Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESOLUÇÃO DO PRESIDENTE DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS DE 16 DE OUTUBRO DE 2013 CASO RODRÍGUEZ VERA E OUTROS VS. COLÔMBIA VISTO: 1. O escrito de 9 de fevereiro de 2013, mediante o qual a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (doravante “a Comissão Interamericana” ou “a Comissão”) submeteu perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (doravante “a Corte Interamericana”, “a Corte” ou “este Tribunal”), um caso contra a República da Colômbia (doravante “Colômbia” ou “o Estado”) e ofereceu dois pareceres periciais. 2. O escrito de 25 de junho de 2012, mediante o qual os representantes das supostas vítimas (doravante “os representantes”)1 apresentaram seu escrito de solicitações, argumentos e provas (doravante o “escrito de solicitações e argumentos”). Em dito escrito, os representantes ofereceram cinquenta e duas declarações testemunhais e sete pareceres periciais. 3. O escrito de 24 de novembro de 2012, mediante o qual o Estado apresentou seu escrito de exceções preliminares, contestação à submissão do caso e observações ao escrito de solicitações e argumentos (doravante “escrito de contestação”). Em dito escrito, o Estado solicitou a realização de uma audiência sobre as exceções preliminares e ofereceu quinze declarações testemunhais e sete declarações periciais. 4. O escrito de 14 de janeiro de 2013, mediante o qual o Estado desistiu de duas perícias cujos objetos haviam sido oferecidos em seu escrito de contestação e solicitou que se lhe permitisse substituir o perito Juan Manuel Torres Fresneda, oferecido em seu escrito de contestação, que se havia escusado “por razões médicas”. 1 Os representantes no presente processo são: o Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo (CCAJAR), a Corporação Intereclesial de Justiça e Paz, o Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), e os advogados Jorge Molano e Germán Romero. 2 5. A comunicação de 6 de fevereiro de 2013, mediante a qual o Estado remeteu o nome, dados e currículo do novo perito proposto para substituir o senhor Torres Fresneda. 6. Os escritos de 17 de março de 2013, mediante os quais a Comissão Interamericana e os representantes apresentaram, respectivamente, suas observações às exceções preliminares interpostas pelo Estado. 7. A comunicação de 22 de março de 2013, mediante a qual o Estado reiterou sua solicitação “de uma audiência Independiente e prévia à de mérito, reparações e custas, nos termos do artigo 42.5 do Regulamento [da Corte Interamericana], com o fim de que se apresentem as razões de fato e de direito nas que se fundam a nulidade e as exceções alegadas pelo Estado”. 8. Os escritos de 17 de abril de 2013, mediante os quais a Comissão Interamericana e os representantes apresentaram, respectivamente, suas observações à solicitação do Estado (supra Vistos 3 e 7). 9. A Resolução da Corte de 30 de maio de 2013, mediante a qual dispôs celebrar uma audiência pública específica sobre as exceções preliminares interpostas pelo Estado, assim como que a audiência sobre os eventuais mérito, reparações e custas fosse celebrada no mesmo período de sessões. 10. As notas da Secretaria da Corte (doravante também “a Secretaria”) de 11 de junho de 2013, mediante as quais, de acordo com o artigo 46.1 do Regulamento do Tribunal (doravante também “o Regulamento”) e seguindo instruções do Presidente, solicitou-se ao Estado, aos representantes e à Comissão que remetessem suas listas definitivas de declarantes propostos, e que em razão do princípio de economia processual e em aplicação do referido artigo do Regulamento, indicassem quem poderia prestar declaração perante agente dotado de fé pública (affidávit), e quem consideravam poderia ser chamado a declarar em audiência pública, em ordem de prioridade. 11. Os escritos de 24 de junho de 2013, mediante os quais o Estado, os representantes e a Comissão apresentaram suas listas definitivas de declarantes, e indicaram quem poderia prestar declaração perante agente dotado de fé pública e quem consideravam devia prestar sua declaração na audiência pública sobre os eventuais mérito, reparações e custas. 12. As notas da Secretaria de 27 de junho de 2013, mediante as quais, seguindo instruções do Presidente, foram transmitidas as listas definitivas às partes e à Comissão Interamericana, assim como se lhes outorgou um prazo para apresentar as observações que considerassem pertinentes. 13. O escrito de 5 de julho de 2013, mediante o qual os representantes apresentaram suas observações sobre a lista de declarantes oferecidos pelo Estado e, inter alia, apresentaram uma recusa contra um dos peritos oferecidos pela Colômbia. 14. O escrito de 9 de julho de 2013, mediante o qual a Comissão informou que não tinha observações às listas definitivas de declarantes das partes e solicitou que se lhe outorgue a oportunidade de formular perguntas a um perito oferecido pelos representantes, “cuja declaração relaciona-se tanto com a ordem pública interamericana, como com a matéria sobre a qual versam as duas perícias oferecidas pela Comissão”. 15. O escrito de 11 de julho de 2013, mediante o qual o Estado apresentou suas observações e objeções às listas de declarantes propostas pela Comissão e pelos 3 representantes, e apresentou uma recusa contra um perito oferecido pelos representantes. 16. As notas da Secretaria de 16 de julho de 2013, mediante as quais, conforme com o artigo 48.3 do Regulamento e seguindo instruções do Presidente, outorgou-se prazo aos peritos até 26 de julho de 2013, para que apresentassem as observações que considerassem pertinentes com respeito às recusas realizadas contra si (supra Vistos 13 e 15). 17. Os escritos de 23 e 25 de julho de 2013, mediante os quais os peritos recusados remeteram suas observações a respeito das recusas colocadas contra si. 18. O escrito de 9 de outubro de 2013, mediante o qual o Estado desistiu da apresentação de três declarações periciais e nove declarações testemunhais, assim como realizou uma solicitação quanto à modalidade de apresentação do testemunho de Oscar Naranjo Trujillo. 19. O escrito de 12 de outubro de 2013, mediante o qual os representantes indicaram, em resposta ao escrito de 9 de outubro de 2013 do Estado (supra Visto 18), “que […] não desist[em] de nenhuma prova incluída em [sua] lista definitiva de declarantes”, porquanto “na atualidade todo o caso está sob litígio diante deste Tribunal, e o Estado não apresentou nenhum escrito adicional que indique o contrário, pelo que […] toda a prova apresentada é essencial para provar argumentos de fato e direito recolhidos em [seu escrito de solicitações e argumentos]”. Igualmente, solicitaram que se dera maior prioridade, à indicada em sua lista definitiva de declarantes, ao testemunho da senhora Ana María Buitrago. CONSIDERANDO QUE: 1. O oferecimento e a admissão da prova, assim como a citação de supostas vítimas, testemunhas e peritos encontram-se regulados nos artigos 35.1, 40.2, 41.1, 42.2, 46, 47, 48, 49, 50, 52.3, 57 e 58 do Regulamento do Tribunal. 2. A Comissão ofereceu como prova dois pareceres periciais. Os representantes ofereceram as declarações de quarenta e oito supostas vítimas e quatro testemunhas, uma das quais não foi confirmada em sua lista definitiva de declarantes, assim como sete pareceres periciais, dois dos quais coincidem com os dos peritos oferecidos pela Comissão. Por sua vez, o Estado ofereceu quinze declarações testemunhais e cinco pareceres periciais2. Tudo isso na devidaoportunidade processual (supra Vistos 1, 2, 3, 4, 5 e 11). Posteriormente, o Estado desistiu de nove declarações testemunhais e três pareceres periciais. 3. A Corte garantiu às partes o direito de defesa a respeito dos oferecimentos probatórios realizados em seus escritos de submissão do caso, de solicitações e argumentos, e de contestação, assim como em suas listas definitivas (supra Vistos 12, 13 e 15). 4. O Estado objetou as duas declarações periciais oferecidas pela Comissão Interamericana, apresentou observações a respeito das declarações das supostas vítimas, das testemunhas e de quatro peritos oferecidos pelos representantes e, subsidiariamente, realizou observações à delimitação dos objetos de ditas declarações. Igualmente, a 2 O Estado originalmente havia oferecido sete pareceres periciais, mas em uma comunicação de 14 de janeiro de 2013, em resposta à análise de anexos realizada pela Secretaria da Corte, desistiu expressamente de dois deles (supra Visto 4). 4 Colômbia rejeitou um dos peritos oferecidos pelos representantes. Os representantes rejeitaram um dos peritos propostos pelo Estado e apresentaram objeções a respeito de outros dois peritos e de dez testemunhas oferecidos pelo Estado; enquanto que a Comissão Interamericana informou que não tinha observações que formular a respeito das listas definitivas de declarantes das partes. 5. Quanto às declarações oferecidas pela Colômbia e pelos representantes que não foram objetadas, esta Presidência considera conveniente recolher dita prova, a efeitos de que este Tribunal possa apreciar seu valor na devida oportunidade processual, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. Por conseguinte, o Presidente admite as declarações testemunhais de Oscar Naranjo Trujillo, José Vicente Rodríguez Cuenca e Dimas Denis Contreras Villa, oferecidas pelo Estado, assim como as declarações periciais de Clemencia Correa e Ana Deutch, oferecidas pelos representantes. O objeto destas declarações e a modalidade em que serão recebidas são determinadas na parte resolutiva desta decisão (infra pontos resolutivos segundo e quinto). 6. Em seguida, o Presidente examinará de forma particular: a) a desistência de doze declarações por parte do Estado; b) a desistência tácita de um declarante oferecido pelos representantes em seu escrito de solicitações e argumentos; c) as objeções do Estado às declarações oferecidas pelos representantes; d) as objeções dos representantes às declarações testemunhais oferecidas pelo Estado; e) as recusas realizadas pelo Estado e pelos representantes a peritos oferecidos pela contraparte; f) a admissibilidade da prova pericial oferecida pela Comissão Interamericana; g) a solicitação da Comissão para formular perguntas a um perito oferecido pelos representantes; h) a solicitação de prova dos representantes; i) a audiência específica sobre as exceções preliminares interpostas pelo Estado; j) a modalidade das declarações e pareceres periciais por receber, e k) as alegações e observações finais orais e escritas. A. Desistência de doze declarações por parte do Estado 7. Em 9 de outubro de 2013, o Estado informou a esta Corte que “depois de adiantar uma profunda revisão dos testemunhos e perícias solicitados inicialmente […]decidiu desistir de algumas provas”. De acordo com o Estado ditas desistências efetuavam-se “[à] luz dos princípios que orientam o processo contencioso perante a […] Corte […] em matéria probatória”, especificamente “a celeridade ou a economia processual no desenvolvimento do trâmite” perante este Tribunal. O Estado desistiu da apresentação de três declarações periciais e nove declarações testemunhais (supra Visto 18): (i) perícia do senhor Edgar Saavedra Rojas, “devido a que seu objeto, a saber, a natureza e o conteúdo do recurso extraordinário de cassação; versa sobre um ponto de direito que pode chegar a conhecimento da Corte por meio das normas colombianas que regulam a matéria”; (ii) perícia de Paula Cadavid Londoño, pois sua intervenção “limitava-se a uma discussão de conteúdo dogmático penal e respondia à perícia solicitada pelos peticionários, a cargo do senhor Michael Reed Hurtado”; (iii) perícia de Justo Pastor Jaimes, porque “já existem elementos de prova dentro do expediente internacional que analisam de maneira profunda os reconhecimentos em vídeo que têm sido utilizados para a identificação das supostas vítimas de desaparecimento forçado”, além de que “recentemente o Estado conheceu que o senhor Jaimes havia intervindo em um dos processos penais internos como especialista na mesma matéria” pelo qual a referida perícia seria inadmissível de acordo com o artigo 48.1.f do Regulamento da Corte, e (iv) testemunhos de Rafael Samudio, José Ignacio Posada Duarte, Ariel Valdés Gil, Pedro Antonio Herrera Molina, Edgar Villamizar Espinel, Samuel Buitrago Hurtado, Reynaldo Arciniegas, Gaspar Caballero e Clemencia García de Useche, devido a que “estas pessoas declarariam sobre aspectos que resultam devidamente 5 acreditados mediante a documentação atuante no expediente internacional; ou buscam impugnar circunstâncias susceptíveis de ser controvertidas, em audiência, através das alegações do Estado”. 8. O Presidente toma nota de ditas desistências. 9. Em seu escrito de contestação, o Estado originalmente havia oferecido o senhor Juan Manuel Torres Fresneda para prestar perícia sobre o recurso extraordinário de cassação na Colômbia e depois solicitou sua substituição pelo senhor Edgar Saavedra Rojas. Diante da desistência do Estado à perícia sobre o recurso de cassação, não resulta necessário pronunciar-se sobre a referida solicitação de substituição. 10. No mesmo sentido, em razão da desistência do Estado, o Presidente não se pronunciará sobre as objeções e observações dos representantes às perícias de Edgar Saavedra Rojas e Justo Pastor Jaimes, nem aquelas sobre os testemunhos de Rafael Samudio, José Ignacio Posada Duarte, Ariel Valdés Gil, Edgar Villamizar Espinel, Samuel Buitrago Hurtado, Reynaldo Arciniegas e Gaspar Caballero. B. Desistência tácita de um declarante oferecido pelos representantes em seu escrito de solicitações e argumentos 11. O Presidente constata que, no escrito de solicitações e argumentos, os representantes ofereceram a declaração testemunhal de Ramón Jimeno. Não obstante, dito oferecimento não foi confirmado pelos representantes em sua lista definitiva de declarantes. Conforme com o artigo 46.1 do Regulamento, o momento processual oportuno para que as partes confirmem ou desistam das declarações oferecidas em seu escrito de solicitações e argumentos ou em seu escrito de contestação é na lista definitiva solicitada pelo Tribunal3. Portanto, ao não confirmar dita declaração em sua lista definitiva, os representantes desistiram da mesma na devida oportunidade processual. Em razão do anterior, o Presidente toma nota de dita desistência. C. Objeções do Estado às declarações oferecidas pelos representantes C.1) Objeções do Estado às declarações das supostas vítimas 12. O Estado observou que, com exceção de alguns casos, “por cada vítima direta seriam escutadas entre duas e três pessoas” e inclusive um número ainda maior de declarações nos casos de Héctor Jaime Beltrán Fuentes, Carlos Horado Urán, Gloria Stella Lizarazo e David Suspes Celis. A esse respeito, o Estado solicitou, com base no critério de utilidade e princípios de economia processual e celeridade, que se limitasse as declarações dos familiares das supostas vítimas diretas “de tal forma que só um dos familiares[de cada uma delas] pronuncie-se […] sobre o ‘perfil’ da suposta vítima direta com a que guarda relação”. Igualmente, solicitou que “os testemunhos a prestar pelos demais familiares unicamente refiram-se: i) aos fatos que presenciaram como supostas vítimas do presente caso, ii) às diligências na busca de justiça das que participaram pessoalmente, iii) ass[im] como aos danos e afetações padecidos em sua vida privada”. 3 Cfr., mutatis mutandis, Caso Vera Vera e outros Vs. Equador. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 23 de dezembro de 2010, Considerando 8, e Caso Norín Catrimán e outros (Lonkos, Dirigentes e Ativistas do Povo Indígena Mapuche) Vs. Chile. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 30 de abril de 2013, Considerando 5. 6 13. O Presidente da Corte constata que foram propostas para declarar quarenta e oito supostas vítimas, das cento e cinquenta e sete supostas vítimas indicadas pela Comissão em seu Relatório de Mérito. Daquelas propostas para declarar, quatro são supostas vítimas de detenção e tortura sobreviventes dos fatos conhecidos como a tomada e retomada do Palácio da Justiça, ocorridos entre 6 e 7 de novembro de 1985, enquanto que as demais quarenta e quatro supostas vítimas propostas para declarar são os familiares das supostas vítimas desaparecidas, executadas ou detidas e torturadas, de acordo com o Relatório de Mérito da Comissão. 14. Esta Presidência lembra que é necessário procurar a mais ampla apresentação de prova por parte das partes em tudo o que seja pertinente4. Como se tem indicado em outros casos corresponde a cada parte determinar sua estratégia de litígio5 e, portanto, as partes têm a potestade de oferecer a prova que considerem pertinente e relevante no âmbito do procedimento perante a Corte, pelo qual o número de supostas vítimas oferecidas para declarar pelos representantes no presente caso não pode ser interpretado como um ato em detrimento dos princípios do contraditório e igualdade processual, pelo que não afeta per se a admissibilidade da prova oferecida. O Presidente considera que, neste caso, as razões de “economia processual” indicadas não são um motivo suficiente para desconsiderar dita prova6. O número de supostas vítimas oferecidas para declarar é grande, mas não resulta excessivo em função da extensão e complexidade dos fatos alegados no presente caso, assim como o número de supostas vítimas indicadas pela Comissão. 15. Adicionalmente, o Presidente considera oportuno lembrar que a Corte tem destacado reiteradamente a utilidade das declarações das supostas vítimas na medida em que podem proporcionar maior informação sobre as violações alegadas e suas consequências7. Ademais, este Tribunal tem ressaltado que as supostas vítimas podem ilustrar à Corte com respeito às medidas de reparação que eventualmente deverá adotar este Tribunal8. 4 Cfr. Caso do Massacre de Santo Domingo Vs. Colômbia. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 5 de junho de 2013, Considerando 30, e Caso Tide Méndez e outros Vs. República Dominicana. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 6 de setembro de 2013, Considerando 59. 5 Cfr. Caso González e Outras (“Campo Algodonero”) Vs. México. Resolução da Presidenta da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 18 de março de 2009, Considerando 67, e Caso Tide Méndez e outros Vs. República Dominicana. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 6 de setembro de 2013, Considerando 47. 6 Cfr. no mesmo sentido, Caso Gutiérrez e família Vs. Argentina. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de dezembro de 2012, Considerando 13; Caso Véliz Franco e outros Vs. Guatemala. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 10 de abril de 2013, Considerando 12, e Caso Osorio Rivera e outros Vs. Peru. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos em exercício para o presente caso de 8 de julho de 2013, Considerando 6. 7 Cfr. Caso Contreras e outros Vs. El Salvador. Mérito, Reparações e Custas. Sentença de 31 de agosto de 2011 Série C No. 232, parágrafo 38; Caso Grande Vs. Argentina. Exceções Preliminares e Mérito. Sentença de 31 de agosto de 2011 Série C No. 231, parágrafo 75; Caso da “Massacre de Pueblo Bello” Vs. Colômbia. Resolução do Presidente da Corte, 29 de julho de 2005, Considerando sétimo; Caso Díaz Peña vs Venezuela, Resolução do Presidente da Corte de 2 de novembro de 2011, Considerando trigésimo primeiro; Caso Palma Mendoza e outros Vs. Equador. Resolução do Presidente da Corte, 25 de janeiro de 2012, Considerando sexto, e Caso Massacres de El Mozote e arredores Vs. El Salvador, Resolução do Presidente da Corte de 22 de março de 2012, Considerando nono, e Caso Brewer Carías Vs. Venezuela. Resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de agosto de 2013, Considerando 17. 8 Cfr. Caso Suárez Peralta Vs. Equador, Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de dezembro de 2012, Considerando 22. 7 16. Por outro lado, esta Presidência não considera pertinente limitar os objetos das declarações dos familiares das supostas vítimas de forma que só um deles possa referir-se ao “‘perfil’ da suposta vítima direta com a que guarda relação”. Se bem é certo que, de acordo com os objetos propostos pelos representantes, mais de um familiar declararia sobre o “perfil” daquelas pessoas supostamente desaparecidas, executadas ou detidas e torturadas, ao encontrar-se uma parte importante delas desaparecidas ou falecidas, faz-se ainda mais relevante procurar a mais ampla entrega de informação que seja pertinente. Portanto, o Presidente não considera procedente a solicitação do Estado de limitar os objetos das declarações das supostas vítimas propostas pelos representantes, pelo que admite ditas declarações. O valor das mesmas será determinado na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de ditos testemunhos determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra pontos resolutivos segundo e quinto). C.2) Objeções do Estado às declarações testemunhais oferecidas pelos representantes a. Declaração de Ángela María Buitrago 17. O Estado alegou que a declaração testemunhal de Ángela María Buitrago “não responde ao critério de utilidade”. De acordo com o Estado, “as atividades e diligências de caráter público relativas aos processos de investigação a nível interno, relacionadas com o presente caso, estão acreditadas de maneira completa e precisa através da vasta prova documental que atualmente integra o expediente internacional”, pelo qual “o testemunho [de] Ángela María Buitrago, estaria encaminhado a evidenciar fatos a respeito dos quais já se verteram elementos materiais probatórios suficientes no acervo”. Em razão do anterior, a Colômbia solicitou que dita declaração fosse “desestimada ou, em seu defeito, se disponha que a mesma seja prestada mediante affidávit”. 18. Os representantes ofereceram a declaração de Ángela María Buitrago Ruíz para declarar “sobre as atividades e diligências de caráter público, relativas aos processos de investigação a nível interno sobre os quais teve conhecimento em função de sua atividade profissional”. De acordo com os fatos alegados pela Comissão e pelos representantes no presente caso, a senhora Buitrago Ruíz esteve encarregada da investigação dos fatos do presente caso desde novembrode 2005 até setembro de 20109. Se bem é certo que no presente caso existe uma extensa prova documental a respeito das investigações adiantadas, a declaração da senhora Buitrago Ruíz, que presenciou e desenvolveu pessoalmente algumas das diligências investigativas realizadas pelo Estado e a quem poderiam constar alguns dos alegados obstáculos na investigação dos fatos do presente caso10, resulta de utilidade frente às alegações que as partes pretendem provar perante esta Corte. Portanto, esta Presidência considera pertinente admitir a declaração de Ángela María Buitrago Ruíz, a qual será apreciada na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de 9 Relatório de mérito, parágrafos 323 a 338 (expediente de mérito, Tomo I, fólios 238 a 242), e escrito de solicitações e argumentos (expediente de mérito, Tomo II, fólios 484 a 514). 10 Em particular, observa-se que em seu escrito de solicitações e argumentos os representantes indicam que “está demonstrado que o quadro de ameaças [para obstaculizar a investigação] é muito mais extenso. Existem provas que sustentam fustigamentos contra outras testemunhas como Bernardo Garzón e operadores de justiça como [o Procurador] Carlos Jiménez Gómez que teve que sair do país e a mesma promotora do caso doutora Ángela María Buitrago”. Também, os representantes indicam que “a Promotora Geral da Nação despediu indiretamente a então Promotora Quarta Delegada perante a Corte Suprema de Justiça, Ángela María Buitrago, decisão adotada dias depois de haver chamado três generais à indagatória pelos fatos do Palácio da Justiça. A decisão esteve motivada em supostas razões de morosidade no cumprimento de suas funções”. 8 dito testemunho determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo segundo). b. Declarações de Julia Navarrete e de Ignacio Gómez 19. O Estado alegou que os testemunhos de Julia Navarrete e de Ignacio Gómez, propostos pelos representantes, “estariam encaminhad[os] a evidenciar fatos a respeito dos quais se verteram elementos materiais probatórios suficientes no acervo”, pelo qual “não respondem ao critério de utilidade, nem aos princípios de econom[ia] processual e celeridade. O Estado indicou que ambas as testemunhas são jornalistas e “declarariam sobre fatos que foram previamente informados à opinião pública”, pelo que “recairiam sobre questões que são de público conhecimento”. Em razão do anterior, a Colômbia solicitou “desconsider[ar] a prática das provas em questão”. De maneira subsidiária, o Estado solicitou que “só se acolha um dos dois testemunhos”, em razão de que “ambos contam com idêntico objeto e correspondem a uma mesma visão sob o aspecto profissional”. 20. Os representantes ofereceram estas testemunhas para declarar “sobre o contexto, antecedentes e fatos relativos à tomada e à retomada do Palácio da Justiça, assim como sobre a busca de justiça das vítimas e seus familiares, com respeito aos que tive[m] conhecimento por sua atividade profissional”. Ambos os declarantes foram oferecidos para declarar sobre o mesmo objeto. Não obstante, o Presidente constata que, de acordo com a informação aportada ao expediente e os fatos alegados pela Comissão e pelos representantes, a senhora Julia Navarrete e o senhor Ignacio Gómez não são só jornalistas que declarariam sobre fatos de público conhecimento, senão que atuaram como testemunhas nos processos iniciados a nível interno, a respeito de distintos aspectos dos fatos do presente caso que presenciaram pessoalmente11. Da descrição dos fatos realizada pela Comissão e pelos representantes desprende-se que ambas as declarações poderiam resultar úteis e pertinentes, em atenção aos fatos que as partes alegam e pretendem provar. Por outra parte, o Presidente faz notar que aquilo que poderia constituir um fato de público conhecimento dentro da Colômbia não necessariamente o é a nível internacional ou no contexto do processo perante esta Corte. Portanto, o Presidente desconsidera as objeções do Estado e admite as declarações de Julia Navarrete e Ignacio Gómez, as quais serão apreciadas na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de ditos testemunhos determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo quinto). 11 De acordo com a Comissão, “a jornalista da Caracol Julia Navarrete e repórter do Noticiário Alerta Bogotá indicou que antes da tomada visitou a lanchonete do Palácio da Justiça e observou os empregados de dito estabelecimento desempenhando seus trabalhos como de costume”. Relatório de Mérito (expediente de mérito, Tomo I, fólio 54) Por sua vez, os representantes indicaram que “o conhecimento prévio da tomada foi corroborado com vários testemunhos[,] entre eles, o da jornalista Julia Navarrete que indicava que ‘nesse momento lembra (sic) que o M-19 havia denunciado que no dia 17 de outubro ia ser tomado o Palácio da Justiça”. Também, de acordo com os representantes, a senhora Julia Navarrete declarou que “como vinte dias antes, o Dr. [Reyes Echandía contou-lhes]a alguns jornalistas que haviam apanhado um plano para tomar-se o [P]alácio. A ele provocava-lhe muita risada e contou-[lhes] informalmente, e por isso em poucos dias no [P]alácio puseram detector[es] de armas que duraram como 8 dias e depois de 3 dias antes da tomada do [P]alácio os retiraram”. Ademais, os representantes indicaram que a jornalista Julia Navarrete afirmou a respeito da atitude dos militares nas instalações da Casa del Florero que: “[e]les iam olhando cada uma das pessoas e de acordo ao que viam no álbum, se se lhes parecia a alguém o mandavam para o segundo andar”. Adicionalmente, os representantes afirmaram em seu escrito de solicitações e argumentos que a jornalista declarou em sede judicial a nível interno que viu sair com vida do Palácio da Justiça à suposta vítima Carlos Horacio Urán. Escrito de solicitações e argumentos (expediente de mérito, Tomo III, fólios 781, 783, 798, 841, 936 e 982) Por outra parte, os representantes indicaram que “o jornalista Ignacio Gómez declarou perante [a] Promotoria Sexta da Unidade de Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário que a senhora Ana María Bidegain identificou seu esposo, o Magistrado Carlos Horacio Urán em uma das notas jornalísticas do programa de televisão Notícias Um”. Escrito de solicitações e argumentos (expediente de mérito, Tomo III, fólio 842). 