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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM – FFOE DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS – DACT DISCIPLINA DE HEMATOLOGIA BÁSICA MANUAL DE AULAS PRÁTICAS DE HEMATOLOGIA BÁSICA Nome: ________________________________________________________________ Fortaleza/CE - 2017 Profª Romélia Pinheiro Gonçalves Lemes e Profª Alcínia Braga de Lima Arruda Sumário Microscópio e seus componentes ................................................................................ 1 Coleta de Sangue ......................................................................................................... 2 Anticoagulantes ............................................................................................................ 2 Preparação de Distensão Sanguínea ........................................................................... 4 Câmara de Neubauer .................................................................................................. 6 Composição do Sangue ............................................................................................... 8 Hematopoese ............................................................................................................. 8 Hemácias ................................................................................................................... 8 Hemoglobina ............................................................................................................. 8 Leucócitos ................................................................................................................. 9 Contagem de Hemácias na Câmara de Neubauer .................................................. 12 Dosagem de Hemoglobina ......................................................................................... 14 Determinação do Hematócrito pelo Método do Microhematócrito ....................... 15 Índices Hematimétricos ........................................................................................... 16 Contagem Global de Leucócitos na Câmara de Neubauer ..................................... 17 Contagem de Plaquetas na Câmara de Neubauer ................................................... 18 Contagem de Reticulócitos........................................................................................ 19 Velocidade de Hemossedimentação das Hemácias (VHS) ....................................... 20 Referências ................................................................................................................ 21 1 MICROSCÓPIO E SEUS COMPONENTES Figura 1. Microscópio óptico e suas peças 2 COLETA DE SANGUE Para uma exata contagem das células sanguíneas e avaliação da morfologia, é de fundamental importância que a amostra seja coletada adequadamente. O correto é evitar situações como hemoconcentração, hemodiluições, formação de microcoágulos, excesso ou deficiência de anticoagulante, uso de tubo de coleta inapropriado, seja não respeitando a relação sangue anticoagulante ou em uma coleta de sangue inferior a 70% do recomendado. Em casos pediátricos utilizar tubos de coletas pediátricos, entre outros cuidados. Para os exames laboratoriais na área de hematologia existem vários anticoagulantes que são adequados a cada tipo de exame. A qualidade de qualquer exame depende de uma coleta bem feita dentro dos padrões hematológicos e de biossegurança. O paciente deve estar sentado confortavelmente, se for criança ou paciente não cooperativo, o braço deve ser imobilizado de maneira firme, mas delicada, por um assistente. Devem-se usar materiais descartáveis. Quando se escolhe uma veia, deve-se palpá-la para ver se é latente, nesse caso é macia e compressível. Em pacientes de peles escuras, obesos e com de veias difíceis acesso, deve-se procurá-las por palpação, com o uso de torniquete para distendê-las, aquece-se e bate-se delicadamente no braço para produzir vasodilatação e pede-se que o paciente abra e feche a mão algumas vezes. O garroteamento não pode ser prolongado para evitar hemoconcentração, alteração nos testes de coagulação e na contagem de plaquetas. Recomenda-se manter o torniquete por no máximo 1 minuto. O sangue pode ser coletado usando-se seringa, tubo a vácuo com agulhas descartáveis ou scalp adaptado à seringa ou a sistema de coleta a vácuo. Geralmente para testes