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EXPOSIÇÃO DOS CRIMES CONSIDERADOS COMO HEDIONDOS E EQUIPARADOS

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13/09/2017 AVA UNINOVE
https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/topico.php 1/16

Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90).
Exposição dos crimes considerados como hediondos e
os equiparados aos hediondos
O objetivo desse tópico é a análise da Lei dos Crimes Hediondos.
AUTOR(A)
PROF.     
13/09/2017 AVA UNINOVE
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sistema de definição dos crimes hediondos
INTRODUÇÃO
 
Influenciado, por uma política criminal que insiste em apresentar o Direito
Penal como a panaceia para todos os problemas criminais, o constituinte
originário concedeu tratamento diferenciado para os crimes denominados
hediondos.
O artigo 5.º, inciso XLIII da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988,
dispõe que: ""a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
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respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem". Assim, podemos constatar que a norma constitucional impõe
regime jurídico mais rigoroso para os crimes considerados mais graves, ou
seja, os crimes denominados hediondos.
O vocábulo "hediondo" no vernáculo pátrio direciona à aquilo que 
repugnante, sórdido, repulsivo, pavoroso, torpe, abjeto, vil etc., de modo que
os denominados crimes hediondos são aquelas infrações penais
consideradas mais graves do ordenamento jurídico e que merecem
tratamento penal mais rigoroso.
O dispositivo constitucional que trata dos denominados crimes hediondos é
norma constitucional de eficácia limitada e foi regulamenado pela Lei n.º
8.072, de 25 de julho de 1990. É importante salientar que a edição da Lei dos
crimes hediondos está diretamente relacionada à influência da denominada
CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA, ou seja, o discuso acalorado da imprensa e das
massas a respeito do fenômeno criminal, sem fundamentação jurídica e
acadêmica.
A aprovação da Lei dos crimes hediondos foi antecedida por delitos que
geraram forte sensacionalismo midiático, entre eles, pode-se citar o
sequestro do empresário Abílio Diniz, em 11 de dezembro de 1989, bem
como o do publicitário Roberto Medina, em 6 de junho de 1990. 
Cerca de quatro anos depois, o parlamento aprovou a Lei n.º 8.930/94, que
incluiu na Lei dos crimes hediondos os crimes de homicídio praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, bem como o homicídio qualificado.
Essas alterações decorrem de fortes influências populares e midiáticas no
congresso nacional, tendo em vista o homicídio qualificado da filha da
diretora de novelas GLÓRIA PEREZ, que procurou realizar um projeto de
iniciativa popular (vide artigo 61 §2.º da CF), bem como das famigeradas
chacinas ocorridas anteriormente, a saber a chacina da Candelária, ocorrida
em 1993 e a chacina de Vigário Geral, também ocorrida no ano de 1993.
No momento, em virtude da ampla repercussão dada à determinados
processos criminais envolvendo autoridades e parlamentares em casos de
crimes contra a administração pública, há forte apelo popular e até mesmo
de algumas autoridades par incluir os crimes de corrupção ativa e passiva
(vide artigos 317 e 333, ambos do CP) no rol dos crimes hediondos. 
É importante salientar que o simples tratamento mais rigoroso dado a
determindo crime não tem o condão de reduzir ou resolver o problema da
criminalidade. Nesse sentido recomenda-se o estudo de disciplinas
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fundamentais como CRIMINOLOGIA e POLÍTICA CRIMINAL. 
 
