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DIREITO PENAL II - DOS CRIMES CONTRA A VIDA I-DOS CRIMES CONTRA A PESSOA -Conceito: Os crimes contra a vida estão dispostos do art. 121 a 148do CP. Exceto os crimes Contra a vida considerada culposos e expressamente prevista em lei, todos são dolosos e estes são Levados ao Tribunal do Júri. A conduta de um crime doloso poderá ser comissiva (quandohá a pratica de uma ação) ou omissiva (quando a ausência de uma ação levou ao crime). Os crimes dolosos previstos no art. 121 são: - Simples “caput” - Privilegiado § 1º - Qualificado §2º Já os culposos estão dispostos no art. 121, §§ 3º e 4º e podem ser: - Simples - Qualificado II- HOMICÍDIO SIMPLES -Conceito:O homicídio simples é a eliminação da vida extra-uterina praticada por outrem, atingindo bem-jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico que é a eliminação da vida humana extra-uterina. Tal Conceito é importante para diferenciar o homicídio do aborto (vida endo-uterina) e do suicídio (que (Não é praticado por outrem). Objeto jurídico:Protege-sea vidahumanaextra-uterina,quepassa aexistirdepois doparto, queéo Bem jurídico mais importante, sendo imperativo da ordem constitucional (art. 5º, caput). Sujeitoativo:écrimecomumedeformalivre,ouseja,podeserpraticadoporqualquerpessoaem Grupo ou não, empregando ou não armas. Sujeitopassivo:éalguém,qualquerserhumano,semdistinções,quesejaapartirdoiníciodoparto. Alguém que tenha vida humana extra-uterina. -ConsumaçãoeTentativa:Aconsumaçãoédadasemprecomamortedavítima. Semprequeage Dolosamente oautorqueratingironúcleo,sejaestaintençãodiretaouindireta. Atentativaocorre Quando,iniciadooataqueapraticasejainterrompidaporcircunstânciasalheiasàvontadedoagente, Caso contrário, seria desistência voluntária. -Elementos objetivos: A conduta típica é matar alguém, é o núcleo do tipo. Ohomicídiopodeocorrerpormeiosdiretos(quandoaação PRentende amorteimediatacomodisparo (De amar de fogo) ou indiretos (quando a ação é mediata como açular um cão para atacar alguém). Osmeiospodemserfísicos(armas),patológicos(transmissãodemoléstiapormeiodevírusou (Bactéria) ou psíquicos e morais (provocação de emoção violenta a um cardíaco). Ele também pode ser praticado por ação ou por omissão, como já foi dito. Em todos os delitos, é indispensável que haja nexo causal entre a conduta e o resultado. -ElementosSubjetivos:odoloéavontadedemataralguém,nãoexigindoqualquer foi mespecial. Está No foro íntimo do autor e é caracterizado pelo animus necandi. Est. adistinçãoéimportante,pois Havendo o elemento subjetivo de animus necandi e não consumado o evento delituoso, este Configuraria tentativa de homicídio e não lesão corporal. III-HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (art. 121§ 1º) -Conceito: ocrimeprivilegiado éatenuante depenaeocorrequando oagenteestá impelidoporforte Valor socialoumoraleageimediatamenteapósinjustaprovocação. Ressalte-sequeo Cr IME Privilegiado édolosoedeveestarconjugadojuntamentecomoart.121,“caput’,porissoacausade Sua diminuiçãoéestabelecidanapenadesteartigode1/6a 1/3,podendoseratémenord oquea Pena base. Em outras palavras, ele não é delito autônomo e sim causa de diminuição de pena. -Figuras típicas dohomicídio privilegiado: 1-Relevante Valor Social: significa queodelitoéentendidopelasociedadecomojustificável. É Aquele quedizrespeitoaosinteressesdavidacoletiva. Ex.:patriotamatatraidordapátria,sujeito Mata perigoso bandido da comunidade a fim de segurar a tranqüilidade e etc. 2-RelevanteValorMoral:éumaquestãomoralindividual,particulardoagente,movidapor Sentimentos decompaixãoepiedade. Aeutanásia,porexemplo,nãofoiexcluídaaculpabilidadepelo Direito penalbrasileiro,entretantoesteagentegozadediminuiçãodepena,pois há relevante valor moral, ou seja, o agente pretende acabar com o sofrimento de um doente irr emediavelmente perdido. 3-Sob Violenta Emoção Logo Em Seguida De Injusta Provocação Da Vítima: é um elemento temporal e exige que estejam presentes as duas figuras. A caracterização ressaltada pelo legislador de “logo em seguida” expressa que é imprescindível que o ato tenha ocorrido imediatamente após injusta provocação e que o agente já estivesse sob forte emoção, o que dificultaria seu autocontrole. Assim, esquematicamente, o crime privilegiado depende das seguintes circunstâncias: IV-HOMICÍDIO QUALIFICIADO (art. 121 §2º) -Conceito:foiummeioqueolegisladorencontroudeagravarocrimeemdeterminadashipótesesem queosmeiosourecursosempregadospeloagentedemonstramumamaiorper iculosidadeemenor Possibilidade de defesa da vítima, podendo estar presente mais de uma delas, desde que compatíveis: 1 -mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; (quanto aos motivos, (Subjetiva):Éochamadohomicídiomercenário,quandooagenter exigiu pagamentoparapraticaro