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Redações Nota 1000 
Coletânea com as melhores redações de 2014 
 
 
Tema - ​"Publicidade infantil em questão no Brasil"​. 
10 redações que obtiveram nota 1000 
 
 
1 - ​Antônio Ivan Araújo​, Ceará 
 
A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por considerável 
aumento no número de vendas de produtos e serviços direcionados às crianças. No Brasil, 
o debate sobre a publicidade infantil representa uma questão que envolve interesses 
diversos. Nesse contexto, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de 
campanhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem ser 
prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e emocionais. 
Em primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao público mais jovem 
podem influir nos hábitos alimentares, podendo alterar, consequentemente, o 
desenvolvimento físico e a saúde das crianças. Os brindes que acompanham as refeições 
infantis ofertados pelas grandes redes de lanchonetes, por exemplo, aumentam o consumo 
de alimentos muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas crianças, interessadas nos 
prêmios. Esse aumento da ingestão de alimentos pouco saudáveis pode acarretar o 
surgimento precoce de doenças como a obesidade. 
Em segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estímulo ao 
consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinquedos e aparelhos eletrônicos 
modifica os hábitos comportamentais de muitas crianças que, para conseguir acompanhar 
as novas brincadeiras dos colegas, pedem presentes cada vez mais caros aos pais. Quando 
esses não podem compra-los, as crianças podem ser vítimas de piadas maldosas por parte 
dos outros, podendo também ser excluídas de determinados círculos de amizade, o que 
prejudica o desenvolvimento emocional e psicológico dela. 
Em decorrência disso, cabe ao Governo Federal e ao terceiro setor a tarefa de 
reverter esse quadro. O terceiro setor – composto por associações que buscam se organizar 
para conseguir melhorias na sociedade – deve conscientizar, por meio de palestras e 
grupos de discussão, os pais e os familiares das crianças para que discutam com elas a 
respeito do consumismo e dos males disso. Por fim, o Estado deve regular os conteúdos 
veiculados nas campanhas publicitárias, para que essas não tentem convencer pessoas que 
ainda não têm o senso crítico desenvolvido. Além disso, ele deve multar as empresas 
publicitárias que não respeitarem suas determinações. Com esses atos, a publicidade 
infantil deixará de ser tão prejudicial e as crianças brasileiras poderão crescer e se 
desenvolver de forma mais saudável. 
 
 
1 
 
2 - ​Dandara Luíza da Costa​, Pernambuco 
 
Por um bem viver 
'O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças'. A frase do 
sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as 
questões referentes à infância. Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de 
publicidade infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos pequenos e 
do Brasil. 
É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infância muda o foco 
das crianças do que realmente é necessário para sua faixa etária. Tal situação torna essas 
crianças pequenos consumidores compulsivos de bens materiais, muitas vezes 
desapropriados para determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial, 
passada através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova disso são 
os dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças preferirem se divertir com 
os objetos divulgados nas propagandas, tornando notório que a relação entre ser humano e 
consumo está “nascendo” desde a infância. 
É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está atrelado ao tipo que 
infância que está sendo construída na atualidade. Essa relação existe porque um país 
precisa de futuros adultos conscientes, tanto no que se refere ao consumo, como às 
questões políticas e sociais, pois a atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar 
adultos alienados e somente preocupados em comprar. Assim, a ideia do líder Gandhi de 
que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de 
que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças 
devem lidar da melhor forma com o consumismo. 
Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia de 
maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil. É preciso que o governo 
atue iminentemente nesse problema através da aplicação de multas nas empresas de 
publicidade que ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente pelo 
Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas crianças sejam 
estimuladas pelos pais e pelas escolas a terem um maior hábito de ler, através de 
concessões fiscais às famílias mais carentes, em livrarias e papelarias, distando um pouco 
do padrão consumista atual, a fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais 
conscientes. Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”. 
 
 
2 
 
3 - ​Giovana Lazzaretti Segat​, Rio Grande do Sul 
 
Criança: futuro consumidor 
A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Disseminada em todos os 
meios de comunicação, a ampla visibilidade publicitária atinge seu principal objetivo: expor 
um produto e explicar sua respectiva função. No entanto, essa mesma função é distorcida 
por anúncios apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a compra, atingindo 
principalmente as crianças. 
As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos 
animados e trilhas sonoras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. 
Dessa maneira, as indústrias acabam compartilhando seus espaços; como exemplo as 
bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta de 
discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a 
OMS, no Reino Unido há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe 
parcialmente – em que comerciais são proibidos em certos horários -, e a que personagens 
famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos infantis. Já no Brasil há a 
autorregulamentação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo, 
sem legislação específica. 
A relação entre pais, filhos e seu consumo se torna conflituosa. As crianças perdem 
a noção do limite, que lhes é tirada pela mídia quando a mesma reproduz que tudo é 
possível. Como forma de solucionar esse conflito, o governo federal pode criar leis rígidas 
que restrinjam a publicidade de bens não duráveis para crianças. Além disso, as escolas 
poderiam proporcionar oficinas chamadas de “Consumidor Consciente” em que diferenciam 
consumo e consumismo, ressaltando a real utilidade e a durabilidade dos produtos, com a 
distribuição de cartilhas didáticas introduzindo os direitos do consumidor. Esse trabalho 
seria efetivo aliado ao diálogo com os pais. 
Sérgio Buarque de Hollanda constatou que o brasileiro é suscetível a influências 
estrangeiras, e a publicidade atual é a consequência direta da globalização. Por conseguinte 
é preciso que as crianças, desde pequenas, saibam diferenciar o útil do fútil, sendo 
preparados para analisar informações advindas do exterior no momento em que observarem 
as propagandas." 
 
