Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 Sociologia Objeto da sociologia A sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições sociais e a sociedade. Diferentemente da psicologia, a sociologia não estuda a ação das pessoas isoladamente. Ou seja, trata dos comportamentos coletivos, através das relações que as pessoas exercem sobre si; situações cujas causas não são buscadas nas personalidades individuais, como, por exemplo, a cooperação, a competição, o conflito, a interdependência, etc. Nesse cenário, a sociologia tem como primeiro desafio superar a compreensão individual do ser humano. Assim, o objeto da sociologia é construído em torno da ideia da vida em coletividade e as relações travadas dentro dessa coletividade, como, por exemplo, padrões sociais, instituições sociais, conceito de sociedade, etc., tudo isso ligado às interações sociais. Vale lembrar que a sociologia é uma ciência do ser humano enquanto ser racional, portanto não buscará compreender os animais. Dessa forma, a sociologia estuda sempre o ser humano na coletividade, nunca em sua individualidade, seja em estudos específicos, como, por exemplo, a Igreja Católica, ou em estudos mais amplos, como, por exemplo, a sociedade brasileira. Apesar de tudo isso, não há um consenso entre os principais autores quanto ao objeto da sociologia. Para Durkheim, este objeto é constituído pelos fatos sociais. Por seu turno, para Marx, são as relações de produção. Para Weber, o objeto de estudo da sociologia é a ação social, pois, segundo ele, o fato social tem que ser produzido pelo ser humano, ou seja, sua ação. Caráter científico da sociologia A sociologia é conhecida como a ciência que estuda os fatos sociais, no entanto, nem todo estudo referente aos fatos sociais são científicos. Para que a sociologia apresente caráter científico, ela apresenta algumas características: - Clareza e precisão: ciência não pode ser dúbia, tem que gerar certezas. Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 - Método: aqui foi a grande contribuição de Descartes. Ele defendia que cada ciência só poderia ter um método, pois se você tem dois caminhos para chegar ao mesmo lugar, determina-se o caminho certo, eliminando os outros. Entretanto, para a sociologia, o estabelecimento de apenas um método limita o conhecimento. Assim, a sociologia admite alguns métodos, como, por exemplo, o experimental, o observacional, o estatístico e o comparado. - Objetividade: tratar os fatos sociais como coisas. A pesquisa não deve ser influenciada pela subjetividade do pesquisador, ou seja, deve-se excluir da interferência subjetiva do saber, excluir os preconceitos. Contudo, é difícil, pois ele faz parte da sociedade, analisando um objeto em que faz parte. - Verificabilidade: os conhecimentos científicos são aceitos não em virtude da crença que se deposita nos cientistas, mas pelo acúmulo de provas empíricas. Portanto, não se pode fazer ciência no plano idealista, é preciso haver a verificação. - Generalidade de proposições: a ciência não se deve preocupar com questões pontuais específicas. É preciso amplificar o alcance daquele conhecimento científico. - Caráter explicativo: a ciência não se limita a descrever os fenômenos, mas é capaz de esclarecer por que estes acontecem ou quais os fatores que os influenciam. - Abertura e revisibilidade do saber científico: se um conhecimento não puder ser refutado, não pertence ao domínio da ciência. Dessa forma, a sociologia não pode ter verdades absolutas, na medida em que existe a dinâmica social que pode mudar tudo no espaço e no tempo. Dificuldades da sociologia A sociologia mostra-se pobre em leis e teorias capazes de explicar e prever os fenômenos de maneira satisfatória. Dessa forma, apresenta algumas dificuldades, tais quais: Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 - Complexidade do seu objeto: como são muitos os fatores envolvidos na determinação de um comportamento social, torna-se difícil para a sociologia formular leis e teorias de amplo poder explicativo e preditivo. - Singularidade dos indivíduos: ouve-se dizer que “não existem duas pessoas iguais”. Como essa afirmação é difícil de contestar, é natural que se conteste também o caráter científico da sociologia em relação ao critério de exatidão. - Dificuldade para experimentação: a sociologia não pode ser considerada uma ciência experimental, pois na investigação dos fenômenos sociais, o pesquisador não dispõe do poder de introduzir modificações nos fenômenos que pretende investigar. - Subjetividade: o pesquisador, ele próprio, é objeto de investigação. Assim, seus preconceitos são de alguma forma transportados para os seus estudos. Período helenístico A sociologia encontra antecedentes no período helenístico: Platão e Aristóteles. Eles têm características peculiares, não eram filósofos, nem tampouco sociólogos, eram apenas pensadores. Ambos se preocupavam com a vida em sociedade. A diferença é que Platão desenvolveu um modelo de filosofia idealista, como pode-se perceber no conceito de “amor platônico”, que é o amor idealizado. Dessa forma, Platão idealiza um modelo ideal de sociedade, altruísta, com os interesses públicos acima dos interesses privados. Ou seja, uma necessidade de viver em coletividade, fator acima da individualidade. Por outro lado, Aristóteles leva adiante o trabalho de Platão, mas o modelo platônico ganha praticidade. Nesse sentido, Aristóteles busca entender se o modelo idealista é factível ou não factível. Busca, portanto, um ponto de equilíbrio entre a teoria do idealismo e a práxis, a observação empírica. Dessa forma, a teoria só ganha sentido se usada para avaliar a práxis. Com isso, Aristóteles foi a base do pensamento filosófico ocidental e, assim, como Platão, ele pregava que os interesses públicos devem se colocar acima dos interesses privados. Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 Hegel quebra com essa teoria, dizendo que o Estado é o médium entre a família e a sociedade. Nesse sentido, o papel do Estado é intermediar o conflito entre o público e o privado, não podendo, o Estado, ter nenhum interesse acima dele. Contudo, os sofistas alarmaram essas tensões, ao venderem seus conhecimentos, pois essa venda tinha como finalidade a defesa dos interesses privados, já que tinha que pagar para obtê-la. A Idade Média vem e com ela a figura forte da Igreja Católica Apostólica Romana. A partir daí, o conhecimento vira objeto da Igreja, ou seja, a religião que dirá como as coisas serão. Nessa época, os cientistas eram considerados bruxos. Nessa época, dois pensadores se destacaram: São Thomás de Aquino e Santo Agostinho. Eles não rompem com o catolicismo, mas buscam uma emancipação do homem em relação ao domínio da Igreja. Daí chega o renascimento, com o advento do iluminismo: luzes voltam a se instaurar nas trevas da Idade Média. O pensamento sociológico encontra seu germe efetivamente no século XVIII, com alguns pensadores: Montesquieu: em sua obra “O espírito das leis”, Montesquieu traz o trato social, chegando ao real modelo do contrato social. Busca entender a necessidade de uma ordem jurídica que tem como finalidade regular as relações entre os sujeitos, as relações intersubjetivas. Mostra, portanto, a importância da lei. David Hume: dá continuidade ao empirismo de Locke. Escreve um tratado da natureza humana. Constata que oser humano é condicionado à vida em sociedade. Adam Smith: é considerado o pai do liberalismo econômico. Defende que as nações se tornam fortes a partir do momento que essas nações fortalecem o comando do Estado no mercado. Nesse contexto, não é o Estado que deve conduzir as relações sociais e sim o mercado. Traz, portanto, a inversão do pensamento clássico com a inversão do interesse privado sobre o Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 público, onde este é apenas conseqüência dos interesses privados. Dessa forma, Smith corrobora com a ascensão da burguesia. Rousseau: em sua obra “O contrato social”, ele tenta estabelecer que, embora exista um conjunto de interesses individuais na sociedade, ela, enquanto conjunto, possui uma vontade própria: a vontade geral. Contudo, a pluralidade cultural dentro de uma sociedade faz com que fique inviável essa teoria de Rousseau. Ele reconhece a existência da desigualdade social, mas briga pela igualdade para alcançar a vontade geral. Defendia, portanto, a