Crime,oucometeporqueteveumapromessadeserrecompensadoporis são. Assim,responderápor Crime qualificado não só quem recebe o valor, mas também quem pagaram o prometeu. O motivo torpe, por sua vez, é aquele demonstrado pela maldade do sujeito na sua motivação. É motivo Abjeto, r impugnante,ignóbil,desprezível,profundamenteimoral,maisbaixonaescaladevalores éticos E denotamaior desaprovação espiritual doagente. Ex.: Matarparareceber herança, porque descobriu Que a namorada não é virgem, por rivalidade profissional e etc. 2-pormotivo fútil (quantoaosmotivos,subjetiva): compreende-seaquelesemimportância,frívolo, Leviano,ninharia,insignificante. Háinteiradesproporçãoentreocrimeeamotivação. O tribunal tem reconhecido comofútildiscussãoentremaridoemulher,rompimentodenamoro,discussão Familiar sem importância, por ter a vítima rida do acusado e etc. 3-comempregodeveneno,fogo,explosivo, asfixia torturaououtromeioinsidiosooucruel, Ou dequepossaresultarperigo comum (quantoaomeioempregado, objetiva): qualificadoras, pois denotam a maior periculosidade do agente e dificuldade em defesa da vítima e eventualmente também podem causar perigo coletivo. O meio insidioso é o uso de fraude ou armadilha, clandestinos da vítima que não permitem que ela saiba que está sendo atacada. Ex.: armadilha: sabotar o motor de um automóvel. Meio cruel, por sua vez, é sujeitar a vítima a graves e inúteis vexames ou sofrimentos. Meio bárbaro, brutal, que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, partida de um animo calmo que permite a escolha dos meios capazes de infligir o padecimento desejado à vítima. A tortura, por exemplo, é cruel. Par a ser qualificadora, no entanto, não é preciso que seja insidioso e cruel, mas sim ou um ou outro. 4-à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso qu e dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido(quanto à execução): São aquelas hipóteses em que o agente se vale Da boa-fé da vítima para maior segurança na prática do seu ato, revelando covardia do autor. Ex.:pais Da SusaneRichtofendor mundo não achava queelaosmataria,senãonãoteriamdormido. NatraiçãoEstá presente o elemento confiança, é um vínculo com pessoas do seu convívio. É a quebra daconfiança Que avítimadepositavanoagenteequeeste,destaconfiança,aproveita-separamataravítima. Atingeavítimadescuidadaeconfiante. Emboscadaoutocaiatambéméumatraição,massemvínculo De confiança. Équandooagenteesperaapassagemouchegadadavítima,descuidada,para feri-la. Configura-sedissimulaçãoousodeum artifício para se aproximar da vítima, que distraia a sua Atenção. Ex.: disfarce de policial. 5-para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime( por conexão, subjetivo): Este caso configuraria, em rigor, motivo torpe. Desta for ma, como conexão teleológica, o agente o homicídio é perpetrado para execução de outro crime (ex.: mata para pode provar incêndio) ou consequencial, quando é praticadopara ocultar ou assegurar impunidade de outro crime (ex.: matar testemunhas). 6-Impossível ou difícil defesa: Quando a vítima não tinha condições de escapar daquela situação, sempre muito difícil ou até mesmo impossível. Ex.: Sujeito deixa o gás aberto e tranca todas as saídas com a vítima dentro do local. É qualificadora também. Obs:Lembrando-se, porém, que se a norma é repetida como agravante, ela não poderá ser considerada duas vezes para aumento de pena, pois não se pode jul gar um sujeito duas vezes pelo mesmo crime. Assim, se houver qualificadora + agravante, aplica-se agravante, nada impede, no entanto, que presentes duas agravantes apliquem-se as duas. -Aumento de pena no homicídio doloso( artigo 121 § 4º segunda parte)a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. V-HOMICÍDIO CULPOSO(art.121 § 3º) -Conceito: o homicídio culposo é aquele destituído de intencionalidade, com uma pena extremamente baixa. Ele ocorr e, segundo Maggiore, por conduta voluntária de ação ou omissão, que produz um resultado jurídico não querido ou previsto, mas que era previsível e poderia ter sido evitado se tivesse sido tomada a devida atenção. Aumento de pena no homicídio culposo:prevista na primeira parte do § 4º do artigo 121 Sendo o aumento de 1/3.: 1-se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: ainda que culposo, poderá ser agravado se um profissional não adotou uma norma técnica que, dado seu ofício deveria conhecer, o que não pode se confundir, portanto, com conduta convencional. É o exemplo do médico que não esteriliza seus instrumentos para fazer cirurgia. 