 
 
3 
 
4 - ​Júlia Neves Silva Dutra​, Minas Gerais 
 
A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante o século XVIII, 
trouxe a necessidade de um mercado consumidor cada vez maior em função do aumento de 
produção. Para isso, o investimento em publicidade tornou-se um fator essencial para 
ampliar as vendas das mercadorias produzidas. Na sociedade atual, percebe-se as criançascomo um dos focos de publicidade. Tal prática deve ser restringida pelo Estado para 
garantir que as crianças não sejam persuadidas a comprar determinado produto. 
A partir da mecanização da produção, o estímulo ao consumo tornou-se um fator 
primordial para a manutenção do sistema capitalista. De acordo com Karl Marx, filósofo 
alemão do século XIX, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a 
mercadoria: constroi-se a ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do 
produto. Assim, as crianças tornaram-se um grande foco das empresas por não possuírem 
elevado grau de esclarecimento e por serem facilmente persuadidas a realizarem 
determinada ação. 
Para atingir esse objetivo, as empresas utilizam da linguagem infantil, de 
personagens de desenhos animados e de vários outros meios para atrair as crianças. O 
Conselho Nacional de Direitos de Criança e do Adolescente aprovou uma resolução que 
considera a publicidade infantil abusiva, porém não há um direcionamento concreto sobre 
como isso vai ocorrer. É imprescindível uma maior rigidez do Estado sobre as campanhas 
publicitárias infantis, pois as crianças farão parte do mercado consumidor e devem ser 
educadas para se tornarem consumidores conscientes. 
Logo, o Estado deve estabelecer um limite para os comerciais voltados ao público 
infantil por meio da proibição parcial, que estabelece horários de transmissão e faixas 
etárias. Além disso, o uso de personagens de desenhos animados em campanhas 
publicitárias infantis deve ser proibido. Para efetivar as ações estatais, instituições como a 
família e a escola devem educar as crianças para consumirem apenas o que é necessário. 
Apenas assim o consumo consciente poderá se realizar a médio prazo. 
 
 
 
4 
 
5 - ​Lucas Almeida Francisco​, Sergipe 
 
A publicidade infantil tem sido pauta de discussões acerca dos abusos cometidos no 
processo de disseminação de valores que objetivam ao consumismo, uma vez que a 
criança, ao passar pelo processo de construção da sua cidadania, apropria-se de elementos 
ao seu redor, que podem ser indesejáveis à manutenção da qualidade de vida. 
O sociólogo Michel Foucault afirma que 'nada é político, tudo é politizável, tudo pode 
tornar-se político'. A publicidade politiza o que é imprescindível ao consumidor à medida que 
abarca a função apelativa associada à linguagem empregada na disseminação da imagem 
de um produto, persuadindo o público-alvo a adquiri-lo. 
Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códigos e as 
características do cotidiano da criança, isto é, assumem o habitus – conceito de Pierre 
Bourdieu, definido como 'princípios geradores de práticas distintas e distintivas' – típico 
dessa faixa etária: o desenho animado da moda, o jogo eletrônico socialmente 
compartilhado, o brinquedo de um famoso personagem da mídia, etc. 
Por outro lado, a criança necessita de um espaço que a permita crescer de modo 
saudável, ou seja, com qualidade de vida. Os abusos publicitários afetam essa prerrogativa: 
ao promoverem o consumo exarcebado, causam dependência material, submetendo 
crianças a um círculo vicioso de compras, no qual, muitas vezes, os pais não podem 
sustentar. A felicidade é orientada para um produto, em detrimento de um convívio social 
saudável e menos materialista. 
De modo a garantir o desenvolvimento adequado da criança e diminuir os abusos da 
publicidade, algumas medidas devem ser tomadas. O governo deve investir em políticas 
públicas que atuem como construtoras de uma 'consciência mirim', através de meios 
didáticos a fomentar a imaginação da criança, orientando-a na recepção de informações que 
a cercam. Em adição, os pais devem estar atentos aos elementos apropriados pelos seus 
filhos em propagandas, estimulando o espírito crítico deles, a contribuir para a futura 
cidadania que os espera. 
 
 
 
 
5 
 
6 - ​Lucas Santos Barbosa​, Alagoas 
 
Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo econômico 
capitalista, cresce no mundo o consumismo desenfreado. Entretanto, as consequências 
dessa modernidade atingem o ser humano de maneira direta e indireta: através da 
dependência por compras e impactos ambientais causados por esse ato. Nesse sentido, por 
serem frágeis e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças tornaram-se 
um alvo fácil dos atos publicitários. 
Por ser uma questão de cunho global, as ações de propagandas infantis também 
são vivenciadas no Brasil. Embora a economia passe por um período de recessão, a 
vontade de consumir pouco mudou nos brasileiros. Com os jovens não é diferente, 
influenciados, muitas vezes, por paradigmas de inferioridade social impostos tanto pela 
mídia, quanto pela sociedade, além de geralmente serem desprovidos de uma educação de 
consumo, tornam-se adultos desorganizados financeiramente, ao passo que dão 
continuidade a esse ciclo vicioso. 
Diante desse cenário, os prejuízos são sentidos também pela natureza, uma vez que 
o descarte de materiais gera poluição e mudança climática na Terra. No entanto, o Brasil 
carece de medidas capazes de intervir em ações publicitárias direcionadas àqueles que 
serão o futuro da nação, hoje, facilmente manipulados e influenciados por personagens 
infantis e pela modernização em que passam os produtos. Em outras palavras, é preciso 
consumir de maneira consciente desde a infância, para que se construam valores e 
responsabilidade durante o desenvolvimento do indivíduo. 
Dessa forma, sabe-se que coibir a propaganda voltada ao público infanto-juvenil não 
é a melhor medida para superar esse problema. Cabe aos pais, cobrarem ações do governo 
– criação de leis mais rigorosas – além de agirem diretamente na formação e educação de 
consumo dos filhos: impondo limites e dando noções financeiras ainda enquanto jovens. 
Ademais, as escolas têm papel fundamental nesse segmento. É imprescindível, também, 
utilizar a própria mídia para alertar sobre os problemas ambientais decorrentes do consumo 
em larga escala e incentivar o desenvolvimento sustentável. 
 
