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apostila direito ambiental

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1 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- APOSTILA DE DIREITO AMBIENTAL - 
( CIRCULAÇÃO RESTRITA) 
 
 
 
 PÉRICLES ANTUNES BARREIRA, M.S. 
 pabarreira@cultura.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GOIÁS 
 
 
 2 
 
 
PALAVRAS EXPLICATIVAS 
 
 
 
A presente publicação pretende ser apenas uma compilação em 
forma de brochura, simples, inicialmente construída para servir de roteiro à 
ministração das aulas de Direito Ambiental nas Faculdades que lecionamos 
nos cursos de graduação e de pós-graduação. É uma produção independente, 
particular, de circulação agora dada ao público. Não há nenhum vínculo com a 
Faculdade respectiva. 
A ordem dos assuntos e a direção geral do trabalho, seguem o 
gosto pessoal do autor, orientado pela sua visão didática que empresta à 
lecionação da disciplina. 
A Apostila ao longo do tempo vai sendo atualizada e corrigida. 
É uma síntese, um roteiro alargado para apoiar as aulas. Nunca esta, nem outra 
publicação qualquer, substitui a leitura direta e no original de cada autor da 
área. Por isso, necessariamente, com o programa da matéria ou ao final deste 
texto, além das citações de notas de rodapé, é fornecida uma bibliografia, cuja 
leitura dos Autores é indispensável. Também não há nenhuma recomendação 
para que a aquisição seja obrigatória e, até o momento, nos locais em que é 
disponibilizada, o Autor nada aufere de ganho com a sua comercialização. O 
propósito é disseminar os acessos para servir aos discentes e apreciadores da 
matéria. 
A temática ambiental é dinâmica e sua abrangência é 
surpreendente. A pretensão, além de ser uma compilação organizada ao gosto 
do Autor, é fornecer um roteiro básico para aproximação com a matéria. 
Muitos temas específicos e tendências do Direito Ambiental não foram 
tratados aqui e, quando muito, são indicados em alguma parte da Apostila. A 
produção de artigos científicos sobre o tema deverá suprir, enquanto os livros 
não abarcam as tendências que a dinâmica da matéria abrange, o tratamento 
jurídico de tais tendências. 
Críticas, sugestões e colaborações são bem-vindas no nosso site 
pessoal: pabarreira@gmail.com ou outro que o autor aditar. Solicitamos a 
quem acessar ao material e citá-lo, mencione a fonte. Esta versão refere-se a 
Fevereiro/2007. 
 
 O AUTOR. 
 
 
 3 
 
 
 
- CAPÍTULO I - 
 A DIMENSÃO INTERNACIONAL DA TEMÁTICA AMBIENTAL OU A 
INTERNACIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL (SOBRE O DIREITO 
INTERNACIONAL DO AMBIENTE) 
 1. UMA ORIGEM ALIENÍGENA 
 Os institutos que caracterizam o Direito Ambiental adotados no Brasil têm uma 
inquestionável e direta influência das respostas que a Sociedade Internacional deu aos 
problemas ambientais percebidos, sobretudo, pelos países desenvolvidos, tais que a 
poluição e degradações do meio ambiente que se expressaram pela constatação do buraco 
da camada de ozônio, chuvas ácidas, efeito estufa, dentre outros, os quais se agudizaram e 
manifestaram-se sobretudo após a década de 1960. Isso pode ser notado, pelo menos, por 
situações históricas definidas: a) A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano - CNUMAH - Estocolmo/1972; b)os princípios do Direito Ambiental 
conseqüentes da declaração de Estocolmo advindas da Conferência referida; c)- a 
contribuição das legislações ambientais internas dos países, quase todas também geradas 
profusamente pelo tratamento internacional que o tema assumiu; d)- criação de organismos 
internacionais que passaram a formular proposições, análises e esboços de Convenções ( 
Tratados ) internacionais atinentes à matéria. Por fim, a contribuição doutrinária que 
embasou o reconhecimento de um novo sub -ramo do Direito Internacional Público 
denominado Direito Internacional do Ambiente, para mencionar os principais aspectos. Por 
isso, para uma visão que privilegie as origens dos institutos do Direito Ambiental, é 
imprescindível conhecer, como dito, o que a Sociedade Internacional formulou direta ou 
indiretamente ao dar atenção na agenda internacional às questões ambiental globais e às 
formulações que a doutrina internacionalista ambiental construiu, especialmente no 
exterior. 
 De maneira esquemática, como propõe a apostila, pode-se esboçar esta 
abordagem da seguinte forma, propositalmente sem rigor de datas, para composição de um 
quadro de problemas-soluções que se esboçaram no dealbar da era ambiental. Há uma 
período pré-década de 70, durante o seu decorrer e logo após, em que tais problemas 
ocorreram que estão, como afirmado, dispostos sem a seqüência cronológica real. 
 2)- O DESPERTAR PELAS TRAGÉDIAS 
 Inegavelmente, as tragédias serviram de substrato inicial para o desenvolvimento 
da preocupação com o meio ambiente. Hoje, as denominaríamos "desastres ecológicos ou 
"acidentes ambientais", "catástrofes ecológicas". A soma de tais acontecimentos trágicos, 
confluiu num certo momento histórico para uma chamada de atenção especial para se 
cuidar da vida humana e do meio que a abrigava. O leitor notará que não há um rigor 
cronológico, embora se possa juntar tudo no que se denomina "era ambiental". Em jeito de 
palestra, tomamos a liberdade de, conhecendo os fatos a posteriori, juntá- los num quadro 
adredemente montado para se visualizar a situação trágica do mundo. Mesmo sem o rigor 
cronológico, repita-se, pois há fatos anteriores e posteriores em épocas diferentes, a 
importância para a Comunidade Internacional é incontestável. Pode-se alinhavar as 
seguintes tragédias: 
 
 4 
2.1)- O acidente na Baía de Minamata-Japão 
 O caso, em rápida síntese, foi provocado pelo despejo de efluentes industriais, 
sobretudo mercúrio, na Baía de Minamata. "Um dos piores casos de intoxicação relatados, 
saiu suscintamente relatado numa coluna intitulada "Morte pela Boca". Conta o artigo que o 
mercúrio presente em resíduos industriais despejados durante anos na baía de Minamata, no 
sul do Japão, contaminou o pescado da região. De. 1953-1997, 12.500 pessoas haviam sido 
diagnosticadas com o "Mal de Minamata". É uma contaminação que degenera o sistema 
nervoso e é transmitida geneticamente, acarretando deformação nos fetos." As 
conseqüências: surdez, cegueira e falta de coordenação motora. A repercussão só se deu em 
1972, quando por força de decisão judicial inédita no mundo, as vítimas passaram a receber 
indenizações pelos males sofridos. 
 
 
 2.2)-O acidente de SEVESO-ITALIA ( 1976) 
 "Em 10 de julho de 1976, sábado, em Seveso, cidade italiana perto de Milão, o 
superaquecimento de um dos reatores da fábrica de desfolhantes ( o tristemente famoso 
agente laranja da Guerra do Vietnã ) liberou densa nuvem que, entre outras substâncias, 
continha dioxina, produto químico muito venenoso. 
 A nuvem baixou no solo, atingindo um setor da cidade com 40 residências e 
voltou a subir. Logo no domingo, começaram a morrer animais domésticos, e dias depois 
os moradores, principalmente crianças, apresentavam sintomas de grave intoxicação. As 
733 famílias da região afetada foram retiradas, e abriram-se crateras de 200 metros de 
diâmetro para enterrar tudo que se encontrasse na área contaminada, que abrangia, além de 
Seveso, as localidades de Cesano."1 
 2.3)-O acidente de BHOPAL-ÍNDIA-1984 
 "Falha no equipamento foi a explicação dada para o vazamento de isocianato de 
metila, gás altamente venenoso que matou 3.300 pessoas, além de bois, cães e aves, na 
cidadede Bhopal, na India, em 4 de dezembro de 1984. O número citado é apenas oficial, 
correspondente às primeiras horas após o acidente. Na verdade, dos aproximadamente 
680.000 habitantes de Bhopal na ocasião, 525.000 foram afetados, muitos gravemente, o 
que leva a crer que o total de mortos teve crescimento desde então. 
 A fábrica de pesticida onde ocorreu o vazamento foi imediatamente fechada pelo 
governo indiano, e Bhopal, semanas depois da tragédia, estava praticamente vazia. A maior 
parte da população fora retirada ou fugira."2 
Sobre tal acidente, após 16 anos, resgatamos o seguinte texto: “No início de 
dezembro comemoramos 16 anos da maior catástrofe industrial da História, que aconteceu 
em Bhopal, capital do estado de Madhia Pradesh, na Índia. Na noite de 2 para 3/12/1984, 
um vazamento de 40 toneladas de substâncias venenosas ( Isocianato de Metila, Cianureto 
de Hidrogênio e outras ), usadas pela Union Carbide para fabricar agrotóxicos, matou 
imediatamente 8 mil pessoas e afetou outras 500 mil, 16 mil das quais morreram nos anos 
seguintes. Muitas vítimas ficaram incapazes para o trabalho e mulheres tornaram-se 
estéreis. Logo que ocorreu o acidente, a indústria afirmou que estes gases só irritariam os 
olhos e vias respiratórias. E não mostrou como tratar casos de alta exposição. Por isso 
vítimas receberam tratamento inadequado. Segundo o grupo espanhol Ecologistas em 
Accion, vários danos ambientais permanecem até hoje, por exemplo, nas águas 
subterrâneas conaminadas. E a indenização às vítimas indiscutíveis foi ínfima: 90% 
 5 
receberam em torno de 430 dólares ( cerca de 850 reais ) e outros 200 mil afetados nem 
foram indenizados.” ( in: www.aipa.org.br, acessado em 15/03/05 ). 
 
