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Da Política Nacional de Relação de Consumo Arts. 4º e 5º CDC Direito do Consumidor Profa. Ms. Daniela dos Santos 2 DIREITO DO CONSUMIDOR PRINCÍPIOS “[...] os princípios seriam como pilares de um edifício, os quais servem como bases de qualquer sistema, atuando, neste mister, como diretrizes orientadoras para a consecução dos objetivos maiores deste mesmo sistema.” (BONATO e MORAES) 3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO DO CONSUMIDOR 4 1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ➢ Art. 1º, III da CF/88 – uma das chaves de interpretação de todo o ordenamento jurídico vigente. ➢ Art. 170, caput da CF/88 – princípio a ser observado pela ordem econômica. ➢ Sua consagração se dá com o RECONHECIMENTO de que a ordem jurídica existe para a pessoa humana, para sua defesa e desenvolvimento. 5 ➢ Segundo Sarlet: “Assim sendo, temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem à pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.” 6 ➢ Esse princípio estabelece um grau de proteção e autonomia da pessoa humana frente ao Estado e às demais pessoas humanas ou pessoas jurídicas públicas ou privadas, além de impor a satisfação de condições mínimas de existência (liberdade, trabalho, moradia, educação, saúde) capazes de tornar capaz ao ser humano realmente viver e não só sobreviver. 7 2) Princípio da Igualdade (não- discriminação) ➢ Previsto, de forma geral, no preâmbulo da CF/88. ➢ Art. 3º, IV da CF/88. ➢ Art. 5º, caput da CF/88. ➢ Baliza de forma singular o Estado Democrático de Direito e expressa uma aspiração do ser humano, qual seja, a de ser tratado com igualdade. 8 3) Princípio da Autonomia Privada (liberdade) ➢ Apresenta-se como princípio geral fundamental na compreensão do Direito do Consumidor. ➢ A autonomia privada consiste no poder conferido aos privados para regularem as suas relações jurídicas. ➢Tendo como pressuposto a liberdade, a autonomia privada tem como sua expressão a livre iniciativa, prevista como valor social – Art. 1º, IV e Art. 170, caput, ambos da CF/88. 9 ➢ Importante ressaltar que autonomia privada é diferente de autonomia contratual. ➢ No campo do Direito do Consumidor, existem fortes restrições à autonomia privada, tendo em vista a flagrante diferença de poder (econômico, social, técnico e jurídico) entre fornecedores e consumidores. Sendo assim, a plena liberdade contratual estabeleceria uma sujeição intolerável dos interesses de um dos sujeitos frente ao outro. 10 4) Princípio da Justiça Contratual ➢ Previsto, de forma geral, no preâmbulo da CF/88; Art. 3º, I da CF/88; Art. 170, caput da CF/88. ➢ No âmbito contratual, o princípio da justiça se expressa através da justiça contratual, que têm íntima ligação com o princípio da igualdade. ➢ A justiça se apresenta como preocupação de garantir às partes a igualdade no processo de contratação, bem como assegurar o equilíbrio entre benefícios e encargos para as partes contratantes, com uma distribuição equivalente dos ônus, riscos, benefícios e vantagens. 11 5) Princípio da Função Social do Contrato ➢ Só merece ser tutelado o contrato que guardar a sua função social. ➢ Delgado afirma que a função social do contrato se concretiza, diante do comportamento contratual das partes, quando são observados os valores e princípios fundamentais como a solidariedade social, justica social, livre iniciativa, dignidade humana e respeito aos valores ambientais, sendo uma clausula geral que faculta ao juiz varias possibilidades de correção da atuação contratual, observado o equilibrio entre os contratantes. 12 Entre estas possibilidades cita: reduzir o percentual de juros estipulados na relação contratual; declarar a inexistência do contrato por falta de objeto; decretar a nulidade contratual por fraude a lei imperativa; convalidar o negócio anulável; reduzir a prestação de uma das partes quando, pela alteração da situação econômica, estiver exagerada ou desproporcional e determinar a resolução do contrato por excessiva onerosidade. 13 � Este princípio complementa o princípio da boa-fe objetiva, embora cada um tenha determinado papel a desempenhar. �Ambos sao padroes eticos para o direito, pontes entre o direito e a etica, demonstrado o carater relativamente aberto ao sistema juridico, alem da co- implicacao entre sistema e realidade social em sua diferenca-indivisibilidade. 