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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 *INTERVENÇÃO ESTATAL NA PROPRIEDADE* Direito de Propriedade: Só é atingido pelo Estado em caráter excepcional, quando previsto na Constituição Federal de 1988 ou em Lei, só aí será possível a intervenção do Estado na propriedade. Mas, de Regra, não há intervenção. É o direito de gozar, dispor, usar, usufruir, reaver. Tem caráter: Absoluto, Perpétuo e Exclusivo. OBS: Na intervenção ora será atingido seu caráter perpétuo, ora o absoluto, ora o caráter exclusivo. Na interven- ção do Estado o proprietário não perderá a propriedade, salvo na desapropriação, onde há a transferência da propriedade. Fundamentos para a Intervenção (motivos): Supremacia do Interesse Público. Prática de ilegalidade, art.243 da CF: Desapropriação Expropriatória, Confisca- tória, em virtude de plantação de psicotrópicos proibidos na propriedade. É uma pena. Poder de Polícia: Maioria da Doutrina: Poder de Polícia está sempre presente na limitação administrativa. Alguns doutrinadores entendem que só na Desapropriação não está presente o Poder de Polícia. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: Atuação geral e abstrata do Poder Público. O proprietário é indeterminado. Regra Geral: Não há indenização. Finalidade: Busca do bem-estar social, que será buscado através do Poder de Polícia, quando a propriedade do particular será restringida p/ satisfazer o interesse coletivo. Atinge o caráter absoluto da propriedade, já que restringe a liberdade do proprietário. Efeitos: ‘Ex nunc’, para o futuro, não atingindo situações já formadas. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA: Utilização do patrimônio do particular pelo Estado para prestar serviço público. Regra: É individual, concreta e com proprietário determinado. Relação de Dominação: O Serviço Público é o Dominante, e a propriedade do particular á o Serviente. Há a do- minação do serviço público sobre um bem. OBS: Diferente da Servidão no Direito Civil, onde há a dominação de um bem sobre outro bem. Indenização: Só se houver dano efetivo. OBS: Jurisprudência: Fios de alta tensão impedem o exercício da propriedade, portanto não há servidão neste caso, e sim Desapropriação indireta. REQUISIÇÃO (Art.5º, XXV, Constituição Federal de 1988): Ocorrerá quando há iminente perigo, o Poder Público poderá requisitar o patrimônio do particular pelo Tem- po que for necessário, até que cesse o iminente perigo. Obs. É possível a requisição tanto em tempo de paz, como em tempo de guerra. Indenização: Só se houver dano ao patrimônio do particular. Obs: Há a possibilidade de reintegração do patrimô- nio na via judicial, se o Poder Público não devolvê-lo. www.cers.com.br 3 Objeto: Pode recair sobre bens Móveis ou Imóveis. Atinge o caráter exclusivo da propriedade. OBS: Quando tra- tar-se de bens fungíveis, ainda que o dono deixe de ser dono, haverá requisição. Ex. Estado requisita roupas e frangos de uma fábrica. Sempre que houver bens fungíveis, e tratar-se de iminente perigo, haverá requisição, e não desapropriação, já que o poder público pode devolver objetos iguais. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA: Hipóteses mais comuns: Uso do Patrimônio não edificado ao lado da obra pública para guardar os materiais da obra. Para Evitar desapropriação desnecessária: quando o Poder Público ocupa o imóvel para pesquisa de minérios e arqueologia, em havendo minérios ou objetos arqueológicos o poder público desapropria a área. Indenização: Se houver Dano Indenização Ulterior. Natureza Jurídica: Há divergência na doutrina. Maria Sylvia: Ocupação prevista na Lei 8666/93, decorrente de Contrato Administrativo: Se o particular des- cumpre o contrato administrativo Processo Administrativo Administração extingue o contrato, rescinde-o (ato administrativo). Durante o processo administrativo