vida em sociedade como ponto máximo para a vida do ser humano e, por isso, contribuiu profundamente para a Sociologia. Entre as revoluções que exerceram mais influências na mudança do comportamento social destacam-se a Revolução Industrial (1750), a Independência das Treze Colônias Americanas (1776) e a Revolução Francesa (1789). Estes eventos marcaram alterações paradigmáticas no que se refere aos ideais de liberdade e autonomia. Os diversos momentos da revolução industrial marcaram rupturas com sistemas produtivos anteriores e alterações progressivas nos costumes e comportamentos sociais. As consequências da rápida industrialização tiveram no plano econômico e social pontos exitosos e trágicos, entre estes uma conflituosa relação entre capital e trabalho, que fez crescer a desigualdade social. Essas transformações colocavam a sociedade no plano de análise, a se constituir em problema e objeto que deveria ser investigado tendo a sociologia como campo científico. Os pais da Sociologia Saint-Simon: abandona a sua condição de nobre e adere ao movimento burguês. Concorda com a mudança de hegemonia do poder, aceitando a ascensão da burguesia. Estabelece um paradoxo entre socialismo x positivismo. A racionalidade econômica iria substituir a exploração da nobreza; Para isso, a ascensão da burguesia era positiva. Com isso, funda o industrialismo, que diz que o que importa não é a condição de nascimento, mas a qualificação e capacitação do sujeito. Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 No industrialismo, dois setores são fundamentais: a indústria, representada pelo industriário, aquele que detém os meios de produção; e o cientista, aquele que revoluciona os mecanismos de produção. Apesar disso, Simon defendia as condições convenientes de vida à classe trabalhadora, desenvolvendo, assim, o socialismo utópico. Pensamento positivista de Augusto Comte O pensamento de Comte é fundamental par ao pensamento em uma perspectiva positivista. Comte inspirou-se em Saint-Simon, o qual trabalhou suas ideias sem uma organização sistemática. Dessa forma, Comte sistematiza o pensamento de Simon. Com isso, diz que o positivismo busca a objetivação e sistematização do conhecimento. Comte traz a noção de física social. Nesse sentido, ele quis conferir ao conhecimento da sociedade cientificidade (sociologia). Nesse sentido, “ordem e progresso” é a frase característica do positivismo, momento no qual foi construído o nosso pavilhão. Ordem, no sentido de ordenar a vida em sociedade através de normas sociais. Progresso, como conseqüência da ordem, o qual seria o progresso da sociedade. Vale lembrar que o positivismo kelseniano bebe do positivismo social, mas ele trata as normas sociais como normas jurídicas. Kelsen queria uma ciência do direito. Por outro lado, Nietzsche chama a evolução científica de “a morte de Deus”. É onde acontece a separação do poder espiritual do poder temporal. É onde a vida em sociedade não será mais determinada pela fé. A ciência, portanto, ocupa o lugar da religião. Dessa forma, o que passa a dizer o que é o certo e o que é errado é o direito positivado, trazendo o conceito do lícito e do ilícito. Com isso, o papel da sociologia tornou-se o de aprimorar a ordem social para alcançar o progresso. Comte propõe a lei dos três estados, discutindo o fundamento da sociedade. Para ele, nós saímos de um estado de irracionalidade, o qual existiu quando o fundamento da sociedade era teológico, Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 para um estado de racionalidade, o positivismo. No pensamento teológico, o homem só consegue explicar situações mediante a crença em seres divinos. Este estado se divide em três estágios sucessivos: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. Entre esses dois estados há uma fase intermediária, que é a fase da metafísica ou abstrata, ou seja, o abstrato no lugar do concreto. Argumentação no lugar da imaginação. Caracteriza-se pela dissolução do teológico na ideia de subordinação da natureza e do homem ao sobrenatural. O pensamento positivista, por fim, traz a subordinação da imaginação à observação (empirismo); proposição corresponde a um