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1 Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Câmpus Londrina EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Regina Sayuri Kainuma Yamada 2 Soluções em Séries de Equações Diferenciais Introdução: Aproximação Polinomial de Taylor É provável que a melhor ferramenta para aproximar numericamente uma função ( )f x perto de um ponto particular 0x seja o polinômio de Taylor. A expressão para o polinômio de Taylor de grau n centrado em 0x , aproximando uma função ( )f x possuindo n derivadas em 0x , é dada por: ( ) 2 30 0 0 0 0 0 0 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ... ( ) 2! 3! ! n n n f x f x f x p x f x f x x x x x x x x x n ou simplesmente: ( ) 0 0 0 ( ) ( ) ( ) ! in i n i f x p x x x i (1) Esse polinômio combina o valor de ( )f x e os valores de suas derivadas, até a ordem do polinômio, no ponto c: 0 0 0 0 0 0 ( ) ( ) 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) . . . ( ) ( ) n n n n n n p x f x p x f x p x f x p x f x Por exemplo, os primeiros quatro polinômios de Taylor para xe , expandidos em torno de 0 0x , são: 3 1 2 2 2 3 3 ( ) 1 ( ) 1 ( ) 1 2 ( ) 1 2 6 op x p x x x p x x x x p x x (2) Sua eficácia na aproximação da função exponencial é demonstrada no gráfico: O polinômio de Taylor de grau n difere do polinômio do próximo grau inferior apenas na adição de um único termo: ( ) 0 1 0 ( ) ( ) ( ) ( ) ! n n n n f x p x p x x x n 4 de modo que uma listagem como (2) é clara redundância; pode-se ler ( )op x , 1( )p x e 2( )p x a partir da fórmula para 3( )p x . De fato, se ( )f x for infinitamente diferenciável, ( )np x é apenas a soma parcial de ordem ( 1)n da série de Taylor ( ) 0 0 0 ( ) ( ) ! n n n f x x x n (3) NOTA: 2 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ! 1! 2! 3! n n n f x f x f x f x f x x x f x x x x x x x n é chamada de série de Taylor da função f em 0x . Caso especial: Fazendo 0 0x a série de Taylor se torna 2 3 0 0 0 0 0 0 ! 1! 2! 3! n n n f f f f f x x f x x x n e é chamado de série de Maclaurin. Exemplo 01: Determinar o polinômio de Taylor de grau 4 da função ( ) cos( )f x x no ponto 0 0x . Solução: Temos que 4 4 cos 0 1 0 0 cos 0 1 0 0 cos 0 1 f x x f f x senx f f x x f f x senx f f x x f Logo, 4 2 42 3 4 4 0 0 0 0 0 1 1! 2! 3! 4! 2 24 f f f f x x p x f x x x x R: 2 4 4 ( ) 1 2 24 x x p x 5 Para relacionar esse esquema de aproximação com nosso tema (a resolução de equações diferenciais), alteramos nosso ponto de vista; consideramos uma equação diferencial não como uma “condição a ser satisfeita”, mas como uma prescrição para construir os polinômios de Taylor para suas soluções. Além de oferecer um método muito geral para calcular soluções precisas aproximadas para a equação perto de qualquer ponto de “partida” em particular, essa interpretação também oferece idéias para o papel das condições iniciais. SOLUÇÕES EM SÉRIES DE POTÊNCIA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS As equações diferenciais discutidas até o momento possuíam em geral soluções ( )y x que poderiam ser escritas em termos de funções elementares, como polinômios, exponenciais, senos e cossenos. Porém, surgem muitas equações