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MOBILIDADE PENDULAR NA PMERJ A CLASSIFICAÇÃO DE POLICIAIS MILITARES DO INTERIOR NAS UPPs Luciano Tavares

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
DIRETORIA GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO 
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR D. JOÃO VI 
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS - 2014 
 
 
LUCIANO GOMES TAVARES MONTEIRO – AL OF PM 
 
 
MOBILIDADE PENDULAR NA PMERJ: A CLASSIFICAÇÃO 
DE POLICIAIS MILITARES DO INTERIOR NAS UPPs 
 
 
 
 
Artigo Científico apresentado à 
Academia de Polícia Militar D. João 
VI como exigência curricular para 
aprovação no Curso de Formação de 
Oficiais. 
 
 
 
 
ORIENTADORA DE CONTEÚDO 
JÉSSICA MONTEIRO DA SILVA TAVARES – MESTRE 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro - RJ 
2016 
MOBILIDADE PENDULAR NA PMERJ: A CLASSIFICAÇÃO DE 
POLICIAIS MILITARES DO INTERIOR NAS UPPs 
 
 
LUCIANO GOMES TAVARES MONTEIRO – AL OF PM 
 
 
RESUMO 
 
Neste artigo é feita uma breve análise sobre o movimento pendular de policiais militares 
que residem no interior do estado do Rio de Janeiro e trabalham nas diversas UPPs 
localizadas na capital do estado. O objetivo desta pesquisa é conhecer as dificuldades 
intrínsecas a esse deslocamento, analisando seu impacto no aspecto motivacional e sua 
influência no desempenho das atividades desenvolvidas por esses policiais. A principal 
metodologia utilizada foi pesquisa de campo com a realização de entrevistas e aplicação 
de questionários, o que possibilitou a constatação da influência negativa que a distância do 
local de trabalho exerce no desempenho do trabalho policial militar. 
 
Palavras-chave: PMERJ; UPP ; movimento pendular; motivação policial. 
 
 
 ABSTRACT 
 
In this article, a brief analysis is made of the pendular movement of military police 
officers who live in the interior of the state of Rio de Janeiro and work in the various 
UPPs located in the state capital. The objective of this research is to know the difficulties 
intrinsic to this displacement, analyzing its impact on the motivational aspect and its 
influence in the performance of the activities developed by these policemen. The main 
methodology used was field research with interviews and questionnaires, which made it 
possible to verify the negative influence that the distance from the workplace exerts on the 
performance of military police work. 
 
Keywords: ; PMERJ; UPP ; pendular movement; police motivation. 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O tema a ser tratado nesta pesquisa refere-se ao movimento pendular de policiais 
militares que residem no interior do estado do Rio de Janeiro e são classificados
1
 em 
Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na capital. Este estudo assume a hipótese de que o 
fato de trabalharem distante de suas residências causa excessivo desgaste físico e mental 
nesses policiais, o que os afetaria no aspecto motivacional, influenciando negativamente o 
desempenho de suas funções durante a prestação do serviço. Além disso, pode causar alguns 
transtornos para a corporação, que encontra dificuldades para disponibilizar a esses policiais o 
suporte necessário como alimentação, transporte e alojamento. 
Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é analisar o desgaste físico e psicológico 
dos policiais militares do interior que trabalham em UPPs. Como desdobramento do objetivo 
geral, pretende-se também: descrever a influência desse desgaste no desempenho do serviço 
policial militar; entender os motivos que levam a administração a classificar na capital os 
policiais que moram no interior, bem como elencar os benefícios da classificação de policiais 
militares em unidades próximas às suas residências. 
 A relevância do tema se dá devido ao fato de que o serviço policial militar é de 
extrema importância no atual Estado Democrático de Direito, por conseguinte se faz 
necessário compreender as dificuldades enfrentadas pelos profissionais que prestam esse 
serviço buscando soluções e melhorias nas condições de trabalho deles, acreditando-se que 
essas melhorias possam refletir positivamente no serviço dispensado à população. A 
relevância se dá ainda devido ao fato de não terem sido encontradas pesquisas sistemáticas 
anteriores que explorem esse aspecto. 
 Para investigar o tema proposto e compreendê-lo de maneira mais aprofundada foram 
utilizadas informações da PM/1
2
 e da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), bem 
como entrevistas com policiais por meio de aplicação de questionários com perguntas abertas 
e fechadas, constituindo-se também em uma proposta metodológica para coleta de 
informações, conforme os objetivos da pesquisa e seu desdobramento. 
 
 
1
 A expressão "classificação" é usada formalmente na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro para definir o 
que popularmente é conhecido como lotação. Indica a unidade na qual o militar serve. 
2
 PM/1 é a seção do Estado Maior da PMERJ responsável por controlar todo efetivo, está ligada diretamente ao 
comandante geral da corporação. 
3 
 
2. ASPECTOS CONCEITUAIS DOS MOVIMENTOS PENDULARES E 
AS PARTICULARIDADES DA POLÍCIA MILITAR 
 
 O deslocamento frequente realizado por esses policiais constitui o chamado 
movimento pendular definido por Silva (2012, p. 97) como “aquele que ocorre para fins de 
trabalho ou estudo com retorno ao município de origem”, diferente do termo migração que 
implica mudança de residência. Esse tipo de deslocamento populacional recebe esse nome, 
pois se associa ao pêndulo, objeto que se move de um lado para o outro periodicamente 
(TAVARES, 2016). 
 Para Jardim (2011), a mobilidade pendular: 
Envolve distintas dimensões e diversas práticas cotidianas da população no 
território referentes à mudança de lugar. Neste sentido, refere-se aos 
percursos entre o domicílio e o lugar de trabalho, medidos em termos de 
tempo e espaço, que pode variar de uma hora ou mais, um dia de trabalho, 
uma semana ou um mês, mas também envolve vários meses (migrações 
sazonais) ou mudança de residência sem retornar ao mesmo lugar 
(migrações) (JARDIM, 2011, p. 62). 
 
 A maior parte desses deslocamentos ocorre por motivos econômicos e laborais. De 
acordo com Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), no Brasil, 11,8% da população ocupada (10,1 milhões em números absolutos), 
trabalhavam em município diferente ao de sua residência, ou seja, realizavam movimento 
pendular para trabalho. Em todo estado do Rio de Janeiro, esse número é de 1.219.499. 
 Santos Júnior et al. (2005), relatam que a atração que motiva o indivíduo a se deslocar 
pelo espaço, pode ter caráter político, religioso, natural, cultural ou econômico. No caso da 
polícia militar, esse deslocamento, por vezes, é uma exigência laboral, intrínseca ao exercício 
da profissão. 
Diferente do que ocorre com a maioria dos trabalhadores pendulares, que aceitam ir 
para outros municípios em busca de emprego, o policial militar não tem escolha, ele é 
obrigado a trabalhar em qualquer município do Rio de Janeiro, uma que vez que a Polícia 
Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) é uma corporação de âmbito estadual. Por mais 
que ele queira trabalhar próximo a sua residência, isso pode ser-lhe tolhido mediante a 
necessidade da corporação, como é o caso do que vem ocorrendo com a questão das UPPs que 
será abordado mais adiante. 
 A PMERJ, assim como as demais Polícias Militares do Brasil tem como missão 
precípua, de acordo com o parágrafo 5º do artigo 144 da Constituição Federal, a preservação 
da ordem pública e o policiamento ostensivo. É uma instituição que tem suas bases pautadas 
4 
 
na hierarquia e disciplina, os seus membros compõem uma categoria especial de agentes 
públicos, denominados militares estaduais quesão sujeitos a um estatuto próprio, o Estatuto 
da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (EPMERJ). Os militares estaduais têm algumas 
prerrogativas e obrigações próprias, diferente dos demais agentes públicos. Os policias 
militares estão também sujeitos a um regulamento disciplinar extremamente rígido, o 
Regulamento Disciplinar da Policia Militar do Rio de Janeiro (RDPMERJ), e ao Código Penal 
Militar, que é uma norma penal específica voltada para a vida castrense. 
Essa breve apresentação da Polícia Militar foi feita para demonstrar as suas 
peculiaridades, que fazem do Policial Militar um agente público especial, garantindo-lhe 
algumas prerrogativas como aposentadoria especial e algumas restrições como a vedação do 
direito de greve. Dessa forma, há pouca flexibilidade quanto à opção do local de trabalho para 
o Policial Militar, estando ele obrigado a servir na organização policial militar (OPM) que for 
designado de acordo com a necessidade da corporação. 
Este é o cerne da problemática deste trabalho: por vezes, o policial militar é 
classificado numa OPM muito distante de sua residência o que traz diversas dificuldades tanto 
para ele quanto para a Corporação. O advento das UPPs ocasionou uma maior demanda de 
policias na capital concorrendo para um aumento desse fenômeno, uma vez que os policiais 
recém-formados foram sendo sistematicamente classificados nas UPPs, sem levar em conta 
seu local de residência, o que contribuiu para a formação de um cenário que é o objeto de 
estudo deste trabalho, ou seja, um grande número de policiais que trabalham longe do seu 
local de moradia. A maior parte desse público é formada por policiais de UPPs que residem 
em municípios do interior. 
Segundo dados obtidos junto à PM/1 e P/1
3
 da CPP, a PMERJ, no ano de 2016, conta 
com um efetivo total de 45.164 policiais na ativa distribuídos por todo estado, sendo a maioria 
deles classificados na região metropolitana. Apenas nas UPPs, são mais de 9.000, parte do 
efetivo das UPPs reside em cidades do interior do estado, alguns chegam a viajar mais de 400 
quilômetros até quatro vezes por semana, dependendo da escala, para chegarem até seu local 
de trabalho. 
 O policial militar do interior classificado na capital, sobretudo nas UPPs, enfrenta 
muitas dificuldades como, por exemplo, não estar habituado à realidade violenta da capital, o 
desconhecimento da geografia local e longas viagens no deslocamento até o local de trabalho. 
 
3
 A P/1 está para a OPM como a PM/1 está para a PMERJ. A P/1 é o setor de uma OPM que é responsável pelo 
controle do efetivo e confecção de escalas. Equipara-se ao setor de pessoal de uma empresa privada. 
5 
 
É presumível que todas essas dificuldades tragam reflexos negativos no desempenho do 
serviço, pois se acredita que a soma desses fatores concorrem para a desmotivação do policial. 
 De acordo com Bossi (2011), a motivação é um fator importante para o bom 
desenvolvimento do trabalho. Segundo ela: "motivação para o trabalho é um estado 
psicológico de disposição, interesse ou vontade de perseguir ou realizar uma tarefa ou meta. 
Dizer que uma pessoa está motivada para o trabalho significa que esta pessoa apresenta 
disposição favorável ou positiva para realizá-lo" (BOSSI, 2011, p.1). Estando o policial 
disposto a realizar o trabalho, ele será muito melhor aproveitado. 
 Entre 2005 e 2007, três pesquisadoras da Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) 
coordenaram uma pesquisa de campo sobre as condições de trabalho e qualidade de vida dos 
policiais militares da PMERJ que deu origem ao livro Missão prevenir e proteger. Na obra as 
autoras sugerem mudanças no trabalho policial, mostrando o lado humano do trabalhador 
policial militar. 
 