2-se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante: Sobre omissão de socorro imediato a vítima, também acarreta no aumento de pena. Se da omissão de socorro decorre a morte da vítima, responderá, inclusive, por homicídio doloso. Ademais, a intenção de que haja qualificadora o que omite socorre para fugir e evitar a prisão é para evitar o sumiço do agente. -Perdão Judicial (artigo 121 § 5º):onde o magistrado entende que o próprio sofrimento do agente pela pratica do ato já é punição suficiente. Ex.: mãe que por descuido deixa a caixa d’água aberta e o filhinho se afogou será acusada por homicídio culposo, mas não terá que cumprir a pena, tendo perdão judicial, já que seu sofrimento já é suficientemente forte para uma punição corretora, sendo a sanção desnecessária. Aplica-se o perdão judicial de maneira análoga nos casos do CBT. VI-INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AXÍLIO AO SUICÍDIO(arti.122) -Conceito: o suicídio é a eliminação da própr ia vida. Por razões óbvias, preso a impossibilidade de punição e que por razões políticas e éticas o Estado não pode punir o suicida, mesmo quanto à sua tentativa. O suicídio, porém, atinge um bem indisponível e não é o exercício de nenhum direito subjetivo (não há “direito de morrer”), por isso, é fato ilícito e a lei consta de normas para impedi -lo. Objeto jurídico: a vida humana Sujeito ativo: qualquer pessoa que pratica um dos atos previsto para colaborar com o evento morte. Sujeito passivo: homem capaz de ser induzido, aquele qu e tem alguma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo. Ressalte-se que quando o suicida é inimputável, apresenta capacidade de resistência nula sendo mero instrumento do agente, por isso não se caracterizaria o crime do art. 122, e sim homicídio típico. Elemento objetivo: (núcleo do tipo): Induzir, instigar ou auxiliar (são os núcleos do tipo) alguém a suicidar-se é crime. Induzir:é criar, fazer florescer a idéia de suicídio em outra pessoa. Participação moral. Instigar: ocorre quando a pessoa já tem vontade de se suicidar e é estimulada a concretizar o que quer fazer. Participação moral Auxiliar :significa ajudar a pessoa com todos os meios possíveis para que se retire a vida. É diferente de interferência, pois quem interfere atua diretamente no evento morte. Quem auxilia, por exemplo, dá a arma para a pessoa, a corda para que ela se enforque e etc . Elemento subjetivo: o dolo é a vontade de induzir, instigar ou auxiliar alguém à prática do suicídio. Desde que se tenha, comprovadamente, um nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado suicídio. Lembrado-se que não há forma culposa para este crime. -Consumação e tentativa:O crime consuma-se se houver o suicídio ou, não logrando o suicida concluí - lo, uma lesão corporal de natureza grave. A tentativa seria se o agente instigou, induziu ou auxiliou, mas o sujeito passivo não se matou. Esta si tuação, no entanto, não tem punição. O Código Penal brasileiro somente pune o agente se a vítima morrer ou sofrer lesão corporal grave, se não sofrer nada, não haverá punição. -Formas qualificadoras: ele será qualificado pela pena duplicada se for realizado: Motivo Egoístico:é elemento sub jetivo do tipo, composto por finalidade que relava profundo desprezo do autor pela vida alheia, sendo superior a esta seus interesses indi viduais. Ex.: i nstigar alguém a se matar para receber herança ou seguro, por vingança, ódio ou mesmo maldade. Vítima menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de r esistência: quanto a vítima menor, alguns entendem que seriam entre 14 e 18 anos, pois menor de 14 anos qualifica capacidade nula de resistir a ins tigação, indu zimento ou auxilio, entretanto, é muito relativo. Alguns menores de 14 anos apresentam maturidade suficiente para entender o que ocorre. Quanto a diminuição na capacidade de resistência, pode ser por embriaguez ou desenvolvimento mental incompleto. VII-INFANTICÍDIO(Art.123) -Conceito: o infanticídio é crime próprio, pois exige características especiais (mãe e em estado puerperal) e material (pois para existir precisa ser consumado) e de livre execução. É delito autônomo e denominação jurídica própria, buscando o legislador uma pena mais amena do que o homicídio privilegiado, levando em consideração a situação fisiopsíquica da mãe. Entretanto, se não houver a presença do estado puerperal, será considerado homicídio e punido conforme art. 121. Ademais, devemos lembrar que ele deve ser praticado durante ou logo após o parto, após este lapso temporal também significaria punição consoante art. 121 e se for antes do parto é aborto, punido pelos arts. 124 a 128. Objeto jurídico: vida do recém-nascido ou do nascente (aquele que está em transição entre a vida endo-uterina e extra-uterina). Sujeito ativo: é a mãe em estado puerperal que mata o próprio fi lho. Há discussão, entretanto, na doutrina se é aplicável como infanticídio o co-autor do ato. Embasados no art. 30, alguns defendem que por ser elementar do crime e v