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INDICADORES DE QUALIDADE EM SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO CLÍNICA Faculdade Estácio de Sergipe – FASE Março – 2017 Profa. Leise N. Moreira Gastronomia aplicada à nutrição clínica Humanização do hospital e do serviço de alimentação • A doença tem uma série de consequências para a pessoa: ▫ Provoca um choque emocional ▫ Ameaça o equilíbrio psicológico ▫ Rompe as defesas pessoais ▫ Obriga ao abandono das atividades normais da vida ▫ Obriga ao recolhimento ao leito ▫ Obriga a pedir proteção e cuidado ▫ Obriga ao afastamento da comunidade Indivíduo Saúde/ Doença Hospital Família 2 • A satisfação do cliente é o atendimento às suas necessidades e expectativas Gestor + equipe = levar em consideração as reais percepções dos clientes sobre a qualidade e as características dos serviços prestado. • O que os clientes esperam do atendimento prestado?? ▫ Confiabilidade Executar o serviço com segurança e precisão; ▫ Responsabilidade Vontade de ajuda e rapidez; ▫ Segurança Conhecimento, simpatia e habilidade para inspirar credibilidade e confiança; ▫ Empatia Cuidado e atenção individualizada; ▫ Tangibilidade Aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais impressos. Humanização do hospital e do serviço de alimentação 3 • A satisfação do cliente, para ser medida precisa ser discutida e entendida de forma abrangente, porque a mensuração da satisfação envolve muitos fatores. • Para aferir o índice de satisfação é preciso considerar: ▫ As expectativas das pessoas, suas experiências anteriores, suas necessidades, as opções que dispõem para satisfazê-las e até a percepção do valor agregado de custo benefício, a sensação de estar fazendo um bom negócio e a confiança no serviço. Humanização do hospital e do serviço de alimentação 4 5 Humanização do hospital e do serviço de alimentação GESTÃO DE QUALIDADE • ORIGEM: Japão (anos 50 e 60) Revolucionou o mundo empresarial. • QUALIDADE: Relação entre as expectativas dos clientes, antes da compra do serviço/ produto e a sua percepção durante e após a prestação dos mesmos. ▫ Ou seja, a qualidade de serviço/ produto será >, quanto > for a sua capacidade de satisfazer as necessidades ou expectativas do consumidor. 6 GESTÃO DE QUALIDADE • Gestão pela Qualidade Total É um sistema de gerenciamento, onde todas as dimensões da qualidade são consideradas por todos que executam o trabalho, incluindo a satisfação: ▫ do cliente/ paciente, ▫ dos profissionais que trabalham na instituição, ▫ das fontes pagadoras, ▫ e da comunidade. 7 GESTÃO DE QUALIDADE • Em saúde, qualidade é um conceito complexo e para Campos et al (1999) é composta de 7 atributos: ▫ Eficácia Capacidade do cuidado, contribuindo para a melhoriia da saúde; ▫ Efetividade Quanto as melhorias possíveis nas condições de saúde são, de fato, obtidas; ▫ Otimização Relação mais favorável entre custos e benefícios; ▫ Aceitabilidade Conformidade com as preferências do paciente; 8 GESTÃO DE QUALIDADE ▫ Legitimidade Conformidade das preferências sociais em relação aos conceitos anteriores; ▫ Equidade Igualdade na distribuição do cuidado dos seus efeitos sobre à saúde. • PAPEL DO GESTOR: ▫ Fazer diagnóstico da situação atual; ▫ definir objetivos e metas; ▫ elaborar estratégias para alcançar as metas; ▫ Verificar se objetivos e metas foram alcançados Avaliar dificuldades e necessidades de adequação; ▫ Traçar novos objetivos e metas. 9 O QUE SÃO INDICADORES • INDICADOR EM SAÚDE é uma medida quantitativa que pode ser empregada como um guia para monitorar e avaliar a qualidade dos cuidados providos aos usuários e as atividades dos serviços de suporte. • Estão associados ao monitoramento dos resultados que indicam eventuais melhorias do processo de produção de refeições, buscando a satisfação do cliente e a evolução do seu estado nutricional em ambiente hospitalar (Roberto & Magnoni, 2010). • Apesar de tradicionais, poucas instituições utilizam os indicadores de forma habitual. 