Buscar

ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA PROCESSUAL TRABALHISTA BRASILEIRO, FRANCÊS, ITALIANO, ALEMÃO E ARGENTINO Artigo Cientifico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANÁLISE COMPARATIVA DO SISTEMA PROCESSUAL TRABALHISTA BRASILEIRO, FRANCÊS, ITALIANO, ALEMÃO E ARGENTINO
Merabe Monice Pereira Bichara*
SUMÁRIO: Introdução; 1 Evolução Histórica do Direito do Trabalho e do Direito Processual Trabalhista; 1.1 Direito do Trabalho e sua Evolução Histórica; 1.2 Evolução Histórica do Direito Processual Trabalhista na França; 1.3 Evolução Histórica do Direito Processual Trabalhista na Alemanha 1.4 Evolução Histórica do Direito Processual Trabalhista na Itália 1.5 Evolução Histórica do Direito Processual Trabalhista na Argentina; Considerações Finais; Referências.
RESUMO: Esse artigo tem realiza uma análise comparativa dos sistemas processuais em diversos países, demonstrando como se deu seu surgimento e a evolução histórica. Será objeto de análise a Itália, França, Alemanha, Argentina e o Brasil. A comparação é feita como forma de compreender as semelhanças e diferenças na evolução e no sistema atual de cada país, para que haja uma melhor compreensão de quais as raízes do atual sistema processual trabalhista brasileiro. O desenvolvimento desse artigo é composto pela explanação dos tipos de processos, formas de ajuizamento e características daqueles nos países citados.
Palavras-chave: trabalhista, comparação, processo.
INTRODUÇÃO
	Este artigo terá como objetivo apresentar as semelhanças e diferenças entre os diversos sistemas processuais existente, demonstrando as variações de necessidades e tornando mais clara as raízes do processo de trabalho brasileiro.
	Inicialmente será discorrido a respeito do próprio direito do trabalho brasileiro e sua evolução e trajetória histórica, com a finalidade de tornar evidente o efetivo exercício da justiça do trabalho no Brasil e seu funcionamento, podendo então dar início aos sistemas trabalhistas da França, Alemanha, Itália e Argentina.
	O assunto será abordado de forma simples e prática, não aprofundada, para um entendimento do público em geral a respeito das diversas formas de lidar com os conflitos nos países citados, sendo de crucial importância a apresentação de, no mínimo, um pouco da história até a existência efetiva dos tribunais de conciliação entre outros.
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO E DO DIREITO PROCESSUAL TRABALHISTA
	
Direito do Trabalho e sua trajetória histórica
A primeira Constituição a estabelecer normas constitucionais de proteção ao trabalho foi a mexicana em 31 de janeiro de 1917, a qual delimitava a jornada laboral de oito horas, vedando o trabalho insalubre às mulheres e aos menores de dezesseis anos. Estabelecia, como predecessor do repouso semanal remunerado, um dia de descanso, para cada seis dias de trabalho. Assegurava à gestante, três meses anteriores ao parto, trabalho que não exigisse considerável esforço físico. Fixava o salário mínimo, capaz de satisfazer as necessidades normais do trabalhador, reconhecendo as greves como legítimo instrumento de reivindicação, objetivando a harmonia dos direitos do trabalho e do capital, ideal tantas vezes desejado.
“Inicia-se [o constitucionalismo social] com a Constituição do México de 1917, à qual Trueba Urbina dedica o estudo La primera Constituición político-social del mundo, publicado em 1971 no México, no qual conceitua Constituição Social como ‘um conjunto de aspirações e necessidades dos grupos humanos que como tais integram a sociedade e traduzem o sentimento da vida coletiva, distintos dos da vida política’.
O principal texto da Constituição do México de 1917 é o art. 123, com 31 incisos, nos quais se incluem o direito à jornada normal diária de 8 horas, jornada máxima noturna de 7 horas, proibição do trabalho de menores de 12 anos e limitação a 6 horas para menores de 16 anos, descanso semanal, proteção à maternidade, salário mínimo, igualdade salarial, adicional de horas extras, proteção contra acidentes do trabalho, higiene e segurança do trabalho, direito de sindicalização, direito de greve, conciliação e arbitragem dos conflitos trabalhistas, indenização de dispensa, seguros sociais.”[1: NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 22. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 31]
Após a mexicana, foi a vez da Constituição russa, que em 10 de julho de 1917, socializou os meios de produção e de troca. 
Posteriormente e menos radical, a Constituição de Weimar, que em 11 de agosto de 1919, colocava o trabalho sob a proteção do Estado, assegurando a liberdade de associação para a defesa e melhoria das condições de vida do trabalhador.
