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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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Do pagamento
As obrigações geram efeitos entre as partes. Vinculam aos seus efeitos legais apenas as partes e seus sucessores (que respondem apenas com a força da herança pelas obrigações do de cujus).As obrigações personalíssimas, como as obrigações de fazer infungíveis, em que a pessoa do devedor não pode ser substituída por terceiro, por suas características peculiares, não se transmitem aos sucessores. Por exemplo, a obrigação de uma bailarina de dançar em certo espetáculo não se transmite aos seus herdeiros. A promessa de fato de terceiro torna avalista o promitente, pois o terceiro só se vincula pela anuência e, se negá-la, o promitente arcará com as consequências do inadimplemento.
Prometer fato de terceiro não é ato ilícito, mas o promitente se compromete a alcançar a venia do terceiro – obrigação de fazer, sob pena de arcar com as perdas e danos.
Conceito:
O pagamento é espécie de adimplemento obrigacional pela via direta, em que a obrigação se extingue pela morte natural, com o cumprimento da prestação almejado pelas partes. É o desempenho voluntário da obrigação, que extingue a relação jurídica. Do conceito se extrai que adimplemento obrigacional e pagamento não são sinônimos. Adimplemento obrigacional é gênero, do qual o pagamento é uma de suas espécies. O adimplemento abrange todos os modos de extinção da obrigação, diretos e indiretos, como a remissão de dívida, a compensação, a dação em pagamento, a novação etc.
Dos elementos do pagamento:
a) Vínculo obrigacional – capaz de justificar o pagamento, sob pena de ocorrer pagamento indevido, ato unilateral que gera para o accipien s (aquele que recebe) a obrigação de restituir, já que a lei proíbe o enriquecimento ilícito. b) Solvens – aquele que paga. Pode ser o próprio devedor, esta é a regra geral. Mas pode ser também o fiador, o sublocatário, um terceiro que tenha interesse moral no pagamento etc. c) Accipiens – aquele que recebe. Normalmente é o próprio credor, mas veremos hipóteses em que o credor não pode receber, como no caso da incapacidade, ou ainda situações em que terceiro recebe e é válido o pagamento, como no caso do credor putativo.
Do solvens:
Quem deve pagar é o devedor. Há, no entanto, o pagamento por terceiro, nas seguintes circunstâncias:
1. Terceiro interessado – é o terceiro que pode ser juridicamente responsabilizado pelo pagamento, e por isso tem interesse na extinção do vínculo obrigacional pelo adimplemento. Trata-se do fiador, do sublocatário, do avalista, cuja obrigação em pagar não é meramente natural, mas civil. Os efeitos da mora podem alcançar essas pessoas, de modo que elas têm interesse em pagar e o direito de alcançar a quitação. A recusa do credor ensejaria a consignação em pagamento. O pagamento por terceiro interessado leva à sub-rogação do solvens (o terceiro, que pagou) em todos os direitos do credor. Trata -se de hipótese de sub-rogação legal, em que o terceiro no lugar de mero direito de reembolso passa a ocupar o lugar do credor originário, para cobrar do devedor o que desembolsou com todos os acessórios que privilegiavam o credor originário, como a garantia, a cláusula penal, os juros etc.
2. Terceiro não interessado – é a pessoa que, embora não possa ser responsabilizada em juízo pela prestação, tem interesse moral em solvê -la.