laboratoriais coleta-se sangue venoso, outras opções são sangue capilar, arterial e sangue do cordão umbilical. Procedimento de coleta 1. Fazer a conferência dos dados do pacientes e os exames que deverão ser coletados 2. Preparar todo o material, lavar as mãos e calçar as luvas, mostrar ao paciente que o material é todo descartável 3. Fazer assepsia no local escolhido para a coleta utilizando álcool a 70% e deixar secar para não arder com punção 4. Proceder à coleta, identificar os tubos e as lâminas na presença do paciente e pedir que o mesmo faça a conferência, a fim de evitar troca de material 5. Confeccionar a distensão sanguínea utilizando sangue da ponta da agulha, sem anticoagulante, e encaminhar todo o material coletado para análise. Anticoagulantes Os anticoagulantes são substâncias usadas para prevenir a coagulação e retardar a deterioração de sangue. As escolhas do anticoagulante assim como suas quantidades são de extrema importância. Alguns anticoagulantes são mais recomendados na prática da hematologia pelas suas propriedades conservadoras da morfologia celular e dos componentes do plasma, especialmente os fatores de coagulação. 3 O EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) apresenta propriedades de conservação das células sanguíneas e de antiagregação plaquetária e não deve ser utilizado nas provas da coagulação, pois mesmo impedindo a coagulação não promove uma quelação do cálcio de forma tão eficiente como o citrato de sódio. A Heparina inibe a formação de trombina, impedindo a conversão de fibrinogênio em fibrina. Não altera a morfologia e o tamanho celular, logo é recomendado para as provas de hemólise. O citrato de sódio além de ser utilizado nos testes da coagulação é também utilizado como anticoagulante nas transfusões de sangue. Para as transfusões sanguíneas o citrato é combinado com outras substâncias formando a ACDF (ácido cítrico, citrato de sódio, dextrose e fosfato monossódico) com a finalidade de aumentar o tempo de validade dos hemocomponentes. Quadro 1. Padrão internacional das cores das tampas nos tubos a vácuo de acordo com o tipo de anticoagulante e sem anticoagulante. Cor da Tampa Anticoagulante Exemplos de Uso Vermelha Nenhum Exames bioquímicos e sorológicos Lilás (roxa) EDTA Hematologia, prova de hemólise, testes de solubilidade, falcização, eletroforese de hemoglobina, imunohematologia, imunofenotipagem, citogenética, etc. Azul Claro Citrato de sódio Provas de coagulação Cinza Fluoreto de sódio Glicose (impede a glicólise) Verde Heparina Alguns exames especiais (Ex.: Célula LE) 4 PREPARAÇÃO DA DISTENSÃO SANGUÍNEA 1. Deve ser realizada de preferência em sangue sem anticoagulante no momento da coleta (ponta da agulha). 2. Em sangue com anticoagulante o esfregaço deve ser realizado até duas horas após a coleta. 3. Essa técnica pode levar a uma distribuição irregular das células. 4. A gota de sangue é colocada aproximadamente 1 a 2 cm de cada extremidade, uma lâmina extensora é colocada num ângulo de 45° e é movida para trás paraentrar em contato com o sangue que vai percorrer toda a borda da extensora, então a mesma é movida para frente num movimento rápido e contínuo, espalhando assim o sangue na lâmina, deixar secar e corar em seguida. Figura 2. Cabeça, corpo e cauda do esfregaço sanguíneo Figura 3. Etapas da distensão sanguínea 5 Coloração da distensão sanguínea Os esfregaços de sangue periférico e medula óssea geralmente são corados com os corantes May-grünwald e Giemsa. Uma lâmina bem corada é fundamental para a interpretação precisa da morfologia celular, os melhores resultados da coloração são obtidos em lâminas recentes, preparadas em 2 a 3 horas da coleta de sangue. Procedimento 1. Cobrir a lâmina com corante May-Grünwald e deixar por 2 minutos. 2. Colocar água tamponada sobre o esfregaço, misturar e esperar 2 minutos. 3. Desprezar o corante e acrescentar o Giemsa diluído (1 gota do corante para 1 mL de água destilada) e esperar 15 minutos. 4. Lavar com água corrente e secar. 