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Aula n 5 TGP -

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
5ª AULA
ASSUNTO:
Norma Processual.
 
OBJETIVO:
Conceituar a norma processual.
Identificar a norma material e a instrumental.
Caracterizar o objeto da norma processual.
Analisar os aspectos referentes à eficácia da norma processual no espaço e no tempo.
Apresentar os aspectos referentes à interpretação e integração da norma processual.
 
SUMÁRIO:
Introdução
Conceituação de norma processual
Norma material e instrumental
Eficácia da norma processual no espaço e no tempo
Interpretação e integração da norma processual
Conclusão
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO
 
O Direito Processual deve ter tido como o ramo da ciência jurídica que se ocupa dos procedimentos judiciais e da relação que se estabelece entre os sujeitos do processo.
O Direito Processual recebe algumas outras denominações, com as quais precisamos familiarizar-nos.
É chamado ora de direito formal, ora de direito adjetivo. Direito formal em oposição a direito material; direito adjetivo em contraponto a direito substantivo (outra denominação do direito material).
Essas duas denominações são constantemente criticadas, na medida em que conspiram contra a autonomia do Direito Processual, uma vez que sugerem uma indevida dependência do Direito Processual ao direito material.
Pergunta-se, ainda, se o Direito Processual é ramo do Direito Público ou Privado.
Embora a distinção entre Direito Público e Privado venha sofrendo cada vez mais restrições na doutrina, não foi ainda abandonado quando se tenta analisar a natureza jurídica dos diversos ramos da ciência jurídica.
A busca da natureza jurídica de certo ramo do direito é importante, já que determina o conjunto de princípios e regras que lhes serão aplicáveis.
Vários são os critérios utilizados para diferenciar o Direito Público do Direito Privado
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Na concepção clássica do jurisconsulto romano Ulpiano, já abandonada, o Direito Público nortearia relações em que houvesse prevalência dos interesses do Estado, enquanto o Direito Privado estaria ligado a relações em que prevaleceriam os interesses dos particulares.
A teoria dos interesses, que vigia no Direito Romano, vem sendo abandonada, pois é cada vez mais difícil delinear onde começa o interesse do cidadão e onde inicia o do Estado.
Por fim, vinga, atualmente, a noção de que a natureza da relação entre os sujeitos é que será determinante para se ter o devido conceito de Direito Público e de Direito Privado.
Assim, se na relação jurídica se encontra o Estado em posição de superioridade em face dos particulares, fazendo uso de seu poder de império (jus imperii), estamos diante de uma relação de Direito Público.
Se o Estado participa da relação desprovido do jus imperii, em situação de igualdade para com o particular, encontramo-nos diante de uma relação de Direito Privado, o mesmo se dando quando a relação se estabelece entre particulares.
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De um modo geral, como interessa ao Estado a solução dos conflitos por meio do processo, para harmonia social, com o uso do jus imperii, o Direito Processual substitui a vontade dos particulares, sendo, portanto, ramo do Direito Público.
As fontes do Direito Processual são as que se seguem: a Constituição; as normas infraconstitucionais (referenciadas na Constituição – Art. 5º, LVI, LIX, LX, entre outras); e leis ordinárias (principalmente o CPC, CPP, COM e CLT).
 
2. CONCEITUAÇÃO DE NORMA PROCESSUAL
 
Norma processual diz respeito à norma reguladora dos procedimentos que disciplinam o modo de resolver os conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para resolvê-los e, às partes, de faculdades e poderes destinados à eficiente defesa de seus direitos, além da correlativa sujeição à autoridade exercida pelo juiz. (Ada Pellegrini)
Normas processuais são as que formam o Direito Processual, que regulam o exercício da função jurisdicional.
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Como a finalidade da função jurisdicional é a atuação da norma material ao caso concreto, e como essa atuação se dá no processo, e não fora dele, pode-se dizer que as normas processuais são as que regulam a atuação da norma material no processo.
Enquanto as normas materiais criam direitos e obrigações, ou define situações, ou seja, tutelam determinadas categorias de interesses e, quando em conflito, declaram qual dos interesses em conflito se acha protegido pelo direito, as normas processuais se destinam a realizar aquelas normas em face de um concreto conflito de interesses. (Moacyr Amaral dos Santos)
 
