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SÉCULO XVI Professor: Milton Ribeiro Equipe: Sandra Helida Lauriene Mariane Adriane Portugal tinha seus negócios na África e na Ásia. Colonizar o Brasil seria um processo gigantesco e levaria tempo. Inicialmente, Portugal marcou a posse da terra. Em 1503, fundou-se a primitiva Colônia de Porto Seguro. Depois o Brasil foi arrendado e fundaram-se modestas feitorias e entrepostos de troca do pau-brasil ao longo da costa brasileira. As terras brasileiras foram disputadas pelos europeus, a partir de 1504. Os franceses não aceitaram o Tratado de Tordesilhas (1494) e ocuparam vários pontos do litoral brasileiro, nas primeiras décadas do século 16. Nessa época, os portugueses dominavam as rotas do Atlântico e do Índico, com domínios em quatro continentes (Europa, América, África e Ásia). 1501 - No início desse ano chegou provavelmente a segunda expedição europeia ao Brasil, comandada pelo navegador português João da Nova, que deveria fazer escala no Brasil, a caminho da Índia. No mesmo ano, veio à primeira expedição exploratória, comandada pelo navegador português Gonçalo Coelho. Os registros a respeito são pouco claros. Américo Vespúcio participou como coadjuvante. Nesta expedição, vários pontos notáveis da costa brasileira foram batizados de acordo principalmente com um calendário litúrgico, uma tradição portuguesa, e marcos de posse da Coroa Portuguesa foram instalados. Essa foi uma expedição de grande valor histórico, pois se constatou que as terras descobertas não eram as Índias, mas sim um novo continente. Em 1501, Porto Seguro já teria alguns habitantes portugueses trazidos naquelas três primeiras expedições: Cabral, João da Nova e Gonçalo Coelho. Seriam provavelmente degredados, como os dois deixados por Cabral. Teriam nascido assim os primeiros caboclos brasileiros, mestiços dos portugueses e dos brasileiros primitivos, tupiniquins e tupinambás. 1502 - Começou a exploração do pau-brasil (no Brasil), madeira de grande valor no mercado europeu. O pau-brasil era conhecido antes do descobrimento do Brasil e era utilizado principalmente como corante, devido à sua cor avermelhada. 1503 - Foi enviada a segunda missão portuguesa de reconhecimento, comandada também por Gonçalo Coelho. Essa foi também, a primeira missão colonizadora do Brasil, que fundou a primitiva Colônia de Porto Seguro. Conforme indicou Jaboatão, os primeiros missionários católicos no Brasil foram dois frades franciscanos menores da Província de Portugal Observante. Seus nomes são desconhecidos. Foram enviados, em 1503, para Porto Seguro, para catequizar os índios. Eles formaram o primeiro povoado brasileiro com a participação de europeus. Jaboatão relatou que existiam alguns portugueses juntos com esses missionários. Com a ajuda dos índios, construiu uma casinha, com sua pequena igreja da invocação do Seráfico Patriarca São Francisco. Jaboatão atesta ter sido esse o primeiro templo erguido em todo o Brasil. Essa primeira missão funcionou bem por cerca de dois anos. Porto Seguro abrigava também uma feira de escambo, em que os portugueses trocavam mercadorias com os índios. Jaboatão relatou que, de acordo com as crônicas da Ordem, esse povoado pioneiro foi massacrado em 19 de junho de 1505. Esses frades foram os primeiros mártires europeus do Brasil, devorados pelos nativos. A expedição de Gonçalo Coelho teria fundado também o segundo povoado brasileiro com europeus, perto de Caravelas, na Bahia. Lá fundou-se uma feitoria, deixado 12 peças de artilharia e 24 homens, como referido por Américo Vespúcio. Ainda, em 1503, uma das naus da expedição de Vasco da Gama, que retornava das Índias, carregada de mercadorias, perdeu-se na costa do Brasil, antes de agosto de 1503, de acordo com a carta de D. Manuel de 1505. 1504 - Têm-se os primeiros relatos de navios franceses no Brasil. Segundo Anchieta (Informação do Brasil e de suas capitanias, 1584), "Na era de 1504 vieram os franceses ao Brasil, a primeira vez ao porto da Bahia, e entraram no rio de Paraguaçu, que está dentro da mesma Bahia, e fizeram seus resgates e tornaram com boas novas à França, donde vieram depois três naus e estando no mesmo lugar em resgate, entraram quatro naus de Portugal e queimaram-lhe duas naus e outra lhe tomaram com matar muita gente, alguma da qual, todavia escapou em uma lancha e achou na ponta de Itapoama, quatro léguas da Bahia, uma nau dos seus que se tornou para França, e nunca mais tornaram à Bahia, até agora,..." Mas os franceses continuaram vindos e estavam na Bahia com Caramuru. Os franceses referidos por Anchieta poderiam ser os mesmos da expedição de Gonneville. Sabe-se que, em 1504, o capitão francês Binot Paulmier de Gonneville aportou em algum ponto do litoral brasileiro, provavelmente Santa Catarina, após um desvio de rota, quando seguia para as Índias Orientais. Gonneville partiu com seu navio L'Espoir, do porto de Honfleur, da França, em junho de 1503, acompanhado de dois navegadores portugueses: Bastiam Moura e Diogo Coutinho, contratados secretamente em Lisboa. Encontrou-se com os índios carijós, ergueram uma grande cruz de madeira, em uma colina, e retornaram à França, após cerca de seis meses, com Essomericq a bordo, um carijó, filho do chefe Arosca. Essomericq educou-se na França e nunca retornou. Casou-se com uma das filhas de Gonneville, herdou seus bens, teve 14 filhos e morreu em 1583. Os relatos da expedição de Gonneville sobre a abundância de recursos no Novo Mundo resultaram em novas expedições francesas ao Brasil, iniciando o ciclo de pirataria do pau-brasil. 1509 - Navegadores que passavam pela Baía de Todos os Santos referiam-se a um prestativo português, que habitava um povoado na Barra e que os ajudava em suas demandas. Os índios o chamavam de Caramuru. Diogo Álvares Correia, o Caramuru, é o patriarca da nação brasileira. Casou-se com a princesa tupinambá Paraguaçu. Sua atuação foi fundamental para a integração de índios e europeus durante os primeiros tempos da colonização do Brasil. 1512 - Por volta desse ano, o navegador português João de Lisboa chegou até o Rio da Prata. Em fevereiro de 1514, outro navegador português João Dias de Solis, a serviço da Espanha e em busca de um caminho para as Molucas, também navegou o Rio da Prata, mas foi devorado pelos charruas junto com outros tripulantes no mesmo ano. Os portugueses reivindicaram as terras da margem esquerda do Rio da Prata, que inclui o Uruguay, por quase todo o tempo da América Lusitana. 1517 - Na Alemanha, Lutero publicou as 95 teses contra as Bulas de Indulgência. Nos anos seguintes, o Protestantismo ganhou espaço cada vez maior. 1521 - Subiu ao trono de Portugal o rei Dom João III, que reinou até 1557. Em abril, o navegador português Fernão de Magalhães chegou às Filipinas, a serviço da Espanha, e lá morreu em combate. Sua expedição realizou a primeira circunavegação do Globo, comprovando que a Terra era mesmo redonda. Essa expedição gerou mais conflitos entre Portugal e Espanha e o Tratado de Tordesilhas teve que ser revisto. 1528 - Catarina Paraguaçu, mulher de Caramuru, foi batizada em Saint-Malo, na França, com o nome de Katherine du Brésil. 1530 - Em 20 de novembro, Martim Afonso de Sousa recebeu de D. João III cartas de poder que o nomeava Capitão-Mor da armada a ser enviada à Terra do Brasil e das terras que descobrisse na dita Terra. Essas cartas lhe davam poder civil, militar e jurídico sobre as terras que descobrisse na área de demarcaçãoda América Lusitana. Martim Afonso também recebeu autorização para doar sesmarias nas terras que descobrisse, com objetivo de colonização. Essas cartas de poder claramente não se aplicavam às terras brasileiras já conhecidas e marcadas como portuguesas por expedições anteriores. Em 3 de dezembro, a expedição de Martim Afonso partiu de Lisboa. Chegou à Bahia, em março de 1531, conheceram Caramurus, receberam mantimentos e lá deixaram dois homens com muitas sementes "para fazerem experiência do que a terra dava". Martim Afonso visitou Caramuru nas duas vezes em que esteve no Brasil. Em 30 de abril de 1531, Martim Afonso chegou no Rio de Janeiro e seguiu até o Rio da Prata. Em 1532, fundou a primeira vila do Brasil, a de São Vicente. A expedição retornou a Portugal naquele mesmo ano. Nos anos seguintes implantou-se o sistema de Capitanias Hereditárias, numa tentativa de colonizar o Brasil, de forma abrangente. Começou a formação política da América Lusitana. 1537 - Em 2 de junho, o Papa Paulo III promulgou a bula Sublimis Deus, reconhecendo que os índios americanos eram dignos de receber a fé cristã e portanto sua escravização seria proibida. 1540 - Inácio de Loyola fundou a Ordem dos Jesuítas, que seriam os educadores dos brasileiros por mais de duzentos anos. 1541 - O explorador espanhol Francisco de Orellana realizou uma expedição, em busca do mítico Eldorado, e descobriu o Rio Amazonas para os europeus. O conquistador desceu o Rio desde os Andes peruanos até a foz no Atlântico, aonde chegou em agosto de 1542. O batismo de Amazonas foi influência da lenda grega das mulheres guerreiras, a amazonas. Ele contou ter visto guerreiras semelhantes na região. O território descoberto foi chamado de Nova Andaluzia (parte da atual Amazônia) e Orellana recebeu o direito de colonizá-la. Retornou, em 1545, mas faleceu no ano seguinte. 1548 - Buscando um melhor controle sobre a América Lusitana, com muitos ataques de piratas franceses e rebeliões indígenas, Portugal decidiu implantar um governo central no Brasil. Dom João III comprou dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho a Capitania da Bahia para nela fundar a sede administrativa do Brasil. Em 17 de dezembro, Dom João III assinou o Regimento, a primeira constituição do Brasil, entregue a Thomé de Sousa, o primeiro governador do Brasil. 1549 - Nasceu o Brasil como unidade política, com a fundação da Cidade do Salvador e a instalação do primeiro Governo Geral. ORGANIZAÇÃO POLITICA A falta de recursos da Coroa Portuguesa levou-a a transferir a tarefa da colonização para particulares, como já tinha feito nas ilhas do Atlântico. Naquelas terras, governadas por capitães - donatários, os portugueses obtinham grandes lucros com a plantação de cana-de-açúcar. Como Portugal pretendia produzir açúcar no Brasil, transplantou para cá esse modelo de ocupação. Com a implantação das capitanias hereditárias, o Estado absolutista português dividiu a colônia em 15 lotes, doados a 12 donatários, que deveriam desenvolver sua capitania com recursos próprios. Em troca, receberiam uma série de privilégios e assumiriam uma parcela do poder público. Os capitães-donatários tinham como obrigação criar vilas; doar sesmarias (latifúndios incultos ou abandonados) a quem tivesse escravos e capitais para cultivá-las, exceto aos judeus ou estrangeiros; administrar a justiça; cobrar impostos e repassá-los à Coroa; e estimular a agricultura. A Coroa reservava para si a segunda parte de todos os metais e pedras preciosas encontradas, a décima parte de todos os produtos da terra e o monopólio do pau-brasil e das drogas do sertão (guaraná, cacau e gengibre). Por uma série de razões, o sistema de capitanias hereditárias fracassou. Dentre elas, podemos destacar: • A falta de capitais dos donatários e o desinteresse de muitos deles, que nem chegaram a tomar posse de seus lotes; • A falta de terras férteis em algumas capitanias; • Os ataques dos índios, que destruíram algumas vilas e engenhos; • A falta de comunicação entre as várias capitanias. Com o fracasso das capitanias, o Estado português resolveu participar diretamente da administração colonial, criando, em 1548, o governo-geral, que não extinguiu as capitanias hereditárias, apesar do mau êxito dessas. O objetivo do governo-geral era centralizar a administração colonial, dando auxílio militar, financeiro e administrativo às capitanias. Os donatários perderam apenas seus poderes e atribuições públicas que foram incorporadas ao governo-geral. As capitanias permaneceram como patrimônio dos donatários até o século XVII, quando o Marquês de Pombal, ministro português, transformou-as em propriedade real. Foi durante o governo-geral que ocorreu a valorização econômica da colônia, com o desenvolvimento da açucareira. Apesar da criação do governo-geral, até meados do século XVII, o poder não era efetivamente centralizado no Brasil – Colônia. A presença do governo português limitava- se à Bahia, sede do governo-geral. O Brasil era um imenso vazio demográfico, com imensos latifúndios e poucas vilas. Nos engenhos e nas grandes propriedades rurais, os aristocratas gozavam de grande autonomia e sua vontade era a lei e a ordem. Tinham direitos absolutos sobre todas as pessoas que viviam em suas terras. A coroa portuguesa necessitava desses grandes proprietários, por isso lhes dava ampla autonomia. Afinal, eram eles que, com suas milícias, mantinham a ordem, combatendo negros e índios considerados rebeldes. As vilas eram poucas e pequenas e dependiam dos latifúndios que as rodeavam. Era o lugar onde o senhor de terras mantinha sua casa, onde passava algum tempo para despachar o açúcar e frequentar festas para exibir suas riquezas. Em algumas vilas, habitavam comerciantes que abasteciam os engenhos e nelas existiam as Câmaras Municipais ou Câmaras dos Homens Bons. “Homens bons” eram homens brancos e livres, donos de grandes extensões de terra, os únicos que podiam participar das Câmaras Municipais. Os comerciantes só passaram a integrá-las em meados do século XVII. As Câmaras Municipais deveriam tratar apenas dos problemas das vilas. Mas, devido à fraqueza do governo-geral, chegaram a invadir áreas de competência do governador-geral. Muitas delas chegaram até a tomar algumas iniciativas, como fixar salários para os trabalhadores, estabelecer os preços dos manufaturados vindos do Reino, criar tributos e regular o valor da moeda. Até meados do século XVII, as câmaras exerceram o poder político de fato no Brasil - Colônia, ofuscando a própria soberania da Coroa e de seus representantes. A autoridade do governo estava restrita à Bahia, sede do governo-geral e onde a presença de funcionários metropolitanos era grande.
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