a Administração assume a prestação do serviço que era prestado pela empresa por contrato administrativo, utilizando-se dos bens da empresa que são necessários à prestação do serviço. Maria Sylvia entende que há ocupação temporária nestes casos. Ao final do Processo a Administração poderá devolver os bens à empresa, ou adquiri-los através da Reversão, com direito ou não à indenização. Não é desapropriação. Para alguns doutrinadores não há ocupação temporária na situação trazida por Maria Sylvia, e sim, ocupação decorrente do contrato (cláusula exorbitante). Mesmo que não esteja no contrato, ainda assim, não será ocupação temporária. TOMBAMENTO (Decreto Lei 25/37): Conservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico. Objeto Tanto bens móveis, como os imóveis, inclusive os Bens Públicos. O Tombamento atinge o Caráter Absoluto da Propriedade. Há corrente minoritária, liderada por José dos S.C. Filho sustentando que só é possível haver tombamento de bem público quando guardada uma hierarquia, do mesmo modo que na desapropriação. Ex A união pode tom- bar bens dos Estados e Municípios, os Estados podem tombar bens dos Municípios. Competência para Tombar: Patrimônio de Interesse Nacional União Patrimônio de Interesse Regional Estado Patrimônio de Interesse Local Município. OBS: Pode haver tombamento de Bem da União por um Município, porque o que importa é o interesse, não a hierarquia, diferentemente da desapropriação. OBS: Bem Público Tombado Inalienabilidade Absoluta. Normalmente, os bens públicos são relativamen- te inalienáveis. Obrigações Positivas do Patrimônio tombado: Dever de Conservação do bem pelo Dono. www.cers.com.br 4 OBS: Se o dono não tiver condições econômicas de conservar o bem, deverá comunicar à entidade que o tombou para que ela tome as devidas providências. Toda e qualquer conservação tem que ter Autorização do Instituto próprio. OBS: O proprietário que faz conservação sem autorização: destruição do patrimônio, crime do art.165 do CP. A União tem preferência na compra do imóvel tombado, se o particular quiser vendê-lo. OBS: Poderá haver tombamento total ou parcial: O Tombamento pode ser feito só da fachada do imóvel; quando o tombamento for sobre todo o imóvel, poderá ser hipótese de desapropriação indireta. Obrigações Negativas: Não danificar, Não destruir o patrimônio tombado; impossibilidade de retirá-lo do país, exceto por curto espaço de tempo. O vizinho ao patrimônio tombado não pode colocar cartazes, ou qualquer outro instrumento que prejudica a visibilidade do patrimônio tombado. Obrigação de tolerar, suportar a fiscalização. Procedimento do Tombamento: Tombamento Provisório: Enquanto estiver em andamento o procedimento administrativo de tombamento. De- pois de julgado o processo, o tombamento tornar-se-á Definitivo. Tombamento Voluntário: Acontece a pedido do proprietário. Tombamento Compulsório: A Administração determina. OBS: O Tombamento não depende do registro na escritura do imóvel, basta o registro no Livro do Tombo, depois disso ele será válido. Entretanto, se o Estado não registra o Tombamento na escritura do imóvel, não terá a preferência numa eventual venda do imóvel. Indenização: O Tombamento, por si só, não gera direito à indenização. Poderá haver indenização dentro do Tombamento, se constituída uma obrigação de fazer, se houver dano. DESAPROPRIAÇÃO Única forma de intervenção em que o Estado toma o direito de propriedade do antigo proprietário. É forma de aquisição originária da propriedade, não há vínculo, nem relação jurídica com o antigo proprietário, a vontade dele não interessa. Objeto Bens Móveis e Imóveis, inclusive os Bens Públicos. Defeito no Objeto: Vício no Objeto. Ex. Município desapropria bem da União. Regra Geral: Todos osbens podem ser desapropriados. Exceção: Vedada a Desapropriação aos Direitos da Personalidade. Direitos autorais, direito á imagem, alimentos, direito