Nesse caso, o terceiro não tem interesse jurídico, daí ser um “não interessado”. É o pai, o noivo, a amiga, a tia, pessoa que nunca poderá ser processada para cumprir a prestação assumida pelo devedor, mas que tem interesse sentimental em livrá-lo do ônus o inadimplemento. Há interesse das partes e da sociedade em que o pagamento seja efetuado. O inadimplemento resulta em ônus para o devedor e causa insegurança à sociedade, sobrecarregando ainda o Judiciário, com mais uma demanda. O terceiro não interessado que paga em nome do devedor não tem direito de reembolso. Nesse caso houve o animus donandi. Caso pague em nome próprio, pode cobrar do devedor (sem direito a sub -rogação, pois a obrigação anterior se extingue por completo, com todos os seus acessórios) o valor que desembolsou. O fundamento está no art. 305, CC. Se pagar antes de vencida a dívida, o terceiro não interessado só terá direito ao reembolso no vencimento, consoante parágrafo único do art. 305, CC. O reembolso neste caso será pelo menor valor – se pagou menos e o credor aceitou, recebe o valor pago. Se pagou mais que o valor originário da dívida, receberá somente o valor da dívida, que foi equivalente ao benefício efetivo do devedor principal. Obs.: é possível que o devedor se oponha ao pagamento a ser efetuado pelo terceiro não interessado. Se o fizer por mero capricho, sem justo motivo para a oposição, a relação jurídica se extingue pelo pagamento e o terceiro não interessado tem direito ao reembolso, caso pague em nome próprio, como já exposto (supra). Caso a oposição tenha justo motivo, como no caso de uma compensação parcial, ou de uma remissão, só deverá o devedor reembolsar o terceiro da parte que tenha aproveitado, se houver.
Do pagamento efetuado pela dação em pagamento: Art. 307, CC. A dação em pagamento será examinada como modo de adimplemento obrigacional pela via indireta. Trata-se de espécie de novação em que o credor anui receber no lugar da prestação originariamente avençada coisa móvel ou imóvel de propriedade do devedor. A dação em pagamento depende da anuência do credor porque este não está obrigado a receber coisa diferente daquela que foi pactuada, ainda que seja mais valiosa.
A coisa dada em pagamento deve ser suscetível de alienação, não pode ser coisa fora do comércio. E deve ser coisa de propriedade do devedor. A exceção se dá quando o pagamento for feito através da dação com coisa de terceiro, mas fungível, consumível e entregue ao credor de boa -fé que, por erro escusável a recebe e consome. Aqui o pagamento é válido, ainda que o solvens (sem capacidade ou sem legitimação para dar em pagamento tal objeto) tenha que responder perante o prejudicado (proprietário cuja coisa foi dada em pagamento).
Do accipiens: Art. 308 e s., CC. A regra geral é a de que o credor é o accipiens, quem deve receber o pagamento. O credor, seu representante (legal ou convencional) ou seu sucessor deve ser o accipiens, sob pena de ter pago mal e ter de pagar de novo o devedor. São credores legais o pai, o tutor, o curador, o síndico da massa falida, o inventariante em relação ao espólio. São credores convencionais os mandatários, que por contrato receberam poderes do credor, podendo ou não portar a procuração, instrumento do mandato. É representante convencional ainda o adjectus solutionis causa, ou adjectus solutionis gratia, pessoa designada para receber o pagamento, em seu próprio benefício – o poder desse representante não é revogável, como o do mandatário, e nem se extingue em função da morte do mandante, porque se trata de uma estipulação em favor de terceiro, quando o beneficiado é como um cessionário do crédito e tem o direito de receber em lugar do credor. Também há o caso do mandato presumido por lei, quando o portador da quitação é presumivelmente (presunção relativa) o mandatário do credor, que se apresenta para receber a dívida. O devedor precisa neste caso ser diligente, pois a presunção é relativa e, se ficar provado que o erro foi grosseiro, pode ter que pagar duas vezes (pagar outra vez, ao verdadeiro credor). Das exceções: 1. Pagamento ao credor e não válido: 1.1. Se o credor é incapaz o pagamento deve ser feito a seu representante, ou em juízo. O pagamento ao incapaz não vale, obrigando o devedor a novo pagamento, salvo se provar que o pagamento se reverteu em proveito do incapaz ou se provar erro escusável - o so lvens não podia desconfiar da incapacidade. 