O resultado da pesquisa, em sua essência, humaniza o „trabalhador policial 
militar‟ quando expõe sua condição de trabalho, saúde, risco e qualidade de 
vida. Derruba o mito do militar superior ao tempo e às adversidades que o 
meio ambiente lhe impõe. Mostra que, estabelecendo a „missão‟ como meta 
a ser atingida a „qualquer preço‟, distorce a realidade e nos faz esquecer que 
estamos tratando de pessoas. São trabalhadores – pais, mães, filhos e filhas – 
pagos para executar um serviço, como qualquer outro em qualquer lugar do 
país: o trabalho de prevenir e proteger outras pessoas. Na verdade, de nos 
proteger (MINAYO et al., 2008, p.12). 
 
 Sendo assim, não se pode descartar a questão da motivação e das condições de 
trabalho, saúde e qualidade de vida dos policiais militares, dada a importância desses temas e 
seus reflexos sobre essa categoria de agentes públicos que exercem uma função de extrema 
relevância para a sociedade como um todo. 
 
3. A QUESTÃO POLICIAL NA CAPITAL DO ESTADO: O 
SURGIMENTO DAS UPPs E A DEMANDA POR NOVOS POLICIAIS 
 
 O Rio de Janeiro é uma das principais capitais do Brasil, com características 
particulares que a tornam especial. Famosa pelas suas belas praias e pontos turísticos 
encantadores com fama internacional, essa metrópole também é assolada de forma especial 
pelo tráfico de drogas que se tornou um dos maiores desafios para os governos atuais. 
 A geografia do Rio de Janeiro, formada por morros e praias distribuídos entre duas 
baías, criam um espaço geográfico único que associado ao crescimento urbano desordenado e 
6 
 
sem planejamento, favoreceu a formação de favelas
4
 que são áreas com habitações precárias, 
sem serviços públicos regulares. A ausência do poder público nessas áreas fez com que as 
favelas se tornassem verdadeiros redutos dos narcotraficantes que passaram a exercer o 
domínio territorial desses locais. Divididos em facções, os traficantes de drogas recorrem ao 
poder das armas para proteger seus territórios. 
 No final do ano de 2008 o governo estadual deu início a um programa de segurança 
pública que foi elaborado com base nos princípios de polícia de proximidade (UPP-RJ, 2016). 
Surgem assim as UPPs, cujo principal objetivo seria a retomada dos territórios que vinham 
sendo dominados por narcotraficantes. À medida que esse programa foi avançando, novas 
UPPs foram sendo instaladas nas favelas do Rio, o que demandava grande parte do efetivo. 
 Essa expansão das UPPs contribuiu de forma significativa para o aumento de policiais 
do interior classificados na capital, sobretudo a partir de 2010, época em que a política 
estadual de pacificação das comunidades na cidade do Rio de Janeiro se intensificou. Cabe 
ressaltar que, desde o seu início, o programa previa que as UPPs deveriam ter seus quadros 
compostos por policiais recém-formados, o que mais tarde foi ratificado pelo decreto 42.787 
de 06 de janeiro de 2011 que dispõe sobre a implantação, estrutura, atuação e funcionamento 
das UPPs. 
 Neste decreto está previsto que os policiais que fossem integrar o efetivo das UPPs 
deveriam ser recém-formados: “Art. 6º § 2º - Os policiais militares classificados nas unidades 
de polícia pacificadora deverão ter formação especial, com ênfase em Direitos Humanos e na 
doutrina de Polícia Comunitária, e os soldados deverão, obrigatoriamente, ser policiais 
militares recém-formados.” (grifo nosso) Assim, visando atender as demandas das UPPs, 
quase todos os soldados que se formam são classificados em UPPs, inclusive os policiais que 
residem em cidades do interior. 
 O Centro de Segurança e Cidadania (CESeC) elaborou um projeto de pesquisa que 
analisou algumas questões relacionadas ao trabalho do policial nas UPPs. A pesquisa foi 
desenvolvida em três fases, nos anos de 2010, 2012 e 2014. Em 2014, foi feito um 
levantamento, por meio da aplicação de questionário, que abrangeu 2002 policiais de 36 
UPPs, dentre os resultados,destaca-se as respostas dadas para a pergunta “Motivos para 
preferir outro tipo de policiamento, fora da UPP”, o principal motivo eleito pelos policiais 
 
4
 O IBGE (2010) classifica favela como aglomerado subnormal, dando a seguinte definição: um conjunto 
constituído por 51 ou mais unidades habitacionais caracterizadas por ausência de título de propriedade e pelo 
menos uma das seguintes características: irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos lotes; 
carência de serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e 
iluminação pública). 
 