A constituição de Weimar, de acordo com Amauri Mascaro Nascimento, “foi modelo das Constituições europeias em matéria de direitos sociais (Mario de la Cueva)” 
“Enquanto isso ocorria, no Brasil, uma arcaica estrutura social, calcada no conservadorismo, resistia denodadamente às novas tendências sociais até o advento da Constituição Federal de 16 de julho de 1934, quando, sob a manifesta inspiração da Revolução de 1930, tendo à frente Getúlio Vargas, estruturou-se a ordem econômica e social, conforme os princípios de justiça e as necessidades da vida nacional, como, aliás, enfatizava o art. 115: ‘A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite a todos existência digna. Dentro desses limites, é garantida a liberdade econômica’. Como fator de equilíbrio entre o capital e o trabalho, o Estado brasileiro promovia o amparo social do trabalhador, estabelecendo o princípio da isonomia salarial, fixando o salário mínimo, estabelecendo a jornada diária de trabalho em oito horas, assegurando o repouso hebdomadário e as férias anuais remuneradas, a indenização nas despedidas imotivadas, a assistência médica e sanitária, a previdência, reconhecendo, inclusive, as convenções coletivas, magnífico instrumento de progresso das condições materiais do trabalhador.”[2: ALMEIDA, Amador Paes de. Curso prático de processo do trabalho. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 29-30]
Merece especial atenção o artigo 122, o qual cria a Justiça do Trabalho, senão vejamos:
Para dirimir questões entre empregadores e empregados, regidas pela legislação social, fica instituída a Justiça do Trabalho à qual não se aplica o disposto no Capítulo IV do Título I” (obs.: não integrava o Poder Judiciário). 
	
Com o passar dos anos, em 2 de maio de 1939, o Decreto-lei n. 1.237 já organizava a Justiça do Trabalho, com os seguintes órgãos e Tribunais: a) as Juntas de Conciliação e Julgamento e os juízes de direito; b) os Conselhos Regionais do Trabalho; c) o Conselho Nacional do Trabalho, na plenitude de sua composição, ou por intermédio de sua Câmara de Justiça do Trabalho.
“Instalada a Assembleia Nacional Constituinte, era promulgada, em 18 de setembro, a Constituição Federal de 1946, inspirada nos mais puros ideais da democracia social.
Objetivando a segurança da instituição, encerrava a Constituição de 1946 ato conteúdo social, fazendo com que o Brasil, na expressão textual de Mario de la Cueva, ‘regresase a los mas puros principios democráticos’”[3: ALMEIDA, Amador Paes de. Curso prático de processo do trabalho. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 31]
	Então se reconhecia o direito de greve e a livre associação profissional ou sindical, momento este em que a Constituição Federal de 1946 estava em situação de crucial importância no que tange à matéria de direito social, quando uniu-se a Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário, registrado em seu artigo 94.
	
1.2 Evolução histórica do direito processual trabalhista na França
	Na França existiam os chamados Conseils de Prud’hommes (conselho de homens prudentes, de alguma sabedoria, que são versados em certa matéria), os quais resolviam os dissídios individuais dos trabalhadores, ou seja, os dissídios coletivos eram resolvidos por outra instituição, qual seja, a arbitragem.
“No ano de 1426, emParis, o Conselho da Cidade designou 24 prud’hommes para colaborar com o magistrado municipal prévot, visando resolver questões entre fabricantes de seda e comerciantes. Em 29-4-1464, Luiz XI autorizou os prud’hommes a solucionar os conflitos entre os fabricantes de seda da cidade de Lyon por meio de um edito. Mais tarde esses conselhos passaram a solucionar os conflitos entre industriais e seus operários, inclusive quanto à divergência de pescadores, na cidade de Marselha.
Os Conselhos de Prud’hommes foram extintos em 1776, passando os tribunais comuns a decidir as questões que antes eram resolvidas por aqueles conselhos. Na época tinha-se a ideia de que toda organização era prejudicial à liberdade dos homens, razão pela qual deixaram aqueles conselhos de existir.
Uma lei de 1803 facultou ao prefeito de polícia de Paris e aos alcaides, comissários ou substitutos, em outras cidades, os poderes de resolver os conflitos entre industriais e operários, segundo as regras do Código Municipal e de polícia. O que se verificava nesse momento é que as autoridades policiais não tinham conhecimento suficiente ou experiência para resolver tais conflitos.[4: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 2-3]
Após a extinção dos conselhos, em uma visita a cidade de Lyon, foi requerido a Napoleão Bonaparte que fossem novamente instituídos os conselhos, haja vista o seu efetivo funcionamento, existiam diversas regras, como sua composição por um fabricante, um prud’homme fabricante um prud’homme chefe de oficina, sendo os conflitos resolvidos na presença de cinco prud’hommes uma vez por semana. 