1.2. Se o credor está intimado de penhora sobre o crédito e o devedor tem ciência da penhora, o pagamento é ineficaz se realizado diretamente ao credor. Para preservar os direitos dos credores do credor. Aqui o devedor precisa depositar a prestação em juízo. 2. Pagamento a terceiro que não o credor ou seurepresentante e válido: 2.1. Se o credor ratificar o pagamento. O terceiro que recebe no lugar do credor atua como um gestor de negócio, em que a ratificação retroage à data do pagamento, como se tivera havido verdadeiramente um contrato de mandato. A diferença é que a gestão de negócio não é contrato, é manifestação unilateral da vontade, com apenas um centro de interesse, em que o gestor age por conta própria, mas produzindo todos os efeitos do ato (o pagamento extingue o vínculo obrigacional). 2.2. Quando o credor tira proveito do pagamento. 2.3. Pagamento ao credor putativo. O credor putativo é aquele que aos olhos de todos passa como verdadeiro credor. É preciso que o devedor pague de boa-fé e que o erro seja escusável, pois se o solvens erra grosseiramente, deverá pagar de novo, agora ao verdadeiro credor. Por exemplo: quando o pagamento é feito à viúva do credor e o devedor não sabe que há filhos do credor; ou quando se paga a herdeiro que depois é excluído por indignidade por fato desconhecido do solvens à época do pagamento. Ao verdadeiro credor resta apenas o direito de reclamar do credor putativo a devolução do que este recebeu.
MÓDULO 2.
Do objeto do pagamento. Na obrigação de dar coisa certa o credor não está obrigado a receber coisa diversa daquela que foi pactuada, ainda que seja mais valiosa (art. 313, CC). O credor não está obrigado a receber em partes o que se convencionou receber por inteiro (art. 314, CC). Nas obrigações alternativas ou de dar coisa incerta tem certo privilégio o devedor, que por lei (salvo disposição das partes em sentido contrário) tem a prerrogativa da escolha. O juiz pode corrigir desproporcionalidade entre as prestações, ou resolver o contrato por onerosidade excessiva, o que será tratado na teoria geral dos contratos. O pagamento em pecúnia deve ser feito em moeda nacional, que tem poder liberatório absoluto, como fator da soberania nacional. A moeda estrangeira é aceita apenas como índice de correção monetária. Obs.: Na indenização por ato ilícito ou na restituição de coisas havidas por ato ilícito a prestação pode ser de devolver moeda estrangeira, ouro ou prata.
Da prova do pagamento: Da quitação. A quitação é apenas uma das provas do pagamento. É solene, escrita, e dela constam: valor recebido, a título de que, data, local e quem pagou, constando ainda a assinatura do accipiens(art. 320, CC). A quitação libera o devedor até o valor reconhecido no escrito. Hoje é tão comum quanto a quitação o comprovante de depósito feito pela internet, ou o documento ou recibo bancário que comprova o pagamento. Obter a quitação é direito do solvens. Diante da recusa, o solvens tem duas alternativas: reter o pagamento ou proceder a consignação em pagamento. Caso retenha o pagamento, não estará em mora, pois neste caso há mora accipiendi, sem culpa do devedor.
A consignação é o melhor caminho, por demonstrar a boa-fé do devedor e isentá-lo da prova da mora creditoris, ao ser cobrado da prestação com juros de mora ou multa.
