Buscar

FMU Teoria do Direito Regimental Perguntas

Prévia do material em texto

PROVA REGIMENTAL – TEORIA DO ORDENAMENTO
Separação dos Poderes:
Distribuição de competências, autoridade e legitimidade das funções de exercício de Governo (no sentido lato). No parlamentarismo observa-se a divisão em Legislativo, com as funções executivas a si subordinadas, e Judiciário. No presidencialismo, observa-se a tripartição do Poder em Legislativo, Executivo e Judiciário, respeitado o sistema de freios e contrapesos que permite mínima e cirúrgica interferência do Judiciário, na qualidade de guardião da Constituição.
Definição de lei
Regra jurídica emanada de autoridade competente, segundo rito prévia e juridicamente estabelecido, com o objetivo de regular comportamentos numa determinada sociedade, em regra, de validade geral mediante a eventual aplicação de sanção positiva ou negativa (BOBBIO, 2012) em caso de tipificação da situação prevista.
Fases de aprovação da lei
Em ambas as Casas, ocorrem ambas as fases abaixo:
FASE DAS COMISSÕES
Comissões temáticas em ambas as casas apreciam o projeto de lei, corrigindo sua forma, verificando sua matéria, examinando a constitucionalidade do projeto, bem como eventuais antinomias, lacunas e direitos exclusivos que a mesma possa gerar. Ademais, permitem uma discussão mais ampla, técnica e franca, dando espaço para expressão de posições de representatividade minoritária, além de adiantar as matérias para as bancadas familiarizarem e posicionarem-se. Os seus pareceres não têm o poder de interromper o processo de tramitação, servindo tão somente como orientação a ser apresentada em plenário: aprovação sem restrições, aprovação com alterações ou rejeição.
FASE DO PLENÁRIO 
Na fase do Plenário, há apresentação de pareces de comissões, discussão, alteração de texto e votação do projeto. Quando aprovado na casa que recebeu a proposição do projeto, passa para a próxima casa. Se rejeitado na primeira casa, vai para arquivo, se rejeitado na segunda casa, volta para a primeira. Se aprovado em ambas as casas, projeto vai para sanção presidencial. Se sancionado, ocorre o fenômeno da promulgação, e o projeto vira lei, sendo publicado ato contínuo na primeira oportunidade na imprensa oficial, passando a ter validade após transcorrido o período previsto de vacatio legis.
Sanção – expressa e tácita:
A sanção presidencial, diferentemente do veto, é a aprovação dada pelo Presidente da República a um projeto de lei, aprovado em ambas as casas do Congresso. Após receber o projeto aprovado, o Presidente tem até 15 dias para pronunciar-se, sancionando expressamente ou vetando o projeto. A ausência de pronunciamento do Presidente configura a uma sanção tácita do projeto. A sanção expressa e a sanção tácita levam identicamente à promulgação da lei, não havendo distinção no efeito de aprovação da lei.
Promulgação
Fenômeno que ocorre, em regra, após sanção presidencial, que transforma em lei o projeto aprovado em ambas as casas, levando à publicação da lei pela imprensa oficial na primeira oportunidade. Também é promulgada a lei que, após veto presidencial, é aprovada por maioria absoluta em sessão conjunta de ambas as casas, processo conhecido como derrubada de veto presidencial. Neste caso, o presidente, que não mais pode vetar a lei, tem 48 horas para promulgá-la. Em ficando inerte, cabe ao Presidente do Senado e, a seguir a seu vice a tarefa de promulgação.
Explique vacância
A vacância da lei, ou vacatio legis, é o período que transcorre entre a publicação de uma lei e sua entrada em vigência, momento a partir do qual passa a produzir efeitos. Durante a vacância, a lei tem validade, porém não tem vigência e não produz efeitos. O vacatio legis deveria pode ser determinado explicitamente pelo legislador ou, caso não seja explícito, será por default 45 dias corridos, ocorrendo o início da vigência em todo o território nacional às 0h (horário de Brasília) do primeiro dia após o final do prazo. No exterior, o prazo será de 3 meses.
O que é inafastabilidade da Lei
O princípio da inafastabilidade rejeita o instituto de non liquet romano, pelo qual o magistrado poderia escusar-se de proferir sentença na ausência de lei que versasse sobre a matéria. No Brasil, o princípio imperativo é que TODO caso será julgado, com ou sem previsão para a matéria no ordenamento, tipificando-se ou não ou eventos fáticos. O ordenamento, como diz Bobbio, apresenta um paradoxo: é lacunoso e é não-lacunoso. Os mecanismos de integração previstos no Art. 4 da LINDB determina que, na ausência de lei, buscará o julgador resolver o caso por analogia (verificada, claro, a mesma ratio legis). Na ausência destes, pode o magistrado buscar nos costumes e, em nada encontrando, buscar nos princípios gerais do Direito a fundamentação interpretativa necessária. No Brasil a equidade não é uma fonte integradora, porém está prevista em suas formas legal e judicial.
Diferença entre sentença e acórdão
Sentença é a decisão de um único julgador, em primeira instância ou grau.
Acórdão é a decisão de órgão colegiado em segunda instância ou superior.
Súmula
Síntese jurisprudencial, de aplicação facultativa em respeito ao princípio da livre convencimento motivado do magistrado, gerada por um Tribunal, com base em entendimento pacificado do mesmo acerca de matérias semelhantes, reiteradamente apreciadas.
sumula vinculante
Entendimento pacificado de 2/3 do pleno do STF sobre matéria constitucional, publicado em órgão da imprensa oficial, com efeito imediato e imperativo após sua publicação, restringindo a latitude interpretativa do Poder Judiciário e impondo limite negativo de atuação da administração direta e indireta em todas as esferas: federal, estadual e municipal. Ex: SV 25 - prisão d depositário infiel
Diferença de lei e jurisprudência
Argumentação de decisões proferidas por certos tribunais, reiteradamente ou não, eventualmente utilizada como referência interpretativa pelo magistrado na apreciação de caso distinto, porém semelhante. É uma fonte secundária de Direito. Segundo Maria Helena Diniz, também pode desempenhar o papel de fonte costumeira de integração de lacunas.
Costume
Longa prática social geral e constantemente repetida por crença em sua necessidade, que revela valores basilares da Sociedade.
3 formas de costume
CONSUETUDO SECUNDUM LEGEM
Utilização do Direito conforme previsão expressa do legislador. Por exemplo, a data de pagamento de aluguel, quando não explicitado em contrato, conforme constume do lugar. Costume segunda a Lei.
CONSUETUDO PRAETER LEGEM
Costume integrador de lacunas, previsto no Art. 4 da LINDB para o caso de não haver lei específica para o caso e não se possa resolver a lacuna por analogia. Copstume à margem da Lei.
CONSUETUDO CONTRA LEGEM
Costume em direta oposição ao ordenamento jurídico que, mesmo assim, quando interpretado, adota primazia sobre este. É o caso da compra de gado em Barretos no “fio do bigode” e do cheque pré-datado.
INTERPRETAÇÃO AMPLIATIVA COMO MEIO DE INTEGRAÇÃO
A interpretação ampliativa ocorre quando o magistrado examina uma norma e conclui que o alcance da mesma não é suficiente para tingir o objetivo desejado, sendo necessário, nas palavras de Kildare Gonçalves, “elastecer” o alcance da mesma. Um exemplo seria interpretar uma proibição de entrada de cachorros como valendo para outros animais. Conversamente, ao examinar um caso, o magistrado pode concluir que a noma tem alcance amplo demais, aplicando o método inverso: a interpretação restritiva. No caso acima, seria permitir acesso a cães-guia em companhia de pessoas com restriçoes de visão, restringindo o alcance para atingir o objetivo.
Doutrina como fonte de Direito
A doutrina, teorias e teses de notórios pensadores do Direito, é, no ordenamento jurídico brasileiro, uma fonte secundária de Direito. Segundo MHD (DINIZ, 2017, p. 89), a doutrina também pode ser usada como meio de integração, desempenhando o papel de costume jurídico.
SISTEMA JURÍDICO
Conjunto de normas jurídicas de comportamento, visando regular o comportamento de uma Sociedadee de seus membros. 
SISTEMA ABERTO OU FECHADO
Determina o grau de permeabilidade à influência externa que um sistema jurídico apresenta. Quanto mais aberto for, maior será a interação dialógica ordenamento-realidade social, apresentando plasticidade para conformar-se à necessidade de mudança. Em contrapartida, o sistema dito “fechado” apresenta-se blindado a mudanças. Na teoria tridimensional de Reale, seria uma dimensão normativa rígida e imutável ou de difícil mudança, desinteressada em moldar-se a mudanças nas dimensões fática e axiológica.
SISTEMA COMPLEXO
A medida da complexidade de um ordenamento é diretamente proporcional (termo usado em acepção geométrica) à quantidade de fontes de Direito que admite, bem como à heterogeneidade das mesmas. Um ordenamento que, como é o caso do brasileiro, aceite múltiplas fontes de Direito, jusnaturalistas e juspositivistas, é um ordenamento complexo, sem prejuízo, segundo Bobbio, para sua unidade.
Civil Law
O termo civil law deriva sua etimologia de civilis, aquilo que é pertinente ao cidadão, e é o modelo de ordenamento que dá primazia à normatividade positivada enquanto fonte de Direito. Sofre forte influência formal da produção jurídica romana do final da Antiguidade, especialmente do Corpus Juris Civilis de Justiniano, que foi reintroduzido na Europa medieval pela Universidade de Bolonha a partir do final do século XI, tendo encontrado receptividade durante a consolidação da Alemanha imperial (dinastia Hohenzollern) do final do século XIX. Também chamado de direito romano ou direito romano-germânico, é adotado em aproximadamente 150 Estados.
Classificação do sistema jurídico brasileiro
Aberto
Complexo
Hierarquizado
Originalmente civil law (há quem diga que está se hibridizando)
Hierarquia das leis
Lex superior derogat legi inferiori
Princípio de hierarquização das normas, em regra em consonância com a ideologia constitucionalista, visando oferecer técnica de solução de certas antinomias. Em que pese haver exceções, principalmente no caso de legislação especial inferior considerada benéfica pela aplicação do princípio pro homine, estabelece que, em regra, a lei constitucional tem primazia sobre todas as outras espécies normativas infraconstitucionais e que a Lei Ordinária tem precedência sobre atos normativos.
Emenda
Espécie normativa, de deliberadamente dificultado processo de aprovação, que altera o texto constitucional. Deve ser aprovada por 3/5 em Plenário em ambas as casas, duas vezes em cada uma, não podendo as segundas votações ocorrerem com menos de 5 sessões de diferença da primeira. Tem o mesmo peso, força, hierarquia e imperatividade que têm as normas contidas no texto estabelecido pelo poder constituinte originário.
Lei DELEGADA E MEDIDA PROVISÓRIA
Ambas são espécies normativas geradas pelo Presidente da república, porém há significativa diferença na gênese e na vigência de ambas.
A Lei Delegada é uma espécie normativa pela qual o Legislativo delega ao Presidente da República o poder, a autoridade e a legitimidade, tornando-o autoridade competente para produção legal autônoma específica. 
A medida provisória é uma espécie normativa que o Presidente da república pode utilizar em caso de urgência e relevância material. A regra é criada pela Presidência, sem consulta ou intereferência do Legislativo, e tem vigência de 60 dias, prorrogáveis pelo Congresso por mais 60. Pode ser transformada em lei pelo Congresso.
RESOLUÇÃO
Ato normativo criado pelo Congresso que gera efeitos internos, apenas para o Congresso.
INTERPRETAÇÃO LEGAL
A interpretação legal busca analisar o texto de uma lei para estabelecer o alcance e o objetivo que o legislador quis dar a esta.
A interpretação jurisprudencial examina casos, buscando revelar a fundamentação da argumentação de sentenças passadas em casos que apresentem relevante semelhança com o caso em questão.
A interpretação teleológica busca compreender o fim de uma lei, costume, jurisprudência, etc, na linha de Ihering e do utilitarismo de Bentham. O escopo vai além da analisa MEIO- FIM – ORDENAMENTO do devido princípio legal.
Interpretação semântica é a análise ao pé da letra do texto escrito, aplicando abordagem exegética. Mesmo assim, faz parte do processo hermenêutico como todas as técnicas anteriores.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes