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GREENE, Jack P. “Identidade dos estados e identidade nacional à época da Revolução Americana”;

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Nacionalismo no Novo Mundo - Identidade Dos Estados e identidade nacional à época 
da Revolução Americana 
Nacionalismo no Novo Mundo 
Marco A. Pamplona e Don H. Doyle. Editora Record. Rj. 
Identidade Dos Estados e identidade nacional à época da Revolução Americana 
Jack P. Greene 
 
De que modo uma nação criada a partir de uma composição de antigas unidades 
políticas desenvolve uma identidade nacional e um sentido de lealdade entre seus cidadãos é 
um problema fascinante e complexo que merece mais atenção do que recebeu até agora na 
nova literatura sobre a história da formação do Estado moderno e o início da modernidade. 
Talvez esse problema desperte ainda mais a curiosidade quando, como no caso dos Estados 
Unidos, o novo Estado Nacional é uma conseqüência não premeditada de um movimento 
político sem planejamento. É evidente que não poderia existir nenhum nacionalismo 
especificamente americano, baseado na lealdade a uma política nacional americana, antes de 
existir essa unidade política ou pelos menos a perspectiva iminente de um desses Estados. E os 
novos Estados Unidos, surgidos em meio ao sofrimento da resistência política a Whitehall e da 
resistência militar a um exército experiente, ambos unidos na intenção de curvar os colonos à 
vontade da metrópole, somente vieram à luz em 1776, embora antes do outono de 1774 não 
houvesse sequer uma perspectiva de sua existência. 
Para destrinchar os problemas de identidade nacional que surgiram nos Estados 
Unidos durante o período revolucionário – de que tipo e como eram – faz-se necessário de 
início compreender a natureza das lealdades e identidades de organização coletiva existentes 
nas diversas unidades políticas que se uniram para formar a nação. Na medida em que os 
habitantes dessas unidades políticas tinham uma identidade nacional maior, essa identidade 
não estava, ao contrário da suposição implícita de algumas gerações de estudiosos da história 
americana, impregnada de um anseio pelo surgimento de uma identidade nacional americana, 
engendrada por um Estado nacional americano. Em vez disso, ela girava em torno do orgulho 
dos colonos por sua ligação com o Estado Nacional extremamente bem-sucedido da Grã-
Bretanha. 
Essa ligação era uma função da própria natureza da colonização inglesa do início dos 
tempos modernos. Como Richard Helgerson e Liah Greenfield ressaltaram recentemente, um 
sentido de identidade nacional nítido e bem articulado foi um produto do final da era 
elisabetana e início da jacobina, o período exato em que ingleses estavam começando a formar 
as primeiras colônias inglesas na América. O protestantismo e, cada vez mais durante o final 
do século XVII e o XVIII, a lenta expansão da superioridade comercial e marítima da nação 
inglesa eram componentes significativos dessa identidade. Muito mais significativo, porém, era 
o sistema inglês de justiça e liberdade. Sintetizado pelas instituições consensuais de júris e 
parlamentos, e pela tradição da subordinação do monarca à lei, esse sistema, como 
concordavam ingleses da época e muitos observadores estrangeiros, constituía a principal 
distinção entre o povo inglês e todos os outros sobre a face da terra. 
O povo predominantemente inglês que criou e organizou todas as colônias inglesas ou, 
depois de 1707, britânicas na América trazia consigo para o novo lar vínculos explícitos e 
profundos para com a cultura que deixava para trás e para com a identidade nacional 
implícita nela. Aonde quer que fossem com a intenção de colonizar, eles manifestavam a 
poderosa determinação de expressar e preservar sua qualidade de ingleses com o 
reordenamento de paisagens físicas e culturais existentes de acordo com tradições inglesas, 
impondo-lhes seus modelos de ocupação da terra, de organização social e econômica, práticas 
culturais e sistemas políticos, jurídicos e religiosos, enquanto tornavam o inglês a língua da 
autoridade. Isso valia até mesmo para aqueles aglomerados formados pelos que tinham 
esperança de aperfeiçoar as instituições inglesas como por exemplo, os Puritanos de 
Massachussets. Longe de se abrandar com a imigração contemporânea de quantidades 
significativas de pessoas provenientes de outros pontos da Grã-Bretanha, da Irlanda e da 
Alemanha, esse impulso anglicizante parece ter de fato sido reforçado durante as décadas 
subseqüentes a 1740 pelo aumento dos laços comerciais e de comunicação entre as colônias e 
a Grã-Bretanha, bem como pela importante participação das colônias nas guerras imperiais 
contra os países católicos, e supostamente despóticos, da França e da Espanha entre 1739 e 
1763. É provável que em nenhum outro momento da era colonial o nacionalismo e o 
patriotismo britânicos tivessem sido mais fortes do que no final da Guerra dos Sete Anos. 
Para os colonos ingleses e seus descendentes, porém, uma variedade de condições 
atuou durante os longos anos dos tempos coloniais, tanto para tornar discutíveis as 
reivindicações coloniais a uma identidade inglesa quanto para aumentar a premência dessas 
reivindicações entre imigrantes e seus descendentes. Essas condições incluíam a enorme 
distância física dos colonos em relação à Inglaterra; os contrastes culturais e sociais, em 
especial durante as primeiras décadas das colônias, entre as sociedades simples e rústicas que 
eles estavam construindo e a sociedade complexa e infinitamente mais refinada da qual 
provinham; sua situação nos limites mais remotos da civilização inglesa, em meio a 
populações que lhes pareciam pagãs, bárbaras e selvagens; a presença, quando não a 
preponderância, nessa sociedade, de “estrangeiros”, sob a forma de ameríndios e, mais tarde, de 
africanos nessas sociedades, sua freqüente necessidade de recorrer a novas instituições, como, 
por exemplo, os latifúndios e a propriedade de escravos baseada na raça: os constantes 
conflitos com a pátria de origem para determinar se eles, como colonos, tinham direito às leis e 
aos privilégios ingleses: e talvez o mais importante de tudo, uma tendência geral entre o povo 
nas ilhas de origem de considerá-los como “outros”, que se encontravam consideravelmente 
abaixo dos padrões da metrópole. 
Nada ressaltou com maior vigor para os colonos a natureza questionável de suas 
reivindicações de uma identidade britânica do que as diversas medidas litigiosas entre as 
colônias e a Grã-Bretanha entre 1764 e 1776. No fundo, os colonos faziam objeção á 
cobrança de impostos e à intromissão do governo em assuntos internos sem seu consentimento 
exatamente porque, por serem contrárias aos direitos e às garantias legais a que 
tradicionalmente faziam jus os britânicos livres ou “independentes”, essas medidas colocavam 
em dúvida sua identidade como britânicos. A agressividade de suas objeções proclamava a 
profunda importância que eles continuavam a atribuir à manutenção daquela identidade. De 
fato, o que veio a ser conhecido como a Revolução Americana foi, até um nível significativo, 
uma decorrência direta da resistência colonial àquelas medidas e deveria ser entendida como 
um movimento dos habitantes britânicos das colônias para garantir o reconhecimento de sua 
identidade britânica pela metróple. Antes do inverno de 1775-76, quando já estava 
disseminado o sentimento favorável à independência, a união entre as colônias era 
principalmente um meio para alcançar esse fim. 