 
 
 
6 
 
7 - ​Luis Arthur Novais Haddad​, Minas Gerais 
 
Mais família e menos mídia 
Em Esparta, importante pólis grega, os meninos eram exaustivamente treinados para 
serem guerreiros que defenderiam sua cidade. Hoje, no Brasil, as crianças não tem essa 
preocupação: crescem e no futuro, podem escolher suas profissões. Porém, a publicidade 
infantil tem influenciado, não só este, mais inúmeros outros aspectos dos jovens, e não 
deveria. 
No Brasil, é comum que se ligue a televisão e esteja passando alguma propaganda 
com teor apelativo aos jovens: publicitários usam de inúmeros meios para atrair a atenção 
das crianças, e conseguem. Estas, cada vez mais conectadas a todo tipo de mídia, acabam 
se influenciando pelo que é divulgado na televisão e pedem aos seus pais que compre o 
que foi ofertado. O problema é que cabe aos pais escolher qual brinquedo o filho deve ter, 
por exemplo, e não ao grande empresário. Este tem como finalidade o lucro, enquanto 
aqueles querem o crescimento de seus jovens. Dessa forma, é comum que os donos de 
empresas criem brinquedos que não têm a menor intenção de ensinar nada às crianças. Os 
pais, pelo contrário, tendem a escolher, por exemplo, os brinquedos que passem a seus 
filhos conhecimentos que julguem necessários. Com a publicidade infantil, os empresários 
tomam para si, funções que cabem aos pais, e por isso este tipo de publicidade deve ter fim. 
Muitas pessoas, porém, pensa que esta é uma forma de censura, similar à que 
Vargas implantou com o Departamento de Imprensa e Propaganda, mas não é. Crianças 
ainda estão na fase de aprendizado básico e, pela falta de maturidade, não desenvolveram 
senso crítico: ao verem propagandas fantasiosas, acham que o produto é maravilhoso e 
desejam adquiri-lo no mesmo instante.Não sabem, porém, que o refrigerante possui muito 
corante – e pode desencadear uma alergia, ou que o brinquedo é muito frágil, e logo se 
quebrará. Os pais, por esses motivos, não irão comprar os produtos, o que, em muitos 
casos, deixará o filho desapontado. Sabendo que as crianças não têm senso crítico para 
selecionar o que é bom através da publicidade infantil, observa-se que estas devem ser 
pouco, ou nada, divulgadas. 
Vendo a questão publicitária sob esta ótica, um implemente à lei deve ser colocado 
em prática. Deve partir do Governo uma adequação ao projeto pedagógico brasileiro: aulas 
de filosofia e sociologia, colocadas na base da escola, ensinariam aos jovens como a mídia 
de comporta. Com o tempo, e a maturidade, as crianças verão que os pais estão, na maioria 
dos casos, corretos na formação que lhe deram. Dessa forma, a sociedade irá crescer e se 
desenvolver de forma mais humana e menos financeira. 
 
 
 
7 
 
8 - ​Maria Isabel Viñas​, Rio de Janeiro 
 
Amor à venda 
A vitória do capitalismo na Guerra Fria gerou muitas consequências para o mundo, 
sendo uma delas a competição desenfreada das multinacionais por novos mercados. Um 
dos principais alvos desse cenário são as crianças, indivíduos facilmente manipuláveis 
devido a sua pequena capacidade de julgamento crítico. Sua inocência é, dessa forma, 
cruelmente convertida em lucro, fato que não deve ser permitido nem tolerado. 
A infância é uma fase de formação e aprendizagem, sendo necessário, portanto, que 
os bons costumes sejam cultivados. É, também, uma fase em que tudo é novo e 
interessante. Dessa forma, os produtos apresentados em comerciais inevitavelmente 
seduzirão meninos e meninas que, por sua vez, passarão a pautar sua felicidade naquilo 
que podem adquirir. 
A ausência cada vez maior dos pais na vida dos filhos é outro fator que torna urgente 
a intervenção do Estado nos meios de comunicação. A presença constante o carinho 
paterno são, hoje, raros às crianças e, cientes disso, tentam compensar o desfalque lhes 
dando tudo o que pedem, desde carrinhos de controle remoto a iPhones. Mal sabem que o 
que estão fazendo é fomentar uma indústria que, aos poucos, aprisiona seus filhos ao 
materialismo e escraviza-os aos gostos do capitalismo. 
A proteção das crianças brasileiras quanto às investidas do mercado deve, portanto, 
ser promovida não apenas pelo Estado, mas também por aqueles que são responsáveis por 
sua formação. Ao primeiro cabe apresentar projetos de lei que limitem o teor persuasivo das 
propagandas. Sua aprovação contaria com a aprovação da população. Além disso, 
disciplinas extras poderiam ser criadas com o respaldo na atual LDB (Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação), para que houvesse a conscientização desses 'pequenos cidadãos' no 
que se refere a problemática do consumo excessivo. Vale ainda citar o papel dos pais, aos 
quais cabe a importante função de ser um bom exemplo, afinal, a verdadeira felicidade não 
pode ser mediada por elementos materiais e sim pelo amor. 
 