importantes cujas as soluções não podem ser expressas dessa forma. Entretanto, a aproximação de Taylor sugere outra possibilidade de solução em forma de uma série de potências. Definição 01: Uma série de potências é uma série da forma 2 3 0 1 2 3 0 n n n n n a x a a x a x a x a x (1) onde x é uma variável e na s são constantes chamadas de coeficientes da série. Uma série de potências centrada em 0x x é uma série da forma 2 3 0 0 1 0 2 0 3 0 0 0 n n n n n a x x a a x x a x x a x x a x x (2) Nas equações (1) e (2) adotamos a convenção que 0 0 1x x mesmo quando 0x x . Note também que se 0x x todos os termos são 0 para 1n , e assim a série de potência (2) sempre converge quando 0x x . 6 Convergência e Divergência Teorema 01: Para uma dada série de potências 0 0 n n n a x x existem apenas três possibilidades: i) A série converge apenas quando 0x x . ii) A série converge para todo x . iii) Existe um número positivo R tal que a série converge se 0x x R e diverge se 0x x R . O número R é chamado raio de convergência da série. Por convenção, o raio da convergência do item (i) é 0R e do (ii) é R . A totalidade dos números para os quais uma série de potências é convergente chama-se intervalo de convergência. No caso (i) o intervalo consiste em apenas um único ponto a . No caso (ii) o intervalo é , . Agora, no caso (iii) a desigualdade 0x x R pode ser reescrita como 0 0x R x x R . Quando x é um extremo do intervalo, ou seja, quando 0x x R , pode ocorrer convergência ou divergência, dependendo da natureza da série. Então, no caso (iii) existem quatro possibilidades para o intervalo de convergência: 0 0 0 0 0 0 0 0, , , , , , ,x R x R x R x R x R x R x R x R No intervalo considerado, a série deverá ser convergente. A convergência de uma série de potências pode frequentemente ser determinada pelo teste da razão: Teste da razão i) Se 1lim 1n n n u L u , então a série 1 n n u é absolutamente convergente (e portanto convergente). ii) Se 1lim 1n n n u L u ou 1lim n n n u u , então a série 1 n n u é divergente. Se 1L , nenhuma conclusão quanto a convergência pode ser tirada do teste. No estudo da obtenção de uma solução em série de potências, vamos nos concentrar na equação diferencial ordinária de 2ª ordem: 7 2 2 1 02 ( ) ( ) ( ) 0 d y dy a x a x a x y dx dx (3) que tem coeficientes variáveis, ainda que a idéia geral, pode ser usada para equações diferenciais de qualquer ordem. Queremos obter pelo menos uma solução ( )y x , na forma de uma série de potências como: 0 0 ( ) ( )nn n y x a x x (4) onde 0x é o ponto em torno do qual queremos achar a solução. Ainda, se a função ( )y y x pode ser desenvolvida em série de Taylor nasvizinhanças de um ponto 0x do intervalo em que a equação é definida, a solução a ser determinada assumirá a forma: ( ) 2 30 0 0 0 0 0 0 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ... ( ) 1! 2! 3! ! n ny x y x y x y xy y x y x x x x x x x x x n K onde 0( )y x e os coeficientes ( ) 0 0 0 0( ), ( ), ( ),..., ( ) ny x y x y x y x se determina por n condições iniciais, e os demais, por derivação sucessiva da equação diferencial dada. Exemplo 02: Resolva o problema de valor inicial 0, 0 1, 0 1y xy y y y Solução: Pelo série de Taylor na vizinhanças 0 0x a solução é dada por (4) 2 3 4(0) (0) (0) (0)(0) 1! 