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INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA - CADERNO PROVA 1 - GEOVANE PEIXOTO

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Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia 
Jurídica – T2A – 2017.2 
 
Sociologia 
Objeto da sociologia 
A sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições 
sociais e a sociedade. Diferentemente da psicologia, a sociologia não estuda a 
ação das pessoas isoladamente. Ou seja, trata dos comportamentos coletivos, 
através das relações que as pessoas exercem sobre si; situações cujas causas 
não são buscadas nas personalidades individuais, como, por exemplo, a 
cooperação, a competição, o conflito, a interdependência, etc. Nesse cenário, a 
sociologia tem como primeiro desafio superar a compreensão individual do ser 
humano. Assim, o objeto da sociologia é construído em torno da ideia da vida 
em coletividade e as relações travadas dentro dessa coletividade, como, por 
exemplo, padrões sociais, instituições sociais, conceito de sociedade, etc., tudo 
isso ligado às interações sociais. Vale lembrar que a sociologia é uma ciência 
do ser humano enquanto ser racional, portanto não buscará compreender os 
animais. Dessa forma, a sociologia estuda sempre o ser humano na 
coletividade, nunca em sua individualidade, seja em estudos específicos, como, 
por exemplo, a Igreja Católica, ou em estudos mais amplos, como, por 
exemplo, a sociedade brasileira. 
Apesar de tudo isso, não há um consenso entre os principais autores 
quanto ao objeto da sociologia. Para Durkheim, este objeto é constituído pelos 
fatos sociais. Por seu turno, para Marx, são as relações de produção. Para 
Weber, o objeto de estudo da sociologia é a ação social, pois, segundo ele, o 
fato social tem que ser produzido pelo ser humano, ou seja, sua ação. 
Caráter científico da sociologia 
A sociologia é conhecida como a ciência que estuda os fatos sociais, no 
entanto, nem todo estudo referente aos fatos sociais são científicos. Para que a 
sociologia apresente caráter científico, ela apresenta algumas características: 
- Clareza e precisão: ciência não pode ser dúbia, tem que gerar 
certezas. 
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- Método: aqui foi a grande contribuição de Descartes. Ele defendia que 
cada ciência só poderia ter um método, pois se você tem dois caminhos para 
chegar ao mesmo lugar, determina-se o caminho certo, eliminando os outros. 
Entretanto, para a sociologia, o estabelecimento de apenas um método limita o 
conhecimento. Assim, a sociologia admite alguns métodos, como, por exemplo, 
o experimental, o observacional, o estatístico e o comparado. 
- Objetividade: tratar os fatos sociais como coisas. A pesquisa não deve 
ser influenciada pela subjetividade do pesquisador, ou seja, deve-se excluir da 
interferência subjetiva do saber, excluir os preconceitos. Contudo, é difícil, pois 
ele faz parte da sociedade, analisando um objeto em que faz parte. 
- Verificabilidade: os conhecimentos científicos são aceitos não em 
virtude da crença que se deposita nos cientistas, mas pelo acúmulo de provas 
empíricas. Portanto, não se pode fazer ciência no plano idealista, é preciso 
haver a verificação. 
- Generalidade de proposições: a ciência não se deve preocupar com 
questões pontuais específicas. É preciso amplificar o alcance daquele 
conhecimento científico. 
- Caráter explicativo: a ciência não se limita a descrever os fenômenos, 
mas é capaz de esclarecer por que estes acontecem ou quais os fatores que 
os influenciam. 
- Abertura e revisibilidade do saber científico: se um conhecimento 
não puder ser refutado, não pertence ao domínio da ciência. Dessa forma, a 
sociologia não pode ter verdades absolutas, na medida em que existe a 
dinâmica social que pode mudar tudo no espaço e no tempo. 
Dificuldades da sociologia 
A sociologia mostra-se pobre em leis e teorias capazes de explicar e 
prever os fenômenos de maneira satisfatória. Dessa forma, apresenta algumas 
dificuldades, tais quais: 
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- Complexidade do seu objeto: como são muitos os fatores envolvidos 
na determinação de um comportamento social, torna-se difícil para a sociologia 
formular leis e teorias de amplo poder explicativo e preditivo. 
