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Manual Transfusional Sangu+¡neo

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Prévia do material em texto

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO 
LAURO WANDERLEY-EBSERH 
AGÊNCIA TRANSFUSIONAL 
 
 
 
 
 
 
Manual de Transfusão 
Sanguínea 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Junho de 2015 
Apresentação 
 
A terapia transfusional é um procedimento que envolve riscos, 
mesmo sendo realizada por meio de indicação precisa, respeitando 
todas as normas técnicas preconizadas. Há sempre um risco potencial 
de ocorrer reações transfusionais, quer sejam imediatas ou tardias. 
Surge, portanto, a necessidade de se garantir segurança e qualidade 
do sangue e hemocomponentes oferecidos aos pacientes. Visando 
este fim, um controle das ações realizadas pelos profissionais 
responsáveis, desde a captação dos doadores até a administração no 
paciente, se faz necessário. Torna-se imprescindível, também, a 
participação do médico assistente na indicação correta da transfusão, 
promovendo a utilização racional de hemocomponentes e 
hemoderivados, além do devido preenchimento das requisições, com 
letras legíveis. Medidas estas, indispensáveis para evitar a troca de 
pacientes e de amostras coletadas. 
A Coordenação do Serviço de Hematologia, a Agência Transfusional e 
o Comitê Transfusional deste hospital se reuniram com o objetivo de 
normatizar a prescrição e aplicação dos hemocomponentes, com o 
propósito final de elaborar um manual que possa servir de referência, 
com diretrizes na conduta transfusional. Foi proposta uma discussão 
mais ampla, envolvendo toda a comunidade do hospital, 
encaminhada a todas as clínicas, um esboço deste documento, sendo 
exposto a sugestões e críticas. Ao final deste período, foi elaborado o 
Manual de Transfusão Sanguínea do Hospital Universitário Lauro 
Wanderley-EBSERH, com a contribuição de todo o corpo clínico, 
enriquecido com valiosas informações, provenientes de profissionais 
de diversas especialidades. Esta foi uma forma de aproximar os 
profissionais da saúde às questões da hemoterapia de nosso hospital, 
buscando um compromisso com a qualidade do atendimento aos 
nossos pacientes. 
O objetivo maior deste Manual é de auxiliar, de forma simplificada, a 
prática hemoterápica, servindo como resumo das principais 
indicações transfusionais, suas doses e quantidades, assim como seus 
efeitos adversos e a conduta frente aos mesmos. 
 
 
Dra. Maria Angelina Cartaxo F. Fernandes 
Médica Hematologista 
 
 
 
Elaboração 
Mariana Nóbrega Santos Vita (Bioquímica) 
Maria Angelina Cartaxo F. Fernandes ( Hematologista) 
Gilson Espinola Guedes Filho (Hematologista) 
Zailton Bezerra de Lima Junior (Cirurgião) 
Maria de Lourdes Vieira de Sá ( Técnica de Laboratório) 
Maria das Dores Menezes (Técnica de laboratório) 
Sandra Regina Viegas Ferreira ( Assistente Social) 
 
 
 
Revisão 
 
 
Conteúdo 
Capítulo 1 – Considerações Gerais Sobre Transfusão Sanguínea 
Capítulo 2 – Comitê Transfusional 
Capítulo 3 – Doação de Sangue 
Capítulo 4 – Hemocomponentes e Hemoderivados 
Capítulo 5 - Reserva Cirúrgica de Hemocomponentes 
Capítulo 6 – Reações Transfusionais 
Referências Bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Portaria 2712/2013 do Ministério da Saúde é o regulamento técnico 
vigente que orienta e normatiza os procedimentos hemoterápicos no país. 
“Este regulamento técnico tem o objetivo de regular a atividade 
hemoterápica do país, no que se refere à captação, proteção ao 
doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, 
distribuição e transfusão de sangue e seus derivados, para 
diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças”. (Portaria 
2712/2013) 
 É importante lembrar que toda transfusão de sangue traz em si um 
risco, imediato ou tardio, devendo ser criteriosamente indicada. 
Portanto, em casos de cirurgias eletivas, devem ser consideradas 
ações que reduzam o consumo de hemocomponentes alogênicos, 
como métodos que diminuam sangramentos e realização de doação 
autóloga. 
 Todo paciente candidato à transfusão deve ser esclarecido sobre o 
procedimento, seus riscos e benefícios, e que, apesar de todos os 
testes sorológicos e de compatibilidade doador-receptor, ainda há 
possibilidade de ocorrer reação transfusional, variando de uma 
simples urticária até a contaminação por agentes infecciosos e 
bacterianos. 
 Para melhor atendimento da Agência Transfusional, é necessário que 
a solicitação de hemocomponentes esteja devidamente preenchida, 
informando nome e registro do paciente no hospital, idade e sexo, 
indicação clínica da transfusão, medicamentos em uso, histórico de 
outras transfusões, CID do paciente, entre outras informações, para 
que se possa selecionar o melhor hemocomponente a ser 
transfundido. 
 
 As transfusões devem ser classificadas como: 
 Programada; 
 Não urgente; 
 Urgente; 
 De extrema urgência. 
Esta classificação é feita com o intuito de sinalizar a Agência Transfusional 
sobre a gravidade do paciente. Nos casos de extrema urgência, não há 
tempo suficiente para realizar os testes pré-transfusionais, portanto é 
preconizado transfundir hemocomponente GS/Rh O-(neg), enquanto os 
testes de compatibilidade são realizados. Caso alguma fase do teste seja 
incompatível, deve-se comunicar o médico assistente e interromper a 
transfusão imediatamente. 
 Toda transfusão sanguínea deve ser realizada durante, no máximo, 4 
horas, devendo a bolsa ser retirada e descartada caso atinja o tempo 
limite. 
 Nenhuma transfusão pode ser infundida em acesso venoso 
concomitante com qualquer tipo de medicação. 
Capítulo 1 
Considerações Gerais Sobre Transfusão Sanguínea 
 Pacientes com febre podem ser transfundidos e, para isso, devem ser 
medicados previamente à transfusão com antitérmico, e a febre deixa 
de ser um parâmetro avaliado para reação transfusional. 
 A utilização de equipo com filtro para retenção de partículas 
(exemplo: coágulos) é obrigatório, assim como a permanência do 
técnico de enfermagem à beira do leito durante os 10 primeiros 
minutos da transfusão. 
 