7 
 
entrevistados (24,2%) foi “Ficaria mais perto de casa”, conforme pode ser constatado no 
gráfico abaixo. Esse dado demonstra que a distância entre o local de moradia e o local de 
trabalho é crucial para a satisfação do policial. 
 Cabe ressaltar que a pesquisa em tela foi realizada, de forma aleatória, sem levar em 
conta o local de residência dos policiais, ou seja, vários participantes, a maioria, 
provavelmente, residia na região metropolitana e sinalizaram a insatisfação com essa 
distância. Se os policiais que moram na região metropolitana se dizem insatisfeitos com a 
distância entre o local de trabalho e sua casa, acredita-se que aqueles que moram no interior, 
sejam ainda mais assolados por essa dificuldade, o que será verificado mais adiante quando da 
análise dos resultados dos questionários que serviram de base para este artigo. 
 
Figura 1: Motivos para preferir outro tipo de policiamento, fora da UPP, conforme 
pesquisa realizada pelo CESeC
 
Fonte: CESeC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
4. ANÁLISE DE RESULTADOS: POLICIAIS MILITARES 
RESIDENTES NO INTERIOR QUE EXERCEM SUAS ATIVIDADES 
NAS UPPs 
 
 A presente seção tem como escopo apresentar os resultados obtidos por meio de 
questionários com perguntas abertas e fechadas que foram aplicados a policiais militares do 
interior que exercem suas atividades nas diversas UPPs na capital do estado. Os entrevistados 
tiveram suas identidades preservadas, o que os deixou mais a vontade para se expressarem de 
forma sincera. De acordo com a P/1 da CPP, o número de policiais residentes no interior que 
trabalham nas UPPs é exatamente 1.700. Ainda de acordo com a P/1, o programa de polícia 
pacificadora conta com um efetivo atual de 9.034 policiais. 
 O questionário foi elaborado com a utilização da ferramenta “Google Forms” e 
enviado virtualmente por meio de e-mail, de maneira aleatória a diversos policiais que 
residem no interior e trabalham em UPPs. Ao todo, 50 policiais participaram da pesquisa, 
respondendo aos questionários. Todos são soldados, sendo 90% do sexo masculino e 10% do 
sexo feminino. 
 Cabe ressaltar que este é um estudo exploratório que utilizou amostra não 
probabilística, com uso de voluntários. Segundo Curwin e Slater (1991 apud Oliveira, 2001, 
p.6), "uma pesquisa com amostragem não probabilística bem conduzida pode produzir 
resultados satisfatórios mais rápidos e com menor custo que uma pesquisa com amostragem 
probabilística". Optou-se pelo uso da amostragem não probabilística pela necessidade de 
maior facilidade operacional, limitação de tempo e recursos, além de seu uso ser favorável por 
se tratar de uma população homogênea. 
 Foram selecionadas 19 perguntas abrangendo os seguintes temas: perfil dos policiais, 
condições de trabalho, grau de satisfação, anseios, entre outros. Os resultados apresentados a 
seguir referem-se às respostas obtidas. 
 
4.1 PERFIL DOS POLICIAIS 
 
 Com objetivo de melhor conhecer o perfil dos policias, foi perguntado sobre o tempo 
de serviço na PMERJ. Verificou-se que 80% pertencem à corporação há mais de dois anos, o 
que é importante para mostrar que a maior parte dos policiais ouvidos possui certa experiência 
e puderam responder as perguntas com propriedade. 
 
 
9 
 
 
Figura 2: Tempo de serviço na PMERJ 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
 Com objetivo de conhecer a faixa etária dos policias entrevistados, foi perguntado a 
idade dos entrevistados com cinco opções de respostas. Constatou-se que quase metade dos 
entrevistados (48%) se encontra na faixa etária entre 31 e 35 anos de idade. 
 
Figura 3: Faixa etária 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
 Ainda no intuito de conhecer dados da vida pessoal dos policias ouvidos, foi 
perguntado a respeito da prole, se tinha filhos (as). Foi constado que 50% do público tem pelo 
menos um filho(a). 
 
10 
 
Figura 4: Número de filhos
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
 Complementando a pergunta anterior, de forma a entender o perfil familiar dos 
entrevistados, foi feita uma pergunta sobre o estado civil, o que possibilitou a verificação de 
que mais da metade dos participantes da pesquisa (58%) são casados. Cabe ressaltar que esse 
número pode ser maior, uma vez que dos 10% responderam “outros”, podem estar se 
referindo a alguma forma de matrimônio informal, ou seja, moram com o cônjuge sem estar 
casado civilmente. 
 
Figura 5: Estado Civil
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
 
 
11 
 
4.2 DIFICULDADES NO DESLOCAMENTO ENTRE A RESIDÊNCIA E A OPM 
 
Com o fito de investigar melhor as dificuldades enfrentadas pelos policias, foi 
questionado a cerca da distância entre a sua residência e a OPM de trabalho. Apenas 4% 
percorre uma distância menor que 100 km, ao passo que 40% viajam mais de 300 km. 
 
Figura 6: Distância entre a residência e a OPM 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 Ainda sobre o deslocamento, foi perguntado a respeito do tempo gasto nas viagens até 
os locais de trabalho. Percebe-se que apenas 16% dos entrevistados gastam menos que 2h nas 
viagens e que alguns (20%) chegam a gastar mais de 6h durante as viagens. Vale salientar que 
esses 20% gastam, em cada plantão, considerando uma viagem de ida e uma de volta, mais de 
12h o que pode equivaler a um turno de serviço dependendo da escala do policial. 
Figura 7: Tempo de deslocamento entre a residência e a OPM 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
12 
 
Encerrando as perguntas sobre o deslocamento, foi questionado a cerca do gasto 
mensal despendido. Constatou-se que 78% gastam mais de R$ 300,00 por mês e que 30% 
chegam a gastar mais de R$ 600,00 mensalmente. Valor que poderia ser utilizado para outras 
finalidades como estudo, aperfeiçoamento, lazer, entre outros, o que proporcionaria uma 
melhor qualidade de vida para o policial. 
 
