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Mulheres na engenharia: transgressão? Mani Tebet (IFCS/UFRJ) Ensino Superior - Engenharia - Desigualdade de gênero ST 38 - Ciência, Tecnologia e poder: conhecimento e práticas de gênero Alguns objetivos nos levaram a selecionar como objeto o acesso e as configurações por curso e gênero de uma universidade federal situada na região metropolitana do Rio de Janeiro (a Universidade Federal Fluminense: UFF). Mais especificamente realizamos um estudo mais centralizado nas características do acesso a UFF, buscando mapear: a) quais são as diferenças socioeconômicas entre candidatas e candidatos que buscam ingressar nesta universidade; b) como esta(e)s se distribuem pelo conjunto dos cursos superiores oferecidos; c) qual a configuração de gênero na aprovação da(o)s candidata(o)d) como mulheres e homens - que optam por carreiras alternativas às configurações de gênero no ensino superior - justificam suas escolhas e trajetórias; e) como estas mulheres e homens “fora do lugar” desenvolvem suas trajetórias acadêmicas na universidade e quais são suas perspectivas futuras. Para além destes aspectos, procuraremos compreender quais os tipos de influências, referências e informações que estes agentes adquiriram durante suas vidas para optarem por uma “transgressão” profissional. De forma a expor um panorama geral das características sócio-econômicas e de gênero dos cursos que compõem a Universidade Federal Fluminense1, utilizamos como ferramenta a metodologia quantitativa. Os dados obtidos são oriundos do questionário sócio-econômico e cultural aplicado ao conjunto da(o)s candidata(o)s que se inscreveram para o vestibular da Universidade Federal Fluminense de 2007. Neste sentido foi possível mapear as características de gênero, socioeconômicas e culturais da(o)s candidata(o)s, diferenciando a(o)s aprovada(o)s e a(o)s não aprovada(o)s para o ingresso na universidade. A partir deste mapeamento foi possível selecionar as carreiras que serão estudadas em profundidade, entretanto mostraremos aqui apenas as análises referentes as entrevistas realizadas. Já a metodologia qualitativa se estruturou em entrevistas em profundidade com alunas e alunos dos cursos de engenharia elétrica da UFF. Vale ressaltar que selecionamos para as entrevistas aluna(o)s a partir do 7º período com o objetivo de captar perspectivas futuras no que se refere ao mercado de trabalho. Para a realização das entrevistas nos baseamos em um roteiro semi -estruturado, sendo no total realizadas 14 entrevistas divididas igualmente por sexo. As entrevistas no geral giravam em torno de 1hora. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 2 De forma inicial neste trabalho pretendo pensar as seguintes questões: 1) Por que ao contrário do que se pode esperar em termos de uma tendência estatística2 (mulheres e homens tendem a se concentrar respectivamente em cursos ditos do “cuidar” e em cursos ligados ao monopólio das máquinas e dos objetos técnicos) alguns indivíduos transgridem as barreiras ligadas à noção de gênero na escolha do curso superior?; 2) Quais seriam as justificativas que os homens atribuem à sua escolha pela nutrição e as mulheres à sua escolha pela engenharia?; 3) Como estes sujeitos “deslocados” desenvolvem suas trajetórias acadêmicas? Enfrentam impedimentos e discriminações por estarem “fora do lugar”? Os homens do curso de nutrição sofreriam impedimentos e discriminações da mesma forma que mulheres que cursam engenharia? Resultados de pesquisa Entrevistas realizadas com alunas e alunos da engenharia elétrica da UFF De início, vemos que dentre cinco jovens entrevistadas quatro apontam a existência de engenheiros como figuras representativas no âmbito familiar. Por exemplo: Antonia3 tem pai engenheiro elétrico e conhece um vizinho que é engenheiro químico; Dayana tem tio e avô engenheiro elétrico, para além disso, a entrevistada aponta ter tido influência de um professor que a ensinou eletromagnetismo no ensino médio; Maynara aponta que seu pai cursou engenharia de telecomunicações até um certo período, mas no último ano abandonou e Tatiana relata que tinha um avô engenheiro civil. Porém um aspecto interessante é que de forma preliminar (e quase que instantânea) elas tentam se afastar da idéia de que a influência de outros membros da família pode ser uma justificativa importante para suas escolhas, assim elas tendem a se