9 C.3) Objeções do Estado às declarações periciais oferecidas pelos representantes 21. Os representantes, conjuntamente com a Comissão, ofereceram a declaração pericial de Federico Andreu Guzmán “sobre o contexto jurídico vigente na época dos fatos e sua implementação, sobre a estrutura e funcionamento das forças de segurança na época, assim como sobre a existência de práticas de violações de direitos humanos. Igualmente, declarará sobre a intervenção da justiça penal militar na investigação e julgamento de delitos que não são de função e/ou que poderiam constituir violações aos direitos humanos, cometidos no contexto de uma operação militar. A perícia fará uma análise de experiências comparadas a nível internacional e fará referência particular do caso da Colômbia”. Adicionalmente, os representantes ofereceram a declaração de Michael Reed Hurtado para declarar “sobre a falta de idoneidade da justiça penal militar como foro para examinar, julgar e sancionar violações aos direitos humanos; sobre as falências a respeito do dever de investigar identificadas no presente caso; sobrea necessidade de considerar os diversos níveis de responsabilidade na[s] investigações de delitos cometidos no contexto de padrões de violações a direitos humanos, sob a existência de aparatos de poder organizados, e a respeito de crimes de Estado[,] assim como sobre as iniciativas legislativas ou de outro tipo na Colômbia que poderiam perpetuar a impunidade no presente caso. Finalmente declarará sobre os requisitos que deve cumprir o Estado em quanto ao dever de investigar e sancionar todos os responsáveis no presente caso”. 22. Ademais, os representantes ofereceram a declaração pericial de Mario Madrid Malo, para declarar “sobre o contexto jurídico que regia na Colômbia na época dos fatos e sua implementação, que é determinante considerar para que a Corte possa chegar a conclusões a respeito da responsabilidade internacional do Estado no presente caso. De igual modo, prestará perícia sobre a legislação […] atual vigente e sua implementação sobre a concessão de benefícios penitenciários e outras medidas que possam afetar a imposição de sanções efetivas, assim como as medidas de reparação relacionadas”. Finalmente, ofereceram conjuntamente com a Comissão a perícia de Carlos Castresana, para declarar “sobre os padrões internacionais que determinam as obrigações estatais no contexto de operações realizadas pelas forças de segurança (forças armadas e polícia) que têm lugar num contexto de conflito armado interno. De maneira transversal, dita perícia analisará a confluência e complementariedade do direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional humanitário. Ademais, declarará sobre os requisitos do dever de investigar crimes de Estado complexos como os do presente caso”. 23. O Estado objetou certos aspectos ou alcances dos objetos propostos pelos representantes para as declarações periciais de Federico Andreu Guzmán, Michael Reed Hurtado, Mario Madrid Malo e Carlos Castresana, por considerar que careciam de pertinência em relação com o presente caso. A respeito de Federico Andreu Guzmán e de Mario Madrid Malo, a Colômbia objetou que suas perícias abarquem uma análise sobre “o contexto jurídico vigente na época dos fatos e sua implementação”, em razão de que “a Comissão Interamericana, […] não incluiu dita questão no contexto fático do caso” e “a litis planteada não envolve um controle de convencionalidade sobre as diferentes disposições que integravam ou integram a ordem interna”. Pelas mesmas razões, o Estado objetou que a perícia de Mario Madrid Malo refira-se “à legislação atual e vigente e sua implementação sobre a concessão de benefícios penitenciários e outras medidas que possam afetar a imposição de sanções efetivas”. De maneira subsidiaria, a Colômbia solicitou que se limitem os objetos das perícias de Federico Andreu Guzmán e de Mario Madrid Malo de forma tal que só um deles aborde o relativo ao contexto jurídico vigente na época dos fatos. Adicionalmente, o Estado objetou que as perícias de Federico Andreu Guzmán e de Michael 10 Reed Hurtado abarquem a falta de idoneidade da justiça penal militar para examinar violações a direitos humanos, por considerar que “não é um elemento técnico indispensável para reforçar o convencimento dos juízes no presente caso”, devido a que “esse ponto já foi estudado em múltiplas oportunidades pela Corte e na atualidade existe jurisprudência decantada sobre o tema”. De maneira subsidiária, o Estado solicitou que se limitem os objetos das perícias de Federico Andreu Guzmán e de Michael Reed Hurtado de forma tal que só um deles aborde o atinente à alegada falta de idoneidade da jurisdição penal militar. 24. Adicionalmente, o Estado objetou que a perícia de Michael Reed Hurtado abarque uma análise sobre “a necessidade de considerar os diversos níveis de responsabilidade na investigação de delitos cometidos no contexto de padrões de violações de direitos humanos, sob a existência de aparatos organizados”, em razão de que constituem questões relativas “à identificação de estruturas correspondentes à dogmática penal, encaminhadas ao estabelecimento de responsabilidades individuais”. Por sua vez, o Estado objetou que a perícia de Michael Reed Hurtado inclua uma análise sobre “as iniciativas legislativas ou de outro tipo na Colômbia, que poderiam perpetuar a impunidade na Colômbia”, em razão de que “a Comissão Interamericana, […] não incluiu como elemento do caso essa questão”, ademais de que “se trata de disposições normativas que ainda não cobram vigência” e que não fazem parte do debate processual. Finalmente, o Estado objetou que a perícia de Carlos Castresana abarque “os padrões internacionais que determinam as obrigações estatais no contexto de operações realizadas pelas forças de segurança (forças armadas e polícia) que têm lugar no contexto de um conflito armado interno”, por considerar que “a prova em questão não constitui um elemento técnico indispensável para reforçar o convencimento dos juízes no presente caso”, já que “dita questão já foi abordada pela Corte e existe jurisprudência sobre o tema na que se têm estabelecido padrões pontuais”. Ademais, o Estado solicitou que se limitem os objetos das perícias de Carlos Castresana e de Michael Reed Hurtado de forma tal que só um deles se refira “às obrigações que em matéria de investigação corresponde[m] ao Estado”. 25. O Presidente observa que os peritos Federico Andreu Guzmán e Carlos Castresana foram oferecidos conjuntamente pelos representantes e pela Comissão. Em razão disso no presente parágrafo, esta Presidência resolverá as objeções do Estado referentes aos objetos de ditas perícias para posteriormente pronunciar-se sobre a admissibilidade destes como declarações periciais oferecidas pela Comissão Interamericana (infra Considerandos 60 a 65). 26. O Presidente percebe que, em primeiro lugar, o Estado objetou que os peritos propostos pelos representantes declarassem sobre o contexto jurídico vigente na época dos fatos, assim como a legislação atual ou as iniciativas legislativas em trâmite, por considerar que isso não forma parte do contexto fático do caso estabelecido pela Comissão em seu Relatório de Mérito. Em segundo lugar, o Estado objetou que os peritos declarassem sobre a “falta de idoneidade da justiça penal militar” para examinar violações a direitos humanos, as obrigações do Estado em matéria de investigação e os padrões internacionais a respeito de operações realizadas pelas forças de segurança, por considerar que não resulta indispensável para o presente caso e que existe “jurisprudência decantada” deste Tribunal a esse respeito. Em terceiro lugar, o Estado objetou que a perícia de Michael Reed abarque temas relativos aos distintos níveis de responsabilidade penal, por considerar que esse é um tema que escapa à competência desta Corte. De maneira subsidiária a estas observações, o Estado solicitou que a respeito daqueles temas para os quais se propôs mais de um perito, limitassem-se os objetos respectivos de forma tal que só um deles declarasse sobre ditos temas. 