Figura 8: Gasto mensal com o deslocamento 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
4.3 EXPECTATIVAS QUANTO AO LOCAL DE TRABALHO 
 
Ao serem indagados quanto à expectativa após a conclusão do curso de formação, se 
sabiam que iriam trabalhar na capital depois de formado, quase a totalidade do universo 
entrevistado (98%) afirmaram que sabiam ou pelo menos reconheciam a possibilidade. 
 
Figura 9: Expectativa de trabalhar na capital 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
13 
 
 Contrastando com o que foi verificado no gráfico acima (figura 9), quase todos os 
entrevistados (96%) responderam "sim" quando foram indagados se gostariam de trabalhar na 
OPM de sua residência. O que pode demostrar que os candidatos do interior, quando se 
inscrevem no concurso para o Curso de Formação de Soldados (CFSd)
 
têm ciência da 
possibilidade de trabalhar na capital, mas preferem trabalhar perto de suas residências. 
 
Figura 10: Desejo de trabalhar próximo àresidência 
 
Fonte: Questionários aplicados. Elaboração própria. 
 
4.4 ANÁLISE DAS RESPOSTAS ABERTAS 
 
 Foi pedido aos entrevistados que citassem algumas vantagens de trabalhar na OPM em 
que estavam atualmente. Foram sugeridas algumas opções de resposta como escala, 
gratificação, amigos, entre outras. Dos policiais participantes, 26% disseram que não notaram 
nenhuma vantagem de trabalhar na OPM em que estavam. Os outros 74% identificaram uma 
ou mais vantagens dentre as sugestionadas na pergunta, com exceção de um participante que 
disse: “Tenho bons amigos e uma ótima administração da minha UPP.” 
 Destaca-se como resposta negativa a seguinte: “Nenhuma vantagem, é horrível! Fica 
distante de casa, sem estrutura.” 
 Em uma pergunta totalmente aberta, na qual foi solicitado para citar uma ou mais 
desvantagens de trabalhar na OPM onde trabalham, as respostas foram bem variadas com 
destaque para o deslocamento (distância, tempo e custo). Outras desvantagens elencadas pelos 
14 
 
policiais ouvidos foram, escassez de passes BPRv
5
, local de trabalho de difícil acesso, 
condições de trabalho, periculosidade, escala e extras nas folgas. Diferente do que o correu na 
pergunta anterior, quanto às vantagens, aqui nenhum participante respondeu que não tinha 
nenhuma desvantagem. Para exemplificar, foi dado destaque para uma resposta que representa 
bem o conjunto de respostas dadas: “Demasiado gasto com alimentação e transporte, 
desgaste físico e psicológico devido ao trajeto, risco elevado no deslocamento vez que estou 
desarmado, mais de 12 horas gastas na estrada a cada folga. Alojamentos ruins.” 
 Foi questionado aos participantes o motivo pelo qual eles não mudaram sua residência 
para a capital, tendo em vista seu local de trabalho. As respostas apontaram fatores como 
inviabilidade financeira (custo com aluguel, custo de vida, etc), dificuldade de trazer a família 
para a capital, cônjuge com emprego público no município de origem, perda de qualidade de 
vida, risco de vida e agitação urbana. Foi dado destaque para duas respostas que reúnem quase 
todos os motivos apontados pelos demais participantes: 
“Minha esposa tem emprego perto de casa, casa própria, filhos estudando 
em boas escolas e familiares que ajudam a olhar meus filhos enquanto 
trabalho, sem comentar que meus filhos brincam sem problemas em 
qualquer lugar do meu bairro, minhas janelas dormem abertas durante o 
verão...” 
“Pelo gasto que teria com aluguel, pela periculosidade da capital onde iria 
expor toda a minha família e quebrar toda tranquilidade que tenho no 
interior para criar meus filhos, e pela qualidade de vida que no interior tem 
se mostrado melhor para policiais e para população, ou seja, sensação de 
segurança onde fui nascido e criado é melhor!” 
 A última pergunta teve o intuito de saber a opinião do policial militar a respeito da 
qualidade do serviço prestado por ele, caso trabalhasse próximo à sua residência, se seria 
melhor e o porquê da resposta dada. Apenas 12% dos participantes disseram que essa questão 
não interfere na forma como desempenha seu trabalho como podemos ver na reposta abaixo: 
“Não, procuro desenvolver meu trabalho da melhor maneira possível em qualquer lugar.” 
Porém, a maior parte deles (88%) respondeu no sentido de que se trabalhasse próximo 
da sua residência, desempenhariam melhor suas funções. Os motivos alegados foram bem 
variados, como: maior tempo de descanso, apoio familiar, qualidade de vida, maior 
motivação, menos gastos, vínculo com a população local, conhecimento da geografia local e 
 