afastar das possíveis influências familiares para apontar a entrada na engenharia como uma opção unicamente pessoal. Nesta situação Antonia afirma que: “...apesar de meu pai ser engenheiro não convivia muito com ele” (ela afirma isto, mesmo com seu pai morando na mesma casa que ela), já Maynara tentando também se desviar de uma possível influência afirma (contrariada) que : “As pessoas acham que eu fiz elétrica porque meu pai era engenheiro só que eu nem sabia!” e ainda no caso de Tatiana, ela afirma que: “O meu avô era engenheiro eu acho, civil, só que não tive influência.” A vontade de negar de imediato um possível favorecimento na escolha da carreira por conta de ter um parente próximo engenheiro faz com que Maynara se esquive e diga: “meu pai era engenheiro só que eu nem sabia”. Mas quando pergunto a esta entrevistada o que seu pai disse após ela ter contado para ele que queria fazer engenharia, a estudante afirma: “ele achou o máximo, né?” (sic) e no momento em que questiono com ela se esta valoração positiva de seu pai em torno da carreira pode ter de fato contribuído para a sua decisão final, Maynara acredita que: 3 “fui muito influenciada sim”, porque seu pai disse: “Ah faz mesmo é muito bom você vai adorar.” A aparente contradição entre "meu pai era engenheiro e eu não sabia" e a avaliação de seu pai sobre a já vivida experiência na carreira de engenharia (“é muito bom, você vai gostar”) mostra que a estudante quer afirmar que ela decidiu sozinha que queria fazer engenharia, e apenas como uma forma de legitimação de sua escolha ela pede a opinião de seu pai. Em contraposição ao relato de que “(...)apesar de meu pai ser engenheiro não convivia muito com ele”, Antonia aponta que tinha um vizinho que era engenheiro químico e que foi quando ela começou a achar que queria ser engenheira, ou em suas próprias palavras, “(...) era a única pista que eu tinha” no que tange a orientação profissional. Neste sentido então parece que quanto mais afastada do núcleo familiar maior a possibilidade de explicação para tal escolha profissional. Portanto, trata- se aqui da importância que as jovens atribuem ao exercício da liberdade de “escolher” uma carreira e a noção de autonomia de “escolha” em relação a vontade familiar. Talvez esta negação imediata das alunas a uma possível influência masculina (em especial dos pais e dos tios) se relacione com a vontade de negar que elas estão em uma profissão masculina por causa de uma influência de alguém do sexo oposto. Nesta direção, parece que para as "transgressoras" há uma necessidade maior de tentar demonstrar legitimidade no campo e isto não se faz admitindo a ajuda de outrem, enquanto que os alunos não precisam “provar” que são bons, exatamente porque a engenharia já é considerada como um campo deles. A única entrevistada que parece não ter tido influência deste tipo é a Jaqueline, porque seus pais não completaram o segundo grau, sua mãe é professora aposentada e seu pai gerencia o condomínio em que moram e nenhum de seus familiares, vizinhos ou colegas fez engenharia. Já entre os 7 alunos, 3 relatam a existência de engenheiros ou estudantes de engenharia na família. Vejamos alguns exemplos: Marcelo tem um primo que cursava engenharia elétrica quando ele decidiu optar pela mesma carreira; Rogério tem pai engenheiro elétrico e formado também em engenharia de telecomunicações e Gustavo tem pai engenheiro químico.Porém quando ampliamos o leque de pessoas próximas na área de engenharia para outras áreas afins, Luiz aponta que seu pai não tinha formação em engenharia, mas tem nível técnico nesta profissão. Mais interessante que perceber a pequena diferença numérica entre as meninas e os meninos em relação a existência de engenheiros na família, seria notar as diferentes posições na relação deles com estes contatos. Parece que para os homens o fato de possuírem engenheiros na família não afeta sua posição enquanto “merecedor” da vaga na engenharia, pelo contrário, quando existe um expert no âmbito familiar tende a haver uma agregação de valor, de status e até 4 mesmo uma idéia de tradição da profissão que transcorre durante anos, sendo passada de geração em geração.4 Assim, para alguns alunos o fato de ser filho ou sobrinho de engenheiros se configura como um valor positivo para suas trajetórias, pois este aluno pode ser considerado tanto um sucessor e um multiplicador da carreira, quanto aquele que