2! 3! 4! y y y y y y x x x x K Sabemos que 0 1, 0 1y y . Da equação diferencial obteremos 4 4 4 0 0 0 0 1 0 1 2 0 2 0 2 0 2 2 3 0 3 0 3 2 6 0 6 y xy y y y y y y y xy y y xy y y y y y y xy y xy y y y 8 (4) 2 3 4 2 3 4(0) (0) (0) (0) 2 6(0) 1 1! 2! 3! 4! 2 6 24 y y y y x x x y y x x x x x K K R: 2 3 4 1 2 3 8 x x x y x Podemos reescrever a equação diferencial na forma padrão: 2 2 ( ) ( ) 0 d y dy P x Q x y dx dx (5) onde 1 2 ( ) ( ) ( ) a x P x a x e 0 2 ( ) ( ) ( ) a x Q x a x . Percebe-se que ( )P x e ( )Q x são funções racionais, portanto não é possível escrever a série de Taylor de uma função racional em torno dos pontos 0x que são raízes do denominador. O nosso interesse básico com relação às séries como método de resolução de equações diferenciais diz respeito à possibilidade de uma função ser escrita como série de potências, especificamente uma série de Taylor, em torno de um ponto 0x . Nem sempre isso é possível, como, por exemplo, se 0x for uma raiz, ou zero, do denominador de uma função racional como: 2 2 ( ) 1 x f x x Não é possível escrever a série de Taylor dessa função em torno do ponto 0 1x , já que este ponto é raiz do denominador. Neste caso, dizemos que a função não é analítica neste ponto, e o ponto 0x x é chamado ponto singular. Para todos os outros valores de 0x , denominamos pontos ordinários e a série de Taylor existe, e a função nestes pontos é analítica. 9 Definição 02: Função Analítica Dizemos que uma função f é analítica no ponto 0x quando ela pode ser representada por uma série de potências em 0x x com um raio de convergência positivo. Exemplos de algumas funções analíticas Série de Macalurin Intervalo de convergência 2 3 0 1 1 1 n n x x x x x 1,1 2 3 0 1 ! 1! 2! 3! n x n x x x x e n , 1 2 3 4 0 ln 1 1 1 2 3 4 n n n x x x x x x n 1,1 2 1 3 5 7 0 1 2 1 ! 3! 5! 7! n n n x x x x senx x n , 2 2 4 6 0 cos 1 1 2 ! 2! 4! 6! n n n x x x x x n , 2 1 3 5 7 0 1 2 1 3 5 7 n n n x x x x arctgx x n 1,1 Soluções em torno de Pontos Ordinários Definição 03: Pontos singulares e ordinários Dizemos que um ponto 0x é um ponto ordinário da equação diferencial (5) se P x e Q x são analíticas em 0x . Um ponto que não é um ordinário é considerado como um ponto singular da equação. 10 Exemplo: Determine todos os pontos singulares de 1(1 ) ( ) 0xy x x y senx y Solução: Dividindo a equação por x , descobrimos que: ( ) (1 ) x P x x x e ( ) ( ) sen x Q x x Os pontos singulares são aqueles em que ( )P x e ( )Q x deixam de ser analíticas. Observe que ( )P x e ( )Q x são relações das funções que são analíticas em toda a parte. Logo ( )P x e ( )Q x são analíticas exceto, talvez, quando seus denominadores são zero. Para ( )P x , isso ocorre em 0x e 1x . Mas, como podemos cancelar um x no numerador e denominador de ( )P x ,ou seja, 0 1 ( ) (1 ) 1 n n x P x x x x x , Percebe-se que ( )P x na realidade é analítica em 0x . Assim como em ( )P x , esse zero é removível, pois ( )Q x tem a expansão da série de potências 3 5 2 4...( ) 3! 5!( ) 1 ... 3! 