2.4)-O Acidente na BASILÉIA-SUÍÇA- 1986 - Rio Reno 
 2.5)- Os Acidentes Nucleares: 
 A)- Flisborough (Reino Unido, 1974)-Explosão de uma planta de caprolactama 
devido à ruptura de tubulação. 28 mortos; B) - Three Mile Island, Harrisburg, Pensilvânia 
(EUA). 1979. 200 mil pessoas abandonaram a região nos primeiros dias depois do desastre. 
C)CHERNOBYL (UCRANIA). Explosão de um reator da usina em 1986, espalhou 
radioatividade em quantidade superior am 10 bombas atômicas do tipo lançado em 
Hiroshima. Danos: Morte de 10 mil pessoas e arredores. 600 mil trabalhadores 
encarregados da limpeza de Chernobyl após os desastres foram afetados pela radiação em 
doses críticas e 200 mil pessoas foram retiradas da região pelo governo. D)- GOIÂNIA- 
Acidente Radiológico ocorrido em setembro de 1987. Segundo dados, foram atingidas 250 
pessoas e morreram quatro pessoas. 
 1.6)- OS GRANDES ACIDENTES MARÍTIMOS COM PETROLEIROS. 
Atlantic Express ( 1979 ), derramou 276.000 t petróleo bruto; Amoco Cadiz (282.000 t). 
Torrey Canyon e Exxon Valdez ( 240.000 barris). O resultado eram as "marés negras" que, 
jogadas para as costas dos países, matavam aves e, sobretudo, onde havia mangue, o 
tornava inapto a continuar sendo o berço de reprodução de crustáceos e outros animais 
deste ecossistema peculiar. 
 
 
 
3)- IDÉIAS QUE FIZERAM PENSAR 
 3.1)- A publicação do livro "PRIMAVERA SILENCIOSA" (Silent 
Spring), de Rachel Carson . 1962. "Foi a primeira obra a detalhar os efeitos adversos da 
utilização dos pesticidas e inseticidas químicos sintéticos, iniciando o debate acerca das 
implicações da atividade humana sobre o ambiente e o custo ambiental dessa contaminação 
para a sociedade humana. A autora advertia para o fato de que a utilização de produtos 
químicos para controlar pragas e doenças estava interferindo com as defesas naturais do 
próprio ambiente natural e acrescentava: " nos permitimos que esses produtos químicos 
fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, 
animais selvagens e sobre o próprio homem3. Tal obra tornou-se um best seller em 1970, 
como um dos livros que sintetizavam com rara agudez, os problemas ambientais 
decorrentes do uso dos agrotóxicos. 
 3.2)- RELATÓRIO DO "CLUBE DE ROMA": "OS LIMITES DO 
CRESCIMENTO" (Limits to Growth). liderados pelo cientista norte-americano Dennis 
Meadows e seus colaboradores. "Nele se mostra que o crescimento exponencial da 
economia moderna acarreta como conseqüência necessária, num espaço de tempo 
historicamente curto, uma catástrofe dos fundamentos naturais da vida. O consumo voraz 
de recursos e a emissão desenfreada de poluentes, afirma Meadows, põem em xeque a 
sobrevivência da humanidade."4 Fazia previsões catastróficas, se mantida a forma de lidar 
com os recursos naturais: em 1981, esgotaria o ouro; prata e mercúrio, em 1985; o zinco, 
em 1990. Como conclusão, apregoava a idéia do crescimento zero. Tal publicação, uma 
síntese credível da situação econômico-ambiental, ensejou a formação de duas correntes, as 
quais vão ser conciliadas apenas mais tarde. Uma delas, os que eram partidários do 
 6 
crescimento zero, tinha um matiz grande de defensores. Os mais radicais, densificaram-se 
na figura dos defensores da intocabilidade dos recursos naturais. Parte destas idéias 
subsistem com as O.N.G.s, geralmente internacionais, que apregoam, por exemplo, a 
intocabilidade da floresta amazônica e, para tanto, repetem o bordão de que este 
ecossistema representa o pulmão do mundo; é o patrimônio comum da humanidade5, detém 
a maior biodiversidade do mundo, induzindo a idéia de intocabilidade deste recurso natural. 
Neste bloco situam-se os conservacionistas ou preservacionistas. No pólo oposto, estão os 
que desprezaram a idéia do crescimento zero, por inaplicável, apregoando que o 
desenvolvimento é a solução ( grupo dos desenvolvimentista ) e o homem sempre achará 
uma alternativa no caso de falta destes recursos. 
 3.3)- O RELATÓRIO U THAN: O Secretário Geral da ONU , com uma visão 
panorâmica do mundo, alertou para o estado do meio ambiente no mundo, tanto ricos e 
pobres tinham um traço comum: a agressão e destruição do meio ambiente natural. Sua 
contribuição foi a de apontar que o tema meio ambiente teria que entrar na Agenda 
Mundial, como uma preocupação comum dos países. 
 3.4)- DETECÇÃO DE PESTICIDAS EM PINGUINS: Pesquisadores 
apresentaram resultado de pesquisas que detectaram nestas aves, a presença em suas 
gorduras, do DDT, pesticida largamente vendido aos países de terceiro mundo, como 
solução para a agricultura de grandes extensões. Tal estudo apontou para o fato de que 
mesmo em regiões em que o homem está ausente, sua poluição ali chegou. Assim, fecha-se 
o ciclo de informações de que a degradação ambiental do homem não ficou restrita às áreas 
industriais, ou à ocupação agropecuária sob intensa devastação florestal, mas afetava 
também regiões isoladas e limpas do mundo.uiç 
 
 
 
4)- PROBLEMAS COMUNS. MAIS DOS RICOS QUE DOS POBRES. 
 Os problemas comuns da Sociedade Internacional, na verdade, até hoje, refletem 
problemas causados pelos países desenvolvidos, os quais, fincados na revolução industrial, 
sempre mantiveram a liderança da expansão do Capitalismo, sem grandes preocupações, 
até então, com as conseqüências ambientais desta corrida econômica. Nos países de 
economia planificada, a situação não era diferente, embora, por muitos anos, mantida a 
divulgação sob censura. Um fenômeno comum no direito internacional, quanto às fontes 
materiais do direito, reflete-se muito no movimentar da Sociedade Internacional. Grande 
parte de suas preocupações e medidas, sofrem avassaladoramente a influência dos países 
industrializados na sua condução. Os problemas comuns que abaixo se menciona, seguem 
esta lógica, mesmo que possam ocorrer fora do hemisfério que abriga os países ricos do 
mundo. 
 4.1)- O FENÔMENODA CHUVA ÁCIDA 
 Contaminação da atmosfera devido à presença no ar de compostos de enxofre 
provenientes das indústrias e dos centros urbanos, especialmente dos veículos. 
 O fenômeno não é novo, foi detectado em Manchester, na Inglaterra, no século 
passado e o termo foi criado pelo químico Roberto Angus Smith. O que é novo foi sua 
constatação como um problema internacional. E um tipo de poluição atmosférica de longa 
distância. 
 "a chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em sua composição, 
conhecida como chuva ácida, é um dos grandes problemas ambientais do mundo 
 7 
contemporâneo. O óxido de nitrogênio (NO) e os dióxidos de enxofre (SO2), principais 
componentes da chuva ácida, são liberados com a queima de carvão e óleo, fontes de 
energia que movem diversas economias no planeta." "Na Ásia as indústrias de região 
lançaram na atmosfera cerca de 34 milhões de toneladas de dióxido de enxofre ao ano, 40% 
do que emitem os EUA, até então o maior responsável pela ocorrência do fenômeno. Estes 
números devem triplicar até 2010, sobretudo na China, Índia, Tailândia e Coréia do sul, 
tanto por causa do aumento da produção industrial e da frota de veículos como pelo uso 
constante do carvão para gerar energia." 
 Os efeitos observados vão desde a destruição da vegetação até danos causa dos 
edifícios e monumentos (dissolução do calcário), mas inclui a acidificação de rios e 
sobretudo lagos, causando a morte de peixes. Em termos econômicos, os efeitos da chuva 
ácida em florestas, culturas e edifícios do Reino Unido foram estimados em 4.500 milhões 
de euros/ano e na Alemanha esse valor supera 7.250 milhões de euros. Percebeu-se 
claramente o fenômeno da poluição transfronteiriça, donde a frase de que "a poluição não 
tem fronteiras". 
 Tal problema estaria ocorrendo, inclusive, no Uruguai, devido a uma indústria na 
fronteira, do lado do Brasil. "A usina de Candiota, situada no Estado doRrio Grande do Sul, 
produzi energia elétrica a partir de carvão mineral do subsolo. Localizada a apenas 80 km 
do Uruguai, a referida usina é acusada de causar chuva ácida na região nordeste do vizinho 
país."6 
 