SISTEMA DE DEFINIÇÃO DOS CRIMES
HEDIONDOS
 
Tendo em vista o texto constitucional que não definiu expressamente o rol
de crimes hediondos, bem como não fez referência à metodologia para sua
definição, é importante o estudo dos sistemas de definição dos crimes mais
graves, ou seja, os hediondos e que tem tratamento jurídico-penal mais
rigoroso.
Existem três sistemas de definição dos crimes hediondos: SISTEMA LEGAL;
SISTEMA JUDICIAL e SISTEMA MISTO. Assim, vejamos cada um desses
sistemas:
SISTEMA LEGAL: por meio desse sistema, cabe somente ao
legislador enunciar e definir o rol taxativo dos crimes considerados
hediondos. Esse sistema é um corolário do princípio da
LEGALIDADE PENAL (vide artigo 5.º, inciso XXXIX da CF, c/c.,
artigo 1.º do CP). O problema desse sistema é que o legislador tem
ampla liberdade para definir qualquer infração penal como de
natureza hediondo, como visto, muitas vezes movido pela
denomina criminologia midática. No entanto, em geral a doutrina
entende que esse sistema é o que oferece mais segurança jurídica;
SISTEMA JUDICIAL: por meio desse sistema o juiz tem ampla
liberdade, conforme o caso concreto, para identificar a natureza
hedionda de determinado crime;
SISTEMA MISTO: por meio desse sistema o legislador fornece ao
magistrado uma série de critérios objetivos para a definição dos
crimes hediondos ou, eventualmente, define um rol exemplificativo
autorizando ao juiz conforme o caso a aplicação da analogia.
No Brasil o sistema adotado pela legislação para definir os crimes
considerados hediondos foi o SISTEMA LEGAL. Sendo assim, o critério para
saber se uma infração penal é ou não de natureza hedionda é simples. Esse
critério consiste em analisar o artigo 1.º da Lei n.º 8.072/90, de maneira que
se a infração penal estiver naquele ROL TAXATIVO será considerada de
natureza hedionda e terá o tratamento penal mais rigoroso fornecido pela
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legislação. É importante salientar que esse rol é taxativo e não há
possibilidade de aplicação analógica, haja vista que nossa legislação não
admite a analogia "in malam partem".
Por conseguinte, é fundamental analisar o rol dos crimes hediondos,
expressamente previsto no artigo 1.º da Lei n.º 8.072/90.
 
ROL TAXATIVO DE CRIMES HEDIONDOS
 
Os crimes hediondos estão previstos em um rol taxativo no artigo 1.º da Lei
n.º 8.072/90. Antes de fazer referênia aos crimes denominados hediondos é
importante ressaltar que o artigo 1.º, caput, da Lei dos crimes hediondos
afirma expressamente que serão considerados hediondos os crimes previstos
nos vários incisos CONSUMADOS ou TENTADOS.
Diante disso, vejamos quais são os crimes definidos pelo artigo 1.º como
sendo HEDIONDOS:
 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente
 
Preliminarmente, é importante salientar que o crime de homicídio simples
(vide artigo 121, caput, do CP), por si só, não é crime hediondo. O homicídio
simples só será hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, é o que se denomina homicídio condicionado.
Para que a atividade seja considerada típica de grupo de extermínio é
necessário que o cometimento do delito seja marcado pela característica da
impessoalidade na escolha da vítima. A lei n.º 12.720, de 2012, incluiu o §
6.º no artigo 121 do Código Penal, no sentido de aumentar a pena de 1/3 a
1/2, se o crime de homicídio por praticado por milícia privada, sob o
pretexto de serviço de segurança ou por grupo de extermínio.
É importante salientar que para o crime ser considerado hediondo é
suficiente que o delito seja praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, não existindo a necessidade legal de efetivamente haver um
grupo montado com o escopo de realizar a denominada "limpeza social". No
entanto, se o grupo também existir (no geral exigem-se 3 indivíduos) além
de hediondo será aplicada a causa especial de aumento de pena. A
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denominada "limpeza social" que também é chamada de chacina ocorre com
a prática de homicídios com objetivos, dos mais variados,em geral, baseados
na falsa ideia de segurança pública.
No entanto, é importante salientar que esse homicídio condicionado
dificilmente não será qualificado, o que torna a redação do dispositivo inútil,
haja vista que tais práticas podem ser consideradas qualificadas por ser o
motivo torpe.
 
I - homicídio qualificado (art. 121, § 2 , incisos I,
II, III, IV, V, VI e VII)
 
Nos termos da segunda parte do artigo 1.º, inciso I, da Lei dos crimes
hediondos, também é considerado hediondo o homicídio qualificado em
todas as suas modalidades. 
É importante salientar que o homicídio privilegiado não é, em absoluto,
considerado crime hediondo. Ademais, é pacífico na doutrina e também na
jurisprudência que o HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO NÃO É
CRIME HEDIONDO, haja vista que no caso prevalecem as privilegiadoras que
são todas de natureza subjetiva, aplicando-se, no caso, como paradigma, o
disposto no artigo 67 do Código Penal. Isso ocorre pois o homicídio
privilegiado só pode coexistir com as qualificadoras de natureza objetiva.
 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza
gravíssima (art. 129, § 2 ) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3 ), quando
praticadas contra autoridade ou agente descrito
nos  arts. 142  e  144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição 
 
