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José Rildo Injustiça retributiva

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Universidade Federal do Mato Grosso 
 
Curso: Direito/CUA 
 
Discente: José Rildo Coelho Machado Junior 
 
Docente: Sandra Negri 
 
Projeto de Extensão: Direito Penal na comunidade 
 
Junho 2015 
 
RESUMO EXPANDIDO 
 
Injustiça retributiva 
 
 A partir de uma decisão do E. TJSP, no final do ano passado, a 
condenação de primeiro grau, de 06 anos e 09 meses de reclusão imposta pelo 
cometimento, em tese, do crime de tráfico de drogas, a uma mulher que 
portava consigo 1g de Maconha, fora mantida em seus próprios fundamentos. 
 A condenada, Maurene, já havia respondido pelo mesmo tipo de delito 
no ano de 2007. E nesta oportunidade, na Comarca de Bariri, interior do Estado 
de São Paulo, parece que seus antecedentes pesaram bastante. 
 Desta forma, com o mínimo de senso, há de se indagar: a sanção 
imposta é compatível com o fato? É justa? Pode-se compreender que a partir 
da decisão o Tribunal Paulista entendeu acertada a sentença imposta pelo juiz 
de primeiro grau. Mas, evidentemente, esta não parece nem de longe a 
condenação justa que Maurene deveria receber. 
 Como ensina o professor Fredie Didier Jr, o devido processo legal pode 
ser dividido em formal e substancial. No primeiro deverão ser observadas as 
 
garantias fundamentais interentes aos litigantes do processo, enquanto no 
segundo, as decisões a serem tomadas pelo judiciário deverão ser respaldadas 
pela razoabilidade e racionalidade. 
Portanto, há razoabilidade na mencionada decisão? Dentro de uma 
perspectiva meramente literária da lei, sim, pois o art. 33 da Lei de Drogas 
(11.343/06) prevê pena reclusão de 5 a 15 anos, além de pagamento de dias-
multa. Porém, a partir de um ângulo teleológico tal decisão não deve ser 
entendida como razoável tampouco, justa. 
A promessa de uma imposição de pena capaz de restaurar e reinserir o 
egresso à sociedade é a utopia na justiça criminal brasileira e, trazendo tal 
falácia ao caso em tela, pode-se notar como bem leciona Salo de Carvalho, 
que as “ciências criminais, as quais, acreditando-se capazes de 
reduzir/erradicar os delitos, produziram custo incalculáveis de violências”.1 
Desta forma, o acórdão que negou provimento ao recurso de Maurene 
deveria ser rechaçado, pois não há compatibilidade entre o ilícito cometido com 
a sanção imposta. Portar 1g de Maconha é, no máximo grau de periculosidade, 
a caracterização do art. 28 da Lei 11.343/06. 
A fim de entender os fundamentos que levaram à sentença imposta, 
bem como sua manutenção, vê-se apenas o desejo sagaz do judiciário de 
condenar deliberadamente “pseudos-traficantes” para apresentar à sociedade 
uma resposta aos altos índices de tráfico de drogas. Porém, cada caso possui 
circunstâncias fáticas diferentes que devem ser analisadas com as devidas 
cautelas e, neste caso, não é possível enxergar com bons olhos a reprimenda 
imposta pela posse de 1g de entorpecente, principalmente a partir das tão 
aclamadas garantias fundamentais ou, ainda, sob a égide do princípio da 
humanização das penas. 
Vê-se, portanto a disparidade eloquente entre o prejuízo imposto ao réu 
(sanção) e ao prejuízo que este causaria à sociedade (tráfico de 1g de 
 
1 CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia / Salo de Carvalho. – 6. ed. rev e ampl. – São Paulo: 
Saraiva, 2015. p. 131. 
 
Maconha). Tal disparidade sustenta dizer que o modelo de justiça retributiva 
aplicado em nosso país mais uma vez é falho.

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