iabilizando a comunicação entre os agentes, favorecendo o concurso, é comunicável. Entretanto, outros defendem que por ser o estado puerperal situação personalíssima, é intransmissível, devendo o co-autor pagar por homicídio. Sujeito passivo: é o filho nascente ou recém-nascido, não sendo necessária, assim, a comprovação de sinal de vida extra-uterina. Elemento objetivo: a conduta típica é matar (por ação ou omissão) o próprio filho durante ou logo após o parto, aquela mãe que está sob estadopuerperal. Elemento subjetivo: vontade de causar a morte do filho nascente ou recém-nascido. O dolo é a vontade de matá-lo. Não há forma culposa de infanticídio. -Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do recém-nascido ou nascente e sendo infanticídio crime plurissubsistente, é possível a tentativa. VIII-ABORTO(art.124 a 127) -Conceito: o abor to é a eliminação da vida intra-uterina, diferenciando-se do infanticídio, pois deve ocorrer durante a gestação. Não implicada em caracterização do aborto a necessidade de que o feto seja eliminado, simplesmente que seja morto. É crime comum, pois pode ser praticado por qu alquer pessoa, não somente pela mãe, de forma livre, e mater ial. T ambém é crime de dano, pois atinge bem jurídico tutelado. Objeto jurídico: vida humana em formação, vida intra-uterina que existe desde a concepção até o momento do parto. Protege-se também a integridade corporal e a vida da mulher, no caso de abort o provocado por terceiro ou sem seu consentimento. Sujeito ativo: art. 124 é a gestante, tratando-se neste caso de crime especial, do art. 125 em diante, poderá ser qualquer pessoa o autor do delito. Sujeito passivo: é o feto. Alguns doutrinadores defendem que por o feto não ser titular de direitos, o sujeito passivo é o Estado ou a comunidade nacional. Também será sujeito passivo a mulher quando o aborto for praticado sem seu consentimento. Elemento objetivo: objeto material do delito é o produto da fecundação. Elemento subjetivo: é cr ime doloso, pois é necessário que o agente queira seu resultado ou ass uma seu ris co. Não há no aborto crime culposo, por isso mesmo a imprudência da gestante que cause interrupção da gravidez não é conduta punív el e terceiro que cause o aborto responde por lesão corporal culposa, se foi sem intenção. - Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva interrupção da gravidez que leva a morte do feto, sendo desnecessária sua expulsão. A tentativa ocorre quando, tomadas todas as manobras abortivas, não interrompe a gravidez, podendo, inclusive, levar a uma aceleração do parto. -Auto-aborto ou aborto consentido: o tipo de aborto previsto no art. 124 deve ser dividido em duas partes:Quando trata-se de provocar em si mesma é o auto-aborto, em que a mulher pratica crime especial, pois somente ela poderá praticá- lo. Na segunda parte do artigo é que se fala em aborto-consentido, considerando-se permitir que outrem lho provoque, neste caso, a estimulação, instigação, indução ou auxilio de outra pessoa no evento aborto, o que não significa que este terceiro tenha agido diretamente, não “colocou a mão na massa”. Sendo assi m, este artigo pune exclusivamente a mãe que, sozinha, praticou o aborto. -Aborto provocado por terceiro(artigo 125):Neste caso a pena cominada é mais grave, pois foi feito o aborto sem o consentimento da gestante, sendo a gestante também vítima neste caso. Pode ocorrer por violência, ameaça ou fraude (ex.: fingir o médico que vai retirar um tumor da gestante e tirar o feto). Presume-se não haver o consentimento quando a gestante for menos de 14 anos ou se é alienada mental. -Provocar aborto com o consentimento da gestante(artigo 126):Este artigo ocorre quando o aborto é feito com consentimento da gestante. A gestante responderá pelo art. 124 e o terceiro pelo art. 126, com pena mais severa. A aceitação pode ser expressa ou tácita e deve existir do começo ao fim do evento (ou seja, até a consumação). Se durante o aborto a gestante revoga seu consentimento, o terceiro responderá sozinho pelo art. 125. -Forma qualificada(artigo 127):Aumenta as penas do art. 125 e 126 se da ação do aborto a gestante sofrer lesões corporais graves (o que aumenta em 1/3) ou se ela vier a falecer (o que dobra a pena). -Não se pune o aborto praticado por médico(Art 128):São duas as hipotéses 1-Aborto necessário:São os casos de aborto legal que tornam lícita a pratica do aborto e excluem a criminalidade, culpabilidade ou punibilidade. O aborto necessário caracteriza o estado de necessidade. Entretanto, para evitar dificuldades, o legislador indicou que deve ser praticado por médico (embora a prática por profissionais amadores não indique crime também, podendo a gestante alegar estado de necessidade). A gestação deve, para que o aborto