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Apostila OAB 2 Fase Penal Rogeri

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Prévia do material em texto

APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
ORIENTAÇÕES PARA A 2ª. FASE DO EXAME DE ORDEM. 
 
Na prova prático-profissional é permitida, exclusivamente, a consulta à legislação sem qualquer 
anotação ou comentário. Não é permitido o uso de material didático, tais como Manuais, Livros de 
Doutrina, sendo também vedado o uso de apostilas ou material que possua modelos de peças práticas, 
informativos de Tribunais, anotações pessoais, manuscritas, impressas ou transcrições, cópias 
reprográficas, impresso da internet, jurisprudências, dicionários ou qualquer outro material de consulta. 
Os examinandos deverão trazer os textos de consulta com a partes não permitidas já isoladas, por grampo 
ou fita adesiva. 
 
É permitido utilizar legislação não comentada, códigos, leis de introdução dos códigos, índice remissivo, 
instruções normativas, exposição de motivos, súmulas, enunciados, regimento interno, resoluções de 
tribunais, marca texto, traço ou simples remissão a artigos ou a lei e separação de códigos por cores, 
marcador de página, post-it com remissão apenas a artigo ou a lei, clipes ou similares. 
Sugerimos o uso do Vade Mecum Penal – Ed. Rideel – Organizador Rogério 
Cury. 
 
1 - Fique atento à leitura do problema proposto e à fase processual que se encontra. Você deve utilizar 
somente os dados fornecidos pelo problema, sem acrescentar algo alheio ao enunciado. Não assine a peça 
e nem forneça quaisquer outros dados pessoais. 
 
2 - Reserve cerca de 3 hs para a elaboração da peça prático-profissional e aproximadamente 25 a 30 
minutos para cada questão, quando a prova tiver duração de 5 horas. 
 
3 - Antes de iniciar a elaboração da peça realize um pequeno rascunho, contendo um esquema do que vai 
ser produzido, ou seja, anote qual a peça, para quem vai ser encaminhada, qual a tese, qual o pedido etc. 
Após, inicie a feitura da peça. 
 
4 - Durante a elaboração da peça e questões não utilize palavras repetidas. Cuidado para não repetir a 
mesma palavra no início de parágrafos próximos, como também no mesmo parágrafo. Cite artigos de lei e 
Súmulas, não bastando fazer constar seu conteúdo. 
 
5 - Cuidado com os erros de grafia, acentuação e português. Eles podem levar à reprovação. 
 
6 - Na prova prático-profissional, os examinadores avaliarão o endereçamento, teses (preliminares e 
mérito), raciocínio jurídico, a fundamentação e sua consistência, a capacidade de interpretação e 
exposição, a correção gramatical, pedido e a técnica profissional demonstrada. Lembramos aos candidatos 
que, seja na(s) tese (s) e pedido(s), sempre devem citar artigos de lei e/ou súmulas no corpo da peça, 
tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV. 
 
7 – A procura dos temas nos Códigos deve ser feita a partir do índice alfabético remissivo. Isto agiliza sua 
procura e, conseqüentemente, o tempo de prova será melhor aproveitado. 
 
8 – Cada parágrafo feito deve ser analisado para que não reste nenhum erro, como também para que o 
parágrafo seguinte não seja repetição do anterior. 
 
9 – A letra apresentada pelo candidato deve ser legível, pois poderá correr o risco do examinador não 
entendê-la ou até mesmo interpretá-la de modo diverso do que está realmente escrito. 
 
10 – As questões devem ser respondidas de forma objetiva, indo ao cerne do tema proposto. 
Lembramos aos candidatos que na respostas devem citar artigos de lei e/ou súmulas, tendo em vista que 
isto vem sendo exigência da FGV. 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
11 – O candidato deve iniciar a prova com a elaboração da peça profissional e, em seguida responder as 
questões. 
 
12 – Importante lembrar que o examinador fará a correção da prova analisando a conduta de um 
profissional. Portanto, o uso de técnica profissional é imprescindível (boas frases, bons parágrafos, 
comentários técnicos e adequados para o caso, citação de artigos e súmulas). 
 
13 – O candidato deve utilizar de raciocínio jurídico, amparado por legislação e Súmulas do STJ e STF. 
 
14 - Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com extensão máxima de 
150 (cento e cinquenta) linhas; para a redação das respostas às questões práticas, a extensão máxima do 
texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão. Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer 
fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima 
permitida. 
15 - Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as respostas das 
questões práticas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a palavra "ADVOGADO". Ao 
texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de identificação do 
examinando em local indevido. 
16 - Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às questões práticas, o examinando 
deverá incluir todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação 
além daquelas fornecidas e permitidas no caderno de prova. Assim, o examinando deverá escrever o 
nome do dado seguido de reticências (exemplo: "Município...", "Data...", "Advogado...", "OAB...", etc.). 
A omissão de dados que forem legalmente exigidos ou necessários para a correta solução do problema 
proposto acarretará em descontos na pontuação atribuída ao examinando nesta fase. 
17 - Nos casos de propositura de peça inadequada para a solução do problema proposto, considerando, 
neste caso, aquelas peças que justifiquem o indeferimento liminar por inépcia, principalmente quando se 
tratar de ritos procedimentais diversos, como também não se possa aplicar o princípio da fungibilidade 
nos casos de recursos, ou de apresentação de resposta incoerente com situação proposta ou de ausência de 
texto, o examinando receberá nota ZERO na redação da peça profissional ou na questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPOSTA ESCRITA À ACUSAÇAO / RESPOSTA PRELIMINAR 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 
Observações preliminares sobre a peça: “É uma peça utilizada após a citação do acusado. Após a 
decisão que recebeu provisoriamente a ação penal, o juiz abre prazo de 10 (dez) dias para o advogado 
apresentar a defesa, podendo nela alegar tudo (teses preliminares e de mérito) o que entenda necessário, 
devendo arrolar as suas testemunhas, sob pena de preclusão. 
 
Fundamentos Legais 
 Artigo 396-A do Código de Processo Penal, ou a fundamentação da Legislação Especial, 
ou sendo o procedimento da primeira fase do júri, nos termos do art. 406 do CPP. 
 
Endereçamento 
 É uma peça endereçada exclusivamente a primeira instância juiz de Direito ou juiz federal 
competente de uma Vara Criminal ou Vara do Júri, ou seja, dirigida ao juiz da vara onde tramita o 
processo (juiz onde houve a distribuição da ação penal). 
 
Denominação do postulante 
 O indivíduo que apresenta a Defesa Escrita recebe a denominação de ACUSADO, RÉU 
ou IMPUTADO. 
Prazo 
 A Resposta escrita à acusação, necessariamente deve ser apresentada dentro de 10 (dez) 
dias após a citação do acusado. A contagem do prazo deve ser feita a partir do dia útil seguinte após a 
citação, isto nos termos da Súmula 710 do STF e do art. 798 do CPP. 
 Contudo, caso a citação tenha sido realizada por edital, o prazo começará a fluir a partir 
de seu comparecimento ao processo. 
Hipótese 
 Esta Defesa é peça obrigatória, pois se o acusado, através de seu advogado não apresentar 
no prazo legal, o juiz, deverá nomear defensor para fazê-lo, sob pena de nulidade por cerceamento de 
defesa.Forma 
 Compõe-se de uma única peça, tal como as peças já estudadas, onde poderá ser tratada 
tese preliminar (pressupostos processuais, condições para o exercício da ação penal, inépcia, falta de justa 
causa para o exercício da ação penal, nulidades etc) e de mérito (excludentes de ilicicitude, culpabilidade, 
salvo inimputabilidade, tipicidade etc), além de arrolar testemunhas (8 – rito ordináro; 5 - rito sumário), 
sob pena de preclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Observações imprescindíveis 
 A Reposta Escrita à Acusação será apresentada após a citação do acusado, dentro do 
prazo de 10 (dez) dias. 
 Também recebe a denominação, por alguns autores, de Defesa Preliminar ou Resposta 
Preliminar. 
 A dica mais comum para se saber se o caso é de apresentação da peça em tela é que 
houve a citação do acusado. 
 Na resposta à acusação pode haver discussão do mérito da causa, argüições de teses 
preliminares. Ademais, devem ser arroladas as testemunhas, sob pena de preclusão. As exceções devem 
ser articuladas em arrazoado separado. 
 
 JÚRI 
 
 Há Resposta Escrita à Acusação na primeira fase do Júri (sumário de culpa). Tal peça 
vem prevista no art. 406 do CPP e possui prazo de 10 (dez) dias. 
 Aqui, a Resposta Escrita à Acusação possui número máximo de 8 testemunhas. 
 Na Resposta da primeira fase do Júri, podem ser argüidas preliminares e teses de mérito. 
Vale lembrar, que a excludente de ilicitude da inimputabilidade, desde que seja a única tese da defesa, 
poderá levar à absolvição sumária, nos termos do parágrafo único do art. 415 do CPP. 
 