Por mais importante que fosse, a identidade que os colonos compartilhavam como 
britânicos protestantes, nascidos livres, sempre foi medida por um conjunto de identidades 
coloniais. Ao longo dos anos, cada colônia, como entidade social e política separada e semi-
autônoma, desenvolveu uma específica identidade coletiva. Enraizadas num determinado 
espaço físico, manifestadas atravésde uma forma específica de organização socioeconômica, 
ampliadas, modificadas e refinadas por décadas de experiência coletiva, e internalizadas por 
várias gerações de crioulos e imigrantes, essas identidades coloniais e as lealdades e 
compromissos a elas associados, já na época da Revolução Americana, estavam profundamente 
entrincheiradas. 
Se os colonos possuíam uma identidade britânica comum, essa identidade existia, 
portanto, onipresente em simbiose com outra identidade que tinha uma base local e social, 
fundações, explicações e justificações históricas, que era transmitida culturalmente de uma 
geração para a seguinte e era considerada consagrada. Logo, britânico era uma categoria com 
muitas subcategorias. Ser da Virgínia era diferente de ser da Pensilvânia ou de Rhode Island. Se 
os colonos se empenharam em resistência política para defender sua reivindicação do direito a 
uma identidade britânica, eles também trouxeram para essa resistência identidades provinciais 
bem desenvolvidas e profundamente arraigadas, com as quais se sentiam à vontade, das quais 
tinham orgulho e a respeito das quais podiam ter uma atitude extraordinariamente defensiva. 
Se ataques ao direito a uma identidade nacional britânica levaram os colonos a resistir, 
a força de suas identidades provinciais ajuda a explicar por que, em 1776, eles não 
demonstraram maior hesitação diante de abdicar a sua identidade britânica. Muito antes, na 
maior parte dos casos, eles tinham encontrado meios de incorporar sua identidade britânica – 
com sua ênfase no protestantismo, liberdade, Estado de direito, governo consensual, civilidade 
e comércio – às suas identidades provinciais. Por esse motivo, quando os colonos abandonaram 
sua ligação formal com a Grã-Bretanha, não se tratou tanto de eles terem renunciado a sua 
identidade britânica nacional, mas de reafirmarem sua adesão aos principais componentes 
daquela identidade, bem como seu uso como exemplo. Na segurança de suas diversas 
identidades provinciais, os líderes da resistência colonial podiam abandonar sua ligação com a 
Grã-Bretanha e transformar colônias em unidades políticas republicanas, sem medo de perder 
seu arraigado e psicologicamente importante sentido de si mesmos como povos protestantes 
nascidos em liberdade, herdeiros legítimos das tradições britânicas do governo consensual e do 
Estado de direito. Ao fazer valer suas distintas identidades provinciais, transferindo-as 
abertamente para os novos estados que criaram a partir das antigas unidades políticas 
coloniais, os líderes revolucionários estavam efetivamente afirmando, por toda a parte, a 
condição daqueles estados como genuínos repositórios de tudo o que era admirável a respeito 
da identidade nacional britânica e, com isso, reiteravam a continuidade de sua identificação 
cultural com o mundo britânico mais amplo ao qual tinham se sentido vinculados por tanto 
tempo. 
Ademais, ao longo de todo o período revolucionário – e nos estados fundadores da 
federação, provavelmente ainda por mais algumas décadas – essas identidades provinciais 
representavam a forma principal de consciência coletiva. Antes de meados da década de 1770, 
o entendimento convencional, como expresso, por exemplo, por Benjamin Franklin num 
panfleto de 1760 publicado em Londres, era o de que as colônias eram por demais 
dessemelhantes até mesmo para agir de comum acordo em sua própria defesa, muito menos 
para se amalgamarem na forma de uma única unidade política. As colônias não só estavam 
“sob o comando de governadores diferentes, mas também tinham formas diferentes de 
governo, leis diferentes, interesses diferentes, e algumas delas confissões religiosas diferentes e 
maneiras diferentes”, escreveu Franklin, acrescentando que a “inveja entre elas” era tão forte 
que, por mais necessária que fosse, de longa data, uma união das colônias para sua defesa e 
segurança comum contra os inimigos, mesmo assim elas nunca tinham conseguido 
concretizar uma união entre si, nem mesmo para entrar em acordo para solicitar à metrópole 
que estabelecesse essa união para elas. 
Quando representantes das colônias continentais se reuniram no Primeiro e no 
Segundo Congresso Continental em 1774 e 1775, essa percepção pairava no pano de fundo. 
Os que eram mais cautelosos quanto a resistência à Grã-Bretanha, com a especial inclusão do 
advogado da Pensilvânia e futuro legalista Joseph Galloway, ressaltavam as profundas 
diferenças entre as colônias e os prováveis efeitos dessas diferenças sobre sua capacidade de 
manter uma resistência comum. “Suas diferentes formas de governo – Produtos do Solo – 
Visões sobre o comércio, suas diferentes religiões – Temperamentos e interesses particulares – 
Seus preconceitos e invejas contra cada uma das outras – tudo isso” previa ele, operaria 
“sempre” para criar uma tal Diversidade de interesses [,] Inclinações e Decisões” que “jamais se 
uniriam mesmo que fosse para sua própria Proteção”. Aos olhos de Galloway, essa desunião 
tinha dois efeitos potencialmente danosos. Em primeiro lugar, ela tornava as colônias “fracas 
em si mesmas”. Muitas delas, observou ele ao chamar atenção para a onipresente instituição da 
escravidão na América do Norte, já traziam “nas Entranhas um Inimigo pronto” para destruí-
las. Em segundo lugar, isso as tornava arenas em potencial para guerras civis. Quando 
irrompessem entre elas “Controvérsias baseadas no Interesse, na Religião ou na Ambição”, 
advertia Galloway, as colônias se tornariam “Presa fácil para qualquer invasor estrangeiro”. 
Não obstante, os sentimentos fortes e surpreendentemente difundidos de identificação 
com a “causa comum” em 1774-76 proporcionaram uma base para as primeiras articulações 
de aspirações pela criação de uma identidade americana mais ampla. Foi assim que Patrick 
Henry, advogado e orador da Virgínia, proclamou no Primeiro Congresso Continental que as 
“Distinções entre os cidadãos da Virgínia, da Pensilvânia, de Nova York e da Nova Inglaterra já 
não existem. Não sou virginiano, mas americano” Foi assim que o médico da Pensilvânia 
Benjamin Rush, nos dias que se seguiram à Declaração da Independência, recomendou aos 
companheiros representantes que renunciassem a “distinções entre colônias”. “Agora somos 
um povo – uma nova nação”, afirmou ele, com a argumentação de que os americanos não 
eram “mais divididos” em seus “Interesses, língua & comércio” do que o povo da Grã-Bretanha, 
e que “a variedade de interesses” e de produções entre eles era de fato uma “Vantagem” tão 
extraordinária “para nós” a ponto de sugerir “que os céus tivessem nos destinado para ser um 
povo”. “Um congresso geral fez com que as Colônias viessem a conhecer umas às outras”, disse 
o representante de Connecticut Silas Deane em tom satisfeito e otimista no início de 1775, “e 
tenho esperança de que outro possa estabelecer uma Confederação duradoura que talvez não 
precise de nada, a não ser de tempo para amadurecer e resultar numa Constituição Americana 
completa & Perfeita”. 
