Buscar

Paisagem e memoria Simon Shama

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Sl1\10N SCHA i\1A 
E 
TrJdlJC;ao: 
H ILDEGARD FEIST 
• 
Copyrig.hL © 1 <>95 hy Simon Sch.un.t 
Tiwlo orig.in.tl: 
IA1Jdsmpt and 11Jtlllo1'.\' 
Cap.1: 
Ertort-· Rotrin i 
:-ohr~ .tqu.trdJ sobrt: papd de Thoma!:> L\lorJIH.i, 
Clijfs nftiJt: Rw l"i1:gin, SotttiJ UraiJ, 1 ~73 
Pn:para~:iu : 
Rosfmnrv Cntalrft Jlfnrlmrfo 
Revisao: 
Ann J,fnrin Bn1'bom 
Cnrmw S. dn Costa 
Isabel Curv Sautnnn 
• 
n.ltln~ lmcrnJ.CHJOJIS de Caulogao;3o JIJ l'uhll.:'.l\lo (C II' ) 
(CjmJrJ Rr:l.~ilciC'J do LIH•l. <,t•, Br.l\11) 
.S .. h.lmJ, S1mon, 1945-
PJI~.Igcm <.: mcmon.1 S1mnn Sdum.l tr.1du\.\u lllld.:-
g.trd h:1R - Slu P.1ulu tomp.ulht.l d.t\ I (lr,l\, I 99{!, 
l'ltulu nrig.mal: L.1nds(..1p.: .md n11:111ury 
I\IIN 85 7 I 64-538-8 
I . EculngiJ humJnJ • Hl\toru 1. l'.m.1gt:m · 
1\\ •ll•.to;ao HhwriJ 1. Tiwlu 
<I() U533 CIJI> 304 23 
lnd1cc p.lr.l c.tt.ilogo Sl5tcmSuco 
I ,\lemon :a c: p.1iYgcm Ecolog1.1 humana J04 23 
1996 
Todu!oo o dm:iro~ dcsra cdi.;iio rc c:n ado J 
EDITOR.'\ SCHW.'\RCZ LTDA. 
Rua Bandcir.1 Paulisra, 702, CJ 72 
04532-002 -Sao Paulo- sr 
Tclcfonc: {Oll) 866-0801 
Fax: (0 11 ) 866-0814 
I 
SUMARIO 
lt1tt·odtit.;Jo ····· ············~·· ········ ··································· .. ···························· 13 
PRI~IEIRA PARTE 
i\tL4TA 
Prologo: 0 desvio................................................................................. 33 
l. No rei no do bi5ao liruano................................. .. . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 4 7 
As best as rcais de Bia~o,vieza........................... .. . .. . . . .. .. . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . 4 7 
A ultin1a pilhagern............................................................................. 63 
l\1ortalidadc, in1ort;llidade..... .. . . . . ... . . .. . .. . . . . ... .. ...... .. . ........ .. ..... ....... .. . 70 
2. Dcr Ho/:::,JPcg: A trilha n~ tloresta........ .... ... . . . . . . . ... . . . . .. ... . . ...... .... .. . ..... 85 
En1 busca da Gcrn1~1n.ia ..................................................................... 85 
Sar1gltC n-a florcsta...... ... ... . .. ... . . .. . .. .. . ... . . . . ... . .. ... . .. . ... . ....... ...... ........ .. .. 91 
Arn1ini us RcdiYi\ us ........................................................................... 11 0 
ll1nf d JtCJ'bCJI............................................................................................ 12 9 
3. As liberdadcs das verdes n1atas ......................................................... 144 
Hor11Cr1s \'C:r(ics ......... ........................................................................... 144 
A vid.1 na Horesta: lcgaJidadc, n1arginalidade ................................... 150 
Cora<;CleS de c.:arval ho c baluartes da I ibercbde? ............................... 162 
Os pi lares da G~11ia ............................................................................ l 82 
{JJ t".:...;tJ•t•IJ/1· .. , ............................ , .••.•.•.......••.•...•....•.....•........•.•..................• 187 
4. A cruz v c rei e j .111 t c........................... . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . .. .. .. . .. .. .. . . .. . . .. . . . .. . 1 9 3 
Pardos c gri~.1lhos ............................................................................. 19 3 
R.~SSUITCi\·jo vegetal .......................................................................... 21 () 
J)c ·lJr· .. '''""ll.ic ,1·es ...... ................................................................................. 2 14 
-
=> . 
A en•" 'crxil'J.UH r . 
l'.lhrrn.Kulus .. . 
Yoho"' nn scpukro . 
• ••• •• ••• 
. .. .............. ................................... .......... . 
.. . .. . ... ...... . , ... . ...... ....... ...•....... . ....••.•.•... .• ... . ... 
• •• •••••••• •••• •••••••• •••••• ••••••••• •• •••• ••••••••••••••••••• • •••• 
\I ul'XI) \ PARrh 
• AGUA 
:'1 I . . . l·.uxo' 'c: c<>nscJt:ll(JJ •• •t ...... . . . . . .. .. ....... . ...... . ... ..... ... . .... . ........ .... . . . .. . 
A [()rrcntc llo lllit(l, . .. ....... . ....... ...... ... .... ...... . ............. ........... .. . ...... ... . 
. I .... . . I Cm:u a~an: .1rtcnas c lllJ:,ll.:nos ............... .. .. ... .... .... .. ........... . ... ... ...... . 
C{>llfllrl·nci._t~ ,.,grall,t~ ............................ .......... ... .... .... ........... ......... ~ . 
~~ ' . . 
rttiJJ ... t1/'1(1111t1f ········· ·· · ·· · · ~····· ··· ·· ·· ·· · · · · ··· · · ·· · ···· · · · ~ ··· ········· · ········ · ··· · •· 
o Nile., 
Bernini 
11 c • .. ,.1l' r·c ••.•.. I ••• • •• ••••• •• •• ••• I • • •• I • ••• • •• •• • I •• ••••• I . . . .......... I •• •• ••••• ••• • •• • 
• 
c 0~ llll&.l(f(t 1'11), ,,, . ........ ...... . ......... . .. .. . .. ........ . . . .... . ... .. ............ . . . 
24S 
2Sl 
') - l -~ 
261 
26~ 
272 
286 
2lJ~ 
6. ('tlffCtllC~ SJngitlllC.t\ , .•.•... , ..•.•......... . .. . .....••. •• ... •..... ......•. . •••. . ........... . ,~ [ [ 
S1 r \\171 n· ll1h: gh pcrd~ o rumn . .. . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . 31 1 
0 homcm no b.1r(O de papcl p.1rdo ............................................. .... 323 
JjtlhJS de J>OdCI' ................................. . ...................... . ........... .............. . 
'JJ ·. Ilf l-. llli\ l'J\1~ I E 
7. nintiCI ,lll'~ (' ~ I ' 
"x.una: .1 111\ldc:, beatitude, 111.1gnitudc .................... .. 
A mulhcr liD tn••ntl' ltushmurc 
1). ····•••· ..••..•... Ill! H .. l~\IC\ C ll '1\,JIJl ,l .................................... .. 
••••••••••••• 1'1 •·•••····••··•···•••• ~ c\ Jf'f·c~ . . ................... . ....... .... ~·· ... . 
l ••••••••••••••. 
hxorc:it..lndo Pil.1t<'"' .................................................................. . 
•••• •••••••• C.lh arios de com cnicncia ........................................................... . 
() ultirno '"ontc Sn!Jrndo) ............................................................... .. 
... . ......... . 
•••••• • •••••••••• I , ....................................... . 
mpcnur. \'CJ tk,,i,, abismos ccrchr.1is 
!\1ara\ tlhoo;,o horror ............................................... . 
I " . . ..... • •••••••••••• tn),cnt; · ···•·•···· ·•· · ·· ••···•·· ·· ·· · · · ·• ~··· · · ·· · · · ·•• •· .• s 'CrtJc,w;, .tbismos ccrcbr.1i~ 
A ':icdc d,, \ 'II tude. . ........................................... . 
c ()lllJlli"''·''· .. . ... , ....................................................... ······•······· 
••••••••• ···~··········-····· Albert, 0 \.it .lnd~ - .... . 