- Singularidade dos indivíduos: ouve-se dizer que “não existem duas 
pessoas iguais”. Como essa afirmação é difícil de contestar, é natural que se 
conteste também o caráter científico da sociologia em relação ao critério de 
exatidão. 
- Dificuldade para experimentação: a sociologia não pode ser 
considerada uma ciência experimental, pois na investigação dos fenômenos 
sociais, o pesquisador não dispõe do poder de introduzir modificações nos 
fenômenos que pretende investigar. 
- Subjetividade: o pesquisador, ele próprio, é objeto de investigação. 
Assim, seus preconceitos são de alguma forma transportados para os seus 
estudos. 
Período helenístico 
A sociologia encontra antecedentes no período helenístico: Platão e 
Aristóteles. Eles têm características peculiares, não eram filósofos, nem 
tampouco sociólogos, eram apenas pensadores. Ambos se preocupavam com 
a vida em sociedade. A diferença é que Platão desenvolveu um modelo de 
filosofia idealista, como pode-se perceber no conceito de “amor platônico”, que 
é o amor idealizado. Dessa forma, Platão idealiza um modelo ideal de 
sociedade, altruísta, com os interesses públicos acima dos interesses privados. 
Ou seja, uma necessidade de viver em coletividade, fator acima da 
individualidade. Por outro lado, Aristóteles leva adiante o trabalho de Platão, 
mas o modelo platônico ganha praticidade. Nesse sentido, Aristóteles busca 
entender se o modelo idealista é factível ou não factível. Busca, portanto, um 
ponto de equilíbrio entre a teoria do idealismo e a práxis, a observação 
empírica. Dessa forma, a teoria só ganha sentido se usada para avaliar a 
práxis. Com isso, Aristóteles foi a base do pensamento filosófico ocidental e, 
assim, como Platão, ele pregava que os interesses públicos devem se colocar 
acima dos interesses privados. 
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Hegel quebra com essa teoria, dizendo que o Estado é o médium entre a 
família e a sociedade. Nesse sentido, o papel do Estado é intermediar o conflito 
entre o público e o privado, não podendo, o Estado, ter nenhum interesse 
acima dele. Contudo, os sofistas alarmaram essas tensões, ao venderem seus 
conhecimentos, pois essa venda tinha como finalidade a defesa dos interesses 
privados, já que tinha que pagar para obtê-la. 
A Idade Média vem e com ela a figura forte da Igreja Católica Apostólica 
Romana. A partir daí, o conhecimento vira objeto da Igreja, ou seja, a religião 
que dirá como as coisas serão. Nessa época, os cientistas eram considerados 
bruxos. 
Nessa época, dois pensadores se destacaram: São Thomás de Aquino e 
Santo Agostinho. Eles não rompem com o catolicismo, mas buscam uma 
emancipação do homem em relação ao domínio da Igreja. 
Daí chega o renascimento, com o advento do iluminismo: luzes voltam a 
se instaurar nas trevas da Idade Média. O pensamento sociológico encontra 
seu germe efetivamente no século XVIII, com alguns pensadores: 
Montesquieu: em sua obra “O espírito das leis”, Montesquieu traz o 
trato social, chegando ao real modelo do contrato social. Busca entender a 
necessidade de uma ordem jurídica que tem como finalidade regular as 
relações entre os sujeitos, as relações intersubjetivas. Mostra, portanto, a 
importância da lei. 
David Hume: dá continuidade ao empirismo de Locke. Escreve um 
tratado da natureza humana. Constata que oser humano é condicionado à vida 
em sociedade. 
Adam Smith: é considerado o pai do liberalismo econômico. Defende 
que as nações se tornam fortes a partir do momento que essas nações 
fortalecem o comando do Estado no mercado. Nesse contexto, não é o Estado 
que deve conduzir as relações sociais e sim o mercado. Traz, portanto, a 
inversão do pensamento clássico com a inversão do interesse privado sobre o 
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público, onde este é apenas conseqüência dos interesses privados. Dessa 
forma, Smith corrobora com a ascensão da burguesia. 
Rousseau: em sua obra “O contrato social”, ele tenta estabelecer que, 
embora exista um conjunto de interesses individuais na sociedade, ela, 
enquanto conjunto, possui uma vontade própria: a vontade geral. Contudo, a 
pluralidade cultural dentro de uma sociedade faz com que fique inviável essa 
teoria de Rousseau. Ele reconhece a existência da desigualdade social, mas 
briga pela igualdade para alcançar a vontade geral. Defendia, portanto, a vida 
em sociedade como ponto máximo para a vida do ser humano e, por isso, 
contribuiu profundamente para a Sociologia. 