Casos Práticos 
 
 A – Dino foi citado na data de ontem. Apresente a medida processual cabível. 
 B – O magistrado recebeu a ação penal e determinou a citação do acusado, fato que 
ocorreu na data de ontem. 
 
Modelo Prático 
 
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da _____ Vara Criminal da Comarca de ______________, Estado 
de _______. 
ou 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Federal da Subsecção Judiciária de _______, do 
Estado de _______, 
(pular 2 linhas) 
Processo nº __/__ 
(pular 8 linhas) 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 
 _______, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça 
Pública, processo em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA ESCRITA, a que alude o 
artigo 396-A do Código de Processo Penal (ou a Legislação Especial ou art. 406 CPP – Júri) expondo e 
requerendo o que segue: 
(pular 1 linha) 
 DOS FATOS: 
 
 Narrar os fatos em parágrafos de ate 4 ou 5 linhas, não repetindo a mesma 
palavra dentro do mesmo parágrafo. 
 (pular 1 linha) 
 DA PRELIMINAR: 
 Narrar a preliminar, tal como citação defeituosa, hipótese de rejeição da 
ação penal etc. 
 Na narrativa da preliminar, pode ser citada doutrina e jurisprudência, 
alem de ficar bem esclarecido o motivo que deu ensejo para essa alegação. 
 (pular 1 linha) 
 DO MERITO: 
 Narrar a tese de mérito, como, por exemplo, hipótese de absolvição 
sumária, nos termos do art. 397 do CPP. 
 (pular 1 linha) 
 DOS PEDIDOS: 
 Nesta fase, havendo a argüição de preliminar, deve ser feito o pedido 
preliminar e de mérito. Não havendo argüição de preliminar, mas somente tese de mérito, o pedido será 
apenas em relação a tese alegada. 
 Fique atento no pedido, para a presença das hipóteses do art. 397 do CPP, 
pois após a apresentação da resposta escrita, os autos serão enviados ao juiz que decidira sob a hipótese 
de absolvição sumária ou não. 
 Não se esqueça de arrolar testemunhas, realizando a qualificação e 
requerendo as devidas intimações, como por exemplo: 
 
ROL DE TESTEMUNHAS: 
Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ . 
Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ . 
Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ . 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ . 
 
 Nestes termos, 
 Pede deferimento. 
 (pular 2 linhas) 
 Local e data 
 (pular 2 linhas) 
 Advogado _________________ 
 O . A . B. / ______. nº _________ 
 
 
CASOS REFERENTES À MATÉRIA 
 
 
1 - Alessandro, de 22 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas 
previstas no art. 213, c/c art. 224, alínea b, do Código Penal, por crime praticado contra Geisa, de 20 anos 
de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos: 
"No mês de agosto de 2000, em dia não determinado, Alessandro dirigiu-se à residência de Geisa, ora 
vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de 
estar a sós com Geisa, o denunciado constrangeu-a a manter com ele conjunção carnal, fato que 
ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não 
se tenha valido de violência real ou de grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter 
conjunção carnal, o denunciando aproveitou-se do fato de Geisa ser incapaz de oferecer resistência aos 
seus propósitos libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente 
mental, incapaz de reger a si mesma." Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os depoimentos 
prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado. O juiz da 2.ª Vara Criminal do 
Estado XX recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se defender no prazo legal, tendo sido a 
citação efetivada em 18/11/2008. Alessandro procurou, no 
mesmo dia, a ajuda de um profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com a finalidade específica 
de ver-se defendido na ação penal em apreço. 
Disse, então, a seu advogado que não sabia que a vítima era deficiente mental, que já a namorava havia 
algum tempo, que sua avó materna, Romilda, e sua mãe, Geralda, que moram com ele, sabiam do namoro 
e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. 
Disse, ainda, que nem a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o 
promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Por fim, Alessandro informou que não havia qualquer 
prova da debilidade mental da vítima. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo 
acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em seu texto, não 
crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas e date o documento 
no último dia do prazo para protocolo. 
 
 
2 – Tício foi preso em flagrante pela prática do crime de furto. Houve a decretação de prisão preventiva, 
que fora revogada a pedido do Ministério Público quando do oferecimento da denúncia. A exordial 
acusatória imputou a Tício a figura típica prevista no art. 155 “caput” do CP, em razão de ter subtraído 
quatro CDs de música de uma loja especializada, sendo avaliados em R$ 25,00 (vinte e cinco reais) cada 
qual, totalizando o importe de R$ 100,00 (cem reais). O objeto do furto foi integralmente devolvido à 
vítima. Foram testemunhas dos fatos e da devolução dos CDs à vítima os Srs. Mévio de Rivera e 
Sassoferrato de Bártolo. 
Na data de ontem, Tício, que é primário e de bonsantecedentes criminais, foi citado e recebeu cópia da 
denúncia. 
Questão: Apresente a peça cabível para a defesa de Tício. 
 
CASO – OAB / FGV 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
 
A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria 
Campos a prática de crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos 
falsos. Diante da notícia crime, a autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira 
providência, representa pela decretação da interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, 
“dada a gravidade dos fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para 
o exterior por outros meios, pois o ‘modus operandi’ envolve sempre atos ocultos e exige estrutura 
organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela 
investigada Maria”. O Ministério Público opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a 
adotar, como razão de decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial”. 
No curso do monitoramento, foram identificadas pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos 
para providenciar expedição de passaporte para viabilizar viagens de crianças para o exterior. Foi gravada 
conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal, Antônio 
Lopes, em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já estavam 
prontos, e se poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação 
das linhas telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado. 
O juiz, também com prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério 
Público, deferiu a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito 
de dinheiro em espécie na conta de Antônio, efetuado naquele mesmo ano, no valor de R$ 100.000,00 
(cem mil reais). O monitoramento telefônico foi mantido pelo período de quinze dias, após o que foi 
deferida medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A decisão foi proferida nos 
seguintes termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados objetos 
relevantes para investigação, defiro requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos 
Casais, 213) e de Antônio (Rua Castro, 170, apartamento 201)”. No endereço de Maria Campos, foi 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
encontrada apenas uma relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes que teriam 
requerido a expedição de passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. No 
endereço indicado no mandado de Antônio Lopes, nada foi encontrado. Entretanto, os policiais que 
cumpriram a ordem judicial perceberam que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao 
investigado, motivo pelo qual nele ingressaram, encontrando e apreendendo a quantia de cinquenta mil 
dólares em espécie. Nenhuma outra diligência foi realizada. 
Relatado o inquérito policial, os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia 
nos seguintes termos: “o Ministério Público vem oferecer denúncia contra Maria Campos e Antônio 
Lopes, pelos fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da polícia federal Antônio 
Lopes, expediu diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades 
legais. 
Maria tinha a finalidade de viabilizar a saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro 
apreendida na casa de Antônio Lopes, bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente 
que ele recebia vantagem indevida para efetuar a liberação dos passaportes. Assim agindo, a denunciada 
Maria Campos está incursa nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), e nas penas do artigo 333, parágrafo único, c/c o artigo 69, ambos do Código 
Penal. Já o denunciado Antônio Lopes está incurso nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 
8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nas penas do artigo 317, § 1º, c/c artigo 69, ambos do 
Código Penal”. 
O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre, RS, recebeu a denúncia, nos seguintes termos: 
“compulsando os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos descritos na 
denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a 
denúncia. Citem-se os réus, na forma da lei”. Antônio foi citado pessoalmente em 27.10.2010 
(quartafeira) e o respectivo mandado foi acostado aos autos dia 01.11.2010 (segunda-feira). Antônio 
contratou você como Advogado, repassando-lhe nomes de pessoas (Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 
10, nesta capital; João de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital; Roberta de Tal, residente na Rua 
4, n. 310, nesta capital) que prestariam relevantes informações para corroborar com sua versão. 
Nessa condição, redija a peça processual cabível desenvolvendo TODAS AS TESES DEFENSIVAS que 
podem ser extraídas do enunciado com indicação de respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no 
último dia do prazo. 
 