I, I I " • I o I" I I I It I 
• I It o t I " I I I o I o I I I I I I 4 I I I. I I I 
I I I I t I I I I • 
Cl''il . . ..•.. ···•· ..• 1' ' CII\' l' I I ................... . 
" • ., ~ C '1,1 \' I • . • ...... "• ....... • .......... 
. ,. ·'"·· } t I I I t 1 1 1 1. I I 
•••••••••••••••••••••• 
. . . . . ' ........... "' ........... . 
387 
-~X7 
401 
413 
425 
43(l 
442 
447 
447 
4()2 
":! 77 
4XR 
•ltJ(l 
soo 
C,J, IIAIUt\ !'/\1( 1 I. 
• J\111 '111, Jll ,'UA , /{()CJJA 
9. Arcadia rcdc~cnhada ··· · ···· · · · ······ · ··················~····· · ········· · · · · ·· ·· ...... . 
J::r i11 1lrtnrfin IL11o ~ ............................................................. .. 
•• • • •• • ••••• 
PriJttiti,·c)s c pastc>r;lis ....................................................... . 
... •••••• 
513 
513 
521 
Rusticidadc c dc~ord~m ........................................................ . ... . 533 
U ma Arddia p.trl o po,·o: a flnr~sta de Fomaincblcau .................. 541 
A Ard.dia atri ... de um vidro .... .................................................... . 
0 minilo sclvagcm c pdud'' . ................................... -.................... . 
N<ltas
... .. ... ..... .. .. ... .... ... ... ...... ............ .. .... ........... ..... .... ......................... . 
Um guia bibliogr.Hi<.:o t I I I • I I I t I I I o I I " • 1 I I I • I t1 t I I o <1 e I • I t' I I 4 4 I I • I I • • o • .. • I • o. • • I • • I • I • • • • t <1 I I • I 
t\gt·atlcclrl1t!lltos ...... ....... .. ..... .. ..... ... .. ... .................... ....... .............. ...... . 
( r~ditn1> das ilustra<rfH.:~ · ··· · ··· ·· ·· ·· ··· · · ·· ······· · ····· · · ·· ···· ·· ··· ············~·· · ····· 
I 11ti1cc retnissi\'O .... .... .. · ··· · ······ · ··· ·· ····· · · · ··· · ···· ·~ ·······-······· · ·· · ····· .. ·········· 
575 
611 
6~1 
~-...., ... 
v--' 
6..,-_, 
-INTRODU9AO 
So quando passc i para a escob sccundaria pcrccbi que nao devia gos-
tar de R.udyard Kipling. Foi un1 choquc. Nao que cu n1e impo rtassc n1uito 
cotn l( inl c Ivto,vgli. Ja Puclz of Pooll)s hill [ 0 din/.;n·tt: do ]IJJOntc Pooh] era 
ou tra hist6ria na verdade, n1inha hist6ria favorita desde que ganhci o 
liYro ao cotnpktar oito anos de idadc. Para Llln tnenino con1 a cabc~a no 
passado, a t:u1tasia de Kipling era podcrosan1en(e tnagica. E\ridenten1cnrc, 
havia na Inglatcrra certos lugares nos quais pc<;'loas, que ali estiYeranl s~cu­
los arras, de rcpente se n1aterializavan1., de 1110do incxplich el, diantc de 
un1a crians:a (ncstc c1so, Dan ou Una). Con1 a ajuda do diabrete podia-se 
viajar atravcs do tctnpo sem sa.ir do Iugar. No n1onte Pook, o~ fcliz,1rdus 
Dan c Una convcrsaran1 com guerrciros 'ikings, ccnturioes ron1anos, cava-
lciros nonnandos e, depois, fo ran1 para casa totnar ch{t. 
Eu nao dispunha de nenhu nl l110t1tC, porcn1 tinha 0 Tful1iS .. l. Nao t:ra 
o rio a tnontantc que, segundo os poctas de tninha antologia Palgrave"' 
borbul hava por entre n1argens cobcrras de tnusgo. Tatnpouco era a larga 
estrada verde-oliva que divide Londr~s. Eu rinha o t'stuatio baixo, visitado 
pdas g,livotas, o lcito nupcial de sal c (tgua docc, cstendcndo-se ate onde 
conseg;uia avist~1-lo, de n1inha n1argern no 1 1orte de Essex., e dirigindo- c ~ '-' '-' 
para tun estreiro horizontc negro no outro lado. La e.., tava Kent., o inistro 
inin1igo que scn1pn: nos derrotava no can1pconato de Lriquete. Ja 1naior 
parte do di.1s, o vcnto nos trazia un1a lufada de aron1a , n1cn .1gens olfa-
livas da cidadc e do n1.1r: t1-5fego intcns c peixc fi·esco. E, entre eb , o 
chcin, do pr6prio vclho: penetrantc c rans:uso, con1o se o exalas ~e un1 
vasto fungo su bfluvi.tl cxistcn te no lodo prilnevo. 
un~ quinz(: quil{)n1etros adiantc correnl'cza .lbaixo est..l\'.l a gloriosa-
111Cil t c 1 ttgu br~ cit.L1de li ror.1nca de Sou t hcnd, que no final do Sc(ulo pa -
sadn dcspnn tou co1 no ~"os pul n16e de Londrc~ .. , . Latnp,lda co lorida 
enfcit.l\, 111 o pier, ondc toca\'a u1na banda barulhenta, .1 n16 ·ica fanhosa 
. n'lplific,tndo- c por "obre a~ .:lgua e curas. () · p.. eio · e .. ra' an1 coberrot.J 
de banu< s fi·ir .. s., n1olc e santrad. de vinagrc, e a genre podia, lircralinen-
13 
tc cravar os dcnt~s em l·altndrno.; tk a\'(1~.\r-(,\lllk qut· l'.\ihi.mt um nw-dc-~ fOsthrcsccntc. J~ lc:rr.1~ J.t m.1r~.·a ~.-tngr.ull..lll .t (".td.l mordid.t. !\ l ai~ 
perto de ~..:.tSJ, o pcqucno porto de: Leigh ,tind.t .tbrig,\\'a b.tr\ll\ pl·~quciros 
de \":3marao c ~arrJcflcs de .1rncijoa' Em St. ( 'knH.·m~ c~t.tV,\1\l ~.·nt~.·rTados 
KU~ ~ "'pc•xc, .. · n.1o 'n Rr·h,\rd H.1ddock (mnrto L'lll 1453), mas t.un-
bem Rohcrt S.tlmon murtl, em 1641 ), ~.·ujo cpit.Hio o prudam.w.l ·•rc~­
r-.tur.ldor dJ au\ cg.1\ .1o ingJc,,,... Par.\ Jlcm do~ barracf11:~, :H~.·i,t 1 isnada, .I 
,obcrra de con~has de muluscus c cordoc' de .tlg.ts m:u·inha~ cmp' ,Jad.ts c 
ncstrJ\ ,,uc c c tcndJam .lte ,1 agu.t cinzenta. Quando .1 m.trc h.ti:X.l\','1, ~ ' ~ ~ 
C\JXmdo umJ c:xten~'lo d( l.una cor de" fcrrugcm, cu c.uninh.w.l quili\mc-
tros J pJrllr da pr.1i.1, te~t.1ndo .1 profundcza da \ ':ts.l., clupinh.tndt, L'lltTL' 
c.ar.mguCJo~ e (.lramuJos, que titgiarn :ts prl' 'as, ~ ollundo lhamcnt~ p.lra 
o ponto e\Jto ondc unagina' :t qul· o rio L'llCl>ntr.wa o mnr 
Pen~ era 1:1 que mcu diabrctc m,lritimo, L;l)vcz: um dt'\tL'ntknlL' de 
Mcrnwio, me cJKonlr .1ria. Ek cnchi;1 o hori::tome de minha unagin.1~.1o 
infantil com mctru~ de Irma c m.1deir.1 csLalantl.'; lt>rd.l ~.: akatr.1(1 e .trKnra!'> 
l' fiuno de rolo. L.1rgJ g;'!Jcras enrr·.w.tm no rio com su.1s tlkiras t.k runei-
ros rcsmungoc~. Longo b.lrl'u-., com c.lbcs-a de dr.lg5o na pn ,,l L' escudo~ 
de ;u;o prc.:gados nus fbncos, dcsliza\'am, aml.'a\adorcs, cr HTt'ntcza ~1cim:-~. 