10 TIPOS DE INDICADORES • De meio ambiente: ▫ Relacionam-se com as condições de saúde de determinada população, fatores demográficos, geográficos, educacionais, socioculturais, legais, tecnológicos existentes ou não na instituição. • De estrutura: ▫ Mensuram a parte física, os recursos humanos, instrumentos, equipamentos, móveis, ... • De processos: ▫ São as atividades ligadas à infraestrutura para prover meios às atividades-fim, como ambulatório e emergência. • De resultados: ▫ São efeitos de operações técnicas e administrativas entre áreas e subáreas de uma instituição. 11 QUEM SÃO OS INDICADORES • Fichas técnicas de preparo e apresentação; • Avaliação qualitativa e quantitativa dos cardápios; • Pesquisa de satisfação e freqüência de uso; • Rejeito alimentar; • Treinamento de funcionários para produção de dietas gastronômicas e atendimento ao cliente. 12 • “É uma receita padronizada, na qual são discriminados todos os ingredientes utilizados em cada uma das preparações (VASCONCELLOS, 2002)”. • “....padronização de receitas para um determinado estabelecimento, com características de produção de cada preparação, de um alimento ou bebida (VAZ, 2006)”. FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO 13 • É um instrumento gerencial e de apoio operacional, pelo qual se faz o levantamento dos custos, se ordena as etapas de preparação e montagem dos pratos que são, ou podem ser preparados pelo estabelecimento (Vasconcellos, 2002). • É um documento que envolve vários departamentos e profissionais, devendo ser confeccionado com critério e de comum acordo entre: chefes de cozinha, gerentes de A & B, nutricionistas e técnicos em nutrição (Chemin, 2008). FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO 14 • É o instrumento que identifica os componentes de uma formulação alimentar realizada em ambiente doméstico ou institucional (Domene, 2011). ▫ Pode ser empregada na área de refeições coletivas ou no atendimento ambulatorial. • Identifica os formulários que reúnem informações sobre os ingredientes, o modo de preparo e demais dados úteis para o treinamento de manipuladores, planejamento de cardápios e para a previsão do orçamento (Domene, 2011). FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO 15 FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO Avaliar as necessidades nutricionais do cliente/ paciente Receitas: livros, jornais, pratos caseiros, tradicionais, receitas especiais, ... Testar e aprovar Criar a ficha técnica (custo + valor nutricional) Receituário de fácil consulta e sistema padronização 16 FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO 17 Nome da preparação: Ficha técnica número: Número de porção: Categoria: Tempo de preparo: Descrição sucinta: Preparada por: Aprovada em: Custo por Peso da preparação: Peso médio por porção: Kg: Porção: MATÉRIA PRIMA Ingredientes (medida caseira): Uni. PB F.C. PL Custo unitário Custo total OBS.: Totais: MODO DE PREPARO: Utensílios e equipamentos utilizados: MODELO DE FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO APRESENTAÇÃO • A decoração dos pratos também influencia na aceitação “Come - se com os olhos”. • Utilização de apresentações coloridas e harmônicas também interfere na aceitação alimentar. • Considerar reciclagem de louças, equipamentos, baixelas e uniformesde funcionários. • Criatividade e habilidade na cozinha e cuidados com a saúde devem estar refletidos na apresentação dos pratos. A boa apresentação é um ótimo marketing! 18 Avaliação qualitativa e quantitativa do cardápio • QUALITATIVA ▫ É a formar pela qual se pode elaborar ou analisar um cardápio, sendo que este, para ser equilibrado, deve conter no mínimo um alimento de cada grupo de alimentos: Energéticos Cereais e subprodutos, mel, açúcar, óleos e gorduras, sementes oleaginosas, ... Construtores Leguminosas, carnes, ovos, leite e derivados, cogumelos, sementes oleaginosas, ... Reguladores Frutas e hortaliças 19 Avaliação qualitativa e quantitativa do cardápio • SEMIQUANTITATIVA ▫ Guia alimentar da população brasileira Tem o objetivo de promover a saúde por meio da prevenção de DCNT´s, da má nutrição