27. Em quanto à objeção do Estado sobre as declarações que supostamente não formam 11 parte do contexto fático estabelecido pela Comissão em seu Relatório de Mérito, esta Presidência lembra que corresponderá ao Tribunal em seu conjunto, no momento processual oportuno, determinar os fatos do presente caso, assim como as consequências jurídicas que se derivem dos mesmos, depois de considerar os argumentos das partes e com base na avaliação da prova apresentada, segundo as regras da crítica sã 12. Quando se ordena receber uma prova isso não implica uma decisão nem um prejulgamento quanto ao mérito do caso. O Presidente considera que as observações do Estado, segundoas quais o contexto jurídico vigente atualmente e na época dos fatos não são temas que formam parte deste caso, são questões que não corresponde a esta Presidência determinar na presente etapa processual, porquanto não resultam prima facie fora do contexto fático e objeto do presente caso. Ditas objeções constituem alegações sobre questões que as partes pretendem demostrar no presente litígio e cujo eventual valor será determinado nas possíveis etapas de mérito e reparações, se for o caso. Uma vez que dita prova seja evacuada, a Colômbia terá a oportunidade de apresentar as observações que considere necessárias sobre seu conteúdo. 28. Sem prejuízo do anterior, de acordo com o objeto do presente caso e considerando, prima facie, o contexto fático do mesmo13, a inclusão de uma análise “das iniciativas legislativas ou de outro tipo na Colômbia, que poderiam perpetuar a impunidade na Colômbia”, em particular na perícia de Michael Reed Hurtado, não guarda vinculação direta com o caso. Por conseguinte, esta Presidência não considera pertinente admitir ditos aspectos da referida perícia e, em consequência, delimitará, em conformidade com o artigo 50 do Regulamento, o objeto de dita perícia e indicará, na parte resolutiva da presente Resolução, os pontos específicos aos que deverá circunscrever-se (infra ponto resolutivo quinto). 29. Por outra parte, o Estado objetou a inclusão de certos temas em algumas perícias por considerar que não resultam indispensáveis em razão da “jurisprudência decantada” desta Corte a esse respeito. O Presidente constata que “a idoneidade da jurisdição penal militar” no exame de violações de direitos humanos constitui um tema sobre o qual esta Corte tem ampla e reiterada jurisprudência14. Não obstante, isso constitui um tema controvertido pelo Estado, o qual alegou em seu escrito de contestação que “carece de qualquer fundamento” que a jurisdição penal militar “não oferece nenhuma garantia de imparcialidade e independência”. Portanto, tendo em consideração o princípio do contraditório e a fim de permitir aos representantes exercer sua defesa diante das 12 Cfr. Cepeda Vargas vs. Colômbia. Resolução da Presidenta da Corte de 22 de dezembro de 2009, Considerando décimo quarto, e Caso Vélez Restrepo e Familiares Vs. Colômbia. Resolução do Presidente da Corte de 25 de janeiro de 2012, Considerando vigésimo quinto. 13 A Comissão indicou na submissão do caso perante a Corte que o mesmo se refere, inter alia, ao suposto desaparecimento forçado de Carlos Augusto Rodríguez Vera, Cristina del Pilar Guarín Cortés, David Suspes Celis, Bernardo Beltrán Hernández, Hector Jaime Beltrán Fuentes, Gloria Stella Lizarazo, Luz Mary Portela León, Norma Constanza Esguerra, Lucy Amparo Oviedo, Gloria Anzola de Lanao, Ana Rosa Castiblanco Torres e Irma Franco Pineda durante a tomada e retomada do Palácio da Justiça, na cidade de Bogotá, realizada nos dias 6 e 7 de novembro de 1985, assim como ao suposto desaparecimento e posterior execução do Magistrado Carlos Horacio Urán Rojas, e à suposta detenção e tortura de Yolanda Ernestina Santodomingo, Eduardo Matson Ospino, Orlando Quijano e José Vicente Rubiano Galvis. Ademais, o caso relaciona-se com a suposta falta de esclarecimento judicial dos fatos e a sanção da totalidade dos responsáveis. 14 Ver, por exemplo, Caso Durand e Ugarte Vs. Peru. Mérito. Sentença de 16 de agosto de 2000. Série C No. 68, parágrafos 116, 117, 125 e 126; Caso Las Palmeras Vs. Colômbia. Mérito. Sentença de 6 de dezembro de 2001. Série C No. 90, parágrafos 51, 52 e 53; Caso Zambrano Vélez e outros Vs. Equador. Mérito, Reparações e Custas. Sentença de 4 de julho de 2007. Série C No. 166, parágrafo 66; Caso Radilla Pacheco Vs. México. Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas. Sentença de 23 de novembro de 2009. Série C No. 209, parágrafos 272 e 273, e Caso do Massacre de Santo Domingo Vs. Colômbia. Exceções Preliminares, Mérito e Reparações. Sentença de 30 de novembro de 2012. Série C No. 259, parágrafo 158. 12 alegações do Estado, o Presidente admite a perícia de Federico Andreu Guzmán para abordar o tema relativo à “idoneidade da jurisdição penal militar” para o exame de violações de direitos humanos. Na parte resolutiva desta Resolução, delimita-se, em conformidade com o artigo 50 do Regulamento, o objeto da perícia de Michael Reed Hurtado neste sentido e indicam-se os assuntos específicos aos que deverá circunscrever-se (infra ponto resolutivo quinto). 30. Por outra parte, o Presidente constata que os padrões internacionais a respeito de operações realizadas pelas forças de segurança, são temas particularmente relevantes no presente caso, de acordo às alegações das partes e da Comissão. O perito Castresana, que foi proposto para realizar a perícia que aborda este tema, possui conhecimentos jurídicos especializados sobre os padrões internacionais a esse respeito, pelo qual poderá ilustrar ao Tribunal sobre a aplicação de ditos padrões ao exame dos fatos concretos do presente caso. Portanto, o Presidente considera que dita perícia poderia proporcionar à Corte informação útil para o exame do presente caso, mais além do desenvolvimento jurisprudencial existente, assim como contribuir a fortalecer as capacidades de proteção do Sistema Interamericano de Direitos Humanos em dita matéria15. Em consequência, o Presidente toma nota das observações realizadas pelo Estado, mas diante da necessidade de procurar a mais ampla apresentação de provas pelas partes em tudo o que seja pertinente16 e a particular utilidade da perícia indicada na análise dos fatos do presente caso, não considera procedente a objeção do Estado neste sentido. 31. Igualmente, o Presidente considera que similares considerações aplicam às objeções do Estado sobre a inclusão de “temas relativos aos distintos níveis de responsabilidade penal”. Como o tem feito em numerosos casos, reitera-se que não lhe corresponde a este Tribunal a determinação de responsabilidade penal individual. Não se considera procedente a objeção do Estado a respeito deste tema da perícia do senhor Reed Hurtado, mas o Presidente considera pertinente delimitar o objeto da referida perícia de forma tal que se faça referência específica à aplicação dos referidos padrões no caso concreto. Por isso, este aspecto da perícia do senhor Michael Reed não está dirigido ao estabelecimento de responsabilidade penal, senão à aplicação no caso concreto dos padrões internacionais nesta matéria e às obrigações internacionais do Estado que surgem disso, assim como sua aplicação nos processos penais e investigações que se abriram a nível interno para o esclarecimento dos fatos e sanção dos responsáveis. 32. Finalmente, a respeito das alegações do Estado, segundo as quais por razões de “economia processual” devem-se limitar as declarações periciais com objetos similares, o Presidente reitera que corresponde a cada parte determinar sua estratégia de litígio (supra Considerando 14). A relevância e pertinência da prova oferecida pelas partes no trâmite do processo, assim como uma eventual superabundância ou inutilidade da mesma, faz parte de sua respectiva estratégia de litígio17. Neste caso, o Estado também teve a oportunidade de oferecer a prova que considerou pertinente que este Tribunal receba. As razões de “economia processual” indicadas não são uma razão suficiente para desconsiderar as 15 Cfr. Caso Véliz Franco e outros Vs. Guatemala. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 10 de abril de 2013, Considerando décimo segundo. 16 Cfr. Caso do Massacre de Santo Domingo Vs. Colômbia.Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 5 de junho de 2013, Considerando trigésimo, e Caso Norín Catrimán e outros (Lonkos, Dirigentes e Ativistas do Povo Indígena Mapuche) Vs. Chile. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 30 de abril de 2013, Considerando quadragésimo segundo. 17 Cfr. Caso Néstor José e Luis Uzcátegui Vs. Venezuela. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 3 de novembro de 2011, Considerando sexto. 13 mesmas18, pelo qual não considera procedente a solicitação do Estado para que se limitem os objetos das perícias oferecidas pelos representantes. 33. Em razão das considerações anteriores, o Presidente admite as declarações periciais de Michael Reed Hurtado e Mario Madrid Malo, as quais serão consideradas na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de ditas perícias determina-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo quinto). 34. Igualmente, o Presidente admite as declarações de Federico Andreu Guzmán e Carlos Castresana, em seu caráter de perícias oferecidas pelos representantes. A admissão de ditas declarações, em qualidade de prova pericial oferecida pela Comissão Interamericana determina-se mais adiante (infra Considerandos 60 a 65). D. Objeções dos representantes às declarações oferecidas pelo Estado D.1) Objeções relativas à idoneidade 35. O Estado ofereceu a declaração pericial de Carlos Delgado Romero “sobre os áudios que registram supostas conversas de membros do Exército Nacional, durante a operação de recuperação do Palácio da Justiça”. De acordo com o Estado, “[a] expertise tem o propósito de estabelecer qual á a qualidade de tais áudios e determinar se é possível identificar a quem correspondem as vozes registradas nos mesmos, diante da realização do respectivo cotejo. Do mesmo modo, estabelecerá se as gravações foram editadas ou alteradas”. 