Galeot.l~ c c.tr.l\ cl.ts osciJ.n am , LIJ\ cmctne, .10 sabor d.1s onda~ do est u.1rio, 
CXJbllldo em \CLJS guru pes qucrubins r.~diantes ou COJ'sari<)S de ltrrh.UHe, 
ollms C\hugJlhJdos c pcdgo~a.s sui.;.t'. Grandl.'s cllpac.s carrcgad' 1s de ch.1, 
JS \clas cnfunadJs ~omo os lcns-6is em n,,sso var.1l, dirigi.1m-~c par.t a~ 
doctt'\ de: I c,ndres. l:.m mcus de,•ancius, a prbpria linha da cost,\ mi.stcrio-
amcme d1 sol\1.1 ~cus bare~ d~.:crepitos e 'eus guindastl.'s cnf(:rruj.ldo~ num 
bosque 8ombno .1 mJrgcm do rio, undc a cop.1 da~ Jn•orc~ emagi.1 lk tllll 
nc:\ ociro .mngo c fllncn.:o. Quando viajci dl.' barco (om meu pai, indo de 
Gm,c..~cnd :1 TO\\cr gridg.;, c>s p11rtos de \Vapping c Rnthcrhithe .lind.tti-
nilJm gmndcs n:wios c.trgudr11s, em lug.1r dos rcst<llll'an l e.s gr.1 -tinos e da~ 
sedc:"~ da-. l:c IIJH lf,l\'<.u..:!l. N•, ctll.lllln, lOI11 os olhus d.t nH.:nt~, eu ' 'ia as ga.l-
~o~ de .lncor.ld••lll'o~ Cl j, .ld,,s de mJ .... t rns e gru.1s, C()lllll rurma gra\'lll.l de 
llulbr., ,\\ pont.;s inst.h cis .tpinh.H.I.ts de casas de madl.'ir.l c.tindo .1os pc:lb-
\OS, fen iJ!14111do de \ ic.l.1 CIJill ••s grande~ fimniguciros d.1 cid.tdc impcrial. 
hJ .\Uld., n.lo h,\\ i:t lidu as primcir.t~ p.J.gin.ts de IlcflJ'f of' dm·l·uN.r 
l Cornriio tfns trrmsl c lc\c1 .mo'i para dcscobrir que Jr,,cph Cnnr,;d ~c anrc-
CIJ)Jra nc!\~J \ Jo.,,'\o d.1 ha\tori.l mglc!>a do I ado de c.1 do Tit mi~.1, uscilando no 
ancomdouru .1n ".tbor d.1s m:tr~. Quando, por fim~ L'llContrci Charlie 
MJrlcm c scu~ '-Oillhrios cn1cg.l'> a bordo do escaler Ncllit· .11racado no 
" , 
cr,tu.mo, J '~.:nc.:r.n d cc>J'fcntc" banh:tda na "luz :1\lguMa de lembraw;:.1s 1 ~11~ncdlJllrdo,'\ u.mqtilh7cl me c, na mcsma mcdid.l~ filJUCi dcccpcionado. 
I ots P·1fClcu nu.: que .1 ideaJ do \f:unisa conh, um dh isor de temp', c csp.l-~1' fdZIJ p.u·tc de tuna t rJdl~·"'· St· tivt:s!'.c r<.'cuadu m;,is rl.l litcr.lt ur~1 d• >S 
gr-.mdcs n,l\ His fltl\ I'lL t .,.·1 J 1 · · 1 1 
u ,, C .1 lc~<;Co "'Crto lJliC ,\ Cc IITCI\IC tlllpt:l'l,\ ( L' Cc•ntJd J rot\ de I'CilcLrar · · 1 · 
' ' • .,,H, ~OtnCf(l ;t I..JUC h~flllllltl Clll dC.llllOrtL','llllL'lllO, lnuLL1rn c munc en 1 _ . 
' • lllll<l I) 'I~C~S.Itl o11lllg.l. Ante!. de llS b.m.:os vitllri,lllw. 
l 
• 
.1hrircm IZ<IIllinho P'>r entre as pl.1111a~ :ll. .. jll.lticJ" do Altl, Nifo c do lr,lmbia., 
11.1\'io, c:,p.tnht',is, disnbct.mc >~ c .He .1km:1cs vagaram scm rumo ate 1r tcr .1 
h.Ki.t du Orcno~o, mraid"s pela tant,llazJntc miragem do El Dorado, IJ 
p.1r.1iso dourado, t.JtiC se cncontrari.l au dobr.w-o,c a proxima l:Ur\ a 
A linilid.tdc tdgica, Clllrctanto, nao &C aiOJd facllmc:nte flJ Jmagina~JO 
dos menino!'i de calr;41~ curt.ls. Nunca \i a. luz. o,obrc: o~ pantan<JS de r..,~~ 
l'omo o ""tccido diafano c radioso" da dcscri\fto de C unrad, ncm o .1r 
"condcnsado em mdancoli.1, ric, acinu. Subir o rio, cu sa.bJa, era 'oJur 
.ur.ls: du alarido mL'tropnlit.lno au 8ilcnciu antjgu; c:ra ir para o oeste, na. 
l dirl'~Ju d.l IClllle da.s aguas, dos primordios da Jnglatcrra nu calcirio cdti 
1 co .. SL'ria ditkil pJrJ mim, nu c:nmntr...•, partilhar a omino:,a H!lao que 
1\ larlow dnh.1 do antigt, T:unis.t, ~om pn..>dJnsuks de- l'bga cremcndo nJ 
tcrrivcl umidadc, no pn'1prio lim do llllllldo: ·•um dos lugares cscuros da 
Lcrra ,, . Eu csrava por dcmai~ ocup.\do olh.111do
os navios, que parriam rcso-
lul~mH..:nte para o m.u, p.tr:t tmlm .1qucks lug<1res quL' apJrcciam em cor-
de ros,1 no n1Jp~1 pcndur~1dn 11.1 p.tr~.·~.k de IWssa escob, ondc fardo~ de 
paulJ ou ..,j,aJ ou cac.Hl c~per.wam ern algum pono tropical 3 fim de ~uc a. 
Commom\ cairh ( (omu no" inl()rmaram que sc chama\ a) pudesse \1\ cr a 
ahura do proprio nome. Ap(,s a l·oroa\'jo dJ jo\em rainha, disseram-no 
q lll' roJos nos l:r.1mos ··novus di~abct:mos''. Assi1~, _ .1cha\ amo~ corrcw 
dcv.ml.'ar sobn: no..,s.ls lig:t'tiks com a \'Cr ao ongmai: com Drake c 
Frobisha em Greenwich t.' com a propria Rainha Yirgem ( espam.osa.mcn · 
re parccida com Dame FlurJ Robsnn }, b.nendo no peiro prorcgido pcla 
,1rnudur.1 110 J(amp.lllll:nw de Tilbuq c rcunindo Js £ropas para cnfrcnrJr 
,1 Armada. ~em nl'nhum tr.l\O do nl'gror conradiano em meu honzomc, 
"'. ~r•'\' l. "A J1istot'\' of the Rov.1l N:wy" , .. Uma historia da 1\larinha Real'"] C~L ~ • - • d 
em doze pagi11.,..,·, iluMr.1d.1 (I Hll .t ~ Jiguri•~h·'' Jc gal~oc~~ c cncoura~ O\ 
que.: sabrn 110" ma~os ~.k cig.tJ'I't)- con~s1.1 d.1 lmpc.:n.1llobacco Corpor-
• 
• lllun. . i' 
Embor,1 0 1..,o<..kr impcri.ll sempn: flub~~: com o· nos, os Cllr~os t .:1g~1.1 
n:'io s:lo 0 , uniLns dt.:m~nlns d.1 p.lis.\~L'lll qu~ lranspt>fGUll •' c:tr~n d: h1 -
t«'>ri.l. Qu.mJn njo l.'sl.\\'.1 ch.tpinlundn 11.1~ C(lrrcnLc~ do temp~, eu fic.l\ .1 
col.mdo pt...:quen.ts J(llh.ls ,·crdc' mtm.t .lrYort.: de p.1pcl que hJ\ lllll fix.1do 
11•1 )Jrl'd~ de mcu r/u·drT, ,1 l'~Ct ,1.1 hdJ~.1ir.1. C ad.1_ l'h pe11t:e _'"-olct.td? p.1r.1 
.