Da presunção de pagamento. Em três situações a lei presume o pagamento ainda que não exista a quitação ou documento equivalente. São casos de presunção juris tantum, relativa, que admitem prova em sentido contrário, mas que favorecem o devedor (a presunção é meio de prova), onerando o credor, que deverá, se ainda quiser receber, elidir a presunção produzindo prova em sentido contrário. 1. Da devolução do titulo. Art. 324, CC. O título que constitui a prova da existência da obrigação leva à presunção de pagamento ou de perdão da dívida quando devolvido ao devedor. Pode ser que tenha sido devolvido por conf iança, ou que tenha sido obtido de forma ilícita. O credor tem o prazo de 60 (sessenta) dias para provar que não houve o pagamento, embora o devedor esteja na posse do título. O prazo é decadencial e se inicia quando o credor toma ciência de que o devedor está na sua posse, quando o alcançou por ato ilícito; ou quando o credor sabe que o devedor age de má-fé, quando o restituiu por relação de confiança (o credor devolveu o título porque confiava no pagamento, muitas vezes por se tratar de amigo, ou irmão, e tem ciência de que o devedor passa a se valer da posse do título para alegar presunção de pagamento). 2. No pagamento por quotas periódicas, a quitação da última estabelece a presunção de que estão pagas as anteriores (art. 322, CC). Isso porque o credor diante de várias prestações em aberto imputará o pagamento à prestação vencida anteriormente. 3. A quitação do capital sem reserva de juros leva à presunção de que os juros já foram pagos (art. 323, CC). Caso tenha para receber o capital e mais os juros, não dará o credor quitação do principal, se houver juros em aberto. É certo que primeiro imputará o valor recebido aos juros, que não rendem frutos, pois já consistem no fruto do capital.
Das despesas com a quitação: art. 325, CC.
A lei é supletiva – cabe ao devedor arcar com as despesas, incluídas as contas com contador, medida, pesagem etc. Os acréscimos nas despesas correm por conta do credor, quando este se encontra em local distante ou dificulta a entrega pleiteando que seja feita em lugar diverso. O mesmo ocorre quando o pagamento é realizado a herdeiros, em local diverso do pactuado na relação obrigacional originária.
Do lugar do pagamento. O art. 327 do CC é regra supletiva – diante do silêncio das partes, supre a falta de manifestação da vontade estabelecendo que o pagamento será efetuado no foro de domicílio do devedor. Podem as partes, no entanto, ou a natureza da obrigação, a lei ou as circunstâncias, modificarem o local do pagamento. É muito comum o pagamento efetuado via internet, ou por depósito bancário. Quando consiste em entrega de material de construção, por exemplo, não será feita, certamente, no foro do domicílio do devedor, mas no lugar da obra, por exemplo. · Art. 328, CC - Prestações relacionadas a direito real sobre imóvel, como a tradição, o registro da hipoteca, são cumpridas obrigatoriamente no foro de situação do bem, para conferir ao ato a devida publicidade, que é de interesse público. Chama-se dívida querable aquela em que o credor vai ao domicílio do devedor para buscar o objeto da prestação. Dívida portable é aquela em que o devedor leva ao domicílio do credor o objeto da prestação. · Uma dívida pode ter o seu lugar de pagamento modificado pelo comportamento das partes, de modo portanto tácito, não expresso. Art. 330, CC. Nesse caso não pode o credor exigir o pagamento no lugar convencionado originariamente, já que é entendida como legítima a alteração tácita.
Do tempo de pagamento: Das obrigações puras.
Se não há acidente como termo ou condição, o pagamento deve ser efetuado de imediato. Exceções: Há casos em que mesmo sem prazo ou condição estipulados pelas partes não é possível o cumprimento imediato da prestação. Caso a obrigação demande tempo por sua natureza, ou tenha de ser cumprida em lugar diverso, há concessão tácita de prazo – o tempo razoável para o cumprimento da prestação pactuada.
Da interpelação: Nas obrigações puras, é preciso interpelar o devedor, que se constitui em mora a partir da interpelação – exigência judicial do pagamento.
Das obrigações a termo ou condicionais. Sendo a prazo ou na dependência de condição, a prestação não pode ser exigida antes do termo ou da condição. O credor, embora não possa exigir antes do prazo a prestação, pode exercer atos conservatórios de seu direito, como propor ação pauliana. O prazo é fixado presumivelmente em favor do devedor, que pode, se assim o desejar, pagar antes do termo. Salvo em situações em que o credor também tem interesse no prazo. Caso tenha interesse no prazo o credor, não poderá o devedor efetuar o pagamento antecipadamente. É o que ocorre quando o credor não pode receber antes alimentos perecíveis porque ainda comprará um refrigerador.