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O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima, bem como a lesão
corporal seguida de morte quando praticadas contra a autoridade ou agente
descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal. Essa modalidade de
crime hediondo foi incluída pela Lei n.º 13.142/2015.
Com essa inclusão surge perplexidade a respeito do sistema legal de
definição de crimes hediondos, haja vista que essa hipótese não parece
apresentar proporcionalidade com as consequências gravosas da Lei dos
crimes hediondos. Considerar o crime de lesão corporal, ainda que
gravíssima ou seguida de morte, como figura hedionda quando praticados
contra agentes do Estado, não é razoável e viola o princípio constitucional
da proporcionalidade, haja vista que o resultado gravoso (lesão gravíssima,
por exemplo, por perda ou inutilização de membro sentido ou função) pode
ser atribuído a título de culpa, haja vista que o §2.º do artigo 129 do Código
Penal abrange não só o dolo, mas, também a culpa com relação ao resultado,
nos casos de crime preterdoloso (vide artigo 19 do CP).
É também crime hediondo nos termos do dispositivo em análise a lesão
corporal gravíssima ou seguida de morte de cônjuge, companheiro,  ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, de
agentes do Estado. 
 
II - latrocínio (art. 157, § 3 , in fine)
 
O latrocínio é o roubo qualificado pela morte conforme previsão do artigo
157 §3.º, "in fine" do Código Penal e, também é considerado crime hediondo.
Ademais, é importante salientar que o roubo seguido de lesão corporal grave
ou gravíssima, conforme primeira parte do § 3.º do artigo 157 do Código
Penal não é crime hediondo, haja vista que não consta do rol taxativo do
artigo 1.º da Lei n.º 8.072/90.
 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, §
2 )
 
De acordo com o artigo 1.º, inciso III da Lei n.º 8.072/90, o crime de extorsão
qualificada pela morte previsto no artigo 158 §2.º do Código Penal, também
é considerado crime hediondo. Da mesma forma que ocorre com o crime de
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roubo, a extorsão somente será considerada crime hediondo se qualificada
pela morte.
Ademais, é importante salientar que em virtude da Lei n.º 11.923/09, foi
incluído um §3.º ao artigo 158 do Código Penal, para tipificar o denominado
crime de SEQUESTRO RELÂMPAGO: "Se o crime é cometido mediante a
restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2  e 3 , respectivamente".
Apesar da novel previsão legal dessa modalidade delituosa grave, a Lei dos
Crimes Hediondos não foi alterada a fim de nela fazer inserir a referida
figura típica, do que deriva a conclusão  de que tal prática delitiva não pode
ser considerada como tendo natureza de crime hediondo por falta de
expressa previsão legal, trata-se de autêntica lacuna do legislador pátrio.No
entanto, existe divergência a respeito da ocorrência de morte em razão do
sequestro relâmpago.
Existem autores que entendem haver analogia in malam partem em
considerar o sequestro relâmpago qualificado pela morte como hediondo e,
outros, por sua vez, que depreendem pela possibilidade de considerar tal
crime qualificado como hediondo, senão vejamos: "deve-se pautar o
raciocínio com base no crime de extorsão e de acordo com a regra do artigo
1.º, inciso III da Lei n.º 8.072/90, já que o sequestro-relâmpago é uma
modalidade desse crime (extorsão), acrescida da restrição de liberdade.
Assim, como a extorsão qualificada pela lesão grave não é infração
hedionda, o sequestro-relâmpago com lesão grave também não é. Se
todavia, tratar-se de resultado morte, o delito será hediondo, porque a
extorsão seguida de morte possui essa natureza (GONÇALVES, 2015, p. 55)".
 