1 
· . . 1 • bran~.·.t do Fundn N.lCJOil.ll )ud.1KO mt>re -Jam m.us uma 
.1 L.llX.\ ,lZU l; • f . 
tcJih 1 Complel.lli.t J n>lllllll),,l ft·ondc, dc~pachJ\ a-'e .1 c:.uxo1 :• ~o~1 ormc 
1\t ,~ ~-·:romcrer:tm, pl.uu.l\'.1 ~c Lllll.l mud a de an or:c no ,~J~ d~ (1:ltle1.1,~~om 
1 "" J -J~.,'Se 1,rcgado nurn dn!! r.umnho" H:rdc . Em w~ o o ll IHHllC lJC Ill·~.... I. •• • ... • I .· 
i . L dr .... in•or~s de 1.,nJ'Id ~.mh.H .1111 lolllJgem .10 som <. c c.: I 'I non c.: '- ~.: on c.: ... , • • • ... • ~ ~ ~· • 
1
• 
. . . tilint~ncs c em Ctlll~l''-tiicnct.l dr,~o, .1~ flore tJS de .SJon- c torn. 
pc.: nu:.s ' · · · ........ -ao 1 flo 
· i. As lr\ nl'l."s l'I".Hll nnssos um~r.llltC'~ por prolUa•\ , • \'.lm m.11s '- cn~.:ts. • .. · 1 • 1 • l 
· 1 --0 F c:mbor.t .tdl.1,scm'> um pmlCir.t mats ll11lHO rest t'> nc 1ss.1 1111p .ult.l\ •1 · ., 11 • 
' . 1· d .,,1stld 1 1,nr ~11 1t l")s rd1.mht s '-k ~..-.1br~1' c: m c 1:1~, mmc.t q u c um.t uJ m .1 ~..: • • • ~ ( ) • 
l l. 1 ' Ill . Ill I'\ '-I lit.' sc:n i.un ltldns nqud.t~ Jn·orcs. qm: SPtl "1CI111h e\J ,111 l.: ~...: • • • • • 
• • 11111 Jlnrc"it 1 "~11111 r.tiZt.'' '-·un~lltlll.l .1 p.ll~Jg~...·m Ofhl'i(,l ·' s.tbi.11110s c:r.1 l)lll L · · 
15 
de um Iugar de arciJ cJrn·g.td.l ~-,dos \l"~Hos, "k pt·d r.l. nu.t L' l'l'~·i r.t 'l'l'llh.'-
lha. Diaspora era arc1a :\: Jill, n q~•c m?•~ br.td p~ldl"n.t 'l'r, st·n.tn un1.1 .tlo-
resta alt.l c arr.a•gada no chao? Nmgucm M:' deu an tr.lb.tlhn dt· nus dtzt·r 
quais foram .1s .tn ore.' l)UC p.l.rrocin.tmo~. l\ Lt~ .u:h.t~·.tmo~ l} tn.· a.un l"l"dn 1, 
cednl salomoml"O a fra,gr.tnl"IJ do tt·mplo de m.hktr.t. 
Todo Jno o mmo da col.lgcm d.1' f( 1lha~ ,,c .Kekr.\\'.1 (uriu .... uncnre n.1 
mc&da em que c .lproxlllll\ J o Tu ~,. She,•at, u "kcimn quimn di.1 do mC:·s 
de Shc\Jt: o .1no nmo dJ.S .\nore, . .A t\:.,t.l )figin<Ht-~L· num.1 d.n.1 c~t.tbe­
lccida arbnr.uiamCilH.\ que m:trCJ\ .l 0 rermino lk lllll ann de dlzimo.., obrc: 
os fruro c o l"Oil\C\ll de outro - uma tomu Ltllit 1s.1 e .tpr.tzh L'l dr c:< lme-
mor.tr o fim de Llln .mo Lk unpo'tll'· Em brad, comudo, .1 d.H.l f(,j tcn.tl -
• 
mente rcim cmadJ como o Di.1 "ionist.l da An'<lr~, .1n qu.tl n5o 1:1ltam 
,rian~as. de pa1mha l'm punlh , pbman~o l> equi\ .tkllll' b<lt.llltLo d~ ~i 
me mas em tllcim" alegrc e obcdit·tue.!). E um ritu,ll inoc:~nte. No entan-
..., 
to, por tr.ls dele, cs(OJllic-s"· tll1l.l long-a c rica tradi~Jo paga qu~ '1.1 .1s llu-
rcstas como o nnsccdouru d.1~ n.wt>cs; o inido d.1 lubiL.t~·:io. l\1radn 
xalmenrc, como vcr~mu , c"'·' foi unu tr,ldic;3o qu~ llnresL~tl 11.1s me.,m;1s 
cuhuras que c.sugmarilaram L)S judeus como frutos e:-;tro.mlw ... c.: promm'l"-
ram campanha pcri6dic.1s de criminosa extirpa~io. Cnnhcctamos, cnnttt-
do, aindJ mcnos que 0 f.1t:alismo (OllrJ.diallt), 0 Goldt'll UOII.!.,]IJ r Rnmo 
dortrado J de 1. G. Frazer, com ua~ re1.1c;oes mfticas cntn:- s.1crificio e rc:no-
'ac;ao. 1 Jmpouco no ocorria que os hc:breus biblicns, como wd.1s as tri -
bos de pa~torc do antigo Oriente Proximo, com cc:rtcz.l comribuir.un 
p.m dcsp1r as colina~ do Levanrc. E, mesmo que ri\'l:ssemos noc.;ao disso, 
nao nos importmiamo~ Tudo que ~abiamos era que criar uma floresr.1 
judia sigmfio, J \ olmr 3 uri gem de nosso Iugar no mundo, .10 brr~o d.1 
-na~ao. 
Uma \CZ implam.1d1l, n irrt:-sistivcl ciclo da vcgeLa~,":5o- ondr a morte 
impksmcme aduh;w.1 o pn ICC'>'O do renascimento - pareci.1 promc.:ter .1 
,·crdadcir:t imonnlid.1dc nnciun.1l. Art:- os tnccndios, que podt.un dc.:\·a~ L.lr as 
l'ncost'Js \L'rdc~ (l'onm h:i .tlguns anos dcvastaram no Sui do monte 
CJnnd), pronHI\iam o ciclo naLural dt.: rcnma~ao, conquanto ,1IU.1sscm 
apcnn~ a supcrficic. Njo .tdmirn que .11gumas das primciras .irvorc.\ pl.mt.l 
da~ nas pm oactjcs pioncir;1S de, litor.1l palcsrino li 1sscm cucaliplos impor-
radus, que nao s6 fixar:un as dtuus, como aind.1 .1sscmar.u11 tubcrculos 
lcnho~us na~ profundczas do solo, os quais, por ~ua vcz, n:\1, ,<) rc!iisli.lm 
ao fogo, como .1inda sc to rna' am mais robu:;tos e \'igoro~os com .1 cha-
mas da supcrlictc. Sob a crost.a de cinza~, sabiJmos, scmpre h.l\'cri .l .1 .lbc:n-
.;oada \ imlidadc,1 
Assim, .lgra?ccaamn~ por nossa arvore de papcl como st:- cl,t ti)s~c 
dc~ccndcnu: da Ar\' r · d V'd d d J t· ·. · 
• o c J 1 .1, guar a a no .lrttlll du l-:.dcn porum .lllJO 
q~tc cmpunl~.1 Ulll:\ c'>pada flamcjanrc, segundo nos dizL·m as Escrit ura~. 