5
 Esses passes são disponibilizados à PMERJ por meio do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), pela 
Autoviação 1001 Ltda, como forma de cortesia. 
15 
 
maior disposição. Para demonstrar as alegações dos policiais foram escolhidas algumas 
respostas que melhor contemplam os argumentos citados: 
“Com certeza, o desempenho no serviço seria impulsionado pelo fato de que 
estaria protegendo minha própria cidade. Chegaria no serviço menos 
desgastado e com isso teria um melhor rendimento e atenção (o que é vital 
na atividade policial). Teria mais tempo para me capacitar em coisas que 
me ajudariam na profissão como fazer lutas, esportes e etc. Teria menos 
gastos com alimentação e transporte, o que acarretaria em mais 
investimento na qualidade de vida (saúde) e equipamento pessoal para o 
serviço.” 
“Sim, porque não iria passar todo o serviço me arrastando de sono e 
cansaço, teria uma qualidade de vida melhor, pois não iria depender de 
caronas para ir pra casa e aproveitando melhor meus dias de folga, coisa 
que sem dúvida refletiria numa melhor prestação de serviços à população.” 
“Com certeza, são vários os motivos, o principal deles e que teria muito 
mais tempo para estar com a família e isso certamente refletiria no trabalho, 
além de conhecer a geografia dos lugares do interior.” 
 
4.5 ENTREVISTA COM COMANDANTES DE UPP 
 
Com o objetivo de alcançar um melhor entendimento sobre o fenômeno pesquisado 
neste artigo, buscando uma visão imparcial do assunto, assim como um ponto de vista com 
interesses diferentes (e talvez até antagônicos) dos policiais que responderam aos 
questionários, foi realizada entrevistas com dois majores da PMERJ, um que exerce função de 
comandante de UPP há aproximadamente dois anos e outro que já exerceu a função por dois 
anos e meio. Na entrevista foram levantadas questões como a percepção que os comandantes 
têm do policial do interior que trabalha na UPP e uma possível regionalização do concurso 
para soldado: 
 Pesquisador: Baseado na própria experiência, e na troca de informações com 
outros comandantes de UPPs, qual a percepção do senhor em relação aos policiais que 
residem no interior e trabalham em UPPs? Seria possível afirmar que esses policiais 
causam mais transtorno para administração? O senhor acredita que seria melhor para o 
policial, para a PMERJ e consequentemente para a sociedade que esses policiais (do 
interior) fossem classificados nas OPMs de suas residências? E quanto a realização de 
concursos regionalizados para o CFSd, qual sua opinião? 
 
 
16 
 
1º Entrevistado: 
“Há uma percepção geral de que os policiais do interior são desmotivados e 
pouco profissionais. Efetivamente, grande parte deles não têm qualquer 
iniciativa ou proatividade, se limitando a fazer estritamente o que lhes é 
determinado, procuram artifícios para se esquivarem do serviço. Tal é um 
problema comum e generalizado vivido pelos comandantes de UPP. Com 
essas posturas, esses policiais trazem muitos contratempos e imbróglios 
administrativos, tais como todo o processamento e julgamento de DRDs
6
, 
instauração de conselhos disciplinares
7
, recorrentes e infinitas submissões a 
juntas de saúde, sobrecarregando o sistema de saúde da corporação, 
interposição de ações judiciais questionando atos administrativos legítimos 
etc... Nitidamente os policiais do interior trazem mais transtornos para a 
administração do que os policiais da capital. 
Acredito que a classificação na OPM de residência seria melhor unicamente 
sob o ponto de vista pessoal dos próprios policiais. O melhor para a 
instituição e, consequentemente, para a sociedade é que ele seja lotado onde 
haja a necessidade de sua aplicação, conforme insculpido no Estatuto da 
Corporação. Uma vez ingressando no serviço público, o cidadão deve se 
adequar às necessidades públicas e não o contrário. 
Quanto à regionalização, creio que seja algo totalmente prejudicial à nossa 
organização e necessidade, tendo em vista a natureza estadual do concurso. 
Isso seria uma impossibilidade técnica para a corporação.”2º Entrevistado: 
“Tem alguns transtornos como: adequação de escala, uma vez que a escala 
12hX24h 12hX48h, que é a escala padrão da PMERJ, não seria possível 
para esses policiais porque iria extenuar muito o trabalho deles, a maioria 
deles moram a uma distância muito longa que exige um bom tempo para o 
deslocamento, alguns tem que sair de casa um dia antes do serviço. Cheguei 
a adotar a escala de 12hX60h, mas essa escala demanda um maior efetivo 
para manter a quantidade de policiais escaldos por dia e eu não consegui 
suportar essa escala por muito tempo, aí eu colocava todos na 24hX72h; 
tem também a questão de alojamentos que tem que ser providenciados para 
esses policiais; outra dificuldade era para escala-los no RAS, tínhamos que 
escalar na primeira folga; temos também, a questão motivacional que é 
mais difícil de ser trabalhada com esse público. Os transtornos são 
inúmeros, eles geram mais transtornos que soluções. Mas já trabalhei com 
policiais do interior fantásticos, que eram comprometidos, abnegados, 
porém alguns se valiam desse empecilho da distância como desculpa para 
tudo. Era difícil, a gente tinha que administrar esses problemas, mas eu 
tinha em mente que esses problemas não eram causados pelos policiais, pois 
a PMERJ é que deveria classifica-los próximo a suas residências. 
Quanto à regionalização do concurso, concordo plenamente, acho que ideia 
deve ser essa mesmo, eu sou até a favor da municipalização do efetivo, 
embora eu saiba que isso seria complicado para a corporação que precisa 
movimentar seu efetivo de acordo com necessidade do serviço. Esse viés, da 
regionalização do efetivo, atende a filosofia de Polícia Comunitária que tem 
que ser adotada por toda a corporação, não tem muito que fugir disso. A 
PMERJ até tentou realizar concursos regionalizados né, mas não deu certo 
 
