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Didática: Uma Reflexão Sobre a Didática e a Formação do Professor Por Cleyde Anne de Almeida Souza

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UMA REFLEXÃO SOBRE A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR 
 Publicado em 09 de Abril de 2011 por Cleyde Anne de Almeida Souza 
 
 A didática constitui-se em uma área de estudo de fundamental 
importância à formação de educadores, visto que ela possibilita fornecer bases 
teóricas para que estes possam atuar diante das mais diversas situações 
práticas de ensino, correspondendo assim uma dos pilares básicos para á prática 
docente. As primeiras abordagens a cerca da didática surgem quando Comenius 
escreveu a Didática Magna, instituindo-a como "arte de ensinar tudo a todos", na 
tentativa de propor reflexões e métodos que auxiliassem no processo de ensino 
e aprendizagem. Mas, o que de fato caracteriza e /ou define a Didática? Dentre 
as várias definições existentes, convém citar Libâneo (2002), que define a 
didática como uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, 
no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se 
relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos 
alunos uma aprendizagem significativa. Contudo, numa perspectiva histórica, 
houve uma diversidade de tipos de mediação didática que caracterizou cada uma 
das tendências pedagógicas, entendendo a didática como a "área que cuida dos 
objetivos, condições e modos de realização do processo de ensino"(LIBÂNEO, 
2002). A Tendência Tradicional jesuítica, por exemplo, a primeira que se 
estabeleceu no Brasil, tinha como base a transmissão de conhecimentos, 
concebendo alunos (as) como seres passivos e o professor como figura básica 
do processo ensino-aprendizagem. A partir dessa, outras tendências foram se 
constituindo, embora muito ainda se perceba dessa no cenário educacional 
atual. A tendência escola-novista representou significativa influência nos rumos 
da educação, ao considerar o professor como um orientador da aprendizagem, 
deixando assim de ser o detentor do saber, sob intenção de uma relação mais 
dialética entre professor e alunos, na qual a criança passa a ser o centro do 
ensino, ao passo que é considerada um ser ativo no processo de ensino. Em 
outro momento, nasce a tendência tecnicista que reduz o ensino à tarefa de 
instrução, ou seja, busca-se ajustar os objetivos de ensino às exigências do 
sistema, dando ênfase aos meios para garantir os resultados e conteúdos 
desvinculados de contexto. Paulo Freire abriu espaço para a identificação de 
uma mediação didática em que, no processo de ensino e aprendizagem, fossem 
privilegiadas ativas discussões, a partir de temas geradores, voltando à ação 
pratica para a reflexão a respeito da realidade social imediata, bem como 
valorizando os relatos de experiências vividas. A palavra chave dessa Tendência 
Libertadora é diálogo e, se contrapõe à cultura pedagógica verbalista da 
tendência tradicional, a qual denominou de "educação bancária" ? Deposito de 
conteúdos para posterior saque. Em oposição às tendências tradicionais acima 
descritas, surge à tendência critico social dos conteúdos, a qual teve como 
alguns dos seus sistematizadores Derneval Saviani e José Carlos Libâneo. 