Nossa arb()IJCuluua de ..,c·, ... •IJ'1tc~ • ·- · 1 · J• 
.. : . _ .. rc t l:M.1va tct:nnn~.,o c~sc J.ll"llllll no no\'o 
Ston. L sc a \'fl>ao lJUC tllll:\ - 1-'... ~ 1 · • 
, • • L lo•lllfol tern (.a n.Hlll'e/..1 J.l I:)(Jde (l llllJ)OJ'I ,ll' I em branra~ · · · · ... 
'2 ' lllllos c stgntltcado-. complcxos, muito m.1i s cl.th<H.H.Ia ~ .1 
.16 
I 
muldura .ur.w6. d.1 qual no~sos of111,s adulto~ comcmplam a paisagcm. 
Pois, u >llllll.lll to t:-st ej:unos h:t hit uados .1 si 1 uar a nature,-.a e a pcn:cpt;ao 
human.1 em dob cJmpos di~tintos, na \erdadc cb~ sao mseparavci~. Amc~ 
de poder ..,cr um rcpouso para n sentidos, a pahagern {; obra da mente. 
Compoe-sc ramo de camada~ de lcmbran\a~ quanto de estratos de rocha.c; 
Claro esti l)Ue, ohjed\'amcnte, a ama~ao dos variO!t ecos~tsr.emas que 
sustenr.m1 J \'ida no plancra indcpcndc da imcrfcrcncia humana, pOls clcs 
j.l c:.!lravam agindo amc.s da cabtk,l asccndcncia do Homo snpic11s. Mas tam 
hem{: vcrdadc que no~ cusm imaginar um unico bisrema natural que a cul-
tura humana nao tc:nha modificado ~ubstancialmcntc, para melhor ou para 
piur. E. j,so nau {: nbr.1 .1pcn.1s dos scculos indu5triais. Vem acomccc:ndo 
• dc..,de a antiga M~sopodmi.1. E contcmpnraneo da escrita, de toda a nosSd 
extstcncia social. E esse mundo irrcvcr~h·clmcntc modificado, das calotas 
pol.1res as tlorcstas ~qu;.nori.lis, c tnd.l ,1 nat urcza que tcmos . 
Os fundadorcs Jo modcrno amhiemalismo, Hcnn• David Tlwrcau c 
• 
John tvtuirl garantiram que '"nos crmos hravios sc cncontra a prescrva&;ao 
do mundo". A idc.:ia era qu~ .1 natureza selva gem csrava em algum lugar. 
no t:ora~ao do Ocs[e americano, c!ipcrando que a dl"scobrissem, e que scria 
o .mtidoto pJ.ra os 'cnenos d.t sodcdndc: industrial. Os .... ermos bra' ios"'", 
(onrudo, crJ.m, naturalmcme, produw do dest:-jo da cu.lmra e da elabora-
£50 d.1 culrura tanto guJnto qmtlquc:r ourro Jardm1 imaginado.
0 primeiro 
Eden .lll1l:ticanu, por exc:mplo, c tambrm o ma1s famoso: _yosemite Em-
bora o cstadonamcmo 'eja q uasc rao grande quanta o par que e os urso 
estcjam fi.ts:ando entre cmbalagl'ns do l\1cDonaJd's1 ainda imaginamo 
Yosemite como Albert Ric:r~ t.1dr o pintou ou Carleron \Vatkin e An d 
Ad.1ms o torogrataram: .sc:m nenhum vl·sdgio da pr~en~a human a. E e' t-
dt:-nre que 0 proprio Jto de idc:mifkar (para nao dizer forografarJ 0 local 
pres~upoe nossa prcscn~.1 e, c:ono~c:o, wdn a pe:;ada bagagem cu.lmral que 
(Jrrcgamos. 
'" Atlnal a nantrt:-la s<.:lvaucm n~'lo ~.km.m:a .1 si mcsma, nao se nomeia. ) ~ 
Foi uma lei do Congre'isn, em 1 8<)4, qul' dcsig.nou Yo!>e::m.itc VJJicy ('Omo 
o lugJ.r de signiticado sagrado p.trJ a n.t~:lo, durante J. gucrrJ que ,,.,~ina­
lou o momcnto da Qm·d.l no J,u\.iim Amcric.1no.1 Tampouco a namrcz.1 
seh .1gc m ,·ener J. a s1 mco;nu. fur.1m nccc,s.iri.ls '~ iras !),ln tifiL--..u1tc' de prc-
gadnrl"s da ~ova Ingl.uc:rr.1 cnnw Thum:t' St.1rr King. fm6grato.s como 
l .candcr \\'red, Ead" .1crd ,\ luybridgc e Carkton \Vatkin!), pin tore que 
usam tim.1s como Bicrst.ldt ..: Tht m1.1s i\ tor.1n c pin tore~ que U!'am pal a\ ra-. 
t:omo John 1\luir par.l rc:prc..,~nt5- la '' mo o parquc sagrado do Oeste: o 
loc.u de: um novo n.lo;omt:-nto; uma redc:nt;a() para a agonb n.1cional~ uma 
rc:cria~io amc.:rio.na . .-\ ropngralia do lnc.1l, C!>tranhamenre 'obrenatural, 
com prados rcluzenrc:~ at.lpc:t.tndo o \'.tl~ .ltt: .h e~ca.Ip~ ~c. ~Jthedral 
Rock. 0 no ~!creed scrpc:nt~.tndo pc:lo c:.tpmz,ll, pre..st'a-~c mumss11no bcm 
.1 c,..,,1 , is3o de w11 p.1r~1i'o tetTL''' rc lktn,,c,·:l.ti('o. E o furo de os dsitantes 
terL'tn dl: rlc:Jca p.1ra n fundn dn ''·'k .... 6 .h.c.:nllla a .sell!>.l.;:it) religios.t de 
esl;lrc:m cntr.mdo num s.lnW.\riu. 
,-
Como rodo:o; o~ j.trdm~. \'o~t·mitc pl\:s,upunh,t h .tiTt' lt.l\ tnnt r.t .1 IH:s· 
tiahd.tl'h: . ~tl cnt.mto, \l'll ' pnH "'ton;:-. Ill\ crrcr,lln ·'' rom t' ll\ o~:s, tki \ .tlld o 
0~; animat .. tkntm c n' hwn.m~" fiJr.l. .\ ,,un, r.mtn .1:-. Ullllp.mlll.\\ dL· mt n~ 
ra\ao qut• pt.•nt·tr.tr.lm m·~'·' .ll't'.l d.1 '\icrr.l ~t'\ .ld.t qu.tllln o' 111<.1to'> 
AhwJhnccdwc f(l r.llll mt·ur ufo,:t "' cn<.:rgtL.lllll' llrt.· ~:xpu lsos do tdtltLO 
ccn.uio l·nJ John ~hur, o proft·r.t d.1 nJ turcl J br.l\'i,t, que c.u .lL (UI /.Ott 
Yosemnc: ~omo um '"parquc.· \_.tk'' ". Ldd"Hlll su.1 ' cmelh.uw.t t om um 
"gmndl J.udun ,trnfid .ll [ .. ] "·om t·nL.mt.tdore~ bosqm:s t.: pt.tdm. t.: .U\ o 
redo' em tlor". ' montanha~ que 'l aguiam ~obn.· o " p.trquc" rmh.tm .1 
basl' .lsscm..td.l em pinhdr.u' c c.1111po:, cor de csmaald.1, o cumc.: no tl-ll' ba· 
nh.)drt ~Ill luz, hanlud.1~ em torrtntt.:s Jc agua canor.\, c.:nqu.tnto ~om o 'p.ts· 
Mr dus anos nc:\ 1sc 1s sc su · · J • • [ J 1 · 
• • 1.c.:u~m c.: ol> Ycntos ... sc a\ o um,tm c rcmwnham 
:.nbrc das cumiJ sc dcn1 r( d • - . 
• J cssa~ mansocs muntc:.a' .1 n.uurcza un:ssc .1 du · 
r.t!t pcn.ls acumui.H.Io ~cus m ·II . . fi d u 
1 
c.: l«>r<.:~ tcsouro~ a m I.' :urau scu' .lm.mtcs p.1r.1 
I l:t comunluo muma c l.onfi.mtc com cla .l 
~ \ as c cl,1ro a llJlur. , f.. · N , 
d . , , . , · na tl.lo .tz tsso .. 
1os fazl:mm .. Ansd Ad.1ms, que 
a tntr;l\a ccnnu .t\ tllirc fc·z , I 
• c.: • o posSJ\'c p.1ra rraduzir su.t rcvcrl-n~i ·1 em im:t· (;c.:nscspctacullrcs cx,,r, l ()r:'J ' ' 
qu. 1 . ' , ' • 1 • h.ou, em ..,_, ao djrctor Jo N.u ion at l\1rk Service c.: otn~r.l lou )o~Cillll" Ia I . 
rdi 1, 10s 1'Jf . "''" . . c t~ que: a rnanc1ra a ftm de s.mtilic.:.tr "uma id~i.1 
o • c.: tnqur t lr de llllnh.1 tlma ~ -. I . . • , . primitivq'' .. I· ' I . , . ' · 0 qut.: ' t.:a mente ~•gnth~.l o ccn.mo 
· .m u tutu ,tn.tlt.,c,, ·s . .. , , "H II l) , 
• t.: CIC\Cll, ,\ OI11C C: lJ1l.'l),)\ lll11,l 
18 
Albrn Btasmdt, 
fh1. Yosemite 
\ 'illC\', 1868. 
• 
Carlt'fuu 
Hntktm, 
< .11 hcdr .tl rol:k, 
"'8(} 1Jit'I1'0S1 
1 n.rmt tt t. 
·I 11.1-d A rf n Jm, 
0 '.lie ' J\to de 
Tunnel 
F \pl.11udc, 
}ilstm iII' 
Ntlt ioual Pa rl·. 
pcdra. [ ... ) Ex.isre um.1 profunda ab.,tra'Yao pcs.')oal de espiriro e conceno 
qut: rransforma e.sse!l tato~ tc.:rrcnu., numa cxpericncia emocionaJ e e piri· 
tual trJ..n~ccndenre ..... Protcgcr o "pmencial cspiriru~r de Yosemite, acredi· 
IIi 
tau de, significa\tn manter pura a nantrc~a brJvia; ''inti:liz.mcntt·, parJ 
d I , • mantc-la pura, rcmo c ocupa- .a . ,. " 
Essa ocup.l\lo nada rem de mcrenrc:.mcnrc vcrgonhw•o. Ate.: m~~mu .1s 
aiSlgcns que pare em mai~ lh rc' de no sa cultura, a um cxamc ma1:, ~ucn-
p EJ'' ~· fi ~em rC\clat ~como scu produto. .. msnJJCm e mouorm .1 1rma que ro, .t".-u • _ " . _ L~ nlo t mutl\O de culpa c rr& tcza e, 1m, de cnmcmorat;ao . .Scna prdc-
n\d que 'oscmatc, com toda a ua supcrpopula~ao c uper-rcprc~enta~:lo, 
,unca U\~ sc tdo tdcnuticado, mapcado) fcc had?? 0 prados rcluzcnrcs, 
que sugcnram 3 \CU4; pnmciros cnco~iasta.s um ~~den impoluto, cr,lm, 11:.1 
\crdldc, rcsuhado das frcqucnte qucHmltbs reali~ad.1s pdos cus ocup.Hl-
tc.t.. os md1o~ Ah,\ahnccchcc. As~im, embora rcconhq:amns (como devc-m~s) que o 1mpacto da humanid.Hfc ~obre a ccologia da terra nao foi 
puro bcndictO, a long.l rcl:wao entre: natureza t' cullllra tampoucu tcm 
con~ttnndu umn L::tlamid.tdc irrc:mcdi&,·cl c: pn:dcrcrminada. Nn mlnimo, 
parc~c ~orrcro rcconhccer qut· c nc)ssa pacc:p~:10 translcJrmador.1 que csta-
bdccc a dllcrcn~r·' entre matcri.t brut.l c pai~agcm. 
A proprJ.l p.tl.l\ra /ll)u/.n:ap,- rpais.1gcmjnos diz muiw. Ela entrou na 
l111gua anglc.sa junto com lun·iu.!] l.trcnque J c: bltncbtd liutu llinhn .tlvcja-
do ], no final do ~(: ull) XVI, proccdc:ntc tb Hol.mda. E lmuisclmp, como 
sua r.111. gcrmamcJ, lAildJciJfljb ~i!;!1ificava tanto uma unidadc de ocupa-
~ao hum.ma. - um.1 Jurisdi'r:lo, na vc:rdadc: - quanto qu.1lqut.:r cois.1 que 
pudc'i~c scr o .1prn~:1\ cl objcw de uma pinrura.5 A.ssim, ccnamcntc nao f<>i 
por JC.150 que nos (.lmpos al. gndo dos Paiscs Baixc ' ccnario de uma for-
Jmda\ cl cngcnhan.t humana, uma comunidadc: de cnvolvcu a idcia de urn a 
lmuf.sdmf' que, no 1nglcs coloquial da cpocal sc tornou ln11dsldp. Scm~ 
Jf tnno Pm dur 111, 
• 
Rur.t mihi c l 
<Jikmium, 
dr ~lmt:n'.' 
Untanma, 16/]. 
Frn11k 
Nnrl10ulti, 
c:nrfllz 
IIIUIII111fllldo fl 
ujorro dos cwts 
11n Srqmrdn 
(,11rrr11 
\fum/mi. 
cquivnlcntes italianos, cJ ambic111e idllit.:o c pasturil de riachos c colinas 
cnbcrtas de dourados trigais, cram cnnhecido como pa.rerga e constitulam 
os ccnarios auxiliarcs do:; tcrnas comuns da mitologia classica c das cscri-
wras sagradas . .Nos Palses Ihixos, contudo, o dcscnho c uso da paisagcm 
por pane do homcm - ugcrido pclos pcscadorcs, \ aqueiros, caminhan-
rc:s c cavaJeiros que povoam o quadros de Esaias van de Vddc, por cxem-
plo - an a hist6ria, cspantosamcme auto-suficicme. 
Com a moda das pai~:.gcns holandcsas cStabclecida na lnglatcrra, o 
.tnisra crudiro Henry Peacham incluiu em scu manual de desenho, 
Grnplnce, o primciro consclho pratic:o dirigido a seus companiota.s sobrc a 
mancira de eJabora.r uma lmuf.skip. 1 1o cntanto, para que ningu6m pcnsas-
c:c que bastaria rran.spor para uma t(,rma bidimensional os objeros de sua 
comcmpla<;ao1 Peacham trawu de dc:oifaz.cr possivcis equivocos publican-
do, no mcsmo ano, o llvro de cmblcmas !Hincn'n Bricnnnin.6 Colocado ao 
I ado de uma imagcm ua lrddia ingks:.t, o cmblcma R urn miiJi er silouirmz 
dei xava clara que a v1da c.1mpcstrc.: dcvia scr v:1lorizada como um corrcti-
\ o moral cancra os males da corte: c da ckl:ldc; pclas propricdade mcdici-
nais de suas plantas; pdas Js'>ociat;f)cs cristas de: crvas e flares; c, sobrcru-
do, por sua prodama\JO lb c:-;tupcnda bcnc\'olencia do Criador. 0 que cu 
cmblcma dc\1J tm·ocar era o cen:irio inglcs por cxcdencia: .. Urn bo que 
umbroso na bela margcm do Ttimisn/ De modo que quasc podcmos a\is-
tar a regia Richmond'' .~ No entanro, a xilogravura
apresc.ntada pelo mcs-
rrc de desenhu a~scmc::lha-sc muito mais a arcadia poerica que ao 'ale do 
T5misa. Equivalc a urn im cnrario do dcmcnro5 comencionais do 'ale 
feliz Jos humanist<lS: Ml<l\'cs colinas ondc pastam rranqiiibmcmc lanudo 
21 20 ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _ 
rcbanhos c onJc :oo.opram do.:~.· .. zcfiros rdiT~.:.mtcs. El.\ tlll'lll..'l.l"\1 ,\ im.lgt·.m 
rotcmptca. prc~cntc ern inrolll.l' d" l)Uadrn ... , gr.n·ur.l.,, l',ll't<}l'' po,t.us, 
rotografias de trcns C C.lrtJ7C de gu.l·rr.l, que ba,l.\\ :t n.:prc ll.fttZll' p.lr.l SliS-
OtJr Jc.lldadc a abcn~o.td.t tlh.l de dmu amcnn. 