36. Os representantes observaram que Carlos Delgado Romero, perito oferecido pelo Estado, “carec[e] da formação técnica e experiência necessária para prestar [o] parece[r]” para o qual foi proposto pelo Estado. Em particular, alegaram que “o perito proposto não acreditou sua experiência no reconhecimento de vozes, nem no manejo de comunicações radiais militares, sobre sua experiência, no currículo apresentado pelo Estado se acreditam conhecimentos como engenheiro audiovisual, mas não existe evidência de sua experiência no manejo de comunicações radiais de integrantes da força pública, nem tampouco seus conhecimentos técnicos a esse respeito”. Por outro lado, alegaram que os aspectos que se pretendem esclarecer com sua perícia “já foram esclarecidos nos processos penais internos por pessoal de altas qualidades técnicas e experiência nacional e internacional da Polícia Nacional, valoração técnica com a que conta a Corte Interamericana, porquanto a mesma tem sido aportada pelos [r]epresentantes no contexto do processo penal”. Igualmente, indicaram que “o cotejo de vozes e a correspondência das mesmas com funcionários da força pública, são aspectos que se relacionam com a responsabilidade penal dos acusados a nível interno e não com a responsabilidade internacional do Estado”. 37. No que se refere à idoneidade de Carlos Delgado Romero para prestar seu parecer, o Presidente nota que a partir do currículo aportado pelo Estado constata-se que o senhor Delgado Romero é engenheiro de som e atualmente desempenha-se como “Chefe do Laboratório de Acústica Forense da Delegacia Geral da Polícia Científica de Madrid - Espanha desde o ano de 1990”. Com base no anterior, esta Presidência considera que o perito conta 18 Cfr. no mesmo sentido, Caso Gutiérrez e família Vs. Argentina. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de dezembro de 2012, Considerando décimo terceiro, e Caso Véliz Franco e outros Vs. Guatemala. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 10 de abril de 2013, Considerando décimo segundo, e Caso Osorio Rivera e outros Vs. Peru. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos em exercício para o presente caso de 8 de julho de 2013, Considerando 6. 14 com a expertise relevante para emitir uma opinião técnica sobre o objeto para o qual foi proposto, o qual poderia ser de utilidade para o caso19. Portanto, como tem feito em outros casos20, o Presidente toma nota das considerações expressadas pelos representantes, mas considera pertinente possibilitar a mais ampla produção de prova e, portanto, admite esta perícia nos termos propostos pelo Estado. O valor de tal parecer pericial será valorado na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade do mesmo determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo quinto). D.2) Objeções relativas à pertinência 38. O Estado propôs o testemunho de Jaime Castro Castro para declarar sobre “a atuação do Presidente da República e do gabinete de Ministros durante o assalto e recuperação do Palácio da Justiça”. Ademais, ofereceu as declarações testemunhais das senhoras Nubia Stella Torres e María Nelfi Díaz sobre “sua[s] vivência[s] como refén[s] no assalto do Palácio da Justiça e seu resgate”. 39. Os representantes objetaram a recepção dos testemunhos de Jaime Castro Castro, Nubia Stella Torres e María Nelfi Díaz por considerar que não são pertinentes na medida em que não guardam relação direta com o escrito de submissão do caso perante a Corte e excedem o objeto do litígio do caso. 40. Em particular, os representantes objetaram o testemunho de Jaime Castro Castro por considerar que o objeto de sua declaração “não guarda relação com o contexto fático do caso devido a que os fatos que foram indicados no escrito de submissão do caso perante a Corte […] referem-se à tortura, ao desaparecimento e à execução extrajudicial das [supostas] vítimas deste caso”. Adicionalmente, os representantes objetaram as declarações de Nubia Stella Torres e María Nelfi Díaz, devido a que os fatos do presente caso não as incluem como supostas vítimas, pelo qual as narrações sobre suas “vivência[s] no interior do Palácio da Justiça] durante o assalto [e sua] recuperação […] não é relevante […] e seu testemunho não está encaminhado a esclarecer os fatos […] do presente caso”. 41. O Presidente considera que no presente momento processual não corresponde tomar uma decisão sobre a relevância de testemunhos que, em princípio, relacionam-se com os fatos do presente caso. Por isso, reitera que ordenará receber a prova que em princípio poderia ser pertinente, em atenção ao que as partes alegam e pretendem provar, sem que isso implique um prejulgamento quanto ao presente caso, no entendido de que ditas declarações serão valoradas pelo Tribunal em sua oportunidade e segundo o acervo probatório existente, assim como de acordo com as regras da crítica sã21. 42. Em primeiro lugar, o Presidente constata que as declarações de Nubia Stella Torres e María Nelfi Díaz não foram oferecidas em qualidade de supostas vítimas, senão como testemunhas com o qual suas declarações poderão referir-se a aqueles fatos ou circunstâncias que lhes constam22. Portanto, o Presidente considera que o fato que não 19 Caso Osorio Rivera e outros Vs. Peru. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos em exercício para o presente caso de 8 de julhode 2013, Considerando 24. 20 Caso Tide Méndez e outros Vs. República Dominicana. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 06 de setembro de 2013, Considerando 38 21 Caso Abrill Alosilla e outros Vs. Peru. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 8 de setembro de 2010, parágrafo. 22 Cfr. Caso Reverón Trujillo Vs. Venezuela. Resolução da Presidenta da Corte de 24 de setembro de 2008, considerando 18; Caso González e Outras Vs. México. Resolução da Presidenta da Corte de 18 de março de 2009, 15 sejam supostas vítimas deste caso não impede que declarem sobre os fatos que, na qualidade de testemunhas, supostamente lhes constam a respeito do contexto fático do presente caso (supra Considerando 27). 43. Em segundo lugar, o Presidente lembra que corresponde ao Tribunal em seu conjunto determinar os fatos do presente caso, assim como as consequências jurídicas que se derivem dos mesmos, no momento processual oportuno (supra Considerando 27). Neste sentido, as observações dos representantes sobre as declarações de Jaime Castro Castro, Nubia Stella Torres e María Nelfi Díaz não são questões que correspondem a esta Presidência determinar neste momento processual, na medida em que não são temas que prima facie se encontrem fora do contexto fático e objeto do presente caso. As observações dos representantes constituem alegações sobre questões que as partes pretendem demostrar no presente litígio e cujo eventual valor se determinará nas possíveis etapas de mérito e reparações, se for o caso. Uma vez que dita prova seja evacuada, os representantes terão a oportunidade de apresentar as observações que considerem necessárias sobre seu conteúdo. 44. Em razão do exposto, o Presidente considera pertinente receber as declarações testemunhais de Jaime Castro Castro e Nubia Stella Torres, as quais serão valoradas na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de ditos testemunhos determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra pontos resolutivos segundo e quinto). 45. Os representantes fizeram observações adicionais a respeito da declaração da senhora María Nelfi Díaz, pelo qual a admissibilidade de sua declaração se determina a seguir (infra Considerandos 46 e 48). D.3) Objeções relativas à veracidade dos testemunhos 46. Por outra parte, os representantes realizaram observações adicionais a respeito da “veracidade” do testemunho de María Nelfi Díaz (supra Considerando 39). Em particular, os representantes indicaram que “a veracidade d[o] testemunho [de María Nelfi Díaz] é questionada devido a que na sentença de primeira instância contra o coronel ® Luis Alfonso Plazas Vega o Terceiro Juizado Penal do Circuito Especializado de Bogotá ordenou ‘compulsar cópias a efeitos de que se investigue (...) à senhora María Nelfi Díaz, por suposto falso testemunho em sua declaração oferecida no desenvolvimento da audiência pública realizada na etapa de julgamento do militar [porque …] sua versão, ao ser analisada em conjunto com a declaração de seu filho […] torna ainda mais inverossímil”. 47. A esse respeito, o Presidente constata que na sentença de primeira instância, emitida contra o senhor Luis Alfonso Plazas Vega por alguns dos fatos do presente caso, o Terceiro Juizado Penal do Circuito Especializado de Bogotá considerou que “a declaração de María Nelf[i] Díaz não reveste credibilidade uma vez que é contraditória e imprecisa”, ademais de que “sua versão, ao ser analisada em conjunto com a declaração de seu filho, Julio Cesar Valencia Díaz, torna ainda mais inverossímil seu relato e por essa razão o Escritório compulsará cópias para que se investigue o suposto delito de falso testemunho no parágrafo 45; Caso Néstor José e Luis Uzcátegui Vs. Venezuela. Resolução do Presidente da Corte de 3 de novembro de 2011, Considerando décimo terceiro; Caso J. Vs. Peru. Resolução do Presidente em exercício da Corte de 16 de abril de 2013, considerando vigésimo. 