 
 
 O Comitê Transfusional é formado por um grupo de profissionais de 
diferentes especialidades com o intuito de definir e avaliar a prática 
hemoterápica e hemovigilância no Hospital. Dentre os membros do Comitê 
constam um médico hematologista, um médico cirurgião, um enfermeiro, 
um bioquímico e um assistente social. 
2.1 Funções do Comitê Transfusional 
 Melhorar as práticas hemoterápicas do Hospital; 
 Aumentar a segurança transfusional; 
 Reduzir os erros transfusionais; 
 Promover educação e atualização continuadas em hemoterapia. 
 Analisar as solicitações de hemocomponentes antes e/ou depois da 
liberação para uso. 
 Acompanhar o monitoramento das reações transfusionais; 
 Desenvolver protocolos para otimizar as condutas do serviço de 
hemoterapia. 
 Obedecer a exigência legal da Portaria 2712/2013 do Ministério da 
Saúde. 
 
 O Comitê Transfusional tem o dever de divulgar ao hospital, as suas 
funções, área de atuação, composição, rotina e como os profissionais 
poderao acessá-lo (fluxo de informações dentro de cada instituição). Deve 
se manter atualizado nos temas pertinentes a hemoterapia e 
hemovigilância. O CT deve contar com representantes médicos e 
enfermeiros dos serviços que frequentemente prescrevem transfusão. As 
reuniões do CT devem ser frequentes ( 1 por mês, no mínimo) e 
documentadas em ata. É de interesse do CT fazer a revisao critica da 
pratica hemoterapica na instituicao, tendo como objetivo final o uso seguro 
e racional do sangue. 
 
 
 
Capítulo 2 
Comitê Transfusional 
 
 
 A doação de sangue é um ato voluntário realizadono Hemocentro, no 
qual são retirados em média 450 ml de sangue do doador. Este 
procedimento tem duração de 30 minutos e compreende: triagem, 
preenchimento de formulário de consentimento e a doação propriamente 
dita. Cada doação de sangue total pode originar até 4 hemocomponentes 
diferentes, ajudando, consequentemente, 4 pacientes diferentes. 
 
3.1. Quem pode doar sangue: 
 Ter entre 16 anos e 65 anos (doadores entre 16 e 17 anos com 
consentimento formal do responsável legal) 
 Ter peso acima de 50 kg; 
 Se homem, não pode ter doado há menos de 60 (90) dias; 
 Se mulher, não pode ter doado há menos de 90 (120) dias; 
 Ter passado pelo menos três meses de parto ou aborto; 
 Não estar grávida; 
 Não estar amamentando; 
 Ter dormido pelo menos seis horas antes da doação; 
 Não ter feito tatuagem, piercing ou acupuntura há menos de um ano; 
 Não ter recebido transfusão de sangue ou hemoderivados a menos de 
um ano; 
 Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a 
doação; 
 Não ser portador de doenças infecto-contagiosas como sífilis, doença 
de chagas e HIV, Hepatite B e C; 
 Estar alimentado e com intervalo mínimo de duas horas após o 
almoço. 
 
3.2 Quem não pode doar sangue: 
• Tem ou teve um teste positivo para HIV, Hepatite B e C. 
• Teve hepatite após os 10 anos de idade. 
• Tem doença de Chagas. 
• Recebeu enxerto de duramater. 
• Teve algum tipo de câncer, incluindo leucemia. 
• Tem graves problemas no pulmão, coração, rins ou fígado. 
• Tem problema de coagulação de sangue. 
• É diabético com complicações vasculares.´ 
 É hipertenso grave. 
• Teve tuberculose extrapulmonar. 
• Já teve elefantíase, hanseníase, Calazar ou malária. 
• Se foi submetido a transplante de órgãos ou de medula óssea. 
 Teve contato com múltiplos parceiros ocasionais sem uso de 
preservativo. 
 
3.3 Impedimentos temporários: 
• Febre 
 • Gripe ou resfriado 
 • Gravidez 
Capítulo 3 
Doação de Sangue 
 • Pessoas que adotaram comportamento de risco para doenças 
sexualmente transmissíveis. 
 
 
 
 Os hemocomponentes são frações do sangue obtidas a partir de 
processos físicos como centrifugação e congelamento. Podem ser obtidos 
através de doação de sangue total ou doação por aférese. Os 
hemocomponentes se dividem em: concentrado de hemácias, plasma 
fresco, concentrado de plaquetas, concentrado de granulócitos e 
crioprecipitado. 
Os hemoderivados são produzidos em escala industrial através de processos 
químicos realizados a partir do plasma, de onde são retiradas e separadas 
proteínas específicas, como as proteínas de coagulação. Por exemplo: 
fatores de coagulação, imunoglobulina liofilizada e albumina. 
 
4.1. Concentrado de Hemácias 
O Concentrado de Hemácias é obtido a partir da centrifugação de uma bolsa 
de sangue total, removendo-se uma fração do plasma da massa 
eritrocitária. Apresenta volume entre 250 e 350 ml, contendo ainda 
pequena quantidade de plasma, leucócitos e plaquetas. Deve ser mantido 
em temperatura entre 2 a 6ºC. 
 
4.1.1. Indicações 
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser realizada para 
tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio (O2) aos 
tecidos. 
 O concentrado de hemácias é indicado para tratar ou corrigir anemia 
ou sangramento agudos do paciente. A solicitação baseia-se, 
geralmente, nos valores de hemoglobina e hematócrito. 
 
Valor de Hemoglobina Indicação 
Menor que 6,0g/dL É indicativo de transfusão devido ao risco de 
hipóxia tecidual. 
 
Maior que 10g/dL 
Não tem indicação de transfusão, a menos 
que haja sangramento ou outra patologia 
que a justifique. 
 
De 7 a 10g/dL 
Devem ser bem avaliados pelo médico 
assistente, devendo ser transfundido 
somente se o benefício for maior do que o 
risco para o paciente. 
 
 Em hemorragias, a transfusão de CH é recomendada após perda 
volêmica superior a 30% da volemia total; 
 Cada unidade de Concentrado de Hemácias aumenta, em média, 
1g/dL os níveis de Hemoglobina e 3% do hematócrito do paciente; 
 Deve ser transfundido em 2 horas, em média, a depender do quadro 
clínico do paciente; 
Capítulo 4 
Hemocomponentes e Hemoderivados 
 Velocidade de Infusão (Gotejamento): Nos primeiros quinze minutos da 
infusão, o gotejamento deve ser lento (em média 15 gotas/minuto), 
após este período ficará a critério médico, de acordo com o quadro 
clínico do paciente. 
 Obs.: Pacientes em tratamento com hemodiálise devem receber 
transfusão durante o procedimento para evitar sobrecarga 
volêmica. O Concentrado de Hemácias selecionado para este fim deve 
ser novo (no máximo 5 dias após a doação). 
 Caso o CH enviado ao Bloco Cirúrgico seja devolvido, deve-se deixá-lo 
em observação por 24 horas para verificar grau de hemólise das 
hemácias. 
 
4.1.2 Transfusão de CH em crianças 
 
Recém-nascidos até 4 meses de vida: 
 Considerar recém-nascido (RN) até 28 dias de vida; 
 RN < 1.200 g de peso: deve-se utilizar hemocomponentes 
leucorreduzidos ou não reagentes para CMV; 
 Volume a transfundir: 10 a 15 ml/kg de peso; 
 Só utilizar hemocomponentes coletados com menos de 5 (cinco) dias. 
 A transfusão de CH deve ser compatível com o soro materno, pois a 
expressão dos antígenos do bebê ainda está incompleta. A pesquisa de 
anticorpos irregulares (PAI) também deve ser feita com o soro da 
mãe; 
Crianças com mais de 4 meses de vida: 
 As transfusões devem ser ABO e RhD compatíveis com sangue da 
criança. 
 
4.1.3 Transfusão de extrema urgência 
 
É o tipo de transfusão em que não é possível aguardar o término dos testes 
pré-transfusionais pelo risco do paciente evoluir a óbito. É indicado utilizar 
concentrados de hemácias do tipo O negativo em crianças e mulheres em 
idade fértil, e O positivo em homens. Apesar do início das transfusões, é 
obrigatório continuar os testes pré-transfusionais e, caso haja alguma 
incompatibilidade, deve-se informar ao médico assistente e ele decidirá o 
risco/benefício de continuar a transfusão. 
 
4.1.4 Tipos 
 
 
Tipo de Concentrado de 
Hemácias 
 
Características 
 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
RICO EM LEUCÓCITOS (CH) 
Obtido por processo de separação do 
sangue total, após a doação sanguínea. 
Ideal para pacientes que serão 
transfundidos pela primeira vez, ou que 
nunca apresentaram reação 
transfusional. 
 
 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
POBRE EM LEUCÓCITOS (CHPL) 
Retiram-se mais de 90% dos leucócitos 
(leucorredução), com um filtro contido 
na bolsa plástica. Procedimento feito no 
Hemocentro. Sua obtenção é mais 
rápida do que CHF. Indicado para 
pacientes politransfundidos, com 
distúrbios hematológicos (Leucemias/ 
Linfomas), pediátricos e que já 
apresentaram reação transfusional a 
CH. 
 
 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
FILTRADAS (CHF) 
Retiram-se mais de 90% dos leucócitos 
(leucorredução), utilizando-se um filtro 
de bancada. Este hemocomponente 
pode ser utilizado na falta de CHPL. 
Processo realizado no Hemocentro. 
Indicado para pacientes 
politransfundidos, com distúrbios 
hematológicos (Leucemias/ Linfomas) e 
pediátricos e que já apresentaram 
reação transfusional a CH. 
 
 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
DESLEUCOCITADAS (CHD) 
Retiram-se 99,9% dos leucócitos 
(leucorredução), com um filtro contido 
na bolsa plástica. Procedimento mais 
rápido do que CHF. Pouca 
disponibilidade no Hemocentro. 
Indicado para pacientes 
politransfundidos, com distúrbios 
hematológicos (Leucemias/ Linfomas), 
pediátricos e que já apresentaram 
reação transfusional a CH. 
 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
LAVADAS (CHL) 
Retiram-semais de 99,9% dos 
leucócitos (leucorredução), e também 
as proteínas plasmáticas. Processo 
lento, feito no Hemocentro. Ideal para 
pacientes que apresentaram reação 
transfusional a PFC, CP e CRIO. 
 
4.2 Concentrado de Plaquetas 
 
 As plaquetas são derivadas dos megacariócitos, encontrados 
fisiologicamente na medula óssea. Atuam na fase primária da coagulação. 
São obtidas a partir da centrifugação do plasma e devem ser estocadas à 
temperatura ambiente (22ºC), sob agitação constante. O CP tem validade 
de 5 dias, contados a partir da doação. 
 
