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Direito Privado - Unifran - 1º Semestre Completo

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Direito Privado – Pág. 12
Por que dizemos que o Direito é a ciência do “dever ser”?
O direito é a ciência do “dever ser” por apresentar ao indivíduo a liberdade para suas escolhas comportamentais. O “deve ser” faz parte do mundo jurídico enquanto o “ser” faz parte do mundo físico, do mundo da natureza, onde as leis e fenômenos são imutáveis, diferentemente do mundo jurídico.
Distinga DIREITO de MORAL.
Tanto o direito quanto a moral são um conjunto de normas comportamentais que diferem entre si na sanção aplicada na transgressão.
No direito a sanção é aplicada pelo poder público para levar os indivíduos à estreita observância das leis. Na moral, a sanção é aplicada apenas pela consciência do indivíduo através do remorso, arrependimento, sem coerção do Estado.
Distinga Direito Positivo de Direito Natural.
Direito Positivo é o conjunto das leis vigentes em um determinado país em determinado período.
Já o Direito Natural é a ideia de um direito ideal correspondente a uma justiça superior.
Conceitue Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
Direito Objetivo é o ordenamento jurídico imposto pelo Estado de caráter geral para todos os indivíduos e coisas dentre de um território soberano. A observação do direito objetivo pode ser, inclusive, impelida pela coerção.
Já o Direito Subjetivo deriva do direito objetivo e é sua invocação em prol do indivíduo isolado para obter sua proteção. Direito subjetivo é a expressão da vontade individual, e direito objetivo é a expressão da vontade geral
Diferencie Direito Público de Direito Privado. 
A diferença entre Direito Público e Privado é que o primeiro trata das questões gerais, das questões coletivas, enquanto o segundo trata das questões dos particulares entre si. Pode-se dizer ainda que o Direito Público trata das questões do Estado com outros Estados ou do Estado com os indivíduos e que o Direito Privado trata das questões entre particulares, somente.
Dentre os vários ramos do Direito Privado qual é aquele que merece maior destaque?
O ramo que merece maior destaque no Direito Privado é o Direito Civil uma vez que dele originaram-se o direito comercial, o direito agrário, bem como o direito do trabalho e o direito do consumidor.
Conceitue Direito Civil. 
O Direito Civil é o ramo do direito que trata das relações entre particulares, comum a todos e que cuida puramente das relações pessoais e patrimoniais.
Considerando que o Brasil adotou o sistema da “Codificação”, é correto afirmar que todas as normas de Direito Civil estão Concentradas no Código Civil Brasileiro? Explique. 
Atualmente, o DIREITO CIVIL não está limitado às regras contidas no Código Civil, mas abange toda a legislação civil (leis esparsas; legislação extravagante) que regula direitos e obrigações de ordem privada, inclusive a Constituição Federal.
Quais são os Princípios Básicos que regem o atual Código Civil Brasileiro? Discorra, brevemente, sobre cada um deles. 
SOCIALIDADE – reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. O sentido SOCIAL é uma das características marcantes do novo Código. 
ETICIDADE – funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e demais critérios éticos. Confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa ou equitativa.
OPERABILIADE – leva em consideração que o direito é feito para ser efetivado, para ser executado. Por essa razão o novo Código afastou o complicado, as perplexidades e complexidades. No bojo do princípio da operabilidade está implícito o da CONCRETUDE, que é a obrigação que tem o legislador de não legislar em abstrato, mas, tanto quanto possível, legislar para o indivíduo situado (para o filho enquanto ser subordinado ao poder familiar; para o homem enquanto marido etc.)
Qual o número/ano da Lei que institui o “Código Civil de Clóvis Beviláqua”? Quando a lei foi publicada? E quando entrou em vigor? 
A lei nº 3.071/ 1916 ficou conhecida como o “Código Civil de Clóvis Beviláqua”, foi publicada em janeiro de 1916 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1917.
Qual o número/ano da Lei que instituiu o “Código Civil de Miguel Reale”? Quando a lei foi publicada? E quando entrou em vigor? 
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, entrando em vigor no dia 11/01/2003.
Discorra sobre o Direito Civil-Constitucional. 
- O DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL estuda o direito privado à luz das regras constitucionais. Ele está baseado numa visão UNITÁRIA do sistema.
A Fonte primária do Direito Civil e de todo o ordenamento jurídico é a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, que, com os seus princípios e normas, confere uma nova feição à ciência civilista. 