à vida, não podem ser desapropriados. Competência Regra Geral - Todos os entes, a depender da órbita de interesse. Para Bens Públicos, respeita- se a hierarquia União desapropria de Estados e Municípios; Estado desapropria dos Municípios. Obs. Defeito na competência: Vício na competência. DESAPROPRIAÇÃO COMUM ou ORDINÁRIA Por Necessidade e Utilidade Pública (D. Lei 3365/41) Rol taxativo. O Dec. Lei não distingue necessidade de utilidade pública, entretanto, a doutrina faz essa distinção: Necessidade há quando a situação exija urgência; Utili- dade há quando não há urgência. www.cers.com.br 5 Por Interesse Social (Dec. Lei 4132/62) Rol Taxativo. OBS: Art.5º, XXIV, da Constituição Federal, justifica essas duas modalidades. Competência: Todos os entes podem, a depender da órbita de interesses. OBS: Não há vício de competência. Indenização: Prévia, Justa e em Dinheiro. Objeto: Qualquer bem pode ser objeto de Desapropriação Ordinária, exceto nos casos previstos no Dec. Lei. OBS: Só cai na via judicial em algumas circunstâncias. DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA Tem natureza de penalidade, de sanção. 1ª Hipótese: Decorre do Descumprimento da Função Social da Propriedade: A) Reforma Agrária (LC 76/93 e Art. 191 da CF): Proprietário não cumpre função social da propriedade. Obs. O Poder Público pode fazer reforma agrária mesmo sem natureza de penalidade, c/ fundamento no interesse social. Competência Só a União. Neste caso pode haver vício de competência. Objeto Só sobre bens imóveis rurais. Indenização TDA´s (Títulos da Dívida Agrária, resgatáveis em até 20 anos), indenizam a terra nua. As benfeito- rias têm que ser pagas em dinheiro. Vedação à Desapropriação Sancionatória Propriedades pequenas ou médias, que seja a única do particular e que seja produtiva. B) Plano Diretor: Lei que organiza o Município, Lei 10257/01 (Estatuto da Cidade). Quando há desobediência ao plano diretor, fere-se a função social da propriedade. Competência Municípios e DF. ObjetoBens Imóveis Urbanos. Indenização TDP (títulos da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos). Procedimento Notificação do proprietário, pela prefeitura, para que este proceda à edificação (01 ano para o projeto e mais 02 para a construção) ou ao parcelamento da propriedade. Se não edificada ou parcelada: IPTU com alíquota progressiva (até 15% por ano). Se não cumprir as obrigações Desapropriação Sancionatória, apli- cada em último caso. OBS: Desapropriação instituída pelo CC/02, não diz respeito à Desapropriação do Direito Público. 2ª Hipótese: Desapropriação Expropriatória (confiscatória, expropriação). Hipóteses: A) Plantação de Psicotrópicos Proibidos ou exploração de trabalho escravo na forma da lei. B) Outros bens de valor econômico que sejam utilizados para o tráfico. Indenização: Não há. Daí ser chamada de expropriação, espécie de desapropriação sancionatória. www.cers.com.br 6 Competência: União. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA: Acontece quando o Poder Público não observa formalidades necessárias, simplesmente entra no Bem. Ex. servidão e tombamento disfarçados. É chamado de “esbulho administrativo”. Ex. quando o particular nada mais pode fazer em sua propriedade. NOÇÕES COMUNS A TODAS AS MODALIDADES Desapropriação é possível totalmente na via administrativa, o que não ocorrerá, apenas, se o particular não aceitar o valor da desapropriação ou se o proprietário for desconhecido. PROCESSO ADMINISTRATIVO DA DESAPROPRIAÇÃO: A) Fase Declaratória: Poder Público declara a desapropriação via Decreto Expropriatório emitido sempre pelo Chefe do Executivo. Exceção Poder Legislativo: Através de Lei de Efeitos concretos, que é lei com cara de ato administrativo, já que produz efeitos concretos e individuais. O Legislativo pode declará-la, mas não a executa. OBS: Concessionárias e Permissionárias também podem