Buscar

DSBC A LÍNGUA FALADA

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
*
*
*
*
1) Resulta de um diálogo em presença (sendo, portanto, rica em descontinuações) e apresenta, como consequências: 
*
*
unidades discursivas de tópico não lexicalizado
L1 – mas como tá demorando hoje ... hein?
L2 – só :: ... e quando chega ... ainda vem todo sujo ... fedorento ... 
L1 – isso sem falar no preço ... que sobe todo mês ... sem nenhuma vantagem pra gente ...
*
*
elipses de constituintes (omissão de categorias sintáticas, de constituintes do sintagma nominal e de categorias funcionais)
bom ... a cozinha também Ø estilo moderno (omissão da preposição “em”)
*
*
e então entram essas máquinas grandes que
limpam a terra, tiram essas ... Ø e Ø formam
ei/leiras ... leiras ... são ... é o seguinte ... Eles
empurram Ø e vão empurrando toda essa ...
essas plantações que têm ... (elidiu-se o núcleo
do SN, o sujeito e o OD)
*
*
2) Documenta dois momentos fundamentais da linguagem: planejamento e execução
*
*
ela está com três anos e pouco e ainda não fala
... então faz reeducação reeducação não
exercícios (nega-se o argumento do verbo)
L1 - que te aconteceu ontem à noite?
L2 – bem ... não ... um ladrão me ameaçou com
o revólver (nega-se um N não verbalizado)
*
*
anacolutos
cada um já fica mais ou menos responsável por si pelo menos ... por si ... fisicamente né? De higiene ... de ... trocar roupa ... todo esse negócio 
(temos aqui dois SPs não governados pelo verbo anterior)
*
*
TÓPICO DISCURSIVO - aquilo acerca do que se está falando
“é uma atividade construída cooperativamente,
isto é, há uma dependência – pelo menos parcial – de objetivos entre os interlocutores” (FÁVERO: 2007, 39)
*
*
Para que haja o desenvolvimento de um tópico, é necessário que falante ouvinte atentem para alguns pré-requisitos mínimos:
 o falante precisa garantir a atenção do ouvinte, articulando bem a sua fala e construindo seus enunciados de tal forma que o ouvinte identifique os elementos do tópico e estabeleça relações que colaborem na instauração do mesmo.
 o ouvinte precisa prestar atenção no que o falante diz, decodificar os elementos (objetos, ideias, indivíduos etc) que têm função no desenvolvimento do tópico e identificar as relações que se dão entre os referentes do mesmo
*
*
A digressão pode ser definida como uma porção de conversa que não se acha diretamente relacionada com o tópico em andamento. 
Para analisá-la, é preciso observar em que condições um desvio tópico origina uma mudança, uma evolução natural ou uma digressão. 
Em geral, as digressões são introduzidas sem qualquer marca formal, mas podem vir com algum tipo de marcador como, por exemplo, a propósito, isso me lembra que. Esse marcador ou operador de digressão permite, logo após o trecho digressivo, a volta ao tópico anterior bem como a continuidade de novas propostas.
*
*
Elemento constitutivo do processo interacional, pelo qual o interlocutor contribui com direito a tomar a palavra e participar da conversação.
Qualquer intervenção dos falantes, com ou sem caráter referencial, no decorrer da conversação.
*
*
A ideia de turno está ligada às várias situações em que os membros de um grupo se alternam ou se sucedem na consecução de um objetivo comum: jogo de xadrez, corrida de revezamento, mesa-redonda, de acordo com Preti (2003). Assim, na análise da conversação, podemos entender turno como aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo também a possibilidade de silêncio. O turno refere-se a qualquer intervenção do interlocutor.
*
*
As diferentes formas de participação (turnos) demonstram, da parte de quem fala, o desejo de ser ouvido, e, da parte de quem ouve, a predisposição para ouvir e compreender. Essa participação é indicada não só por meio linguístico (palavras ou expressões, elementos não-lexicalizados; marcadores supra segmentais), como também por meios cinésicos ou gestuais (gestos, expressões faciais, riso), e essas duas classes de meios situam igualmente como sinais de orientação e de verificação do canal. Todos esses sinais são indispensáveis para uma boa interação falante/ouvinte e a falta dos mesmos acaba por interferir negativamente na própria interação.
