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FÁRMÁCIA Um enfoque Administrativo Farm. Rosiane Ambrósio (rosiane@fcm.unicamp.br) Depto de Farmacologia – FCM/UNICAMP Aspectos a serem abordados: � Histórico dos Hospitais � Objetivos e Classificação dos Hospitais � Organização Hospitalar � Administração em Farmácia Hospitalar � Logística em Farmácia Hospitalar � Armazenamento em Farmácia Hospitalar BREVE HISTÓRICO DOS HOSPITAIS � Hospital : hospitium: hospedagem � Início no IR, preocupação nítida com aspectos sanitários em obras e costumes como: aquedutos, sistemas para eliminação de detritos e esgoto (cloaca máxima), banhos públicos (termas); cremação de cadáveres e catacumbas; urinóis públicos; consumo de água mineral � Assistência aos doentes = precária � Atividade “médica” era desmerecida e exercida por estrangeiros e escravos gregos (servus medicus) = não-médicos Catacumbas Romanas Termas Romanas Aquedutos Romanos � Em 46 aC, Júlio Cesar concedeu cidadania a estes “médicos” pressionado pelo resultado de seus trabalhos e epidemias da época. � Em 1aC/1dC, instalou-se o primeiro valetudinário ( hospitais militares) � Séc IV primeiros hospitais comuns à comunidade, criados pelo clero com a fç de alimentar, hospedar, encarcerar e sepultar mortos. � Séc VI - Código Justiniano (Imperador do Império Bizantino) , que criava regras para estas instituições . Mosteiros Medievais 1. Brefotrofômios p/ crianças rejeitadas 2. Orhphanotrofômios p/ órfãos 3. Gerontodofômios p/ idosos 4. Ptocotrofômios p/ pobres e desamparados 5. Xenodofômios p/ estrangeiros 6. Lobotrofônios p/ inválidos e leprosos 7. Nosocomium: que se aproxima mais do nosso modelo atual � Com a influência do clero, os não médicos deixaram de exercer a medicina. Os monges passaram a cultivar ervas e a estudar/revisar a literatura. A assistência à saúde era limitada, e os conhecimentos sobre terapêutica, patologias/patógenos, sintomas diagnósticos, eram praticamente inexistentes e monopolizados pelos monges. � Séc IX -Concílio de Aachen, determinou que o nosocomium passasse a se chamar hospitalis pauperum, e todos os bispos deveriam construir um em sua diocese. Tiveram seu ápice nos séc XII e XIII, e posterior declínio. Mosteiros Medievais � Séc. XIII –Imperador Frederico II (Sicília) separou alquimistas e médicos, proibindo estes de possuírem “farmácia”, devido ao conflito de interesses. � No séc XIV voltaram a se difundir, agora na mão do poder público (passaram das mãos dos religiosos para os Estados Monárquicos ) tornando-se centros científicos de ensino médico, devido: � Criação do estado � Cruzadas: muitos feridos em combate � Movimentos de peregrinação (clero) � Inicio de atividades mercantis ( cidades) � Enriquecimento dos mosteiros � Pandemias (lepra e peste bubônica) Séc. XVI e XVII – Inserção da fitoterapia ( quina, ipecacuanha, café, cacau, etc), dando caráter mais respeitável às “farmácias” - Boticas OBJETIVOS E CLASSIFICAÇÃO DOS HOSPITAIS � Definição de hospital, segundo a OMS: Trata-se de um componente da organização médico-social, com a função de assegurar assistência médica complexa, curativa e preventiva a determinada população, e que seus serviços externos devam irradiar até a célula familiar. � Objetivos: 1. Profilaxia e prevenção à saúde - Estrutura primária de atenção. 2. Diagnóstico e restabelecimento 3. Ensino – Centros de formação profissional 4. Pesquisa – Acomodam permanentemente um grande número de pacientes e patologias. (H U) Classificação dos hospitais �Regime político �Porte do hospital �Tipo de serviço �Tipo de corpo clínico �Tipo de edificação �Zoneamento hospitalar 1 - De acordo com seu regime político: -público: Adm direta ou indireta sempre ligada ao governo. Ex. HC-UNICAMP – Adm indireta ( autarquias) , gere seu próprio recurso e subsídios do governo. -privado: Empresa = Lucro = Viabilidade Resultado entre despesa e receitas deve ser positivo . -filantrópicas/beneficentes : Não lucrativo. Parte da lotação destinada ao atendimento público e TODO o lucro aplicado no próprio hospital; diretoria sem salário. 2-De acordo com o porte do hospital: - Pequeno: Menos que 50 leitos. Com ou sem PS; em geral de espacialidade. - Médio: 51 a 200 leitos. A grande maioria no Brasil. De pequena à alta complexidade; Com com PS, UTI, CC, HD, Ambs. - Grande: 201 a 500 leitos. Em geral são públicos, universitários e de referência. Ex. HC-UNICAMP - Porte extra: Acima de 501 leitos. Universitários; grande variedade de serviços; complexa gestão e controle. Ex. HC SP 3 – De acordo com seu tipo de serviço: - Geral: Atende a todas as especialidades médicas, podendo ter sua atuação limitada a um grupo etário ou camada da população (Ex.HC/Unicamp, Hosp. Militar) - Especializado: Atende um tipo específico de clínica , devendo obrigatoriamente possuir capacidade de atendimento emergencial. (Ex. Caism, Sobrapar) 4- De acordo com o corpo clínico: - Fechado: Médicos são funcionários do hospital, devendo ter horário regular e o salário é pago diretamente ao médico pelo hospital contratante. - Aberto: Os médicos prestam serviço ao hospital, porém sem vínculo empregatício. Médicos são geradores de negócios e receita para o hospital. É o mais comumente encontrado. - Semi-Aberto: Junção dos dois, somando-se suas vantagens. 