Os valores que prevalecem no chamado direito civil-constitucional estão, portanto, fundamentados:
Na Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III)
Na Solidariedade Social (art 3º, III)
Na Igualdade Substancial (art (3º e 5º)
Qual o conteúdo da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro?
O CONTEÚDO do Direito Civil é o conjunto de direitos, relações e instituições que formam o seu ordenamento jurídico, o seu sistema legal. 
De modo OBJETIVO: compreende as regras sobre a pessoa, a família e o Patrimônio.
De modo ANALÍTICO: compreende os direitos da personalidade, o direito de família, o direito das coisas, o direito das obrigações e o direito das sucessões.
ATENÇÃO: o atual Código Civil trata dessas matérias SEM EXCLUSIVIDADE, subordinando-se hierarquicamente aos ditames constitucionais, que traçam os princípios básicos norteadores do direito privado.
O que são fontes materiais/históricas do Direito? 
Fontes históricas: revelam a origem histórica de um instituto jurídico ou de um sistema.
O que são fontes formais do Direito? E quais são elas?
São consideradas fontes formais do direito a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais de direito (arts. 4º da LINDB e 126 do CPC); e não formais a doutrina e a jurisprudência. 
Dentre as Fontes Formais do Direito qual é a mais importante? 
Dentre as formais, a lei é a fonte principal, e as demais, são fontes acessórias. 
Quais são as características da LEI? Discorra, brevemente, sobre cada uma dessas características.
São características da LEI: 
a) generalidade: dirige-se a todos os cidadãos, indistintamente. O seu comando é abstrato; 
b) imperatividade: impõe um dever, uma conduta. É provida de sanção. 
c) autorizamento: autoriza que o lesado pela violação exija o cumprimento dela ou a reparação pelo mal causado. 
d) permanência: a lei não se exaure numa só aplicação, pois deve perdurar até ser revogada por outra lei. Todavia, algumas normas são temporárias, destinadas a viger apenas durante certo período, como as que constam das disposições transitórias e as leis orçamentárias; 
e) emanação de autoridade competente, (competências legislativas:CF)
Considerando a IMPERATIVIDADE (força obrigatória) da LEI, como podemos classifica-la? 
Quanto à imperatividade ou força obrigatória elas se dividem em:
- cogentes (de imperatividade absoluta ou de ordem pública): ordenam ou proíbem determinada conduta, não podendo ser derrogadas pela vontade dos interessados. (exemplo: impedimentos matrimoniais do art. 1.521).
- dispositivas (ou supletivas): são permissivas (art. 1.639: pacto antenupcial), ou supletivas, quando suprem a falta de manifestação de vontade das partes (costumam vir acompanhadas de expressões como “salvo estipulação em contrário” ou “salvo se as partes convencionarem diversamente” : art. 327).
19) Considerando do AUTORIZAMENTO (sanção), como a LEI pode ser classificada? 
Quanto ao autorizamento (sob o prisma da sanção), podem ser:
mais que perfeitas: autorizam a aplicação de duas sanções, na hipótese de serem violadas (pena de prisão para o devedor de alimentos + obrigação de pagar as prestações vencidas e vincendas).
perfeitas: mpõem a nulidade do ato, como punição ao infrator (nulidade doato praticado por absolutamente incapaz).
menos que perfeitas: não acarretam a nulidade ou anulação do ato, em caso de violação, somente impõem uma sanção ao violador (viúvo que se casa antes de dar partilha dos bens aos herdeiros do cônjuge falecido: art. 1.523, I).
Imperfeitas: sua violação não acarreta nenhuma consequência (obrigações decorrentes de dívidas de jogo e de dívidas prescritas).
Considerando a NATUREZA da LEI, como ele pode ser classificada? 
Segundo a sua natureza, as leis são: 
substantivas: são de fundo, também chamadas de materiais, porque tratam do direito material.
Adjetivas: também chamadas de processuais ou formais, traçam os meios de realização dos direitos. 
Cite as NORMAS/LEIS de acordo com sua ORDEM HIERÁRQUICA. 