Da interpelação: Se a obrigação é a termo, a chegada do dia do vencimento é interpelação do devedor, que passa a ser obrigado a arcar com os ônus da mora. Dies interpellat pro homine.· Nas obrigações condicionais, cabe ao credor provar a ocorrência da condição suspensiva, para exigir do devedor o pagamento, que estava na dependência de evento futuro e incerto que subordinava a sua eficácia. Art. 332, CC – “As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor”.
Da antecipação do vencimento: Pode ocorrer por força de lei ou por conveniência do devedor, quando o prazo não for estabelecido em favor do credor. Da antecipação do vencimento por força de lei:
Ocorre para resguardar o direito do credor, possibilitando a cobrança imediata da prestação. Os casos são de diminuição das chances de adimplemento por causa da espera. Art. 333, CC: I – no caso de falência do devedor ou de concurso de credores. Tais situações revelam a insolvência do devedor e o risco do credor na demora em receber. II – se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor. III – quando as garantias que asseguram o crédito cessam ou se tornam insuficientes e o devedor, intimado, se nega a reforçá -las – sejam reais ou fidejussórias as garantias.
MÓDULO 3. Do pagamento em consignação: Art. 334 e s. do CC. Trata-se de modo de adimplemento obrigacional pela via indireta, em que o pagamento não ocorre, mas pela procedência do depósito o devedor não fica inadimplente, cumprindo a obrigação pela via indireta e de modo satisfatório para o credor.
Conceito – é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o devedor se libera da prestação de dar depositando em instituição financeira ou em juízo o objeto pactuado. O devedor tem o dever de pagar, mas também o direito de se eximir da prestação e das consequências da mora.
São elementos da consignação em pagamento:
1. Prestação a ser cumprida.
2. Causa legal que autorize o depósito do bem judicialmente.
3. Intenção do devedor em solver a obrigação.
A consignação em pagamento feita em banco ou em juízo é considerada pagamento e extingue a obrigação.
Deve haver justo motivo para que caiba a consignação em pagamento, mas o rol da lei não é taxativo.
Conforme art. 335 do CC:
I – se o credor não pode ou se recusa sem justa c ausa a dar quitação ou receber o pagamento. Reter o pagamento é permitido neste caso (art. 319, CC), mas é opção menos interessante que consignar, porque no futuro a prova para se eximir do ônus da mora, demonstrando que foi o credor que se recusou a receber ou a dar quitação, pode ser de árdua produção.
II – se o credor não busca e não manda receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos. É o caso de dívida querable, em que o credor deve buscar ou mandar buscar o objeto da prestação no domicílio do devedor.
III – se o credor é incapaz de receber, for desconhecido, ausente ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil. A impossibilidade de receber pode ser física (lugar de difícil acesso) ou jurídica, em que a incapacidade pode ser, por exemplo, superveniente.
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento. Pode haver dúvida sobre quem é o cessionário ou o herdeiro do crédito. Ex.: o casal credor se divorcia e não há certeza sobre a qual dos dois ex -cônjuges deve-se pagar. Na dúvida quanto à pessoa do credor a consignação é o melhor caminho, em que o real credor terá de provar o seu direito para levantar o objeto do depósito.
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Neste caso duas ou mais pessoas disputam em juízo o objeto do pagamento.
Como exposto, o rol do art. 335 não é taxativo, e outras situações podem dar ensejo à consignação em pagamento. É o caso de depósito em juízo quando há concurso de preferência aberto contra o credor; venda de imóvel de insolvente ou falido (o preço pago é depositado em juízo); desapropriação em que o expropriado se recusa a receber o preço da indenização.
Dos requisitos para a consignação em pagamento: Art. 336, CC.