preserva a uma suposta tradição familiar no que se refere à carreira. E talvez por isto se auto-qualificar ou ser qualificado como um reprodutor desta inserção profissional seja percebido pelos estudantes como ganho simbólico (o reconhecimento de outras pessoas sobre o status profissional) e também como recompensa objetiva (via facilitadora de entrada no mercado de trabalho). Um exemplo mais claro referente a este ponto pode ser percebido no caso de Gustavo, quando pergunto em que sentido seu pai engenheiro influenciou na sua escolha, o mesmo aponta que: “(...) teve uma influência no sentido de... não sei, qualidade de vida, de perseguir sucesso, acho que engenharia é um a carreira que abre portas.” O “abre portas” do entrevistado provavelmente se relaciona ao mercado de trabalho. E ainda quando pergunto se o entrevistado Rogério admira algum profissional, ele aponta que “Quem eu vejo hoje assim em engenharia, que tem uma carreira de altos e baixos,mas é uma carreira legal é meu pai.” O mesmo entrevistado afirma que a decisão por engenharia foi um aprendizado mais doméstico do que derivado de outro meio de informação: “Olha eu li o caderno do vestibular, mas também eu acho que muito pouco, só uma página, mas a maior parte foi em casa com meu pai.” Esta figura paterna carrega um valor intrínseco de admiração profissional como aparece, por exemplo, no caso de Rogério:“acho que o menino se espelha muito no trabalho do pai, então quando você vai no trabalho do seu pai e vê o que está acontecendo... assim: isso deve ser legal de fazer. Você tem uma imagem real.” Senão ao contrário, mas diferentemente do que ocorre com as alunas, os homens expõem a figura paterna como um veículo condutor de conhecimento, de técnica e de admiração. Enquanto isto as alunas tentam não reproduzir a mesma perspectiva no que se refere aos seus familiares engenheiros.Uma das entrevistadas, por exemplo, aponta que embora seu pai seja engenheiro elétrico, ela não teve com ele muita convivência. Nesta direção, Antonia diz “(...)eu não posso associar se tive uma influência dele pra que eu escolhesse engenharia elétrica, porque eu não tive muita convivência.”e ainda em outro momento a mesma aluna quando questionada sobre uma possível influência de seu pai na escolha da carreira, ela diz: “parente, pai e mãe nada. Já os alunos afirmam sem constrangimentos alguns contatos familiares de possível inserção no mercado, perspectiva que pode ser vista, por exemplo, na fala do Marcelo “(...) meu tio que ele trabalha no CENPS, talvez ele consiga me indicar mas só que pra trabalhar não por 5 que é concurso mas pra fazer um estágio, e talvez eu procure meu primo que vai se formar antes que eu.” Tentando compreender que tipo de relação se estabelece entre homens e mulheres em seu estágio, Antonia aponta que os homens gostam de trabalhar com mulheres porque “(...) eles falam brincando que mulher é mais tranqüila de trabalhar, não fala com voz grossa, essas coisas assim.” Neste caso, os homens com os quais ela trabalha tendem a aderir a uma dóxa que afirma a noção de brutalidade, de virilidade, de força (a “voz grossa” aparece como uma representação destas características) que se opõem a um modo "feminino" de agir. Portanto eles preferem trabalhar com as mulheres porque elas se diferenciam deles: são mais compreensivas (ou “mais tranqüilas”) e tendem a não impor suas vozes. Ainda neste contexto, falando um pouco sobre a diferença de inserção das mulheres em diferentes engenharias, um dos meninos Julio acredita que tem muita mulher na engenharia de produção, “porque é uma área bem técnica, sei lá, é uma coisa muito mais de administração, na engenharia elétrica você tem que ir pra campo, tem que coordenar... ser homem, falar grosso, tem que discutir, deve ser por isso. Não sei se as mulheres gostam disso.” Sobre o tópico de inserção no estágio e perguntando se existe alguma área que contrate mais homens do que mulheres, Antonia aponta que quem organizou o processo seletivo para a entrada no estágio em que se encontra foi uma mulher e que talvez isto tenha impactado no seu sucesso. Antonia afirma ainda que houve uma certa facilidade para entrar neste estágio pelo “(...) fato de já ter mulher lá, e eles gostarem de trabalhar com mulher. Porque tem muita empresa, por exemplo fábrica, já vi a opinião de uma menina que se formou aqui, que eles não querem mulher nem pintada, porque é um trabalho