 4.2)- EFEITO ESTUFA 
 "Aquecimento da Terra causado pela concentração de gás carbônico na 
atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis. Provoca secas, enchentes, 
desertificação e subida do nível dos mares. 
 Dentre os gases, "os principais são o dióxido de carbono (C02), produzido pela 
queimada de florestas e pela combustão de produtos como carvão, petróleo e gás natural; o 
óxido nitroso, gerado pela atividade das bactérias do solo; e o metano, produzido pela 
decomposição de matérias orgânicas. 
 "A forma como o efeito estufa se manifestará no futuro ainda é imprevisível. A 
longo prazo, o superaquecimento do planeta pode causar problemas ambientais como 
tufões, furacões e enchentes, em conseqüência do derretimento das geleiras e do aumento 
da evaporação da água. Deve atingir também a fauna, pois algumas espécies de animais não 
se adaptam a temperaturas elevadas, além de comprometer ecossistemas, especialmente 
mangues, mais sensível a alterações do nível do mar. 
 4.3. BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO 
 Situada na estratosfera, entre 20-35 km de altitude, a camada de ozônio tem certa 
de 15 km de espessura. Sua constituição, há 400 milhões de anos, foi crucial para o 
desenvolvimento da vida na terra. Composta de um gás rarefeito, formado por moléculas de 
três átomos de oxigênio- o ozônio -, m ela impede a passagem de parte da radiação ultra 
violeta emitida pelo Sol. A agressão à camada de ozônio interfere no equilíbrio ambiental e 
na saúde humana e animal. Sem sua proteção, diminui a capacidade de fotossíntese nas 
plantas e aumenta o risco do desenvolvimento de doenças como o câncer de pele. Pode ter 
efeito mutagênico ( alteração do código genético ) e teratogênico (aparecimento de 
deformações), podendo levar até mesmo à morte. Efeitos em desordens oculares. 
 O impacto do CFC na camada de ozônio começou a ser observado em 1974 
pelos químicos Frank Rowland e Manoel Molina, ganhadores do Prêmio Nobel de Química 
 8 
de 1995. Eles confirmaram que o CFC reage com o ozônio, reduzindo a incidência desse 
gás e, conseqüentemente, a espessura da camada. Na época, o CFC usado em propelentes 
de sprays, embalagens de plástico, chips de computador, solventes para a indústria 
eletrônica e, sobretudo, nos aparelhos de refrigeração, como geladeiras e sistemas de ar 
condicionado. 
 4.4)- AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS 
 A principal causa ainda é a queima de combustíveis fósseis oriundos das 
atividades antropogênicas. 
 "Os estudo mais importantes sobre o clima envolvem a questão do aquecimento 
da Terra. O desmatamento e a emissão de gases têm provocado alterações no clima 
mundial, e é possível que a temperatura do planeta aumente 3,5º no século XXI de acordo 
com especialistas da ONU. O aquecimento deve causar mudanças no regime normal da 
seca e chuva em algumas regiões e afetar sobretudo as áreas dos pólos. Na Antártica, o 
maior reservatório de água doce da Terra, já se observam indícios de crescimento do 
degelo. O derretimento do gelo poderá elevar o nível dos oceanos. 
 
 
 
 5)- AS RESPOSTAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL 
 5.1.)- CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO 
AMBIENTE HUMANO ( CNUMAH ) - ESTOCOLMO - SUÉCIA/1972. 
 É difícil exagerar a importância deste evento para a humanidade. Basta dizer que 
tal Conferência, formalmente, aponta para a reação da Comunidade internacional aos 
problemas ambientais. De formulações, estudos, buscas, discursos, passou-se à prática. Os 
países tinham que agir e rapidamente. Uma das alternativas da ONU foi exatamente 
convocar os países a perceberem a situação do meio ambiente no mundo e quais ações 
seriam necessárias, a partir daí, visando a recuperação do dano quando fosse possível, a 
prevenção e em que áreas necessitaria revisão das posturas mundiais. FREITAS comenta 
que "A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi o grande divisor de águas. Contendo 26 
princípios, ela veio acompanhada de um plano de ação composto de 109 resoluções. 
Passaram as nações a compreender que nenhum esforço, isoladamente, seria capaz de 
solucionar os problemas ambientais do Planeta." 
 PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS: 
 A)- ESCOLHA DO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE ( 05 DE JUNHO 
). Desde então, tal dia comemora-se, no mundo, um dia dedicado para ações, projetos e 
denúncias quanto a situação do meio ambiente. No Brasil, englobando este dia, foi 
instituída a SEMANA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, a qual é comemorada pelo 
Governo Federal, Estadual e Municipal e a sociedade civil. 
 B)- O PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE ( 
PNUMA ) 
 Tal programa, na realidade, designa um organismo especializado da ONU, até 
então inexistente, encarregado de cuidar das ações das Nações Unidas para o meio 
ambiente. Para tanto, o PNUMA ( também, nas publicações constando com a sigla UNEP, 
das iniciais em inglês ) emite um relatório sobre o estado do meio ambiente no mundo, uma 
publicação que conta a situação dos diversos países no lidar com os vários recursos 
naturais. Também controla o transporte naval de substâncias químicas perigosas, além de 
ter vários projetos de rascunho de Convenções Multilaterais, Regionais e outras, para a 
 9 
defesa do meio ambiente. Promove o Direito Ambiental, no âmbito internacional e interno. 
Sua dede é em Nairóbi, capital do Quênia, simbolicamente sediada num país de terceiromundo.7 
 C)- O MOVIMENTO AMBIENTALISTA ( ONGs E PARTIDOS VERDES) 
 Foi notável o aparecimento do Movimento Ambientalista, concretizado, 
basicamente, na mobilização da Sociedade Civil mundial, denunciando o risco do uso da 
energia nuclear e do dano generalizado ao meio ambiente. O braço político do movimento 
ambientalista, na década de 70, desembocou nos chamados Partidos Verdes, pois 
levantavam a defesa do verde e a busca da paz, em rejeição à guerra e à destruição 
ambiental. O discurso político conservador de então, não incluía dentre suas propostas 
programáticas, tal bandeira. Com isso, os Partidos Verdes floresceram grandemente na 
Europa e, depois, repercutiram, anos depois, em outros países, como no Brasil, já sem o 
apelo e a força original do seu surgimento. Na vertente não governamental, evidenciaram-
se as ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS, as quais invocando temas cuja 
preocupação era a da sociedade civil de muitos países europeus, temerosos da guerra fria e 
do mau uso dos recursos naturais, caiu no gosto popular. Com isso, ONG de âmbito 
mundial apareceram, das quais dois bons exemplos são: o GREENPEACE ( ao pé da letra, 
paz verde ) e o WWF ( Wourld Wide Found ) que atuam no âmbito global, regional e local 
com muito ativismo.8 
 D)- DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO - (O "SOFT-LAW") 
 O principal documento escrito decorrente da Conferência de Estocolmo, foi a 
"DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO". Documento final da CNUMAH, continha 
declarações convergentes, contudo, sem o caráter de obrigatoriedade jurídica, pois não se 
tratava de uma Convenção Internacional. Quando muito, pode-se colocar tal documento 
como um "Protocolo de Intenções" ou de boa vontade, dos países signatários que 
participaram do evento. Entretanto, a partir desta Declaração, surgiu na doutrina a 
expressão soft- law ( direito suave, direito verde, direito leve, quase-direito ), para designar 
tanto as Resoluções como os Princípios extraídos desta Declaração. De fato, não tem 
caráter obrigatório juridicamente, mas ensejou que os países buscassem viabilizar o que ali 
continha e, sobretudo, as ONGs tiraram dali sua principal bandeira para, voltando aos 
países de origem, os militantes exigirem a construção de uma legislação e de mecanismos 
de proteção administrativos e utilização racional do meio ambiente. 
 E)- PRINCÍPIOS RELATIVOS AO MEIO AMBIENTE E SURGIMENTO DO 
DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE. ( 26 PRINCÍPIOS E 109 
RESOLUÇÕES) 
 Da Declaração de Estocolmo, a doutrina extrai princípios básicos que informam 
tanto do direito interno de muitos países, como também o novel ramo do Direito 
Internacional Público, o Direito Internacional do Meio Ambiente. Assim, suscintamente, 
pode-se mencionar o Princípio do Direito ao Meio Ambiente equilibrado como um Direito 
Humano Fundamental, junto com os demais direitos fundamentais. Extrai-se o Princípio da 
Prevenção, o Princípio da Responsabilidade Inter-Gerações, dentre outros. 
 F)- Destaque: DENTRE OS PRINCÍPIOS RELEVANTES: A QUALIDADE 
DO MEIO AMBIENTE COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL. A 
percepção imediata foi a de que o direito à vida e à saúde, suporte da vida, se concretizam 
num substrato, numa base, qual seja, o meio ambiente. Assim, a viabilização da vida e sua 
continuidade se dará num meio ambiente saudável, equilibrado, bem cuidado. Alguns 
doutrinadores colocam tal princípio, tomando como base Declaração dos Direitos do 
 10 
Homem e do Cidadão, como um direito de terceira geração ( Direito de Fraternidade ) e 
outras vezes, como um direito de solidariedade. Outros doutrinadores, separam o direito da 
fraternidade do direito da solidariedade, colocando neste último o direito ao meio ambiente 
equilibrado como um direito de quarta-geração. O relevante é que a doutrina já inclui tal 
direito no mesmo patamar que os outros direitos fundamentais da pessoa humana. 
 5.2)- RELATÓRIO BRUNDTLAND: "O NOSSO FUTURO COMUM" 
 Algumas associações necessárias: As relações injustas da humanidade entre ricos 
de um lado e pobres de outro, geravam a poluição. Para alguns, a pior poluição era a 
pobreza. A questão demográfica também foi levantada. Aqui, aparece a utilização oficial da 
expressão "desenvolvimento sustentável"; este termo não foi criado neste relatório, mas 
emprestado de uma publicação do WWF e da I.U.C.N. A cooperação internacional na área 
ambiental é enfatizada, sobretudo, esperando-se dos países desenvolvidos um papel de 
financiamento e apoio para o conhecimento e uso de tecnologias limpas para os países em 
desenvolvimento. Há uma reafirmação da quebra de um paradigma: os recursos naturais 
não são inesgotáveis, ou seja, os recursos naturais são finitos. Alguns fazem referência ao 
slogan "Pensar globalmente e agir localmente". ssos naturais n 
 5.3)- CONFERÊNCIA DAS NACÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE 
E DESENVOLVIMENTO (CNUMAD) - RIO DE JANEIRO/BRASIL/ 1992. 
 Dados: 03-14/junho/1992 no Rio de Janeiro, Brasil. Foi registrada a presença de 
delegações nacionais de 175 países, sem contar os eventos paralelos promovidos pelas 
Organizações Não Governamentais. 
 A)- CONSOLIDAÇÃO DA IDÉIA DE DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL A utilização oficial em documento oficial deu-se no Relatório 
Brundtland, publicado com o título "O Nosso Futuro Comum". Na realidade, tal expressão 
promoveu a reconciliação de duas correntes: os desenvolvimentistas, defensores da 
continuidade da exploração econômica tal qual vinha sendo feita desde a Revolução 
Industrial, como se os recursos naturais fossem inesgotáveis e o outro extremo, dos 
Preservacionistas ou Conservacionistas, defensores de uma espécie de moratória do uso dos 
recursos naturais ( economicamente concretizado na idéia do Crescimento Zero ). Na 
Rio/92, então, consagra-se o Princípio do Desenvolvimento Sustentável o qual vai ser, a 
partir daí, o Princípio e a idéia que move a visão internacional e interna da maioria dos 
países quanto ao lidar com a questão ambiental. A partir de então, é de se observar que os 
eventos mundiais tomam como base, exatamente, o Desenvolvimento Sustentável aclamado 
na ECO/92 e todo encontro mundial sobre o tema, a partir de então, denomina-se Rio + 5 ( 
avaliação do D.S. cinco anos depois ); Rio + 10, de novo, no mesmo sentido, 10 anos após 
a ECO/92 fez-se a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável em Joahnesburgo, África do 
Sul, para avaliar sua aplicação pelos países. 
 B)- CRIAÇÃO DA COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 Houve a necessidade de se acompanhar, junto à sede da ONU, os Tratados 
Internacionais e as ações que promovessem o Desenvolvimento Sustentável. Para tanto, 
sem esvaziar o papel do PNUMA, cuja sede é no Quênia, constituiu-se uma Comissão 
sobre o Desenvolvimento Sustentável que, dentre suas atividades, está a de acompanhar o 
cumprimento deste Princípio dentro dos Tratados Internacionais firmados entre os países. 
 C)- PASSOS PARA A CONFECÇÃO DA "CARTA DA TERRA" – Na 
Conferência do Rio foi apenas uma tentativa de construção de um documento global. 
 
