangeiras.
No texto, o vocabulario chama atenção por algum motivo?
b) Grafia: Como é a oúografia do texto? De acordo com a norÍna padrão ou com algurs desvios?
c) Destinatario- Para quem se dirige o texto? Como você sabe disso? Está indicado no texto? Qual o perfil
social e cultural do leitor?
d) Suporte. Pelas características do texto que
publicado?
28
analisou, onde é mais provável que ele tenha sidovoce
e) Intenção. Como que intenção o texto foi escrito? E um texto bem-sucedido, ou seja, a intenção
corresponde ao resultado?
f) Polissemia (muitos significados) o texto contem ambiguidades?
á
g) Idade' Todo texto é produzido num determinado tempo e num determinado espaço. Assim, os textostêm idade. Em alguns deles essa idade é visível desde a primeira linha: são velhos ou são novos, por
exemplo, com relação ao leitor- Em outros, essa relação poá" estar apenas implícita. A data do texto pode
ser relevante ou não para o leitor. No texto que você analisa, u idud. e visível? Se for, esse dado é
relevante?
h) Considerando tudo o que você analisou, em que gênero você classificaria seu texto?
TEXTO 1
LIBRA
23 de seÍembro/22 de outubro
A busca da beleza e do equilíbrio é marcante na personalidade das librianas. Agradáveis, elas sempre
conseguem seu intento' São ambiciosas e nunca desistem. Neste mês, o Sol em coqjunção astral cômNetuno vai iluminar todas as ações das pessoas nascidas neste signo, ajudando-as ao autoconhecimento e
a tomar decisões mais corretas. Um alerta: a posição lunar na primeira semana sugere que você não gasteà toa, economize e abra uma poupança.
TEXTO 2
As razões de não ser. O que foi que eu pensei? Nas terríveis dificuldades; certamente, meiamente. Comoia poder me distanciar dali, daquele ermo jaibão, em enofines voltas e caminhadas, aventurando,
aventurando? Acho que eu não tinha conciso medo dos perigos: o que eu descostu ra:va eramedo de errar
- 
de ir cair na boca dos perigos por minha culpa. Hoje sei: medo meditado 
- 
Íbi isto, Medo de errar.
Sempre tive- Medo de errar é que é minha paciência. MaJ. O seúor Íia? Pudesse tirar de si esse medo-de-
erÍar, a gente estava salva. o senhor tece? Entenda meu figurado.
TEXTO 3
1- Estacione o veículo convenientemente. Sinaiise o local com o triânguio de segusança.2' Puxe o ferio de estacionamento e calce a roda oposta, a fim de evitar qualquei deslácamento.3' Introduza o macaco no respectivo encaixe quadrado, debaixo do estribo, perto do piira-lama
traseiro. Em seguida, acione-o, até que um veíCulo comece a levantar.4- Retire a calot4 comprimindo-a junto ao ar.o, em um ponto de seu diâmetro-5 Solte os parafusos da roda com a chave sextavada, enquanto o pneu estiver ainda no solo.6- Levante o veícuio
l. Acabe de desatarraxar os parafusos e retire a roda-8' Continue a levantar o carro, até que os furos dos parafusos da roda sobressalente coincidam
aproximadamente com os do cubo.
e. (...)
TEXTO 4
- Xis veiztoeis é iguar a nove! Qual é o valor di xis?
79
- Ei, ChicolVamopescá?
Hum... Só se ocê disse quarqui é o valor di xis!
- Valor de xis? Tá bão! Peraí!
(. .)
- Oi, seu Joaquim! Tem xis?
- Oia; Zet Eu num to vendo dessas coisas aqui na venda. Pru que ocê num vai numa bibrioteca? Eles Iá
équi intendi di letra!
(...)
- A letra xis fica daquele lado! ê
- I quanto qui é o valor dela?
- Olha, nenhum dos nossos títulos esta à venda. Por que você não vai a uma liwaria?
(...)
- Xisl? Nunca ouvi falar disso! Por que não vai rulma lanchonete? Lá tem muitos xis! X-salada, x-
burguer...
(. .)
- Chicg ocê só mi fez andá feito loco. Num descobri o yalor do danado do xis.
- Num carece mais! A mãe mi ajudô a resorvê o pobrema!
- Quarqui é o valor de xis, afinar?
- E treis! Pruque xis veiztreis é iguar a nove!
- Bão...agora quiocêresorveu seu pobrem4 vamopescá. O rio deve dita cheiodi peixe!
- Aliás, Zé,pexe é cum xis o cum ceagáÍ?
- Como ocê é chato... ou é xato?
TEXTO 5
A

Outros materiais