Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ 90 O gênero Epidendrum L. (ORCHIDACEAE) na área de influência da UHE Teles Pires, Mato Grosso, Brasil Gustavo Brito Bortolan 1* , Ana Kelly Koch 1 , Adarilda Petini-Benelli 1 , Lucirene Rodrigues 1 , Célia Regina Araújo Soares Lopes 1 1 Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/AF, Centro de Biodiversidade da Amazônia Meridional - CEBIAM, Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, Alta Floresta, Mato Grosso. *E-mail: gustavobrito.bio@hotmail.com. Resumo. Epidendrum L. no Brasil é composto por 137 espécies, sendo que 83 são endêmicas do país. Na região Centro-Oeste ocorrem 27 espécies, das quais 19 são registradas para o Estado de Mato Grosso. No presente trabalho é apresentada uma lista de espécies do gênero registradas na área de influência da UHE Teles Pires, bem como seus dados de distribuição geográfica. Na área de estudo foram registradas 12 espécies de Epidendrum, das quais E. nocturnum, E. rigidum e E. strobiliferum apresentam maior distribuição no Brasil, enquanto que E. micronocturnum, E. schlechterianum e E. stiliferum tem distribuição mais restrita. E registram-se pela primeira vez para o Estado três espécies. Palavras-chave: Orquídeas; Usina Hidrelétrica; Distribuição Fitogeográfica. Introdução Epidendrum L. é um dos maiores gêneros de Orchidaceae com 1.125 espécies, distribuídas nas zonas tropicais (Rasmussen, 1985; Chase et al., 2003). Encontra-se posicionado na subfamília Epidendroideae e na subtribo Laeliinae (Chase et al., 2015). No Brasil, o gênero está presente com 137 espécies, das quais 83 são endêmicas do país, e na região centro-oeste ocorre 27 espécies e 19 destas são registradas no Estado de Mato Grosso (Barros et al., 2016). Até o momento, para o estado, não existe nenhum estudo específico para Epidendrum, portanto, com este trabalho objetiva-se apresentar a listagem de espécies deste gênero para a área de influência da UHE Teles Pires, e fornecer, com base na Lista de Espécies do Brasil, dados de distribuição geográfica e nos domínios fitogeográficos. Métodos A Usina Hidrelétrica Teles Pires está instalada na região do baixo Teles Pires, na divisa entre os Estados de Mato Grosso e Pará, abrangendo os municípios de Paranaíta e Jacareacanga, numa região de Floresta Ombrófila. As coletas se deram através do “Programa de Salvamento de Germoplasma Vegetal no Canteiro de obras e área de apoio, da UHE Teles Pires” entre 2011 e 2012, onde uma equipe de campo acompanhou a supressão vegetal realizando a coleta dos espécimes férteis. Todo o material coletado encontra-se depositado na coleção do Herbário da Amazônia Meridional (HERBAM). As espécies foram identificadas por especialistas em Orchidaceae. Para as abreviações dos nomes dos autores das espécies utilizou-se Brummitt & Powell (1992). Os dados de distribuição geográfica das espécies estão de acordo com Barros et al. (2016). Resultados e discussão Para a área de influência da UHE Teles Pires foram identificadas doze espécies de Epidendrum, sendo: E. amblostomoides Hoehne, E. anceps Jacq., E. flexuosum G.Mey., E. micronocturnum Carnevali & G.A.Romero, E. nocturnum Jacq., E. rigidum Jacq., E. schlechterianum Ames, E. sculptum Rchb.f., E. secundum Jacq., E. stiliferum Dressler e E. strobiliferum Rchb.f. (Tabela 1). Dentre estas espécies, Epidendrum nocturnum, E. rigidum e E. strobiliferum são as mais amplamente distribuídas, ocorrendo em mais da metade dos estados brasileiros (Barros et al., 2016). Por outro lado, E. micronocturnum, E. schlechterianum e E. stiliferum possuem distribuição mais restrita à região amazônica, ocorrendo em dois ou três Estados (Barros et al., 2016). Baseado no que se conhece de Epidendrum para o Mato Grosso até o momento (Dubs, 1998; Koch & Silva, 2012; Barros et al., 2016), tem-se como novidades para a flora do Estado, três espécies registradas pela primeira vez para o Mato Grosso: E. carpophorum, E. schlechterianum e E. sculptum. Com relação à representatividade na área de estudo, Epidendrum nocturnum foi mais bem amostrada com três espécimes, o que já era esperado, pois esta espécie ocorre facilmente em diferentes ambientes, desde margens de rios, florestas de terra firme e áreas de Cerrado (Koch & Silva, 2012; Koch et al., 2014; Afonso et al., 2016). As espécies Epidendrum flexuosum, E. rigidum, E. secundum e E. stiliferum foram representadas por apenas uma amostra cada. Epidendrum flexuosum e E. rigidum são espécies típicas amazônicas ocorrendo geralmente em associação aos cursos de água, como margens de rios e florestas de igapó (Koch et al., 2014; Afonso et al., 2016). Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ 91 Sobre E. stiliferum sabe-se pouco, contudo foi encontrado em área de cerrado a 500 m de altitude (Koch & Silva, 2012), condições contrárias às encontradas na área de estudo. Apesar de E. secundum ser amplamente distribuído, principalmente na Mata Atlântica (Barros et al., 2016), no Mato Grosso ainda é representado por apenas duas coletas pontuais, uma na área de estudo e outra em Chapada dos Guimarães (HERBAM e R). Também foi possível observar que as espécies E. micronocturnum, E. schlechterianum e E. sculptum tem ocorrência restrita ao domínio Amazônico (Barros et al., 2016), no qual a área de influência da UHE Teles Pires encontra-se inserida. Tabela 1. Espécies de Epidendrum na área de influência da UHE Teles Pires e seus dados de distribuição com base na Lista de Espécies da Flora do Brasil. Espécies Distribuição Geográfica Distribuição Fitogeográfica Epidendrum amblostomoides Hoehne DF; GO; MA; MG; MT; PA; RO; TO Amazônia, Cerrado Epidendrum anceps Jacq. AC; AM; AP; BA; CE; DF; ES; GO; MG; MT; PA; PE; PR; RJ; RR; RS; SC; SP Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Epidendrum carpophorum Barb.Rodr. AL; AM; AP; BA; CE; ES; MG; PA; PE; RJ; RR; SE; SP Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica Epidendrum flexuosum G.Mey. AC; AL; AM; AP; BA; ES; GO; MA; MG; MS; MT; PA; PB; PE; RJ; RO; RR Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Epidendrum micronocturnum Carnevali & G.A. Romero AM; MT Amazônia Epidendrum nocturnum Jacq. AL; AM; AP; BA; CE; DF; ES; GO; MA; MG; MS; MT; PA; PB; PE; PR; RO; RR; SC; SP; TO Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Epidendrum rigidum Jacq. AC; AL; AM; AP; BA; CE; ES; GO; MA; MG; MS; MT; PA; PB; PE; PR; RJ; RO; RR; RS; SC; SE; SP; TO Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica Epidendrum schlechterianum Ames AM, PA Amazônia Epidendrum sculptum Rchb.f. AM; MA; PA Amazônia Epidendrum secundum Jacq. AL; AM; AP; BA; CE; DF; ES; GO; MG; MT; PA; PB; PE; PR; RJ; RR; RS; SC; SE; SP; TO Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica Epidendrum stiliferum Dressler MT; PA Amazônia, Cerrado Epidendrum strobiliferum Rchb.f. AC; AL; AM; AP; BA; CE; ES; GO; MA; MG; MT; PA; PE; PR; RJ; RO; RR; RS; SC; SE; SP Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Conclusão A área de influência da UHE Teles Pires encontra-se bem representada quanto às espécies de Epidendrum, haja vista que se registrou 19 das 23 espécies que ocorrem na região Centro-Oeste. Observou-se ainda, que a elaboração de listagem de espécies pode contribuir efetivamente para a flora de Mato Grosso, incluindo novas ocorrências de espécies (E. carpophorum, E. schlechterianum e E. sculptum.), bem como novas espécies. Referências AFONSO, E.A.L., KOCH, A.K., COSTA, J.M. Flora preliminar de Orchidaceae no municípiode Abaetetuba, Pará, Brasil. Biota Amazônia 6(1): 107-118, 2016. BARROS, F., VINHOS, F., RODRIGUES, V.T., BARBERENA, F.F.V.A., FRAGA, C.N., PESSOA, E.M., FOSTER, W., MENINI NETO, L., FURTADO, S.G., NARDY, C., AZEVEDO, C.O., GUIMARÃES, L.R.S. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2016. http://reflora.jbrj.gov/jabot/floradobrasil/FB20043 Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ 92 CHASE, M.W., CAMERON, K.M., BARRETT, R.L., FREUDENSTEIN, J.V. DNA data and Orchidaceae systematic: a new phylogenetic classification. In: DIXON, K.W., KELL, S.P., BARRETT, R.L., CRIBB, P.J. (eds). Orchid conservation. Natural History Publications, Sabah. p. 69-89, 2003. CHASE, M.W., CAMERON, K.M., FREUDENSTEIN, J.V., PRIDGEON, A.M., SALAZAR, G., VAN DEN BERG, C., SCHUITEMAN, A. An updated classification of Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society 177: 151-174, 2015. KOCH, A.K., SILVA, C.A. Orquídeas nativas de Mato Grosso. Cuiabá, Carlini & Caniato Editorial. 2012. KOCH, A.K., SANTOS, J.U.M., ILKIU-BORGES, A.L. Sinopse da Orchidaceae holoepífitas e hemiepífitas da Floresta Nacional de Caxiuanã, PA, Brasil. Hoehnea 41(1): 129-148, 2014. RASMUSSEN, F.N. Orchids. In: R.M.T. DAHLGREN; H.T. CLIFORD, P.F. YEO (eds.). The families of the Monocotyledons. Berlin, Springer-Verlag. p. 249-274, 1985.
Compartilhar