Entre as revoluções que exerceram mais influências na mudança do 
comportamento social destacam-se a Revolução Industrial (1750), a 
Independência das Treze Colônias Americanas (1776) e a Revolução Francesa 
(1789). Estes eventos marcaram alterações paradigmáticas no que se refere 
aos ideais de liberdade e autonomia. Os diversos momentos da revolução 
industrial marcaram rupturas com sistemas produtivos anteriores e alterações 
progressivas nos costumes e comportamentos sociais. As consequências da 
rápida industrialização tiveram no plano econômico e social pontos exitosos e 
trágicos, entre estes uma conflituosa relação entre capital e trabalho, que fez 
crescer a desigualdade social. Essas transformações colocavam a sociedade 
no plano de análise, a se constituir em problema e objeto que deveria ser 
investigado tendo a sociologia como campo científico. 
Os pais da Sociologia 
Saint-Simon: abandona a sua condição de nobre e adere ao movimento 
burguês. Concorda com a mudança de hegemonia do poder, aceitando a 
ascensão da burguesia. Estabelece um paradoxo entre socialismo x 
positivismo. A racionalidade econômica iria substituir a exploração da nobreza; 
Para isso, a ascensão da burguesia era positiva. Com isso, funda o 
industrialismo, que diz que o que importa não é a condição de nascimento, mas 
a qualificação e capacitação do sujeito. 
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No industrialismo, dois setores são fundamentais: a indústria, 
representada pelo industriário, aquele que detém os meios de produção; e o 
cientista, aquele que revoluciona os mecanismos de produção. Apesar disso, 
Simon defendia as condições convenientes de vida à classe trabalhadora, 
desenvolvendo, assim, o socialismo utópico. 
Pensamento positivista de Augusto Comte 
O pensamento de Comte é fundamental par ao pensamento em uma 
perspectiva positivista. Comte inspirou-se em Saint-Simon, o qual trabalhou 
suas ideias sem uma organização sistemática. Dessa forma, Comte sistematiza 
o pensamento de Simon. Com isso, diz que o positivismo busca a objetivação e 
sistematização do conhecimento. 
Comte traz a noção de física social. Nesse sentido, ele quis conferir ao 
conhecimento da sociedade cientificidade (sociologia). Nesse sentido, “ordem e 
progresso” é a frase característica do positivismo, momento no qual foi 
construído o nosso pavilhão. Ordem, no sentido de ordenar a vida em 
sociedade através de normas sociais. Progresso, como conseqüência da 
ordem, o qual seria o progresso da sociedade. 
Vale lembrar que o positivismo kelseniano bebe do positivismo social, 
mas ele trata as normas sociais como normas jurídicas. Kelsen queria uma 
ciência do direito. 
Por outro lado, Nietzsche chama a evolução científica de “a morte de 
Deus”. É onde acontece a separação do poder espiritual do poder temporal. É 
onde a vida em sociedade não será mais determinada pela fé. A ciência, 
portanto, ocupa o lugar da religião. Dessa forma, o que passa a dizer o que é o 
certo e o que é errado é o direito positivado, trazendo o conceito do lícito e do 
ilícito. 
Com isso, o papel da sociologia tornou-se o de aprimorar a ordem social 
para alcançar o progresso. Comte propõe a lei dos três estados, discutindo o 
fundamento da sociedade. Para ele, nós saímos de um estado de 
irracionalidade, o qual existiu quando o fundamento da sociedade era teológico, 
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para um estado de racionalidade, o positivismo. No pensamento teológico, o 
homem só consegue explicar situações mediante a crença em seres divinos. 
Este estado se divide em três estágios sucessivos: o fetichismo, o politeísmo e 
o monoteísmo. Entre esses dois estados há uma fase intermediária, que é a 
fase da metafísica ou abstrata, ou seja, o abstrato no lugar do concreto. 
Argumentação no lugar da imaginação. Caracteriza-se pela dissolução do 
teológico na ideia de subordinação da natureza e do homem ao sobrenatural. 