seja necessário, colocar em risco a vida da vítima. Ou seja, ainda que o risco não seja atual, prever que manter aquela gestação pode tirar a vida da mãe. Ex.: diabete, tuberculose, anemia profunda, cardiopatia, câncer uterino e etc. 2-Aborto no caso de gravidez resultante de estupro :Doutrinariamente chamado de “aborto sentimental”, é aquele que pode ser praticado quando a gravidez resultou de um estupro. Esta norma justifica-se, pois a mulher não é abrigada a cuidar de filho que resultou de coito violento e não desejado e também porque, geralmente, o autor do estupro tem problemas qu e podem ser hereditários. Deve haver, no entanto, o consentimento da gestante, não sendo necessária autorização judicial ou sentença condenatória do autor do estupro. IX-LESÕES CORPORAIS(art.129) -Conceito: é ofensa à integr idade física ou à saúde de outr em, ou seja, é dano ocasionado à normalidade do ponto de vista anatômico, fi siológico ou mental. A lesão corporal existe mesmo que a vítima concorde com ela, salvo em situações que não gerem distúrbio social, ou seja, colocar piercing, fazer tatuagem ou cirurgia plástica não são crimes. Objeto Jurídico: integridade física ou saúde Sujeito Ativo: qualquer pessoa pode praticá-lo, pois trata-se de crime comum. Sujeito Passivo: qualquer homem vivo, depois do parto, que não seja o próprio agente. Tipo Objetivo: o núcleo é ofender a integridade física ou a saúde de alguém. Quanto à saúde, será qualquer desequilíbrio fu ncional no organismo. Assim, a tr ansmissão de moléstias ou distúrbios fisiológicos (inconsciência, insônia, estado de choque) são lesões corporais , pois ferem a saúde de outrem. Obs:Também é considerado como lesão agravar ou fazer persistir lesão já existente. Ela pode ser por ação, quando for praticado de forma física (golpes, facadas chutes) ou moral (assustar, por exemplo). Também pode ser por omissão quando o agente tinha o dever de evitar a lesão corporal, mas não o fez, p.ex., deixar de prestar alimentos. -Consumação e Tentativa: Também pode ser consumado, quando efetivamente se fere a integridade física ou as saúde de alguém, ou tentado se, se valendo de todos os meios possíveis, o agente foi parado por ações involuntárias, alheias a sua vontade. -Classificação das lesões: 1-Lesão Corporal Leve:É assim denominada por exclusão doutrinária. Será lesão corporal leve aquela que não seja grave, gravíssima ou seguida de morte. 2-Lesão Corporal Grave(129 § 1º): são dos seguintes tipos a- Incapacidade para as o cupações habituais, por mais de trinta dias: Aqui, as atividades habituais não se referem ao trabalho, labor, mas sim às atividades do dia- a-dia. Assim sendo, p. ex., se uma criança fica privada de ir à escola por mais de 30 dias será considerado lesão corpor al grave. Ademais, esta lesão deve ser comprovada por exame complementar médico. b- perigo de vida:Ou seja, se houver efetivo per igo de morrer por conta da lesão causada, qu e deve ser constatado por laudo pericial fundamentando o perigo. Tem entendido a jurisprudência causas de lesãocorporal grave por perigo de vida, p. ex., perfuração no estômago ou em veias arteriais. c- debilidade permanente de m embro, sentido ou função:Que cause debilidade em membros inferiores ou superiores, função ou sentido ( olfato, tato, paladar), ainda que esta debilitação se enfraquecer com o uso de próteses. d- aceleração de parto:Esta aceleração diz respeito a antecipação dos efeitos do parto, ou seja, que da lesão gere o acontecimento do parto antes do termo final da gravidez. Se da lesão ocorrer o aborto, será considerada lesão gr avíssima, como veremos. Se o bebê morrer depois do nascimento, ainda continua como grave. 3-Lesão Corporal Gravíssima(art. 129, § 2º):Também é denominação doutrinária, não está presente esta nomenclatura no Código Penal, mas assim se entende devido ao fato de a pena ser mais grave do que a prevista no parágrafo 1º. São aquelas que resultam: a- Incapacidade permanente para o trabalho:Assim, se da lesão decorrer a incapacidade permanente da vítima para qualquer atividade que lhe garanta subsistência, é considerado lesão gravíssima. b-enfermidade incurável:Ou seja, moléstia considerada pela medicina como sem previsão de cura. c-perda ou inutilização do membro, sentido ou função: Gere amputação, mutilação, por exemplo. d- deformidade permanente:Ou seja, uma deformidade significante e visível que fira a estética da vítima. e - aborto: Se da lesão decorrer o aborto da gestante, como já se dis se, é considerado lesão corporal gravíssima, a menos que o agente não soubesse da gravidez, ocasião em que o crime será preterdoloso. 