Quanto à sua hierarquia, as normas classificam-se em: 
normas constitucionais: são as constantes da Constituição.
leis complementares: estão situadas entre a norma constitucional e a lei ordinária, porque tratam de matérias especiais, que não podem ser deliberadas em lei ordinária. leis ordinárias: as elaboradas pelo Poder Legislativo; 
leis delegadas: elaboradas pelo Executivo, por autorização expressa do Legislativo, tendo a mesma posição hierárquica das ordinárias.
O que significa a expressão vacatio legis?
O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entrada em vigor chama-se vacatio legis. Em matéria de duração do referido intervalo, foi adotado o critério do prazo único, porque a lei entra em vigor na mesma data, em todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. 
A partir de quando a LEI entra em vigor? E por quanto tempo ela permanece vigente? 
De acordo com o art. 1o da Lei de Introdução, a LEI começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, salvo disposição em contrário. Portanto, a sua obrigatoriedade não se inicia no dia da publicação, salvo se ela própria assim o determinar. Pode, assim, entrar em vigor na data de sua publicação ou em outra mais remota, conforme constar expressamente de seu texto. Permanece vigente até a sua revogação.
Quando a lei brasileira é admitida no exterior (em geral quando cuida de atribuições de ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional etc.), a sua obrigatoriedade inicia-se 3 meses depois de oficialmente publicada. Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicação de seu texto, para correção de erros materiais ou falha de ortografia, o prazo da obrigatoriedade começará a correr da nova publicação.
O prazo de 45 dias não se aplica aos decretos e regulamentos, cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial. Tornam-se, assim, obrigatórios desde a data de sua publicação, salvo se dispuserem em contrário, não alterando a data da vigência da lei a que se referem. 
Quais as formas de REVOGAÇÃO da Lei?
Pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Se em seu texto, porém, constar o próprio termo, perde a eficácia independentemente de outra lei. 
O que é REPRISTINAÇÃO? 
Preceitua o § 3o do art. 2o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo disposição em contrário. 
Não há, portanto, o efeito repristinatório, restaurador, da primeira lei revogada, salvo quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido. 
Segundo o Art. 3o da LEI DE INTRODUÇÃO: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. O que isso significa e qual a justificativa para tal preceito? 
O preceito de que ninguém pode escusar-se de cumprir a lei, alegando que não a conhece, seria uma regra ditada por uma razão de ordem social e jurídica, de necessidade social: garantir a eficácia global do ordenamento jurídico, que ficaria comprometido caso tal alegação pudesse ser aceita. 
- O erro de direito (alegação de ignorância da lei) só pode ser invocado quando não houver o objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. Serve para justificar, por exemplo, a boa-fé em caso de inadimplemento contratual, sem a intenção de descumprir a lei.
- A Lei das Contravenções Penais, por exceção, admite a alegação de erro de direito (art. 8o) como justificativa pelo descumprimento da lei. 
José, um trabalhador honrado, teve um sério problema com seu empregador e, com o objetivo de garantir seus direitos, acabou recorrendo a Justiça. Após analisar o caso de José, o Juiz decidiu que iria extinguir o processo sem julgar o mérito (sem decidir a questão), pois não havia nenhuma lei que tratasse daquele assunto. Essa atitude está correta? Esclareça.
Não. O juiz não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa, deve valer-se dos mecanismos legais destinados a suprir as lacunas da lei, que são: a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (LINDB, art. 4o; CPC, art. 126).
O juiz, utilizando-se dos aludidos mecanismos, promove a integração das normas jurídicas, não deixando nenhum caso sem solução (plenitude lógica do sistema). 
O que é ANALOGIA?
Quando o juiz utiliza-se da analogia para solucionar determinado caso concreto, não está apartando-se da lei, mas aplicando à hipótese não prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso semelhante. Nisso consiste o emprego da analogia. O seu fundamento encontra-se no adágio romano ubi eadem ratio, ibi idem jus (a situações semelhantes deve-se aplicar a mesma regra de direito).
No Direito, o que são os COSTUMES? 
O costume está colocado em plano secundário, em relação à lei. O juiz só pode recorrer a ele depois de esgotadas as possibilidades de suprir a lacuna pelo emprego da analogia. Diz-se que o costume é composto de dois elementos: o uso (elemento externo) e a convicção jurídica (elemento interno). Em consequência, é conceituado como a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade.
- Em relação à lei, há três espécies de costume: 
a) o secundum legem, quando sua eficácia obrigatória é reconhecida pela lei, como nos casos mencionados, dentre outros, nos arts. 1.297, § 1o, 596 e 615 do Código Civil; 
b) o praeter legem, quando se destina a suprir a lei, nos casos omissos (LINDB, art. 4o). Como exemplo, pode ser mencionado o costume de efetuar-se pagamentos com cheque pré-datado, e não como ordem de pagamento à vista, afastando a existência de crime; 
c) o contra legem, que se opõe à lei. Em regra, o costume não pode contrariar a lei, pois esta só se revoga, ou se modifica, por outra lei. 
O que são os Princípios Gerais do Direito? 
Os princípios gerais de direito são constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. 
- Tais regras, de caráter genérico, orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito positivo.
Muitas delas passaram a integrar o nosso direito positivo, como a de que “ninguém pode lesar a outrem” (art. 186), a que veda o enriquecimento sem causa (arts. 1.216, 1.220, 1.255, 876 etc.), a que não admite escusa de não cumprimento da lei por não a conhecer (LINDB, art. 3o). 
Em sua maioria, no entanto, os princípios gerais de direito estão implícitos no sistema jurídico civil, como o de que “ninguém pode valer-se da própria torpeza”, o de que “a boa-fé se presume”, o de que “ninguém pode transferir mais direitos do que tem”, o de que “se deve favorecer mais aquele que procura evitar um dano do que aquele que busca realizar um ganho” etc. 
A EQUIDADE pode ser considerada um mecanismo de integração da norma jurídica e pode ser utilizada livremente pelo juiz em qualquer situação? 
Não. A equidade não constitui meio supletivo de lacuna da lei, sendo mero recurso auxiliar da aplicação desta. 
Não considerado o seu sentidoamplo (quando se confunde com o ideal de justiça), mas em sentido estrito, é empregada quando a própria lei cria espaços ou lacunas para o juiz formular a norma mais adequada ao caso(Cláusulas Gerais, Conceitos vagos). 
É utilizada quando a lei expressamente o permite. (art. 127 do Código de Processo Civil: o “juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”). 
Isso ocorre geralmente nos casos de conceitos vagos ou quando a lei formula várias alternativas e deixa a escolha a critério do juiz. Como exemplos podem ser citados o art. 1.586 do Código Civil, que autoriza o juiz a regular por maneira diferente dos critérios legais, se houver motivos graves e a bem do menor; e o art. 1.740, II, que permite ao tutor reclamar do juiz que providencie,“como houver por bem”, quando o menor tutelado necessitar de correção.
32) O que significa SUBSUNÇÃO? 
As normas são genéricas e contêm um comando abstrato, não se referindo especificamente a casos concretos. O juiz é o intermediário entre a norma e o fato. Quando este se enquadra na norma, dá-se o fenômeno da subsunção. 
33) O que é Hermenêutica? 
A hermenêutica é a ciência da interpretação das leis. 
34) Considerando a FONTE (origem), como podem ser classificados os métodos de interpretação da Lei? Discorra, brevemente, sobre cada um deles. 
Quanto às fontes ou origem, os métodos de interpretação classificam-se em: 
autêntico: Interpretação autêntica é a feita pelo próprio legislador, por outro ato. Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota uma nova lei, destinada a esclarecer a sua intenção. Nesse caso, a lei interpretativa é considerada a própria lei interpretada.
Jurisprudencial: Interpretação jurisprudencial é a fixada pelos tribunais. Embora não tenha força impositiva, salvo a hipótese de Súmula vinculante, influencia grandemente os julgamentos nas instâncias inferiores.
Doutrinário: A interpretação doutrinária é a feita pelos estudiosos e comentaristas do direito. 
35) Considerando os MEIOS, como podem ser classificados os métodos de interpretação da Lei? Discorra, brevemente, sobre cada um deles. 
Quanto aos meios, a interpretação pode ser feita pelos métodos: 
gramatical (ou literal): consistente no exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando-se a pontuação, a ordem das palavras na frase etc.;
lógico: identificado pelo emprego de raciocínios lógicos, com abandono dos elementos puramente verbais, com a finalidade de apurar o sentido e alcance da norma, a intenção do legislador;
sistemático: considera o sistema em que se insere a norma, não a analisando isoladamente. Exemplo: a norma trabalhista deve ser interpretada de acordo com os princípios que regem o direito do trabalho;
histórico: baseia-se na investigação dos antecedentes da norma, do processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado. É considerado o melhor método para apurar a vontade do legislador e os objetivos que visava atingir (ratio legis).
 sociológico (ou teleológico): objetiva adaptar o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais, com abandono do individualismo que preponderou no período anterior à edição da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (art. 5º: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum”.