14 6) Princípio da Boa-Fé Objetiva � Um dos mais importantes principios do Direito do Consumidor. �Relacao contratual – as partes devem agir com lealdade, confianca, transparencia e cooperacao. � Norma de conduta que esta presente nas relacoes de direito e que determina que as partes tenham em suas relacoes respeito, lealdade, cooperacao com a outra parte do vinculo obrigacional ou do mero contato social, o que acarreta o aumento de direitos e deveres de ambas as partes que se acham em relacao. 15 7) Princípio da Razoabilidade � A ideia de razoabilidade carrega a nocao de limites alem dos quais se torna insustentavel, irracional, imoderada, ilegitima a adocao de uma determinada medida, tendo em vista os valores vigentes em uma determinada sociedade, que tornem a medida inaceitavel. � Esse principio sustenta a impossibilidade de absurdos, de atitudes abusivas, que nao guardem um minimo de racionalidade aceitavel segundo os padroes de uma determinada comunidade social e juridica. 16 8) Princípio da Proporcionalidade � A proporcionalidade se apresenta como criterio inerente para a solucao dos casos conflituosos em nivel de principios e direitos fundamentais. � Deve-se observar a presenca de tres elementos parciais: a adequacao, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. �Adequacao: significa averiguar se os meios utlizados para atingir determinada finalidade apresentam as condicoes necessarias para tanto. 17 �Necessidade: deve-se verificar se a medida escolhida para atingir a finalidade se apresenta como indispensavel, ou seja, se nao existe uma medida igualmente efetiva e que cause menores danos ou restricoes ao direito. �Proporcionalidade em sentido estrito: a ponderacao se as vantagens obtidas com a limitacao ou restricao do principio ou direito serao superiores as desvantagens, levando em consideracao os interesses que estao em jogo, havendo razoabilidade e justica em que um dos bens ou interesses preceda ao outro. 18 9) Princípio da Substituicao Automatica das Clausulas Contratuais � Principio geral aplicavel nao somente ao Direito do Consumidor, mas tambem em outros ramos do Direito onde normas de ordem publica e interesse social tem eficacia imediata, principalmente em contratos de trato sucessivo, substituindo as clausulas contratuais que lhes sejam contrarias. 19 PRINCÍPIOS DO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade doconsumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 21 �1) Princípios da Vulnerabilidade e da Protecao – Art. 4°, I do CDC � Existe grande discussao sobre a propria definicao do que seja vulnerabilidade, entendendo alguns que esta nocao e de direito material, alcancando todos os consumidores sem excecao, enquanto a nocao de hipossuficiencia seria uma nocao de direito processual, que demonstraria a fraqueza processual de certos consumidores, o que possibilitaria determinadas medidas de protecao contratual. 22 � Seguem alguns posicionamentos de Benjamim: “O consumidor é, reconhecidamente, um ser vulneravel no mercado de consumo (art. 4°, I). So que, entre todos que sao vulneraveis, ha outros cuja vulnerabilidade e superior a media. Sao os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento, de idade pequena ou avancada, de saude fragil, bem como aqueles cuja posicao social nao lhes permite avaliar com adequacao o produto ou servico que estao adquirindo.” 23 “A vulnerabilidade e um traco universal de todos os consumidores, ricos ou pobres, educados ou ignorantes, credulos ou espertos. Ja a hipossuficiencia e marca pessoal, limitada a alguns – ate mesmo a uma coletividade – mas nunca a todos os consumidores.” “A vulnerabilidade do consumidor justifica a existencia do Codigo. A hipossuficiencia, por seu turno, legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do proprio Codigo, como, exemplo, a previsao de inversao do onus da prova (art. 6°, VIII).” � É justamente a vulnerabilidade presente nos consumidores que justifica a existência do Código de Defesa do Consumidor. � Nesse sentido se pronunciou o STJ: O Código de Defesa do Consumidor veio amparar a parte mais fraca nas relações jurídicas. Nenhuma decisão judicial pode amparar o enriquecimento sem justa causa. Toda decisão há de ser justa (STJ, REsp 90366/MG, DJ 02/06/1997, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro). � Segundo Cláudia Lima Marques, para efeitos de definição do conceito de consumidor, deve-se levar em consideração o art. 4º que o reconhece como o “vulnerável” numa relação contratual, uma vez somente esses que merecem receber a tutela especial do CDC. � A autora aponta quatro tipos de vulnerabilidade: a técnica, a jurídica, informacional e a fática. 