4-Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129,§3º):Aqui é importante diferenciar a tentativa de homicídio da lesão corporal seguida de morte. Na lesão corporal seguida de morte há a ocorrência de um cr ime preterdoloso, onde a intenção do agente era somente realizar a lesão, não assumindo o risco de morte dela. Assi m, o evento lesão é doloso e o morte é culposo. O que o diferencia da tentativa de homicídio, é que nessa já o “animus necandi”, enquanto naquela o falta. Assim, a intenção, a subjetividade do agente é importante para a distinção de ambos os crimes. Ademais, ressalte-se que para ser considerada lesão corporal seguida de morte deve haver nexo causal entre o evento lesão e o morte. Tem aceitado a jur isprudência exemplo clássico que é o agente empurrar a vítima para derrubá-la e esta de desequilibra, bate a cabeça no chão e morre. -Diminuição de pena(art.129§ 4º):Igual ao crime privilegiado. Se foi motivado por relevante valor moral ou social ou sob domínio de forte emoção, logo após injusta provocação da própria vítima, está autorizado o juiz a diminuir a pena. -Substituição da pena(art.129§5º):Logo entende-se que o juiz pode substituir a pena, desde que não seja a lesão GRAVE e logo também a GRAVÍSSIMA, ou seja, na leve :D ou se a lesão corporal foi recíproca, ou seja, todo mundo se estapeou. PERICLITAÇÂO DA VIDA OU DA SAÙDE até artigo 136 CRIMES DE PERIGO – Art. 130 a 137 Crimes de perigo – suficiente a exposição a perigo, diferente do crime de dano onde se necessita de resultado danoso. Crime formal – crime de conduta, desnecessário o resultado. 1) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. - Na qualificadora do §1º o legislador previu um crime de perigo com dolo de dano. - para consumação do crime previsto no caput não se exige a contaminação da vitima (se ocorrer, haverá exaurimento). - A AIDS não é moléstia venérea. - Admite concurso formal de crimes - crime de ação penal publica condicionada - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo Lesão grave ou gravíssima - absorve o crime de perigo Lesão seguida de morte – absorve o crime de perigo Homicídio – absorve o crime de perigo. 2) Perigo de contagio de moléstia grave – art. 131 - aplica-se em caso de transmissão de moléstia venérea por outra forma de meio que não sexual ou libidinosa - não admite dolo eventual ou modalidade culposa - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo CRIMES DE PERIGO – Art. 130 a 137 Crimes de perigo – suficiente a exposição a perigo, diferente do crime de dano onde se necessita de resultado danoso. Crime formal – crime de conduta, desnecessário o resultado. 1) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. - Na qualificadora do §1º o legislador previu um crime de perigo com dolo de dano. - para consumação do crime previsto no caput não se exige a contaminação da vitima (se ocorrer, haverá exaurimento). - A AIDS não é moléstia venérea. - Admite concurso formal de crimes - crime de ação penal publica condicionada - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo Lesão grave ou gravíssima - absorve o crime de perigo Lesão seguida de morte – absorve o crime de perigo Homicídio – absorve o crime de perigo. 2) Perigo de contagio de moléstia grave – art. 131 - aplica-se em caso de transmissão de moléstia venérea por outra forma de meio que não sexual ou libidinosa - não admite dolo eventual ou modalidade culposa - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo CRIMES DE PERIGO – Art. 130 a 137 Crimes de perigo – suficiente a exposição a perigo, diferente do crime de dano onde se necessita de resultado danoso. Crime formal – crime de conduta, desnecessário o resultado. 1) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. - Na qualificadora do §1º o legislador previu um crime de perigo com dolo de dano. - para consumação do crime previsto no caput não se exige a contaminação da vitima (se ocorrer, haverá exaurimento). - A AIDS não é moléstia venérea. - Admite concurso formal de crimes - crime de ação penal publica condicionada - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo Lesão grave ou gravíssima - absorve o crime de perigo Lesão seguida de morte – absorve o crime de perigo Homicídio – absorve o crime de perigo. 2) Perigo de contagio de moléstia grave – art. 131 - aplica-se em caso de transmissão de moléstia venérea por outra forma de meio que não sexual ou libidinosa - não admite dolo eventual ou modalidade culposa - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo CRIMES DE PERIGO – Art. 130 a 137 Crimes de perigo – suficiente a exposição a perigo, diferente do crime de dano onde se necessita de resultado danoso. Crime formal – crime de conduta, desnecessário o resultado. 1) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. - Na qualificadora do §1º o legislador previu um crime de perigo com dolo de dano. - para consumação do crime previsto no caput não se exige a contaminação da vitima (se ocorrer, haverá exaurimento). - A AIDS não é moléstia venérea.