5! x x x sen x x x Q x x x Assim, ( )Q x é analítica em toda a parte. Portanto, o único ponto singular da equação dada é 1x . Vamos analisar quando a equação diferencial (3) tem coeficientes polinomiais. Coeficientes Polinomiais Quando 2 1 0, ,a x a x a x da equação diferencial (3) são polinômios sem fatores comuns, então um ponto 0x x é: i) um ponto ordinário se 2 0 0a x ou ii) um ponto singular se 2 0 0a x 11 A distinção entre pontos ordinários e singulares é necessária para o entendimento do seguinte teorema: Teorema 02: A equação diferencial (5) tem duas soluções diferentes, LI, na forma da equação (3): 0 0 ( ) ( )nn n y x a x x desde que 0x seja um ponto ordinário. Ou seja, se 0x for um ponto ordinário de (3), através do método de séries é possível encontrar as duas soluções LI em torno de ox que formam a solução geral da equação diferencial. O que diferencia as duas soluções são os na . Exemplo 03: Consideremos a equação: 0y xy y Encontre uma solução na forma de uma série de potências. R: 2 4 3 5 0 1 1 1 1 1 1 ... ... 2 8 3 15 y a x x a x x x Solução: Como 012 xa todos os pontos x0 são pontos ordinários, em particular 00 x . Logo, a solução é da forma em série de potências 4 4 3 3 2 210 00 xaxaxaxaaxaxxay n n n n n on Assim, 1 13 4 2 321 432 n n nxnaxaxaxaay 2 22 432 11262 n n nxannxaxaay E substituindo na equação, tem-se: 12 0y xy y 01 01 1 2 2 n n n n n n n n n xaxnaxxann 01 012 2 n n n n n n n n n xaxnaxann Colocaremos a variável x na mesma potência n: 01 012 2 n n n n n n n n n xaxnaxann 012 2 01 010 2 012 2 n n n n n n n n n n n n n n n n n n xaxnaxann nporn xaxnaxannTodas as somatórias deve começar com 1n : 1, 2 1120112 2 02 01122 0122 0122 2 22 0 202 1 202 1 202 0 0 11 22 n n a a naannnaann a aaa xnaannaa xanaannaa xaaxnaxanna n n nnnn n n nn n n nnn n n n n n n n n n Assim, 824 1 4 3 0 4 02 4 1 3 a a aa a a a 13 1535 1 5 1 5 13 5 a a aa a Logo a solução geral é dado por 0 51403120 10 5 5 4 4 3 3 2 210 0 15832 a x a x a x a x a xaa xaxaxaxaxaaxay n n n _____________________________________________________________ Exemplo 04: Resolva a equação diferencial: 2( 5) 0y xy x y R: 2 4 3 5 0 1 5 33 5 17 1 ... ... 2 24 6 72 y a x x a x x x Exemplo 05: Resolva a equação diferencial: 4 0y y Note que esta equação homogênea tem coeficiente constante logo uma das soluções tem a forma xy e . Não há necessidade de resolvê-las por séries de potências mas o resultado é a mesma. R: 2 4 6 3 5 7 0 12 4 6 2 4 6 2 2 1 0 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ... ... 2 2! 2 4! 2 6! 2 3! 2 5! 2 7! 1 1 2 cos 2 ! 2 2 1 ! 2 2 2 n nn n n n y a x x x a x x x x x x x x a a C C sen n n Exemplo 06: Resolva o problema de valor inicial: ( 1) 0x y xy y , (0) 2y e (0) 6y . 14 Solução: Temos que 2 1 0 1a x x x , logo 1x é o único ponto singular e os demais são pontos ordinários, em particular tomaremos o ponto ordinário 0x . A solução é uma série de potência dada por 1 2 1 20 1n n n n n n n n n y na x y n n a xy a x Assim substituindo na equação 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0 2 0 1 2 ( 1) 0 0 1 1 0 Vamos colocar a variável x na mesma potênci 0 a: 1 1n n n nn n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n nn n x y xy y xy y x n n y y x n n a x n n a x x na x a x a x n n a x na x a x 2 0 1 1 01 2 1 01 n nn n n n n n n n nn n