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Semana da Gestão A riqueza das nações 240 anos

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240 anos – A riqueza das nações 
(Adam Smith)
Fabricio Missio- Cedeplar/UFMG
E-mail: fabriciomissio@gmail.com
Objetivo
i) Apresentar aspectos da obra;
ii) Despertar/Incentivar o interesse pela sua 
(re)leitura.
 No bicentenário da publicação de Riqueza das
Nações, em 1976, R. D. C. Black fez em um
ensaio uma retrospectiva das contribuições de
Adam Smith à ciência econômica.
 Ele conclui com uma constatação: 
 os leitores do iluminista escocês tenderam ao
longo das décadas, talvez mais do que com
qualquer outro economista, a interpretar a obra
do autor seguindo os interesses do momento.
Ressalva:
 Contudo...
 Há mais de dois séculos, Adam Smith goza da
reputação bem difundida de ser o fundador da
ciência econômica.
 As transformações metodológicas e
conceituais que marcaram a evolução da teoria
econômica ao longo deste período não foram
suficientes para retirar o estatuto canônico da
Riqueza das nações!
Porque saimos de casa hoje?
 De 1776 até última década do século XVIII -
princípios expostos na Riqueza das nações
não eram citados nos confrontos políticos da
época;
 Posteriormente, num período de intensa
agitação política e em meio aos debates sobre a
Revolução Francesa, quando a autoridade da
Riqueza das nações foi invocada pelos que
defendiam a supressão do “antigo regime” na
França e, também, na Inglaterra.
A trajetória da recepção da obra de 
Smith 
 Tomaram-se as doutrinas sobre a liberdade
econômica como parte de um argumento mais
amplo por reformas políticas e sociais que
abolissem as restrições à liberdade e os
privilégios da nobreza e do clero.
 A partir do século XIX, iniciou-se uma
apropriação mais seletiva da obra de Smith:
 No prefácio aos Princípios (Ricardo, 1982: 40):
“Para combater opiniões aceitas, o autor julgou 
necessário assinalar mais particularmente
aquelas passagens das obras de Adam Smith com 
as quais não está de acordo. Mas espera que não 
se pense, por esse motivo, que ele não participe, 
juntamente com todos aqueles que reconhecem a 
importância da Economia Política, da admiração 
que, com justiça desperta a profunda obra desse 
celebrado autor.”
 As diferenças entre o enfoque dos autores como
Malthus e Ricardo e a abordagem de Smith: nos
primeiros destacam-se o acento
caracteristicamente analítico e o escopo mais
restrito dos trabalhos contrastando com a
abordagem mais filosófica e o amplo leque de
temas abordados na obra do segundo pensador.
 Nesse período, se iniciou o processo de
transformação da obra de Smith numa espécie
de pedra fundamental de uma nova tradição
teórica, a economia política clássica.
 No círculo mais amplo dos homens públicos, a
doutrina liberal de Smith também encontrou
seus admiradores. Seus princípios foram
gradualmente difundidos e implementados, de
tal modo que, na segunda metade do século
XIX, o livre comércio foi aclamado como a
mais importante conseqüência prática de sua
obra.
 A Riqueza das nações passa a ser
considerada a afirmação clássica das
virtudes do laissez-faire;
 "deixai fazer, deixai ir, deixai passar“
 Laissez-faire é hoje expressão-símbolo do
liberalismo econômico, na versão mais pura de
capitalismo de que o mercado deve funcionar
livremente, sem interferência, apenas com
regulamentos suficientes para proteger os
direitos de propriedade.
 Esta filosofia tornou-se dominante nos Estados
Unidos e nos países da Europa durante o final
do século XIX até o início do século XX.
 A adoção do laissez-faire era entendida como o
resultado de um consenso sobre os princípios
básicos da economia política.
 Julgava-se que os temas que ainda suscitavam
alguma controvérsia teórica estariam limitados a
aspectos secundários da doutrina e que
haveria pouco a ser acrescentado aos princípios
enunciados por Smith e ampliados e
desenvolvidos por Ricardo e seus seguidores.