4.2.1 Indicações 
 A indicação de transfusão de plaquetas está associada à 
plaquetopenia devido à falência medular; 
 Transfundir sempre que houver contagem inferior a 10.000/l, se a 
contagem for inferior a 20.000/l com fatores associados, tipo: febre, 
hemorragias, alterações de hemostasia, queda rápida da contagem de 
plaquetas, quimioterapia. Procedimentos cirúrgicos são aconselhados 
somente com contagens superiores a 50.000/l. 
 A transfusão de plaquetas ABO incompatíveis pode ser feita, desde 
que seja administrado antialérgico previamente à transfusão; 
 Tempo de infusão deve ser de 30 minutos em pacientes adultos ou 
pediátricos; 
 CIVD; 
 Sangramento em pacientes com defeito qualitativo plaquetário; 
 Para transfusões profiláticas (contagem superior a 25.000/l): 
 Adultos > 55kg de peso: dose mínima de 8-10U de CP 
unitários ou 1 CPaférese; 
 Pacientes menores: dose de 1U de CP unitários para cada 
10kg de peso. 
 
4.2.2 Tipos de Concentrado de Plaquetas 
 Concentrado de plaquetas (CP): Obtido por processo de 
separação do sangue total. Apresenta volume de 50-60 mL. 
 Pool de Plaquetas (CPool): As plaquetas são extraídas da 
camada leuco-plaquetária de uma bolsa de sangue total, sendo 
agrupadas em pools de 4 a 5 unidades. Tem validade de 5 dias, 
assim como o CP randômico. Volume de 250-300 mL. 
 Concentrado de Plaquetaférese (CPAférese): Obtido de um 
doador único, reduzindo risco de reação transfusional. Processo 
especial de doação sanguínea, sendo necessário agendamento 
prévio com o Hemocentro. Cada doação equivale a 8-10 CP 
randômicas. Também tem validade de 5 dias. Volume médio de 
250 mL. 
 
 Situações especiais: 
 Dengue hemorrágica – transfusão de Concentrado de Plaquetas 
somente diante de hemorragia SNC. 
 Contra-indicações: 
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.); 
 Síndrome Hemolítica Urêmica; 
 Síndrome Helpp; 
 Púrpura Pós transfusional. 
 
 Equivalência de doses: 
 6 a 8 CP randômicos; 
 1 unidade de pool de concentrado de plaquetas obtidos a partir 
de 4 – 5 doações de sangue total; 
 1 unidade de concentrado de plaquetas obtida através de 1 
doação de aférese. 
 
4.3 Plasma Fresco Congelado 
 
 O plasma é uma fração do sangue composta primariamente de água, 
com cerca de 7% de proteínas e 2% de carboidratos e lipídeos. O chamado 
plasma fresco congelado é preparado a partir do sangue e congelado no 
período de 8 horas, após a coleta. Pode ser armazenado até um ano em 
temperaturas iguais ou inferiores a -18ºC. O volume de uma unidade de 
plasma congelado fresco é de 200-250 ml. É usado primariamente como 
terapêutica de substituição de fatores da coagulação em quantidade 
deficiente no paciente. 
 Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 24 horas, se 
mantido a temperatura de 2 a 6°C ou em 4 horas, se mantido em 
temperatura ambiente; 
 Descongelar em banho-maria, dentro de saco plástico limpo, a 37º C; 
 O tempo máximo de infusão deve ser de 1 hora; 
 Bolsas com aspecto leitoso (lipêmico) devem ser descartadas do uso 
para transfusão; 
 Caso não seja utilizado assim que descongelado, deve-se colocar o 
horário em que foi descongelado em etiqueta presa à bolsa. 
 
4.3.1 Indicações 
 Deficiência de fatores da coagulação, congênita ou adquirida (quando 
não se tem produto industrializado); 
 Hepatopatias; 
 Sangramento intenso com coagulopatia; 
 Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD); 
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.) 
 
4.3.2 Contra-indicações 
 Como expansor volêmico; 
 Em sangramentos sem coagulopatia; 
 Para correção de testes anormais de coagulação, sem sangramento; 
 Grandes queimaduras e septicemias; 
 
 
 
 
 
 
É proibida, pelo Ministério da Saúde, a utilização regular de Plasma em 
pacientes Hemofílicos, pois atualmente existem hemoderivados específicos 
para estes. 
 
 
Atenção: Não se justifica a utilização do plasma para se 
obter volume sangüíneo ou como fonte de proteínas, 
pois existem outros produtos específicos 
(industrializados) para estes casos! 
 
4.4 Crioprecipitado 
 
 É a fração insolúvel do plasma a frio. Obtido a partir do 
descongelamento até 4°C de uma unidade de PFC. Assim como o plasma, 
deve ser mantido em temperatura inferior a -18°C e validade de 1 ano. O 
volume varia de 10 a 20ml e contem, em média, 80 UI Fator VIII e 150 mg 
de fibrinogênio. Após o descongelamento, deve ser transfundido em até 4 
horas, se mantido em temperatura ambiente. Deve ser descongelado 
também a 37°C, acondicionado em bolsa plástica seca e limpa. Não pode 
ser recongelado. 
É composto por: 
 Fibrinogênio – 150mg; 
 Fator VIII – 80-120 UI; 
 Fator XIII – 20 a 30% da quantidade inicial; 
 Fator de Von Willebrand – 40 a 70% da quantidade inicial. 
4.4.1 Indicações: 
 Hipofibrinogenemia; 
 Disfibrinogenemia; 
 Doença de Von Willebrand, quando não houver o fator 
industrializado; 
 Deficiência de fator VIII, quando não houver o fator industrializado. 
 
4.5. Hemoderivados 
 São medicamentos produzidos em escala industrial, obtidos a partir 
do plasma sanguíneo. São utilizados para doenças como: 
 Hemofilia 
 Doença de Von Willebrand 
 Coagulopatias raras 
 Imunodeficiência primária. 
 Os tipos mais freqüentes de hemoderivados disponíveis no Brasil são: 
 Albumina: para pacientes queimados, com cirrose e de UTI’s. 
 Complexo protombínico: conjunto de proteínas que atua na 
coagulação sanguínea, indicado para o tratamento de alguns casos de 
hemofilia A e B e de pacientes com sangramento devido à cirrose 
hepática. Também pode ser usado no processo de recuperação de 
pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes e apresentam 
hemorragias. 
 Fator VIII: proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas 
com hemofilia A. 
 Fator IX: Proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas 
com hemofilia B. 
 Fator de von Willebrand: proteína de coagulação indicada para o 
tratamento da doença de von Willebrand. 
 Imunoglobulina: hemoderivado de maior consumo no mundo, 
empregado no tratamento de pessoas com Aids e outras deficiências 
imunológicas, além de doenças autoimunes e infecciosas. 
 
 
 
 
O conhecimento e análise do consumo de hemocomponentes pelo paciente 
submetido à intervenção cirúrgica são de fundamental importância para que 
a Agência Transfusional (AT) do Hospital possa prover um serviço 
transfusional rápido, eficaz e seguro. 
 Tal consumo é bastante variável para cada cirurgia, portanto é 
necessário que cada serviço realize um levantamento do número de 
hemocomponentes utilizados em cada procedimento e elabore uma tabela. 
Estes números servirão como guia no momento da solicitação de 
hemocomponentes para reserva cirúrgica, evitando gastos excessivos com 
compatibilizações desnecessárias e comprometimento do estoque da AT. 
 Abaixo, apresentamos a tabela disponibilizada pelo Hospital Sírio 
Libanês, elaborada e publicada em 2010 por seu Comitê Transfusional 
Multidisciplinar. 
 Tendo em mente que em cadaregra há exceções, e que os pacientes 
são individualizados, alterações podem e devem ser feitas, sempre que 
necessário. 
 Considerando-se exclusivamente a utilização de concentrado de 
hemácias para cada cirurgia, pode-se classificar a mesma pelo índice de 
pacientes transfundidos (IPT): 
 
 
 IPT= nº de pacientes transfundidos x 100 
 nº de cirurgias realizadas 
 
 Quando IPT for maior que 10%, recomenda-se a compatibilização de 
sangue previamente à cirurgia (número de unidades compatibilizadas será 
determinado pela média utilizada por paciente); quando for entre 1 e 10%, 
recomenda-se que seja realizada a tipagem sanguínea (TS) previamente; 
quando for menor que 1%, não se recomenda qualquer preparo 
hemoterápico prévio. 
Exceção a este último grupo ocorre em casos sabidamente complexos ou 
cirurgias em que a demora em prover hemocomponentes pode resultar em 
óbito, portanto, justificando algum preparo hemoterápico prévio. 
 
 Orientações básicas: 
 A solicitação de tipagem sanguínea e componentes de reserva devem 
ser feitas no intervalo mínimo de 48 h pela equipe cirúrgica, com 
assinatura e carimbo do médico, na Requisição de Transfusão. No 
campo INDICAÇÃO DA TRANSFUSÃO/ DIAGNÓSTICO, especificar que 
se trata de reserva para procedimento cirúrgico (especificar o tipo de 
cirurgia), data e hora agendados para a cirurgia. 
Capítulo 4 
Hemocomponentes e Hemoderivados 
 Caso a cirurgia seja antecipada ou adiada, é imprescindível que a 
Agência Transfusional seja notificada, para realização dos testes pré-
transfusionais ou retirada dos hemocomponentes reservados, 
respectivamente. 
 A reserva cirúrgica garante ao médico e ao paciente segurança no 
intra e pós-operatório, mas é importante que o médico se lembre que no 
momento em que um hemocomponente está reservado para um, outros 
pacientes serão privados deste, portanto deve-se pedir com cautela e bom 
senso os tipos e quantidades de hemocomponentes para reserva. 
 Desta forma, a recomendação atual de preparo hemoterápico para 
diversas cirurgias é apresentada na Tabela I: 
 