O pensamento positivista, por fim, traz a subordinação da imaginação à 
observação (empirismo); proposição corresponde a um fato. Abandono da 
consideração das causas dos fenômenos; é baseado na pesquisa. “Ler para 
prever” é o lema da ciência positiva. 
Comte dividiu o estudo da sociologia em estático e dinâmico. No 
estático, traz o objeto de estudo na ordem social, garantindo o funcionamento 
da sociedade. É a compreensão do todo, a partir das partes sociais. No 
dinâmico, há o interesse para o processo evolutivo da sociedade. 
OBS: Há a primazia da ordem sobre o progresso, ou seja, do estático 
sobre o dinâmico. O progresso só será aceito se tiver como fim a estabilidade 
da ordem, o seu aperfeiçoamento. 
Com isso, o positivismo deveria tornar-se a expressão do poder 
espiritual moderno. Viraria, portanto, uma “religião”, onde os valores sociais 
não devem ser vistos no plano metafísico. O poder temporal seria exercido 
pelos industriais. 
Vale lembrar que Comte se opunha ao liberalismo. Para ele, a sociedade 
se sobrepõe à economia. Dessa forma, defendia a ditadura de conteúdo 
autocrático e republicano. 
Durkheim e os fatos sociais 
Durkheim defende a sociologia deve ser compreendida a partir dos fatos 
sociais. Sua preocupação principal é o conflito entre o capital e o trabalho, no 
contexto da Segunda Revolução Industrial. Nesse contexto, o fato social parte 
da existência de conflitos sociais (não se pode dizer que bebe em Marx). A 
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preocupação central é analisar os fatos como ocorrem na sociedade. Ex: grupo 
de sem-terras ataca fazenda (fato); conflito entre sem-terras e proprietário é o 
que diz respeito à relação social, que é o que Marx vai tratar. 
Durkheim bebe do positivismo de Comte. Ou seja, não propõe quebras 
sistêmicas, propõe legitimar uma ordem. Nesse contexto, ele não quer entrar 
em confronto com o capitalismo, na medida em que prega uma teoria mais 
legitimadora, o que caracteriza mais uma diferença com Marx. 
Ponto central para Durkheim é a moral. Ele não quer saber dos 
problemas econômicos. Durkheim quer entender a crise moral da sociedade. 
Ele diz que o problema é a transição entre feudalismo e capitalismo, pois os 
fatos ocorriam em uma sociedade que estava moralmente abalada. 
No que diz respeito à sociologia como ciência, o quese tinha não era 
uma ciência moral. Durkheim lutava para dar à sociologia cientificidade; dar 
autonomia científica, estabelecendo um método sociológico sistematizado para 
estudar os fatos sociais. Ou seja, pretendia fazer da sociologia uma ciência tão 
racional e objetiva quanto à física ou biologia. Para isso, postulou como 
princípio fundamental da Sociologia que os fatos sociais devem ser 
considerados como “coisas”, assim como uma reação química é uma “coisa”, 
ou seja, algo objetivo, capaz de ser estudado. 
O modelo sociológico de Durkheim estabelece contrapondo à filosofia 
liberal ortodoxa com o predomínio do indivíduo, na medida em que ele dará 
primazia à compreensão da sociedade, dizendo que é esta, a sociedade, que 
estabelece as normas sociais e não o indivíduo. 
Durkheim não tratava da divisão do trabalho, pois isso se configuraria e 
uma preocupação mais econômica, fator este que ele não se voltava. 
Durkheim vai além da filosofia. É o considerado pai da sociologia por ter 
tentado desenvolver a sua perspectiva metodológica, fundamentada na 
sistematização. Nesse contexto, a sociologia de Durkheim não quer só pensar 
a sociedade, mas sim intervir nela. Quer criar mecanismos para resolver os 
desvios sociais. Quer permitir uma análise sociológica dos comportamentos 
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desviantes. Dessa forma, obedecendo ao sistema: estudo da sociedade – 
estabelecer padrão – observar, a partir daí, os comportamentos desviantes. 