em suas diferentes manifestações e das doenças infecciosas. Diretrizes Diretriz 1: Alimentos saudáveis e refeições Diretriz 2: Cereais, tubérculos e raízes Diretriz 3: Frutas, legumes e vegetais Diretriz 4: Feijões e alimentos vegetais ricos em PTN Diretriz 5: Leite e derivados, carnes e ovos Diretriz 6: Gorduras, açúcares e sal Diretriz 7: Água 20 Avaliação qualitativa e quantitativa do cardápio • QUANTITATIVA ▫ Por este método estima-se a quantidade de energia e os diversos nutrientes necessários a uma alimentação adequada: Estimar o VET (individual ou coletivo) FAO/WHO (1985), FAO/WHO (2004) ou FBNI/IOM/DRIs (2005) Distribuir os macronutrientes, seguindo as recomendações para a patologia apresentada pelo indivíduo/ coletivo. Fornecer vitaminas, minerais, fibras e água de acordo com as DRIs e a enfermidade do indivíduo/ coletivo. VET = TBM X FA (fórmulas preditivas) 21 Complemento da ficha técnica de preparação 22 CARACTERÍSTICAS: Sabor/ Cor/ Textura: INFORMAÇÃO TÉCNICA (acrescentar informações pertinentes à preparação ou ingredientes específicos) INFORMAÇÃO NUTRICONAL (porção ou medida padrão) NUTRIENTES QUANTIDADE POR PORÇÃO/MEDIDA % VD (*) DIFICULDADES ENCONTRADAS Calorias Carboidratos Proteínas Gorduras totais Gorduras saturadas Gorduras Trans Fibra alimentar Sódio Outros minerais Ferro Se estiverem igual ou maior a 5% da Ingestão Diária Recomendada por porção ou medida padrão indicada) Vitaminas Idem Colesterol (*) Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 cal. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. Foto da porção REJEITO ALIMENTAR • O índice resto-ingestão é a relação entre o resto devolvido nas bandejas ou pratos pelo cliente e a quantidade de alimentos fornecida expressa em percentual, sendo eficiente para indicar a qualidade da refeição servida, além de controlar os desperdícios e custos. • Em uma UAN o desperdício é proveniente: ▫ Sobra de alimentos (alimentos preparados e não distribuídos) ▫ Restos (alimentos distribuídos e não consumidos). • Quando o percentual de resto-ingestão for superior a 10%, para coletividade sadia é necessário que ajustes sejam feitos nos cardápios para evitar desperdício e sub alimentação. 23 REJEITO ALIMENTAR • O Índice de Rejeito (IR) permite avaliar o consumo alimentar e a aceitação das preparações, redirecionando o planejamento de cardápios e as operações ligadas à sua produção. • O método proposto por Gandra e Gambardella (1983) para indivíduos enfermos para o IR. • A avaliação do desperdício para clientela enferma é considerada ótima quando possui valores até 10%, bom até 15%, regular até 20% e péssimo acima de 20%, afirma que os cardápios são considerados inadequados e/ou mal planejados e executados (Gandra e Gambardella, 1983). Índice de resto-ingestão (%) = Resto-ingestão x 100 Quantidade consumida 24 PESQUISA DE SATISFAÇÃO • É uma estratégia-chave do gerenciamento das instituições. • Aspectos que podem ser abordados nas pesquisas de satisfação dos clientes referente às refeições: ▫ Quantidade das refeições (harmonia, cores, sabores, textura); ▫ Qualidade das preparações servidas em cada refeição; ▫ Variedade de cardápios; ▫ Tempo das preparações; ▫ Apresentação das bandejas; ▫ Atendimento do atendente de nutrição; ▫ Atendimento do nutricionista; ▫ Avaliação geral da prestação de serviços por parte da UAN. 25 As pesquisas ajudam na manutenção das metas de satisfação, resolução de problemas, mensuração do progresso, condução do foco de trabalho e melhoria de atendimento as necessidades do cliente. PESQUISA DE SATISFAÇÃO • Expectativa do cliente externo Avaliar pesquisas de opinião ou enquetes periódicas aplicadas aos pacientes durante a internação ou após a alta. • Expectativa do cliente interno 26 Ex.: Hospital Federal dos Servidores do Estado (RJ) Outros indicadores importantes para a alimentação e nutrição • Temperatura dos alimentos; • Pacientes que recebem dietas inadequadas; • Pontualidade na resposta aos pedidos; • Precisão do conteúdo das bandejas; • Incidentes com os pacientes; • Quantidade de alimentos desperdiçados; • Cumprimento com os procedimentos de controle de infecção e com as medidas de vigilância; • Precisão nas avaliações nutricionais; • Frequência de uso: ▫ A partir das informações levantadas pelos outros indicadores é possível estimar a frequência de uso: para as preparações do cardápio ou para a harmonização entre os alimentos. 27 Treinamento de funcionários para produção de dietas gastronômicas e atendimento ao cliente • A educação continuada deve atingir todos os colaboradores e enfatizar a importância da alimentação na recuperação do paciente, possibilitando conscientização e aprimoramento de todas as etapas do processo. • Toda a equipe deve estar focada: ▫ Atendimento personalizado ao cliente (o diálogo, mesmo que rápido, significa que o paciente não é um objeto, mas um ser humano). ▫ Atendimento às necessidades de alimentação do paciente (acompanhamento da maneira como é recebido o cardápio ou a dieta prescrita, que às vezes, pode ser substituída para melhor atender ao desejo do paciente e seus hábitos alimentares). 28 Treinamento de funcionários para produção de dietas gastronômicas e atendimento ao cliente • Toda a equipe deve estar focada: ▫ Atendimento às necessidades de informação do paciente (a aceita de uma dieta que o indivíduo não está acostumado é melhor desde que se lhe explique que ela é parte do processo terapêutico). • Sugestões para humanizar uma equipe de saúde: ▫ Atendimento ao fator individual Adaptação da pessoa ao trabalho/ do trabalho à pessoa/ da pessoa à pessoa ▫ Racionalização na escolha de novos funcionários ▫ Adaptação ao trabalho Período de experiência, treinamento e avaliação 29 Treinamento de funcionários para produção de dietas gastronômicas e atendimento ao cliente • Sugestões para humanizar uma equipe de saúde: ▫ Avaliação periódica do desempenho ▫ Plano de promoção por merecimento ▫ Valorização de liderança ▫ Atendimento ao fator grupal Força de trabalho = Relacionamento e hierarquia ▫ Cursos teórico-práticos Aproveitamento integral dos alimentos/ Dietas hipossódicas/ Confeitaria diet e light/ Confeitaria e preparações ricos em fibras/ Culinária vegana/Gastronomia para celíacos/ Culinária para os rins, ... ▫ Reuniões 30 Treinamento de funcionários para produção de dietas gastronômicas e atendimento ao cliente • Sugestões para humanizar uma equipe de saúde ▫ Bem estar físico Boa ambiência para o colaborador ▫ Treinamento em serviço Palestra de demonstrações sobre assuntos específicos Adaptações de funcionários a uma nova rotina ou técnica Revisão do desempenho prático em correção de possíveis falhas Treinamento de uma equipe para uma nova tarefa Elaboração e/ou revisão do manual de atribuições 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ROBERTO, T. S & MAGNONI, D. Desafios da Gastronomia Hospitalar. Disponível em: http://www.nutricaoclinica.com.br/201001041030/gastronomia- hospitalar/desafios-da-gastronomia-hospitalar, acesso em 24/01/2012. • ROLIM, P. M; SOUZA, K. M. de; FILGUEIRA, L. P.; SILVA, L. C. da. Influência da apresentação da refeição sobre o índice de rejeito alimentar em pacientes oncológicos. Documentos suplementares. Disponível em: http://serv- bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/rt/suppFiles/1270/1270, acesso em 25/01/2012. • SEBESS, M. Técnicas de cozinha profissional. 3ª. ed. rerv e ampl. Tradução de: Helena Londres. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2010. 360 p. • Guimarães, N do V. R. R. Hotelaria hospitalar: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Atheneu, 2007. 148 p. • MEZOMO, I. de B. Os serviços de alimentação: Planejamento e administração. Barueri – São Paulo: Manole, 2002. • PFAFENZELLER, A. A. Assistência nutricional hospitalar: um estudo da satisfação dos clientes da Santa Casa de Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia. Mestrado profissionalizante. Porto Alegre, 2003. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3059/000381145.pdf?sequence=1, acesso em 27/01/2012. 32
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