CIRURGIA PROPOSTA 
Aneurisma Aorta Torácico 3 
Aneurisma Aorta Abdominal 3 
Aneurisma Aorta Abdominal Endoprótese 1 
Aneurisma Aorta Abdominal Roto 4 
Aneurisma Aorta Tóraco Abdominal 4 
Aneurisma Aorta Tóraco Abdominal Roto 4 
Abdominoplastia 0 
Adenoamidalectomia 0 
Adrenalectomia TS 
Amputação de perna Depende do 
paciente 
Anastomose bileo digestiva biliodigestiva TS 
Angioplastias (femural, ilíaca, poplítea, renal..) TS 
Artrodese de Coluna TS 
Artroplastia de Ombro 0 
Artroplastia temporo mandibular 0 
Artroplastia total joelho TS 
Atresia de Vias Biliares Depende do 
paciente 
Biópsia de mama com congelação 0 
Biópsia Hepática por Vídeo TS 
Biópsia pulmonar a céu aberto TS 
Biópsia renal laparoscópica 0 
Broncoscopia rígida 0 
Cardíaca congênita 3 
Cardíaca válvula 3 
Cervicotomia exploradora TS 
Cistectomia Parcial 1 
Cistectomia radical 3 
Cistectomia radical + reservatório ileal 3 
Cistoprostatectomia 3 
Cistoprostatectomia radical + neo bexiga ileal 3 
Cistostomia 0 
Colecistectomia 0 
Colectomia Depende do 
paciente 
Colectomia laparoscópica TS 
Colocação de perm-cath Depende do paciente 
Colocação de porto-cath Depende do paciente 
Colpoperineorafia 0 
Cordotomia 0 
Correção de escoliose 0 
Correção de eventração abdominal TS 
Correção de fistula anal 0 
Correção de pectus escavado TS 
Cranioestenose 1 
Cranioplastia TS 
Craniotomia para hematoma intra parenquimatoso TS 
Craniotomia para hematoma subdural 1 
Craniotomia para aneurisma 1 
Craniotomia para tumor TS 
Criptorquidia 0 
Curetagem uterina 0 
Decorticação pulmonar TS 
Descompressão de coluna cervical TS 
Divertículo uretral 0 
Drenagem pericárdio por vídeo 1 
Duodenopancreatectomia 1 
Derivação Ventrículo Peritoneal 0 
Embolectomia vascular/ Exploração arterial TS 
Endarterectomia de carótida 0 
Enterectomia laparoscópica TS 
Enucleação de olho 0 
Enucleação de tu renal TS 
Enxerto de pele 0 
Enxerto ósseo 0 0 
Enxerto vascular (femural, poplíteo, ilíaco) 1 
Esofagectomia 3 
Esofagogastrectomia 3 
Esofagogastrofundoplicatura TS 
Esofagogastroplastia TS 
Esplenectomia Depende do 
paciente 
Exerese de cisto de ovário 0 
Exerese de nódulo de mama 0 
Exerese de paraganglioma TS 
Fechamento Comunicação Inter Ventricular pós Infarto Agudo do 
Miocárdio 
2 
Fechamento de ileostomia 0 
Filtro de cava 0 
Fístula arteriovenosa 0 
Gastrectomia parcial Depende do 
paciente 
Gastrectomia sub total 2 
Gastrectomia total 2 
Gastroenteroanastomose TS 
Gastroplastia 1 
Gastroplastia com banda gástrica 0 
Glossectomia TS 
Hemicolectomia 2 
Hemipelvectomia 3 
Hemorroidectomia 0 
Hepatectomia 3 CH+ 03 PFC ( a 
depender do 
paciente) 
Hérnia abdominal incisional 1 
Hérnia de hiato 0 
Hérnia inguinal 0 
Hipofisectomia transesfenoidal TS 
Histerectomia laparoscópica 0 
Histerectomia Vaginal 0 
Histerectomia Total Abdominal 1 
Implante de marcapasso 0 
Laminectomia TS 
Laparoscopia diagnóstica TS 
Laparoscopia ginecológica 0 
Laparotomia exploradora 1 
Laparotomia ginecológica TS 
Laringectomia total 1 
Linfadectomia inguinal, ilíaca, pélvica 0 
Linfadenectomia retroperitoneal 1 
Lipoaspiração 0 
Lobectomia 1 
Lombotomia exploradora 0 
Mamoplastia 0 
Mandibulectomia TS 
Mastectomia TS 
Mastectomia radical 1 
Mastoidectomia 0 
Mediastinoscopia 0 
Miomectomia 0 
Nefrectomia TS 
Nefrectomia radical 2 
Nefrolitotripsia 0 
Nefroureterectomia TS 
Neurólise 0 
Orquiectomia 0 
Osteossíntese (úmero, tíbia) 0 
Osteossíntese de fêmur 1 
Osteotomia 0 
Otoplastia 0 
Pancreatectomia corpocaudal 2 
Paratireoidectomia 0 
Parotidectomia 0 
Pericardiectomia TS 
Perineoplastia 0 
Pieloplastia 0 
Piloroplastia laparoscópica 0 
Pleuroscopia 0 
Postectomia 0 
Prostatectomia 1 
Prostatectomia radical 2 
Prótese de esôfago 0 
Prótese de Thompson TS 
Prótese total de quadril 1 
Quadrantectomia 0 
Reimplante ureteral 0 
Ressecção de costela TS 
Ressecção de nódulo hepático Depende do 
paciente . 
Ressecção de nódulo pulmonar Depende do 
paciente 
Ressecção de nódulo de mama 0 
Ressecção de tu de mediastino 2 
Ressecção de tu de parede abdominal 1 
Ressecção de tu de pelve 2 
Ressecção de tu de vagina e reto 1 
Ressecçao de tu endobronquico TS 
Ressecção de tu intra abdominal 2 
Ressecção de tu nasal 0 
Ressecção tu vulva 0 
Retosigmoidectomia 1 
Retosigmoidectomia laparoscópica 1 
Revascularização de miocárdio 2 
Revisão de prótese total de joelho TS 
Revisão de prótese total de quadril 2 
Rinoplastia 0 
Ressecção transureteral de bexiga 0 
Ressecção transureteral de próstata TS 
Safenectomia 0 
Segmentectomia pulmonar Depende do 
paciente 
Setorectomia de mama 0 
Simpatectomia torácica, lombar 0 
Timectomia TS 
Tireodectomia Depende do 
paciente 
Toracofrenolaparotomia 2 
Toracotomia exploradora 1 
Toracoscopia TS 
Transplante de fígado doador TS 
Transplante de fígado receptor Depende do 
paciente ( 
Necessidade 
de 04 + 04 
PFC) 
Transplante de rim doador TS 
Transplante de rim receptor 1 
Ureterolitotripsia 0 
Uretrocistopexia 0 
Uretrotomia interna 0 
Vaginectomia TS 
Varizes bilateral 0 
Vasectomia 0 
Vulvectomia TS 
Retirada extensa de tumor 2 
Retirada extensa de tumor com quimioterapia hipertérmica 4 
 
 
 