 
 11 
 
D)- ELABORAÇÃO DA AGENDA 21 MUNDIAL 
 Tal documento, especificamente AGENDA XXI, foi produzido na CNUMAD, 
visando o planejamento de um conjunto de ações mundiais que garantissem metas para o 
Desenvolvimento Sustentável até o século XXI ( a Conferência ocorreu em finais do século 
XX, 1992 ) e envolvesse tanto os governos, organizações internacionais, organizações não 
governamentais e a sociedade civil dos países. Para tanto, partindo-se da Agenda XXI 
Mundial, cada país deveria elaborar a sua própria agenda, adaptando-a, a partir de suaconstrução, à realidade local. Assim, os países unitários e os compostos ( federações ), 
partiram para tal tarefa, sendo que nos Estados federais, fez-se agenda referente ao País, os 
Estados-membros e aos municípios com mais de 20.000 habitantes. A base, assim, foi a 
Agenda XXI Mundial para que cada país produzisse a sua própria. Na realidade, a Agenda 
é o instrumento de planejamento, cujo compromisso básico foi elaborá-la para possibilitar o 
envolvimento dos vários níveis governamentais com a sociedade civil. Os principais temas 
da Agenda XXI brasileira, são: 
 E)- DECLARAÇÃO DO RIO ( 27 princípios ) 
 Assim como em Estocolmo, no Rio produziu-se a Declaração do Rio, a qual, 
mesmo não sendo de caráter obrigatório, proclamou Resoluções e Princípios, ora repetindo, 
ratificando, ora ampliando o alcance de muitas visões apontadas na CNUMAH/72. 
 F)-CONVENÇÕES/TRATADOS INTERNACIONAIS MULTILATERAIS: 
CONVENÇÃO SOBRE A BIODIVERSIDADE E CONVENÇÃO SOBRE AS 
MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS. 
 Um dos anseios da Comunidade internacional, era ter instrumentos com 
obrigatoriedade jurídica, além das Convenções Regionais, que envolvessem ações globais 
de proteção do meio ambiente. Na Rio/92 duas Convenções Multilaterais Mundiais foram 
assinadas: A Convenção-Quadro sobre as Mudanças Climáticas Globais ( da qual decorreu, 
mais tarde,o Protocolo de Montreal ( camada de Ozônio ) e o Protocolo de Kyoto ( sobre 
gases de efeito estufa ) e a Convenção sobre a diversidade Biológica, mais conhecida como 
Convenção sobre a Biodiversidade. Houve uma expressiva gama de assinaturas. Entretanto, 
do pondo de vista do Direito Internacional, a obrigatoriedade de uma Convenção ou 
Tratado internacional, decorre da ratificação e sua respectiva incorporação no direito 
interno. Neste aspecto, sua entrada em vigor internacional exige um número mínimo de 
ratificações, o que ensejou uma demora grande na entrada em vigor de ambas as 
Convenções. O Brasil assinou e ratificou ambas as Convenções, as quais já estão em vigor 
e, internamente, já são instrumentos legais obrigatórios no Ordenamento Jurídico brasileiro. 
 G)- DECLARAÇÃO SOBRE FLORESTAS 
 Documento polêmico, no qual o Brasil e a China apresentaram resistência para 
efetivação de um documento obrigatório, defendendo mais discussões sobre o tema. 
 .6)- UM RAMO NOVO: O DIREITO INTERNACIONAL DO AMBIENTE 
 O reconhecimento de um conjunto de institutos que regulam as relações 
internacionais no âmbito jurídico quanto ao tema meio ambiente, fizeram perceber que 
havia um material substancial para se formular uma teoria que abarcasse o tema, sem 
contudo significar um "novo direito". Antes de formuladas um corpo teórico que explicasse 
o fenômeno, principalmente pela forma como surgiu (o inestimável papel das ONG e a 
existência do que se convencionou chamar ("soft law" ), pareceu, à leitura apressada, que, 
de fato, havia um novo ramo do direito. Isto porque era, em grande parte, divulgado e 
conhecido por organizações privadas extremamente atuantes, sem vínculos governamentais 
 12 
( cuja posição como sujeito de direito internacional não se lhes reconhece ) e embasado em 
disposições de caráter mais moral, programático, ideal do que normativo internacional. 
Assentada a poeira dessa situação, viu-se que as obrigações entre países só seriam 
plenamente exigíveis dentro do quadro do direito internacional clássico ( pelos tratados 
multilaterais, pelo costume e pela participação do sujeito Estado e do sujeito Organizações 
Internacionais ), além da participação imprescindível institucional das Organizações 
Internacionais. 
 Dado o caráter clássico citado, é de se reconhecer que existe um Direito 
Internacional do Ambiente (ou, alternativamente, Direito Internacional do Meio Ambiente 
ou Direito Internacional Ambiental ) e não, como querem alguns, um Direito Ambiental ( 
ou do Meio Ambiente ) internacional, exatamente porque tal sub-ramo subssume-se ao 
ramo clássico do Direito Internacional Público. Para uma discussão sobre o uso da 
sinonímia, basta ler os argumentos da obra Direito Internacional do Meio Ambiente9, 
bibliografia a que se recorre nesta apostila. 
 Visto, isto, pode-se avançar no sentido de definir a matéria, ver suas fontes e os 
sujeitos. 
 DEFINIÇÃO: "conjunto de regras e princípios que criam obrigações e direito de 
natureza ambiental para os Estados, as organizações intergovernamentais e os indivíduos". 
 Quanto aos SUJEITOS, a definição já os elenca, ou seja, os ESTADOS ( países 
), as ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E o INDIVÍDUO. Quanto ao Sujeito Estado, 
basta relembrar que este é o Estado-soberano (com a visão da soberania relativa), ou seja, 
aquele constituído de um território, povo, governo soberano, sendo tal governo capaz de 
estabelecer relações internacionais e respeitar o direito internacional. Sobre este assunto, 
aplica-se a teoria geral do Direito Internacional Público (DIP). As ORGANIZAÇÕES 
INTERNACIONAIS, dentro do DIP, são aquelas formadas por sujeitos do direito 
internacional: ora o Estado, ora as Organizações Internacionais, ora ambos. As 
Organizações Intergovernamentais são as que abrigam somente Estados em sua 
composição. Haverá casos, no entanto, que estarão num mesmo Tratado Constituinte, 
Estados e Organizações Internacionais. Mesmo quando se pensa em blocos ( MERCOSUL, 
NAFTA, UNIÃO EUROPÉIA, ETC. ), são estes tipicamente organizações internacionais, 
vinculadas ao Tratado que as constituiu. O papel do INDIVÍDUO como sujeito, ainda 
espera uma melhor densidade. No entanto, partindo-se da idéia de que dentro dos 
DIREITOS HUMANOS o indivíduo tem tal subjetividade e, reconhecendo-se o DIREITO 
AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO um DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL, 
este sujeito tem um papel interessante a desempenhar. Outras ainda especulam na 
possibilidade da própria HUMANIDADE ser sujeito do direito internacional, dado os 
interesses relevantes para sua preservação e sobrevivência, que estaria acima do direito 
individual ou do direito de um Estado ou poucos Estados. 
 Quanto às FONTES FORMAIS, pode-se dizer que "as suas fontes são 
precisamente as mesmas do direito internacional.". As fontes extraídas do estatuto da Corte 
Internacional de Justiça, em seu artigo 38, são: 
 1)-COSTUME INTERNACIONAL, 2)-TRATADOS INTERNACIONAIS E 3)-
OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. Outros incluem a DOUTRINA como outra fonte 
formal. Os doutrinadores internacionalistas acrescentam, hoje em dia, além destas fontes, 
4)- RESOLUÇÕES OBRIGATÓRIAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS e, 
em certos casos, 5)- AS DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE DOS 
ESTADOS. 
 13 
 De modo sucinto, apoiando-se nas lições de PASSOS DE FREITAS, uma 
tentativa de síntese dos princípios do Direito Internacional do Ambiente poderia ser: 
 1)- DEVER DE TODOS OS ESTADOS DE PROTEGER O AMBIENTE; 
 2)- OBRIGATORIEDADE DO INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES E DA 
CONSULTA PRÉVIA; 
 3)- O PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO; 
 4)- O PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO EQÜITATIVO, ÓTIMO E 
RAZOÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS; 
 5)- PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR; 
 6)- PRINCÍPIO DA IGUALDADE. 
 É de observar-se que se pode extrair outros princípios relevantes que não foram 
citados, tais como o PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE INTERGERAÇÕES; 
PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; PRINCÍPIO DA 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL AMBIENTAL, e, com destaque, o PRINCÍPIO DO 
MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO UM DIREITO HUMANO 
FUNDAMENTAL, dentre outros. 
 E AS FONTES MATERIAIS? Tema esquecido da maioria dos livros de Direito 
Internacional Público, é de seregistrar, sucintamente, que os fatores sócio-histórico-
culturais que fazem surgir a normatização internacional, sofre direta influência de quem 
detém o poder na esfera internacional. Isto fica mais evidente, sabendo-se que no Direito 
das Gentes, o destinatário da norma, é também, esmagadoramente, o criador da norma. 
Neste aspecto, pode -se perceber o papel dos EUA e dos demais países industrializados a 
determinarem o direcionamento e a construção do direito internacional público 
contemporâneo. No Direito Internacional do Meio Ambiente, isto não é diferente. A agenda 
mundial, o tratamento dos problemas e as soluções são muito influenciados e direcionados 
pelos países desenvolvidos. O papel das ONG foi interessante, pois possibilitou que o tema 
fosse enfrentado, ainda que muitos países nem sequer tivessem visto a questão ambiental 
como um problema que lhe afetasse diretamente. Para uma interessante análise do papel 
influenciador dos EUA na formulação do direito internacional público e das relações 
internacionais pós-2ª Guerra Mundial, recomenda-se a obra do Prof. Jean-Marie 
Lambert.10 
 PARA PESQUISAR: BLOCOS ECONÔMICOS E O MEIO AMBIENTE: 
MERCOSUL; NAFTA; U.E.; APEC, ETC. 
 