 As décadas seguintes assistiram à ascensão do
paradigma neoclássico que, em sua vertente
marshalliana, alcançaria uma ampla hegemonia
teórica;
 Uma nova apreciação do legado smithiano
transpareceu nos discursos e nos textos
comemorativos, refletindo uma profunda
mudança do ponto de vista a partir do qual
foram formuladas as novas leituras.
 Aspectos centrais da abordagem de Smith como
sua teoria do valor e da distribuição foram
encarados como tópicos a serem esquecidos
ou silenciados.
 As comemorações do bicentenário da primeira
edição (em 1976), marcaram, porém, um novo
ponto de inflexão na recepção da obra de
Smith (o início de um “renascimento”
smithiano).
 O esforço dos intérpretes no sentido de tratar
as diferentes partes da obra de Smith de
maneira abrangente, tomando seus textos como
partes de um todo integrado.
 Mas, afinal, do que se trata?
 A Obra é dividida em 5 livros:
 Livro I (onze capítulos) - discute os
determinantes do crescimento da produtividade
do trabalho e da distribuição funcional da renda,
que regulam o excedente total disponível e,
portanto, o potencial de acumulação de capital.
 Livro II (cinco capítulos) - analisa as
condicionantes e características da acumulação
de capital, que determina a oferta de emprego
produtivo e sua distribuição setorial, e contém a
maior parte da teoria monetária.
 Livro III – síntese abrangente da evolução
econômica da humanidade;
 Livro IV (nove capítulos)- fundamentos das
políticas comercial e colonial mercantilistas;
 Livro V (três capítulos)- trata de política fiscal,
onde desenvolve interessante discussão das
vantagens e desvantagens da intervenção do
Estado em diferentes áreas de atividade.
 Como é lembrada….
 Napoleoni: “Riqueza das Nações” “é uma
tentativa sistemática de explicar o modo pelo
qual o livre desenvolvimento das forças
individuais na economia dá lugar à constituição
e ao desenvolvimento da sociedade
econômica.”
 Maurice Dobb: “interesse individual é a força
motriz da economia”.
 Sistema baseado na “Ordem Natural”.
 Harmonia natural na economia mesmo se cada
um possui seu próprio interesse.
 Ao procurar atender o interesse próprio, o
homem beneficia a sociedade como se fosse
guiado por uma mão invisível.
 “Todo indivíduo empenha-se continuamente em
descobrir a aplicação mais vantajosa de todo
capital que possui. Com efeito, o que o indivíduo
tem em vista é sua própria vantagem, e não a
da sociedade. Todavia, a procura de sua própria
vantagem individual natural ou, antes, quase
necessariamente, leva-o a preferir aquela
aplicação que acarreta as maiores vantagens
para a sociedade.”
 “Geralmente, na realidade, ele não tenciona
promover o interesse público nem sabe até que
ponto o está promovendo” (Smith, Livro IV, Cap.
II)
 “Ao preferir fomentar a atividade do país e não
de outros países ele tem em vista apenas sua
própria segurança; e orientando sua atividade
de tal maneira que sua produção possa ser de
maior valor, visa apenas a seu próprio ganho e,
neste, como em muitos outros casos, é levado
como que por mão invisível a promover um
objetivo que não fazia parte de suas intenções.
(...). Ao perseguir seus próprios interesses, o
indivíduo muitas vezes promove o interesse da
sociedade muito mais eficazmente do que
quando tenciona realmente promovê-lo.” (Smith,
Livro IV, Cap. II)
 “Não é da benevolência do açougueiro, do
cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso
jantar, mas da consideração que eles têm pelo
seu próprio interesse (Smith, Livro I, Cap. II).
 Apelamos não para a sua humanidade, mas
para seu egoísmo.
 Mão invisível simboliza o mecanismoque
conduz à harmonia social = livre mercado.
 Liberalismo econômico: consequência da
suposição de que a economia é uma ciência
regida por leis naturais, universais e eternas,
como a física newtoniana.
 i) Ex1: Leis do mercado impõem preços
competitivos.