desapropriar, mas somente a partir da Fase Executi- va, nunca na Fase Declaratória. B) Fase Executiva: O Poder Público vai efetivamente entrar no Bem. Condição para fase executiva para entrar no bem, o poder público deve pagar o valor. Se o particular não aceita o valor, necessária a via judicial. O que Deve Constar no Decreto Expropriatório: 1. Demonstração do Interesse público na Desapropriação, determinada a sua Destinação (Ex. Escola, Hospital, Estrada). Obs. Se o Poder Público mudar a destinação da desapropriação, esse fenômeno é chamado de Tredes- tinação. Tal fato é possível, desde que se mantenha o interesse público. 2. Descrição do Bem c/ todas as benfeitorias. OBS: Após o Dec. Expropriatório só serão indenizadas as benfeito- rias necessárias e as úteis autorizadas. A) Prazo de Caducidade do Processo Administrativo: Prazo de tolerância entre a declaração, em decreto expropriatório, e a execução da expropriação. Necessidade ou Utilidade Pública: 05 anos. Se neste período, o poder público não pagar a indenização e ainda não entrou no bem, só poderá repetir o Decreto expropriatório 01 ano depois. (período de carência). Desapropriação por Interesse Social: 02 anos. Neste caso, não há a possibilidade de repetição do decreto ex- propriatório. B) Ação Judicial de Desapropriação: Só será obrigatória em 02 circunstancias: Quando o proprietário é desconhecido, ou há dúvida quanto ao proprietário. Quando o proprietário não está de acordo c/ o valor da indenização. A Ação de desapropriação é de procedimento especial. Não pode discutir outra coisa senão o valor e eventuais nulidades do procedimento expropriatório. Qualquer outra discussão só será possível em ação própria. www.cers.com.br 7 Antecipação da Prova Pericial: Diferentemente do que ocorre nos outros procedimentos, onde a prova pericial não é feita no inicio do processo, na Ação de Desapropriação o juiz já determina a realização da perícia no início do processo. Incidente de Imissão Provisória na Posse (diferente de imissão na posse) É incidente na ação de desapro- priação, que serve para antecipar a entrada do poder público no bem, antes do julgamento final da ação. Requisitos para concessão da Imissão: 1. Urgência da situação; 2. Depósito do Valor da Indenização Valor estipulado pelo Poder Público. OBS: A Jurisprudência vem enten- dendo que se o valor depositado for irrisório, o juiz poderá determinar a complementação do valor. O Proprietário poderá levantar até 80% do valor depositado pelo Poder Público. Ex. Imissão Provisória (01/01/04) ---------------- Sentença Final (01/01/05) 100.000 depositados Decisão Judicial: 200.000 80.000 levantados pelo particular (+ 100.000) OBS: Em relação aos 100.000 que a decisão judicial estabeleceu a mais, esses serão cobrados da Administração por meio de precatório. Juros CompensatóriosIncidirão sobre a diferença entre o valor levantado pelo particular e o valor determinado pela justiça (120.000), e durante o período entre 01/01/04 e 01/01/05. Dec. Lei 3365/41, Art.15-A (objeto de ADIN): Determinou a suspensão da parte que determinava os juros com- pensatórios de até 06%. Atualmente o valor dos juros compensatórios é de 12% ao ano. Essa ADIN fez valer no- vamente a Súmula 618 do STF, que determinava os juros compensatórios de 12% a partir do depósito até a sen- tença. Juros Moratórios Art.15-B, Dec. Lei 3365/41: Para recompor perdas relativas ao atraso no pagamento. Come- çarão a correr a partir de 1º de janeiro do exercício financeiroem que deveria ter sido pago, seguinte ao ano em que foi proferida a sentença de mérito. OBS: Não há necessidade de a sentença haver transitado em julgado. Ex Sentença proferida em 01/01/04 Juros a partir de 01º/01/06 (em 2005 entra no precatório). Ex. Sentença proferida em 31/07/04 juros a partir 01/01/07 (precatórios em 2006). www.cers.com.br 8
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