mais pesado e na minha empresa é trabalho de estudo elétrico, então força não é um diferencial.” Em outro momento pergunto a entrevistada porque ela acha que foi escolhida para tal cargo e ela afirma (com outras palavras) que teve mérito para passar na seleção, porém aponta também que o fato de ser mulher pode ter ajudado. Para investigar tal problemática deveríamos entrevistar também os contratantes a fim de perceber quais os critérios de seleção que eles apontam como relevantes para recrutar alguém. Vale aqui estabelecer uma reflexão. Quando o sexo do contratante difere da maioria dos profissionais da área, a tendência seria contratar aquele de seu mesmo sexo como uma saída estratégica para diminuir a desigualdade de gênero na profissão. Como corolário disto, devemos lembra que, independentemente das razões que cada entrevistado forneceu, todos afirmam que seria melhor ter um curso de engenharia com maior número de mulheres. Na citação anterior, a entrevistada afirma haver um favoritismo na contratação de homens nas fábricas, uma esperada explicação pra isto se relaciona com a noção de força, virilidade e 6 masculinidade socialmente relacionada até hoje aos homens, como se não fosse possível a mulher exercer uma atividade “braçal”. Ou seja, neste caso em específico vemos que há um resguardo da mulher que necessita ser preservada e não exposta ao trabalho de corpo, ou seja, suas características sociais de sensibilidade, fraqueza e pureza devem ser mantidas e o contrário é recíproco, ou seja, o ideário de masculinidade precisa ser mantido como forma de reprodução social. Outro ponto interessante que gostaria de levantar nesta breve análise é que existem constrangimentos (de certa forma recorrentes) por parte das alunas para apresentar trabalhos em sala de aula, e pode ser que este fator se relacione com o elevado número de alunos na turma. Por exemplo, Antonia afirma que: “Não me adapto bem falando em público. Sou tímida, eu fico nervosa.” Nestas análises vemos que há uma distinção entre a entrada das mulheres na engenharia e a mudança das relações de gênero. Como já foi apontado o fato delas “transgredirem” em torno da carreira profissional, não significa que elas não irão reproduzir posições e escolhas tradicionais em torno da sua posição enquanto mulher ou futuras mães e esposas. Como já foi citado, Lahire (2002) nos iluminanesta problemática, apontando que dependendo do campo, (Bourdieu, 2003) o indivíduo terá posicionamentos diversos e às vezes até contrários em relação ao outro campo. Podemos ver com clareza o efeito simbólico da dominação masculina quando perguntamos a entrevistada Jaqueline se ela acha que os homens que trabalham devem receber licença paternidade maior do que a lei atualmente prevê após o nascimento do filho: “Acho que não tem necessidade. Ah... eu acho que é mais pra mãe cuidar do bebê”. Aqui parece que a controvérsia Bourdiesiana (2002) - de que os dominados também reproduzem os sistemas androcêntricos de classificação - se mostra acertada, o que não quer dizer que esta reprodução não seja construída socialmente. Ao contrário, da mesma forma que os homens incorporam princípios de pensamento e de ação (obrigação simbólica de pagar a conta, por exemplo, no primeiro encontro), as mulheres também apreendem padrões e normas comportamentais (não sentar de perna aberta, por exemplo) que irão tangenciar as leituras de gênero em nossa sociedade. Nesse sentido, a criação de leis, normas ou princípios legais por si só não muda de forma substantiva todo o simbolismo entranhado na cultura, pois os valores apreendidos através de gerações não se esfacelam com a implementação de uma lei, mas sim pela mudança da tradição. No entanto, o Estado também produz, reavalia e modela novos padrões de escolha, de comportamento e de mentalidade que são constituídos intrinsecamente na cultura local. Assim, o ingresso das mulheres na engenharia pode produzir efeitos concretos e/ou simbólicos na expectativa mercadológica e na própria relação profissional entre homens e mulheres. 