25 2) Princípio do Dever Governamental, Art. 4°, II. � No mercado, o consumidor esta exposto a varias praticas abusivas, que passam pela publicidade, oferta, as chamadas praticas abusivas, as clausulas abusivas, as varias obrigacoes impostas nos contratos de adesao e nas condicoes gerais dos contratos. � Para a repressao eficiente dos abusos estão previstas normativas que passam tanto pela protecao administrativa, legislativa e judicial, englobando as areas de medidas de policia administrativa, de punicao penal e responsabilidade civil, inclusive com a possibilidade de ingresso de acoes individuais e coletivas para a repressao desses abusos. � Assim, compete ao Estado proteger efetivamente o consumidor, intervindo no mercado para evitar distorções e desequilíbrios, zelando pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade e segurança, bem como de durabilidade e desempenho. � STJ: A intervenção do Estado na atividade econômica encontra autorização constitucional quando tem por finalidade proteger o consumidor (STJ, MS 4138/DF, DJ 21/10/1996, Rel. Min. José Delgado). � O Decreto 7.963/2013, que instituiu o Plano Nacional de Consumo e Cidadania, previu como diretriz desse plano a “garantia de produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho”; (art. 2º, IV) e o “fortalecimento da participação social na defesa dos consumidores” (art. 2º, V) e como objetivo “estimular a melhoria da qualidade de produtos e serviços colocados no mercado de consumo”(art. 3º, III). 27 3) Princípio da Harmonização dos interesses e da garantia de adequação, Art. 4°, III do CDC �Tal principio pode ser concretizado a partir do reconhecimento da unidade da ordem juridica, bem como do fato de que os principios nao sao exclusivos e aplicados na dimensao do tudo ou nada, mas sim na dimensao do peso, atuando muitas vezes em conjunto com a finalidade de dar o melhor cumprimento a ordem juridica vigente. �Deve-se buscar o maximo equilibrio nas relacoes de consumo a fim de que os interesses envolvidos nestas relacoes sejam ao mesmo tempo protegidos, desde que merecedores de tutela, nao podendo haver a desconsideracao pelos interesses legitimos envolvidos no processo. �Dessa forma, objetiva-se compatibilizar a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico com a defesa do consumidor. �Novos produtos com tecnologias inovadoras somente serão aceitos no mercado de consumo se não apresentarem riscos à saúde e à segurança dos consumidores, bem como se mostrarem eficientes. �Para tanto, Filomento, aponta três instrumentos que devem ser utilizados para harmonização das relações: a) O marketing de defesa do consumidor: consubstanciado pelas centenas de departamentos de atendimento ao consumidor criados pelas próprias empresas (SACs); b) A convenção coletiva de consumo: são os pactos entre entidades civis de consumidores e associação de fornecedores, ou sindicatos, com intuito de regularem sus relações; c) As práticas de recall: convocação dos consumidores para reparo de algum vício ou defeito apresentado pelo produto ou serviço. �O princípio da garantia de adequação, prescreve que o fornecedor deverá ser responsável pela efetiva adequação dos produtos e serviços, atendendo às necessidades dos consumidores em segurança e qualidade, bem como respeitando a saúde, segurança, dignidade e interesses econômicos. 4) Princípio do Equilíbrio nas relações de Consumo -Art. 4°, III. � O equilíbrio nas relações de consumo é um dos valores fundamentais presentes no sistema de proteção contratual. � Assim, são vedadas obrigações iníquas (injustas, contrárias à equidade), abusivas (que desrespeitam valores da sociedade) ou que ofendem o princípio da boa-fé objetiva (como a falta de cooperação, de lealdade, quando frustra a legítima confiança, criada no consumidor) e a equidade (justiça no caso concreto). � https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/9041705/ recurso-especial-resp-436853-df-2002-0056031- 0/inteiro-teor-14216104?ref=juris-tabs5. Princípio da educação e informação dos consumidores – Art. 4º, IV � Esse princípio prevê que é dever de todos, informar e educar o consumidor respeito de seus direitos e deveres, para que possa atuar de maneira mais consciente no mercado de consumo, acarretando, consequentemente, uma sociedade mais justa e equilibrada. � Tal inciso coloca ao lado da educação a informação, denotando a sua complementariedade, uma vez que quanto maior for o grau de informação existente, menor será o índice de conflitos nas relações de consumo. � Nesse sentido, o art. 6º, II, do CDC prevê como direito básico do consumidor: II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; � A educação deve ser encarada sob dois aspectos a educação formal e a educação informal. � Ainda, várias normas tem sido editadas visando melhor informar o consumidor sobre seus direitos: 1. Lei 12.291/10 – tornou obrigatória a manutenção do CDC nos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço; 2. Lei 12.741/12 – valores dos tributos incidentes no preço do produto ou serviços nos documentos fiscais ou equivalentes. 