Conforme esta tendência cabe à escola cumprir sua função social e política de 
assegurar a difusão dos conhecimentos sistematizados para tornar efetiva 
participação do povo nas lutas sociais. Porém, havia a ênfase na 
contextualização, ou seja, selecionavam-se os conteúdos conforme sua utilidade 
para orientar o aluno (a) à aplicabilidade na vida prática. A crítica que se tem a 
cerca dessa tendência é a supervalorização da importância da transmissão do 
conteúdo sistematizado. Assim, é possível perceber que para cada momento, 
novas propostas de mediação didática emergiram, percorrendo a didática assim, 
um longo e diferenciado contexto histórico que, inclusive, sempre esteve 
relacionada ao modelo econômico vigente. Na verdade, de todas as tendências 
pedagógicas que foram surgindo, apenas a escolanovista levou um pouco em 
consideração os processos cognitivos do educando e tentava compreender o 
processo de aprendizagem, ao voltar à atenção para uma aprendizagem mais 
significativa e ter o professor como mediador dos saberes. Então, só após o 
surgimento das teorias construtivista e sociointeracionista a mediação didática 
recebe um novo direcionamento, ainda assim, suscetível aos equívocos 
pedagógicos. Em um dado momento histórico educacional, a didática foi 
instituída como curso e disciplina essencial à formação docente, porém seu foco 
sempre esteve voltado às técnicas e métodos. É sabido que, na formação dos 
educadores, a didática deve ser uma disciplina que vise estudar os aspectos que 
fazem parte do processo de ensino aprendizagem e seus determinantes, 
levando em consideração, finalidades, conteúdos, métodos, avaliação e outros 
elementos, em outras palavras a didática estabelece a mediação entre o que e 
a quem ensinar, como e para que ensinar, provendo-os assim, de conhecimentos 
específicos necessários à ação docente. Contudo mesmo com o passar dos 
anos, nota-se ainda a não obtenção de sucesso com a disciplina e, sim, um 
acentuado distanciamento entre teoria e pratica. Na atualidade, autores como 
Vera M. Candau e Ilma P. A. Veiga discutem a "fragmentada" formação que 
muitos professores têm recebido, na qual se percebe que professores não 
possuem os conhecimentos necessários para a sua atuação profissional, pelo 
fato de não compreenderem a importância da didática, bem como dos conteúdos 
e sua aplicabilidade no espaço formal. Dessa forma, a necessidade real é 
possibilitar maior aproximação entre teoria e pratica, de forma que os cursos de 
formação de educadores repensem o repertorio de conhecimentos, baseando-
se no estudo dos saberes profissionais dos mesmos, pois conforme Veiga 
(2006a) "há um reducionismo técnico da didática orientada pelos documentos 
legais que norteiam a formação de professores". Como afirma Tardif (2000), os 
saberes profissionais, na ação, assumem significado e utilidade, além de 
possuírem algumas características, ou melhor, considera-os: Temporais ? 
Adquiridos através do tempo; plurais e heterogêneos? Não formam um repertorio 
de conhecimentos unificados e a ação e orientada por objetivos diversos; 
personalizados e situados? Os saberes são subjetivados, o que implica a 
dificuldade de dissociação da pessoa de sua experiência. Além disso, o referido 
autor aponta possíveis motivos para a crise do profissionalismo: crise da perícia 
(técnicas, estratégias) profissional, impacto na formação, crise do poder 
profissional e da confiança do público e crise da ética profissional. Aspectos 
relacionados à crise da qual Tardif (2000) se refere é perceptível, no contexto 
contemporâneo, principalmente, quando diante dos novos desafios que são 
propostos à escola, não é sabido como lidar nem o que fazer. Alguns temas e 
algumas situações exigem dos docentes diferenciadas posturas e habilidades, 
mas então nos questionamos: Até que ponto a formação desses docentes tem 
contemplado o que de fato se necessita na prática? Como associar teoria e 
prática, se os conhecimentos universitários se encontram distanciados dos 
saberes profissionais? Por que um estagiário ou mesmo um recém-egresso da 
universidade ao se deparar com o espaço formal de ensino percebem que muitos 
desses conhecimentos não se aplicam bem na ação cotidiana? Como exemplo, 
é plausível citar um episódio em que uma professora de 3ª serie, atual 4º ano da 
escola municipal Pedra que brilha, chegou até a coordenação da escola 
angustiada porque precisava trabalhar expressão numérica com os alunos, mas 
ela sempre teve dificuldades para lidar com este conteúdo e facilitar a 
compreensão pelos mesmos. Diante dessa situação, lhe foi sugerida uma 
atividade, na qual se desenvolvia um jogo da tabuada com a turma dividida em 
dois grupos, e para cada acerto o aluno ganhava uma cédula de dinheirinho(poderia combinar os valores por rodada). A final problematizar: O que fazer para 