3. NORMA MATERIAL E INSTRUMENTAL
 
Segundo o seu objeto imediato, geralmente se distinguem as normas jurídicas em normas materiais e instrumentais.
3.1. Normas jurídicas materiais (ou substanciais)
São as que disciplinam imediatamente a cooperação entre pessoas e os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade, escolhendo qual dos interesses conflitantes, e em que medida, deve prevalecer e qual deve ser sacrificado.
A atuação da norma material dá-se por meio dos órgãos jurisdicionais e por provocação dos interessados, cujas atividades se consubstanciam em atos, que assumem modos e formas e dos quais resultam efeitos.
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As normas processuais, segundo o seu objetivo, regulam:
- umas, a formação dos órgãos jurisdicionais e essas são as normas de organização judiciária;
- outras, a capacidade das partes quanto à realização de atos processuais;
- outras, e estas são as normas caracteristicamente processuais, pois traduzem as formas de atuação da norma, os direitos e deveres dos órgãos jurisdicionais e das partes no processo, a forma e os efeitos dos atos processuais. São normas que disciplinam os atos processuais.
As normas jurídicas materiais constituem o critério de julgar, de modo que, não sendo observadas, dão lugar ao error in iudicando (erro de julgamento).
 
3.2. Normas jurídicas instrumentais
São as que apenas de forma indireta contribuem para resolução dos conflitos inter-individuais, mediante a disciplina da criação e atuação das regras jurídicas gerais ou individuais destinadas a regulá-los diretamente.
Incluem-se as normas processuais que regulam a imposição da regra jurídica específica e concreta pertinente a determinada situação litigiosa.
Em princípio constituem o critério do proceder, de maneira que, uma vez desobedecidas, ensejam a ocorrência do erro in procedendo (erro de procedimento).
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4. OBJETO DA NORMA PROCESSUAL
 
A norma jurídica qualifica-se por seu objeto e não por sua localização neste ou naquele corpo de leis.
O objeto das normas processuais, como já foi visto, é a disciplina do modo processual de resolver os conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para resolvê-los e, às partes, de faculdades e poderes destinados à eficiente defesa de seus direitos, além da correlativa sujeição à autoridade exercida pelo juiz. (Ada Pellegrini)
Existem três classes de normas processuais: 
- normas de organização judiciária – que tratam primordialmente da criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus auxiliares;
- normas processuais em sentido restrito – que cuidam do processo como tal, atribuindo poderes e deveres processuais; e
- normas procedimentais – que dizem respeito, apenas, ao modus procedendi, inclusive a estrutura e coordenação dos atos processuais que compõem o processo.
 
5. EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
 
As normas processuais, como as normas jurídicas em geral, diferem ou se transformam no tempo e no espaço.
De um lado, o direito não é o mesmo em todos os Estados; de outro, dentro do mesmo Estado, tende o direito a acompanhar a evolução dos fenômenos sociais, aos quais se adapta, donde surgirem leis novas em substituição a leis anteriores.
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Dessas variações das normas resulta o problema, às vezes de difícil solução, de saber qual delas deva ser aplicada, dada a coexistência de normas diversas em dois Estados, aos quais o ato interesse, ou dada a sucessão de normas,
no mesmo Estado, reguladoras do mesmo ato.
Tal é o problema da eficácia das normas no tempo e no espaço, que exigem um estudo apurado.
 
5.1. Dimensões da norma processual
Toda norma jurídica tem eficácia limitada no espaço e no tempo, isto é, aplica-se apenas dentro de dado território e por um certo período de tempo.
Essas limitações aplicam-se, também, à norma processual.
 