fato. Abandono da consideração das causas dos fenômenos; é baseado na pesquisa. “Ler para prever” é o lema da ciência positiva. Comte dividiu o estudo da sociologia em estático e dinâmico. No estático, traz o objeto de estudo na ordem social, garantindo o funcionamento da sociedade. É a compreensão do todo, a partir das partes sociais. No dinâmico, há o interesse para o processo evolutivo da sociedade. OBS: Há a primazia da ordem sobre o progresso, ou seja, do estático sobre o dinâmico. O progresso só será aceito se tiver como fim a estabilidade da ordem, o seu aperfeiçoamento. Com isso, o positivismo deveria tornar-se a expressão do poder espiritual moderno. Viraria, portanto, uma “religião”, onde os valores sociais não devem ser vistos no plano metafísico. O poder temporal seria exercido pelos industriais. Vale lembrar que Comte se opunha ao liberalismo. Para ele, a sociedade se sobrepõe à economia. Dessa forma, defendia a ditadura de conteúdo autocrático e republicano. Durkheim e os fatos sociais Durkheim defende a sociologia deve ser compreendida a partir dos fatos sociais. Sua preocupação principal é o conflito entre o capital e o trabalho, no contexto da Segunda Revolução Industrial. Nesse contexto, o fato social parte da existência de conflitos sociais (não se pode dizer que bebe em Marx). A Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 preocupação central é analisar os fatos como ocorrem na sociedade. Ex: grupo de sem-terras ataca fazenda (fato); conflito entre sem-terras e proprietário é o que diz respeito à relação social, que é o que Marx vai tratar. Durkheim bebe do positivismo de Comte. Ou seja, não propõe quebras sistêmicas, propõe legitimar uma ordem. Nesse contexto, ele não quer entrar em confronto com o capitalismo, na medida em que prega uma teoria mais legitimadora, o que caracteriza mais uma diferença com Marx. Ponto central para Durkheim é a moral. Ele não quer saber dos problemas econômicos. Durkheim quer entender a crise moral da sociedade. Ele diz que o problema é a transição entre feudalismo e capitalismo, pois os fatos ocorriam em uma sociedade que estava moralmente abalada. No que diz respeito à sociologia como ciência, o quese tinha não era uma ciência moral. Durkheim lutava para dar à sociologia cientificidade; dar autonomia científica, estabelecendo um método sociológico sistematizado para estudar os fatos sociais. Ou seja, pretendia fazer da sociologia uma ciência tão racional e objetiva quanto à física ou biologia. Para isso, postulou como princípio fundamental da Sociologia que os fatos sociais devem ser considerados como “coisas”, assim como uma reação química é uma “coisa”, ou seja, algo objetivo, capaz de ser estudado. O modelo sociológico de Durkheim estabelece contrapondo à filosofia liberal ortodoxa com o predomínio do indivíduo, na medida em que ele dará primazia à compreensão da sociedade, dizendo que é esta, a sociedade, que estabelece as normas sociais e não o indivíduo. Durkheim não tratava da divisão do trabalho, pois isso se configuraria e uma preocupação mais econômica, fator este que ele não se voltava. Durkheim vai além da filosofia. É o considerado pai da sociologia por ter tentado desenvolver a sua perspectiva metodológica, fundamentada na sistematização. Nesse contexto, a sociologia de Durkheim não quer só pensar a sociedade, mas sim intervir nela. Quer criar mecanismos para resolver os desvios sociais. Quer permitir uma análise sociológica dos comportamentos Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 desviantes. Dessa forma, obedecendo ao sistema: estudo da sociedade – estabelecer padrão – observar, a partir daí, os comportamentos desviantes. Na sociologia de Durkheim há uma perspectiva holística. Nela, os fatos sociais têm existência própria e são capazes de obrigar, por influência coercitiva, as pessoas a se comportarem desta ou daquela maneira. Têm, portanto, a faculdade de constranger aqueles que não seguem as normas determinadas pela sociedade. Nesse contexto, os fatos sociais terão três características: a de coerção social, para o constrangimento; a exterioridade, onde os fatos sociais são definidos intersubjetivamente e não subjetivamente; e