7 Algumas considerações Em resumo, por um lado, as estudantes: 1) tentam se afastar da idéia de que a influência de outros engenheiros na família poderia ser uma explicação para suas escolhas; 2) precisam ainda construir a legitimidade no campo e para isto lançam mão da individualidade; 3) em relação às suas trajetórias acadêmicas, elas têm o CR maior que os homens; 4) fazem mais monitoria e iniciação científica do que eles; 5) como as mulheres não são legitimadas no campo da engenharia, a existência de um familiar atuando nesta área não é aceita como uma via facilitadora legítima de entrada no mercado de trabalho 6) somente uma mulher acredita que a licença paternidade não deve ser ampliada. Por outro lado, em relação ao estudantes do sexo masculino: 1) o fato de possuírem engenheiros na família não afeta sua posição enquanto “merecedor” da vaga na engenharia, pelo contrário, quando existe um expert no âmbito familiar tende a haver uma agregação de valor, de status e de tradição; 2) a referencia à escolha individual também está presente, porém não se apresenta de maneira tão forte quanto na fala das estudantes; 3) quanto mais próximo do núcleo familiar maior é a explicação para a escolha profissional; 4) como os homens já são legitimados no campo da engenharia, a existência de um familiar atuando nesta área é tomada como uma via facilitadora legítima de entrada no mercado de trabalho; 5) na área de estágio, os homens recebem bem mais que as mulheres estudadas; 6) em relação a licença paternidade, todos acham que ela deveria ser ampliada e 7) os homens tendem à ter uma maior experiência (e conhecimento) da carreira antes da entrada na universidade, através de uma socialização mais próxima com o pai e ou familiares sobre a engenharia e que tende a estar mais ausente no caso das mulheres. Assim, por que mesmo quando as mulheres têm parentes engenheiros, elas não tornam a profissão um objeto de trocas intensas com os mesmos? Será que a força da inscrição masculina na profissão da engenharia se deva a uma troca de experiência com a figura paterna ou com familiares engenheiros mais consistente do que no caso das meninas? Pensando nesta hipótese, será então que seria mais fácil os pais e/ou familiares conversarem mais sobre a profissão com os filhos do que com filhas? Afim de não enfatizar somente aspectos e discursos dicotômicos ou opostos entre homens e mulheres, apresento aqui argumentos e posições similares entre os sexos: 1) todo(a)s o(a)s entrevistado(a)s apontam para a importância da entrada de mulheres na área de engenharia; 2) a maioria tem uma visão mais democrática em relação aos papéis sociais de homens e mulheres, especialmente em relação à conciliação trabalho e vida familiar (ou seja, as mulheres acreditam ser interessante os homens ajudarem nas atividades domésticas e os homens por sua vez 8 acreditam também ser importante esta divisão de tarefas); 3) todos – sem exceção – discordam da idéia de que o homem deveria ganhar mais que a mulher; 4) todos discordam da frase: “O trabalho do homem é ganhar dinheiro e da mulher cuidar da casa e dos filhos”, e todos concordam com a frase: “Homens e mulheres devem contribuir igualmente no cuidado dos filhos e da casa”. Assim, parece que há uma incorporação maior – por parte de ambos os sexos – de valores mais democráticos no que se refere às questões de gênero. Bibliografia Bourdieu, Pierre. Dominação masculina. São Paulo, Bertrand Brasil, 2002. Bruschini, Maria Cristina. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. São Paulo, EDITORA 2007. Carvalho, Marília. Gênero e Tecnologia: estudantes de engenharia e o mercado de trabalho. In: Seminário Internacional Mercado de Trabalho e Gênero: comparações Brasil - França, 2007, São Paulo e Rio de Janeiro. Anais do Seminário Internacional Mercado de Trabalho e Gênero: comparações Brasil - França. São Paulo : FCC, 2007. Citeli, Maria Theresa. Mulheres nas ciências: mapeando campos de estudos. Cadernos Pagu(15), Campinas –SP, Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, 2000. Costa, Albertina. Prismas sobre o feminismo. IN: Natureza, história e cultura: repensando o social. Cadernos de sociologia.V4 número especial. Porto Alegre: PPGS/UFRGS, 1993. 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Petrópolis, Vozes, 2001. 1 O locus da pesquisa será a UFF, devido ao fato de que as minhas atividades anteriores de pesquisa facilitam meu acesso aos espaços acadêmicos que a compõem. 2 Ver por exemplo Marins (2006) e Kaizôe Teixeira (2005). 3 Todos os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados. 4 Outras carreiras, como medicina e direito já são bem conhecidas pelo grande número de filho(a)s que seguem a carreira dos pais.
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