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma
qualificada (art. 159, caput, e §§ l , 2  e 3
 
O crime de extorsão mediante sequestro em todas as suas formas é
considerado crime hediondo, portanto, nos termos do artigo 1.º, inciso IV da
Lei n.º 8.072/90, a extorsão mediante sequestro simples e também na forma
qualificada é crime hediondo.
 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1  e 2 )
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V - estupro (art. 213, caput e §§ 1  e 2 )
 
O crime de estupro simples, bem como as modalidades qualificadas são
todas figuras típicas de natureza hedionda. Com a entrada em vigor da Lei
n.º 12.015/09, o artigo 214 do CP foi revogado. Assim, o artigo 213 do CP
passou a ter a redação atual abrangendo as condutas do antigo tipo de
atentado violento ao pudor previsto no artigo 214 do CP.
Aplica-se o denominado princípio da continuidade normativo-típica.
 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput
1 , 2 , 3  e 4 )
 
O estupro de vulnerável em todas as suas modalidades previstas no artigo
217-A do Código Penal caracteriza crime hediondo nos exatos termos do
artigo 1.º, inciso VI da Lei n.º 8.072/90.
 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, §
1 )
 
O crime de epidemia com resultado morte é também considerado crime
hediondo, no termos do artigo 1.º, inciso VII da Lei n.º 8.072/90. É
importante salientar que só será considerado hediondo o crime quando
qualificado pelo resultado morte.
 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput
§ 1 -A e § 1 -B, com a redação dada pela  Lei
n  9.677, de 2 de julho de 1998)    
 
No ano de 1998, emergiu o escândalo relacionado à falsificação dos
remédios. Assim sendo, a Lei n.º 9.695/98, transformou o crime de
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
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terapêuticos ou medicionais e suas modalidades equiparadas, todas
previstas no artigo 273 do Código Penal em crime hediondo.
A inserção dessa figura típica no rol dos crimes hediondos sofre até os dias
atuais críticas veementes, Isto, pois, a figura delituosa em análise abrange
não apenas a falsificação de produto destinadoa fins terapêuticos ou
medicinais, como também de cosméticos e saneantes. Essa postura do
legislador ofende o postulado da proporcionalidade e da razoabilidade, haja
vista que, ainda que o crime seja considerado grave, não apresenta a mesma
intensidade lesiva dos demais crimes definidos como hediondos. 
 
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e
§§ 1º e 2º)   
 
O crime de  favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável previsto no artigo 218-B,
caput, e §§ 1º e 2º do Código Penal, foi incluído no rol dos crimes hediondos
pela Lei n.º 12.978/14. 
 
Parágrafo único. Considera-se também hediondo
o crime de genocídio previsto nos  arts.
1 ,  2   e  3   da Lei n   2.889, de 1   de outubro de
1956, tentado ou consumado.  
 
O sentido etimológico da palavra genocídio, de origem grega, é génos
(família, tribo ou raça) e caedere do latim matar. O termo foi construído por
Raphael Lemkin um advogado e judeu polaco, por volta de 1944, motivado
pelo massacre Armênio. Com o advento do genocídio dos judeus pelo regime
nacional-socialista, o Holocausto, o supra citado advogado fez ardorosa
batalha pela criação de tratados internacionais, que tipificassem e punissem
com rigor a conduta definida por ele de genocídio, comportamento esse
conhecido como "limpeza étnica", que consiste no homicídio deliberado de
pessoas por serem estas pertencentes a grupos étnicos, raciais, nacionais ou
religiosos diferentes.
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A prática do genocídio é muito antiga e, chega a se confundir com a origem
do próprio homem. Tal comportamento sórdido foi cometido ao redor do
mundo, em todos os períodos da história humana. Talvez sua manifestação
mais primitiva repouse no que chamamos de "vingança de sangue",
verdadeira guerra movida pelo grupo ofendido àquele a que pertencia o
ofensor, culminando, muitas vezes, com a eliminação completa de um dos
grupos.
 
O crime de Genocídio foi previsto pela Convenção da ONU, aprovada em
Paris, em 9 de dezembro de 1948, para entrar em vigor em 12 de janeiro de
1951, após a ratificação por mais de 20 países. O Brasil a ratificou no ano
seguinte, entrando em vigor por meio do Decreto n. 30.822, desse mesmo
ano.
 