6 CÂMARA DE NEUBAUER A Câmara de Neubauer consiste em uma lâmina espessa de vidro, de forma retangular, atravessada transversalmente por dois sulcos que delimitam 3 plataformas. A plataforma central, onde se encontra área reticulada, é 0,1 mm mais baixa que as duas laterais onde se apoia a lamínula, deixando um espaço de 0,1 mm de profundidade. Nas câmaras de área reticulada dupla a plataforma central é dividida por um sulco, havendo de cada lado área reticulada. A área do retículo de Neubauer mede 3 mm X 3 mm (9 mm³), e está dividida em 9 quadrados grandes, estes por sua vez são divididos, os 8 externos em 16 quadrados médios e o central em 400 quadradinhos. Figura 4. Câmara de Neubauer com lamínula posicionada Figura 5. Vista lateral da Câmara de Neubauer com lamínula posicionada 7 Procedimento 1. Limpar a câmara com água corrente e secar com fralda de tecido 2. Montar a câmara molhando o suporte da lamínula com quantidade mínima de água para fixar a lamínula 3. Preencher a câmara e levar ao microscópio e proceder à contagem das células sanguíneas 4. Ao final, lavar com água corrente, secar com fralda de tecido e guardar a câmara e a lamínula no estojo 5. Não usar nenhum produto químico de limpeza na câmara (ex.: sabão, hipoclorito, álcool), não é necessário, pois os mesmos danificam o retículo. Figura 6. Quadrantes observados na Câmara de Neubauer na objetiva de 10x 8 COMPOSIÇÃO DO SANGUE O sangue é constituído de duas frações combinadas, sendo 55% para o plasma e 45% para as células. A porção acelular ou plasma é constituído de 91,5% de água que serve de solvente das substâncias orgânicas e minerais e ainda de veículo para as células, moléculas e íons. Os restantes 8% são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em dissolução. A porção celular apresenta três tipos de células em suspensão no plasma: Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos Glóbulos brancos ou leucócitos Plaquetas ou trombócitos Hematopoese A palavra hematopoese significa formação das células do sangue. Abrange o estudo de todos os fenômenos relacionados com a origem, com a multiplicação e a maturação das células primordiais ou precursora das células sanguíneas, a nível de medula óssea. Hemácias São células bicôncavas, com 7,5 mm de diâmetro e sem núcleo. São os mais numerosos tipos celulares no sangue. Embora seu número seja variável, um milímetro cúbico de sangue contém cerca de 4,5 a 6,1 milhões de hemácias nos homens e cerca de 4,1 a 5,3 milhões nas mulheres. Essas células circulam pelo sangue por aproximadamente 120 dias até que sejam destruídas no baço, processo chamado hemocatarese. Hemoglobina É uma substância pigmentada, formada por duas partes: uma porção que contém ferro denominada heme e uma porção protéica, denominada globina. A globina consiste de quatro cadeias polipeptídicas, cada uma das quais ligadas a um grupo heme. Cada grupo heme contém um átomo de ferro que se combina reversivelmente com uma molécula de oxigênio. Dessa forma, cada molécula de hemoglobina pode potencialmente associar-se com quatro moléculas de oxigênio. A principal função da hemoglobina é o transporte de oxigênio e gás carbônico, permitindo as trocas gasosas necessárias ao metabolismo orgânico. 9 Figura 7. Molécula de Hemoglobina Leucócitos São células que estão envolvidas diretamente no sistema de defesa do organismo contra doenças e infecções. Por meio de fagocitose, eles defendem os tecidos contra invasão de organismos ou substâncias estranhas, removendo também os restos resultantes da morte ou de ferimentos celulares. Alguns leucócitos são capazes de passar através da parede intacta dos vasos, processo denominado de diapedese; agindo assim principalmente no tecido conjuntivo frouxo. São transportados pelo sangue para todo o corpo, a partir da medula óssea, onde são formados. Os leucócitos estão presentes no sangue em muito menor número que os eritrócitos, com cerca de 4.000 a 10.000 leucócitos por milímetro cúbico de sangue. Neutrófilos: são conhecidos também como polimorfonucleares e correspondem cerca de 50 a 70% das células circulantes; possuem grânulos citoplasmáticos pequenos corados fracamente em púrpura-avermelhado. Existe uma célula precursora do neutrófilo segmentado chamada Bastão. São assim chamados porque seu núcleo não amadureceu completamente, embora seu citoplasma tenha características de célula madura. Figura 8. Neutrófilo Bastão Figura 9. Neutrófilo Segmentado Eosinófilos: são células que possuem grânulos corados em laranja, preto ou marrom e fagocitam complexos antígeno-anticorpo. Seus núcleos geralmente têm dois lobos conectados por um filamento. O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas e durante as infestações parasitárias. 