Na sociologia de Durkheim há uma perspectiva holística. Nela, os fatos 
sociais têm existência própria e são capazes de obrigar, por influência 
coercitiva, as pessoas a se comportarem desta ou daquela maneira. Têm, 
portanto, a faculdade de constranger aqueles que não seguem as normas 
determinadas pela sociedade. Nesse contexto, os fatos sociais terão três 
características: a de coerção social, para o constrangimento; a exterioridade, 
onde os fatos sociais são definidos intersubjetivamente e não subjetivamente; e 
generalidade, os quais podem acontecer em qualquer situação dentro da 
sociedade. Exemplos simples: usar roupa de praia para ir à escola. Isso não foi 
estabelecido pelo indivíduo. A pessoa se vê na obrigação de seguir o costume 
geral. O modo de se vestir é um fato social, como também a língua, a religião, 
as leis, etc. Portanto, fatos sociais são a maneira de pensar, sentir e agir de um 
grupo social que, embora exteriores às pessoas, são introjetados no indivíduo, 
exercendo força coercitiva sobre ele. 
Durkheim foi considerado o primeiro sociólogo FUNCIONALISTA, na 
medida em que se preocupou com a função da sociedade, seus modelos 
padronizados e não com o papel individual. Estabeleceu, assim, a 
MORFOLOGIA SOCIAL, que é o estudo comparado entre as espécies sociais. 
Karl Marx 
 A partir de uma compreensão radicalmente política e científica da 
sociedade do século XIX, Marx tinha como propósito analisar criticamente a 
sociedade capitalista. Para Marx, a produção é a genealogia de toda a 
estrutura social. O seu pensamento teve grande influência na reconstrução do 
pensamento ocidental. 
Marx trata das questões morais, valorativas, na qual diz que todos têm 
valores. Nesse sentido, se perguntava: são esses valores que vão moldar a 
economia ou o contrário? Ele chegou a conclusão de que nós moldamos 
nossos valores de acordo com a economia e, portanto, as condições materiais 
determinam as condições espirituais. Processo esse que nós não percebemos. 
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A existência precede a consciência. A história é construída a partir dessa 
perspectiva e é daí que vem o materialismo histórico, o qual propõe a filosofia 
física, rompendo com o idealismo hegeliano. Portanto, o método utilizado por 
Marx foi o materialismo histórico e dialético, que se pauta no 
redimensionamento histórico para a compreensão do presente capitalista, 
assim como a dialética do argumento e do contra-argumento na construção da 
análise histórica e econômica. 
Para a estrutura da sociedade, Marx traz o conceito de infraestrutura e 
superestrutura. A primeira diz respeito à economia, produção, modo de 
produção, organização econômica da produção, enquanto a segunda consiste 
no comportamento social, política, moral, direito, artes e religião. Os dois se 
configuram no que Marx chama de relação dialética, o qual fala que não é a 
economia que dá as cartas o tempo inteiro, mas muito do que temos na 
superestrutura é consequência do modo econômico. Assim, a infraestrutura 
impõe limites na superestrutura e vice-versa. Isso se dá por conta da constante 
luta de classes, a qual hoje está desatualizada, pois antes era pautado em um 
capitalismo de produção, porém hoje vivemos em um capitalismo financeiro 
pautado no ganho do lucro sem produção. Aqui a exploração é maior. Há a 
necessidade de criar classes intermediárias que é a chamada classe média, 
entre o proletário e a burguesia. A classe média contém o embate entre o 
proletário e a burguesia. Marx quer destruir essa luta de classes e, para isso, é 
necessário passar por um regime socialista para chegar ao comunismo. 
Marx traz o conceito de alienação, que é a condição vivida pela classe 
trabalhadora. Alienação no sentido de “transferir para”. Ou seja, a venda da 
força de trabalho, gerando a sua alienação, pois ele se entrega não só na sua 
força de trabalho, mas em seus valores, passando a seguir aquilo que os 
detentores dos meios de produção impõem a ele. Dessa forma, não há tempo 
para a sua participação política, sendo conduzido por essa alienação, a qual é 
a mantededora de sua vida. De forma concisa, Marx desenvolve o conceito de 
expropriação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o 
assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção, que se 
tornaram propriedade privada do capitalista. 
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Portanto, sua teoria demonstra que, na sociedade de classes, o Estado 
representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta. 
Há duas formas do movimento socialista: a social democracia e o 
lenilismo. O primeiro é a forma de conter o econômico, promover o social, sem 
afastar o sistema capitalista; forma de conter o capitalismo liberal que entrou 
em crise. É uma postura reformadora do capitalismo. O lenilismo é uma postura 
revolucionária. Visa manter o radicalismo como sua essência de oposição ao 
capitalismo. 