 
 
8 
 
9 - ​Paula Lage Freire​, Rio de Janeiro 
 
Responsabilidade social 
A Revolução Técnico-Científica do século XX inaugurou a Era da Informação e 
possibilitou a divulgação de propagandas nos meios de comunicação, influenciando o 
consumo dos indivíduos de diferentes faixas etárias. Nesse contexto, a publicidade 
destinada ao público infantil é motivo de debates entre educadores e psicólogos no território 
nacional. Assim, a proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial 
para um maior controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os 
infantes. 
Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem 
condições emocionais para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado 
brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma 
escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus 
estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais 
responsáveis pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para 
eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é 
anunciado. 
Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela 
mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que 
despertam a imaginação e promovem o deslocamento da realidade, deixando a sensação 
de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga 
escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos 
casos. 
Portanto, é fundamental uma regulação da publicidade infantil, permitindo-se o 
controle de responsáveis e impedindo-se ações irresponsáveis de muitas empresas. Faz-se 
necessário, então, que propagandas com conteúdo infantil sejam direcionadas aos 
responsáveis em horários mais adequados, à noite, por exemplo, evitando-se o consumo 
excessivo dos anúncios pelas crianças. Ademais, o Governo Federal deve promover uma 
central nacional de reclamações para denúncias de pais, via internet ou telefonema, que 
avaliem determinada informação como abusiva ou desnecessária na mídia. Assim, infantes 
viverão com maior segurança e proteção." 
 
 
9 
 
10 - ​Victoria Maria Luz Borges​, Piauí 
 
Em meio a uma sociedade globalizada, é evidente o crescimento dos recursos 
capazes de estimular a adesão ao consumo. Em meio a esse contexto, encontram-se as 
propagandas destinadas às crianças, que, por possuírem seu caráter em processo de 
formação, tornam-se alvos fáceis desses anunciantes. A regulamentação da publicidade 
infantil constitui, assim, um fator imprescindível, visando à preservação da integridade 
mental desse público. 
Com o advento do capitalismo e, principalmente, do modelo liberal introduzido pelo 
pensador iluminista Adam Smith, as pessoas encontram-se inseridas em uma sociedade de 
consumo, na qual o apelo à adesão popular é realizado de diferentes formas, como, por 
exemplo, por meio da mídia. Diante disso, estão as crianças, que ao possuírem, muitas 
vezes, fácil acesso a veículos de comunicação massivos, são estimuladas a construírem um 
ideal de consumismo desenfreado, tento em vista que não possuem o discernimento entre o 
que é necessário e o que é supérfluo. 
Imersa nessa logística, encontra-se a participação de famosos em propagandas ou 
mesmo a alusão a desenhos animados, que visam ao convencimento da criança de que 
aquele produto anunciado é essencial. Isso evidencia a falta de regulamentação no setor de 
propagandas do país, já que não há sequer determinação de horários para a veiculação 
delas, proporcionando uma recepção massiva daquilo que é divulgado para o público 
infantil. A par disso, aqueles que são responsáveis pela promoção de tais propostas de 
adesão ao consumo mostram-se contrários à concretização da proposta, ratificando a 
preocupação exclusivamente econômica com a realização de uma publicidade 
desregulamentada. 
É certo que a mídia constitui um instrumento de massificação da sociedade e, por 
serem indivíduos que ainda estão em processo de construção do caráter, as crianças 
necessitam de medidas protecionistas, que garantam sua integridade mental. Nessa 
perspectiva, deve-se proibir a veiculação de propagandas infantis em determinados 
horários, como naqueles em que há uma programação destinada a esse público; com a 
instituição de leis federais. Dessa forma, anunciantes e emissoras devem ser fiscalizados e 
punidos com aplicação de multas em caso de desrespeito ao estabelecido. Além disso, é 
necessária a introdução de disciplinas de educação financeira e direcionada ao consumo, 
visando à formação de consumidores conscientes. Assim, a criança deixará de ser alvo 
dessas práticas apelativas.".10 
 
Redações Nota 1000 
Coletânea com as melhores redações de 2015 
 
Tema - ​"​A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade 
Brasileira​". 
10 Redações que obtiveram nota 1000 
 
 
1 - ​Amanda Carvalho Maia Castro 
 
A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas 
últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por 
essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 
2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a 
psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes 
históricas e ideológicas. 
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. 
Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em 
relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce 
mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino 
tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio 
social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos 
violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social 
advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de 
agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é 
aumentada. 
Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a 
ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no 
cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como 
fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos 
e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo 
feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência 
física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de 
casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de 
reincidência. 
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras 
dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação 
seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação 
de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir 
campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, 
é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de 
agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da 
violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil. 
 
 
11 
 
2 - ​Anna Beatriz Alvares Simões Wreden 
 
Parte desfavorecida 
De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um 
“corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. 
Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os 
direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno 
século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus 
tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo 
masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo. 
Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve 
presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi 
criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas 
pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até 
desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão 
física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se 
que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de 
uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração 
em geração, o que favorece o continuismo dos abusos. 
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo 
colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos 
são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. 
Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% 
dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência 
continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas 
psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho. 
A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma 
diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil 
seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as 
ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às 
Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa 
a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, 
História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais 
históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o 
patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O 
primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ” 
 
 
 
12 
 
3 - ​Cecília Maria Lima Leite 
 
Violação à dignidade feminina 
Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos 
interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século 
XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos 
avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática 
persistente no Brasil, uma vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. 
Essa situação dificulta as denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem 
expor questões que acreditam ser de ordem particular. 
Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque 
nas representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, 
contudo, ainda obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias. Nesse contexto, a 
agressão parte de um pai, irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que 
desencoraja a vítima a prestar queixas, visto que há um vínculo institucional e afetivo que 
ela teme romper. 
Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as 
camadas sociais, camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na 
brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura 
feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata 
o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no 
embate físico, o desrespeito está –sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam 
contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social. 
Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o 
combate à violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é 
necessário que o Governo reforce o atendimento às vítimas, criando mais delegacias 
especializadas, em turnos de 24 horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma 
iniciativa plausível a ser tomada pelo Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio 
como crime de ódioe hediondo, no intuito de endurecer as penas para os condenados e 
assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder Público e a sociedade – por meio 
de denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática do feminicídio. 
 