n an na x a xx n a x 15 01 11 1 1 0 2 0 2 2 2 1 2 2 1 1 0 2 2 1 Agora vamos colocar todas as somatórias iniciando em 1: 2 0 2 0 1 1 2 0 1 2 1 1 2 1 n n n n n n n n n nnn n n n n n n a n n a n x a a a a n na na x a a x a a n n n na x a n n a x n nn aa 2 2 1 2 1 0 0 3 2 3 0 0 0 0 4 3 2 4 1 0 2 1 1 1 1 , 1 2 2 1 1 3 6 6 2 1 4 12 12 24 24 24 n n n n n n n n a n n n a n na a n n n a a a n n n n a a a a a a a a a a a a a M Logo, a solução é da forma 2 3 4 2 3 40 0 0 0 1 2 3 4 0 1 0 2 3 4 0 1 2 3 0 1 2 6 24 1 1 1 1 2 6 24 1 1 2 6 n n n a a a y a x a a x a x a x a x a a x x x x y a x x x a x y a x x x a Pelas condições iniciais, 0 1 (0) 2 2 (0) 6 6 y a y a Portanto, 16 2 3 41 1 12 1 6 2 6 24 y x x x x Pela série de Maclaurin, 2 3 2 3 0 1 1 ! 1! 2! 3! 2 6 n x n x x x x x x e x n Podemos escrever a solução da seguinte forma 2 3 4 1 1 1 2 1 6 2 6 2 8 2 6 24 x xy x x x x x x e x x e x Outra maneira de resolver: Use a série de Taylor na vizinhanças 0 0x . A solução é dada por (4) 2 3 4(0) (0) (0) (0)(0) 1! 2! 3! 4! y y y y y y x x x x K Sabemos que 0 2, 0 6y y . Da equação diferencial obteremos 2 2 0 2 0 0 0 2 1 1 1 1 1 0 0 2 0 2 1 1 yxy y y y y x y xy y x xy y xy x xy y y y y y x x (4) 3 2 3 4 2(0) (0) (0) (0)(0) 2 6 1! 2! 3! 4! 3 y y y y x y y x x x x x x K K R: 2 31 12 1 ... 6 8 2 2 6 xy x x x x e _________________________________________________________________ Exemplo 07: Resolva o problema de valor inicial: ( 1) (2 ) 0x y x y y , (0) 2y e (0) 1y . R: 2 3 4 2 4 2 3 41 1 1 1 1 12 1 ... ... 2 2 ... 2 6 8 4 3 2 y x x x x x x x x x x 17 Exemplo 08: Resolva a equação diferencial: cos 0y x y R: 2 32 0 3 1 4 3 0 5 3 1 1 1 cos 2 6 12 20 ... 2 2 y x y a a a a x a a a x a a a x Logo: 2 4 3 5 1 0 2 1 1 1 1 1 ( ) 1 ... ( ) ... 2 12 6 30 y x a x x y x a x x x Soluções em torno de Pontos Singulares Definição 04: Considerando a equação ( ) ( ) 0y P x y Q x y , dizemos que um ponto singular 0x x é um ponto singular regular da equação se 0 1( ) ( )x x P x e 2 0 2( ) ( )x x P x forem ambas analíticas em 0x . Se pelo menos uma não for analítica, 0x é chamado de ponto singular irregular. Por exemplo, na equação diferencial: 2 2 2 1 1 0 3 3 d y dy x y dx x dx x Temos: 1 ( ) 3 P x x e 2 1 ( ) 3 x Q x x que tem um ponto singular em 0 3x . Todos os outros pontos são ordinários, e assim, se quisermos resolver a equação diferencial em torno de qualquer ponto que não seja 0 3x , podemos utilizar o método normal de séries, e determinaremos as duas soluções LI. 18 Quando queremos a solução em torno de 0 3x , que é um ponto singular, primeiro precisamos saber se ele é regular ou irregular. Neste caso calculando: 1( 3) ( ) 3 . 1 3 x P x x x 2 22 2 3 21( 3) ( ) 3 . ( 3).( 1) 3 3 3 x x Q x x x x x x x x Assim as funções são analíticas, e assim, o ponto 0 3x é singular regular. A equação diferencial: 2 2 22 1 1 0 33 d y dy x y dx dx xx Também tem um ponto singular em 0 3x . No entanto, fazendo: 2 1 0 1 1 1 ( 3) ( ) 3 . , 3 3 33 3 1 3 n n n x x P x x x xxx 2 22 2 3 21( 3) ( ) 3 . ( 3).( 1) 3 3 3 x x Q x x x x x x x x Nota-se que a 1ª função é não analítica em 0 3x , e este é um ponto singular irregular. 