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Coluna Economia 274 10 03 2011

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E AGORA A ESTAGFLAÇÃO (?) 
E os problemas oriundos da grande crise econômico-
financeira de 2007/08 continuam. Agora, neste início de 
2011, é a zona euro que se vê confrontada aos riscos de 
uma estagflação. Assim, após a ameaça de deflação – uma 
baixa generalizada dos preços e dos salários-, os países 
desenvolvidos estariam prestes a se confrontar com a 
estagflação? Isto é, uma combinação de alta nos preços e 
uma estagnação da economia. Sem falar na crise fiscal que 
continua na maioria dos países, particularmente os 
europeus, onde a bola da vez seria, logo mais, a Espanha. 
A estagflação tem, dentre outras coisas, o inconveniente 
maior do crescimento, sem suas vantagens, ou seja, sem a 
redução do desemprego e dos déficits públicos. Portanto, 
as consequências da crise mundial continuam, passados 
quatro anos de seu início. E a conta continua a sobrar para 
todo mundo! Para muitos economistas europeus, o alerta 
está dado: a zona euro deverá se preparar para reviver a 
estagflação, ocorrida nos anos de 1970, logo após o 
primeiro choque do petróleo. Agora, o aumento dos preços 
internacionais das commodities seria o estopim do 
problema, associado às naturais dificuldades de retomada 
das economias desenvolvidas. Na zona euro, por exemplo, 
a alta dos preços em dezembro passado já ultrapassou o 
limite autorizado de 2% anuais, atingindo a 2,2%. Mesmo 
havendo divergências entre os economistas, os sintomas 
do problema estão se multiplicando neste início de 2011. 
Isso significa, por outro lado, que a alta dos preços das 
commodities poderia estar com os dias contados. 
 E AGORA A ESTAGFLAÇÃO (?) (II) 
Afinal, os países consumidores das mesmas, em especial os 
desenvolvidos, não estão suportando a disparada dos preços 
mundiais. Aliás, um problema que também atinge os 
emergentes, embora em menor intensidade. No que diz 
respeito aos europeus, o primeiro sintoma vem de uma 
inflação importada, causada por tensões geoeconômicas. 
As necessidades industriais dos países emergentes e o 
desenvolvimento de uma sociedade de consumo, na China, 
Brasil e Índia, estariam dopando a demanda de matérias-
primas. Soma-se a isso o intenso e desproporcional 
movimento especulativo do capital financeiro em torno 
destes produtos, nas diferentes bolsas do mundo. Como a 
essência da economia é “saber administrar recursos finitos 
diante de uma demanda infinita”, o problema está posto. 
Assim, o petróleo volta a ultrapassar os US$ 100,00/barril, 
a soja volta à casa dos US$ 14,00/bushel, o ouro ultrapassa 
o valor de US$ 1.400,00 a onça e assim por diante. Por sua 
vez, os EUA, na ânsia de resolver seus déficits, continuam 
a emitir dólares desvalorizados artificialmente, gerando 
potenciais bolhas que o resto do mundo terá que pagar as 
consequências. Desta forma, três principais ingredientes 
para a estagflação, particularmente na Europa e no Japão, 
se fazem presentes: economia parada; desemprego 
estrutural; e aumento da inflação. Um antídoto para isso 
seria colocar em prática políticas de investimentos, visando 
tornar as indústrias locais mais competitivas. O problema é 
que tal medida pode levar anos para surtir seus reais efeitos 
positivos. 
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DECon/UNIJUI) 
10/03/2011

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