GABARITO 
 
• O candidato deverá redigir Resposta à Acusação endereçada ao Juiz de Direito da 15ª Vara Criminal de 
Porto Alegre, RS, com base nos artigos 396 e/ou 396-A do Código de Processo Penal. É indispensável a 
indicação do dispositivo legal que fundamenta a apresentação da peça. Peças denominadas “Defesa 
Previa”, “Defesa Preliminar” e “Resposta Preliminar” sem indicação do dispositivo legal não serão 
aceitas. Peças com fundamento simultâneo nos artigos 406 e 514 do Código de Processo Penal, ou em 
qualquer artigo de outra lei não serão aceitas. Quando se indicava os artigos 396 e/ou 396-A, as peças 
eram aceitas independente do nome, salvo quando também se fundamentavam no art. 514 do Código de 
Processo Penal ou em outro artigo não aplicável ao caso. 
Admitiu-se a resposta acompanhada da exceção de incompetência, pontuando-se os argumentos 
constantes de ambas as peças. 
• A primeira questão preliminar que deverá ser arguida é incompetência da Justiça Estadual para 
processar o feito, eis que o crime é de competência federal, nos termos do que prevê o artigo 109, V, da 
Constituição Federal. Relativamente a esse tema, admitiu-se também a arguição de incompetência com 
base no inciso IV do art. 109, da Constituição. Em ambos os casos, será considerada válida a indicação da 
transnacionalidade do crime ou a circunstância de ser uma acusação de crime supostamente praticado por 
funcionário público federal no exercício das funções e com estas relacionadas. Admite-se também a 
simples referência ao dispositivo da Constituição, ou até mesmo à Súmula n. 254, do extinto mas sempre 
Egrégio Tribunal Federal de Recursos. Não será aceita, por outro lado, a referência ao art. 109, I da 
Constituição nem às Súmulas 122 e/ou 147 do STJ. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
• A segunda questão preliminar que deverá ser arguida é nulidade na interceptação telefônica. Aqui, 
foram pontuados separadamente os dois argumentos para sustentar a nulidade: (a) falta de 
fundamentação da decisão nos termos do que disciplina o artigo 5º, da Lei n. 9.296/96 e artigo 93, IX, da 
Constituição da República; no mesmo sentido; (b) impossibilidade de se decretar a medida de 
interceptação telefônica como primeira medida investigativa, não respeitando o princípio da 
excepcionalidade, violando o previsto no artigo 2º, II, da Lei n. 9.296/96. Na nulidade da interceptação 
não seaceitará o argumento do art. 4º, acerca da ausência de indicação de como seria implementada a 
medida. Também não se aceitará a nulidade decorrente da incompetência para a decretação, eis que o 
argumento da incompetência era objeto de pontuação específica. 
• A terceira questão preliminar que deverá ser arguida é a nulidade da decisão que deferiu a busca e 
apreensão nula, eis que genérica e sem fundamentação, fulcro no artigo 93, IX, da Constituição da 
República. 
• A quarta questão preliminar que deverá ser arguida é a nulidade da apreensão dos cinquenta mil dólares, 
eis que o ingresso no outro apartamento de Antônio, onde estava a quantia, não estava autorizado 
judicialmente. Relativamente a este ponto, era indispensável que se associasse a ilegalidade ao conceito 
de prova ilícita e consequentemente requerendo-se a desconsideração do dinheiro lá apreendido. 
• A quinta questão preliminar que deverá ser arguida é a inépcia da inicial acusatória, eis que a 
conduta é genérica, sem descrever as elementares do tipo de corrupção passiva e sem imputar fato 
determinado. Isso viola o previsto no artigo 8º, 2, ‘b’, do Decreto 678/92, o qual prevê como garantia do 
acusado a comunicação prévia e pormenorizada da acusação formulada. Além disso, limita o exercício do 
direito de defesa, em desrespeito ao previsto no artigo 5º, LV, da Constituição da República. Por fim, há 
violação ao artigo 41, do Código de Processo Penal. 
• Em relação ao crime de corrupção passiva, previsto no artigo 317, §1º, do Código Penal, o candidato 
deverá apontar a falta de justa causa para a ação penal. Afirmações genéricas de falta de justa causa não 
serão consideradas suficientes para obtenção da pontuação. Com efeito, é preciso que o candidato faça um 
cotejo entre o tipo penal (com seus elementos normativos, objetivos e subjetivos) e os fatos narrados no 
enunciado da questão. São exemplos de argumentos: não há prova suficiente de que o réu recebia 
vantagem indevida para a emissão de passaportes de forma irregular; não há nenhuma prova de que os 
passaportes fossem emitidos de forma irregular; nenhum passaporte foi apreendido ou periciado na fase 
de inquérito policial; não há prova de que os passaportes supostamente requeridos por Maria na ligação 
telefônica foram, efetivamente, emitidos; não há prova de que houve o exaurimento do crime, nos termos 
do que prevê o §1º do artigo 317, do Código Penal, ou seja, que Antônio tenha efetivamente praticado ato 
infringindo dever funcional. 
• No que tange ao crime previsto no artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), não há qualquer indício da prática delituosa por parte de Antônio, eis que não 
há sequer referência de que ele tivesse ciência da intenção de Maria. Em outras palavras, o candidato 
deverá indicar que não havia consciência de que Antônio estivesse colaborando para a prática do crime 
supostamente praticado por Maria, inexistindo, dessa forma dolo. Assim como no caso do crime anterior, 
afirmações genéricas de falta de justa causa não serão consideradas suficientes para obtenção da 
pontuação. Com efeito, é preciso que o candidato faça um cotejo entre o tipo penal (com seus elementos 
normativos, objetivos e subjetivos) e os fatos narrados no enunciado da questão. Dessa forma, 
relativamente à atipicidade do crime do art. 239, é indispensável que o candidato apontasse a ausência de 
dolo ou falasse do elemento subjetivo do tipo. Argumentos relacionados exclusivamente ao nexo causal 
não serão considerados aptos. 
• Ao final, o candidato deverá especificar provas, indicando rol de testemunhas. Os requerimentos devem 
ser de declaração das nulidades, absolvição sumária e, alternativamente, instrução processual com 
produção da prova requerida pela defesa. Para pontuar o pedido não é necessário que o candidato faça 
todos os pedidos constantes do gabarito, mas que seus pedidos estejam coerentes com a argumentação 
desenvolvida na peça. Por outro lado, se houver argumentos flagrantemente equivocados em maior 
número do que adequados, o pedido deixará de ser pontuado. No pedido, não foi admitida absolvição com 
fulcro no art. 386 e do 415 do Código de Processo Penal, já que ele trata das hipóteses de absolvição após 
o transcurso do processo, e não na fase de resposta. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
• O último dia do prazo é 08.11.2010, eis que a contagem inicia na data da intimação pessoal. Não serão 
aceitas datas como 06 ou 07 de novembro, pois o enunciado é claro ao especificar que a petição deveria 
ser protocolada no último dia do prazo, o qual se prorrogou até o dia útil subsequente. Erros como 08 de 
outubro e 08 de setembro (ou qualquer outra data) serão considerados insuscetíveis de pontuação. 
• Por fim, o gabarito não contempla nenhuma atribuição de pontuação para as argumentações relativas à: 
 (1) ausência de notificação para apresentar resposta preliminar (art. 514, Código de Processo Penal); 
 (2) nulidade da decisão que decretou a quebra do sigilo bancário. Também não será atribuída pontuação á 
simples narrativa dos fatos nem às afirmações genéricas de que não havia justa causa para a ação penal. 
 
ITENS DE CORREÇÃO 
 
 - Incompetência da Justiça Estadual. Artigo 109, V, CF. 0,75 
 - Nulidade da decisão que decretou a interceptação telefônica como primeira medida 
investigatória. Artigo 2º, II, da Lei n. 9.296/96. 0,25 
- Nulidade da decisão que decretou a interceptação telefônica sem fundamentação 
adequada. Basta indicar um dos seguintes dispositivos: artigo 5º, da Lei n. 9.296/96 e 
artigo 93, IX, da Constituição da República. 0,25 
- Nulidade da decisão que deferiu a busca e apreensão por ser genérica e sem devida 
fundamentação. Artigo 93, IX, da Constituição da República. 0,50 
- Nulidade na apreensão dos cinquenta mil dólares em endereço para o qual não havia 
autorização judicial. 0,50 
- Inépcia da denúncia, eis que genérica. Basta indicar um dos seguintes dispositivos: 
artigo 8º, 2, ‘b’, do Decreto 678/92, artigo 5º, LV, da Constituição da República, e 
artigo 41, do Código de Processo Penal. 0,50 
- Falta de justa causa para ação penal em relação ao crime previsto no artigo 317, §1º, 
do Código Penal. 0,75 
- Atipicidade do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8.069/90, eis que sem dolo. 0,50 
- Apresentação de requerimento de declaração de nulidades, absolvição sumária e, alternativamente, 
sendo instruído o feito, produção das provas em direito admitidas. 0,25 
- Apresentação de rol de testemunhas. 0,25 
- Prazo: 08/11/2010. 0,50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEMORIAS/ALEGAÇÕES FINAIS 
 
Observações preliminares sobre a peça: As Alegações Finais ou “Memoriais Escritos” é a peça a ser 
utilizada após o final da instrução criminal e antes da prolação de sentença. Nela as partes fazem um 
 
 
 
 
 
 
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ROGÉRIO CURY 
 
resumo do que consta dos autos, sendo a última oportunidade, antes da sentença, para as partes frisarem 
suas teses preliminares e de mérito. 
Com a reforma do CPP (lei 11.719/08), haverá apresentação de Alegações Finais (Memoriais 
Escritos), quando não puderem ser realizadas de maneira oral (regra atual). Desta feita, apenas em casos 
complexos, ou de grande número de acusados, haverá a conversão dos memoriais orais em escritos, nos 
termos do art. 403, §3º do CPP. 
Aqui, para a apresentação da peça em questão, existe processo e existe momento processual 
específico, ou seja, após o término da instrução criminal. 
 