 
 
7) EM JEITO DE RESUMO 
 Qual foi a conseqüência de tudo o que foi relatado acima? Como se pode analisar 
a juridicidade internacional relacionada aos fatos relatados? Houve o surgimento de um 
novo direito? Passado os primeiros momentos, na contemporaneidade da análise, viu-se que 
a matéria em apreço acomodou-se no âmbito do Direito Internacional Público clássico. 
Primeiro, porque quem capitaneou as Conferências mundiais que analisaram o tema, foi 
uma Organização Internacional clássica de coordenação, a Organização das Nações Unidas 
e seus organismos ( papel relevante tiveram o Conselho Econômico Social e a UNESCO, 
num primeiro momento ). O espaço de discussão foi realizado numa CONFERENCIA 
MUNDIAL, tipicamente o concretizar do que se tem denominado de diplomacia 
parlamentar. Ali, plenipotenciários dos diversos países discutiram, debateram, tomaram 
 14 
posição. Houve a criação de novas organizações internacionais, todas elas dentro os moldes 
clássicos do Direito Internacional, sempre embasadas em um Tratado constituinte. De outro 
tanto, quando se assentou a poeira do tema ambiental, muito influenciada pela comoção 
mundial das tragédias, dos estudos e pensamentos-síntese sobre o tema, viu-se que o 
caminho de envolver as nações passava pela criação de obrigações internacionais, só 
possíveis, pela celeridade e urgência da temática, pelos Tratados Internacionais, também 
aqui, outra expressão do Direito Internacional Público, aliás, uma de suas fontes formais 
reconhecidas. Por isso, ainda que se mencione o "soft law", concretamente, viu-se soerguer 
o Direito das Gentes, com as respostas típicas e é forçoso reconhecer que na verdade, a 
menção a um Direito Internacional do Ambiente, diferentemente do direito interno, fica 
mesmo nos páramos de um Direito Internacional mais amplo que lhe acolhe. Por isso, 
preferível a denominação retro do que a expressão Direito Ambiental Internacional como já 
se citou. O Direito Internacional do Ambiente tem sua estruturação básica a partir de uma 
Conferencia Internacional promovida por uma Organização Internacio nal de coordenação, 
de moldes clássicos, como afirmado. 
 
 
 
 
 - CAPÍTULO II - 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO 
NOCÕES DE DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO. 
 2.1.. Sinonímias 
 
No passado e no presente, ao surgir este novo ramo do Direito Ambiental, foram 
propostas outras maneiras de denominar a matéria. Durante as aulas, serão dadadas 
explicações a respeito de cada expressão abaixo e sua aplicabilidade. 
Direito Ecológico; Direito de Proteção da Natureza; Direito Verde; Direito do 
Entorno; Direito da Biosfera; Direito do Desenvolvimento Sustentável; Direito do Meio 
Ambiente; Direito do Ambiente; Direito Ambiental. 
 
2.2. Definições 
Apontamos as definições coletadas de vários autores brasileiro da área, quase 
todas elas abrangendo os aspectos mais relevantes deste ramo do Direito. Assim, listamos 
as seguintes colocações: 
 "O conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente 
estruturados para assegurar um comportamento que não atente contra a sanidade mínima do 
meio ambiente." ( Sérgio Ferraz). 
 "Conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados e 
informados por princípios apropriados que tenham por fim a disciplina do comportamento 
relacionado ao meio ambiente" (Diogo Figueiredo Moreira Neto). 
 "Conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção do perfeito 
equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente" (Tycho Brahe Fernando Neto) 
 "Conjunto de princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente, 
compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a reparação econômica e 
 15 
financeira dos danos causados ao meio ambiente e aos ecossistemas de uma maneira geral." 
(Carlos Gomes de Carvalho). 
 "O Direito do Ambiente é um direito à conservação do meio ambiente" 
(Alexandre Kiss) – 
Crítica específica quanto a esta definição: A palavra conservação associa-se à 
utilização racional; pode-se dizer, hoje, que sua expressão mais atual é o desenvolvimento 
sustentável. Em contraposição à conservação, existe a preservação, imbuída do caráter de 
intocabilidade, ou seja, deixar o recurso ambiental íntegro, sem exploração. 
 "O Direito Ambiental é um conjunto de normas e institutos jurídicos 
pertencentes a vários ramos do direito reunidos por sua função instrumental para a 
disciplina do comportamento humano em relação ao meio ambiente." (Toshio Mukai). 
Crítica Específica a esta definição: sob certa ótica, a definição nega a autonomia do direito 
ambiental. Este tem objeto próprio ( o meio ambiente ), institutos e metodologia própria, 
como também, princípios próprios, bem definidos, de sorte que tratá- lo como institutos 
jurídicos pertencentes a vários ramos do direito, sugerem uma minimização deste ramo dos 
"novos direitos". 
 Esta última definição atende o essencial do Direito Ambiental: "O complexo de 
princípios e normas reguladores das atividades humanas que, direta ou indiretamente, 
possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua 
sustentabilidade para as presentes e futuras gerações" (Edis Milaré). 
 
 
 
 2.3. Características do Direito Ambiental Brasileiro 
 Os doutrinadores nacionais têm apontado as seguintes características que 
marcam o direito ambiental brasileiro: 
 2.3.1. Aspecto Vertical e Horizontal 
 O chamado aspecto Vertical do Direito Ambiental,, refere-se à matéria em 
virtude deste direito abranger aspecto do direito público, do interesse da coletividade e 
também do particular, funcionaria como uma ligação ou um intermédio entre o direito 
público e particular. Na realidade é uma pretensão inicial da doutrina, ambientalista que 
tem se desfeito. Hoje em dia, a doutrina tende a considerá- lo um ramo do direito público. 
 O aspecto Horizontal, é a interação, a recorrência com que o direito do ambiente 
faz dentro dos diversos ramos do direito, lançando mão e espargindo seus institutos nos 
mesmos e sendo influenciado pelos mesmos. Assim é que se pode extrair e associar 
aspectos do direito ambiental no direito penal, civil, processual civil, direito administrativo, 
etc. Seria o aspecto interdisciplinardeste ramo do direito ou sua interdisciplinaridade. Um 
bom exemplo, é o instituto do Estudo de Impacto Ambiental, inovação na legislação 
brasileira, trazida pela Lei 6938/81 ( Lei da Política Nacional do Meio Ambiente ). Quando 
a Constituição de 1988 surgiu, ela incorporou tal instituto, denominando-o Estudo Prévio 
de Impacto Ambiental ( art. 225, § 1º, inciso IV C.F. / 88 ). Neste caso, pode-se estender a 
observação, para dizer que o Direito Ambiental influenciou a Constituição de 1988; No 
sentido inverso, tal interação dá-se pelo fato de que é a Constituição em seus artigos 23 e 24 
que estabelece as competências em matérias ambientais, neste caso, por extensão, o Direito 
Constitucional influencia o Direito Ambiental. Pode-se chamar isso de 
interdisciplinaridade. 
 