São os requisitos do pagamento, com relação às pessoas, ao objeto, ao modo e ao tempo. Assim, o juízo competente é o do local do pagamento; a ação deve ser proposta contra o credor ou seu representante; a prestação deve ter por objeto a coisa avençada, na quantidade devida. Quanto ao prazo, deve ser feita a consignação na época do pagamento, ou vir acompanhada dos encargos da mora. A prestação pode ser recusada e será julgada improcedente a consignação caso a mora tenha dado lugar ao inadimplemento absoluto, porque agora não é mais de interesse do credor o recebimento da prestação (imagine -se o vestido de noiva consignado após o casamento). Como em regra o prazo é fixado em favor do devedor, este pode pagar antes do vencimento, mas a consignação antes do vencimento só tem cabimento diante de justo motivo.
Do levantamento do depósito pelo consignante:
1. Antes de manifestação do credor, que não o aceitou e nem o impugnou. O devedor pode levantar o depósito, pagando as respectivas despesas (art. 338, CC), e a obrigação subsiste.
2. Após a aceitação ou impugnação do credor, que já contestou a lide. O credor precisa dar anuência para o levantamento e, se o fizer, perde a preferência sobre a coisa e as garantias, liberando codevedores e fiadores que não tenham anuído. Conforme art. 340 do CC. É como se a dívida pudesse ter sido extinta, com o levantamento do depósito, e, abrindo mão disto, o credor concordasse com o levantamento, fazendo surgir nova dívida, com extinção da anterior (como na novação), liberando codevedores e garantidores. Não é justo que codevedores e fiadores que se liberariam com o levantamento do depósito voltem a se obrigar por decisão exclusiva do credor.
3. Após a sentença que julgou procedente a ação.
Neste caso só poderá levantar o depósito com a concordância do credor, fiadores e codevedores. Conforme art. 339 do CC.
Obrigação de dar coisa incerta ou obrigação alternativa:
Se a escolha por convenção couber ao credor este será citado para proceder à opção. Se não o fizer, o devedor escolherá a coisa e procederá ao depósito (art. 342, CC).
Julgada procedente a consignação em pagamento, o credor réu arca com as despesas da sucumbência – custas processuais e honorários advocatícios, e o devedor se libera de qualquer ônus. Os efeitos da sentença retroagem para liberar o devedor desde a data da propositura da consignação (desde a data do depósito). Desse modo, o devedor se livra dos juros, da multa e dos riscos de responder pela perda ou deterioração da coisa, com os quais arcaria até em caso fortuito ou na hipótese de força maior, se estivesse em mora. Se improcedente a consignação, o devedor arca com os efeitos da mora e o risco do inadimplemento absoluto, posição em que se encontrava antes do depósito. E ainda arca o devedor com as verbas sucumbenciais. Os juros são computados como se nunca tivesse cessado a sua fluência.
Se a coisa devida for imóvel ou objeto que deve ser recebido em certo local, o devedor requer a citação para que o credor venha receber ou mande recebê -la, sob pena de ser depositada
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO: Art. 346 e s., CC.
O pagamento com sub-rogação é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o terceiro interessado ou não interessado (neste caso a sub-rogação ocorre por força de convenção) cumpre a prestação no lugar do devedor, extinguindo o vínculo para o credor, mas fazendo com que persista a obrigação, agora para que no lugar do credor originário figure o solvens. Este cobrará do devedor o reembolso com todos os acessórios da obrigação originária.
O pagamento é feito, mas por terceiro, de modo que não extingue a obrigação, se não para o credor. A obrigação originária passa a existir com o solvens no lugar do credor originário. O fiador, por exemplo, se sub-roga nos direitos do credor, para receber o que desembolsou. É mais que direito de reembolso, porque o solvens tem o crédito com todos os seus acessórios (juros, multa, garantia). Substitui o credor na mesma relação jurídica, a qual só pereceu em face do credor primitivo. Ocorre na realidadeuma alteração do sujeito ativo. No lugar do credor primitivo, passa a figurar o solvens.