Entretanto, esse tipo de entusiasmo “nacional” era sempre moderado pelo 
reconhecimento da incrível diversidade entre as colônias. Como Samuel Ward, de Rhode 
Island, escreveu para um correspondente em sua colônia de origem, os representantes que 
participavam do congresso sem dúvida estavam “muito felizes... que o Bem comum de nosso 
país” parecesse “ser o objetivo geral” de todos os representantes e que, como afirmou Richard 
Henry Lee, da Virgínia “todas as antigas províncias, sem exceção” estavam “dirigidas pela 
mesma firmeza de união e determinação de resistir [a Grã-Bretanha] de todas as formas e a 
qualquer custo”. Á medida porém, que foram se familiarizando mais umas com as outras, 
estudando o “Caráter e Temperamentos”,bem como os “princípios e opiniões” de seus 
colaboradores, e aprendendo cada vez mais sobre os modelos distintos de “Comércio, política e 
Pleno Interesse de uma dúzia de províncias separadas”. Elas também chegaram rapidamente à 
percepção de que “as diferentes formas de governo nas diversas colônias, a educação, os Livros 
& a sociedade diferentes provocavam naturalmente que a visão de objetivos políticos nem 
sempre fosse a partir da mesma perspectiva”. 
Essas diferenças proporcionaram a base para comparações desfavoráveis e aumento da 
inveja. À medida que alguns representantes avaliaram os de outras colônias e os consideravam 
inadequados, eles também desenvolviam uma valorização maior de não importa o que fosse 
em sua sociedade provincial que a tornava superior à sociedade de outras regiões, reforçando 
vigorosamente as identidades provinciais que tinha trazido consigo para a Filadélfia. Esse 
processo fez pouco para alterar estereótipos e suspeitas existentes. Como era objeto das Leis 
Intoleráveis de 1774, Massachussetts estava no centro do furacão da resistência, e os 
representantes da Nova Inglaterra “encontraram uma forte inveja de Nós, da Nova Inglaterra, 
e do Massachusetts em especial”. Como John Adams, advogado de Massachusetts, escreveu a 
sua mulher Abigail, representantes de outras regiões tinham suspeitas de que o povo da Nova 
Inglaterra tinha “projetos de independência”, que eles queriam criar e dominar “uma 
República Americana”, que eram fanáticos religiosos que agiam de acordo com os “Princípios 
Presbiterianos – e mais um monte de coisas”. Adams tinham esperanças de que a nomeação de 
George Washington, da Virgínia, para comandante-chefe do exército na primavera de 1775, 
neutralizaria esse tipo de inveja e teria “um grande efeito para consolidar e garantir a União 
dessas colônias”. 
A nomeação de Washington pode ter de fato consolidado as relações entre Virgínia e 
Massachusetts, as duas colônias que ao longo da década anterior tinham disputado a liderança 
da resistência aos esforços britânicos para cobrar tributos das colônias e controlar melhor a 
administração colonial, mas ela de modo algum eliminou as profundas invejas e dissensões 
entre as regiões. Quando o governo britânico deu todas as manifestações de estar determinado 
a garantir a obediência colonial pela força, e quando, durante a primeira metade de 1776, os 
líderes coloniais começaram cada vez mais a pensar em termos de independência política, eles 
continuaram preocupados com a possibilidade de alguma colônia recalcitrante romper a 
união do movimento de resistência. As colônias da Virgínia, das duas Carolinas e da Nova 
Inglaterra se prontificaram, com relativa rapidez, e apoiar o movimento pela independência, 
mas algumas das colônias do meio, que incluíam principalmente Maryland, Pensilvânia e 
Nova York, agiram com muito mais deliberação. Essa situação de ansiedade despertou todas as 
suspeitas latentes e a desconfiança que uma sentiam das outras. Foi assim que James Duane, 
em maio de 1776, aconselhou seu companheiro representante de Nova York, John Jay, a não 
se pronunciar rápido demais pela independência. Deveríamos esperar para ver “a conduta das 
outras colônias do meio antes de chegarmos a uma decisão”, escreveu ele. “Não nos pode ser 
prejudicial aguardar algumas semanas. A Vantagem será enorme, pois essa árdua questão 
revelará com nitidez os verdadeiros princípios e até onde vai a união das colônias”. 
Esse comportamento cauteloso não granjeou para os nova-iorquinos a simpatia dos 
outros líderes da resistência. Antes que Maryland optasse pela independência, John Adams a 
descrevia como “uma colônia tão excêntrica – às vezes quente, às vezes tão fria – ora tão alta, 
ora tão baixa – que ... muitas vezes desejei que ela trocasse de lugar com Halifax (Nova 
Scotia)”. Adams, entretanto, reservou seus julgamentos mais negativos para Nova York, a 
última colônia a se decidir pela independência. “Será o engano ou a mera obtusidade no povo 
de Nova York que resulta em sua política excêntrica e retrógrada?” disse Adams, furioso a 
John Sullivan, político de Nova Hampshire, no final de junho de 1776. “Qual é a razão para 
Nova York precisar continuar a envergonhar o continente? E precisa continuar assim para 
sempre? Qual é a causa?” Na mesma ocasião, Adams perguntou ao líder de Connecticut, 
Samuel Holden Parsons: “Não tem eles políticos capazes de instruir e formar os sentimentos do 
seu povo? Ou são eles incapazes de ver e sentir como outros homens. Seria de imaginar que 
sua proximidade da Nova Inglaterra fizesse com que assimilassem suas opiniões e princípios”, 
observou ele. “Seria também de imaginar que a presença de unidades do exército britânico em 
Nova York exercesse alguma influência sobre eles. Mas parece que não houve nenhuma. É 
provável que Nova York tenha a honra de ser a última de todas a absorver os princípios 
genuínos e o verdadeiro sistema da política americana. Talvez”, conclui em tom de desespero, 
“ela nunca os leve em consideração”. 
Em carta a seu amigo Cotton Tufts, Adams atinou com o que acreditou ser a explicação 
fundamental para o hesitante progresso de Nova York na direção de endossar a 
independência: seu próprio caráter e identidade coletiva. Nova York, escreveu ele: 
“Ainda age com o Caráter de um povo sem coragem, juízo ou 
espírito, ou para resumir, sem qualquer outra virtude ou capacidade. 