- Admite concurso formal de crimes - crime de ação penal publica condicionada - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo Lesão grave ou gravíssima - absorve o crime de perigo Lesão seguida de morte – absorve o crime de perigo Homicídio – absorve o crime de perigo. 2) Perigo de contagio de moléstia grave – art. 131 - aplica-se em caso de transmissão de moléstia venérea por outra forma de meio que não sexual ou libidinosa - não admite dolo eventual ou modalidade culposa - crime próprio Obs. Se da conduta ocorrer a transmissão: Lesão leve – não houve conseqüências - apenas aplica-se o crime de perigo ) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE DE OUTREM - CRIMES DE PERIGO Neste capitulo são tratadas condutas que colocam a vida ou a saúde em perigo. Trata-se de crimes de perigo. Não há necessidade de um dano efetivo. Basta o perigo. 1. Para que haja crime, precisa se de um fato típico antijurídico. 2. Fato típico é a ação/omissão que leva a um resultado (típico) 3. Este resultado pode ser de dano ou de perigo 4. O perigo pode ser abstrato ou concreto. 5. a ação/ omissão deve ser doloso (ou culposo se a lei assim previr). Perigo Concreto: O perigo necessita ser comprovado pelo Órgão acusador. Ex. dar um tiro na direção de alguém: Expor a vida ou a saúde de uma pessoa a um perigo direto e iminente (deve-se provar a situação fática); além de ter que se demonstrar que o tiro passou perto da pessoa, ou seja, deve-se provar o perigo. Perigo abstrato: Número indeterminado de pessoas. São os crimes de perigo coletivo. Perigo Coletivo: Incolumidade Pública – Art. 250º, CP . O perigo é presumido pela lei e independe de prova pelo Órgão acusador, porque o legislador, baseando-se em fatos reais, extraiu a conclusão de que determinada conduta leva a perigo. Ex. tráfico de entorpecentes. Perigo individual: Uma só pessoal ou um número determinado de pessoas. Perigo coletivo: incolumidade pública. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Perigo de contágio venéreo: (venéreo= sexual, genital): 1) Basta a exposição ao perigo, não é necessário que haja contágio. 2) A moléstia tem que ser venérea (genital - sexual). Apesar disso não é levado muito em serio pela Jurisprudência. Tanto AIDS como sífilis não são moléstias venéreas, pois podem ser transmitidos de diversas formas não sexuais. Mesmo assim, a jurisprudência entende que tanto AIDS, e também HIV, como sífilis, para fins penais, são moléstias venéreas. Evidentemente isso é aplicação de analogia proibida, mas tem sempre a lógica prevalece diante do bom senso. 3) O autor do crime tem que saber que é infectado, ou ao menos deve saber (dolo eventual). Se não sabe, e não tem por que deveria saber, não é crime, por ausência de dolo. 4) O consentimento da vitima é irrelevante no que concerne à tipicidade, por causa da indisponibilidade do bem jurídico tutelado, porém como a ação é publica condicionada, depende da representação. Assim, se a vitima consentiu, possível, embora não garantido, que não represente. Porém, nada impede, que mude de idéia, ou seja, consentiu na relação, se arrepende, e representa. 5) Enquanto AIDS era mortal a doutrina e Jurisprudência entendeu, que a transmissão intencional de AIDS mediante relação sexual era crime de homicídio (tentado, ou consumado, se a vitima morreu). Hoje, não me parece mais adequado esta tipificação, já que AIDS e mais ainda HIV tem cura. Portanto, transmissão de HIV configura este artigo. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: É dolo direto, mas não precisa transmitir a moléstia, basta ter a intenção de fazê-lo. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Perigo de contágio de moléstia grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. A diferença é que neste artigo a moléstia não é venérea, e a intenção deve ser a de transmitir a doença, no caso, a moléstica grave. A forma de transmissão pode ser qualquer uma, inclusive o ato sexual, desde que a moléstia não seja venérea. Assim, se entendermos, que HIV não é moléstia venérea, a transmissão intencional de HIV pelo ato sexual ainda seria abrangido por este artigo. Porém não tutela este artigo a prática de atos que possibilitam a transmissão, se não há intenção de transmissão da moléstia. Ou seja, se HIV não é considerado moléstia venérea, a simples relação sexual sem proteção, porém praticada sem intenção de transmitir a doença não seria crime. Assim, no caso concreto, se o portador de Tuberculose tosse na face de outra pessoa transmitindo lhe Tuberculose, sem ter à intenção de fazê-lo, não responde por este ato. Porém, se sua intenção é a transmissão, o tipo se configura. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem (pessoa certa) a perigo direto e iminente: Perigo para a vida ou saúde de outrem: O perigo deve ser concreto, não basta a simples possibilidade. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime subsidiário, se configura outro crime não se aplica o tipo. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) Abandono de incapaz: Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Crime próprio, só pode ser autor, quem tiver obrigação de zelar pelo incapaz. Não abandona, quem vigia escondido. Ou seja, a mulher que coloca seu filho recém nascido em frente da casa de outros, observando escondido, se alguém o pega, não abandonou o filho. Só abandona, se for embora, antes que alguém resgate a criança. Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Privilegia o crime anterior, pelo motivo. Normalmente se aplica a mãe solteira ou adultera, mas também o pai incestuoso, ou adultero pode se beneficiar da privilegiadora, desde que a intenção é a ocultação da desonra própria. A Jurisprudência entende, que se a mulher não tem honra a proteger, como prostituto, ou mãe solteira, que já é conhecida como mãe solteira, ou adúltera conhecida, não se aplica a privilegiadora. Isso é questionável, já que a honra é subjetiva, e pode ser que uma mulher se orgulhe de ser prostituta, prestando um serviço relevante à sociedade, porém se sente desonrada ao ter um filho, fruto de um estupro. Não querendo abortar, resolve abandonar o recém nascido. Embora crime, não se vê motivo para não aplicar a privilegiadora.Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. Omissão de socorro: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Se alguém tiver medo de se contaminar, ou de ser vitima de um assalto, e por isso não ajuda em caso de acidente, tem a obrigação de chamar a autoridade competente. A omissão de chamar socorro é inescusável. Ninguém tem obrigação de tocar uma vitima sangrenta, ou parar em lugar ermo, para socorrer, porque isso pode colocar sua vida em perigo, todavia, não exime o agente de chamar socorro. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Maus-tratos: Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Leves tapas educacionais, não expõem a saúde ou a vida a perigo, portanto são permitidos, mas qualquer castigo, além disso, configura o crime. Se a intenção é satisfazer tendências sadistas, o crime é de tortura. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990). ) Perigo de contagio venéreo - art. 130 - é incompatível com a omissão - a expressão “deve saber” não se refere a culpa, mas a dolo eventual. Admite tentativa. Art. 137 - Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 1. Objeto Jurídico – Com o fim de tutelar ordem pública e coibir sua perturbação, assim como preservar a incolumidade da pessoa, o Código Penal descreve a figura da rixa, que se caracteriza quando há uma briga, um entrevero desordenado envolvendo três pessoas ou mais, em que não é possível distinguir as condutas dos participantes. Exige-se que a contenda se dê com três pessoas ou mais porque no embate entre duas apenas configura a prática da contravenção vias de fato ou de lesões corporais recíprocas. Assim, a norma penal quer reprimir o ato da pessoa que, em meio a uma coletividade em combate, atua com violência indeterminada contra outrem, ocasião em que não se mostra possível individualizar a autoria das agressões. A exceção posta na parte final do dispositivo (“... salvo para separar os contentores.”) poderia caracterizar, ao menos em tese, uma situação de legítima defesa de terceiro. Não obstante, vê-se a intenção do legislador de antecipar o debate nesse sentido, já descrevendo a hipótese em que a intervenção no tumulto não resultará em responsabilidade daquele que atua para pôr fim ao delito. 2. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo: Por pressupor uma agressão mútua, recíproca e indefinida entre os participantes, eles todos são simultaneamente sujeitos ativos e passivos do crime. 3. Elemento Subjetivo: Exige-se o animus rixandi. A voluntária participação na contenda caracteriza o dolo do sujeito na prática do crime, não havendo sanção àquela praticada culposamente. 4. Consumação e tentativa: Diz-se inviável a tentativa por se considerar que a conduta e o evento exaurem-se simultaneamente. 5. Rixa Qualificada: Apesar de a norma dispensar, na definição do crime, a individualização das condutas dos contendores, trata de dar pena mais severa para hipóteses extremas nas quais a violência resulta em lesão corporal grave ou morte de qualquer dos envolvidos (crime preterdoloso). Na hipótese de lesão corporal grave, também responderá pela forma qualificada o próprio lesionado
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