Sub-rogação e cessão de crédito
A cessão de crédito também envolve substituição do credor por terceiro, chamado cessionário, independentemente da anuência do cedido. Mas há diferenças entre os institutos da cessão de crédito e da sub -rogação. Na cessão de crédito, o cessionário tem escopo lucrativo. Quer lucrar. Paga certo valor ao credor, cedente, para no futuro receber mais do cedido (devedor). Na sub-rogação, o solvens, que paga e passa a ocupar o lugar do credor, recebe exatamente o valor que desembolsou, não pode cobrar mais que isso. O objetivo é recuperar o seu prejuízo, mas não lucrar. Além disso, a cessão de crédito decorre sempre de convenção, enquanto a sub-rogação decorre de convenção ou da própria lei. E quando a sub-rogação é convencional, se dá por vontade do devedor, enquanto a cessão é feita pela manifestação de vontade do credor e de terceiro (cedente e cessionário).
DO INTERESSE NA SUB-ROGAÇÃO:
O direito de sub-rogação, por ser mais que reembolso, estimula o pagamento por terceiro, o que é benéfico para as partes envolvidas e para a sociedade. O inadimplemento é prejudicial para a sociedade. O devedor se livra do primeiro credor e de execução iminente, passando a dever ao solvens.
Das espécies de sub-rogação: A classificação é quanto à fonte. 
1. Sub-rogação legal – A fonte é a lei.
2.Sub-rogação convencional – emana da vontade das partes; do contrato
Dos casos de sub-rogação legal: Art. 346, CC. 1.
Credor que paga a dívida do devedor comum. O objetivo do credor é evitar a imediata execução do ativo patrimonial do devedor e ganhar tempo para que no futuro, em momento oportuno, o mesmo ativo patrimonial tenha condição de solver também o seu crédito. 2. Adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário, bem como de terceiro que paga para não ser privado de direito sobre o imóvel. O credor hipotecário tem direito real, oponível em face de qualquer pessoa (erga omnes). O adquirente do imóvel hipotecado, ainda que não seja o devedor, pode perder o bem, diante de excussão promovida pelo credor com garantia real. Paga então a dívida, o adquirente do bem hipotecado, para que o imóvel não seja penhorado e levado à praça, elidindo assim a excussão (execução judicial). Essa hipótese é rara, porque, mesmo com a sub-rogação, a garantia será representada por imóvel de propriedade do solvens, o que não reforça as chances de adimplemento por parte do de vedor principal. 3. Terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou poderia ser obrigado, no todo ou em parte. É o caso do fiador, ou do codevedor de coisa indivisível. Ao pagar, se sub -roga nos direitos do credor para cobrar o que desembolsou, do devedor principal.
Da sub-rogação convencional
Não havendo previsão de sub-rogação legal, a sub-rogação convencional é necessária, pactuada entre devedor e terceiro (solvens). Se pactuada entre credor e terceiro, a hipótese será de cessão de crédito. Conforme art. 347, I e 348 do CC. A sub-rogação convencional é feita expressamente quando o terceiro efetua o pagamento e negocia com o credor a sub-rogação (cessão de crédito), ou quando terceiro empresta a quantia para o pagamento e estabelece a condição da sub-rogação com o devedor (art. 347, I e II do CC).
Dos efeitos da sub-rogação:
Transfere ao sub-rogado o crédito com todos os seus acessórios que eram do credor primitivo (art. 349, CC). Não há escopo lucrativo, como na cessão de crédito. O sub -rogado recebe apenas o valor que desembolsou.
Da sub-rogação parcial: Art. 351, CC
Se o solvens paga parte, o credor originário persiste no vínculo, para receber o restante da prestação. Neste caso, não havendo por parte do devedor condição de honrar as dívidas perante o solvens, sub-rogado, e o credor primitivo, terá este preferência.
MÓDULO 4. DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO. Art. 352 e s. do CC.
Conceito A imputação do pagamento é modo indireto de adimplemento obrigacional que se dá pela escolha, quando entre as mesmas partes há mais de um vínculo obrigacional com dívidas líquidas, vencidas e reciprocamente fungíveis, e o devedor oferece ao credor prestação suficiente para quitar mais de uma dívida, mas insuficiente para quitar todas. Uma vez que os débitos sejam da mesma natureza, líquidos e vencidos, o devedor pode indicar qual dos dois pretende extinguir. A prestação ofertada pode ser suficiente para extinguir uma ou outra dívida ou, às vezes, mais de uma dívida, mas não todas. Existem casos em que a escolha será do credor ou da lei, como examinaremos nas espécies.