ATENÇÃO: Os diversos métodos de interpretação não operam isoladamente, não se repelem reciprocamente, mas se completam.
36) Muitas vezes, quando entra em vigor uma nova lei surge a dúvida sobre qual lei aplicar às situações anteriormente constituídas (a lei revogada ou a lei revogadora?). Nesse contexto, quais seriam os critérios para solucionar os “conflitos das leis no tempo”? Cite e explique cada um deles. 
De maneira geral, as leis são feitas para o futuro. 
Por isso, quando a lei é modificada por outra e já haviam se formado relações jurídicas na vigência da lei anterior, pode instaurar-se o conflito das leis no tempo. A dúvida dirá respeito à aplicação ou não da lei nova às situações anteriormente constituídas.
Para solucionar tal questão, são utilizados dois critérios: 
o das disposições transitórias: Disposições transitórias são elaboradas pelo legislador, no próprio texto normativo, destinadas a evitar e a solucionar conflitos que poderão emergir do confronto da nova lei com a antiga, tendo vigência temporária.
o da irretroatividade das normas: Irretroativa é a lei que não se aplica às situações constituídas anteriormente. É um princípio que objetiva assegurar a certeza, a segurança e a estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situa- ções consolidadas em que o interesse individual prevalece..
37) O Princípio da Irretroatividade das Leis é absoluto ou admite exceção? Esclareça. 
Não se tem dado a ele caráter absoluto e admite exceção, pois razões de política legislativa podem recomendar que, em determinada situação, a lei seja retroativa, atingindo os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma revogada.
Assim, como regra, aplica-se a lei nova aos casos pendentes e aos futuros, só podendo ser retroativa (atingir fatos pretéritos) quando: 
não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada; 
quando o legislador, expressamente, mandar aplicá-la a casos pretéritos, mesmo que a palavra “retroatividade” não seja usada. 
38) Defina: Ato Jurídico Perfeito; Direito Adquirido e Cosia Julgada. 
ao ato jurídico perfeito: é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (§ 1o). 
ao direito adquirido: é o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular. 
à coisa julgada: é a imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a recursos. 
39) Sobre a “Eficácia da Lei no Espaço”, esclareça o que significa o Sistema da Territorialidade e o Sistema de Extraterritorialidade. Por que dizemos que o Brasil adotou o Sistema da Territorialidade Moderada?
Em razão da soberania estatal, a norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado (Princípio da territorialidade).
Tal princípio não é absoluto, afinal, a cada dia é mais acentuado o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a Estados diferentes. Muitas vezes, dentro dos limites territoriais de um Estado, surge a necessidade de regular relações entre nacionais e estrangeiros. Essa realidade levou o Estado a permitir que a lei estrangeira tenha eficácia em seu território, sem comprometer a soberania nacional(Sistema da extraterritorialidade).
- A norma estrangeira passa a integrar momentaneamente o direito nacional, para solucionar determinado caso submetido à apreciação judicial. Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem. Baseia-se ele na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio. 
- O Brasil segue o sistema da territorialidade moderada, sujeita a regras especiais, que determinam quando e em que casos pode ser invocado o direito alienígena (LINDB, arts. 7o e seguintes). 
40) Suponhamos que uma pessoa seja de um determinado país (da Espanha, por exemplo) e venha a praticar alguns atos em outro país (no Brasil). Se tais atos estiverem relacionados a direitos da personalidade, ao nome, à capacidade ou aos direitos de família, a lei de qual país deverá ser aplicada na regulamentação desses atos?
- De acordo com o o art. 7o da Lei de Introdução: “A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Art. 70, Código Civil: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
A2
SEMANA 7
PESSOA NATURAL: É o ser humano considerado sujeito de direitos e deveres (CC, art. 1o). Para ser pessoa, basta existir.
Começoda Personalidade Natural: a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida — o que se constata pela respiração.
Antes do nascimento não há personalidade.
CONTUDO: o art. 2o do Código Civil ressalva os direitos do nascituro, desde a concepção. Seus direitos encontram-se em estado potencial. Nascendo com vida, ainda que venha a falecer instantes depois, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção. 