A moldur.1 da xilngr.wura de Peacham ... ~ itKJi,•dmcntl" cl.lh< ,r.tda, 
como em gcrJI ocorrtJ com C!.SCS ernblcmas imprcsso., .. Ek~ .llll.l\'.un cornu 
uma c!\pccic de lcmhrcte \'hU.tl parJ o' arcntos, nd,·crundn que .1 Vl."nl.t~lc 
da 1m3gcm crJ mJas ptK·ticJ que litcr.tl: que ~~~', t_un .'~Htndo de .t~socta ­
~Oc~ c ~numcnros cmoh ia J ~cnJ c I he contena stglllll~.·adu. 0 e:xcmplo 
mats cxrrc.:mo Jci\~Jo; ~.:on'itru~·oc::s cr:.t o chamadu C\pdho de Chllllk, rccu-
mcndado nn scculo X\ 111 tanto para .1nisras quanro p.1r.1 wrist.ts do t:cn{t-
rio .. puorcsco". E-.sc pcqu~..·no cspclhu pordtil n:ccbeu o noml." do pintnr 
fi-ance!> 1 { l.1udc I orr.1inl que nlJi" pc:rtl:ir.lmcnte lurnwnizou .trquitctlll\1 
dis~ic.t, Jn on:do'\ frc)Jh.losoo; c :lgu.1' distantcs. Se .1 vist.l qw.: o l.'\pc:lho 
rdkti.l sc Jpruxirn;l\ .1 dn ide.tl cl.tudi.lno, o obsen•.1dor .1 COil'IJdu JVJ "uti-
dcntcnu:nrc dpit•'lrcsc.1" p.tr.l .tpn:cia-la ou arl: mcsnw dc:M:nh•1-la. 
Vanat;6cs postcnorc::, c"nl~ri,·.un .111 espdho a lut de Llln radioso am.mhc-
ccr ou de lllll r•"c:o cn.:pu::.culn. ~bs crJ ~empn: .1 tradi<;lu hud.1d.1 que, 
rc.montando 30~ mito~ d.l t\rc.tdi.t- o rei no l~rtil de P:t, p< ,, o.1dn de nin-
fac; c 'iatiro~ , cnJ\.1 J pnisngcm apcn.1s com a gc:ologia c a vc..·gct.1~·:lo. 
.. ,. J\Citm que \cmos o mundo'', dis~c Rene ~l.tg.riue numa conlcrl:n-
cia que pronuncJou em llJ3X, cxplicando u.1 vcrs:io de Ln couditiou 
lmmnmt [A rondrrao lmwn11n) ( ilu:,tr,t~Jo colorid.1 2 ), n.t qual !'nhrcp(ls 
um quadr .1 p.11 agem rcrr.n.1d.1, de modo que .tmbos f(mn.un lll11 todo 
connnuo .: '>,10 mdtstmgm\els ... Vemos o quJdr<J como exterior .1 nl1s, 
cmbora \Cj.l apcn.1s um:t rcprcsem.t.;:io do que expcrimem.1mns em nossu 
intenor." 0 que cst.l .1lcm d.1 'idra.;-.1 de nn~~.1 .tprccns:lu, diz J\l,tgriue, 
r~qucr um dcsc:nhf• p:-tr,'\ que pn:-~.1111os disccrni1· .Hkqu.ul.tlllClll~ :-;u.t 
forma, scm 1:11.u 1111 pl.tzcr propurcio11.1do por su.1 pen.:cps::lo. E l •• 1 cult u-
r;~, ·' ~omcn~,H· c: .1 cugni~nn t..JLIC t~mnam esse dcs~.:nho; que conluc..m a 
um.t ~mpr·css.io rctini,ut.l .1 qu.tlid.Hk que c.:\pt:rimcnt.llnos como hc..lt:/',1 . 
F cx,tt"Jillt.:llt~ c~sc t ipo de prcstlt1\;\0 que muitos p.tisttgist as ~...nntcm­
pnrJnc•" .tdtnlll 1,11• olcnsivo .Jhsim, ao in\'cs de t:tzcr ,\ tl'.tdi\'•H> ptL.tnrka 
dtt.ll IIIII tnas olllo\1111 CZJ, ell!!, SC l'~IOt\';ll~lt11 p.lf.l di\'11[\'CJ' {I ego .11'1 is tic< l 110 
proc~.;~-.o 11.11 ural. Scu qbjCII\" cnn istc em produzir um.t .mt ip.tislgcm 11.1 
4U.ll a mtcJ'\ c11~.to do .1rtts1.1 l>C rcduz ,\ marc.'l minimn c mais fug.tz sobrc 
·' tct'l.l: o, .lrtJst.u. m~lc\c'i And) Golds\\ onhy c David N.u.h, por cxcm-
pln, cnar.un obr.1s que ill\o~am ~ n.llurcza scm lhc impor., fcwm:1 ja prun-
ra dc1 tnu'>cu C<.l:ult llf,l\ .. cnl:untradas '', fcitas cum pcda~11s de madcir.l l.m-
c;adu~ a pr.u,\ ou g.1lhos de ·'" m c carboniz.tdos naturalmcntc; momcs de 
pcdra!t dJ oziJ m.lntnn.t, mt bul.1~ de fc1lh.1s c nrvt· gu.-trnccidas de cspinho" 
c gr.\\ctm c pu Kton.td.h p.lt'J dccompor-sc ou tr.1n fimn.n· !.C em fum;~n 
dn-> pn,Lc'"0 'i n.1tu1 ,11s dns cst.l~oc~ (ilustr.l~ao colurida 3 ). No I.'JHanto, 
c:mbor.1 \cmprc t{ 1.: lntc c em . 1 · t . . . . . 
· g~.:r.t rmmo mnHa, css.t p:ltsagcm llllllllll:llts-t~l r.1ra\\oco; l't..:JJ'\a ,., 11 1·· . 1.. . . ' • "'-' ll~,\0 \)\IC llllp l~ll.llllCI\IC CI'IIIC.l. utno ,l('llJlle-
, 
n: (( 1111 C.ukton Watkins ()lJ t\ll~cl Adam:s, c 111.'\.:.C~';.lrit, ulilil'.ar a camera 
p.tr.l c.tpt.lr o momcnto n.ttur.tl . < 11111 isso, •, gcsto orgawzador do arlJ8ta 
.1pen~1s sc.: rr.lnskrc dJ m:io no pinl'd pat·a n dc.:du no obturador. 1:, nes~c 
inst.llllc isnlado de cnquadr.lmcnto, as' clhas cri:nurns da cultura ~aem da 
tc 1c.1, arra~tando atnh de ~i .1s lcmbran.;as de gcra~ocs antcriores. 