Cinco anos após a promulgação do tratado, o Brasil editou a Lei n. 2.889 de
1º de outubro de 1956, definindo, em homenagem ao princípio da legalidade,
o crime de genocídio. A lei 8.072 de 1990, em seu artigo 1.º, parágrafo único,
com redação determinada pela Lei n. 8.930 de 1994, com fundamento no
artigo 5.º inciso XLIII da Constituição da República, considerou o crime de
genocídio hediondo.  Assim sendo, vejamos a redação dos tipos penais
referentes ao genocídio:
CONCEITO JURíDICO DE GENOCíDIO
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em
parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como
tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de
membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física
total ou parcial;
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d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos
no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo
para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso
da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer
qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
Tal crime, nos termos do artigo 1.º da Lei 2.889 de 1956, consiste na
destruição, total ou parcial, de grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
mesmo que praticado contra uma única pessoa, dependendo no caso do
elemento subjetivo especial do tipo penal.  
O crime de genocídio, também está previsto no Estatuto de Roma, que
regulamentou o Tribunal Penal Internacional (TPI), que foi promulgado no
Brasil, por meio do Decreto-Presidencial n. 4.388 de 2002, nos exatos termos
do artigo 6.º, do referido tratado internacional. Este artigo retoma "
verbis"  o artigo 2.º da Convenção da ONU de 1948, cujo texto é também
retomado in extenso nos dois estatutos dos TPIs para a ex-Iugoslávia e
Ruanda. A respeito do Tribunal Penal Internacional veja o disposto no artigo
5.º §4.º da CF, bem como o artigo 7.º do ADCT. 
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Diante do exposto, e de vários exemplo históricos, culminando no massacre
nazi, é que conclui, ser o GENOCÍDIO o crime mais grave e vil do
ordenamento jurídico. No âmbito da jurisprudência brasileira recomenda-se
a pesquisa do RE n.º 351.487-3, RORAIMA, de relatoria do Ministro Cezar
Peluso do STF.
 
NATUREZA NÃO HEDIONDA DOS CRIMES
PREVISTOS NO CÓDIGO PENAL MILITAR
 
O artigo 1.º da Lei n.º 8.072/90, faz expressa referência ao nomen iuris do
tipo penal, bem como ao dispositivo legal que o regulamenta, de modo que
só será considerado crime hediondo a infração penal, expressamente
prevista no artigo 1.º da Lei dos crimes hediondos.
Assim, tendo em vista o SISTEMA LEGAL, que foi adotado pelo constituinte
originário, bem como pelo legislador infraconstitucional percebe-se que os
crimes militares não foram erigidos à condição de crime hediondo, haja vista
o princípio da legalidade.
Portanto os crimes militares de homicídio qualificado (vide artigo 205, §2.º),
latrocínio (vide artigo 242, §3.º), extorsão qualificada pela morte (vide artigo
243 §2.º), extorsão mediante sequestro (vide artigo 244, caput, e §§ 1.º, 2.º e
3.º), estupro (artigo 232), atentado violento ao pudor (artigo 233) e epidemia
(artigo artigo 292 §1.º) todos do Decreto-Lei n.º 1.001/69, o Código Penal
Militar, não são considerados crimes hediondos, por mais semelhante que
seja a descrição típica com as figuras do Código Penal. Ademais, o crime de
genocídio militar, previsto no artigo 208 do CPM, também não pode ser
considerado hediondo, haja vista que o artigo 1.º, parágrafo único da Lei n.º
8.072/90, ao rotular o crime de genocídio, refere-se, apenas àquelas figuras
delituosas previstas nos artigos 1.º, 2.º e 3.º da Lei n.º 2.889/56.
 
ROL DOS CRIMES EQUIPARADOS OU
ASSEMELHADOS AOS HEDIONDOS
 
O artigo 5.º, inciso XLIII da Constituição Federal, bem como o artigo 2.º da
Lei n.º 8.072/90, consideram equiparados ou assemelhados aos hediondos, e
portanto, tendo o mesmo tratamento os seguintes crimes:
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TORTURA (crime previsto e regulado na Lei n.º 9.455/97);
 
TERRORISMO (crime atualmete previsto na Lei n.º 13.260/16);
 
TRÁFICO DE DROGAS (crime previsto na Lei n.º 11.343/06).
 
É importante salientar que esses crimes tem o mesmo tratamento jurídico
concedido aos crimes definidos no artigo 1.º da Lei n.º 8.072/90, no entanto,
NÃO SÃO CRIMES HEDIONDOS, MAS SIM, EQUIPARADOS AOS
HEDIONDOS.
 
Quiz
Exercício Final
Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). Exposição dos crimes considerados como hediondos e os equiparados
aos hediondos
INICIAR 
Referências
13/09/2017 AVA UNINOVE
https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/topico.php 15/16
ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal especial. São Paulo:
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