generalidade, os quais podem acontecer em qualquer situação dentro da sociedade. Exemplos simples: usar roupa de praia para ir à escola. Isso não foi estabelecido pelo indivíduo. A pessoa se vê na obrigação de seguir o costume geral. O modo de se vestir é um fato social, como também a língua, a religião, as leis, etc. Portanto, fatos sociais são a maneira de pensar, sentir e agir de um grupo social que, embora exteriores às pessoas, são introjetados no indivíduo, exercendo força coercitiva sobre ele. Durkheim foi considerado o primeiro sociólogo FUNCIONALISTA, na medida em que se preocupou com a função da sociedade, seus modelos padronizados e não com o papel individual. Estabeleceu, assim, a MORFOLOGIA SOCIAL, que é o estudo comparado entre as espécies sociais. Karl Marx A partir de uma compreensão radicalmente política e científica da sociedade do século XIX, Marx tinha como propósito analisar criticamente a sociedade capitalista. Para Marx, a produção é a genealogia de toda a estrutura social. O seu pensamento teve grande influência na reconstrução do pensamento ocidental. Marx trata das questões morais, valorativas, na qual diz que todos têm valores. Nesse sentido, se perguntava: são esses valores que vão moldar a economia ou o contrário? Ele chegou a conclusão de que nós moldamos nossos valores de acordo com a economia e, portanto, as condições materiais determinam as condições espirituais. Processo esse que nós não percebemos. Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 A existência precede a consciência. A história é construída a partir dessa perspectiva e é daí que vem o materialismo histórico, o qual propõe a filosofia física, rompendo com o idealismo hegeliano. Portanto, o método utilizado por Marx foi o materialismo histórico e dialético, que se pauta no redimensionamento histórico para a compreensão do presente capitalista, assim como a dialética do argumento e do contra-argumento na construção da análise histórica e econômica. Para a estrutura da sociedade, Marx traz o conceito de infraestrutura e superestrutura. A primeira diz respeito à economia, produção, modo de produção, organização econômica da produção, enquanto a segunda consiste no comportamento social, política, moral, direito, artes e religião. Os dois se configuram no que Marx chama de relação dialética, o qual fala que não é a economia que dá as cartas o tempo inteiro, mas muito do que temos na superestrutura é consequência do modo econômico. Assim, a infraestrutura impõe limites na superestrutura e vice-versa. Isso se dá por conta da constante luta de classes, a qual hoje está desatualizada, pois antes era pautado em um capitalismo de produção, porém hoje vivemos em um capitalismo financeiro pautado no ganho do lucro sem produção. Aqui a exploração é maior. Há a necessidade de criar classes intermediárias que é a chamada classe média, entre o proletário e a burguesia. A classe média contém o embate entre o proletário e a burguesia. Marx quer destruir essa luta de classes e, para isso, é necessário passar por um regime socialista para chegar ao comunismo. Marx traz o conceito de alienação, que é a condição vivida pela classe trabalhadora. Alienação no sentido de “transferir para”. Ou seja, a venda da força de trabalho, gerando a sua alienação, pois ele se entrega não só na sua força de trabalho, mas em seus valores, passando a seguir aquilo que os detentores dos meios de produção impõem a ele. Dessa forma, não há tempo para a sua participação política, sendo conduzido por essa alienação, a qual é a mantededora de sua vida. De forma concisa, Marx desenvolve o conceito de expropriação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção, que se tornaram propriedade privada do capitalista. Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 Portanto, sua teoria demonstra que, na sociedade de classes, o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta. Há duas formas do movimento socialista: a social democracia e o lenilismo. O primeiro é a forma de conter o econômico, promover o social, sem afastar o sistema capitalista; forma de conter o capitalismo liberal que entrou em crise. É uma postura reformadora do capitalismo. O lenilismo é uma postura revolucionária. Visa manter o radicalismo como sua essência de oposição ao capitalismo. A objetividade na análise sociológica em Durkheim e Marx Durkheim defendia que a objetividade científica só poderia ser atingida na sociologia, caso o sociólogo não se envolvesse com os fatos estudados, considerando estes como coisas externas. Era mais um ponto de divergência com Marx, pois para Marx, essa separação é impossível, visto que o cientista está envolvido pelos fatos sociais desde que nasce, sendo ele produto das relações sociais que o ligam a determinados grupos sociais. Marx defendia que a sociedade moderna está dividia em classes, como a burguesia e o proletariado, que brigam entre si. Essa luta de classes é resultado da divisão da sociedade em grupos antagônicos, sendo a história da sociedade a história da luta de classes. Durkheim, por sua vez, discordava desse pensamento marxista e chamava essas manifestações de “anomias”. As anomias são a perda de regras corretas de conduta social. Por exemplo: antagonismo entre o trabalho e o capital. Portanto, Durkheim era defensor da ordem social, enquanto que Marx interessava-se nas mudançase rupturas no interior da sociedade, em face da preservação da ordem estabelecida. Defendia, portanto, que o sociólogo não deveria permanecer neutro diante dos conflitos sociais, mas assumir a defesa do proletariado. Weber Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 Começa a trazer o pensamento sociológico de fato. Era liberal, o qual pregava que a parte prevalece sobre o todo. Seu pensamento é fruto do que os seus pais lhe transmitiram de herança. Para Weber, os métodos de investigação da Sociologia não deveriam seguir o caminho aberto pelas Ciências Naturais, como queria Durkheim, pois os fatos humanos têm também uma dimensão subjetiva, formada pela consciência e pelas interações das pessoas, o que não ocorre com os fenômenos da natureza. As dimensões subjetivas, portanto, devem ser compreendidas e interpretadas pela sociologia, pois a sociologia é também interpretativa e não somente descritiva. Sendo assim, é necessário considerar e interpretar o sentido que as pessoas atribuem às suas próprias atitudes. Contudo, a interpretação só pode ser aplicada ao comportamento humano, marcando a diferença entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais. Ação Social Para Weber, a ação social é a modalidade de conduta dotada de sentido e voltara para ação de outras pessoas. Nesse sentido, ele definia a Sociologia como uma ciência voltada para a compreensão interpretativa da ação social. Tratou, portanto, a ação social como o ponto de partida da Sociologia. Falava que nem toda espécie de ação era uma ação social. Por exemplo: o fato de duas pessoas se cruzarem na rua não se configura em uma ação social. Isto só aconteceria se, de alguma forma, elas interagirem entre si por meio do cumprimento, do diálogo, do conflito, etc. Tipos de ação social: 1. Racional com relação a fins: pessoa planeja o que vai fazer para alcançar certos objetivos. Exemplo: aluno que estuda para passar de ano; 2. Racional com relação a valores: ação baseada na crença consciente em valores éticos, estéticos, religiosos, independente se ela venha a ter êxito. Nesse contexto, não mede as consequências. Exemplo: Leonardo David – 2º semestre – Introdução à Sociologia e Sociologia Jurídica – T2A – 2017.2 doar todo o dinheiro a uma instituição de caridade, sem se preocupar com a falência; 3. Afetiva: ação determinada por afetos e estados sentimentais; 4. Tradicional: ação determinada por um costume. A objetividade em Weber Weber discordava de Durkheim e Marx. Para o primeiro, rejeitava a ideia de fato social ser considerado como coisa externa às pessoas. Para o segundo, opunha-se à ideia de compromisso com uma classe social. Para Weber, é necessário separar o conhecimento científico, resultado de uma investigação criteriosa, dos julgamentos morais. A Sociologia não deve opinar se o fenômeno estudado é bom ou mau, tem que haver uma posição de neutralidade, de imparcialidade do sociólogo. Portanto, a Sociologia tem que analisar os fatos sociais com objetividade.
Compartilhar