Fundamentos Legais 
 Art. 403, §3º do Código de Processo Penal, sendo o rito ordinário. Porém em caso de 
procedimento de competência do Júri (primeirafase do Júri), o respaldo legal é encontrado no art. 411 do 
CPP, não havendo previsão de conversão de memorial oral em escrito. Contudo, tal conversão é admitida 
pela doutrina e na prática forense. 
 
Endereçamento 
 É encaminhada a um juiz de Direito (ou Juiz Federal) competente da Vara Criminal onde 
tramita o processo (procedimento comum ordinário) ou da Vara do Júri (procedimento especial do júri – 
crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes conexos). 
 
Denominação do postulante 
 Como na Resposta Escrita, a denominação utilizada pelo indivíduo que apresenta as 
Alegações Finais, é ACUSADO, RÉU ou IMPUTADO. 
 
Prazo 
 Quando há conversão de memoriais orais em escritos, são 5 (cinco) dias sucessivos para 
cada parte (acusação e defesa). 
 
Hipótese 
 É a última manifestação das partes antes da prolação de sentença, ou seja, é o momento 
processual adequado para as partes argüirem suas teses (preliminares e mérito), antes que se dê uma 
solução de 1ª instância para o caso. 
 Tratando de rito ordinário, após a apresentação dos memoriais, haverá prolação de 
sentença condenatória ou absolutória. 
 
 
 
 
 
 
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 Por sua vez, tratando-se do rito especial da primeira fase do Júri, após a apresentação dos 
memoriais, poderá haver decisão de pronúncia (art. 413 CPP), impronúncia (art. 414 CPP), absolvição 
sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 419 CPP). 
Forma 
 É elaborada em uma única peça, podendo ser dividida em preliminar e mérito conforme o 
caso apresentado. 
 
Observações imprescindíveis 
 
 Nas Alegações Finais sempre há momento processual específico, sendo elaborada 
primeiramente pela acusação e após pela defesa. 
 Para a elaboração da peça em estudo, o caso deve trazer em qual fase se encontra o 
processo, ou seja, após o término da instrução criminal, o que se dá após a realização da audiência de 
instrução. Deve constar que o houve a conversão de memoriais orais em escritos, ou que o MP já 
elaborou suas Alegações Finais, ou que o MP opinou pela condenação, ou que o MP opinou pela 
pronúncia, ou ainda que o processo esta na fase do art. 403 CPP etc. 
 Quando estamos na fase de Memoriais/Alegações Finais, temos processo, não temos 
sentença e não temos trânsito em julgado. 
 
Casos práticos 
 
 A – Elabore a defesa final de seu cliente. 
 B – O processo em epígrafe está na fase do art. 403 do CPP. 
 C – O representante do Ministério Público apresentou seus Memoriais. 
 D - Elabore os Memoriais de Defesa de seu cliente. 
 
Modelo Prático (rito ordinário) 
 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ____ Vara Criminal da Comarca de 
____________, Estado de São Paulo, 
ou 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Subsecção Judiciária de 
____________, Estado de ________, 
(pular 2 linhas) 
Processo nº __/__ 
(pular 8 linhas) 
 
 
 
 
 
 
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 _____________, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a 
Justiça Pública, por infração ao artigo ____ do ou da ________ , via de seu advogado e procurador que 
esta subscreve, vem, mui respeitosamente à douta presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 403 
do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS ESCRITOS, expondo e requerendo o quanto 
segue: 
(pular 1 linha) 
 DOS FATOS: 
 (pular 1 linha) 
 O presente processo, diz respeito a suposta prática do crime de 
_____________ e, segundo consta na exordial, o ora imputado ____________ (narrar os fatos, sem que 
haja a repetição da mesma palavra dentro do mesmo parágrafo, como também que o parágrafo tenha, no 
maximo, entre 4 ou 5 linhas). 
 (pular 1 linha) 
 DA PRELIMINAR: 
 (pular 1 linha) 
 Narrar a tese preliminar, com a menção de doutrina e jurisprudência. 
 (pular 1 linha) 
 DO MERITO: 
 
Via de regra este é o momento de articular tese que redunde na absolvição do cliente 
 (pular 1 linha) 
 *não esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço 
específico para colocação de doutrina e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo: 
 “A jurisprudência já afirmou que nos crimes materiais contra a ordem 
tributária é imprescindível o lançamento, que condiciona a própria tipicidade da conduta (Súmula 
Vinculante 24 do STF)” 
 
Ou 
 A doutrina de Guilherme Nucci tem merecido reiteradas citações dos 
Tribunais. O eminente autor entende que... (Código Penal, p....,). 
 
Obs. Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que saiba 
exatamente o nome do livro, do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela corte. 
 (pular 1 linha) 
 
 SUBSIDIARIAMENTE 
 
 
 
 
 
 
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ROGÉRIO CURY 
 
Aqui o candidato deve mencionar todas as teses alternativas à anulação do processo e a absolvição 
pura e simples. A pertinência da tese dependerá do caso concreto. 
Apenas para ilustrar, aqui vão algumas teses que o candidato deve saber manusear na hora da 
prova: 
 Desclassificação (atenção com eventual prescrição ou decadência que dela derivar e com a súmula 
337 do STJ). Afastamento de qualificadoras. Circunstâncias judiciais favoráveis. Reconhecimento 
de atenuantes. Afastamento de agravantes e causas de aumento. Reconhecimento de causas de 
diminuição. Concurso de crimes mais favorável ao agente. Regime inicial de cumprimento de pena 
menos gravoso. Substituição da pena por restritiva de direitos, ou pena de multa. Sursis. Recurso 
em liberdade. Negativa de indenização. Negativa aos efeitos do art. 91 do CP. 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS (CONSIDERAÇÕES 
DERRADEIRAS): 
 (pular 1 linha) 
 
 A acusação não logrou provar o que imputara na denúncia e as provas 
produzidas impõe a prolação de uma sentença absolutória (pular 1 linha) 
 É imprescindível, para uma condenação criminal, um juízo de certeza. 
Meras suposições não bastam para levar a uma sentença penal condenatória. Entretanto, se V. Exa. 
entender de forma diversa, a condenação não pode ser nos termos que pretende o Parquet, devendo ser 
considerados os argumentos acima expendidos. 
 (pular 1 linha) 
 DOS PEDIDOS: 
 (pular 1 linha) 
 Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente provado, a defesa requer: 
 
a) preliminarmente a .... nulidade absoluta .......... 
b) Caso V. Exa entender de forma diversa, afastando a nulidade apontada, quanto ao mérito, 
postula-se a absolvição do acusado, com fulcro no inciso __, do artigo 386 do Código de 
Processo Penal. 
c) Apenas pela eventualidade, em caso do não acatamento da tese meritória, subsidiariamente requer 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art. 44 do CP 
(ou suspensão condicional da pena – art. 77 CP; ou causa de diminuição de pena etc). 
 