 Como observado, a obra assinala a primeira
visão clássica da economia, quando se
destacam a divisão do trabalho, a defesa do
livre-comércio e a primeira tentativa de
tratamento teórico do valor, fundamentado na
idéia de valor-trabalho, entre outras.
 Exemplo:
 Que fatores são responsáveis pela riqueza das
nações e como se dá o crescimento
econômico?
 Causa da riqueza = trabalho humano
 Quais são as razões pelas quais a divisão do
trabalho aumenta a capacidade produtiva do
homem?
 Ex.: Fábrica de Alfinetes
 O grau da divisão do trabalho é governado por
que circunstâncias?
 “... a certeza de poder permutar toda a parte
excedente da produção de seu próprio trabalho
que ultrapasse seu consumo pessoal estimula
cada pessoa a dedicar-se a uma ocupação
específica, e a cultivar e aperfeiçoar todo e
qualquer talento ou inclinação que possa ter por
aquele tipo de ocupação ou negócio.” (Smith,
Livro I, Cap. II)
 Síntese:
 A riqueza das nações discute três princípios
básicos, sendo que o progresso econômico
depende deste trio de prerrogativas individuais:
 a busca do interesse próprio, 
 a divisão do trabalho e a 
 liberdade de comércio.
 No corpo da obra, entretanto, Adam Smith
discute vários dos problemas e peculiaridades
do seu tempo, como a organização social em
várias partes do mundo, inclusive nas colônias
americanas.
Precauções
 Os liberais mais radicais - utilizam da analogia
de Smith para reforçar a defesa do livre
mercado e do modelo de Estado Mínimo.
Para eles, a mão invisível do mercado resolveria
todos os problemas da economia e o mundo
seria muito mais justo se o Estado fosse
reduzido a um mero garantidor da ordem e da
justiça.
 Na obra de Adam Smith não está claro a
defesa do modelo de Estado Mínimo e o autor
não era ingênuo em relação ao comportamento
egoísta da maioria do empresariado.
 – “As pessoas de um ramo de comércio
raramente se encontram para se divertirem
juntas, mas a razão do encontro é conspirar
contra o consumidor, e em algumas ocasiões
para aumentar os preços” (A Riqueza das
Nações, Livro IV, Capítulo VIII, parágrafo 27).
 “O que melhora as circunstâncias da maioria
nunca pode ser visto como inconveniência para
o todo. Nenhuma sociedade pode ser
florescente e feliz, se a maioria de seus
membros é pobre e miserável”. (A Riqueza das
Nações, Livro I Capítulo VIII, parágrafo. 36).
 Onde atualmente as ideias de Smith são mais
importantes:
 — Conselhos da União Européia;
 Organização Mundial do Comércio;
 Fundo Monetário Internacional;
 Parlamento britânico, e;
 Congresso norte-americano.
 Considerações Finais...
 A “Riqueza das Nações” é um texto com
conteúdo teórico e histórico, sendo uma boa
referência de leitura para os interessados em
história e política econômica.
Referências Consultadas
 CERQUEIRA, H. Para ler Adam Smith: novas abordagens. In: XXXI
Encontro Nacional de Economia, 2003, Porto Seguro. Anais do
XXXI Encontro Nacional de Economia, 2003. p. 1-20.
 CERQUEIRA, H. Para ler Adam Smith: novas abordagens. Síntese
(Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 32, n.103, p. 181-202, 2005.
 GANEM, A. Adam Smith e a explicação do mercado como ordem
social: uma abordagem histórico-filosófica. Revista de Economia
Contemporânea, v. 4, n. 2, jul./dez. 2000.
 GANEM, A. Economia e filosofia: tensão e solução na obra de
Adam Smith. Revista de Economia Política, São Paulo, Nobel
Editora, v. 22, n. 4 (88), out./dez. 2002.
 SMITH, A. A riqueza das nações. São Paulo, Abril Cultural, Col.
"Os Economistas",1983.
 Muito obrigado !

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