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Tecnologia e sociedade texto da aula do dia 14 9

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A relação entre ciência e tecnologia apresenta algumas visões muitas vezes divergentes entre si. Na visão clássica, esta relação possui um foco na produção de riqueza visando o bem-estar da sociedade. Ainda nesta perspectiva, a tecnologia é aplicação da ciência, com o objetivo de produzir mais, mais barato e beneficiar a sociedade. Os autores que defendem este ponto de vista, colocam que esta aplicação de conhecimento deve ser consequência da utilização de métodos pré-estabelecidos, sem a interferência de valores culturais e sociais. Esta visão coloca a tecnologia como fator chave para se obter desenvolvimento social e econômico por meio da competitividade estratégica. A ideia central é buscar o desenvolvimento a partir do avanço tecnológico, mesmo que tal avanço desencadeie desastres ambientais, esgotamento de recursos naturais, deterioração da qualidade do trabalho, e ainda mais exclusão social. Em relação aos desastres ambientais e outros problemas oriundos do desenvolvimento tecnológico, acredita-se que a ciência tem potencial para resolvê-los. 
No entanto, o que se observa é que a ciência proposta não tem sido capaz de evitar desastres ambientais, tem provocado profundas mudanças no meio ambiente e no modo de vida dos indivíduos, e não possibilita que a tecnologia gerada beneficie a sociedade de forma igualitária. Desta forma, começaram a surgir questionamentos sobre a relação entre ciência e tecnologia, levando em consideração, principalmente, o modelo hegemônico imposto pelo sistema capitalista, e assim, outras definições foram propostas considerando as relações políticas e de poder, dando origem à uma visão mais crítica do que realmente é tecnologia e sua relação com a ciência.
Dentro desta visão política, a Revolução Industrial foi um importante marco para analisar o avanço dos conhecimentos tecnológicos, e seu impacto na sociedade. Com as máquinas implementadas, vistas como tecnologia, o trabalhador perde o controle do processo produtivo e, na maioria das vezes, isto é visto como progresso e como uma melhoria nas condições de trabalho. No entanto, o questionamento que se faz é: quem tem acesso à essas tecnologias? Quem realmente se beneficia com tal avanço? 
A principal crítica dentro desta perspectiva é que o progresso tecnológico não atende às necessidades básicas da população, mas sim aos interesses de poucos. Ela é vista como uma estratégia capitalista utilizada para reproduzir o capital. Dessa forma, pode-se dizer, que as pesquisas realizadas não estão sendo desenvolvidas para as demandas sociais, mas sim para atender às classes dominantes com o foco no lucro, garantindo que somente uma pequena parcela da população possa utilizar os serviços e inovação, o que acentua as desigualdades sociais. 
Concluindo, diferentemente da definição consensual, esta visão crítica considera o ambiente capitalista em que a ciência e tecnologia são produzidas e, Dagnino apresenta o termo tecnociência para melhor conceituação do uso da ciência e tecnologia para fins capitalistas, e para o mesmo, esta tecnociência é o resultado da ação de um ator social sob um processo de trabalho que ele controla e que, em função do contexto socioeconômico, do acordo social, e do ambiente produtivo em que ele atua, possibilita uma mudança no produto para seu próprio interesse.

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