*
*
SIMETRIA: os interlocutores contribuem igualmente para o desenvolvimento do tópico conversacional (assunto) e para a iniciação de novos tópicos.
ASSIMETRIA: um dos interlocutores desenvolve um papel diferenciado efetivamente desenvolvendo o tópico enquanto o outro apenas acompanha o que está sendo dito
*
*
NUCLEAR: O turno nuclear “possui um valor referencial nítido, ou seja, que veicula informações”. É o turno nuclear que efetivamente desenvolve o tópico conversacional. São turnos nucleares todos aqueles que trazem algo de novo a conversação.
INSERIDO: “não tem um caráter referencial, ou seja, não desenvolve o tópico”. Tem como função apenas demonstrar que o interlocutor que não está de posse do turno naquele momento “acompanha, monitora e vigia” o que o outro interlocutor está dizendo. 
*
*
PASSAGEM: Na passagem do turno “a colaboração do outro interlocutor é implícita ou explicitamente solicitada”. 
TIPOS DE PASSAGEM
REQUERIDA: A passagem requerida é assinalada pelo falante por uma pergunta direta ou pela presença de marcadores que testam a atenção ou buscam a confirmação do ouvinte com: né?, não é?, sabe?, entende?, onde a interrogação é a solicitação mais explícita endereçada ao ouvinte que, por isso mesmo, intervém com um turno nuclear ou inserido.
*
*
CONSENTIDA: essa modalidade corresponde a uma entrega implícita, o ouvinte intervém e passa a deter o turno, sem que o concurso tenha sido diretamente solicitado. Nesse caso, o lugar relevante para a transição é assinalado pelo final de uma frase declarativa.
ASSALTO: O assalto ao turno é marcado pelo fato de o ouvinte intervir sem que a sua participação tenha sido direta ou indiretamente solicitada. Em outras palavras, o ouvinte “invade” o turno do falante fora de um lugar relevante de transição, por isso o assalto apresenta uma violação do princípio básico da conversação, conforme o qual apenas um dos interlocutores deve falar por vez.
*
*
 vocábulos ou expressões fixas e estereotipadas, que podem ser desprovidos de seu conteúdo semântico e de função sintática, e que permitem ao falante tomar e iniciar o turno, mantê-lo e encerrá-lo, bem como envolver os parceiros na conversação. São elementos típicos da fala, que funcionam como articuladores das unidades cognitivo-informativas do texto e como elementos orientadores da interação.
*
*
AS GRAMÁTICAS TRADICIONAIS NÃO CONTEMPLAM OS MCs. POR NÃO SE ENQUADRAREM NOS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS 10 CLASES DE PALAVRAS, ALGUNS DESSES ELEMENTOS, QUANDO LEXICALIZADOS, RECEBERAM NA NGB A CLASSIFICAÇÃO DE “PALAVRAS DENOTATIVAS”.
SAID ALI, EM 1930, CHAMOU A ATENÇÃO PARA ESSES ELEMENTOS, DENOMINANDO-OS DE “EXPRESSÕES DE SITUAÇÃO”:
TRATA-SE DE PALAVRAS, EXPRESSÕES OU FRASES, TÍPICAS DA LÍNGUA FALADA, E, EM PARTICULAR, DA CONVERSAÇÃO ESPONTÂNEA; 
PARECEM, MAS NÃO SÃO, DESCARTÁVEIS, DISCURSIVAMENTE FALANDO; 
SÃO ALHEIAS, TALVEZ À PARTE INFORMATIVA. ENTRETANTO FUNCIONAM COMO EXPRESSÕES DAS INTENÇÕES CONVERSACIONAIS DO FALANTE;
SÃO DETERMINADAS PELA SITUAÇÃO FACE A FACE DOS INTERLOCUTORES.
*
*
*
*
Os marcadores conversacionais sustentam o turno, preenchem silêncios, monitoram o ouvinte, marcam unidades temáticas, indicam início e fim de asserções, dúvidas, indagações, antecipam o que será dito, corrigem ou apagam posições anteriores, reorganizam e orientam o discurso. Quando partem do ouvinte, orientam o falante, monitoram-no quanto à recepção e possível concordância, reformulam ou adicionam elementos à comunicação; encorajam, desencorajam e solicitam esclarecimentos.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes