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E AGORA A ESTAGFLAÇÃO (?) E os problemas oriundos da grande crise econômico- financeira de 2007/08 continuam. Agora, neste início de 2011, é a zona euro que se vê confrontada aos riscos de uma estagflação. Assim, após a ameaça de deflação – uma baixa generalizada dos preços e dos salários-, os países desenvolvidos estariam prestes a se confrontar com a estagflação? Isto é, uma combinação de alta nos preços e uma estagnação da economia. Sem falar na crise fiscal que continua na maioria dos países, particularmente os europeus, onde a bola da vez seria, logo mais, a Espanha. A estagflação tem, dentre outras coisas, o inconveniente maior do crescimento, sem suas vantagens, ou seja, sem a redução do desemprego e dos déficits públicos. Portanto, as consequências da crise mundial continuam, passados quatro anos de seu início. E a conta continua a sobrar para todo mundo! Para muitos economistas europeus, o alerta está dado: a zona euro deverá se preparar para reviver a estagflação, ocorrida nos anos de 1970, logo após o primeiro choque do petróleo. Agora, o aumento dos preços internacionais das commodities seria o estopim do problema, associado às naturais dificuldades de retomada das economias desenvolvidas. Na zona euro, por exemplo, a alta dos preços em dezembro passado já ultrapassou o limite autorizado de 2% anuais, atingindo a 2,2%. Mesmo havendo divergências entre os economistas, os sintomas do problema estão se multiplicando neste início de 2011. Isso significa, por outro lado, que a alta dos preços das commodities poderia estar com os dias contados. E AGORA A ESTAGFLAÇÃO (?) (II) Afinal, os países consumidores das mesmas, em especial os desenvolvidos, não estão suportando a disparada dos preços mundiais. Aliás, um problema que também atinge os emergentes, embora em menor intensidade. No que diz respeito aos europeus, o primeiro sintoma vem de uma inflação importada, causada por tensões geoeconômicas. As necessidades industriais dos países emergentes e o desenvolvimento de uma sociedade de consumo, na China, Brasil e Índia, estariam dopando a demanda de matérias- primas. Soma-se a isso o intenso e desproporcional movimento especulativo do capital financeiro em torno destes produtos, nas diferentes bolsas do mundo. Como a essência da economia é “saber administrar recursos finitos diante de uma demanda infinita”, o problema está posto. Assim, o petróleo volta a ultrapassar os US$ 100,00/barril, a soja volta à casa dos US$ 14,00/bushel, o ouro ultrapassa o valor de US$ 1.400,00 a onça e assim por diante. Por sua vez, os EUA, na ânsia de resolver seus déficits, continuam a emitir dólares desvalorizados artificialmente, gerando potenciais bolhas que o resto do mundo terá que pagar as consequências. Desta forma, três principais ingredientes para a estagflação, particularmente na Europa e no Japão, se fazem presentes: economia parada; desemprego estrutural; e aumento da inflação. Um antídoto para isso seria colocar em prática políticas de investimentos, visando tornar as indústrias locais mais competitivas. O problema é que tal medida pode levar anos para surtir seus reais efeitos positivos. Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DECon/UNIJUI) 10/03/2011
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