 16 
2.3.2. Visão holística e sistematizada do meio ambiente. 
 Neste âmbito, ainda que não seja dispensado o tratamento por bem ambiental 
específico, deve-se sempre trabalhar com a visão totalizante, ou seja, o meio ambiente, na 
realidade, é constituído por um complexo de relações que não podem ser vistas de forma 
seccionada, isolada, inconseqüente. Por ser um sistema complexo, intervir pontualmente 
não significa necessariamente conseqüências apenas pontuais. Quase sempre, tal proceder 
afeta toda uma cadeia de relações ( há uma interdependência dos elementos do meio 
ambiente, ou seja, uma “teia da vida” ) e, em casos extremos, interrompe-se um ciclo vital 
por abordar de forma inadequada a proteção do ambiente. É a visão do meio ambiental de 
forma global, completa, conjunta. 
 2.3.3. Multidisciplinar 
 O direito do ambiente, sabe-se, lida com o meio ambiente. Assim, seus 
conceitos, normas e doutrina, necessariamente recorrem às ciências que estudam o meio 
ambiente para serem construídos. Neste aspecto, o direito ambiental necessita grandemente 
de recorrer à Biologia, à Geografia, à Agronomia, Engenharia Florestal, Biotecnologia, 
Ecologia, etc. Alguns denominam também como transversalidade. É impossível estudar e 
aplicar o Direito Ambiental, sem recorrer a conhecimentos de outros ramos da ciência. 
 2.3.4. Visa Proteger Direitos Difusos 
 Os direitos difusos caracterizam-se por serem disseminados e não individuados 
os seus beneficiários. De modo específico, pode-ser definir Direitos Difusos como: "são os 
direitos trans-individuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato." Também chamados de meta-
individuais e referente ao macrobem. 
TEIXEIRA1[1] explica bem este aspecto ao dizer que: “Tomando-se o dualismo 
juridicamente imposto, de interesse público, de um lado, e particular, de outro, verifica-se a 
existência de outra gama de interesses que não expressam exatamente nem o do Estado nem 
o do particular, mas que se espalham por toda uma parcela da sociedade. Trata-se daqueles 
interesses que transcedem o particular sem que se tornem públicos. No dizer preciso de 
Lúcia do Valle Figueiredo, “são meta- individuais”. 
Aprofundando sobre ainda os interesses e Direitos Difusos, transcrevemos o que 
TEIXEIRA2[2]comenta sobre “Os novos “interesses difusos”: “A economia de massa, que 
caracteriza os tempos atuais, trouxe novos problemas, como o dos danos causados a 
milhares de consumidores por pequenos defeitos nos produtos; o da fraude publicitária; o 
da adulteração de alimentos; o da poluição do ar, das águas, do solo, pelas indústrias; o da 
destruição de belezas naturais ou de objetos de valor histórico ou artístico pelas indústrias, 
ou pelo crescimento das cidades. 
Estes valores econômicos, históricos ou estéticos passaram a ser considerados 
como interesses dos cidadãos, merecedores da proteção jurídica especial, através de normas 
de direito material, constituindo o que a moderna doutrina denomina “interesses difusos”, 
“interesses coletivos”, “direitos coletivos”, etc.” 
E continua o mesmo autor: “Sem pretender defini- los – o que seria impossível 
dada a fase de imprecisão em que ainda se encontram – prefeimos seguir a lição de J.C. 
 
1[1] TEIXEIRA, Sílvio de Figueiredo. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 141. 
 
2[2] TEIXEIRA, Sílvio de Figueiredo. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 71. 
 17 
Barbosa Moreira, que achou melhor caracteriza- los por duas notas essências, a primeira 
relativa aos sujeitos e, em segunda, ao objeto. Assim, eles: 
“a) Não pertencem a uma pessoa isolada, nem a um grupo nitidamente 
delimitado de pessoas ( ao contrário do que se dá em situações classificas como a do 
condomínio ou a pluralidade de credores numa única obrigação ), mas a uma série 
‘indeterminada’ – e, ao menos para efeitos práticos, de difícil ou impossível determinação – 
cujos membros não se ligam necessariamente por vínculo jurídico definido. Pode tratar-se, 
por exemplo, dos habitantes de determinada região, dos consumidores de certo produto, das 
pessoas que vivem sob tais ou quais condições sócio-econômicas ou se sujeitem às 
conseqüências deste ou daquele empreendimento público ou privado. 
b) Referem-se a um bem (latíssimo sensu) ‘indivisível’ no sentido de 
insuscetível de divisão ( mesmo ‘ideal’ ) em ‘quotas’ atribuíveis individualmente a cada um 
dos interessados. Estes se põem numa espécie de comunhão tipificada pelo fato de que a 
satisfação de um só implica por força a satisfação de todos, assim como a lesão de um só 
constitui, ipso facto, lesão da inteira coletividade” ( A legitimação para a defesa dos 
“interesses difusos” no direito brasileiro, Revista Ajuris, 32:82). 
 (Trans- individuais: transcendem o indivíduo, ultrapassando o limite da esfera de 
direitos e obrigações de cunho individual; Indivisível: o bem ambiental a todos pertence, 
mas ninguém em específico o possui; Titulares Indeterminados: não se determina todos os 
indivíduos que são afetados; integrados por circunstâncias de fato: experimentam a mesma 
condição pela circunstâncias fáticas; Inexiste uma relação jurídica). 
 2.3.5. Ramo do direito público (conseqüência: interpretação restritiva da norma). 
Neste sentido, as colocações de MORAES3: "Outro aspecto de extrema importância está em 
considerar o Direito Ambiental como um dos ramos integrantes do Direito Público, assim 
considerado como toda disciplina jurídica que crie e/ou regulamente obrigações entre o 
Estado e o particular, enquanto aquele esteja envolvido em face de disposição legal e com 
natureza normatizadora. 
 Estando um ente estatal envolvido na relação, considera-se a relação como de 
Direito Público, à exceção das relações onde o Estado não se envolva normatizando ou 
regulando ( ex.: contratos de empresas pública ou de economia mista, na consecução de 
seus objetivos econômicos). 
 A maior implicação prática dessa classificação está na interpretação das 
obrigações de Direito Público, na sua grande maioria a exigir interpretação restritiva, por 
carregarem proibições e/ou limitações, como nos ensina o mestre Carlos Maximiliano: 
"toda norma imperativa ou proibitiva e de ordem pública admite só a interpretação estrita." 
( transcrição com grifos acrescidos ). 
 Aceitando-se esta característica acima, ne ga-se o chamado aspecto vertical, visto 
inicialmente ( não ser público, nem privado, mas um intermédio entre os dois, ligando-os ). 
 
2.4.. Princípios do Direito Ambiental Brasileiro 
 
Já foi dito que os Princípios que norteiam o Direito do Ambiente, tem suas 
origens nas Conferências-marco de âmbito internacional, convocadas pela Organização das 
Nações Unidas -ONU- e foram influenciar os direitos internos dos países. O direito interno 
do Brasil seguiu a mesma lógica, vezque o legislador pátrio vai construir normas 
 
3 MORAES, Luís Carlos Silva de. Curso de Direito Ambiental. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
 18 
ambientais relevantes, características, sistematizadas, depois da primeira Conferência 
mundial de o meio ambiente humano em 1972. Os doutrinadores pátrios elencam, a partir 
de suas visões, de suas percepções, os Princípios que vão presidir o Direito Ambiental 
brasileiro. De forma itemizada, seguem tais Princípios, listados por importantes autores da 
área, cujas obras devem ser consultadas constantemente, para aprofundamento de suas 
colocações. Ressalte-se que para Cristiane Derani ( apud Morato Leite,José Rubens, p. 44, 
vide Bibliografia): "Os princípios são construções teóricas que procuram desenvolver uma 
base comum nos instrumentos normativos de polícia ambiental" 
 Ensina-nos MILARÉ4, que "A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa 
"aquilo que se torna primeiro (primum capere) designando início, começo, ponto-de-
partida. Princípios de uma ciência, segundo José Cretella Júnior, "são as proposições 
básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturas subseqüentes". 
Correspondem, mutatis mutandi, aos axiomas, teoremas e leis em outras determinadas 
ciências." 
 O insigne doutrinador continua por explicar que "um princípio pode não ser 
exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência, isto ocorre, sabidamente, 
quando os princípios são mais gerais e menos específicos. Com esta advertência, interessa 
destacar, aqui, não apenas os princípios fundamentais expressamente formulados nos textos 
do sistema normativo ambiental, como também os decorrentes do sistema de direito 
positivo em vigor, a que a doutrina apropriadamente chama de princípios jur ídicos 
positivados. SIRVINSKAS5, na mesma linha, afirma que "Princípio é a base, o alicerce, o 
início de alguma coisa. É a regra fundamental de uma ciência. Há quem entenda que o 
princípio é fonte normativa." Neste colocação, o autor lista o que os doutrinadores apontam 
como Princípio do Direito Ambiental: "princípio da obrigatoriedade de informações e de 
consulta prévia; princípio de precaução; princípio do aproveitamento eqüitativo e ótimo e 
razoável dos recursos naturais; princípio do poluidor-pagador; princípio da igualdade; 
princípios da vida sustentável consubstanciados em: 1)- respeitar e cuidar da comunidade 
dos seres vivos; 2)- melhorar a qualidade da vida humana; 3)- conservar a vitalidade e a 
diversidade do planeta Terra; 4)- minimizar o esgotamento dos recursos não renováveis; 5)- 
permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra; 6)- modificar atitudes e 
princípios do direito humano fundamental; princípio da supremacia do interesse público nas 
práticas pessoas; 7)- permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente; 
8)- gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação; 9)- 
constituir uma aliança global", dentre outros. 
 2.4.1. A Visão de PAULO BESSA ANTUNES: 1.Princípio do Direito Humano 
Fundamental ( traz a idéia de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
insere-se ao nível dos direitos humanos fundamentais ); 2. Princípio Democrático; 3.
 Princípio da Prudência e da Cautela; 4.Princípio do Equilíbrio; 5.Princípio do 
Limite. 
 2.4.2. A Visão de PAULO AFFONSO LEME MACHADO 
 O homem tem direito fundamental a condições de vida satisfatórias, em um 
ambiente saudável, que lhe permita viver com dignidade e bem estar, em harmonia com a 
natureza, sendo educado para defender e respeitar esses valores. 
 