5- De acordo com o tipo de edificação: - Pavilhonar: Várias edificações de pequeno porte, e de no máximo 3 andares. Problemas com fluxo de pessoas e materiais. Pode ser H ou V. Ex. Stas Casas - Monobloco: Um único edifício, com atenção prioritária à localização de PS, UTI e CC. Ex. Hosp. Fundão - Multibloco: Várias edificações de grande porte. Ex. HC-SP - Horizontal: Único bloco, não verticalizado. - Vertical: Edifício de grande porte, verticalizado; problemas circulação; elevadores. Hospital Pavilhonar com características horizontais Hospital Monobloco - Fundão Hospital Multibloco – HC/SP Hospital Vertical – HU/SP 6- De acordo com o zoneamento do hospital: - Unidade Sanitária: Com no máx 40 leitos e prioriza assistência médica, cirurgias de pequeno porte e maternidade. - Regional ou distrital: Capacidade ao redor de 250 leitos, com característica de hospital geral; - Hospital de Base: Idem regional, contudo coordena os serviços médico hospitalares de uma região - De Ensino Médico: Idem ao de base, porém com atividades de ensino. ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR �Organograma hospitalar: organização dos diversos departamentos segundo sua funcionalidade e hierarquia. �Departamentos e Serviços Técnicos. � Os departamentos são: 1. Conselho diretor 2. Corpo clínico 3. Depto. Enfermagem 1. Conselho Diretor e/ou administração : (trata-se do superintendente ou administrador): - Traduzir as políticas da empresa - Responsável formal pelo hospital; - Estabelecer metas e objetivos (indicadores); - Aprovar e reprovar planos; - Sedimentar a missão, visão, valores e objetivos - Exercer liderança. 2. Corpo Clínico: “A maioria dos hospitais é de fato dirigida por médicos” – � Admitem, tratam e dispensam os clientes; presentes em todas as unidades do hospital � Detém o poder/autonomia de iniciar, reiniciar ou encerrar um tratamento/atendimento médico. � Condutas tem forte influência na administração hospitalar. � O diretor clínico, está à frente dos demais médicos, e tem funções administrativas que se somam com a do administrador. 3. Enfermagem: Assim como o médico, ela é um dos pilares do hospital, devido sua funçãoassistencialista. Executa a ordem médica, viabilizando o atendimento ao paciente. Representa a maior parte dos funcionários do hospital e está presente em quase todas as comissões hospitalares. Os Serviços Técnicos são: 1. Serviço Farmacêutico / Farmácia Hospitalar; 2. Almoxarifado; 3. Serviço de Nutrição e Dietética; 4. Central de Material Esterelizado; 5. Laboratórios; 6. Serviço de Diagnóstico por Imagem; 7. Banco de Sangue; 8. Lavanderia; 9. Arquivo Médico; 10. Compras / Faturamento; 11. Serviços Gerais ( Limpeza, Portaria, Recepção, etc); 12. Patologia /Necrotério; 13. Serviço Social; 14. Serviço de Engenharia/Manutrenção; 15. Serviço de Recursos Humanos; Serviço Farmacêutico � Unidade técno-administrativo que abriga o segundo insumo mais caro do hospital: Medicamento e Material Medico-Hospitalar ( 20% dos custos hospitalares). � A forma como será gerido ( comprado, armazenado, preparado) é do domínio do profissional farmacêutico. � Part farmacoterapia adotada pelo médico, no uso racional dos medicamentos, controlando as RAMs e detectando os PRMs. � Regulamentado pela Resol. 300 (CFF) Resolução 300 – CFF- 1997 � título: Resolução nº 300, de 30 de janeiro de 1997 � ementa: Regulamenta o exercício profissional em Farmácia e unidade hospitalar, clínicas e casa de saúde de natureza pública ou privada. � publicação: D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, 1997 � órgão emissor: CFF - Conselho Federal de Farmácia � alcance do ato: federal - Brasil � área de atuação: Medicamentos Portos, Aeroportos e Fronteiras Área de Farmácia Hospitalar � Não há legislação, mas de acordo com a OMS, a farmácia H deve ter de 0,9 a 1,2m² por leito hospitalar, ou seja, média de 1m²/leito. Ex. Hospital de 100leitos = Farm Hosp c/ 100m² � A Farmácia deve conter “minimamente” 5 áreas: administração; (CAF) Central de abastecimento; Dispensação; Divisão técnica (Farmacotécnica). � Administração: Atividades ligadas à gestão ; custos, controle