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Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira FACCI – Faculdade de Ciências Contábeis de Itabira Anormalidade x Normalidade Notas sobre as concepções sociais e psicopatológicas Professora: Priscila Souza Vicente Penna Disciplina: Psicologia da Saúde Curso: Fisioterapia Semestre: 2°/2015 Saúde ou Doença Mental: a questão da normalidade “Estou de acordo que um esquizofrênico é um esquizofrênico, mas uma coisa é importante: ele é um homem e tem necessidade de afeto, de dinheiro e de trabalho; é um homem total e nós devemos responder não à sua esquizofrenia mas ao seu ser social e político” Franco Basaglia ▪ cuidado para não patologizar o sofrimento: não são todas as situações de sofrimento que requerem ajuda psicoterápica ▪ adaptação social X desadaptação → sofrimento psíquico: normal ou doente? ▪ Doença Mental [enfoque psicológico]: produto da interação das condições de vida social com a trajetória específica do indivíduo (família, outros grupos sociais, e experiências) e sua estrutura psíquica. As condições externas determinantes ou desencadeadoras da doença mental ou propiciadoras e promotoras desta, isto é, da possibilidade de realização pessoal do indivíduo em todos os aspectos de sua capacidade. A loucura na dimensão sócio-histórica ▪ Filósofo francês, Michel FOUCAULT (1926-1984): contribuição para a compreensão da constituição histórica do conceito de doença mental. ▪ pesquisa documental revelou que na Idade Média e Renascimento o louco vivia “solto, errante, expulso, das cidades”, visto como portador de um poder esotérico sobre os homens e o mundo. ▪ LOUCURA = ignorância, ilusão, desregramento de conduta, desvio moral . Oposição à RAZÃO, instância de verdade e moralidade. Internação em hospital era pouco comum, e tratamento similar aos demais enfermos. ▪ Época Clássica (séculos 17 e 18), critérios de definição da loucura ainda eram não-médicos, a cargo da Igreja, justiça e família, e referiam-se à transgressão da lei e da moralidade. A loucura na dimensão sócio-histórica ▪ final séc.XVIII, Hospital Geral, em Paris, internação dos segregados da sociedade, cujo critério de exclusão baseava-se na inadequação do louco à vida social. A loucura constituía desafio para a medicina. ▪ Modernidade, (final séc.XVIII), loucura reside no interior do homem, como perda da natureza própria do homem, alienação. Criação da primeira instituição destinada exclusivamente à reclusão dos loucos: asilo. Métodos terapêuticos → religião, medo, culpa, trabalho, vigilância, julgamento. ▪ primórdios da psiquiatria: ação moral e social, normatização do louco, neste instante concebido como capaz de se recuperar. Início da medicalização A psiquiatria clássica ▪ sintomas são sinal de distúrbio orgânico, isto é, doença mental = doença cerebral, origem endógena, lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Mau funcionamento cerebral leva a distúrbios de comportamento, da afetividade, etc. ▪ o sintoma tem sua origem no orgânico ▪ tratamento medicamentoso + eletrochoques, choques insulínicos, internação psiquiátrica Normal e patológico ▪ normal X anormal é relativo, noção construída socialmente. Em algum momento histórico é considerado desvio e num outro período não. (ex. mulheres tidas como loucas, na década de 50, em SP, por apresentarem comportamento sexual avançado) ▪ ciência, perigo do destino do indivíduo rotulado Teorias Críticas: Antipsiquiatria e Psiquiatria Social ▪ Antipsiquiatria: negação radical da psiquiatria tradicional ou clássica → a doença mental é uma construção da sociedade “A doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal” (FOUCAULT, p.71, Doença Mental e Psicologia). ▪ crítica da antipsiquiatria e psiquiatria social: denúncia da manipulação do saber científico, e retirada da dignidade do louco. ▪ embora questionem a abordagem clássica, não negam a existência da doença 7 Teorias Críticas: Antipsiquiatria e Psiquiatria Social “Eu penso que a loucura, como todas as doenças, são expressões das contradições do nosso corpo, digo corpo orgânico e social. É nesse sentido que direi que a doença, sendo uma contradição que se verifica no ambiente social, não é um produto apenas da sociedade, mas uma interação dos níveis nos quais nos compomos: biológico, sociológico, psicológico.” (BASAGLIA, p.79, A psiquiatria alternativa) ▪ portanto, é no indivíduo e fora dele que vamos procurar as razões dessa desrazão ▪ saúde mental, além de uma questão psicológica é também uma questão política.
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