4 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paeulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
5 SIRVINSKAS, Luís Paulo. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 19 
 O homem tem direito ao desenvolvimento sustentável, de tal forma que responda 
eqüitativamente às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e 
futuras. 
 Os países têm responsabilidade por ações ou omissões cometidas em seu território, 
ou sob seu controle, concernente aos danos potenciais ou efetivos ao meio ambiente de 
outros países ou de zonas que estejam fora dos limites da jurisdição nacional. 
 Os países têm responsabilidades ambientais comuns, mas diferenciadas, segundo 
seu desenvolvimento e sua capacidade. 
 Os países devem elaborar uma legislação nacional correspondente à 
responsabilidade ambiental em todos os seus aspectos. 
 Quando houver perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica 
absoluta não deverá ser utilizada como razão para adiar-se a adoção de medidas eficazes em 
função dos custos, para impedir a degradação do meio ambiente (princípio da precaução) 
 O Poder Público e os particulares devem prevenir os danos ambientais, havendo 
correção, com prioridade, na fonte causadora. 
 Quem polui deve pagar e, assim, as despesas resultantes das medidas de prevenção, 
de redução da poluição e da luta contra a mesma, devem ser suportadas pelo poluidor. 
 As informações ambientais devem ser transmitidas pelos causadores ou potenciais 
causadores de poluição e degradação da natureza e repassados pelo Poder Público à 
coletividade. 
 A participação das pessoas e das organizações não governamentais nos 
procedimentos de decisões administrativas e nas ações judiciais ambientais deve ser 
facilitada e encorajada. 
 2.4.3. A visão de ÉDIS MILARE: 1)-Princípio do ambiente ecologicamente 
equilibrado como direito fundamental da pessoa humana; 2)- Princípio da natureza 
pública da proteção ambiental;3)- Princípio do Controle do poluidor pelo poder público; 
4)-Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório da política de 
desenvolvimento; 5)-Princípio da participação comunitária; 6)- Princípio do poluidor-
pagador ( polluter pays principle) 7)- Princípio da prevenção; 8)- Princípio da 
função sócio-ambiental da propriedade; 9)- Princípio do direito ao desenvolvimento 
sustentável; 10)- Princípio da Cooperação entre os povos; 
 2.4.4. A Visão de CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO: 1. Princ ípio 
do Desenvolvimento Sustentável; 2. Princípio do Poluidor-Pagador ( Responsabilidade 
Civil Objetiva; Prioridade da Reparação Específica do Dano Ambiental );Poluidor; Dano 
Ambiental ; O Dano e sua Classificação; Solidariedade para suportar os Danos Causados ao 
Meio Ambiente); 3.Princípio da Prevenção; 4. Princípio da Participação ( Informação 
Ambiental; Educação Ambiental; Política Nacional de Educação Ambiental); 5. Princípio 
de Ubiqüidade. 
 2.4.5. A VISÃO DE ALEXANDER KISS: 1. Princípio do Dever de Todos os 
Estados de proteger o ambiente; 2. Princípio da Obrigatoriedade do Intercâmbio de 
Informações e da Consulta Prévia; 3. Princípio da Precaução; 4. Princípio do 
Aproveitamento Eqüitativo, Ótimo e Razoável dos Recursos Naturais; 5. Princípio do 
Poluidor Pagador; 6. Princípio da Igualdade. 
 2.4.6. A VISÃO DE LUÍS PAULO SIRVINSKAS: 1. Princípio do direito humano; 
2. Princípio do desenvolvimento sustentável; 3. Princípio democrático; Princípio da 
prevenção ( precaução ou cautela ); 4. Princípio do equilíbrio; 5. Princípio do equilíbrio; 6. 
 20 
Princípio do limite; 7. Princípio do poluidor-pagador; 8. Princípio da Responsabilidade 
Social. 
 2.4.7. SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS 
 
Para o estudo desta parte, há que se estabelecer uma abordagem que destaque, 
no mínimo, sua origem, o seu significado, sua sinonímia se for o caso e sua positivação na 
legislação brasileira. Na realidade, os Princípios não têm necessariamente que estarem 
positivados. São eles grandes vetores, as bases, os rumos, que influenciam e podemdirecionar a construção normativa. Contudo, a sua concretização normatizada, reitera o 
princípio, tornando-o muito mais efetivo quanto a sua aplicação imediata, conforme visto 
no item 2.4. 
 
 
2.4.7.1. PRINCÍPIO DO AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO 
UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL. 
 Teve sua origem na Declaração de Estocolmo/72 (CNUMAH). O homem tem o 
direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, pois havendo o desequilíbrio ecológico, 
está em risco a própria vida humana. Todos os demais princípios decorrem deste. Colocado 
por alguns como direitos de terceira geração, dentro dos chamados Direitos de 
Solidariedade/Fraternidade ( Direitos de 1ª Geração: Direitos de Liberdade; Direitos de 2ª 
Geração: Direitos de Igualdade, etc. ). Do ponto de vista do direito interno, o mais relevante 
reconhecimento deste princípio está no caput do artigo 225 da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. Reparar que tal direito vai além do cidadão brasileiro, para 
alcançar o estrangeiro ( residente ou em trânsito ). Fundamentalmente, seu significado 
coloca tal direito como qualquer outro direito humano fundamental, possibilitando inseri- lo 
numa sistemática interna e internacional de proteção, numa aplicação livre e ampla. Este é 
um dos princípios que a doutrina tem dado ênfase, mormente porque ele possibilita a 
ligação entre o Direito Ambiental e os Direitos Humanos. Denominado Princípio do Direito 
Humano, dentre outros. Seu alcance é global. 
 
 2.4.7.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ( PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E 
DA ATUAÇÃO PREVENTIVA ). 
 O poder público e os particulares têm o dever de prevenir os danos ambientais. Tal 
princípio desdobra-se na precaução. "Para proteger o meio ambiente, medidas de 
precauções devem ser largamente e aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em 
caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza absoluta não deve 
servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a prevenir a 
degradação do meio ambiente" (Declaração do Rio/ CNUMAD/92). Vários institutos no 
direito interno brasileiro refletem tal princípio e o mais evidente é a exigência 
constitucional do instituto do ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EPIA) e a 
exigência do instituto da Licença Ambiental. A prevenção aplicar-se- ia quando houver um 
perigo comprovado, este deve ser eliminado preventivamente; Na precaução, as ações 
positivas em favor do ambiente devem ser tomadas mesmo sem evidência científica 
absoluta. "é anterior à manifestação do perigo". "Precaução surge quando o risco é alto". 
Aqui tem se aplicado a máxima: "in dubio pro ambiente" ( Canotilho, José Joaquim Gomes. 
Direito Público do Ambiente. Coimbra: FDC, 1995). Nesta publicação suscinta, tratamos 
como sinônimos o Princípio da Precaução, da Cautela e da Prevenção. Sua origem 
 21 
claramente surge na Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, atrás 
mencionada e tem um alcance mundial. 
 2.4.7.3. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO 
 Tal princípio tem raízes nos movimentos reivindicatórios da sociedade civil e, como 
tal, é essencialmente democrático. Ele concretiza-se através do direito à informação e do 
direito à participação. Sua origem está associada à Declaração de Estocolmo, onde o 
momento ambientalista evidenciou-se. 
 Assegura ao cidadão o direito pleno de participar na elaboração e na execução das 
políticas públicas ambientais. A Constituição brasileira estatui: 1)-O dever jurídico do povo 
defender e preservar o meio ambiente; 2)- direito de opinar sobre as políticas públicas, 
através das audiências públicas e integrando os órgãos colegiados ambientais. 
 Previsões legais: 1)- O direito à informação tem a previsão legal no art. 5º, XXXIII 
da Constituição Federal de 1988; 2)- O direito de petição ( art. 5º, inciso XXXIV, "a", 
C.F.). Assim, o cidadão pode acionar o poder público para que este, no exercício de sua 
auto-tutela, ponha fim a uma situação de ilegalidade ou de abuso de poder. 3)- O Estudo 
Prévio de Impacto Ambiental (Art. 225,1V, § 1º C.F.). O Decreto 99.274 de 06/06/1990, 
explicita em seu artigo 14, I, que o SISNAMA deverá observar: "o acesso da opinião 
pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção 
ambiental, na forma estabelecida pelo Conama;". Há ainda os mecanismos jurídicos 
(medidas judiciais) fundados no princípio democrático: ação popular e ação civil pública, 
dentre outras. 
 A Educação ambiental em todos os níveis também insere-se em tal princípio. Cabe a 
esta um papel transformador no lidar com as questões ambientais da sociedade, 
possibilitando um tratamento holístico que o meio ambiente requer e a sociedade como 
sujeito da história. Especificamente quanto à educação ambiental, vale mencionar o art. 
225, art. da Constituição Federal de l988. Tal Princípio tem como sinônimo o Princípio da 
Participação Comunitária ou Princípio da Participação Popular. 
 