3. Lei 13.146/15 – Estatuto da pessoa com deficiência – informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos, bem como riscos que apresentem (Capítulo II da lei). 4. Lei 13.111/15 – dispôs sobre a obrigatoriedade de os empresários que comercializam veículos automotores novos e usados prestarem informações ao consumidor, inclusive pelas cláusulas contratuais, sobre: o valor dos tributos incidentes; sobre a situação de regularidade: furto; multas e taxas anuais; débitos de impostos; alienações; e quaisquer restrições que impliquem na circulação do veículo. 5. Lei 13.719/15 – direito de meia-entrada para eventos culturais nas compras feitas pela internet, devido a Lei 12.933/13 prever o benefício de meia-entrada para estudantes, pessoas portadoras de deficiência e jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes; também que o fornecedor deverá disponibilizar 40% do total dos ingressos disponíveis para cada evento. 6. Lei 13.175/15 – que dispôs sobre a oferta e s formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor, devendo nos produtos fracionados informar, na etiqueta além do preço, as unidades utilizadas como: capacidade, massa, volume, etc. 7. Já o Decreto 8.552/15 – dispôs sobre a comercialização de alimentos para lactentes (com idade de até onze meses e vinte e nove dias) e crianças de primeira infância (de doze meses a três anos de idade), estes produtos passam a ter restrições em publicidade, descontos e exposições especiais, o Decreto proíbe que as embalagens contem fotos, textos ou desenhos que induzam a aquisição e os usos destes produtos (leites artificiais, mamadeiras, chupetas); 8. Lei 13.233/15 – prevê que as embalagens e rótulos dos equipamentos e produtos de limpeza que impliquem o consumo de água conterão advertência sobre a escassez, “Agua: pode faltar” ou “não desperdice”; 9. Lei 13.236/15 impôs que as rotulagens de medicamentos para evitar erro quando pediátricos devem ter características que possibilitem a sua imediata distinção daqueles destinados ao adulto, etc; 10. Lei 13.305/16 – normas básicas sobre alimentos, indicação na rotulagem que contenham substâncias como por exemplo lactose; 11. Decreto 7.963/13 – que instituiu o Plano nacional de Consumo e Cidadania, previu como diretriz desse plano a “educação para o consumo”. 6. Princípio do incentivo ao autocontrole – Art. 4º, V � Esse princípio prevê que os fornecedores devem manter o controle de qualidade não só de seus produtos e serviços, mas também do atendimento do consumidor. � O autocontrole pode ocorrer de três formas distintas: a) Com o controle de qualidade e segurança dos produtos defeituosos no mercado de consumo, atenuando os conflitos; b) Recall, convocando os consumidores de bens produzidos em série e que contenha defeitos de fabricação e atentam contra a saúde e segurança de seus usuários; c) Criação pelas próprias empresas, departamentos ou sistemas de atendimento o consumidor. �Visando incentivar mecanismos alternativos de solução de conflitos, foi criando pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJ) uma plataforma tecnológica de informação, interação e compartilhamento de dados chamada de Consumidor.gov.br �A participação das empresas fornecedoras é voluntária, mediante assinatura de termo o qual se comprometem a conhecer, analisar e investir todos os esforços disponíveis para a solução dos conflitos com os consumidores. � https://www.consumidor.gov.br/pages/princip al/?1502992063153 7. Princípio da Coibição e Repressão de Abusos no Mercado – art. 4º, VI � A Política nacional de consumo procura coibir e reprimir as práticas abusivas, esse princípio visa possibilitar uma concorrência leal e livre, protegendo assim a ordem econômica prevista no art. 170 da CF. � Nesse sentido, cabe destacar o papel do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão criado pela Lei 4.137/62, e transformado em autarquia em 1994 pela Lei 8.884. � Em 2011 a lei 12.529, revogou quase que a totalidade dos artigos dos Lei 8.884/94. E estruturou o Sistema Brasileiro de defesa da Concorrência – SBDC, que foi formado pelo CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. � Ainda para a defesa da ordem econômica, úteis e válidos são os dispositivos da Lei de propriedade Industrial (Lei 9.279/96). 8. Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos – Art. 4º, VII � Bem como a inciativa privada, os serviços ditos públicos, quando atua como fornecedor, principalmente pela prestação de serviços (transporte público, água, energia elétrica, telefonia, etc.) deverá respeitar a regra geral de proteção do consumidor. � O serviço deve ser prestado com qualidade, presteza, segurança, adequação, pontualidade, nesse sentido o art. 6º, X, CDC considera como DIREITO BÁSICO do consumidor “a adequada prestação dos serviços públicos em geral”. � Ainda o art. 22 do mesmo diploma estabelece a obrigação dos órgãos público de prestar serviços de forma adequada, eficiente, segura, fazendo uma ressalva importante acerca dos serviços ditos como essenciais, os quais deverão ser efetuados também de forma contínua. 9. Princípio do Estudo das Modificações do Mercado – art. 4º, VIII � Em razão da permanente evolução social e tecnológicas, o estudo constante das modificações no mercado de consumo evita que as normas instituídas para regrar as relações de consumo se tornem ultrapassadas e sem eficácia. � Nesse sentido, podemos trazer tona as transações realizadas pela internet, percebe-se hoje em dia grande dificuldades e insegurança do consumidor na realização de compras e pagamentos no mundo virtual. � Os estudos ajudarão a delimitar quais as responsabilidades e deveres dos fornecedores que desejam vender seus produtos ou serviços desse modo, bem como delimitar a responsabilidade do provedor responsável pela hospedagem da página. �O Decreto 7.962/13, regulamentou a contratação no comércio eletrônico, inclusive a inobservância das condutas descritas no Decreto ensejará a aplicação das sanções previstas no art. 56 do CDC. �http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /_ato2011- 2014/2013/decreto/d7962.htm 10. Princípio do Acesso à Justiça no CDC � Esse princípio não está previsto no artigo 4º como os demais, mas encontra-se espalhado por vários artigos do CDC. � Nesse sentido o art. 6º, VIII: a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critériodo juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. � O art. 83 estabelece: para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. � O Título III do CDC ainda possibilita ao consumidor ser tratado de forma coletiva, destacam-se assim as ações coletivas que visam a tutela dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneo de origem comum (art. 81, p.u., I, II e III, CDC). 11. Princípios Internacionais de proteção do consumidor – Declaração de Sofia �A International Law Association (ILA- Londres), na 75ª Confer6encia realizada em Sofia (Bulgária), em agosto de 2012, baixou Resolução n. 04/2012, estabelecendo a necessidade de proteção do consumidor no Direito Internacional, bem como fixou princípios básicos para a legislação e a regulação de proteção do consumidor no mundo. �DECLARAÇÃO DE SOFIA.docx Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Instrumentos de execução da Política Nacional das Relações de Consumo � Esse artigo contém os instrumentos que o Poder Público utilizará para promover a execução da Política Nacional das Relações de Consumo. � No caso de assistência judiciária gratuita para consumidor carente, a qual é prestada por Defensores Públicos ou advogados nomeados por juízes, esse instrumento também encontra suporte na CF/88, art. 5º, LXXIV. � No que se refere a criação de promotorias, delegacias, Juizado Especial Cível e varas, todos especializados teve o legislador a intenção de proporcionar ao consumidor instrumentos e profissionais qualificados, visando o equilíbrio nas relações de consumo. � Ainda que não conste no artigo 5º, podemos incluir as defensorias públicas, órgão fundamental na defesa do consumidor. 45 Referenciais Bibliograficas ALMEIDA, Joao Batista de. Manual de Direito do Consumidor. Sao Paulo: Editora Saraiva, 2003. BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e. Codigo Brasileiro de Defesa do Consumidor – Comentado pelos Autores de Anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2004. BONATTO, Claudio; MORAES, Paulo Valerio Dal Pai. Questoes controvertidas no Codigo de Defesa do Consumidor. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2003. DELGADO, Jose Augusto. O Contrato no Codigo Civil e a sua Funcao Social. Revista Juridica n. 322. Porto Alegre: Notadez, 2004. GARCIA, Leonardo De Medeiros, Código de Defesa do Consumidor Comentado artigo por artigo. Salvador: JusPODIVM, 2016. SARLET, Ingo Wofgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituicao Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
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