16 que pôde incorrer”23. Em derivação disso, dito julgado ordenou “[c]ompulsar cópias a efeitos de que se investigue “a senhora María Nelfi Díaz, por suposto falso testemunho”24. Não obstante, o Presidente constata que se trata de uma valoração de um tribunal de primeira instância com respeito às declarações de uma testemunha, o qual não representa uma decisão judicial definitiva sobre a veracidade ou falsidade de seu testemunho, nem a respeito da investigação que poderia haver sido realizada a partir do mesmo. Ao contrário, esta Presidência observa que na sentença de segunda instância pronunciada no mesmo processo realizado contra o senhor Luis Alfonso Plazas Vega, o Tribunal Superior de Bogotá considerou que “não resulta acertado […] desqualificar contundentemente o afirmado por esta pessoa e seu filho, pois não se sopesam senão meras circunstâncias contingentes sobre as provas”25. 48. Portanto, o Presidente considera que não corresponde acolher as objeções dos representantes com respeito à suposta falta de veracidade do testemunho da senhora María Nelfi Díaz e, em consequência, considera pertinente receber sua declaração. Dito testemunho será valorado na devida oportunidade, tendo em consideração as observações dos representantes, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade de dito testemunho determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo segundo). 49. Sem prejuízo do anterior, esta Presidência solicita às partes que, se for o caso que se houver continuado a investigação por falso testemunho da senhora María Nelfi Díaz, mantenham informada a Corte sobre as conclusões ou as determinações que puderem ser relevantes para a valoração de dito testemunho perante este Tribunal. E. Recusas efetuadas pelo Estado e pelos representantes a peritos oferecidos pela contraparte E.1) Recusa do Estado contra Carlos Bacigalupo Salinas 50. Os representantes ofereceram a perícia de Carlos Bacigalupo Salinas, que “declarar[ia] sobre todos os aspectos relacionados com a antropologia forense relativos ao presente caso, os quais incluir[ia]m aspectos relativos ao tratamento da cena do crime e tratamento de corpos de pessoas falecidas nos fatos do Palácio da Justiça, os aspectos relativos às evidências forenses relacionadas com o Magistrado Carlos Horacio Urán, e as medidas de reparação gerais e específicas relacionadas com seu âmbito de expertise necessárias no presente caso”. O Estado interpôs uma recusa contra dito perito, com fundamento no artigo 48.1.f) do Regulamento da Corte, devido a que este “interviu com anterioridade com relação à causa que hoje ocupa a atenção do […] Tribunal” em razão de que “conheceu dos fatos e contribuiu sob sua especialidade como antropólogo nos trabalhos realizados pela Comissão da Verdade”. 23 Terceiro Juizado Penal do Circuito Especializado de Bogotá, processo 03-2008-025-02-1031-3, realizado contra Luis Alfonso Plazas Vega, sentença de 9 de junho de 2010, pág. 181 (expediente de anexos ao escrito de solicitações e argumentos, Anexo 362, fólio 24000). 24 Terceiro Juizado Penal do Circuito Especializado de Bogotá, processo 03-2008-025-02-1031-3, realizado contra Luis Alfonso Plazas Vega, sentença de 9 de junho de 2010, págs. 298 e 300 (expediente de anexos ao escritode solicitações e argumentos, Anexo 362, fólios 24117 e 24119). 25 Tribunal Superior do Distrito Judicial de Bogotá, Sala Penal, processo 2008-00025, realizado contra Luis Alfonso Plazas Vega, 30 de janeiro de 2012, pág. 342 (expediente de anexos ao escrito de solicitações e argumentos, Anexo 361, fólio 23190). 17 51. Em conformidade com o artigo 48.3 do Regulamento da Corte trasladou-se ao senhor Bacigalupo Salinas a recusa exposta pelo Estado. Em suas observações, o senhor Bacigalupo Salinas indicou que efetivamente participou na qualidade de consultor internacional como especialista antropólogo forense para a Comissão da Verdade sobre os fatos do Palácio da Justiça. Não obstante, alegou que dita Comissão “não teve caráter jurisdicional”, e que o apoio outorgado “foi de caráter técnico científico, e não de ‘intervenção’, tanto pela inexistência de uma causa, como pela natureza do trabalho que desenvolve[u]”, pelo que seu trabalho “não constituiu uma perícia jurídica em causa alguma, dali que […] afirm[ou] que nunca [s]e desemp[enhou] como perito forense em um processo judicial interno, nem internacional referido aos fatos do Palácio da Justiça”. 52. O Presidente lembra que o artigo 48.1.f) do Regulamento prevê como causal de recusa de pessoas propostas como peritos o “houver intervindo com anterioridade, a qualquer título, e em qualquer instância, nacional ou internacional, em relação com a mesma causa”. Neste sentido, a Corte tem estabelecido que é pertinente evitar que se desempenhem como peritos aquelas pessoas cuja intervenção anterior houvesse sido “em uma capacidade juridicamente relevante” na defesa dos direitos de uma pessoa26. No presente caso, observa-se que, segundo a informação subministrada, o senhor Bacigalupo Salinas participou como especialista forense para a Comissão da Verdade sobre os fatos do Palácio da Justiça. A intervenção do senhor Bacigalupo Salinas como perito especialista nesta matéria no contexto da Comissão da Verdade constitui uma participação suficientemente relevante a efeitos da causal de recusa disposta no artigo 48.1.f). Portanto, é procedente a causal de recusa invocada contra o senhor Bacigalupo Salinas. 53. Não obstante, esta Presidência considera pertinente receber sua declaração a título informativo, em razão do conhecimento que tem sobre os fatos do presente caso, assim como sua expertise quanto ao objeto para o qual foi proposto. O valor de dita declaração será valorado na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade da mesma determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo segundo). E.2) Recusa dos representantes contra Máximo Alberto Duque Piedrahíta 54. O Estado ofereceu a perícia de Máximo Duque Piedrahíta, “com o propósito de contribuir a resolver as múltiplas dúvidas sobre as condições de permanência, manejo, recolhimento, inumação e exumação dos cadáveres provenientes do Palácio da Justiça, ass[im] como as dificuldades para a identificação e conservação dos restos humanos provenientes de dito lugar”27. Os representantes interpuseram uma recusa contra dito perito, com fundamento no artigo 48.1 incisos c) e f) do Regulamento da Corte, devido a que “foi Diretor do Instituto de Medicina Legal durante vários anos[, e] em particular durante os anos de 1998 e 2001 foi o coordenador do Grupo de Atenção ao Usuário Judicial do mesmo grupo”. Os representantes indicaram que durante este período “este Instituto encarregou-se de implementar a ordem dada pelo Segundo Juizado Penal do Circuito Especializado de Bogotá com relação à prática das exumações da vala comum do cemitério 26 Cfr. Caso Cabrera García e Montiel Flórez Vs. Estados Unidos Mexicanos. Resolução da Corte de 23 de agosto de 2010, Considerando 10, e Caso Brewer Carías Vs. Venezuela. Resolução do Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 31 de julho de 2013, Considerando 43. 27 O Presidente nota que em seu escrito de contestação o Estado havia formulado uma série de perguntas a responder pelo referido perito dentro de seu objeto. Não obstante, em sua lista definitiva de declarantes a Colômbia apontou o objeto proposto para dita perícia, de forma a excluir a proposta de perguntas específicas. Perante a ausência de objeção dos representantes, o Presidente não levará em consideração as referidas perguntas dentro do objeto a determinar para a declaração do referido perito. 18 […] entre os quais se encontravam alguns restos que provinham dos fatos ocorridos no Palácio da Justiça” onde “ele como coordenador do grupo de Atenção ao Usuário Judicial certamente estava a par do caso, situação que afeta[ria] sua imparcialidade pelo conhecimento prévio do caso e a existência de uma relação de […] subordinação com o Estado colombiano na época na que se realizaram as exumações que são objeto de sua expertise”. 55. Em conformidade com o artigo 48.3 do Regulamento da Corte trasladou-se ao senhor Duque Piedrahíta a recusa proposta pelos representantes. Em suas observações, o senhor Duque Piedrahíta indicou que “entre 1998 e 2001 trabalh[ou] como perito forense designado ao Grupo de Patologia Forense da Regional Bogotá[, cujas] funções […] não tiveram relação alguma com o processo de exumação que se fez de uma vala supostamente relacionada com casos do Palácio da Justiça, dado que as tarefas de exumação não se encarregaram ao Grupo de Patologia da Regional Bogotá, [nem] ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses”. Ademais, indicou que suas tarefas “eram exclusivamente técnicas (praticar autopsias) e um dos trabalhos habituais e[ra] a redação de ampliações ou relatórios periciais em matéria de patologia forense, para [o que] o Grupo de Patologia [contava com um escritório] denomin[ado] grupo de atenção ao usuário judicial e não tinha outra função diferente à de estudar as petições das ampliações e conceitos, e emitir os relatórios periciais”. Alegou que dito escritório “não teve participação alguma no processo de exumação da vala supostamente relacionada com casos do Palácio da Justiça”. Finalmente, indicou que o Instituto Nacional de Medicina Legal “era uma entidade independente, não pertencente ao Poder Executivo[,] e não tev[e] nenhum tipo de subordinação com dito ramo do poder público”. 