 
 
 
 
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4 - ​Caio Nobuyoshi Koga 
 
Conserva a Dor 
O Brasil cresceu nas bases parternalistas da sociedade europeia, visto que as 
mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais, inclusive do voto. Diante desse 
fato, elas sempre foram tratadas como cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade 
que as demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a violência 
contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da falta de conscientização da 
população. 
Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do pensamento da 
população brasileira. São constantes as notícias sobre o assédio sexual sofrido por 
mulheres em espaços públicos, como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena 
reação a fim de acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a normalidade da 
postura machista da sociedade e a permissão velada para o seu acontecimento. Esses 
constantes casos são frutos do pensamento machista que domina a sociedade e descende 
diretamente do paternalismo em que cresceu a nação. 
Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher permanece na 
contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A mulher é constantemente tratada com 
inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que demonstra 
com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que, chegando à 
polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa que estava vestindo. A violência se 
torna dupla, sexual e psicológica; essa, causada pela postura adotada pela população e 
pelos órgãos públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à vítima. 
O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve 
ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente sofreram e 
foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique corretamente a lei, 
acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além de promover a 
conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre a violência contra a 
mulher. Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que 
protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da 
sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a 
igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher. 
 
 
 
14 
 
5 - ​José Miguel Zanetti Trigueros 
 
Por um basta na violência contra a mulher 
A violência contra a mulher no Brasil ainda é grande. Entretanto, deve haver uma 
distinção entre casos gerais (que ocorrem independentemente do sexo da vítima) e casos 
específicos. Os níveis de homicídios, assaltos, sequestros e agressões são altos, portanto, 
o número de mulheres atingidas por esse índice também é grande. Em casos que a mulher 
é vítima devido ao seu gênero, como estupros, abusos sexuais e agressões domésticas, as 
Leis Maria da Penha e do Feminicídio, aliadas às Delegacias das Mulheres e ao Ligue 180 
são meios de diminuir esses casos. 
O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma 
enorme burocracia, os casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas 
mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente deles, não 
contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais 
mulheres se tornam vítimas. 
Alguns privilégios são necessários para garantir a integridade física e moral da 
vítima, como a Lei Maria da Penha, que é um marco para a igualdade de gênero e serve de 
amparo para todo tipo de violência doméstica e já analisou mais de 300 mil casos. Há 
também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a criação 
do vagão feminino em São Paulo e a permissão para que ônibus parem em qualquer lugar 
durante a noite, desde que isso seja solicitado por uma mulher. 
Também é alarmante os casos que envolvem turismo sexual. Durante a Copa do 
Mundo de 2014, houve um grande fluxo de estrangeiros para o Brasil. Muitos vêm apenas 
para se relacionar com as mulheres brasileiras, algo ilegal, que que prostituição é crime. 
Não bastasse, o pior é o envolvimento de menores de idade. Inúmeros motivos colocam 
crianças e adolescentes nessa vida, como o abandono familiar, o aliciamento por terceiros e 
até sequestros. 
Portanto, para reduzir drasticamente a violência contra a mulher, deve ocorrer uma 
intensificação na fiscalização, através das Leis que protegem as vítimas femininas. No que 
se refere à punição dos criminosos, deve ocorrer o aumento das penas ou até atitudes mais 
drásticas, como a castração química de estupradores (garantindo a reincidência zero). Para 
aumentar o número de denúncias, a vítima deve se sentir protegida e não temer nada. Por 
isso, mobilizações sociais, através de propagandas e centros de apoio devem ser adotadas. 
Todas essas medidas culminariam em mais denúncias, mais julgamentos e mais prisões, 
além de diminuir os futuros casos, devido às prisões exemplares. 
 
 
 
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6 - ​Julia Guimarães Cunha 
 
O feminismo é o movimento que luta pela igualdade social, política e econômica dos 
gêneros. Hodiernamente, muitas conquistas em prol da garantia dessas igualdades já foram 
alcançadas – a exemplo do direito ao voto para as mulheres, adquirido no Governo Vargas. 
Entretanto, essas conquistas não foram suficientes para eliminar o preconceito e a violência 
existentes na sociedade brasileira. 
De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um 
aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa 
eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas para as 
mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma importância, 
mas suas ações não estão sendo satisfatórias para melhorar os índices alarmantes de 
agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.” 
Mas, apesar de ser o principal tipo, não é só agressão física a responsável pelas 
violências contra a mulher. Devido ao caráter machista e patriarcal da sociedade brasileira, 
o preconceito começa ainda na juventude, com o tratamento desigual dado a filhos e filhas – 
comumente nota-se uma maior restrição para o sexo feminino. Além disso, há a violência 
moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que, no Brasil, 
o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma 
função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se 
preocuparem com uma possível licença maternidade. 
É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a segurança da mulher 
brasileira. Desse modo, o Estado deve, mediante a ampliação da atuação dos órgãos 
competentes, assegurar o atendimento adequado às vítimas e a punição correta aos 
agressores. Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral, 
pagando um salário justo e admitindo funcionários pela sua qualificação, livre de 
preconceitos. Por fim, é dever da sociedade o respeito ao sexo feminino, tratando 
igualmente homem e mulher. Assim, alcançar-se-á uma sociedade igualitária e de harmonia 
para ambos os gêneros. 
 
 
 
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7 - ​Sofia Dolabela Cunha Saúde Belém 
 
É inegável o fato de que, na sociedade brasileira contemporânea, a igualdade de 
gêneros é algo que existe apenas na teoria. Medidas como a criação da Lei Maria da Penha 
e da Delegacia da Mulher, apesar de auxiliarem na fiscalização contra a violência ao sexo 
feminino e na proteção dasvítimas, são insuficientes e pouco eficazes, algo comprovado 
através da alta taxa de feminicídios ocorridos em nosso país, além dos enormes índices de 
relatos de vítimas de violência. 
O aumento notório de crimes contra a mulher realizados na última década deve-se a 
inúmeros fatores. A completa burocracia presente nos processos de atendimento às vítimas 
de estupro, por exemplo, refuta mulheres que apresentam traumas e não recebem 
acompanhamento psicológico adequado, sendo orientadas a realizar o exame de corpo de 
delito, procedimento, por vezes, invasivo. Além disso, é comum que o relato da vítima tenha 
sua veracidade questionada, não recebendo a atenção necessária. Com o afastamento de 
possíveis denúncias, não há redução no número de assassinatos e de episódios violentos. 
A cultura machista em que estamos inseridos dissemina valores como a 
culpabilização da vitima: muitas vezes, a mulher se cala porque pensa que é a culpada pela 
violência que sofre. Acredita-se, também, que apenas a violência física e sexual deve ser 
denunciada, ou que a opressão moral é algo comum. A passividade diante de tais situações 
cede espaço para o crescimento de comportamentos violentos dentro da sociedade. 
Tendo em vista as causas dos altos índices de violência contra a mulher no Brasil, é 
necessário que haja intervenção governamental para aprimorar os órgãos de defesa contra 
tais crimes, de modo a tornar o atendimento mais rápido e atencioso. O mais importante, no 
entanto, é atingir a origem do problema e instituir em escolas aulas obrigatórias sobre 
igualdade de gênero, apresentando de forma mais simples conceitos desenvolvidos, por 
exemplo, por Simone de Beauvoir, de modo a desconstruir desde cedo ideias 
preconceituosas que são potenciais estimulantes para futuros comportamentos violentos. 
 
 
 
 
8 - ​Valéria da Silva Alves 
 
A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é um fato 
que tem origens históricas. Por todo o mundo, a figura feminina teve seus direitos cerceados 
e a liberdade limitada devido ao fato de ser considerada “frágil” ou “sensível”, ainda que isso 
não pudesse ser provado cientificamente. Tal pensamento deu margem a uma ampla 
subjugação da mulher e abriu portas a atos de violência a ela direcionados. 
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira ainda é pautada por uma visão machista. 
A liberdade feminina chega a ser tão limitada ao ponto que as mulheres que se vestem de 
acordo com as próprias vontades, expondo partes do corpo consideradas irreverentes, 
correm o risco de seres violentadas sob a justificativa de que “estavam pedindo por isso”. 
Esse pensamento perdura no meio social, ainda que muitas conquistas de movimento 
feministas – pautados no existencialismo da filósofa Simone de Beauvoir – tenham 
contribuído para diminuir a percepção arcaica da mulher como objeto. 
Diante disso, as famílias brasileiras com acesso restrito à informação globalizada ou 
desavisadas a respeito dos direitos humanos continuam a pôr em prática atos atrozes em 
direção àquela que deveria ser o centro de gravitação do lar. A violência doméstica, em 
17 
 
especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de autoafirmação ou 
sob influência de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de vítimas diariamente 
no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e Maria da Penha foram 
essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo antes marginalizado. 
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar a companheira tem como 
consequência a solidificação desse comportamento psicológico dos filhos. As crianças, 
dotadas de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e 
têm grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das 
práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse 
comportamento na sociedade. 
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas na Antiguidade até hoje, a 
mulher luta por liberdade, representatividade e respeito. O Estado pode contribuir nessa 
conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa dos direitos femininos e ao mobilizar 
campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia, objetivando a 
exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos femininos. É 
importante também a criação de um projeto visando a distribuição de histórias em 
quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre a "igualdade de 
gênero" de forma interativa e divertida. 
 
 
 
18 
 
9 - ​Richard Wagner Caputo Neves 
 
Da teoria à prática 
Desde o Iluminismo, já sabemos – ou deveríamos saber – que uma sociedade só 
progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a 
persistência da violência contra a mulher no Brasil em pleno século XXI, percebe-se que 
esse ideal iluminista é verificado na teoria e não desejavelmente na prática. Muitos 
importantes passos já foram dados na tentativa de se reverter esse quadro. Entretanto, para 
que seja conquistada uma convivência realmente democrática, hão de ser analisadas as 
verdadeiras causas desse mal. 
Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a 
“Maria da Penha” tenham contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias 
relacionadas à violência – física, moral, psicológica, sexual – contra a mulher, ainda se faz 
presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é uma causa que 
desencoraja inúmeras denúncias: muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura 
feminina agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos 
da perpetuação da violência o medo de uma retaliação do agressor e a “vergonha social”, o 
que desestimula a busca por justiça e por direitos, peças-chave na manutenção de qualquer 
democracia. 
Em uma análise mais aprofundada, devem ser considerados fatores culturais e 
educacionais brasileiros. Por muito tempo, a mulher foi vista como um ser subordinado, 
secundário. Esse errôneo enraizamento moral se comunica com a continuidade da suposta 
“diminuição” da figura feminina, o que eventualmente acarreta a manutenção de práticas de 
violência das mais variadas naturezas. A patriarcal cultura verde-amarela, durante muitos 
anos, foi de encontro aos princípios do Iluminismo e da Revolução Francesa: nesse 
contexto, é fundamental a reforma de valores da sociedade civil. 
Torna-se evidente, portanto, que a persistência da violência contra a mulher no 
Brasil é grave e exige soluções imediatas, e não apenas um belo discurso. Ao Poder 
Judiciário, cabe fazer valer as leis já existentes, oriundas de inúmeros discursos 
democráticos. A mídia, por meio de ficções engajadas, deve abordar a questão instigando 
mais denúncias – cumprindo, assim, o seu importante papel social. A escola, instituição 
formadora de valores, junto às Ong's, deve promover palestras a pais e alunos que discutam 
essa situação de maneira clara e eficaz. Talvez dessa forma a violência contra a mulher se 
faça presente apenas em futuros livros de história e a sociedade brasileira possa 
transformar os ideais iluministas em prática, e não apenas em teoria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
10- ​Izadora Peter Furtado 
 
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema 
muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas 
dessa questão. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico 
cultural e o desrespeito às leis. 
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem. 
Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos políticos, ingressarem no 
mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muitotempo depois do gênero 
oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres, 
corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. Nesse ínterim, a 
cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade 
contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista. 
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, 
independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo 
salário para os que desempenham mesma função, também garantida por lei. No entanto, o 
que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de 
homens e mulheres, principalmente se estas foram negras. Esse fato causa extrema 
decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem 
recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para solucionar a problemática. 
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da 
violência, tanto física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de 
impor leis mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não as cumprem. 
Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no 
intuito de formar cidadãos mais comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade como 
um todo. 
 
 
 
 
20 
 
Análise integral de redação nota 1000 
 
Com o intuito de reforçar alguns pontos, vamos, neste capítulo, fazer a análise 
integral de uma redação nota 1000 na prova do Exame Nacional do Ensino Médio do ano 
passado, cujo tema foi ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’. 
O texto é da aluna Amanda Carvalho Maia Castro. Vamos lá? 
 
A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas 
últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por 
essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 
2014 relatou cerca de 48% de outros tipos 
de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar 
que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas. 
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. 
Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em 
relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce 
mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino 
tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio 
social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos 
violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social 
advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de 
agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é 
aumentada. 
Além disso, há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a 
ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no 
cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como 
fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos 
e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo 
feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência 
física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de 
casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de 
reincidência. 
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras 
dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação 
seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação 
de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir 
campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, 
é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de 
agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da 
violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Para entendermos um pouco melhor os recursos que a aluna Amanda Carvalho 
utilizou em seu texto, vamos fazer a análise em partes: introdução, desenvolvimento e 
conclusão. Em sua introdução, a aluna apresenta o assunto ressaltando que a violência 
contra a mulher, no Brasil, apresentou aumentos significativos nas últimas décadas. Para 
justificar tal colocação, ela faz uso dos dados apresentados pelo Mapa da Violência de 
2012. Além disso, ela ressalta diferentes tipos de violência que são praticados contra a 
mulher. Ao final do parágrafo, ela estabelece a tese que será defendida, ou seja, o seu 
ponto de vista. A aluna atribui a persistência da violência às raízes históricas e ideológicas. 
Observe que esse parágrafo ficou muito bem construído, apresentando o assunto e 
a tese de forma bem fundamentada e funciona como uma espécie de guia para a 
construção do restante da produção. O desenvolvimento do texto é dividido em dois 
parágrafos e eles estão diretamente ligados às ideias apresentadas na introdução. No 
primeiro parágrafo do desenvolvimento, a aluna destaca as amarras da sociedade patriarcal, 
ressaltando que, em pleno século XXI, há uma espécie de determinismo biológico em 
relação às mulheres. Para fundamentar tal colocação, ela utiliza uma citação de Simone de 
Beauvoir, na tentativa de construir uma contraposição. Observe que há uma discussão 
acerca dessa primeira justificativa para a persistência da violência, a aluna destaca a função 
social da mulher em nosso país, destacando a naturalização dos comportamentos violentos 
contra a mulher. Para finalizar esse parágrafo, ela ainda ressalta a dificuldade de se punir os 
agressores. 
Esse parágrafo desenvolve parte da tese que foi estabelecida na introdução, em que 
a candidata destaca as raízes históricas. Ela desenvolve muito bem essa questão e traz a 
citação direta como um elemento que fundamenta aquilo que está sendo exposto, além de 
apresentar discussão e reflexão sobre essa questão. 
A questão ideológica ressalta na tese apresentada na introdução é discutida no 
segundo parágrafo do desenvolvimento. A aluna destaca a ideologia de superioridade do 
gênero masculino em relação ao gênero feminino. Destaca ainda, a objetificação das 
mulheres e a submissão. Além disso, há a referência à cultura do medo, que faz com que as 
mulheres não denunciem as agressões. Para fundamentar essa questão, ela diz que os 
números de casos desse tipo de violência que são denunciados são baixos. 
O desenvolvimento do texto analisado foi muito bem construído, as ideias 
apresentadas na introdução são bem defendidas, discutidas e fundamentadas. É isso que a 
banca espera, é preciso mostrar o senso crítico. 
Na conclusão do texto, a aluna reafirma a tese defendida, destacando que as raízes 
históricas e ideológicas dificultam o fim da violência. Em seguida, é apresentada a proposta 
de intervenção. Nessa parte, a aluna envolve a mídia, ressaltando que essa precisa parar 
de promover a objetificação da mulher e é preciso que passe a difundir campanhas de 
denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ressalta ainda, que o Poder Legislativo deve 
criar projeto de lei que aumente a punição dos agressores, para que se diminua a 
reincidência. Após a construção da proposta de intervenção, a aluna faz um fechamento de 
suas ideias, ressaltado que talvez essas medidas possam colocar fim à violência contra a 
mulher. 
Observe que a introdução, o desenvolvimentoe a conclusão atenderam às 
exigências e foram muito bem desenvolvidas. A aluna apresentou ótimas ideias, que foram 
muito bem discutidas e fundamentadas, e estão muito bem articuladas. Ela apresentou um 
excelente domínio da norma padrão e fez ótimas escolhas lexicais. Com essa excelente 
22 
 
construção, a candidata atingiu a nota máxima em todas as competências avaliadas no 
Enem. 
 
 
Agora vamos acompanhar a análise de uma redação nota mil que foi enviada para o 
site Projeto Redação. 
 
Crescente descaso 
Com o advento da Revolução Industrial ,no século XVIII, as indústrias obtiveram uma 
dinâmica mais atrativa para aumentar sua produtividade e, consequentemente, o seu lucro. 
Todavia, na atualidade brasileira, essa lógica de mercado possibilitou a elevação do lixo na 
sociedade, em que, atrelado à falta de uma sólida conscientização individual e ao 
consumismo elevado, corroborou para a perpetuação da problemática no meio urbano. 
Em primeiro plano, é evidente a cultura de descaso popular sobre a questão. Nesse 
contexto, os cidadãos negligenciam a importância das lixeiras em locais públicos, cujas 
funcionalidades consistem em amenizar o descarte incorreto regularmente visível nas 
cidades. Seguindo essa linha de raciocínio, o sociólogo Georg Simmel alega sobre o 
‘’paradoxo moderno’’- nas metrópoles, enquanto há uma grande rede de comunicações 
interpessoais, os indivíduos se tornam egoístas e individualistas. Logo, o conflito entre 
responsabilidade cidadã e motivação pessoal se enquadra na constante elevação da 
poluição nas ruas nacionais. 
Em segunda análise, a lógica consumista, empregada pelas propagandas, ajuda na 
elevação dos resíduos no país. Historicamente, esse aparato massificador mostrou seu 
poder de convencimento com a disseminação dos ideais nazifascistas no século XX. Nesse 
viés, as pessoas tendem a incorporar ideologias impostas na rede midiática, no qual é 
incentivado a comprarem compulsoriamente demasiados produtos. Assim, o pressuposto 
referido na política dos Resíduos Sólidos no Brasil, em que seria incentivada a melhora na 
coleta e destinação dos dejetos, se encontra em um impasse acumulativo com a constante 
elevação do volume de lixo. 
Destarte, a padronização de comportamentos e das ações dos habitantes 
impulsionaram os impasses na temática. Em vista de erradicar tal paradigma, o Ministério 
das Cidades poderia, com especialistas e mão de obra contratada, investir na construção de 
centros de aprendizagem sobre a relevância de manter o ambiente limpo nas metrópoles, 
que frisaria, assim, no incentivo do pensamento crítico entre as pessoas, fazendo-as 
refletirem de suas atitudes erroneamente praticadas no dia a dia. Paralelamente, o 
Ministério da Justiça e a imprensa deveriam, com a participação de profissionais da área, 
divulgar campanhas publicitárias sobre a atual política referida aos resíduos, com a 
abordagem sistemática sobre o perigo da compra elevada e suas consequências para o 
ambiente, haveria, porquanto, um aumento da informatização e análise dos perigos 
decorrentes do caráter de excessos atuais. 
 
 
 
Uma maneira muito eficiente de se preparar para a prova de redação do Enem é ler 
e analisar textos que atingiram uma nota alta dentro das cinco competências avaliadas. 
Pensando nisso, selecionamos um texto, o qual foi enviado para o site do Projeto Redação, 
que atingiu uma boa nota. Vamos refletir um pouco sobre alguns recursos que podem nos 
ajudar a produzir um texto nota 1000? 
23 
 
O texto selecionado é do tema 'A relação entre a responsabilidade social e os 
resíduos urbanos no Brasil' cujo título é 'Crescente descaso'. 
No primeiro parágrafo, o aluno apresenta o tema, utilizando um recurso muito interessante 
que é a retomada histórica. Ele estabelece uma relação entre a Revolução Industrial, do 
século XVIII, e a atualidade brasileira, focando na questão da elevação da produção de lixo. 
Além disso, ele estabelece bem a tese a ser defendida, isto é, o ponto de vista que ele irá 
defender: a falta de conscientização e o consumo elevado possibilitam o aumento desse 
problema. 
Os dois parágrafos seguintes são aqueles em que haverá a defesa da tese. No 
segundo parágrafo, ele discute sobre a questão da conscientização, destacando o fato de 
os sujeitos ignorarem a presença de lixeiras em locais públicos. Para fundamentar essa 
discussão, o aluno utiliza outro recurso, a citação. Já o terceiro parágrafo do texto apresenta 
uma discussão sobre o consumismo, fazendo outra retomada histórica e se referindo à 
Política dos Resíduos Sólidos no Brasil. 
O último parágrafo apresenta uma retomada da tese, com o intuito de finalizar o 
texto, e mostra quais medidas deveriam ser tomadas para resolver esse problema, ou seja, 
apresenta a proposta de intervenção. O aluno mobiliza agentes sociais, Ministérios e mídia, 
mostrando o que precisa ser feito, como fazer e a funcionalidade de tais recursos. 
Por fim, vale destacar o excelente domínio da modalidade escrita e o bom uso dos recursos 
coesivos, o que garante uma excelente articulação das ideias e possibilita a compreensão 
do ponto de vista defendido. 
 
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