A objetividade na análise sociológica em Durkheim e Marx 
Durkheim defendia que a objetividade científica só poderia ser atingida 
na sociologia, caso o sociólogo não se envolvesse com os fatos estudados, 
considerando estes como coisas externas. Era mais um ponto de divergência 
com Marx, pois para Marx, essa separação é impossível, visto que o cientista 
está envolvido pelos fatos sociais desde que nasce, sendo ele produto das 
relações sociais que o ligam a determinados grupos sociais. Marx defendia 
que a sociedade moderna está dividia em classes, como a burguesia e o 
proletariado, que brigam entre si. Essa luta de classes é resultado da divisão 
da sociedade em grupos antagônicos, sendo a história da sociedade a história 
da luta de classes. 
Durkheim, por sua vez, discordava desse pensamento marxista e 
chamava essas manifestações de “anomias”. As anomias são a perda de 
regras corretas de conduta social. Por exemplo: antagonismo entre o trabalho e 
o capital. 
Portanto, Durkheim era defensor da ordem social, enquanto que Marx 
interessava-se nas mudançase rupturas no interior da sociedade, em face da 
preservação da ordem estabelecida. Defendia, portanto, que o sociólogo não 
deveria permanecer neutro diante dos conflitos sociais, mas assumir a defesa 
do proletariado. 
Weber 
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Começa a trazer o pensamento sociológico de fato. Era liberal, o qual 
pregava que a parte prevalece sobre o todo. Seu pensamento é fruto do que os 
seus pais lhe transmitiram de herança. 
Para Weber, os métodos de investigação da Sociologia não deveriam 
seguir o caminho aberto pelas Ciências Naturais, como queria Durkheim, pois 
os fatos humanos têm também uma dimensão subjetiva, formada pela 
consciência e pelas interações das pessoas, o que não ocorre com os 
fenômenos da natureza. As dimensões subjetivas, portanto, devem ser 
compreendidas e interpretadas pela sociologia, pois a sociologia é também 
interpretativa e não somente descritiva. Sendo assim, é necessário considerar 
e interpretar o sentido que as pessoas atribuem às suas próprias atitudes. 
Contudo, a interpretação só pode ser aplicada ao comportamento humano, 
marcando a diferença entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais. 
Ação Social 
Para Weber, a ação social é a modalidade de conduta dotada de sentido 
e voltara para ação de outras pessoas. Nesse sentido, ele definia a Sociologia 
como uma ciência voltada para a compreensão interpretativa da ação social. 
Tratou, portanto, a ação social como o ponto de partida da Sociologia. 
Falava que nem toda espécie de ação era uma ação social. Por 
exemplo: o fato de duas pessoas se cruzarem na rua não se configura em uma 
ação social. Isto só aconteceria se, de alguma forma, elas interagirem entre si 
por meio do cumprimento, do diálogo, do conflito, etc. 
Tipos de ação social: 
1. Racional com relação a fins: pessoa planeja o que vai fazer para 
alcançar certos objetivos. Exemplo: aluno que estuda para passar de 
ano; 
2. Racional com relação a valores: ação baseada na crença consciente 
em valores éticos, estéticos, religiosos, independente se ela venha a 
ter êxito. Nesse contexto, não mede as consequências. Exemplo: 
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doar todo o dinheiro a uma instituição de caridade, sem se preocupar 
com a falência; 
3. Afetiva: ação determinada por afetos e estados sentimentais; 
4. Tradicional: ação determinada por um costume. 
A objetividade em Weber 
Weber discordava de Durkheim e Marx. Para o primeiro, rejeitava a ideia 
de fato social ser considerado como coisa externa às pessoas. Para o 
segundo, opunha-se à ideia de compromisso com uma classe social. 
Para Weber, é necessário separar o conhecimento científico, resultado 
de uma investigação criteriosa, dos julgamentos morais. A Sociologia não deve 
opinar se o fenômeno estudado é bom ou mau, tem que haver uma posição de 
neutralidade, de imparcialidade do sociólogo. Portanto, a Sociologia tem que 
analisar os fatos sociais com objetividade.

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