10 Figura 10. Eosinófilos Basófilos: a característica dessas células é que possuem grânulos grandes corados em azul púrpura; liberam histamina, que contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos, e heparina, que previne a coagulação do sangue. Figura 11. Basófilos Monócitos: são células grandes e que possuem um único núcleo; são formados por monoblastos e são capazes de entrarem no tecido conjuntivo frouxo, onde se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranhas ao organismo. Figura 12. Monócitos com diversos formatos 11 Linfócitos: são o segundo tipo mais abundante de leucócitos, compreendendo cerca de 30% dos glóbulos brancos em circulação, a maioria se localiza nos órgãos linfóides secundários e são formados a partir dos linfoblastos na medula óssea. São leucócitos pequenos, sendo apenas um pouco maiores que os eritrócitos, e cada um deles tem um núcleo que é circular. São importantes nas respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos. Figura 13. Linfócito 12CONTAGEM DE HEMÁCIAS NA CÂMARA DE NEUBAUER Os métodos para contagem global das células sanguíneas consistem geralmente em diluir o sangue, em proporção conhecida, com uma solução diluidora chamada Gower que consiste em sulfato de sódio anidro, ácido acético glacial e água destilada, essa solução permite a conservação das células em estudo. Procedimento 1. Pipetar 2 ml da solução de Gower em um tubo de hemólise. 2. Com a pipeta, transferir 10µl de sangue. Limpar a parede externa da ponteira com auxílio de uma gaze. 3. Transferir os 10µl de sangue para o tubo com a solução diluidora, lavando com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido, de forma lenta para não haver hemólise. 4. Agitar suavemente por inversão para uma correta homogeneização. 5. Com uma pipeta preencher os retículos da câmara de Neubauer, evitando excesso de líquido e bolhas de ar sob a lamínula aderida firmemente à câmara. 6. Deixar repousar por 5 minutos para sedimentação dos glóbulos. 7. Focalizar a preparação com pequeno aumento no microscópio para localizar o retículo e observar a distribuição uniforme das hemácias. Observar na objetiva de 40x. 8. Fazer a contagem de todas as hemácias encontradas em 5 quadrantes. Sistematizar a contagem. Contar os elementos em negro. 9. Cálculos: Quantidade de hemácias contadas x 10.000. Figura 14. Câmara de Neubauer observada na objetiva de 10x Fazer a contagem de todas as hemácias encontradas nos quadros marcados “H” na figura 14. 13 Valores de Referência Homem – 4.600.000 a 6.000.000/mm³ Mulher – 4.100.00 a 5.400.000/mm³ Causas de erro: 1. Diluição imperfeita 2. Formação de pequenos grumos por lentidão na técnica 3. Distribuição desigual dos glóbulos na câmara 4. Câmara molhada 5. Contaminação por leveduras, as quais podem ser confundidas com eritrócitos Técnica de Contagem Figura 15. Técnica de contagem das hemácias Para realizar a contagem de células na câmara, determinar um L imaginário e padronizá-lo sempre, para todos os quadrantes que for contar, padronizar também onde contar as células que estão divididas, por exemplo, sempre à esquerda e acima. Observação: a contagem de cada quadrado não deve ultrapassar 20% da média entre a soma dos quadrados. Se isso ocorrer deve-se homogeneizar a solução e colocar novamente na câmara de Neubauer e recontá-la. A B C D E 14 DOSAGEM DE HEMOGLOBINA O Fe2+ do grupo Heme da Hemoglobina, oxihemoglobina e carboxihemoglobina é oxidado ao estado férrico pelo ferricianeto formando hemiglobina (Hi), que se combina com o cianeto ionizado para produzir cianeto de hemiglobina (HiCN), o qual é medido em uma absorbância de 540nm. Para a realização da dosagem é necessário que o sangue seja coletado no tubo de EDTA. 1. Pipetar 2,5 mL da solução de hidróxido de amônia em um tubo. 2. Pipetar 10 µL de sangue e transferir para o tubo. Limpar a parede externa da ponteira com auxílio de uma gaze. 3. Agitar o tubo rigorosamente para ocorrer à hemólise das hemácias. 4. Esperar 5 min e ler a amostra no espectrofotômetro, devidamente calibrado, na absorbância de 540 nm. 5. Anotar o resultado. Valores de Referência Homem – 13 a 18 g/dL Mulher – 12 a 16 g/dL 15 DETERMINAÇÃO DO HEMATÓCRITO PELO MÉTODO DO MICROHEMATÓCRITO Hematócrito é o volume de hemácias expresso como percentagem do volume de uma amostra de sangue total, ou seja, mililitros de hemácias por decilitro de sangue. 1. Encher com o sangue o capilar, até dois terços do seu volume. 