“A maioria dos conselhos dividia-se em duas secções: indústria e comércio; mais tarde sendo estendido também à agricultura”.[5: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 3]
Ainda hoje na França existem os Conselhos de Prud’hommes, sendo órgão jurisdicional e podendo ser instalados nos municípios, com as subdivisões em seção da agricultura, comércio, indústria, entre outras, que são determinadas pela atividade principal do empregador.
Existia ainda o chamado bureau de conciliação e o bureaude jugement, o primeiro possui um representante de empregado e um do empregador, já o segundo possui, no mínimo, dois representantes dos patrões e dois dos empregados, sendo que não é obrigatória a presença de advogado. Conforme bem observa Sérgio Pinto Martins:
 “A matéria julgada é de conflitos individuais decorrentes do contrato de trabalho. O Conselho também trata de litígios entre funcionários dos serviços públicos, desde que sejam empregados regidos pelas regras de direito privado, como os servidores dos serviços públicos de caráter industrial e comercial, da Renaut etc.”[6: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 4]
Importante mencionar que a tentativa de conciliação na França tem semelhança com a do Brasil, haja vista que, inicialmente aquela é tentada, se não obtiver êxito na tentativa, o réu é citado para comparecer ao bureau de jugement, momento em que serão produzidas a provas, dando a oportunidade a palavra oral, a qual é prestigiada em detrimento da escrita. Para que haja a conclusão da lide é necessário o requisito da maioria absoluta e, caso acabe em empate, novo julgamento é designado e o prazo para recurso é de três dias.
Atualmente os membros do Conselho são eleitos por cinco anos (L. 512-5). Para o empregadores e empregados serem eleitos devem ser de nacionalidade francesa, ter pelo menos 21 anos, estar inscritos nas listas eleitorais há pelo menos três anos, exercer atividade pelo menos por 10 anos e não ter sofrido nenhuma condenação prevista no código eleitoral (L. 513-2). Nas localidades em que não exista o Conselho de Prud’homme, há a competência do Tribunal de Instância, que é competente inclusive para questões trabalhistas. A pessoa tem a faculdade de ajuizar a sua reclamação perante o Conselho, mas pode se socorrer diretamente ao Tribunal de Instância.[7: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 4]
	Esses Conselhos têm como principal objetivo julgar os dissídios individuais que tiverem por causa a interpretação ou o cumprimento do contrato de trabalho, de acordo com o art. L. 511-1 do Código de Trabalho.
 Sistema Processual Trabalhista na Alemanha
Na Alemanha o sistema processual tem grande semelhança com o brasileiro, principalmente em relação à forma hierárquica em que é instituído. 
Sérgio Pinto Martins explica que, por primeiro, surgiram os Tribunais Industriais em 1808 na região do Reno e, em outros locais foram criados os tribunais de arbitragem. Em 1890 tiveram efetiva competência para solucionar dissídios individuais e coletivos e possuíam composição de presidente e vice-presidente. Até então tais tribunais eram competentes para julgar apenas conflitos relacionados a indústria, após alguns anos, em 1904, a competência de tais tribunais passou a ser ao que dizia respeito ao comércio também.
Com a chamada Carta do Trabalho do III Reich surgiu a arbitragem com interferência do Estado. Então a Lei de 10 de abril de 1934 cria os Tribunais do Trabalho com várias divisões.
Entretanto, com o passar dos anos e as diversas mudanças nas relações de trabalho, houveram alterações importantes que tornaram o que é hoje o sistema processual trabalhista da Alemanha.
Atualmente, os conflitos trabalhistas são resolvidos por Tribunais do Trabalho (Arbeitsgerichte – ou, abreviadamente, ArbG), de natureza distrital. Os Tribunais Regionais do Trabalho (Landesarbeitsgerichte ou LAG), o Tribunal Federal do Trabalho (Bundesarbeitsgerichte, ou BAG), o Superior Tribunal Constitucional. Os dois primeiros tribunais pertencem aos Estados-membros, os Laender, enquanto o penúltimo pertence à União (Bund). Salvo o Superior Tribunal Constitucional, os demais são órgãos colegiados, integrados por juízes de carreira, com a assessoria de membros classistas, selecionados entre empregados e empregadores. Na primeira instância os juízes togados são os presidentes das câmaras, na segunda instância são o presidente do LAG e os das Câmaras e na terceira instância são o presidente do BAG e os presidentes das turmas e mais dois membros das turmas. No primeiro grau funcionam as câmaras, compostas de um presidente e dois juízes, sendo um empregado e outro do empregador.[8: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 5-6]
Ora, de acordo com o que se extrai do texto acima os órgãos de primeiro grau julgam tanto questões individuais como coletivas e, importante mencionar que a Alemanha possui um Código de Processo do Trabalho, mas adota subsidiariamente o CPC, modelo este semelhante ao brasileiro.