6
 Documento de razões de defesa. É um meio sumário, formal e legal pelo qual o policial militar se defende de 
alguma falta disciplinar que lhe esteja sendo imputada, garantindo assim, a ampla defesa e o contraditório. 
7
 Trata-se de um processo administrativo disciplinar, ao qual o policial é submetido para avaliar se ele deve ou 
não permanecer no quadro da corporação. 
17 
 
devido à criação das UPPs, o que demandou grande efetivo. Acho que isso é 
o certo a ser feito, esses policiais que trabalham longe de suas casas, sofrem 
muito e causam muita dor de cabeça para a gente administrar tudo isso.” 
 
 Fazendo uma análise comparativa entre as respostas dos dois majores é possível notar 
que apesar de divergirem bastante, os dois entrevistados concordam no sentido de que o 
policial do interior, de fato, causa muitos transtornos para administração. O primeiro 
entrevistado atribui esse fato, única e exclusivamente, ao policial. Já o segundo entrevistado 
se mostra mais sensível à questão e entende que esses problemas não são apenas por causa do 
policial, mas também, e principalmente, da corporação que deveria tomar providências para 
que esses policiais trabalhassem próximos às suas residências. 
 
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Analisando o que foi pesquisado sobre o movimento pendular que os policiais 
militares do interior realizam para se deslocarem até seus locais de trabalho, é possível 
concluir que esse deslocamento é um fator importante no que tange, não só o aspecto 
motivacional, mas também na forma como o policial desempenha seu trabalho, uma vez que 
este está diretamente relacionado àquele. Por meio das entrevistas realizadas, foi possível 
elencar os principais problemas que atingem o público pesquisado, a saber: distância (longas 
viagens e gasto excessivos com o deslocamento), o local de trabalho em si (por se tratar de 
uma realidade totalmente diversa daquela a que o policial está habituado), escala de serviço 
inadequada e estrutura de apoio (alojamentos, armários, etc.) aquém do necessário. 
Através dos relatos obtidos, evidenciou-se que a hipótese assumida nesse estudo é 
verdadeira, ou seja, todas essas dificuldades intrínsecas a mobilidade pendular realizada por 
esses policiais, contribuem para torná-los desmotivados, afetando diretamente o serviço por 
eles prestado. 
Analisando as entrevistas com os majores comandantes de UPPs, pode-se concluir 
que, realmente, os policias do interior trazem mais transtornos para a administração. Acredita-
se que esse fato não pode ser atribuído única e exclusivamente ao policial militar, tendo vista 
todas as dificuldades enfrentadas por ele, que foram esplanadas. Em pesquisas futuras, 
pretende-se investigar a conduta e o desempenho de policias do interior que trabalham 
próximo de sua residência, mas que outrora trabalhavam em UPPs, ouvindo os policiais e seus 
comandantes para comparar o com os resultados obtidos nessa pesquisa. 
18 
 
Sabe-se que a PMERJ é uma corporação militar de âmbito estadual e possui 
necessidades diferentes de qualquer outro órgão, porém é perceptível que a classificação de 
policiais militares em locais muito distantes de suas residências é prejudicial para o policial, 
para corporação e principalmente para a sociedade que recebe os serviços prestados pela 
PMERJ. 
Diante de tudo que foi analisado neste estudo, acredita-se que possíveis soluções ou 
amenização para os problemas apresentados seriam a alteração do regulamento de 
movimentações, vedando a transferência de praças entre CPAs, salvo a pedido; e a realização 
de concursos para o CFSd regionalizados por CPA
8
. Como cada CPA possui pelo menos 
quatro batalhões, a instituição seria capaz de proporcionar melhores condições de trabalho 
para o policial sem ter seu efetivo totalmente “engessado”, o que seria um fator positivo, pois 
policiais com melhores condições trabalho são mais motivados e prestam um melhor serviço 
para a população. 
 
 
 
8
 Comando de Policiamento de Área, é uma divisão territorial adotada pela PMERJ que dividido o estado em 
seis CPAs, o 6º CPA por exemplo, é responsável pela região Norte-noroeste compreendendo as áreas dos 
seguintes batalhões: 8º BPM (Campos dos Goytacazes), 29º BPM (Itaperuna), 32º BPM (Macaé) e 36º BPM 
(Santo Antônio de Pádua). 
19 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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pacificadora (UPPs): o que pensam os policiais. 2016. Disponível em: < 
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Recuperação Automática (SIDRA). Censo Demográfico 2010. Banco de Dados Agregados. 
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DPE/COPIS, COC/CNEFE. 2010. Disponível em: < 
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000015164811202013480
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JARDIM, Antonio de Ponte. Movimentos pendulares: Reflexões sobre a mobilidade pendular. 
In: Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil. OLIVEIRA, Luiz Antonio 
Pinto de; OLIVEIRA, Antônio Tadeu Ribeiro de (Orgs.). IBGE. Estudos e Análises, nº1. 
2011. p. 58-70. 
MINAYO, Maria Cecília de Souza; SOUZA,Edinilsa Ramos de; CONSTANTINO, Patrícia 
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militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. 
 