Nessa província como um corpo não há brio nem energia. Os 
indivíduos são muito inteligentes. Mas ela é a Província mais fraca no 
que diz respeito ao intelecto, ao valor, ao espírito público ou a 
qualquer outro aspecto que seja bom e admirável no continente. Ela é 
incapaz de nos beneficiar muito ou de nos prejudicar muito, a não 
ser por sua situação geográfica. Perseguem-nos a esperteza 
desprezível dos indivíduos e sua corrupção. As virtudes de alguns 
indivíduos são de algum serviço para nós. Mas, como província, ela 
será um peso morto de qualquer lado, seja no nosso, seja no de nossos 
inimigos”. 
Quanto mais os delegados participantes do congresso chegavam à conclusão de que as 
desavenças políticas entre as diversas colônias tinham por base, numa proporção importante, 
diferenças sociais e caracterológicas profundamente arraigadas, mais atraente se tornava o 
tipo de explicação apresentado por Adams, exatamente por estar fundamentado no 
pressuposto de que cada colônia possuía um caráter e identidade grupal distinta. Se, em 
termos culturais e políticos, os colonos eram todos britânicos num sentido geral, eles 
descobriram que a categoria britânico se manifestava de forma variada. John Adams, um dos 
mais argutos observadores dos seus colegas representantes, escreveu: 
“O caráter dos cavalheiros nas quatro colônias da Nova 
Inglaterra difere tanto do caráter dos cavalheiros nas outras, como 
difere o da gente comum, ou seja, quase tanto quanto diversas nações 
distintas. Cavalheiros, homens sensatos ou com qualquer tipo de 
instrução nas outras colônias são muito mais raros em proporção do 
que na Nova Inglaterra. Os cavalheiros nas outras colônias tem 
grandes fazendas de escravos, e as pessoas do povo entre eles são 
ignorantes e muito pobres. Esse cavalheiros estão acostumados, 
habituados a noções mais elevadas de si mesmos e à distinção entre 
eles mesmos e as pessoas do povo, mais do que nós”. 
“Uma alteração instantânea desse caráter de uma colônia, desse temperamento e 
daqueles sentimentos que seus habitantes absorveram como o leite materno, que cresceram 
acompanhando seu crescimento e se fortaleceram com sua força”, na opinião de Adams, não 
poderia “ser feita sem um milagre”. Embora ele expusesse a esperança de que “uma alteração 
da constituição sulista,que decerto se dará se a guerra continuar” fosse “aos poucos aproximar 
cada vez mais todo o continente sob todos os aspectos”, ele expressou seu temor das 
conseqüências, a curto prazo, “dessa dessemelhança de caráter”. “Sem a máxima cautela de 
ambas as partes e a paciência mais ponderada uma com a outra, bem como uma confederação 
mútua pautada pela prudência”, escreveu ele, com preocupação, “elas sem dúvida serão fatais”. 
“Num período como este, Senhor, em que treze colônias muito pouco familiarizadas umas com 
as outras estão se movimentando para formar uma única massa”, escreveu Adams a outro 
correspondente, “Seria um milagre se ingrediente tão heterogêneos não produzissem de início 
fermentações violentas”. 
A acentuada heterogeneidade à qual Adams se referiu provou ser um desafio tremendo 
para os que esperavam criar uma união política duradoura. Embora não impedisse todas as 
colônias de vota pela independência e de se transformar em unidades políticas republicanas, 
essa heterogeneidade afetou profundamente o caráter do governo geral que lãs começaram a 
tentar construir no verão de 1776. Nas semanas imediatamente subseqüentes à declaração de 
independência, quando o congresso tratou pela primeira vez do complexo problema de criar 
uma união política duradoura entre as ex-colônias, ele descobriu rapidamente como essas 
diferenças eram de fato fundamentais. Os representantes discordavam obstinadamente quanto 
a coragem dos escravos como bens ou como pessoas na alocação de despesas governamentais; 
quanto a ser recomendável, ou não, aplicar impostos sobre o transporte de cargas; quanto a 
decisão de os estados com reivindicações de terras no oeste deverem ou não renunciar a elas 
em benefício do governo geral; quanto a ser a votação no Congresso por estados, pela 
população ou pela riqueza, e, o mais importante de tudo, como deveria ser distribuída a 
autoridade entre o governo nacional e os estados. 
Alguns representantes uniram-se a John Witherspoon, reitor do College of New Jersey, 
na insistência por uma união forte e permanente. Argumentando que um “perigo comum é o 
maior e único meio eficaz para resolver dificuldades e harmonizar diferenças”, e ressaltando a 
eficácia do conflito corrente com a Grã-Bretanha “na criação de um tal grau de união entre 
todas as colônias, como ninguém teria profetizado e praticamente ninguém teria esperado”, 
Witherspoon insistia que nunca haveria um tempo mais propício para as colônias deixarem de 
lado sua invejas, superarem seus interesses e apegos locais e consolidarem uma união vigorosa 
e duradoura. “Se as colônias depois desta guerra se tornarem estados independentes, separados 
e desunidos” advertiu ele, “podemos ter certeza de termos saído da guerra em pior situação do 
que quando entramos”. 
No entanto, muitos representantes adotavam uma perspectiva a prazo mais curto. Era 
assim que Benjamin Harrison, da Virgínia, defendia uma confederação “na qual deveriam ser 
definidos os objetivos da guerra, delineados os termos para sua conclusão, e as colônias da 
união deveriam comprometer-se umas com as outras para contribuir com sua respectiva força 
para alcançar esses objetivos. E, quando eles tivessem sido atingidos, que qualquer colônia 
isolada tivesse o direito de dizer que se recusava a prosseguir”. A defesa feita por Harrison de 
se proporcionar uma nítida estratégia de saída para aqueles estados que considerassem a 
confederação incompatível dificilmente indicava um compromisso profundo com a idéia de 
uma união permanente, muito menos qualquer sentido profundo de nacionalismo americano. 
O combate a respeito da confederação desnudou uma diferença fundamental entre 
aqueles estados onde a escravidão era da máxima importância econômica e aqueles onde não 
era. Foi assim que James Wilson, da Pensilvânia, insistiu com vigor que deveriam incidir 
impostos sobre os escravos de tributação significaria que esses estados “não pagariam mais da 
metade do que deveriam”. Além disso, contrapôs ele, uma isenção dessa natureza seria “o 
maior incentivo para continuar a manter escravos e a aumentar seu número”, e os escravos, 
observou ele, impediam “os homens livres de cultivarem um país” e se “faziam acompanhar de 
muitos inconvenientes”. “Se formos debater se os escravos são seus bens” retrucou furioso o 
agricultor da Carolina do Sul Thomas Lynch, “será o fim da confederação. Se nossos escravos 
são bens nossos”, perguntou ele, “por que deveriam ser tributados mais do que a terra, as 
ovelhas, o gado, os cavalos, etc.?” Benjamin Franklin, representante da Pensilvânia, assim como 
Wilson, tinha uma resposta pronta. Os escravos, disse ele, enfraqueciam “mais do que” 
fortaleciam o Estado, “ e existe portanto, alguma diferença entre eles e as Ovelhas. Ovelhas 
jamais promovem insurreições”. 