OBS – Sendo caso de rito especial do Júri, além de preliminares, a defesa poderá requerer a impronúncia 
(art. 414 CPP); absolvição sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 415 CPP). Em verdade, é 
 
 
 
 
 
 
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ROGÉRIO CURY 
 
plenamente possível requerer como tese principal a absolvição sumária (art. 415 CPP) e, 
subsidiariamente, a desclassificação (art. 419 CPP). 
 (pular 1 linha) 
 Nestes termos, 
 Pede deferimento. 
 (pular 2 linhas) 
 Local e data 
 (pular 2 linhas) 
 Advogado _________________ 
 O.A.B. / ____. nº _____________ 
 
CASOS REFERENTES À MATÉRIA 
 
1 – MarianoPereira, brasileiro, solteiro, nascido em 20/1/1987, foi denunciado pela prática de 
infração prevista no art. 157, § 2.º, incisos I e II, do Código Penal, porque, no dia 19/2/2007, por volta das 
17 h 40 min, em conjunto com outras duas pessoas, ainda não identificadas, teria subtraído, mediante o 
emprego de arma de fogo, a quantia de aproximadamente R$ 20.000,00 de agência do banco Zeta, 
localizada em Brasília – DF. 
Consta na denúncia que, no dia dos fatos, os autores se dirigiram até o local e convenceram o 
vigia a permitir sua entrada na agência após o horário de encerramento do atendimento ao público, 
oportunidade em que anunciaram o assalto. 
Além do vigia, apenas uma bancária, Maria Santos, encontrava-se no local e entregou o dinheiro 
que estava disponível, enquanto Mariano, o único que estava armado, apontava sua arma para o vigia. 
Fugiram em seguida pela entrada da agência. Durante o inquérito, o vigia, Manoel Alves, foi ouvido e 
declarou: que abriu a porta porque um dos ladrões disse que era irmão da funcionária; que, após destravar 
a porta e o primeiro ladrão entrar, os outros apareceram e não conseguiu mais travar a porta; que apenas 
um estava armado e ficou apontando a arma o tempo todo para ele; que nenhum disparo foi efetuado nem 
sofreram qualquer violência; que levaram muito dinheiro; que a agência estava sendo desativada e não 
havia muito movimento no local. 
O vigia fez retrato falado dos ladrões, que foi divulgado pela imprensa, e, por intermédio de uma 
denúncia anônima, a polícia conseguiu chegar até Mariano. O vigia Manoel reconheceu o indiciado na 
delegacia e faleceu antes de ser ouvido em juízo. 
Regularmente denunciado e citado, em seu interrogatório judicial, acompanhado pelo advogado, 
Mariano negou a autoria do delito. A defesa não apresentou alegações preliminares. 
Durante a instrução criminal, a bancária Maria Santos afirmou: que não consegue reconhecer o 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
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ROGÉRIO CURY 
 
réu; que ficou muito nervosa durante o assalto porque tem depressão; que o assalto não demorou nem 5 
minutos; que não houve violência nem viu a arma; que o Sr. Manoel faleceu poucos meses após o fato; 
que ele fez o retrato falado e reconheceu o acusado; que o sistema de vigilância da agência estava com 
defeito e por isso não houve filmagem; que o sistema não foi consertado porque a agência estava sendo 
desativada; que o Sr. Manoel era meio distraído e ela acredita que ele deixou o primeiro ladrão entrar por 
boa fé; que sempre ficava até mais tarde no banco e um de seus 5 irmãos ia buscá-la após as 18 h; que, 
por ficar até mais tarde, muitas vezes fechava o caixa dos colegas, conferia malotes etc.; que a quantia 
levada foi de quase vinte mil reais. 
O policial Pedro Domingos também prestou o seguinte depoimento em juízo: que o retrato falado foi feito 
pelo vigia e muito divulgado na imprensa; que, por uma denúncia anônima, chegaram até Mariano e ele 
foi reconhecido; que o réu negou participação no roubo, mas não explicou como comprou uma moto nova 
à vista já que está desempregado; que os assaltantes provavelmente vigiaram a agência e notaram a pouca 
segurança, os horários e hábitos dos empregados do banco Zeta; que não recuperaram o dinheiro; que 
nenhuma arma foi apreendida em poder de Mariano; que os outros autores não foram identificados; que, 
pela sua experiência, tem plena convicção da participação do acusado no roubo. 
Na fase de requerimento de diligências, a folha de antecedentes penais do réu foi juntada e consta um 
inquérito em curso pela prática de crime contra o patrimônio. 
Na fase seguinte, a acusação pediu a condenação nos termos da denúncia. 
Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) de Mariano, a peça 
processual, privativa de advogado,pertinente à defesa do acusado. Inclua, em seu texto, a fundamentação 
legal e jurídica, explore as teses defensivas possíveis e date no último dia do prazo para protocolo, 
considerando que a intimação tenha ocorrido no dia 23/6/2008, segunda-feira. 
 
2 – Abravamel, empresário, com 45 anos de idade, teve por várias vezes sua residência assaltada. No dia 
25/09/00, ao retornar para sua residência, notou que a porta de sua casa estava aberta, momento em que 
viu um vulto caminhando em sua direção. Indagou algumas vezes quem era tal pessoa, não logrando 
êxito, porém o citado vulto continuava a caminhar em sua direção, quando de imediato, o empresário saca 
de sua arma e atira. Após o ocorrido, apurou-se que tal vulto era de um deficiente mental. Instaurou-se 
processo, e no final da instrução, o representante do Ministério Público requereu a pronúncia do 
empresário. 
Questão: Como advogado, e intimado na data de hoje aplique a medida cabível ao caso. 
 
3 – Barriga, com 22 anos de idade, desempregado, genitor de três filhos, passando por grandes 
dificuldades financeiras, segundo narra a denúncia, cometeu o crime de furto, pois se dirigiu até um 
comércio na cidade de Brotas-SP, e lá chegando subtraiu para si duas maçãs, sendo posteriormente 
denunciado como incurso no artigo 155 do Código Penal. Não obteve a suspensão condicional do 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
processo, por ser reincidente em crime que praticou de forma dolosa. Durante a instrução criminal, as 
testemunhas arroladas pela acusação foram uníssonas em afirmar que não presenciaram a prática do 
crime. O representante do Ministério Público pugnou pela condenação nas penas do art. 155, capu do CP. 
Questão: Como advogado de Barriga apresente a peça cabível, tendo em vista ter sido intimado na data de 
ontem. 
 
5 – Carlos, com 33 anos de idade, está sendo processado na cidade de Mogi Mirim, pelo crime de 
falsidade ideológica, pois serviu de testemunha instrumentária do registro de nascimento do recém 
nascido, do qual Alberto dizia ser o genitor, pois segundo ele havia mantido relações sexuais com a mãe 
do recém nascido. 
Questão: No transcorrer do processo, o “Parquet” opinou pela condenação de Carlos nas penas da lei. 
Defenda-o. 
 
6 – Caim, enfermeiro, do Hospital sem Base, responde processo por praticar ato que se adequa ao que 
dispõe o artigo 121, parágrafo 2º, inciso III, 1ª parte, c.c. o artigo 14, inciso II do CP, pois segundo narra a 
denúncia, tal enfermeiro tentou matar Abel, mediante aplicação de injeção intravenosa. Feito o laudo, 
para apurar o caráter da substância utilizada, este concluiu que tal substância não possuía potencialidade 
lesiva, não podendo, através de seu uso, causar a morte de ninguém. O representante do Ministério 
Público apresentou suas Alegações Finais, requerendo a pronúncia de Caim, conforme versava a 
denúncia. 
Questão: Advogue para Caim. 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSOS 
COMPETÊCIA RECURSAL DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL 
 
 No que diz respeito a Justiça Comum Estadual temos o Tribunal de Justiça (Seção Criminal), 
que tem competência para julgar recursos relacionados a todos os crimes, salvo os crimes de menor 
potencial ofensivo (crimes com pena máxima em abstrato de até 2 anos e a contravenções penais) que 
serão julgados pelo Colégio Recursal do Juizado Especial Criminal da comarca onde foi julgado o caso. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 Também vale lembrar que em tal órgão, seus componentes recebem a denominação de 
Desembargadores. 
 Por sua vez, na Justiça Comum Estadual, em 1ª instância temos Juízes de Direito da Vara 
Criminal ou Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, Estado do Ceará, por exemplo. 
 Quanto à 2ª instância temos, para todos os Estados, Tribunal de Justiça, Seção ouSecção 
Criminal, do Estado de Minas Gerais, por exemplo. 
 Os integrantes dos TJs são denominados Desembargadores. 
 Os TJs possuem Câmaras Criminais (em alguns casos excepcionais Turmas Criminais). 
 Os crimes de competência da Justiça Comum Estadual são todos aqueles que não serão da 
competência da Justiça Especializada Militar e Eleitoral ou da Justiça Comum Federal. 
 
COMPETÊNCIA RECURSAL DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL 
 
 Na Justiça Federal, em 1ª instância temos Juízes Federais da Vara Criminal ou Vara do Júri da 
Seção Judiciária de São Paulo, por exemplo. 
 Quanto à 2ª instância, temos o Tribunal Regional Federal, dividido em regiões, como por 
exemplo, SP e MS formam a 3ª Região. 
 Os integrantes dos TRFs são denominados Desembargadores. 
 Os TRFs possuem Turmas Recursais. 
 Os crimes de competência da Justiça Comum Federal estão tratados, em regra, no artigo 109 da 
CF. 
 Dentre os crimes de competência da Justiça Comum Federal temos: crimes políticos (Lei de 
Segurança Nacional); crimes que atinjam quaisquer interesses da União ou de suas entidades autárquicas, 
ou empresas públicas, salvo as contravenções e os crimes de competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral (art. 109, IV da CF); crimes praticados contra a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, 
excetuado os crimes eleitorais; tráfico internacional de entorpecentes; crimes cometidos a bordo de navios 
e aeronaves, ressalvados os casos da competência Justiça Militar – art. 109, IX da CF; crimes contra o 
sistema financeiro e contra a ordem econômica e financeira; art. 109, X da CF; crimes praticados contra 
servidores públicos no exercício da função, etc. 
 Importante frisar que em matéria de competência devem ser também estudadas Súmulas 
do STJ e STF. 
 