5.2. Eficácia da norma processual no espaço
Emprega-se o princípio da territorialidade.
A atividade jurisdicional é manifestação do poder soberano do Estado, por isso não poderia ser regulada por leis estrangeiras, sem inconvenientes para o bom convívio internacional.
A territorialidade da aplicação da lei processual é expressa pelo Art. 1º, do CPC, e pelo Art. 1º, do CPP.
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Segundo a doutrina, o princípio absoluto da territorialidade em matéria processual exclui a existência de norma de direito internacional privado relativas ao processo e, em conseqüência, impede que as normas processuais estrangeiras sejam aplicadas diretamente pelo juiz nacional.
 
5.3. Eficácia da norma processual no tempo
As normas processuais estão limitadas no tempo como as normas jurídicas em geral, existindo, assim, algumas regras:
- leis processuais brasileiras estão sujeitas às normas relativas à eficácia temporal das leis, constantes da Lei de Introdução ao Código Civil (Art. 1º e parágrafos 3º e 4º, LICC);
- dada a sucessão de leis no tempo, incidindo sobre situações idênticas conceitualmente, surge o problema de estabelecer qual das leis (a anterior ou a posterior) deve regular uma determinada situação concreta;
- assim sendo, como o processo se constitui por uma série de atos que se desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo (procedimentos), torna-se difícil e delicada a solução do conflito temporal de leis processuais. Exemplo: as leis processuais novas não incidem sobre processos findos, seja porque acobertados pela proteção à coisa julgada, pelo ato jurídico perfeito e pelo direito adquirido;
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- difícil quando a questão diz respeito aos processos em curso por ocasião da vigência de uma lei nova. Para tal, existem três modos de aplicação: 
1) o da unidade processual – o processo deve ser regulado por uma única lei, para tanto, quando os atos processuais já ocorreram durante a lei velha, esta deverá ser mantida;
2) o das fases processuais – as fases são autônomas (postulatória, ordinatória, instrutória, decisória e recursal), cada uma suscetível de ser disciplinada por uma lei diferente;
3) o do isolamento dos atos processuais – no qual a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às chamadas fases processuais – este sistema tem contado com a adesão da maioria dos autores e foi consagrado no Art. 2º, do CPP, confirmada, também, no Art. 1211, do CPC.
  
6. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL
 
A interpretação e a integração da lei processual estão subordinadas às mesmas regras que regem a interpretação e a integração dos demais ramos do direito, conforme disposições contidas nos Arts. 4º e 5º, da LICC.
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O Art. 3º, do CPP, para evitar dúvidas suscitadas quanto à aplicação das mencionadas regras a esses ramos do Direito Processual, estabeleceu: “a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito”.
A interpretação da norma processual deve ser levada em consideração as finalidades do processo e a sua característica sistemática, daí o entendimento de alguns processualistas de acentuar a relevância da interpretação sistemática da lei processual.
Os princípios gerais do processo, abrangendo, também, os que se encontram na Constituição estão presentes em toda e qualquer norma processual, assim sendo, todas as disposições processuais devem ser interpretadas.
Interpretar é conhecer o conteúdo e a extensão das normas de determinado ramo da ciência jurídica.
Integração é a atividade através da qual se preenchem as lacunas verificadas na lei, mediante a pesquisa e formulação da regra jurídica pertinente à situação concreta não prevista pelo legislador. Ex: ler Arts. 4º e 126, CPC.
O preenchimento das lacunas faz-se através da analogia e dos princípios gerais do direito.
Analogia consiste em resolver um caso não previsto na lei mediante a utilização de regra jurídica relativa à hipótese semelhante.
Princípios gerais do direito são usados quando a analogia não permite a solução do problema.
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Tais princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para elaboração de novas normas. Ex: princípio da isonomia (igualdade de todos perante a lei), de irretroatividade da lei para proteção dos direitos adquiridos, etc.
Tais princípios não constam de textos legais, mas representam com textos doutrinários.
 
7. CONCLUSÃO

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