Nesse primeiros dias da união nacional americana, porém, a disseminação da 
escravidão não era o principal divisor de águas. Os representantes do Estado de Nova York 
para o sul tinham profundas reservas quanto às intenções da Nova Inglaterra ou daqueles aos 
quais se referiam como os “estados do leste”. Eram assim que o representante de Maryland, 
Samuel Chase, se preocupava com a possibilidade de que a “enorme vantagem no comércio” de 
que gozavam as “colônias do leste lhes desse uma superioridade”. Em carta ao representante de 
Nova York, John Day, Edward Rutledge, da Carolina do Sul, expressou seu temor de que os 
representantes da Nova Inglaterra tivessem uma “influência predominante na assembléia” e de 
“sua esperteza rasa, e aqueles princípios niveladores que os homens sem caráter e sem fortuna 
geralmente possuem, que são tão cativantes para a classe inferior da humanidade e que 
resultarão numa tamanha flutuação da noção de prosperidade que produzirá a máxima 
ordem”. “Se o plano ora proposto fosse adotado”, protestou Rutledge no verão de 1776, “sua 
conseqüência seria nada menos do que a ruína para algumas colônias. A idéia de destruir 
todas as distinções províncias e fazer com que todas as coisas mais diminutas se moldem ao 
que eles chamam de bem do todo”, observou ele, “é o mesmo que dizer, em outras palavras, 
que essa colônias devem se submeter ao governo das províncias do leste” Rutledge falou por 
muitos representantes quando manifestou sua decisão de “conferir ao congresso o mínimo de 
poder que seja absolutamente necessário e, para usar uma expressão familiar, manter o bastão 
de comando em nossas próprias mãos [ou seja nos estados], pois tenho certeza de que, se 
entregue às mãos de outros, será feito dele um uso extremamente pernicioso”. “A menos que 
sofra restrições importantes”, previu ele, a confederação jamais conseguiria ser aprovada, já 
que ela deve ser submetida a homens, nas respectivas províncias, que não se deixarão levar, ou 
melhor, serem forçados a aceitar medidas que possam preparar o alicerce de sua ruína [como 
províncias]. 
Naturalmente, a determinação de manter a preponderância do poder nas mãos dos 
estados não resultou inteiramente de invejas entre os estados e temores de dominação e ruína. 
Ela dispunha de sólida sustentação intelectual, resultante da lógica da argumentação 
constitucional americana em prol da exclusão da interferência da metrópole nos assuntos 
internos das colônias. Nenhum princípio tinha sido mais importante para a defesa colonial do 
que a doutrina de que o governo precisava ter por base o consenso. Como John Dickinson 
explicou aos habitantes de Quebec, no final de 1774, “o primeiro grande direito” da forma 
britânica de governo era o direito do povo de ter “uma participação no governo de si mesmos”. 
Através desse direito, escreveu ele, “garante-se ao povo ter seu próprio governo por 
representantes escolhidos por eles mesmose, conseqüentemente, que serão regidos por leis que 
eles mesmos aprovaram, não por decretos de homens sobre os quais não têm controle algum”. 
Nesse estágio inicial da formação da nação, foram relativamente poucos os que questionaram 
a idéia de que os governos dos estados – nas palavras de Dickinson, “o próprio governo” do 
povo –, e não algum distante governo geral, seriam os melhores veículos para a proteção da 
vida, da liberdade e da propriedade, e os que exprimiam de modo mais direto as identidades e 
interesses do povo. 
A profundidade desse apego aos governos estaduais associou-se à consciência cada vez 
mais ampla das dessemelhanças entre os estados e das suspeitas e invejas derivadas dessas 
dessemelhanças, de um modo que levou muitos representantes a perderem a esperança de um 
dia conseguir concretizar uma união viável. “Estou propenso a crer que jamais formaremos” 
uma confederação “com a qual todas as colônias estejam de acordo”, observou o representante 
da Carolina do Norte, Joseph Hewes, no final de julho de 1776. “As idéias do norte e do sul (ou 
como agora são designados corretamente como Leste e Oeste)”, relatou o representante de 
Connecticut, William Williams, em agosto de 1776, eram “distantes como os pólos”. Com esse 
nível de “conflito e disparidade de interesses, tanta diversidade de maneiras etc,” declarou ele, 
“tenho pouca esperança de qualquer tipo de união permanente”. O advogado da Pensilvânia, 
John Dickinson, autor do esboço inicial dos estatutos da confederação, foi um dos primeiros de 
muitos críticos a duvidar da possibilidade de sustentação de uma união formal e da 
possibilidade “de que em 20 ou 30 anos esta comunidade de colônias não se torne muito difícil 
de manejar - & o rio Hudson venha a ser um fronteira adequada para um comunidade 
separada para o norte”. “Tenho em minha mente uma forte impressão”, disse ele, de que uma 
visão dessa natureza “virá a ocorrer”. 
Ao mesmo tempo que o Congresso avançava tão pouco no que John Adams chamou de 
“a mais complexa, mais importante, mais perigosa e delicada das tarefas” de projetar um 
governo nacional viável, as colônias individualmente estavam se transformando, com rapidez 
e sucesso, em unidade políticas republicanas. Já no outono de 1776, como Benjamin Rush 
informou a um correspondente francês, “novos governos” tinham sido “instituídos em todos os 
estados, alicerçados na autoridade do povo”. Já no início de 1777, apenas três estados – Nova 
York, Nova Hampshire e Massachusetts – não tinham adotado constituições formais, e Nova 
York e Nova Hampshire em breve o fariam. Além disso, essas constituições eram expressão de 
orgulho e lealdades locais, sendo em sua maioria endossados com carinho pela população da 
região. Por exemplo, depois que o Congresso Provincial da Carolina do Sul promulgou uma 
nova constituição na primavera de 1776 e selecionou novos dignitários, o povo teria reagido 
“com arroubos de alegria”. Quando as novas autoridades percorreram Charleston escoltadas 
por uma companhia de cavalaria, John Adams foi informado por dois homens que tinham 
chegado recentemente a Filadélfia, vindos da Carolina do Sul, que “as pessoas os 
contemplavam, com uma espécie de Enlevo. Os dois me disseram”, contou Adams “que a idéia 
de que esses senhores de sua própria escolha, em quem podiam confiar, e que poderiam 
substituir se algum deles se comportasse mal, os afetou tanto que eles não conseguiam conter 
as lágrimas”. 
Embora as constituições dos diversos estados fossem semelhantes quanto a 
fundamentarem a autoridade política no consenso popular, atribuindo a primazia do poder à 
legislatura e prevendo eleições anuais de legisladores, elas diferiam entre si em muitos 
detalhes. Esses “detalhes” eram uma expressão da identidade que cada uma das colônias tinha 
desenvolvido ao longo da era colonial. É realmente digno de nota como essas constituições 
reproduziram, com uma veia republicana formal, os arranjos governamentais com os quais os 
colonos estavam familiarizados na era colonial. Em geral, como o representante da Carolina do 
Norte, William Hooper, observou no outono de 1776, essas constituições costumavam ser 
“quase tão semelhantes às antigas quanto possível, abolindo pouco mais do que os poderes 
reais e de donatários e derivando do povo todo o poder”. Ao estipular uma legislatura 
unicameral, que muitos representantes no Congresso consideraram “um sistema visionário”, 
até mesmo a Constituição da Pensilvânia, que continha mais inovações e provocou maior 
oposição, reproduzia a constituição colonial da Pensilvânia, que também operava sem uma 
segunda assembléia legislativa. Sem dúvida, alguns estados compreenderam algumas 
mudanças. Foi assim que John Adams elogiou as constituições da Carolina do Norte e da 
Virgínia, prematuramente no caso da Virgínia, por fazerem “um esforço pela destruição do 
sectarismo” ao abolir “seus dispositivos do episcopado a ponto de conceder completa liberdade 
de consciência a dissidentes, um ganho em prol dos direitos da humanidade”, acreditava ele, 
“que vale todo o sangue e toda a fortuna que já foram e ainda serão resgatados nesta guerra”. 
Por todas as colônias, porém, os elaboradores de constituições procuravam ater-se ao 
conhecido. Eles não refizeram fronteiras políticas, não mudaram a natureza do governo local, 
não alteraram a estrutura do sistema judiciário nem empreenderam nenhuma reforma geral 
dos antigos sistemas legais que tinham evoluído, durante o longo período colonial, para 
atender as condições específicas da vida e da “índole” ou identidade dos habitantes de cada 
estado. Pelo contrário, eles parecem ter agido com a disposição de espírito de uma observação 
do representante de Connecticut, William Wiliams, que afirmou ser “impossível que 
consigamos uma melhor [constituição] no todo do que a que nossos pais escolheram para nós 
e que há muito tempo cumprimos com grande paz e felicidade, e que quaisquer alterações ou 
inovações se fariam acompanhar de perigosas conseqüências”. 
A rapidez com que os governos dos estados tomaram o poder e estabeleceram sua 
autoridade determinou efetivamente que as distinções provinciais, com todos “os preconceitos 
locais e interesses particulares”, bem como com as identidades específicas que eles envolviam, 
aumentassem de intensidade e contribuíssem para a perpetuação daquelas extremas “invejas 
umas das outras” que tinham vindo a tona nos primeiros dias da Revolução. Esse 
desdobramento tanto expressou quanto acentuou as antigas identidades provinciais pelas 
quais as pessoas em todos os estados originais continuavam a se definir. Na realidade, a 
composição do estado federal americano em sua forma inicial criou assim um cenário para a 
reiteração e intensificação de identidades provinciais. Tão fundamentais eram essa identidades 
e as distinções em que se baseavam que muitas pessoas chegavam a considerá-las definidoras. 
De fato, como o comerciante de Rhode Island Stephen Hopkins observou nos debates iniciais 
acerca da confederação, eles passaram a crer que “a segurança do todo” dependia “da distinção 
entre as colônias”. A revolução, como disse Silas Deane, de Connecticut, no início da luta, dizia 
respeito fundamentalmente a garantir “os privilégios particulares e locais, os direitos e 
imunidades de súditos britânicos americanos” da forma que esses direitos tinham sido 
usufruídos e se encontravam legalmente implantados nas diversas colônias. Essa ligação 
profunda com os direitos, maneiras e identidades locais teve enorme influência sobre a 
natureza do governo nacional e determinou que a lealdade que as pessoas tivessem para com 
ele fosse secundária em relação à lealdade primária que tinham para com seus próprios 
estados.Enquanto se arrastavam os debates a respeito dos termos da confederação, os 
representantes ao congresso demonstraram escrúpulos consideráveis quanto a infringir os 
direitos dos estados. Thomas Burke, da Carolina do Norte, foi bastante eloqüente quanto a isso, 
negando que “dispositivos criados por Assembléias Continentais” devessem ser “pontos em 
vigor pela autoridade Continental”. Ele afirmava que fazer isso corresponderia a dar ao 
“Congresso um poder de derrubar todas as leis e constituições dos estados” pela criação de um 
poder dentro de cada estado que deveria agir com total independência em relação a elas, e que 
poderia confrontá-las diretamente’. “Em virtude desse poder”, advertiu ele, o Congresso 
poderia “tornar sem efeito todos os obstáculos estipulados nos estados para a segurança dos 
direitos dos cidadãos, pois”, explicou ele, se fosse concedido “um poder para agir 
coercivamente, isso teria de ser contra o súdito de algum estado, e o súdito de cada estado 
tinha direito à proteção daquele estado específico e estava sujeito às leis somente daquele 
estado, porque somente a elas ele deu seu consentimento.” 
Na mesma disposição de espírito James Smith, um representante da Pensilvânia 
apresentou objeções a esforços para dar ao Congresso autoridade para instituir controles de 
preços e salários porque “uma recomendação dessa natureza interferiria com a política interna 
de cada estado”, que é um tema “de natureza por demais delicada para ser tratada no 
congresso”. 
Dadas essa atitudes, não surpreende que os Estatutos com os quais o Congresso acabou 
concordando deixassem o peso preponderante da autoridade com os estados. Sempre alerta 
para qualquer dispositivo que pudesse deixar “nas mãos do futuro congresso... a possibilidade 
de fazer desaparecer todos os direitos que anteriormente pertenciam aos estados, ou de tornar 
seu poder tão ilimitado quanto quisessem”, Thomas Burke surpreendentemente encontrou 
pouca oposição à sua “emenda que sustentava o princípio de que todo o Poder soberano residia 
nos estados separadamente, e que seus atos particulares, que deveriam ser expressamente 
enumerados, seriam executados em conjunto, e não de outro modo; mas que, sob todos os 
outros aspectos, cada estado exerceria todos os direitos e poderes da soberania, sem controles 
externos”. Somente a Virgínia votou contra ele, com a abstenção de Nova Hampshire. Em sua 
forma final, a emenda de Burke, que se tornou o Artigo 2 dos Estatutos da Confederação, 
estabelecia que “cada estado retém sua soberania, liberdade e independência, bem como todo 
poder, jurisdição e direito que não estejam por meio desta confederação expressamente 
delegados aos Estados Unidos, no Congresso em Assembléia”. 