19 Coeficientes polinomiais Se os coeficientes da equação diferencial (3) são polinomiais sem fatores comuns a Definição 04 é equivalente ao seguinte: Seja 2 0 0a x . Reduza 1 0 2 2 e a x a x a x a x aos menores termos para formar P x e Q x , respectivamente. Se o fator 0x x aparecer no denominador de P x com multiplicidade menor ou igual a 1 e no denominador de Q x com multiplicidade menor ou igual a 2, então 0x x é um ponto singular regular. Exemplo 09: Determine os pontos singulares de cada equação diferencial. Classifique cada ponto como regular ou irregular. 1. 2 2 4 2 0x y x y y R: 2x singular regular ; 2x singular irregular 2. 22 21 1 2 0x x y x y y R: 1x singular regular ; 0x singular irregular 3. 3 2 5 0x y xy y R: 0x singular irregular 4. 2 5 0xy xy y R: 0x singular regular Quando um ponto singular é regular, emprega-se o seguinte teorema: 20 TEOREMA 03: MÉTODO DE FRÖBENIUS Se 0x é um ponto singular regular da equação diferencial 2 1 0( ) 0a x y a x y a x y então existe pelo menos uma solução na forma: 0 0 0 0 0 r n n r n n n n y x x a x x a x x (1) em torno de 0x , onde r é uma constante a ser determinada. A série convergirá pelo menos em algum intervalo 00 x x R . Para motivar o procedimento, vamos resolver a equação de Cauchy-Euler 2 0, ax y bxy cy (2) por método de Frobenius, pois escrevendo a equação na forma-padrão 2 0, b c y y y ax ax (3) temos que o fator x tem multiplicidade menor ou igual a 1 no denominador de b P x ax e multiplicidade menor ou igual a 2 no denominador de 2 c Q x ax . Logo, 0 0x é um ponto singular regular. Como a equação (2) é uma equação de Cauchy-Euler, a solução é da forma ry x , logo 1ry r x e 21 ry r r x e substituindo na equação (3), obteremos: 20 0( 1) 0 rr r p r q x onde 0 0, b c p q a a . Que gera a equação indicial: 0 0( 1) 0r r p r q (4) 21 Assim, se 1r é uma raiz de (3), então 1ry x é uma solução das equações (2) e (3). Agora propondo, de modo geral, que a equação diferencial ( ) ( ) 0y P x y Q x y (5) seja uma equação para a qual ( )x P x e 2 ( )x Q x , em vez de constantes, são funções analíticas. Ou seja, em algum intervalo aberto em torno de 0 0x , 2 1 2 0 ( ) ... no n n x P x p p x p x p x , (6) 2 2 1 2 0 ( ) ... no n n x Q x q q x q x q x (7) Segue-se de (6) e (7) que: 0 0 lim ( ) x x P x p e 2 0 0 lim ( ) x x Q x q E logo, para x próximo de zero, temos 0( )xP x p e 2 0( )x Q x q . Portanto, é razoável esperar que as soluções para (5) se comportem (para próximo de zero) como as soluções de Cauchy-Euler 2 0 0 0x y p xy q y Quando ( )P x e ( )Q x satisfazem (6) e (7), dizemos que o ponto singular em 0 0x é regular. Vamos supor que 0 0x seja um ponto singular da equação (5), de modo que ( )P x e ( )Q x satisfazem (6) e (7); ou seja, 22 1 0 ( ) nn n P x p x e 2 0 ( ) nn n Q x q x A idéia do matemático Fröbenius foi que, como as equações de Cauchy-Euler têm soluções na forma rx , então, para o ponto singular regular 0 0x , deve haver soluções para (2) na forma rx vezes uma função analítica, ou seja 0 0 r n n r n n n n y x a x a x (8) considerando que 0a é o primeiro coeficiente diferente de zero, de modo que ficamos para determinar r e os coeficientes na , 1n . Derivando (8) com relação a x , temos: 1 0 2 0 ( ) ( ) ( ) ( )( 1) n r n n n r n n y x