OBSERVAÇÃO: A extinção da personalidade natural, pode ocorrer pela:
Morte real (CC, art. 6o, 1a parte);
Morte simultânea ou comoriência (art. 8o).
Morte presumida (art. 6o, 2a parte); 
Morte civil (art. 1.816).
3) CAPACIDADE: é a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa. É, portanto, a medida da personalidade. 
Espécies: 
de direito ou de gozo, que é a aptidão que todos possuem (CC, art. 1o) de adquirir direitos; 
de fato ou de exercício, que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil.
4) INCAPACIDADE: é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.
Espécies
Absoluta: acarreta a proibição total do exercício dos atos da vida civil (art. 3o). O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do incapaz, sob pena de nulidade (art. 166, I). É o caso dos menores de 16 anos (art. 3o).
Relativa: permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido, sob pena de anulabilidade (art. 171, I).
É o caso dos maiores de 16 e menores de 18 anos, dos ébrios habituais e toxicômanos, dos que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, e dos pródigos (art. 4o, I a IV).
Certos atos, porém, podem os maiores de 16 e menores de 18 anos praticar sem a assistência de seu representante legal, como, v.g., fazer testamento (art. 1.860) e ser testemunha (art. 228, I).
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE: Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa. 
Logo, se esta for a menoridade, cessará em dois casos: 
pela maioridade, aos 18 anos; e 
pela emancipação, que pode ser voluntária, judicial e legal (art. 5o e parágrafo único).
5) DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
A Pessoa Natural pode ser individualizada:
Pelo Nome;
Pelo Estado;
Pelo Domicílio. 
Nome:
O Nome é a designação pela qual a pessoa se identifica no seio da família e da sociedade, possui os seguintes elementos: Prenome e Sobrenome.
O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo (LRP, art. 55, parágrafo único).
O sobrenome indica a origem familiar da pessoa.
Estado
- Estado é a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. É o seu modo particular de existir. 
No que se refere ao estado, deve-se considerar os seguintes aspectos: 
Individual ou físico: diz respeito às características físicas da pessoa (idade, sexo, cor, altura).
Familiar: indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio e ao parentesco (solteiro ou casado; pai/filho).
Político: concerne à posição do indivíduo na sociedade política (nacional: nato ou naturalizado; estrangeiro).
Além disso, o estado possui as seguintes características: indivisibilidade, indisponibilidade e imprescritibilidade:
Indivisibilidade: o estado é uno e indivisível e regulamentado por normas de ordem pública. (exceção: dupla nacionalidade)
Indisponibilidade: trata-se de bem fora do comércio, inalienável e irrenunciável. 
Imprescritibilidade: não se perde nem se adquire o estado pela prescrição. Nasce com a pessoa e desaparece com ela.
Domicílio: Domicílio é a sede jurídica da pessoa. É o local onde responde por suas obrigações.
O domicílio pode ser classificado em:
Necessário ou legal: é o determinado pela lei. 
Voluntário, que pode ser geral ou especial. 
Geral, quando escolhido livremente pela pessoa.
O especial pode ser o foro do contrato (CC, art. 78) e o foro de eleição (CPC/ 2015, arts. 62 e 63).
6) DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Além dos direitos economicamente apreciáveis (destacáveis da pessoa de seu titular: propriedade, por exemplo) há outros direitos, extremamente importantes que merecem a proteção da ordem jurídica: SÃO OS DIREITOS DA PERSONALIDADE.
OS DIREITOS DA PERSONALIDADE são inerentes à pessoa humana e a ela estão ligados de maneira perpétua e permanente. São eles:
O Direito à VIDA
O Direito à LIBERDADE
O Direito ao NOME
O Direito ao PRÓPRIO CORPO
O Direito à IMAGEM
O Direito à HONRA 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988, foi decisiva para a efetividade da proteção dos direitos da personalidade, ao prever, no art. 5º, X:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Além disso, o Código Civil, em seu art. 11, preceitua que:
“Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são INSTRANSMISSÍVEIS e IRRENUNCIÁVIES, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. 
Ninguém pode desfrutar em nome de outrem de bens como a vida, a honra, a liberdade. 
CONTUDO, alguns atributos da personalidade admitem a cessão de seu uso: cessão da imagem; cessão gratuita de órgãos do corpo humano, para fins altruísticos e terapêutico.

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