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Profa. Daniela dos Santos DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – Art. 28 CDC SEÇÃO V Da Desconsideração da Personalidade Jurídica Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. �O ordenamento jurídico reconhece personalidade jurídica às pessoas físicas e confere também personalidade jurídica às chamadas pessoas morais ou pessoas jurídicas. � Sabe-se que um dos princípios aplicáveis às pessoas jurídicas é a autonomia patrimonial, desta forma, consideram-se diversas as personalidades jurídicas dos sócios e da sociedade, bem como são considerados patrimônios diversos os bens dos sócios e os bens da sociedade personificada. � Foi pelo uso irregular, ou abuso, na utilização do instituto da pessoa jurídica que ensejou a criação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. �O CDC, ao acolher a teoria da desconsideracão da personalidade jurídica (disregard doctrine), teve o intuito de propiciar a máxima proteção ao consumidor, estipulando de forma expressa e ampla a possibilidade da pessoa jurídica ser desconsiderada no caso concreto. � Importante salientar que o instituto da desconsideração será episódico, casual, não acarretando a extinção da pessoa jurídica, ou seja, as outras relações efetuadas com terceiros, a pessoa jurídica continua existindo e com autonomia patrimonial. �O CDC foi o primeiro dispositivo legal a se referir à desconsideração da personalidade jurídica, posteriormente foi inserida na Lei 8.884/94 (CADE), no Código Civil (art. 50) entre outras. �No Direito Trabalhista não há previsão legal, mas os juízes utilizam o “diálogo das fontes” entre o direito do trabalho e o direito do consumidor. � A teoria da desconsideração da personalidade jurídica visa “levantar o véu”, desprezar a personalidade jurídica conferida à sociedade (em determinados casos como fraude, abuso de direito, desvio de finalidade, confusão patrimonial, violação dos estatutos ou contrato social, violação da lei e outros mais) para buscar a responsabilização das pessoas físicas (sócios) que se escondem por detrás da personalidade jurídica. � É uma forma de não permitir que atos considerados antijurídicos sejam acobertados pela personificação jurídica. �As possibilidades de desconsideração pelo CDC são bem mais amplas que as da codificação Civil: Desconsideracao da pesonalidade Acórdão Min. Nancy.pdf Teoria Maior Teoria Menor Lei do CADE (Lei 12.529/2011, art. 34) Direito do Consumidor (CDC, art. 28, § 5º) Código Civil (art. 50) Direito Ambiental (Lei 9.605/98, art. 4º) Código Civil (art. 50) CDC (art. 28) As hipóteses são restritas As hipóteses são bem amplas Aplicação da Teoria Maior Aplicação da Teoria Menor Exige confusão patrimonial (teoria maior objetiva) ou desvio de finalidade (teoria maior subjetiva) Não se limita somente a estas duas hipóteses. Basta haver insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações Não pode ser aplicada de ofício. Exige requerimento da parte ou do Ministério Público (quando a este couber intervir no processo). Pode ser aplicada de ofício, pois o CDC prescreve normas de ordem pública e interesse social. � Na teoria da desconsideração da personalidade jurídica não se nulifica ou anula a personalidade jurídica da sociedade, mas torna tal personalidade ineficaz, despreza-se tal personalidade para se alcançar os sócios e seus bens. � Todavia, a doutrina e jurisprudência começaram a sustentar também o caminho inverso, a possibilidade da quebra de autonomia patrimonial a fim de executar bens da sociedade por dívidas pessoais dos sócios, chamada de “desconsideração inversa da personalidade jurídica”. �O novo CPC prevê expressamente essa possibilidade: Art. 133. 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipóteses de desconsideração inversa da personalidade jurídica. � Já a teorização sobre os grupos econômicos está ligada ao estabelecimento da responsabilização das várias empresas (pessoas jurídicas) que fazem parte de um mesmo conglomerado econômico, para fins de configurar ou não a sua responsabilidade solidária ou subsidiária pelas obrigações ou deveres dos outros integrantes do grupo econômico. �No art. 28 em seu § 5º, o CDC cuidou da desconsideração da personalidade jurídica e nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 28, o CDC cuidou da responsabilidade dos grupos econômicos. Nesse sentido, Nunes afirma: “O que a norma pretende é dar forte proteção ao consumidor, estabelecendo ampla responsabilização entre os componentes dos vários conglomerados que exploram o mercado. Agiu muito bem o legislador, porque o fenômeno das corporações e grupos associados tomou proporções assombrosas no mundo dito globalizado. Se a ação de exploração não se dá de forma isolada, nada mais justo que se estabeleça a responsabilidade dos parceiros exploradores”. �O § 2º do art. 28 prevê a responsabilidade (subsidiária) dos grupos de sociedades e sociedades controladas. �Grupo de sociedades é formado pela sociedade controladora e suas controladas, mediante convenção, pela qual se obrigam a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns. (Lei 6.404, art. 265). �Segundo o CDC, esgotados os recursos, seja da sociedade controladora, seja da sociedade controlada, qualquer outra integrante do grupo responde pela dívida perante os consumidores. �Sociedades controlada é aquela cuja preponderância nas deliberações e decisões pertencem à outra sociedade, dita controladora. (Lei 6.404, art. 269, II, c/c art. 243, § 2º). �Assim, diante da manifesta insuficiência dos bens que compõe o patrimônio da sociedade controladora, a sociedade controlada responde pelas dívidas. �Nestes casos a responsabilidade é subsidiária, ou seja, existe um devedor principal (fornecedor imediato) e devedor(es) secundário(s), sendo que estes últimos só serão responsabilizados no caso de inadimplência do devedor principal. �O § 3º do art. 28 prevê a responsabilidade (solidária) das sociedades consorciadas: �As empresas consorciadas são aquelas que sob idêntico controle ou não, sem perda da personalidade jurídica de cada uma delas, se reúnem, por força de contrato, para execução de determinado empreendimento empresarial, na mesma etapa (consórcio horizontal) de produção (Lei nº 6.404, art. 278, § 1º). �Neste caso, todos os parceiros consorciados respondem solidariamente, ou seja, são todos devedores do total da dívida e de forma direta. �O § 4º do art. 28 do CDC prevê que as sociedades coligadas respondem por culpa pelos danos causados. �Sociedades coligadas são aquelas que se apresentam quando há participação de uma sociedade, com dez por cento ou mais, de capital da outra, sem controlá-la (Lei nº 6.404, art. 243, § 2º). �Justamente pela falta d controle nas deliberações das decisões de uma sobre a outra é que a responsabilidade de cada qual é apurada mediante culpa na participaçãodo evento danoso. Tipo de sociedades Tipo de responsabilidade Integrantes dos Grupos Societários e Controladas Subsidiária Consorciadas Solidária Coligadas Só respondem por culpa Referências Bibliográficas: FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do consumidor. São Paulo: Atlas, 2010. GARCIA, Leonardo De Medeiros, Código de Defesa do Consumidor Comentado artigo por artigo. Salvador: JusPODIVM, 2016. MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
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