2. Selar o tubo, introduzido a extremidade vazia na massa própria, com movimentos de rotação, até aproximadamente 5mm de profundidade. 3. Colocar o capilar na microcentrífuga em posição diametralmente opostas com a parte selada voltada para fora. Observar a numeração evitando a troca de resultados. 4. Após tampar convenientemente a microcentrífuga, coloca-a em movimento por 5 minutos. Tempo superior a este não altera a sedimentação dos glóbulos. 5. Desligar o aparelho. Retirar os tubos e fazer a leitura usando a escala própria. LEITURA DOS RESULTADOS: 1. Colocar o tubo sobre a escala, fazendo coincidir a extremidade inferior das células centrifugadas com a linha zero. 2. Deslocar o tubo paralelamente às linhas verticais fazendo coincidir o menisco superior do plasma com a linha 100. 3. Ler a percentagem do volume hematócrito na escala graduada ao nível da superfície das hemácias no tubo. Valores de Referência Homem – 40 a 50% Mulher – 34 a 45% 16 ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS Índices hematológicos ou hematimétricos são determinados a partir da contagem global dos eritrócitos, taxa de hemoglobina e determinação do hematócrito. V.C.M – Volume corpuscular médio É o volume médio das hemácias expresso em fentolitros. Representa, portanto, o quociente de um determinado volume de hemácias pelo número de células contidas no mesmo volume. V.C.M. = 𝐻𝑡 𝐻𝑒 𝑥 10 fL Valores de referência: 82 – 92 fL H.C.M. – Hemoglobina corpuscular média É o conteúdo médio de hemoglobina nas hemácias expresso em picogramas. Representa, portanto, o quociente de conteúdo de hemoglobina em um determinado volume de hemácias pelo nº de células contidas no mesmo volume. H.C.M. = 𝐻𝑏 𝐻𝑒 𝑥 10 pg Valores de referência: 27 – 32 pg C.H.C.M. – Concentração de hemoglobina corpuscular média É a percentagem de hemoglobina em 100ml de hemácias. C.H.C.M. = 𝐻𝑏 𝐻𝑡 𝑥 100 g/dL Valores de referência: 32 – 36% 17 CONTAGEM GLOBAL DE LEUCÓCITOS NA CÂMARA DE NEUBAUER Consiste na determinação do número de leucócitos por mm³ de sangue total anticoagulado. A solução diluidora é chamada de Turk que composta por ácido acético glacial, azul de metileno a 1% e água destilada. 1. Pipetar 0,4 do Turk em um tubo de hemólise. 2. Pipetar 20 µL de sangue total limpando a parede externa da ponteira com auxílio de uma gaze e colocar no tubo de hemólise com a solução de Turk lavando com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido, de forma lenta para não haver hemólise. 3. Agitar suavemente por inversão para uma correta homogeneização 4. Colocar na Câmara de Neubauer e deixar em repouso por 1 min para sedimentação dos glóbulos 5. Realizar a contagem dos leucócitos nos quadrantes que contém a letra L 6. Cálculos: Quantidade de leucócitos contados x 50 Figura 16. Câmara de Neubauer observada na objetiva de 10x Valores de Referência Adultos – 5.000 a 10.000/mm³ Crianças – 5.000 a 13.000/mm³ 18 CONTAGEM DE PLAQUETAS NA CÂMARA DE NEUBAUER Devido ao seu pequeno tamanho, sua tendência a aderir a superfícies estranhas ao endotélio vascular e sua rápida desintegração, a contagem de plaquetas torna-se problemática por qualquer método. As plaquetas são contadas por métodos diretos e indiretos. Nos métodos diretos elas são visualizadas em uma diluição do sangue e contadas na câmara de Neubauer através da microscopia ótica comum ou de contraste de fase. No primeiro caso, temos o método de Rees-Ecker e no segundo o de Brecher- Gronkite. Esse último é considerado um método de referência para contagem de plaquetas. No método indireto de Fônio, plaquetas são contadas no esfregaço. Contagens eletrônicas, exigindo um aparelho de alto custo, porémé através deste método de contagem que obtemos os resultados mais próximos da realidade do paciente. Nós utilizaremos o método direto de Rees-Ecker. A solução utilizada é composta por citrato de sódio, formol 40%, azul de cresil brilhante e água destilada. 1. Pipetar 2,0 mL da solução diluidora em um tubo de hemólise. 2. Pipetar 10 µL de sangue total limpando a parede externa da ponteira com auxílio de uma gaze e colocar no tubo de hemólise com a solução diluidora lavando com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido, de forma lenta para não haver hemólise. 