OLIVEIRA, Tânia Modesto Veludo de. Amostragem não Probabilística: Adequação de 
Situações para uso e Limitações de amostras por Conveniência, Julgamento e Quotas. In: 
Administração On Line Prática - Pesquisa - Ensino. Volume 2 - Número 3, 
julho/agosto/setembro, 2001. ISSN 1517-7912. 
 
RIO DE JANEIRO (Estado). Decreto n. 42.787, de 06 de janeiro de 2011. Dispõe sobre a 
implantação, estrutura, atuação e funcionamento das unidades de polícia pacificadora (UPP) 
no estado do rio de janeiro e dá outras providências. Disponível em: 
<http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/Uploads/DecretoSeseg42.787Upp.pdf>. 
Acesso em: 06 nov. 2016. 
 
SANTOS JÚNIOR, E. da R. dos; MENEZES FILHO; N. A.; FERREIRA, P. C. G.. Migração, 
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Rio de Janeiro, v. 35, n.3, p. 299-331, 2005. 
 
20 
 
SILVA, Érica Tavares. Estrutura urbana e mobilidade espacial nas metrópoles. Rio de 
Janeiro: Letra capital, 2012. 
TAVARES. Jéssica Monteiro da Silva. Movimentos Pendulares de Estudantes na Região 
Norte Fluminense. 2016. 110f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal 
Fluminense (UFF), Campos dos Goytacazes/RJ, 2016. 
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2016. O que é? Disponível em: <http://www.upprj.com/index.php/o_que_e_upp>. Acesso em: 
15 nov. 2016. 
 
21 
 
APÊNDICE 
Questionário aplicado aos Policiais Militares. 
22 
 
APM D. JOÃO VI CFO 
Trabalho de Conclusão de Curso 
" Mobilidade pendular na PMERJ: a classificação de policiais militares do interior nas 
UPPs" 
 
Prezado (a) policial, este questionário tem o objetivo de fazer um levantamento de 
dados sobre alguns aspectos de vida dos policias militares que residem no interior do estado 
do Rio de Janeiro e trabalham na capital. Precisamos de sua colaboração para que possamos 
fazer uma análise sobre esse deslocamento populacional. 
Os policiais não serão identificados nos resultados da pesquisa. 
 
1. Qual é a sua graduação? 
( ) Soldado 
( ) Cabo 
( ) Sargento 
( ) Subtenente 
 
2. Qual é o seu sexo? 
( ) Masculino 
( ) Feminino 
 
3. Qual é a sua idade? 
( ) Até 20 anos. 
( ) Entre 21 e 25 anos. 
( ) Entre 26 e 30 anos. 
( ) Entre 31 e 35 anos. 
( ) Mais que 36 anos. 
 
4. Qual é o seu estado civil? 
( ) Solteiro(a). 
( ) Casado(a). 
( ) Divorciado(a), desquitado(a), separado(a). 
( ) Viúvo(a). 
( ) Outro: ____________________________ 
23 
 
 
5. Você tem filhos (as)? 
( ) Não tenho. 
( ) 1 filho(a). 
( ) 2 filhos(as). 
( ) 3 ou mais filhos(as). 
 
6. Em que unidade da PMERJ você está lotado (a) /classificado (a) atualmente? 
__________________________________________ 
7. Há quanto tempo você está na PMERJ? 
( ) Há menos de 1 ano. 
( ) Entre 1 e 2 anos. 
( ) Entre 2 e 3 anos. 
( ) Entre 3 e 4 anos. 
( ) Há mais de 4 anos. 
 
8. Onde você realizou o seu curso de formação? 
( ) CFAP. 
( ) Companhia Pedagógica num Batalhão do interior do estado. 
( ) Outro: __________________________________ 
 
9. Você sabia que iria trabalhar na capital quando realizou o concurso? 
( ) Sim, eu sabia. 
( ) Não, eu não sabia. 
( ) Sabia que existia essa possibilidade. 
 
10. Qual a distância entre a sua residência e a sua OPM? 
( ) Menos de 100 Km. 
( ) Entre 100 Km e 200 Km. 
( ) Entre 200 Km e 300 Km. 
( ) Mais de 300 km. 
 
11. Quanto tempo você leva para se deslocar da sua residência até o seu local de 
trabalho? 
24 
 
( ) Até 2h. 
( ) Entre 2h e 4h. 
( ) Entre 4h e 6h. 
( ) Mais de 6h. 
 
12. Quanto você gasta, em média, mensalmente para se deslocar até o seu local de 
trabalho? 
( ) Até R$ 100,00. 
( ) Entre R$ 100,00 e R$ 200,00. 
( ) Entre R$ 200,00 e R$ 300,00. 
( ) Entre R$ 300,00 e R$ 400,00. 
( ) Entre R$ 400,00 e R$ 600,00. 
( ) Acima de R$ 600,00. 
 
13. Cite uma ou mais vantagens de trabalhar onde você trabalha (gratificação, escala, o 
local em si, a função, amigos, etc). 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
14. Cite uma ou mais desvantagens de trabalhar onde você trabalha. 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
15. Porque você não mudou sua residência para a capital? 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________ 
 
16. Você gostaria de trabalhar na OPM de sua residência? 
( ) Sim. 
( ) Não. 
 
17. Você acredita que se trabalhasse próximo a sua residência, você desempenharia 
melhor seu trabalho? Por que? 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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