 
 
2.4.7.4.PRINCIPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
Se há o direito dos povos à busca do desenvolvimento, este não se deve efetivar 
à custa da degradação do meio ambiente. A busca do desenvolvimento sustentável implica 
no uso de ações racionais que preservem os processos e sistemas essenciais à vida e à 
manutenção do equilíbrio ecológico. Neste âmbito, pode-se inserir, inclusive, a questão da 
função sócio-ambiental da propriedade, um derivativo da função social da propriedade 
inserida no Direito brasileiro pela legislação e consagrada no Direito Agrário. Sua 
aplicabilidade é coerente, pois que a exploração racional e a preservação dos recursos 
naturais da propriedade rural, compõem exatamente a idéia do desenvolvimento 
sustentável, ou seja, busca do desenvolvimento sem violar a sustentabilidade do meio 
ambiente. A função social da propriedade, traz consigo os seguintes comentários 
doutrinários: "Sem embargo do direito à propriedade, seu uso ficou constitucionalmente 
condicionado à sua função social. Há, portanto, disposição específica na Constituição 
estabelecendo condições limitantes ao seu uso" E continua: "Só há efetiva propriedade 
rural, no mundo jurídico, se atendida a sua função socioambiental" (C.F. art. 186,II. AP. 
88934-1, TJSP). De outro tanto: "Na medida em que o proprietário queria fazer dela uso 
 22 
anti-social, encontrará vedação de ordem constitucional" ( Revista de direito Ambiental, 
02/50 ). Por fim, aduz-se: "Em suma, a propriedade não possui caráter absoluto e 
intangível. Ao contrário, esse direito só existe como tal se atendida a função social." De 
reparar, entretanto, que não só no âmbito do rural, do campo, da atividade agrária, há que se 
aplicar o Princípio do D.S. No âmbito urbano, a legislação brasileira invoca o objetivo de 
alcançar Cidades Sustentáveis, aplicando-se, assim, o princípio, ao planejamento e 
execução dos projetos urbanísticos novos e adequando a realidade das cidades que se 
formaram sem planejamento, para que alcancem a sustentabilidade ambiental. Na Agenda 
XXI tal preocupação aparece, corroborando a amplitude e aplicação deste princípio. A 
expressão Conservação quer dizer utilização racional do meio ambiente e, como tal, pode 
ser vista como um sinônimo do desenvolvimento sustentável. Ecodesenvolvimento é outro 
termo aplicável como sinonímia do D.S. A primeira utilização oficial do termo foi feito no 
Relatório Brundtland, contudo, a criação do termo Desenvolvimento Sustentável se deve à 
União para Conservação da Natureza, da sigla em inglês IUCN e ao WWF, duas ONGs que 
utilizam num relatório comum a expressão. Sua consolidação, enquanto Princípio, dá-se na 
Conferência do Rio em 1992, no Brasil. Desde então, tal expressão sintetiza o desejo atual 
dos Estados em relação à utilização dos recursos naturaise tem sido utilizada por 
desenvolvimentista e conservacionistas, opositores do passado, como co nciliação destas 
duas posições ideológicas. Tem alcance mundial. 
 
 2.4.7.5. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE INTERGERAÇÃO 
 
A solidariedade e perpetuidade da vida humana enquanto espécie, faz com que o 
homem pense não só na existência presente, mas nas gerações que virão sucessivamente. O 
meio ambiente é um bem que vem do passado, passa pelo presente e há de permanecer 
viável para a humanidade que se sucede continuamente. Tal compromisso define o sentido 
da responsabilidade inter-geração. Há um compromisso de vida entre a raça humana, muito 
exaltada nos Direitos Humanos e que encontrou na área ambiental, uma aplicação 
interessante. Quase sempre os institutos jurídicos visam um compromisso presente, no 
agora. Mesmo na garantia dos direitos do nascituro do Código Civil brasileiro, na realidade, 
sua viabilidade de concretização está vincada ao nascimento com vida. É algo de um 
horizonte limitado, desde sua existência potencial, à sua real aparição. Entretanto, no 
Princípio em tela, busca-se não um compromisso de uma vida, de um momento, de uma 
idade, de uma era. É mais que isso: são as gerações humanas que se sucedem que deverão 
ter a percepção de que não estamos sós e a nossa viabilidade hoje, deveu-se, bem ou mal, 
ao que as gerações antecedentes fizeram. Entretanto, conhecendo o ambiente, os riscos do 
seu mau uso, a necessidade de seu uso racional, sustentável, há que se tomar medidas 
concretas para que esse bem, perpétuo pela sua continuidade nas gerações futuras, seja bem 
administrado, para servir à presente, mas também para as futuras gerações. Sua origem está 
associada à Conferência de Estocolmo em 1972, tem alcance global e está positivada na 
Constituição brasileira no artigo 225, caput. 
 
 
 
 
 
 
 23 
2.4.7.6. PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL 
 Há que se "levar em conta a variável ambiental em qualquer ação ou decisão - 
pública ou privada - que possa causar algum impacto negativo sobre o meio". É o princípio 
da ubiqüidade defendido por Fiorillo. Alguns exemplos positivados, podem exemplificar a 
preocupação do legislador brasileiro neste aspecto: 
 A)-O Decreto 95.733 de 12.2.88, preconiza: " no planejamento de projetos e obras, 
de médio e grande porte, executados total ou parcialmente com recursos federais, serão 
considerados os efeitos de caráter ambiental, cultural e social, que esses empreendimentos 
possam causar ao meio considerado" 
 Não só "obras e projetos federais" serão obrigados a considerar o "efeito ambiental", 
mas projetos e obras estaduais e municipais, que tenham recebido ou irão receber verbas 
federais. 
 B)-O Decreto 468 de 6.3.92, estabelece regras para redação de atos normativos do 
poder executivo e dispõe sobre a tramitação de documentos sujeitos à aprovação do 
Presidente da República. 
 O anexo II prevê que deve ser levado em conta sete itens: 1)-síntese...; 2)-solução 
e...; 3)-Alternativas; 4)- custos; 5)-razões que..; 6)- Impacto sobre o meio ambiente (sempre 
que o ato ou medida possa vir a tê- lo); 7)- síntese do... 
 O servidor público ( inclusive os Ministros e Secretários de Estado ) passam a ser 
responsáveis pela análise da possibilidade de efeitos ambientais do ato ou medida que se 
proponha. A responsabilidade não se circunscreve ao M.M.A. mas se dissemina por toda 
administração federal direta e indireta. Por ter origem na doutrina brasileira, tem alcance 
nacional. 
 2.4.7.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
ENTRE OS POVOS 
 Os países têm que se pautar, conforme o Direito Internacional geral propugna, pela 
busca da cooperação internacional. Também aqui se inclui a responsabilidade por ações e 
omissões cometidas num dado território que podem afetar seus vizinhos. Os países têm 
responsabilidades ambientais comuns, mas diferenciadas, segundo seu desenvolvimento e 
sua capacidade. Reconhece-se como Princípio do Direito Internacional Público, o dever de 
cooperação. Pode-se ver isso na Resolução, quando assim propugna: Decorrente disto, o 
Princípio em apreço refere-se às ações cooperativas em favor do meio ambiente. Não só no 
domínio específico do Direito Internacional, mas nas relações entre as nações. Neste 
princípio está incluída a cooperação no sentido de repassar os conhecimentos de tecnologia 
limpa e conhecimentos de proteção do ambiente obtidos pelos países mais avançados e que 
têm possibilidade econômica de investir e obter resultados nas pesquisas ambientais. A 
cooperação internacional expressa-se na solidariedade entre os povos. Até porque, aduz-se, 
é máxima que as responsabilidades são comuns, mas diferenciadas, esclarecendo que os 
Países desenvolvidos o fizeram à custa de intensa exploração e contaminação do meio 
ambiente e, agora, espera-se que tais Países cooperem com os não desenvolvidos ou em 
desenvolvimento, para que possam minimizar os danos na sua busca legítima pelo 
desenvolvimento. Seu alcance é mundial e sua positivação no Direito brasileiro pode ser 
vislumbrado na Constituição Federal, quando refere-se à Cooperação entre os povos como 
um princíio a ser utilizado nas relações internacionais pelo Brasil ( art. 4º, C.F./88 ). 
 
 
 
 24 
2.4.7.8. PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO 
AMBIENTAL 
 Ao lado da participação comunitária, o poder público tem o dever indeclinável de 
exercer tal proteção, devendo levar em consideração a variável ambiental no processo 
decisório políticoadministrativo. Cabe-lhe elaborar uma legislação nacional eficaz, tanto no 
aspecto material, quanto processual, delineando o papel de cada esfera do poder neste 
âmbito. Há atos e instrumentos da política nacional do meio ambiente que só serão válidos 
se tiverem a tramitação pelos órgãos público ambientais (Licenciamentos, licenças, 
EIA/RIMA, etc.). Neste sentido, a natureza pública da proteção ambiental se faz muito 
presente. O artigo 225 da Constituição federal, no seu parágrafo primeiro, informa que 
"Para assegurar a efetividade desse direito ( ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ) 
incumbe ao poder público:" e daí em diante lista as incumbência do poder público na defesa 
do meio ambiente. Neste caso, tomado como uma proposta da doutrina brasileira, aponta-se 
de alcance nacional. 
 2.4.7.9. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP) 
 O poluidor tem que arcar com o ônus dos danos de sua atividade. O que se quer 
é a prevenção, a precaução, o cuidado prévio (e aqui, cabe ao potencial poluidor custeá-
los). No entanto, ocorrida a degradação e a poluição, cabe ao poluidor pagar tal reparação. 
Como o princípio enuncia, não se deve inferir que se paga para poluir. Assim, o poluidor 
deve não só pagar, mas reparar o dano. "Visa sinteticamente à internalização dos custos 
externos da deterioração ambiental" ( M.L., p. 58 ). Sua origem está na Europa, 
basicamente no que propôs a e está positivado na legislação brasileira no artigo 14 da Lei 
6938/81, a qual introduziu no Direito brasileiro a responsabilidade objetiva do poluidor e, 
por extensão, aos causadores do danos ambiental, na medida que pela legislação pátria, a 
poluição é uma espécie de degradação. De outro tanto, discute-se, hoje, se a 
responsabilidade civil decorrente dos danos ambientais, mesmo reconhecidamente 
OBJETIVA, se a mesma seria o que a teoria da responsabilidade civil denomina 
RESPONSABILIDADE INTEGRAL ou seria a RESPONSABILIDADE DECORRENTE 
DO RISCO, vinculada ao RISCO INTEGRAL. Pela primeira linha, defendida por Edis 
Milaré, por exemplo, a RESPONSABILIDADE INTEGRAL implica em indenização 
independentemente da culpa, em qualquer circunstância, não se aplicando as excludentes

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