Dos requisitos da imputação do pagamento:
Pluralidade de débitos. O pagamento parcelado não é permitido, salvo anuência do credor.
Identidade de sujeitos. O mesmo devedor e o mesmo credor têm entre si dois ou mais vínculos.
Igual natureza das dívidas. Os bens envolvidos nas prestações devem ser reciprocamente fungíveis, e as dívidas devem ser líquidas e vencidas. Desse modo, é indiferente para o credor receber uma coisa ou outra. Não se pode imputar o dinheiro, ofertado, na obrigação de restituir obra de arte, por exemplo. E nem imputar o arroz na dívida que consiste na entrega de milho. Deve ser arroz por arroz; milho por milho. As dívidas líquidas são certas quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu objeto – existem e há certeza quanto ao seu montante.
. Possibilidade de a prestação ofertada resgatar uma ou outra dívida; ou até duas ou mais dívidas. É insuficiente, no entanto, para quitar todas as dívidas.
Das espécies de imputação do pagamento:
1. Por vontade do devedor – A escolha é do devedor, que imputa a prestação oferecida na dívida mais onerosa. A lei confere tal prerrogativa ao devedor no art. 352 do CC. Só não pode ofertar pagamento parcial para abater a dívida mais onerosa, porque o credor não está obrigado a receber em parcelas o que se convencionou receber por inteiro. O devedor não pode, ainda, imputar o pagamento no principal, se há juros vencidos (art. 354, CC). O capital rende frutos (rendimentos; frutos civis); os juros não.
2. Por vontade do credor – é subsidiária, pois tem cabimento no silêncio do devedor, que aceita a escolha do credor, esta realizada pela quitação (art. 353,CC). Feita a escolha pelo credor, no instrumento da quitação, o devedor só pode elidi-la provando violência (coação) ou dolo (comportamento malicioso do credor).
3. Por força de lei – não havendo escolha pelo devedor e nem declarando o credor na quitação qual dívida considera extinta, a lei determina: será extinta a que venceu primeiro. Caso forem todas as dívidas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação do pagamento será na dívida mais onerosa.
O fundamento é o art. 355 do CC.
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO. Art. 356 e s. do CC.
Conceito – A dação em pagamento é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o devedor, diante da anuência do credor, oferece coisa móvel ou imóvel de sua propriedade para extinguir o vínculo obrigacional. · A anuência do credor – é imprescindível, já que ele não está obrigado a receber coisa diversa daquela que fora pactuada, ainda que seja mais valiosa.
Da natureza jurídica: As regras da venda e compra se aplicam, ensejando a responsabilidade civil por evicção ou por vício redibitório, por exemplo, (art. 357, CC). A evicção, perda parcial ou total da coisa dada em pagamento, para terceiro que demonstra melhor direito (evictor), acarreta o restabelecimento da obrigação primitiva, porém sem prejudicar direitos de terceiros (como fiadores ou codevedores), já que fica sem efeito a quitação dada. · Sendo título de crédito o bem dado em pagamento (coisa não corpórea), as regras da cessão de crédito são aplicáveis (art. 358, CC). · Faz-se importante ressaltar que a dação em pagamento é espécie de novação objetiva, em que as partes concordam com o novo elemento (novo objeto) e extinguem a obrigação anterior, criando um segundo vínculo pelo animus novandi. O anterior se extingue com os acessórios.
Da origem: Surge no DireitoRomano para proteger o devedor que, na falta de condição para honrar a prestação, poderia usar o seu ativo patrimonial para liquidar a dívida, sem necessitar se desfazer de seus bens a preço vil.
Requisitos: 1. A coisa dada em pagamento não é o objeto originário da prestação.

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