 A reação transfusional é toda intercorrência que ocorra com o 
paciente durante ou após sua administração. Pode ser classificada em aguda 
ou crônica, e imune ou não imune, e pode ser classificada de acordo com 
sua gravidade. Lembramos que reações às transfusõespodem ocorrer, 
mesmo obedecendo todas as normatizações, além da indicação precisa e 
administração correta dos hemocomponentes. 
 Tabela 2: Tipos de reações transfusionais. 
REAÇÃO 
TRANSFUSIONAL 
IMUNE NÃO IMUNE 
AGUDA 
< 24 horas 
Reação febril não hemolítica Contaminação 
bacteriana 
Reação febril hemolítica Hipotensão por 
inibidor ECA 
Reação alérgica: leve, 
moderada e grave 
Sobrecarga de volume 
 
TRALI Hemólise não imune 
Embolia aérea 
hipotermia 
hipocalcemia 
CRÔNICA 
> 24 horas 
Aloimunização eritrocitária Hemossiderose 
 
Reação enxerto x hospedeiro 
Aloimunização plaquetária 
Purpura pós transfusional Doenças infecciosas 
Imunomodulação 
Hemólise 
 
 De acordo com a gravidade da reação: 
 Ausência de risco à vida: baixa gravidade, sem ameaça a vida; 
Capítulo 5 
Reação Transfusional 
 Morbidade em longo prazo: gravidade moderada, com ou sem 
ameaça à vida. 
 Risco à vida: alta gravidade; ameaça imediata à vida, sem óbito; 
 Óbito: morte decorrente da reação transfusional. 
 
5.1. Conduta Clínica 
 Toda reação transfusional deve ser seguida de alguns procedimentos 
básicos, assim que observada: 
 Interromper imediatamente a transfusão; 
 Abrir o acesso venoso de soro fisiológico 0,9%; 
 Comunicar ao médico assistente ou plantonista; 
 Verificar e registrar em prontuário os sinais vitais do paciente; 
 Verificar todos os registros, formularios e identificacao do receptor. 
 Verificar a beira do leito, se o hemocomponente foi corretamente 
administrado ao paciente desejado. 
 Comunicar a Agência Transfusional (caso tenha sido observada pela 
equipe de enfermagem da internação); 
 Caso seja confirmada a reação, registrá-la no formulário de reação 
transfusional da NOTIVISA; 
 Colocar um aviso na AT sobre a reação e que as próximas transfusões 
devem ser realizadas com CHPL, CHD ou CHL, dependendo do tipo de 
reação. 
 
5.2. Prevenção 
 Treinamento dos profissionais da saúde quanto as normas de coleta e 
identificação de amostras e do paciente. 
 Avaliação criteriosa da indicação transfusional. 
 Avaliação das transfusões “de Urgência”. 
 Realizar uma história pré-transfusional detalhada, incluindo 
diagnóstico e tratamentos anteriores. 
 Atenção em todas as etapas relacionadas a transfusão. 
 Atenção redobrada na conferência da bolsa e do paciente a beira do 
leito. 
 Infusão lenta nos primeiros 50ml. 
 Após a reação, utilizar somente CHPL, CHD ou CHL nas próximas 
transfusões, a depender do tipo de reação observada. 
 