de estoque, gerência de indicadores, planejamento, POPs, farmacoeconomia, etc � CAF: Área para armazenamento de grandes volumes, e deve contar com apoio administrativo. Atende à farmácia e a todo hospital � Dispensação: espaço para acomodação de mesas e bancadas para separação e distribuição de materiais e correlatos. Área onde ocorre a triagem, conferência e análise farmacêutica. � Farmacotécnica: Lab de manipulação e fracionamento de medicamentos para uso interno ao hospital. � Div. Técnica: Área destinada para estudos técnicos, farmacovigilância, pesquisa, monitoramento, SIM e biblioteca. Serviço Farmacêutico HC/Unicamp - CAF Serviço Farmacêutico HC/Unicamp - Dispensação Dispensação Serviço Farmacêutico HC/Unicamp - Dispensação Serviço Farmacêutico HC/Unicamp - Farmacotécnica Farmacotècnica - Manipulação Magistral Farmacotécnica - Manipulação de Estéreis Características do Farmacêutico Hospitalar � Possuir graduação em Farmácia � Desejável pós graduação em Farmácia Hospitalar � Possuir experiência em Farmácia hospitalar ( trabalho ou estágio) � Possuir habilidades de comando e liderança � Conhecer ferramentas da qualidade total e Acreditação ( ONA / ISO, etc) ADMINISTRAÇÃO EM FARMÁCIA � Administração = Processo que envolve o planejamento, organização, liderança e controle dos recursos disponíveis para alcançar os objetivos propostos pela administração. � Qualquer processo administrativo dependerá de 4 pilares: pessoas, procedimentos, equipamentos e recursos. � A condução do processo administrativo requer: organização, liderança e controle!!! � Organização: Organizar pessoas, processos, equipamentos e recursos para alcançar objetivos. Ex. Implantação de àrea para Diluição de Medicamentos Estéreis: � Deve ser feito de modo organizado através de um plano de ação ( 5W - What? When? Where? Why? How?), com dimensionamento de área, identificação de equipamentos e custos, dimensionamento de RH, treinamento para a função, além de todo o procedimento operacional descrito, afim de atingir o objetivo. Ex. Padronização de um novo medicamento: Deve ser identificados todos os estudos clínicos recentes; identificar similares terapêuticos em uso ou não; identificar custo x benefício da padronização; estabelecer protocolo de uso; identificar CMM; estimar custos; levar à discussão junto à CFT. � Liderança: É o poder de influenciar positivamente seus comandados, motivando-os à eficiência. O líder deve possuir persuasão, impor- se de maneira natural e criar um bom ambiente de trabalho. � Controle: O gestor ( descentralizador) precisa saber se as tarefas dos seus comandados estão sendo cumpridas. O controle envolve, treinamento, supervisão, identificação e ação. Análise dos indicadores. Os 3 Preceitos Básicos da Farmácia � Agilidade: A Dispensação é a função principal. Padronização de processos, mecanização e informática. � Fluidez: Quem vai usar, com o que vai usar; kits; tubos pneumáticos � Controle: Números!!!!! Iindicadores hospitalares e de farmácia (tx ocupação; CMM; Tx Inf.Hosp; Itens não movimentados; Volume de devoluções; glosas; prescrições atendidas; consumo de antimicrobianos, controle de psicotrópicos e entorpecentes; índice de satisfação). O papel do Administrador Farmacêutico � Marca pessoal :Formas de conduta - Símbolo: O gestor é o símbolo do setor. Se as coisas não forem bem, isso recairá sobre ele, sendo ou não sua “culpa”. Da mesma forma, os bons êxitos serão creditados a ele, e sua equipe. - Político: Alianças e sinergismos são importantes com setores externos - Coletor de Informações: O gestor deve ter habilidade de buscar informações que não chegariam habitualmente a ele. Deve concentrar dados estratégicos para os indicadores hospitalares e gestão farmacêutica. - Comunicador: Comunicar rotinas, deliberações, comunicados, decisões pessoalmente, e não somente através de memos ou e-mails. Verbalizar!!!!!!!! - Líder: Em certas situações há pouco tempo para tomada de decisões, assim o raciocínio sob pressão e a administração de conflitos são habilidades de fundamental importância. Modelos de liderança � Liderança Propriamente dita: carisma, vocação, iniciativa; � Autoridade: se fazer valer pela influência positiva; � Doação e Vontade: orientar e, às vezes, ter ações operacionais, ser abnegado. � Comunicação: Manter canal aberto com todos, sempre prestando feed-back; � Honestidade: “Auto explicativo” � Compromisso: Seguir o planejamento � Capacidade de Perdoar: A relação com seus colaboradores é SEMPRE profissional, e NUNCA pessoal. �Um dos testes de liderança é a habilidade de reconhecer um problema antes que ele se torne uma emergência!!!!! Arnold Glasgon
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