56. O Presidente constata que os representantes indicaram dois causais de recusa a respeito do referido perito: o artigo 48.1.c), por seus possíveis vínculos de subordinação com o Estado, e o artigo 48.1.f), por possivelmente haver intervindo nos processos de exumação realizados a nível interno no presente caso. 57. Em conformidade com o artigo 48.1.c)28 do Regulamento, para que a recusa de um perito seja procedente em razão de dita disposição devem concorrer dois supostos, a saber, a existência de um vínculo determinado do perito com a parte proponente e que, adicionalmente, essa relação, a critério do Tribunal, afete sua imparcialidade29. A partir do currículo do senhor Duque Piedrahíta e de suas próprias manifestações, o Presidente constata que o senhor Duque Piedrahíta teve uma relação de subordinação funcional com o Estado entre 1995 e 2007, quando trabalhou para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, ainda que na atualidade não ocupe cargo público algum. Se bem se cumpre com o primeiro requisito da causal de recusa prevista no artigo 48.1.c), o Presidente lembra que o exercício de uma função pública não constitui automaticamente uma causal de impedimento30. Adicionalmente, o Presidente toma nota do afirmado pelo senhor Duque Piedrahíta,no sentido de que não participou nas exumações realizadas a nível interno com relação ao presente caso. A Presidência considera que a única existência de um vínculo de subordinação funcional no passado não é, por si só, suficiente para considerar que a objetividade e imparcialidade do referido perito se veja afetada. 28 Esta norma considera como causal de recusa “tiver ou houver tido vínculos estreitos ou relação de subordinação funcional com a parte que o propõe e que, ao juízo da Corte, puder afetar sua imparcialidade”. 29 Cfr. Caso Díaz Peña Vs. Venezuela. Resolução do Presidente da Corte de 2 de novembro de 2011, Considerando 23, e Caso Tide Méndez Vs. República Dominicana. Resolução do Presidente da Corte de 6 de setembro de 2013, Considerando 20. 30 Caso Tide Méndez Vs. República Dominicana. Resolução do Presidente da Corte de 6 de setembro de 2013, Considerando 20. 19 58. Adicionalmente, quanto à causal prevista no artigo 48.1.f)31 do Regulamento, o Presidente constata que o senhor Duque Piedrahíta desempenhava-se como coordenador do grupo de atenção ao usuário judicial do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, durante épocas relevantes a efeitos das exumações relacionadas ao presente caso. Não obstante, a Presidência ressalta que, de acordo com o referido perito, ele não participou nas exumações realizadas com relação ao presente caso. Ademais, o Presidente reitera que esta causal de recusa requer, ademais, para ser procedente, que a pessoa proposta como perito houvesse intervindo “em uma capacidade juridicamente relevante” na defesa dos direitos de uma persona (supra Considerando 52). 59. Em consequência, não se desprende dos trabalhos realizados pelo senhor Duque Piedrahíta no Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses que houvesse intervindo em algum sentido na causa arguida, fosse a nível interno ou no trâmite do caso perante o Sistema Interamericano, e menos em uma capacidade juridicamente relevante. Portanto, a Presidência considera que não é procedente a recusa interposta pelos representantes contra o senhor Máximo Duque Piedrahíta e, em consequência, admite dita declaração pericial. O valor de tal parecer pericial será valorado na devida oportunidade, dentro do contexto do acervo probatório existente e segundo as regras da crítica sã. O objeto e a modalidade do mesmo determinam-se na parte resolutiva da presente Resolução (infra ponto resolutivo segundo). F. Admissibilidade da prova pericial oferecida pela Comissão Interamericana 60. De acordo com o estabelecido no artigo 35.1.f) do Regulamento, a “eventual designação dos peritos” poderá ser efetuada pela Comissão Interamericana “quando se afetar de maneira relevante a ordem pública interamericana dos direitos humanos”, cujo fundamento e objeto têm que ser adequadamente sustentados32. O sentido desta disposição faz da designação de peritos por parte da Comissão um fato excepcional, sujeita a esse requisito que não se cumpre pelo único fato de que a prova que se procura produzir tenha relação com uma alegada violação de direitos humanos. Tem que estar afetada de “maneira relevante a ordem pública interamericana dos direitos humanos”, correspondendo-lhe à Comissão sustentar tal situação33. 61. No presente caso, a Comissão ofereceu dois peritos indicando que o “caso incorpora questões da ordem pública interamericana”. A Comissão alegou que o presente caso “permitirá à Corte desenvolver sua jurisprudência sobre diversos aspectos no contexto de um conflito armado interno utilizando o direito internacional humanitário como fonte de interpretação das normas relevantes da Convenção Americana”. Ademais, de acordo com a Comissão, “a Corte poderá consolidar sua jurisprudência sobre o dever de investigar e processar violações de direitos humanos, sob os padrões especiais que devem ser levados em consideração em casos como o presente, incluindo a responsabilidade de comandos superiores[, assim como] precisar a jurisprudência sobre a incompetência do foro militar em 31 A referida norma estabelece como causal de recusa “houver intervindo com anterioridade, a qualquer título, e em qualquer instância, nacional ou internacional, em relação com a mesma causa”. 32 Cfr. Caso Pedro Miguel Vera Vera e outros Vs. Equador. Resolução do Presidente da Corte de 23 de dezembro de 2010, Considerando nono, e Caso Família Pacheco Tineo Vs. Bolívia. Resolução do Presidente da Corte 19 de fevereiro de 2013, Considerando trigésimo quarto. 33 Cfr. Caso Pedro Miguel Vera Vera e outros Vs. Equador. Resolução do Presidente da Corte de 23 de dezembro de 2010, Considerando nono, e Caso Camba Campos e outros Vs. Equador. Resolução do Presidente da Corte de 15 de fevereiro de 2013, Considerando décimo primeiro. 20 investigações sobre violações de direitos humanos”. 62. Levando em consideração o anterior, a Comissão ofereceu o parecer pericial de Carlos Castresana para declarar sobre “os padrões internacionais que determinam as obrigações estatais no contexto de operações realizadas pelas forças de segurança (forças armadas e polícia) que têm lugar num contexto de conflito armado interno. De maneira transversal, dita perícia analisará a confluência e complementariedade do direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional humanitário”. Ademais, a Comissão ofereceu a perícia de Federico Andreu Guzmán sobre “a intervenção da justiça militar na investigação e julgamento de delitos que não são de função e/ou que poderiam constituir violações aos direitos humanos, cometidos no contexto de uma operação militar”. Ademais, indicou que “[a] perícia fará uma análise de experiências comparadas a nível internacional e fará referência particular ao caso da Colômbia”. Ambas as perícias foram oferecidas, de maneira conjunta, com os representantes (supra Considerandos 21, 22 e 25). 63. O Estado alegou que “a argumentação da Comissão Interamericana, […] limitou-se: i) à enunciação dos temas que segundo sua apreciação poderá abordar a Corte durante o trâmite jurisdicional que se surte no presente caso: ii) sua apreciação, não sustentada, sobre a suposta utilidade da prática de uma prova pericial sobre os mesmos e iii) a possibilidade de que a partir disso o Tribunal precise ou desenvolva sua jurisprudência”. De acordo com o Estado, isso “não constitui uma motivação razoada e suficiente. A Comissão unicamente manifestou que em sua opinião os assuntos a tratar afetam a ordem pública interamericana dos direitos humanos, mas em nenhum momento indicou as razões que sustentam tal afirmação”. O Estado alegou que “a carga argumentativa da Comissão devia consistir na clara manifestação das razões pelas quais as questões a tratar podiam ‘ter um impacto sobre fenômenos que ocorrem em outros Estados Parte da Convenção’”, e que a Comissão no presente caso “absteve-se de fundamentar e precisar a ocorrência de tal situação”. Ademais, o Estado indicou que a designação de peritos por parte da Comissão no presente caso não tem caráter excepcional, visto que “[a] Corte tem se pronunciado em múltiplas ocasiões sobre a ‘intervenção da justiça penal [militar] na investigação e julgamento de delitos que não são de função e/ou que poderiam constituir violações aos direitos humanos’”. 64. A respeito da perícia do senhor Carlos Castresana, o Presidente considera que dita declaração pode contribuir a fortalecer as capacidades de proteção do Sistema Interamericano de Direitos Humanos em matéria dos padrões internacionais sobre as obrigações estatais no contexto de operações realizadas pelas forças de segurança
Compartilhar