5.3. Tipos mais frequentes de reação transfusional 
 Reação Hemolítica Aguda: é a reação mais grave e põe em risco a 
vida do paciente, devido à hemólise intravascular. Está relacionada 
normalmente à incompatibilidade ABO e pode ocorrer devido a erros 
na identificação da amostra de sangue para classificação sanguínea, 
identificação errada da bolsa de sangue ou erro na identificação do 
paciente. Os sintomas mais comuns são: febre, calafrios, dor lombar 
e no local da punção venosa, hemoglobinúria, dificuldade respiratória, 
hipotensão e choque. Ainda pode haver CIVD e insuficiência renal. 
Coobs direto positivo, discrepância de GS/Rh entre paciente e bolsa e 
hemoglobinúria são achados que auxiliam no diagnóstico. Deve-se 
hidratar o paciente, acompanhando a diurese, e corrigir a CIVD com 
hemocomponentes. 
 Reação febril não-hemolítica: é o tipo mais frequente de reação. Pode 
ser associada à febre e calafrios. Geralmente ocorre em pacientes 
politransfundidos, devido aos anticorpos contra antígenos 
leucocitários do CH e citocinas. Antitérmicos e meperidina são 
utilizados para debelar a febre e o calafrio, respectivamente. Para 
prevenir o aparecimento de outras reações deste tipo, recomenda-se 
transfundir hemocomponentes desleucocitados ou filtrados. 
 Reação anafilática: reação de hipersensibilidade imediata, mediada 
por IgE. O alérgeno é algum anticorpo presente no plasma do doador. 
Normalmente ocorre nos primeiros minutos da transfusão, e os 
sintomas mais comuns são tosse, broncoespasmo, insuficiência 
respiratória, síncope, choque, náusea, dor abdominal hipotensão, e 
até óbito. Interromper imediatamente a transfusão, e utilizar 
adrenalina e anti-histamínicos são indicados no tratamento da 
reação. Deve-se lavar o CH para retirar o máximo possível de 
anticorpos plasmáticos. 
 Reação alérgica: reação decorrente de alergia do receptor a alguma 
substância no plasma do doador, mediada por anticorpos anti-IgE ou 
anti-IgG. Os sintomas mains comuns são: urticária, rash cutâneo, 
prurido e febre. Para tratar, deve-se utilizar anti-histamínicos, e estes 
também podem ser utilizados antes das próximas transfusões. 
 TRALI - Lesão Pulmonar Aguda Realacionada à Transfusão: reação 
associada a várias etiologias, como: transfusão de anticorpos 
dirigidos contra o sistema HLA ou antígenos neutrofílicos que reagem 
com leucócitos e plaquetas do receptor, levando a uma sequência de 
eventos que aumento a microcirculação pulmonar, permitindo a 
passagem de líquido para os alveólos. Demora em média 4 a 6 horas 
para aparecer, caracterizada por insuficiência respiratória grave com 
febre, dispnéia e choque. Deve-se interromper a transfusão 
imediatamente, iniciar suporte de oxigenoterapia e acompanhamento 
em UTI de suporte, se possível. É importante utilizar CHL sempre que 
possível para reduzir o número de anticorpos plasmáticos. 
 Outra reações transfusionais podem ser observadas, mas devido a 
sua menor frequência, não serão relatadas neste manual. 
Tabela 4: Reções transfusionais imediatas. 
REAÇÃO SINAIS/SINTOMAS CONDUTA 
CLÍNCA 
PREVENÇÃO 
Reação 
Hemolítica 
Aguda 
Febre, Tremores 
Calafrios, Hipotensao 
Taquicardia 
Dor (torax, local da infusao, 
abdome, flancos) 
Hemoglobinúria 
I.Renal e CID 
Hidratacao (manter 
diurese 100ml/h). 
Cuidados de terapia 
intensiva. 
Seguir rigorosamente 
todas as normas 
preconizadas desde a 
coleta ate a transfusao. 
Reação Febril 
Não Hemolítica 
Febre (≥ 1°C) 
Calafrios, tremores 
Antipireticos no caso 
de 
calafrios intensos 
Meperidina 
Pre-medicação com 
antipireticos Produtos 
desleucocitados para 
casos recorrentes. 
Reação Alérgica 
Leve ou 
Moderada 
Prurido, Urticaria, Eritema, 
Papulas, Tosse, 
Rouquidao,Dispneia, 
Sibilos, Nauseas e vomitos, 
Hipotensao e choque 
A maioria das 
reacoes e benigna e 
pode cessar sem 
tratamento. 
Anti-histaminicos 
Nada ate premedicar 
com antihistaminicos. 
Se RA leve pode 
reinstalar o componente. 
Reação Alérgica 
Grave 
(Anafilática) 
Prurido 
Urticaria 
Eritema 
Papulas 
Rouquidao, tosse 
Broncoespamo 
Hipotensao e choque 
Instituir cuidados de 
terapia intensiva 
(epinefrina, 
antihistaminicos, 
corticosteroide) 
Componentes celulares 
lavados ou deficientes 
em IgA. 
TRALI 
(Injúria pulmonar 
relacionada a 
transfusão) 
Qualquer insuficiencia 
respiratoria aguda 
relacionada a transfusao 
(ate 6 horas após) e febre 
Suporte respiratorio Não há unanimidade. 
Evitar uso de plasma 
feminino e relacionado 
Sobrecarga 
volêmica 
Dispneia, cianose. 
Taquicardia, hipertensao. 
Edema pulmonar 
Suporte de O2 e 
diureticos 
Aliquotar o 
hemocomponente 
Diuretico previo. 
Contaminação 
Bacteriana 
Tremores intensos Calafrios 
Febre alta 
Choque 
Instituir cuidados de 
terapia intensiva 
Antibiotico de amplo 
espectro 
Seguir rigorosamente 
todas as normas 
preconizadas desde acoleta ate a transfusao 
Hipotensão 
por inibidor da 
ECA 
Hipotensao, rubor Ausencia 
de febre, calafrios ou 
tremores. 
Suspender o inibidor 
Terapia de suporte se 
necessario 
Utilizar componente 
filtrado no laboratorio 
Investigar uso de 
ECA. 
Hemólise Não- 
Imune 
Oligossintomatica 
Atencao a presença de 
hemoglobinuria e 
hemoglobinemia 
Terapia de suporte se 
necessario 
Seguir rigorosamente 
todas as normas 
preconizadas da 
coleta a transfusao. 
Hipocalcemia Parestesia, tetania, arritmia Infusao lenta de 
calcio com 
Monitorizacao dos 
niveis de calcio em 
monitorização 
periodica dos niveis 
séricos 
quem recebe transfusao 
macica 
Embolia Aérea Dispneia e cianose subita, 
dor, tosse, hipotensao, 
arritmia cardiaca 
Deitar paciente em 
decubito lateral 
esquerdo, com as 
pernas acima do 
tronco e da cabeca. 
Nao utilizar infusão sob 
pressao se sistema 
aberto 
Hipotermia Desconforto, calafrios, 
queda da temperatura, 
arritmia cardiaca e 
sangramento por alteracao 
da hemostasia 
Diminuir o tempo de 
infusao 
Aquecimento dos 
globulos vermelhos 
e/ou plasma 
 
Aquecer o 
hemocomponente 
(GV ou PF) se previsto 
infusao acima de 
15ml/kg/ hora por mais 
de 30 minutos. 
REFERÊNCIAS 
 
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Boletim de 
Hemovigilância nº 5. Outubro de 2012. Copyright. 2012. 
BORDIN, J.O., JÚNIOR, DML., COVAS, DT. HEMOTERAPIA - Fundamentos 
e Prática. São Paulo:Atheneu, 2007. 
BRASIL Portaria 1353/MS, de 13 de junho de 2011. Aprova o regulamento 
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<http://portal.saude.gov.br> Acesso em 23 jun 2014. 
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COMITÊ TRANSFUSIONAL MULTIDISCIPLINAR. Guia de Condutas 
Hemoterápicas Hospital Sírio-Libanês. 2. ed. 2010. 
FUNDAÇÃO HEMOMINAS. Hemoterapia - Condutas para a Prática Clínica. 
Rede Editora Gráfica Ltda. 2010. 
HARDY JF. Current status of transfusion triggers for red blood cell 
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LORENZI, TF. Manual de Hematologia – Propedêutica e Clínica. Guanabara 
Koogan. 4ª Ed. 2006. 
MINISTÉRIO DA SAUDE, Secretaria de Atenção à Saúde. Guia para uso de 
Hemocomponentes. Brasília-DF. 1. ed. 2010.

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