Burke interpretou seu triunfo como um passo necessário para a perpetuação de um 
fraco governo nacional e se regozijou com a facilidade com que o obteve. “Fiquei muito 
satisfeito de descobrir que a opinião favorável à acumulação de poderes no Congresso tinha 
tão poucos simpatizantes, e posso garantir que, nessa história toda, minhas idéias a esse 
respeito se revelarão praticamente semelhantes às da maioria dos estados”, escreveu Burke a 
seu colega representante da Carolina do Norte, Richard Caswell. “Resumindo, senhor, sou da 
opinião de que o Congresso deveria ter poderes suficientes para convocar e aplicar a força 
comum pela defesa comum, mas não para os objetivos parciais da ambição”. Ele também não 
acreditava que a jurisdição do governo nacional devesse se estender até o comércio. “Os 
Estados Unidos deveriam ser como uma (potência) soberana em relação a potências 
estrangeiras quanto a todos os aspectos relacionados à guerra ou em que os estados tenham 
um interesse comum”, argumentou ele no Congresso em dezembro de 1777. “Mas em todas as 
relações pacíficas, de natureza comercial ou não, ele deveriam ser como Estados soberanos 
separados”. Após sua vitória, Burke referiu-se ao Congresso como “a assembléia unida dos 
estados livres, independentes e soberanos, da América”, ressaltando assim, de modo explícito, 
seu caráter limitado. 
O desejo predominante de manter a “independência separada” e as identidades dos 
estados determinou, portanto, que o governo nacional tivesse poderes limitados e ao mesmo 
tempo despertasse pouco afeto nos Estados Unidos como um todo. Ao longo da guerra e mesmo 
depois dela, os governos estaduais e municipais continuaram a ser os foros primordiais para a 
concretização dos objetivos políticos do povo e os locais principais para interação dos cidadãos 
com seu governo. Mesmo enquanto a própria guerra atraía atenção para a causa comum e 
estimulava a formação de um patriotismo nacional rudimentar, essas condições atuavam no 
sentido de reforçar a antiga identificação de cada povo com seu estado. 
Com a ratificação dos Estatutos da Confederação de 1781, os Estados Unidos 
conseguiram uma estrutura formal de governo nacional, mas muitos líderes do Congresso 
duvidaram que ela durasse. Quando James M. Varnum se tornou representante do Rhode 
Island, em 1781, ele encontrou o Congresso impedido de atuar em razão da preocupação dos 
representantes de proteger os direitos e interesses de seus respectivos estados. Essa 
preocupação, relatou ele, “frustrava toda tentativa de introdução de um sistema mais eficaz”. 
Conseqüentemente, queixou-se ele, o Congresso passava o tempo “em questões executivas 
banais, enquanto assuntos da maior magnitude” eram “postergados ou rejeitados como se, em 
sua natureza, subvertessem a liberdade democrática”, que os representantes equipavam à 
continuidade da supremacia dos estados”. Uma cautela prudente contra o abuso do poder”, 
salientou ele, “é muito necessário para sustentar os princípios dos governos republicanos, mas, 
quando essa cautela é exagerada, essa ocorrência pode e provavelmente há de se tornar 
alarmante”. “Não está distante a hora”, conjecturou ele, “em que o atual Congresso Americano 
será dissolvido ou deixado de lado por ser inútil, a menos que uma mudança de procedimento 
torne sua autoridade mais respeitável”. Alguns meses depois, o representante da Virgínia James 
Madison, recomendou à legislatura de seu estado que ela deveria “pressupor que a atual União 
pouco” sobreviveria “à guerra em andamento”. 
Nem durante os últimos anos da guerra, nem com a paz, mudaram as perspectivas de 
continuidade da união. Era notória a lentidão de alguns estados em pagar suas cotas 
requisitadas pelo Congresso para sustentar a guerra. Representantes dedicados à perpetuação 
da união, como James Madison, argumentavam em vão que essas requisições “eram lei para os 
estados tanto quanto as leis destes últimos o eram para os cidadãos individuais: que a 
constituição federal era tão sagrada e compulsória quanto as constituições internas dos 
diversos estados, e que nada poderia justificar a desobediência dos estados a atos sancionados 
por ela”. Entretanto, os estados estavam em posição de superioridade, e cada um agia como 
bem entendia. “Havia nos estados”, lamentava-se James Wilson, “uma força mais centrífuga do 
que centrípeta”. 
Essa situação de incerteza levou a uma necessidade de conferir ao governo nacional 
pelo menos um poder limitado de tributação, mas esse tipo de demanda invariavelmente 
enfrentava forte oposição. Foi assim que Arthur Lee, um representante da Virgínia, previu, no 
inverno de 1783, que os estados “jamais concordariam com aqueles planos que procuraram 
aumentar” a autoridade nacional porque eles “tem inveja do poder do Congresso”. Admitindo 
“ser ele mesmo um dos que consideravam essa inveja razoável” Lee afirmou que “ninguém que 
tivesse aberto uma página que fosse, ou lido apenas uma linha sobre o tema da liberdade, 
poderia se manter insensívelao perigo de entregar a bolsa à mesma mão que manejava a 
espada”. Era evidente que Lee falava por muitos representantes quando avisou numa ocasião 
subseqüente que “ele preferia ver o Congresso como uma instituição fraca do que como um 
pulso de ferro”. 
Nessa situação, muitos representantes acreditavam que a união não poderia persistir 
em sua forma corrente. “É agora idéia geral no Congresso”, relatou o congressista de 
Massachusetts Stephen Higginson, no verão de 1783, “que a atual Confederação não resistirá 
mais” e que “uma dissolução deve ocupar seu lugar,... & e eu espero que seja de modo racional 
como quando a moeda antiga é declarada inadequada e posta de lado”. Houve quem previsse a 
guerra civil entre os estados. Outros imaginaram que os treze estados se dividiriam em 
confederações menores, unidas meramente para fins de defesa. Assim, no início de 1783, 
Nathaniel Gorum, de Massachusetts, argumentando “que a União jamais poderia ser mantida 
com qualquer outra base a não ser a da justiça” e salientando que “alguns estados tinham 
sofrido enormemente pelas deficiências de outros”, afirmou que “se não fosse possível obter 
justiça através do sistema federal e esse sistema fracassasse, como se daria necessariamente 
estava na hora de esse fato ser divulgado para que alguns estados pudessem formar outras 
confederações adequadas ao objetivo de sua segurança”. 
No verão de 1783, Charles Thomson, secretário de longa data do Congresso, explicitou 
as forças e a lógica por trás de uma dissolução dessas e especulou sobre a forma que 
confederações separadas assumiriam e por que motivo. “Eliminado o perigo comum que, até o 
momento, mantinha esses estados juntos, vejo preconceitos, paixões e opiniões locais que já 
começam a operar com toda a força”, escreveu Thomson, sublinhando a continuada primazia 
das identidades dos estados na organização da consciência política dos americanos. “E confesso 
que tenho meus receios de que as previsões de nossos inimigos se revelem verdadeiras, de que, 
com a eliminação do perigo comum, nossa Confederação e União se revelem fracas e ilusórias. 
Sem dúvida, deverá haver e haverá, em nome da segurança, alguma confederação de estados” 
E prosseguiu: “Mas ainda é incerto quantos dos estados estarão incluídos numa confederação 
ou quantas confederações existirão.” 
Ao especular sobre o número e a natureza dessas confederações, Thomson salientou a 
importância de semelhanças em interesses, maneiras, composição demográfica e identidades. 