descobrir com quantos R$ cada grupo ficou? À professora caberia estimular os 
alunos a perceberem que poderiam identificar quantas cédulas de cada valor 
tinham para multiplicar e somar os resultados, sempre provocando reflexões. A 
proposta, em si, era para que os alunos percebessem a expressão numérica 
como um conjunto de operações e que precisa ser resolvida por etapas. Após 
aplicação da atividade, a professora em um encontro com a coordenação 
pedagógica relatou que ela havia aprendido o que nunca aprendera antes: como 
ensinar expressões numéricas. Ações como esta se transformam em saberes 
profissionais! Atualmente, é possível "identificar dois fatores que representam 
enormes desafios tanto para a didática quanto para o sistema de ensino, a 
legislação educacional brasileira e a política neoliberal", (BARADEL, 2007). A 
política neoliberal influencia diretamente no sistema educacional, pois falta uma 
preocupação com a formação crítica e contextualizada e, por isso, dá-se 
continuidade à formação docente desvinculada do contexto social e sob caráter 
meramente técnico, através da inculcação de ideologias e não da reflexão crítica 
que possibilite a transformação e, ao mesmo tempo, proporcione o diálogo entre 
teoria e pratica. Cabe aos educadores, assumir-se profissionalmente tendo 
clareza da sua função, contribuindo para uma possível melhoria da qualidade de 
ensino. Neste sentido, é necessário que o professor tenha em sua formação 
profissional as duas dimensões para o trabalho em sala de aula definidas por 
Libâneo como "teórico-cientifica e a prática docente". Portanto, a didática oferece 
subsídios importantes ao se constituir como mediadora no espaço acadêmico 
entre o saber construído na universidade e o saber profissional construído no 
espaço escolar com a atuação docente. O grande desafio dos professores seja 
no espaço de formação, seja no espaço de atuação profissional, é compreender 
a Didática como base do fazer pedagógico. Não se pode negar que muitos 
docentes buscam melhorar seus métodos e práticas pedagógicas para alcançar 
resultados satisfatórios, porém, muitas vezes essa mudança não acontece, pois 
não há conexão entre os conhecimentos teórico-científicos e a prática docente, 
uma vez que muitas lacunas são deixadas durante a formação. Luckesi (2004, 
p.32) faz uma crítica ao modo como à Didática vem sendo ensinada "acentua o? 
senso comum ideológico dominante? que perpassa a nossa prática educacional 
diária, seja por um descuido de uma compreensão filosófica do mundo e do 
educando, seja pela não compreensão de uma teoria do conhecimento norteador 
da prática educativa, seja pelo mal entendimento de um material didático, que, 
de subsidiário do ensino e da aprendizagem, passa a ocupar um papel central e 
transmissor de conteúdos e, implicitamente, de ideologias oficiais" Concluindo, 
faz-se necessário um novo olhar sobre a Didática, entendendo-a como uma 
ponte que liga a teoria a prática, algumas reflexões sobre o papel das instituições 
de formação dos educadores e o papel do professor no espaço de sua atuação 
profissional. É importante que o professor se reconheça como um profissional da 
educação e busque sua formação continuada, não apenas para obter 
certificados ou títulos, mas com o intuito de didaticamente avaliar e ressignificar 
os conhecimentos teórico-científicos e aplicá-los na sua prática pedagógica. 
Referencias 
ARRUDA, Robson Lima de. Didática E Formação Docente: Algumas 
Reflexões. Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/didatica-
e-formacao-docente-algumas-reflexoes-1410775.html Acesso em 05 de abril de 
2011. CANDAU, Vera Maria (Org.). Rumo a uma nova Didática. In: A Revisão da 
Didática. 12 edição. Editora Vozes. 1988 ______. A Didática em Questão. In: 
LUCKESI, Cipriano Carlos. O papel da didática na formação do educador. 20 
edição. Editora Vozes. BARADEL, Carina de Barros. Didática: contribuições 
teóricas e concepções de professores. BAURU, 2007 LIBÂNEO. José Carlos. 
Didática: velhos e novos temas. Edição do Autor: 2002. Disponível em < 
http://gtdidatica.sites.uol.com.br/textos/libaneo.pdf> Acesso em 27 De março de 
2011. VEIGA, I.P. A. Repensando a Didática. 23. ed. Campinas, Papirus, 2006 
a. TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos 
universitários - Elementos para uma epistemologia da prática Profissional dos 
professores e suas consequências em relação à formação para o magistério. 
Disponivel em Acesso em 05 de abril de 2011. 
Revisado por Editor do Webartigos.com 
 
 
Leia mais em: http://webartigos.com/artigos/uma-reflexao-sobre-a-didatica-
e-a-formacao-do-professor/63342#ixzz4qm3UNJ17

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