JECRIM 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 Vale lembrar que as infrações penais de menor potencial ofensivo e as 
contravenções penais, serão julgadas pelos Juizados Especiais Criminais, da Justiça Comum 
Estadual ou Federal, a depender da natureza da infração penal. 
 Eventuais recursos contra as decisões/sentenças do JECrim, devem ser 
endereçados ao Colégio Recursal do JECrim da respectiva comarca/subsecção judiciária e não a 
Tribunais (TJs ou TRFs). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APELAÇÃO 
 
Observações Preliminares sobre a peça: “Tal peça é cabível quando, no processo, houve sentença 
definitiva ou com força de definitiva, porém ainda não há trânsito em julgado”. Então, há processo, 
sentença que ainda não transitou em julgado. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 
Fundamentos Legais: 
 Encontra respaldo nos artigos 593 e seguintes do CPP. Contudo, há previsão legal em 
legislação especial, dependendo do caso que a OAB trata, como por exemplo, Lei 9099/95. 
 Ademais, vale lembrar que temos previsão do recurso de Apelação no art. 416 do CPP 
(apelação contra decisão de absolvição sumária e de impronúncia – primeira fase do Júri). 
 
Endereçamento: 
 Diferentemente das peças outrora analisadas, a apelação é endereçada ao juiz “a quo” e 
também ao respectivo Tribunal, ou seja, a petição de interposição é dirigida ao juiz que proferiu a 
sentença e as razões, onde são expostas as teses (preliminares e de mérito) endereçadas ao Tribunal de 
Justiça, Tribunal Regional Federal ou ao Colégio Recursal/Turma Recursal do Juizado Especial Criminal. 
Denominação do Postulante: 
 Quem recorre da decisão, recebe a denominação de APELANTE, já a outra parte será 
conhecida como APELADO. 
Prazo: 
 Para a petição de interposição o prazo é de 5 (cinco) dias. Para as razões, o prazo é de 8 
(oito) dias, todavia na prova da OAB, por óbvio que tais peças são interpostas/apresentadas no mesmo 
prazo, ou seja, conjuntamente. 
 O prazo para a interposição de apelação se inicia a partir da intimação da sentença 
(Súmula 310 STF e art. 798 CPP) 
 Em se tratando da Lei 9.099/95, o prazo para a apelação será de 10 dias. 
 Em se tratando de assistente de acusação, o prazo será o seguinte: 
 - estando habilitado o assistente – 5 dias (a partir do término prazo MP); 
 - não estando habilitado o assistente – 15 dias (a partir do término prazo MP); 
Hipótese: 
 A apelação é cabível contra sentença definitiva ou com força de definitiva sem trânsito 
em julgado. Nesta peça, a parte buscará a reforma total ou parcial da decisão “a quo”. 
 
Forma: 
 Compõe-se de duas petições, quais sejam, petição de interposição, dirigida ao juiz que 
prolatou a sentença, e razões endereçada ao respectivo Tribunal (TJ ou TRF). 
 
Observações Imprescindíveis: 
 Devemos sempre atentar que quando é caso para se apelar, existe processo, sentença, 
porém não há trânsito em julgado. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 Os efeitos da apelação podem ser devolutivo e suspensivo. Excepcionalmente aceita o 
efeito extensivo. 
 Além das hipóteses mais conhecidas, lembre-se que cabe apelação contra sentença que 
julga pedido de restituição de coisas apreendidas, que concede reabilitação, que acolhe o pedido de 
seqüestro ou especialização de hipoteca legal, que autoriza ou nega o pedido de levantamento de 
seqüestro e sentença que indefere pedido de explicações e de justificação criminal. 
Casos Práticos: 
 A – João, após ser processado por crime, foi condenado por sentença recorrível. 
 B – Paulo, condenado, ficou sabendo que a sentença transitou em julgado para a 
acusação. 
 C – Pedro foi condenado por sentença que não transitou em julgado, tendo sido intimado, 
assim como seu defensor, na data de ontem. 
Modelo Prático: 
*petição de interposição: 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _________, Estado 
de São Paulo, 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Seção Judiciária de ________, 
Estado de São Paulo, 
(pular 1 linha) 
Processo nº __/__ 
(pular 8 linhas) 
 
 ______________________, qualificado nos autos do processo em 
epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta 
Presença de Vossa Excelência, dentro qüinqüídio legal, interpor recurso de APELAÇÃO, com fulcro no 
artigo 593 do Código de Processo Penal, data vênia, por não se conformar com a r. sentença condenatória. 
 Em anexo, seguem as razões recursais. 
 (pular 1 linha) 
 Nestes termos, 
 Pede deferimento. 
 (pular 2 linhas) 
 Local e data 
 (pular 2 linhas) 
 Advogado__________ 
 O . A . B ./ ____. nº___ 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
*roteiro de Razões de Apelação: 
Egrégio Tribunal de Justiça, Seção Criminal, do Estado de São Paulo, 
ou 
 Egrégio Tribunal Regional Federal da ___ Região. 
(pular 2 linhas) 
Comarca de ____________________ 
Cartório do ____ Ofício Criminal 
Processo nº __/__ 
(pular 1 linha) 
Apelante: ______________________ 
Apelado: ______________________ 
(pular 3 linhas) 
DOUTO PROCURADOR, 
(pular 2 linhas) 
COLENDA CÂMARA (justiça estadual) 
COLENDA TURMA (justiça federal) 
(pular 2 linhas) 
EMÉRITOS JULGADORES: 
(pular 3 linhas) 
 A r. sentença condenatória de fls. não deu ao caso o conforto da justiça e 
merece ser reformada, senão vejamos: 
ou 
 Em que pese o zelo do magistrado “a quo”, este não deu ao caso a 
solução adequada, assim vejamos: 
ou 
 A r. sentença de fls. é injusta e necessita de reparo. Verifiquemos: 
 (pular 1 linha) 
 DOS FATOS: 
 
 (pular 1 linha) 
 DO DIREITO: 
 Aqui o candidato deve organizar seu raciocínio da mesma maneira que 
em uma alegação final: higidez do processo (preliminares) mérito (absolvição, normalmente) e 
subsidiárias (outras teses que melhorem de alguma forma a situação do condenado, como 
desclassificação, afastamento de qualificadora, alteração de regime de cumprimento, etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 (pular 1 linha) 
 *não se esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço 
específico para colocação de doutrina (desde que o candidato tenha conhecimento de alguma) e 
jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo: 
 “A jurisprudência já se pronunciou no sentido de que o regime 
integralmente fechado não compõe com o princípio da individualização da pena (HC no. ... do C. STF ou 
STJ)” 
 
Ou 
 Doutrina respeitada sobre este tema é a de Júlio Fabbrini Mirabete. O 
eminente autor entende que... (CP interpretado p....,). 
 
Obs. Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que saiba 
exatamente o nome do livro do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela corte. 
: 
 ou 
 CONCLUSÃO: 
 (pular 1 linha) 
 * este tópico serve para reforçar a sua tese. 
 REQUERIMENTO: 
 Por tudo que dos autos consta, requer o conhecimento e provimento do 
recurso para que haja a total reforma da r. sentença condenatória, sendo imprescindível a imposição da 
absolvição ao caso em tela, alicerçado no inciso _____ do artigo 386 do Código de Processo Penal. 
OU (pode ser requerida a reforma parcial do julgado recorrido); (pode haver pedido subsidiário); (pode 
haver pedido alternativo - preliminar e mérito). 
 (pular 1 linha) 
 DE FORMA ALTERNATIVA: 
 (pular 1 linha) 
 *neste tópico, deve-se requerer algo além da absolvição, ou seja, 
suspensão condicional da pena; aplicação da pena mínima; perdão judicial; substituição da pena privativa 
de liberdade por restritiva de direitos; aplicação de regime prisional mais brando. Enfim, a aplicação de 
benefícios cabíveis ao caso em questão. 
 Local e data 
 (pular 2 linhas) 
 Advogado_____________ 
 O . A . B ./ ____. nº______ 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
 
*a apelação, em suas razões, pode ser confeccionada com preliminar e mérito, dependendo do caso. Neste 
caso, haverá, no mínimo, dois pedidos (preliminar e mérito). 
 