3. Agitar suavemente por inversão para uma correta homogeneização 4. Encher a câmara de Neubauer e deixar repousar por 15 mi em câmara úmida 5. Realizar contagem de plaquetas nos mesmos quadrados que se contam as hemácias 6. Cálculos: Quantidade de plaquetas contadas x 10.000 Valor de Referência 150.000 a 450.000/mm³ 19 CONTAGEM DE RETICULÓCITOS Os reticulócitos são precursores das hemácias. Contém no seu interior material reticular, provavelmente uma ribonucleoproteína que não apresenta afinidades pelos corantes comuns. Sua demonstração é feita por coloração supravital. Os reticulócitos presentes no sangue retirado do organismo sofrem morte somática, sendo, porém corados antes que toda atividade vital seja extinta. As anemias que cursam com o reticulócito normal refletem a incapacidade da medula em responder ao estímulo por carência de um fator específico para a formação de eritrócitos (ferro na anemia ferropriva e eritropoetina na insuficiência renal crônica). O corante usado é o azul de cresil brilhante. 1. Pipetar 20 µL da solução de azul cresil brilhante em um tubo de hemólise. 2. Pipetar 20 µL de sangue total limpando a parede externa da ponteira com auxílio de uma gaze e colocar no tubo de hemólise com a solução diluidora lavando com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido, de forma lenta para não haver hemólise. 3. Colocar em banho-maria a 37°C durante 15 minutos. 4. Após transcorrido os 15 minutos, retirar, misturar e fazer esfregaços, deixar secar. 5. Realizar a contagem de reticulócitos: Contar 10 campos, anotando o número de reticulócitos encontrados. Expressar o resultado em percentagem e número absoluto. 6. Valor relativo é expresso em % Ex.: 1000 He ---------------- 9 ret 100 He ---------------- x X = 0,9% de reticulócitos Valor absoluto é expresso em relação à contagem das hemácias/mm³ Ex.: 1000 He ---------------- 9 ret 4.100.000 He ---------------- y Y = 36.900/mm³ Valores de Referência Relativo: 0,5% a 1,5% Absoluto: 25.000 a 75.000/mm³ 20 VELOCIDADE DE HEMOSSEDIMENTAÇÃO DAS HEMÁCIAS (VHS) A hemossedimentação mede a estabilidade da suspensão de hemácias no plasma que, por ser menos denso, favorece a sedimentação dos glóbulos pela ação da gravidade, quando colocados numa pipeta graduada de 0 a 200m com 2,5mm d diâmetro interno e 1 mL de capacidade. As hemácias em suspensão no plasma, colocadas na pipeta de Westergren, sofrem sedimentação com velocidade variável em função da concentração de fibrinogênio e globulinas, tamanho e forma das hemácias e alterações elétricas do plasma e dos glóbulos. Inicialmente ocorre a queda individual das hemácias, seguida pela agregação dos glóbulos com formação de rouleaux e aumento da velocidade de hemossedimentação, que se torna constante para diminuir numa fase final, quando os glóbulos se concentram na porção inferior da pipeta. O aumento de fibrinogênio e globulinas é também responsável pela aceleração da hemossedimentação que fornece medida grosseira dessas substâncias no plasma. 1. Coletar 5ml de sangue do paciente em jejum pela manhã. Não apertar demasiadamente o garrote, evitando estase venosa. 2. Colocar o sangue no frasco com anticoagulante EDTA e agitar por inversão ou movimentos circulares até que se dissolva completamente. 3. Com pipeta de Westergren aspirar sangue até exatamente a marca zero. 4. Colocar a pipeta no suporte de modo a permanecer na posição vertical 5. Marcar o tempo. 6. Fazer a leitura em milímetros após uma hora ao nível da separação do plasma e hemácias. Nas reticulocitoses pode haver uma imprecisão do limite de sedimentação, dificultando a leitura exata. Figura 17. Suporte de Westergren Valores de Referência Homem 17 a 50 anos – 1 a 7 mm Homem acima de 50 anos – 2 a 10 mm Mulher 17 a 50 anos – 3 a 9 mm Mulher acima de 50 anos – 5 a 15 mm 21 REFERÊNCIAS BAIN, B. Células Sangüíneas. São Paulo: Artes Médicas, 1997. BERNARD, J.J.Manual de Hematologia.São Paulo: 3 ed. Masson do Brasil,1986. FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 HENRY, J. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 19ed. São Paulo Guanabara Koogan, 1999. LIMA; et al. Métodos de laboratórios aplicados à clínica. 7 ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1992. LORENZI, Therezinha. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 2 ed. São Paulo: Medsi, 1999. RAPAPORT, Samuel I. Hematologia: introdução. 2 ed. São Paulo: Roca, 1990. VERRASTRO, Therezinha; et all. Hematologia e hemoterapia. 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