a n r x y x a n r n r x (9) Se substituirmos tais expansões (2) e (9) em (5), obtém-se: 2 1 1 2 0 0 0 0 0 ( )( 1)( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( ) 0n r n n r n n rn n n n n n n n n n a n r n r x p x x a n r x q x x a x Agora, utilizando o produto de Cauchy para realizar as multiplicações em série e depois agrupamos potências semelhantes de x, começando com a menor potência, 2rx , encontra-se, 0 0 0( 1) 0r r p r q a (10) 23 Considerando que 0 0a , de modo que a quantidade entre colchetes deverá ser zero. Isso gera a equação indicial; ela é a mesma que derivamos para as equações de Cauchy-Euler. Casos de Raízes Indiciais Como questão de simplicidade, vamos sempre supor que 0 0x . Quando usamos o método de Frobenius, temos três casos a analisar: Caso 1: Raízes que não diferem por um inteiro Se 1r e 2r são raízes distintas e não diferem por um inteiro ( * 1 2 , , a r r a b b Z Z ), então existem duas soluções linearmente independentes para a equação 2 2 1 02 ( ) ( ) ( ) 0 d y dy a x a x a x y dx dx na forma 1 2 1 0 0 2 0 0 , 0 , 0 n r n n n r n n y a x a y b x b Exemplo 10: Resolva a equação diferencial 1. 3 0xy y y R: 2 3 2 3 2 3 1 0 2 0 1 1 1 1 1 1 ; 1 5 80 2640 8 168 y a x x x x y a x x x Solução Geral: 1 1 2 2y C y C y , onde 2 3 2 3 2 3 1 2 1 1 1 1 1 1 ; 1 5 80 2640 8 168 y x x x x y x x x 24 2. 2 1 0xy x y y R: 1 2 2 3 1 2 1 0 02 3 1 1 2 2 3 0 11 1 1 1 1 2 1 2 2! 2 3! 2 ! 1 1 1 1 2 8 48 n n n n y a x x x x a x x n a x x x x 2 3 4 2 0 0 1 2 3 40 11 1 1 1 1 1 3 1 3 5 1 3 5 7 1 3 5 7 2 1 1 1 1 1 3 15 105 n n n y a x x x x a x n a x x x x Caso 2: Raízes que diferem por um inteiro positivo Se 1 2 ,r r N N Z então existem duas soluções linearmente independentes para a equação 2 2 1 02 ( ) ( ) ( ) 0 d y dy a x a x a x y dx dx na forma 1 2 1 0 0 2 1 0 0 , 0 ln , 0 n r n n n r n n y a x a y Cy x b x b em que C é uma constante que pode ser zero. Caso 3: Raízes indiciais iguais Se 1 2r r então existem duas soluções linearmente independentes para a equação 2 2 1 02 ( ) ( ) ( ) 0 d y dy a x a x a x y dx dx na forma 25 1 1 1 0 0 2 1 0 0 , 0 ln , 0 n r n n n r n n y a x a y Cy x b x b Para encontrar a segunda solução em forma de série, podemos sempre usar o fato de que 2 1 2 1 P x dx e y y x dx y x é também uma solução para a equação ( ) ( ) 0y P x y Q x y , sempre quando 1y for uma solução conhecida. Exemplo 11: Resolva a equação diferencial 1. 3 0xy y y R: 2 31 0 2 1 1 2 1 1 1 1 1 2 19 1 ; ln 3 24 360 4 2 3 270 y a x x x y y x x y x x x x Solução geral: 1 1 2 1 1 2 1 1 2 19 ln 4 2 3 270 y C y x C y x x y x x x x onde 2 3 1 1 1 1 1 3 24 360 y x x x ____________________________________________________________________ 2. 6 3 0xy x y y R: 2 3 7 8 9 10 1 0 2 7 1 1 1 1 5 1 1 ; 2 10 120 2 36 36 y a x x x y a x x x x Solução geral: 1 1 2 2y C y C y , onde 2 3 7 8 9 10 1 2 1 1 1 1 5 1 1 ; 2 10 120 2 36 36 y x x x y x x x x _____________________________________________________________ 26 3. 4 0xy y y R: 2 3 2 31 0 2 1 1 16 1472 1 4 4 ; ln 8 20 9 27 y a x x x y y x x y x x x x Solução geral: 2 31 1 2 1 1 1472 ln 8 20 27 y C y x C y x x y x x x x onde 2 3 1 16 1 4 4 9 y x x x
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