 CASOS REFERENTES À MATÉRIA: 
 
1 – Adroaldo, com 20 anos bem vividos, praticou a figura típica do artigo 155 em sua forma qualificada 
do CP. Tal fato ocorreu em 20/12/00, portanto, perto do natal. A data do recebimento da denúncia foi 
20/11/01, e o processo teve seus trâmites normais. A sentença datada de 10/12/05 condenou Adroaldo há 
2 anos de reclusão com concessão de sursis. Durante o processo, o réu negou a autoria, e as testemunhas 
nada esclareceram. A sentença transitou em julgado para a acusação. Questão: Intimado na data de ontem, 
defenda Adroaldo. 
 
2 – Sassofereto, quando em época de IP, permaneceu calado. Na fase seguinte, foi condenado como 
infrator do artigo 157, parágrafo 2º, incisos I e II c.c o artigo 14, inciso II, do CP. A pena aplicada foi de 1 
ano, 9 meses e 10 dias de reclusão, além do pagamento de 4 dias multa. As provas produzidas eram 
frágeis, porém, o magistrado que compõe a 5ª Vara Criminal da Comarca de Colina-CE, alicerçou o seu 
decisório na presunção de culpa por Fernando ter permanecido em silêncio na fase policial. Questão: A 
sentença foi publicada há 5 dias. Como advogado, defenda Fernando. 
 
3 – Guapo morador da cidade de Jaboatão foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155, 
parágrafo 4º, inciso I do CP, sob a acusação de ter adentrado na residência do senhor Manoel Luiz. Guapo 
subtraiu uma TV. Na polícia confessou o delito mas, em juízo, negou o fato, esclarecendo ao magistrado 
que a confissão ocorreu, pois foi ameaçado pelos policiais. O advogado do acusado apresentou resposta 
escrita em momento oportuno. Quando ouvidas, as testemunhas arroladas pela acusação nada 
esclareceram, ao passo que as arroladas pela defesa confirmaram que Guapo é trabalhador, boa pessoa e 
não que este não tiveram notícia alguma que este praticou o crime em questão. Quando da fase do artigo 
402, do CPP, nada foi requerido pelas partes. Na fase do artigo seguinte, o “Parquet” requereu a 
condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. Intimado, o defensor do acusado não apresentou 
alegações finais. Sem tomar qualquer tipo de providência, o magistrado prolatou sentença condenando 
Guapo e concedendo-lhe sursis. Intimado o réu, de próprio punho recorreu. 
Questão: Como advogado de Guapo, ofereça as razões recursais. 
 
4 - Lauro foi denunciado e, posteriormente, pronunciado pela prática dos crimes previstos no art. 121, § 
2.º, incisos II e IV, em concurso material com o art. 211, todos do Código Penal Brasileiro (CPB). Em 
24/6/2008, Lauro foi regularmente submetido a julgamento perante o tribunal do júri. A tese de negativa 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
de autoria não foi acolhida pelo conselho de sentença e Lauro foi condenado pelos dois crimes, tendo o 
juiz fixado a pena em 16 anos pelo homicídio qualificado e, em 3 anos, pela ocultação de cadáver. O 
Ministério Público não recorreu da decisão. A defesa ficou inconformada com o resultado do julgamento, 
por entender que havia prova da inocência do réu em relação aos dois crimes e que a pena imposta foi 
injusta. 
Considerando a situação hipotética apresentada, indique, com os devidos fundamentos jurídicos: 
< o recurso cabível à defesa de Lauro; 
< a providência jurídica cabível na hipótese de o juiz denegar o recurso 
 
5 - Paulo, analista de sistemas, 36 anos, caminhava pela Praça João Mendes em SP, Capital, quando 
repentinamente foi abordado por um morador de rua. Paulo, surpreendido pela conduta e achando que 
tratava-se de roubo, para defender-se, desferiu um empurrão na vítima, de nome Carlos, que bateu a 
cabeça no meio fio e morreu. 
Após a instauração do IP, o MP houve por bem denunciar Paulo, como incurso nas penas do art. 121, §2º, 
I e IV do CP. As qualificadoras alinhavadas na denúncia seriam motivo fútil (mero pedido de esmola) e 
recurso que impossibilitou a defesa da vítima (surpresa). 
A denúncia foi, após citação regular, recebida pelo Juízo Competente. Produzida a prova oral, o juiz 
admitiu a acusação, dizendo que “não era crível a versão do réu de ter se assustado com a abordagem”. 
Submetido a julgamento, o réu afirmou que jamais pretendeu a morte da vítima, reagiu instintivamente à 
abordagem, para se defender do que imaginou ser uma tentativa de assalto. 
O laudo necroscópico atesta a morte por trauma crânio encefálico, que evoluiu junto a septicemia, com 
óbito dias depois. As condições de higiene da vítima eram precárias e ficou bem demonstrado que era 
alcoólatra, com várias internações. Não foi produzida prova oral em juízo. 
O réu foi condenado por homicídio, nos termos da denúncia. A pena aplicada foi de 14 anos de reclusão 
em regime integralmente fechado. Pesou em desfavor do réu a circunstância de possuir processo em 
trâmite, por roubo circunstanciado. O julgamento ocorreu no dia 05/02/2010. Na condição de advogado 
de Paulo, tome a medida adequada, apontando o último dia do prazo legal para demonstração de 
inconformismo. 
 
 
CASOS – OAB - FGV 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
 
1. Tício foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município Niterói-RJ, pela 
prática de roubo qualificadoem decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase de 
inquérito policial, Tício foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em sede de 
instrução criminal, nem vítima nem testemunhas afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de 
fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve perícia, pois 
os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais policiais 
afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de “pega ladrão!”, viram o réu correndo e foram em seu 
encalço. Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como que este 
jogou um objeto no córrego que passava próximo ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo 
utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, Tício 
foi condenado a oito anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido 
fixado o regime inicial fechado para cumprimento de pena. O magistrado, para fins de condenação e 
fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento feito 
pela vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, 
circunstâncias comprovadas no curso do processo. 
Você, na condição de advogado(a) de Tício, é intimado(a) da decisão. Com base somente nas 
informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, 
apresentando as razões e sustentando as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) 
 
 
GABARITO 
 
 O examinando deve redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do Código de Processo 
Penal. A petição de interposição deve ser endereçada ao juiz de direito da 1ª vara criminal da comarca de 
Niterói/RJ. Nas razões de apelação o candidato deverá dirigir-se ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio 
de Janeiro, argumentando que o reconhecimento feito não deve ser considerado para fins de condenação, 
pois houve desrespeito à formalidade legal prevista no art. 226, II, do Código de Processo Penal. Dessa 
forma, inexistiria prova suficiente para a condenação do réu, haja vista ter sido feito somente um único 
reconhecimento, em sede de inquérito policial e sem a observância das exigências legais, o que levaria à 
absolvição com fulcro no art. 386, VII, do mesmo diploma. Outrossim, de maneira alternativa, deverá 
postular o afastamento da causa especial de aumento de pena decorrente do emprego de arma de fogo, 
pois esta deveria ter sido submetida à perícia, nos termos do art. 158 do Código de Processo Penal, o que 
não foi feito, de modo que não há como ser comprovada a potencialidade lesiva da arma. 
 
ITENS DE CORREÇÃO 
 
 
 Estrutura correta (divisão das partes / 
indicação de local, data, assinatura) 
0 / 0,25 
Indicação correta do prazo e dispositivos legais 
que dão ensejo à apelação, na petição de 
interposição (art. 593, I, do CPP) 
0 / 0,25 
Endereçamento correto da interposição – 1ª 
Vara Criminal do Município X 
0 / 0,25 
Endereçamento correto das razões – Tribunal 
de Justiça do Estado 
0 / 0,25 
Desenvolvimento jurídico acerca da falta de 
observância da formalidade legal (0,8) / 
prevista no art. 226, II, do CPP (0,2) 
0 / 0,2 / 0,8 / 1,0 
Desenvolvimento jurídico acerca da ausência da 
apreensão da arma (ou de ausência de 
potencialidade lesiva), o que impede o exame 
pericial da arma, nos termos do art. 158 do CPP. 
0 / 0,4 / 0,6 / 1,0 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
(0,6) / Ninguém afirmou que a arma tenha 
efetuado qualquer disparo (perícia indireta) 
(0,4). 
Pedido: 
Absolvição + argumento + base legal 
0 / 0,5 
Pedidos (0,5 cada) – no mínimo 3 pedidos – 
máximo 1,5 ponto: 
- redução da pena + base legal 
- mudança de regime + base legal 
- nulidade da prova + base legal 
- afastamento da agravante + argumento + base 
legal 
0 / 0,5 / 1,0 / 1,5 
 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
 
2. Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto 
qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciada havia se valido da 
qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de 
seu patrão Cláudio, presidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. 
A denúncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de 
dezembro de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete à pena 
final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §2º, inciso IV, do 
Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça 
entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão 
do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a 
instrução criminal, ficou comprovado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio 
havia uma semana e só tinha a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o 
suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ademais, foi juntada aos 
autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil 
reais) mensais. Após a apresentação de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida 
nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas 
razões de decidir, assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez 
que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada no 
agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final, converteu a pena privativa 
de liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na prestação de 8 (oito) horas semanais de serviços 
comunitários, durante o período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo 
de execuções penais. Novamente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no 
Diário Eletrônico em 16 de fevereiro de 2011. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto 
acima, redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último dia do prazo legal, o recurso 
cabível à hipótese, invocando todas as questões de direito pertinentes, mesmo que em caráter eventual. 
(Valor: 5,0) 
 
 
GABARITO 
 
 O candidato deverá redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do CPP, a ser endereçada ao 
juiz de direito, com razões inclusas endereçadas ao Tribunal de Justiça. Nas razões recursais, o candidato 
deverá argumentar que a segunda sentença violou a proibição à reformatio in pejus – configurando-se 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
caso de reformatio in pejus indireta –, contida no artigo 617 do CPP, de modo que, em razão do trânsito 
em julgado para a acusação, a pena não poderia exceder dois anos de reclusão, estando prescrita a 
pretensão punitiva estatal, na forma do artigo 109, V, do Código Penal, uma vez que, entre o recebimento 
da denúncia (12/01/2007) e a prolação de sentença válida (09/02/2011),transcorreu lapso superior a 
quatro anos. 
Superada a questão, o candidato deverá argumentar que inexistia relação de confiança a justificar a 
incidência da qualificadora (Eliete trabalhava para Cláudio fazia uma semana) e que a quantia subtraída 
era insignificante, sobretudo tomando-se como referência o patrimônio concreto da vítima. Em razão 
disso, o candidato deverá requerer a reforma da sentença, de modo a se absolver a ré por atipicidade 
material de sua conduta, ante a incidência do princípio da insignificância/bagatela. 
O candidato deve argumentar, ainda, que, na hipótese de não se reformar a sentença para se absolver a ré, 
ao menos deveria ser reduzida a pena em razão do furto privilegiado, substituindo-se a sanção por multa. 
Em razão de tais pedidos, considerando-se a redução de pena, o candidato deveria requerer a substituição 
da pena privativa de liberdade por multa, bem como a aplicação da suspensão condicional da pena e/ou 
suspensão condicional do processo. 
Deveria ainda o candidato argumentar sobre a impossibilidade do aumento da pena base realizado pelo 
magistrado sob o fundamento da enorme gravidade nos crimes em que se abusa da confiança depositada, 
pois tal motivo já foi levado em consideração para qualificar o delito, não podendo a apelante sofrer dupla 
punição pelo mesmo fato – bis in idem. 
Por fim, o candidato deveria requerer um dos pedidos possíveis para a questão apresentada, tais como: 
1- absolvição; 
2- reconhecimento da reformatio in pejus, com a aplicação da pena em no máximo 2 anos e a consequente 
prescrição; 
3- atipicidade da conduta, tendo em vista a aplicação do princípio da bagatela; 
 
4- não incidência da qualificadora do abuso da confiança, com a consequente desclassificação para furto 
simples; 
5- aplicação da Suspensão Condicional do Processo; 
6- não sendo afastada a qualificadora, a incidência do parágrafo 2º do artigo 155 do CP; 
7- a redução da pena pelo reconhecimento do bis in idem e a consequente prescrição; 
8- aplicação de sursis; 
9- inadequação da pena restritiva aplicada, tendo em vista o que dispõe o artigo 46, §3º, do CP. 
 
Alternativamente, o candidato poderá elaborar embargos de declaração. 
 
 
ITENS DE CORREÇÃO 
 
Estrutura correta (divisão das partes / indicação 
de local, data, assinatura) 
0 / 0,25 
Indicação correta dos dispositivos legais que dão 
ensejo à apelação (art. 593, I, do CPP) 
0 / 0,5 
Endereçamento correto da interposição 0 / 0,25 
Endereçamento correto das razões 0 / 0,25 
Indicação de reformatio in pejus (0,20). 0 / 0,20 
Desenvolvimento jurídico acerca da ocorrência 
de reformatio in pejus (0,40) Art. 617 do CPP 
(0,15) 
0 / 0,15 / 0,40 / 0,55 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Incidência da prescrição da pretensão punitiva. 
(0,30) Desenvolvimento jurídico. (0,45) 
0 / 0,30 / 0,45 / 0,75 
Não incidência da qualificadora de abuso de 
confiança OU desclassificação para furto 
simples. (0,3) Desenvolvimento jurídico. (0,45) 
0 / 0,30 / 0,45 / 0,75 
Atipicidade material da conduta OU Princípio da 
bagatela (0,3). Desenvolvimento jurídico. (0,45) 
0 / 0,30 / 0,45 / 0,75 
Desenvolvimento jurídico acerca da incidência, 
em caráter eventual, da figura do furto 
privilegiado 
0 / 0,25 
Desenvolvimento jurídico acerca da substituição 
da pena privativa de liberdade por multa OU 
suspensão condicional da pena (sursis) e do 
processo OU diminuição da pena por bis in idem 
0 / 0,25 
Pedido correto, contemplando as teses 
desenvolvidas 
0 / 0,25 
 
 
 
 
 
 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 
 
 
 3. Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o qual é 
imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém-nascido em suas mãos, Ana é tomada por extremo 
furor, bradando aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não saiu de mim” e bate por 
seguidas vezes a cabeça da criança na parede do quarto do hospital, vitimando-a fatalmente. Após ser 
dominada pelos funcionários do hospital, Ana é presa em flagrante delito. 
Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico-legal, o qual atestou que Ana agira sob 
influência de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas colhidas na fase 
inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri pela prática do 
crime de homicídio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o Parquet que Ana fora movida por 
motivo fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato criminoso, além de se utilizar de recurso que 
tornou impossível a defesa da vítima. Em sede de Alegações Finais Orais, o Promotor de Justiça reiterou 
os argumentos da denúncia, sustentando que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar 
seu filho em razão de tê-lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas 
vezes contra a parede, além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender-
se. 
A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que a ré não teria praticado o fato e, alternativamente, se o 
tivesse feito, não possuiria plena capacidade de autodeterminação, sendo inimputável. Ao proferir a 
sentença, o magistrado competente entendeu por bem absolver sumariamente a ré em razão de 
inimputabilidade, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar em 
consequência da influência do estado puerperal. Tendo sido intimado o Ministério Público da decisão, em 
11 de janeiro de 2011, o prazo recursal transcorreu in albis sem manifestação do Parquet. 
Em relação ao caso acima, você, na condição de advogado(a), é procurado pelo pai da vítima, em 20 de 
janeiro de 2011, para habilitar-se como assistente da acusação e impugnar a decisão. 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto 
acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando do último dia 
do prazo. (valor: 5,00) 
 
GABARITO 
 
 
O candidato deve redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I CPP (OU art. 416 CPP) c/c 598 
do CPP. 
A petição de interposição deve ser endereçada ao Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri. 
Na petição de interposição da apelação, o candidato deverá requerer a habilitação do pai da criança como 
assistente de acusação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA – OAB 2 FASE 
DIREITO PENAL 
ROGÉRIO CURY 
 
Acerca desse item, cumpre salientar que será atribuída a pontuação respectiva se o pedido de habilitação 
tiver sido feito em peça apartada. 
Todavia, também resta decidido que não será pontuado o item relativo à estrutura se o indivíduo que 
solicitar a habilitação como assistente de acusação não possuir legitimidade para tanto. 
Por fim, a petição de interposição deverá ser datada de 31/01/2011 OU 01/02/2011. 
No tocante às razões recursais, as mesmas deverão ser dirigidas ao Tribunal de Justiça. 
Nelas, o examinando deve argumentar que o juiz não poderia ter absolvido sumariamente a ré em razão 
da inimputabilidade, porque o Código de Processo Penal, em seu artigo 415, parágrafo único, veda 
expressamente tal providência, salvo quando for a única tese defensiva, o que não é o caso, haja vista que 
a defesa também apresentou outra tese, qual seja, a de negativa de autoria. 
Também deverá argumentar que a incidência do estado puerperal não é considerada causa excludente de 
culpabilidade fundada na ausência de capacidade de autodeterminação.

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