Ele previu a formação de quatro confederações separadas. Os “quatro estados do leste” na 
Nova Inglaterra prognosticaram “formarão uma confederação” porque suas “maneiras, 
costumes e governo” eram “muito semelhantes” e porque eram “um povo sem miscigenação, 
sendo todos originários de uma linhagem comum sem qualquer acréscimo importante de 
forasteiros ou estrangeiros”. Nova York, acreditava ele, seria “forçada a se unir a confederação 
fosse de livre vontade, fosse pela força, não por nenhuma das causas mencionadas 
anteriormente, mas porque os estados do leste não se considerariam seguros se o rio Hudson e 
os lagos do norte, que são as chaves do país, ficassem nas mãos de um povo independente e 
separado deles. Com esse objetivo, o estado de Vermont, que até o momento deu a NY algum, 
receberá apoio e incentivo e será mantido como um vara acima da cabeça de NY a ser usada, 
se necessário, para castigá-lo e forçá-lo a entrar para a Confederação do Leste”. Porque todos 
eles eram “estados cujas fronteiras são fixas e confinadas, e por terem um forte desejo comum 
de ter uma participação no vasto território a oeste, que agora reivindicam como seu direito e 
como uma aquisição que a confederação atual obteve a custa do seu sangue e fortuna”, os 
estados centrais de Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware e Maryland, conjecturou Thomson, 
formariam uma segunda união. 
Para Thomson, a Virgínia, o maior e mais populoso dos estados, comporia uma nação 
por si só. “A arrogância da Virgínia, sua vasta extensão e suas reivindicações sem limites”, 
escreveu ele, haveriam de “induzi-la a se estabelecer sozinha”, e, “se um dia um governo 
monárquico se instalar na América do Norte”, a Virgínia seria o local onde ele “primeiro 
estabeleceria seu trono”. A “primeira disputa” da Virgínia, especulava Thomson, seria “com a 
confederação dos estados centrais quanto ao território do oeste. A menos que, talvez as pessoas 
do outro lado das montanhas Allegheny fossem levadas primeiro a se estabelecer e reivindicar 
direito exclusivo sobre aquele território. Nesse caso, a Virgínia poderia tentar subjugá-las e a 
confederação dos estados centrais as apoiaria contra ela, que poderia então tentar formar uma 
aliança com a confederação do leste ou com os três estados do sul”. Por fim, Thomson sugeriu 
ser provável que os três estados do sul, a Carolina do Norte, a Carolina do Sul e a Geórgia 
formassem uma liga, “mas sem uma confederação fechada. Pois”, explicou ele, “tal é o orgulho 
impetuoso da Carolina do Sul, tamanha a dissipação da sua moral e sua insolência resultante 
das multidões de escravos, que ela não entrará de bom grado para nenhuma União enquanto 
não adquirir algum bom senso através de muito sofrimento”. Dividida desse modo em 
confederações rivais, “a América”, preocupava-se Thomson, “pode ser o teatro da guerra e suas 
assembléias podem se tornar famosas por brigas e intrigas sobre decisões políticas”. 
Thomson e outros observadores que previram o colapso precoce da primeira união 
nacional americana após a paz estavam equivocados. A confederação não desmoronou. Em vez 
disso, ela prosseguiu trôpega, mais ou menos como durante a guerra. Na teoria, como Nathan 
Dane, um representante de Massachusetts, salientou em 1786, a confederação proporcionava 
“uma justa divisão do poder entre uma liderança federal e as legislaturas dos estados”, com o 
congresso mantendo “as armas da guerra e as palmas da paz” e os estados tendo jurisdição 
sobre todos os outros aspectos das relações públicas e internas. No entanto, esse 
relacionamento estava longe de ser equilibrado. Como ele passou a explicar, “os respectivos 
estados” mantinham a vantagem. Eram eles que controlavam “o dinheiro que ia para União, o 
poder de criar o Congresso anualmente... [,] reconvocando seus membros à vontade e 
regulando os pagamentos por seus serviços”. O resultado era que os representantes geralmente 
expressavam as opiniões e as identidades dos estados que representavam. “É raro que vejamos 
um membro do Congresso se afastar das opiniões de seu estado”, escreveu Dane. “Muito 
embora ele esteja plenamente convencido de que essa opinião está baseada em fatos 
equivocados e que seria abandonada pelo estado caso tomasse conhecimento da verdadeira 
situação das coisas e da informação que ele possui”, disse Dane, “ele abrigará para sempre 
dúvidas quanto a estar ou não em seu poder induzir seus eleitores a modificar a opinião e a 
concordar com ele”. Mesmo assim, Dane tinha “poucas dúvidas de que sempre será mais 
seguro deixar que a balança do poder se incline a favor das respectivas legislaturas [,] visto 
que cada uma não está assim tão afastada do povo”. No esquema americano de governo que 
funcionou entre 1775 e 1787, o congresso, como Nathaniel Gorham observou pouco mais de 
um ano antes da convenção federal de 1787, não passava de “um vestígio de um governo”. 
Os governos nacionais no poder durante a guerra e os períodos da Confederação eram 
fracos demais, sujeitos demais á vontade dos estados e distantes demais da vida da maior parte 
do povo para gerar um sentido nacional de identidade coletiva forte o suficiente para desafiar 
as identidades dos estados separados. Formada nas sombras daquelas identidadesmais antigas 
e infinitamente mais imediatas, e coexistindo com elas, a identidade nacional americana 
permaneceu embrionária e superficial. As diversas manifestações literárias e culturais do 
patriotismo americano durante a revolução, e depois dela, são enganosas. Na nova e complexa 
unidade política nacional americana, as identidades dos estados por muito tempo, 
continuariam a ter importância central. 
Para compreender plenamente a natureza da identidade coletiva no início da 
república, os historiadores precisam aprender a aceitar suas raízes coloniais e variantes 
provinciais. As poderosas identidades dos estados, herdadas da era colonial, e as lealdades, 
hábitos e preconceitos provinciais profundamente arraigados que elas expressavam 
representaram um desafio tremendo para os que esperavam criar uma união nacional 
durável. A união contingencial e orientada para a guerra que foi composta às pressas em 
1775-76 pouco fez para promover uma profunda identidade nacional que rivalizasse com ela, 
e a Constituição de 1787 proporcionou uma estrutura na qual as identidades dos estados 
poderiam facilmente coexistir com um emergente sentido de identidade nacional americana e 
até mesmo manter boa parte de sua vitalidade. Como, durante o início do século XIX, essas 
identidades dos estados interagiram com exigências de uma identidade nacional maior, e se, 
quando e como elas poderiam ter se fundido com uma identidade dessas, ou sido superadas 
por ela, são questões interessantes e difíceis que os acadêmicos mal começaram a estudar. A 
guerra de Secessão poderia ser vista como uma indicação de como o sentimento da nação 
ainda era frágil. Talvez a busca por respostas e essas perguntas deva se concentrar numa 
época muito posterior.

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