Sistema Processual Trabalhista na Itália
Como é de conhecimento geral, é do sistema italiano que originou-se a estruturação da Justiça do Trabalho Brasileira. Assim como na França existiam os prud’hommes, na Itália foram instituídos, em 1878, os Conselhos de Probiviri, primeiramente para resolver conflitos do setor econômico de seda, após para aqueles que surgiam na indústria e então passaram a atuar em outras categorias.
“Na sessão de 6-10-1925, o Gran COnsiglio Nazonale del Fascismo criou a Magistratura del Lavoro: ‘o Grande Consiglio entende também que o tempo está maduro para fazer dirimir os conflitos do trabalho por um órgão jurisdicional estatal, que represente os interesses gerais da Nação: a Magistratura del Lavoro, forma mais aperfeiçoada do que a simples arbitragemobrigatória e que, portanto, é oportuno introduzir na nova legislação a justiça do trabalho’”[9: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 6]
Dessa forma, em 1926 a Lei n. 563, determinou que seria de competência dos tribunais coletivos a estipulação de novas condições de trabalho e a aplicação dos contratos coletivos e, antes que houvesse a decisão final, seria obrigatória a tentativa de conciliação pelo presidente do tribunal.
Ora, a Carta del Lavoro de 1927 é que regulamentou todas as controvérsias do trabalho, impondo que a magistratura do trabalho era órgão do Estado, utilizado para intervir regulando as controvérsias do trabalho em todos os âmbitos deste. A Magistratura del Lavoro era responsável por julgar os dissídios coletivos, sendo constituída por seção especial do Tribunal de Apelação, sendo que sua função era preencher o vazio deixado pela proibição da greve.
“Atualmente os dissídios individuais são submetidos a julgamento por juízes togados, que aplicam um capítulo do Código de Processo Civil que regula o processo do trabalho. Os dissídios coletivos são resolvidos por meio de greves, convenções coletivas, arbitragem e mediações. O processo do trabalho é inspirado na oralidade, concentração e imediação. O juiz tem poder inquisitório, podendo exercer tal poder de ofício. A audiência é única. O juiz proclama o dispositivo e pode redigir a fundamentação em 15 dias. Hoje, no primeiro grau há o juiz; no segundo grau há o Tribunal Comum de apelação; e acima a Corte ‘di Cassazione’ e o Tribunal Constitucional”.[10: MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 7]
 Sistema Processual Trabalhista na Argentina
Na Argentina a organização da justiça do trabalho teve início em 1944, tendo sido criadas as comissões de conciliação e arbitragem pela Lei n. 12.713, a qual instituiu regras para o trabalho a domicílio.
“Houve reforma do sistema, por meio da Lei nº 18.345, sancionada em 12 de setembro de 1969, com as modificações decorrentes das Leis nº 20.196, 21.625, 22.084 e 22.743. Foi suprimida a Comissão de Conciliação e Arbitragem. Até 1988 a Justiça do Trabalho da Capital Federal estava integrada por 45 juízes de primeira instância, havendo ainda a Câmara Nacional de Apelações do Trabalho. A Lei n° 23.640/88 criou mais 45 novos juízos de primeira instância, que foram parcialmente instalados até março de 1991. Uma vez designados os juízes, estes mantêm seu emprego desde que tenham boa conduta. Não é requisito legal para acesso na magistratura do trabalho a pessoa ser versada em direito do trabalho, a não ser quando tal precaução resta implicitamente na condição de idoneidade reclamada no artigo 16 da Constituição para o desempenho de qualquer cargo público. O Código de Processo Civil é aplicado subsidiariamente à legislação processual laboral. Sobreviveu também o Conselho de Trabalho Doméstico, criado pelo Decreto nº 7.979/56, que pertence ao Ministério do Trabalho e da Seguridade Social, tendo competência para resolver os conflitos trabalhistas regulados pelo estatuto dos empregados domésticos; das referidas decisões é possível recorrer, por meio de apelação, para o Juiz Nacional de Primeira Instância do Trabalho.”
Portanto, essa é a forma como funciona o Direito Processual Trabalhista na Argentina.
Considerações Finais
A observação do direito e o direito comparado abrem caminhos quase que instransponíveis na prática do Direito, uma vez que é possível identificar as raízes e as reais necessidades almejadas pelas diversas sociedades.
Com esse trabalho é impossível não perceber a grande semelhança de necessidade dos diversos países analisados, com culturas diferentes, entretanto com uma gama enorme de semelhanças.
Com a Revolução Industrial e todo o desenvolvimento econômico na sociedade, seria impossível que não houvessem reivindicações sobre a estrutura do trabalho e o direito dos trabalhadores.
A dúvida que resta é se a forma como se deu e como se dá o sistema processual e o direito material em si do trabalho estão efetivamente tornando mais harmoniosas as relações de trabalho e seus diversos conflitos.
Referências
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 22. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso prático de processo do trabalho. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense: modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

Outros materiais