No mcsmcJ espirito disciplinad• ,, os hsM' 1riadorcl) do ambicnrc tambcm 
tcm bmcnrado a anex.1~:io da naturc:t.a pda cuhura. Conquanro nao 
- ~ 
ncgucrn que a _pJJsagem po.,..,a, real mente, scr um texro em que as gera~O<:s 
cscr~' <.:m ~uas obscsstH.:s r~.:correntcs, c.:lcs nan cxulram com isso. A idllica 
paisJgcm an.:idica, por cxemplo, parecc cr 6 mais uma bela menrira ccm-
t.1da pd.1s atistocracias proprict:lri.ts (de'" o;cnhor~ de escra,•os atc.nien C5 
.w-; sc:nhorcs d~ cscra,·os 'irgini~nos) .1 tim de disf:m;ar as conscqiicnaas 
ecolngicas de sua Lobi.;a P.tra clas, er.1 tuna qucstao de honra restabckcer 
unu distint;ao ...:ntrc pai"agcm n.uur.1l c p.tis.1gcm l'ritlda pdo homem e cstu-
dar .1 posstbilidade ck escn.:\'er se Ulll<1 hi,ton.l que n.1o Jprcsenta)s~ a tam 
c suJs divers.ts espec1es como cri.1~ocs co111.1.:hidas par.1 o expr...-sso c cxclusJ-
\o pr<11.er do que 1\Iujr, ,lrr.lS<tdor.1mt.:ntc, dumou de ··scnhor homem''. 
Pnncipalmentc nos Est.ldns Unidos (ondc .1 inrcra~ao ~nrrc homcns 
L h~1bit.1l ha mutro r.:m est.ldo no centro d.1 hi\tt'1ria nacional ), as mclho-
t'l:s hbt61 ias do ambieme concretiznr.lm com hrilhJnti.,mo e~sa ambi ::3o . 
Ao c~crcvcr !\Obrc o mundo gdado d.1 Antanica, o c.. .. caldanrc serrao aus-
Lr.tli<HlO, a rransforma~Jo ecol/)gic.t d.1 Nm·a lnglatcrra ou as guerras pda 
.1v,u.t no Oc~te <Uncricann, .1m orcs com•) Srcpllen Pync, \Villi am Cronon c 
~ 
D011.1ld \ \'orMc:r realizar.un .1 proc:z.1 de u-.tmiixmar uma topo~rafia inani-
m.1da em .1gcntcs histbricos com vid:1 prl)priaY De, oh en do a l<:rra c .10 
clim.1 o ripo d~.: imprc\'isihilid.llk cri.uh•.1 com cncionalmcnte rc:,cn ada ao 
,\lOJ'CS h ll 01~\flOS, I:~~C~ C!\CJi lOJ'l'' ai.ll".lll\ histbri,\s ll.lS quaiS 0 hom em nao 
c tudo. 
Nu cnranto, embor,1 .1 hi .. u', ri.1 dt1 .tmbicmc sc:ja uma d.t., mai origi-
n.Hs e insuganrcs que cstZln -....-ndo l'>Lril,,, hojc.:, cl.1, inc\ ir,l\ dmcme, ex poe 
o mcsmo quadro dcsanim.1dor. £1..'11'.1\ tnm.1d.1s, c:-~_11lor.td.ls 1 ..::\.lurid.ls: l'll!-
llll\ts tr.1diciunais que ... ...-mpr~...· '"~..·ram num.t rel.t1;.H' de .. a grad a rc\'CJ cnc1.1 
~,. 0111 0 solo ~: for::tm dl.'s.tloj.ld.ts pt:lu lndividu.tlisl.l displkt.:nt~.:, pdo .tgrc,. 
sot ~..JpttJJi,ta. E, c:mbor.1 o tom dv.~.l., hi.<>tc'll·i.ts ..... ·j.l cump~·c~,;n"i' ch~1enre 
<.k pc..·niLt.:nct.l, dJ~ dl\~rgcm t..pt.mtn .1 Cf'tll".l em que') Octdente .:.uu em 
dc"gr.1.,:.t . Para a.Jguns hbtori.tdnres, l(,j o RcJJ.hcillll.'nto c a."' re,·olus-ocs 
dcmitic.ls dos l>e~...ulos XVI e XVII que con~.knaram .1 terra J 'er rrarad.1 pdo 
Q(idcnte como unu m.iquin:t que nunl.".l quebrada, por m3is que o 
homl'rn u,.1,~c c abu'·'"'c. 11 P.1r.1 Lynn \Vhitc: Jr., ft-,i .1 imcn-ao de lllll 
.lf,H.io com .1rrcio'> llxo,, no 'iC(uln \'II d. C., que sdou f) dc ... rino do plane-
t.\. A ••f1c,1" do nm o impkmcnto ",1t;1C,l\ a ,\ tara··~ .1 agricultur.l M.: tr,ms-
ltmnou em gucrr.l el'olb_gica ... t\rlll"' o homcm f.1zi.1 pan I." da n.ltltr~..·z.l; 
,, I 
.tg,,r,l de cxplot\1\'J .1 naturez.t . . . . . . . 
Di-z-sc, pnnamo, lJliC .1 .tgn~..·ultur.l •.nt~...·nsJ\ ;1 pn'''btl~tou lt~do liP" de 
m.tlcs modern(Y>. Rasgou .1 tcrr.l p.1r.1 .d111ll.IH.1r pnpul.t~txs t..:UJ.1S deman-
23 
das (por nccc sidadc ou P'~r· lux,,) pnwo(ilf<lll1 m.t~' i~l t l\ .t,·,~rs tn:nulngi -
c.ts,
que, por su.l \Cl, .w ~.·x.lllrir o" n.·cur:-.<'' n.Hut\lls, 1 lllpu J , t nn.~r. t ~n. m.us 
c nuis o ckh} nl.Spcr.tdo d~ l'Xpl<,r.t~·.!o .w lont.n d~ tnd.t .1 htstol'l.\ do 
Ocidcntc. 
£ tahc1. nao o do Ocidcnte. E pos,h•d, diz~m o' crlticos m.ti~ s~ve-
ro , que toda a htstoria d.1 o'-·iedadc scdcnr.l.ri.t, d<'' chim·ses loucns por 
irnga~jn J() umcrio louco' por irriga~ao. csrcj.l cnnt.unin.td.l pd.l bnn.tl 
manipul:t\":if) ~,.i.l n.uurcza. ~6 o' pakoliricos habit.tntC!-i d.ts c.wcrn.t~. cuj.1s 
pmtura rupcMrcs comprO\,\nl que c intcgraram l naturc7.l , ,\CI in\'C:s de 
donun.i-la. sjo mocentc dcs~c 1 ec.1do origiruJ da ci\ ilt z.tc, .1o. Rom pid.1 .1 
cosmologi:t :tr~atcJ, na qu.1l a terT<l inrcir.1 era tida como ~.tgrada <.: o ho-
mcm como .tpcnas um clo na longa cadcia da criac,:au, rudo rcrminnu, com 
alguns miknio .1 m.1is ou .1 mcnns. A .mtiga ~ksopot.lmia, ~em o,,tb<.:r, 
g,·rou c:tlor global. Pn:ci .... unm, di1 .\lax Oclschbcgo, tll11 LrtliU> ap~1i xo-
nado, de no\ ns ''mitos d.1 cn.w.'io ., para repa.r.1r os l.i.tno!-1 t:au~.1dos pnr 
no so abuso (kspn.:ncup.u:lo <.: nH:c.inko da natureza c n: .... t.lllrar o cqut!J 
brio entre o homcm ~ "' dcrn.11' orgamsmos com os qu.1is clc p.1rtilh.1 o 
plancLa.14 
Pcrgunmr M~ um Ito\'o c'mjuntn de miws c, real mente, o rcmcdto que 
o medico prcscrc\'c ria para no:s~os males nao cquiva.lc a nl:gar a scnld.lde 
de nos\,1 5itmt\liO cco16gica, ncm a urgcncia dos r~p.tros c rcl(>rmas 
nccc,.sario . &\las, c quanto ao~ vclhos mJtos? Pois, cmbora c~scs tcxws 
gcralmcmc arirmcrn que a cultura oddcntal C\'oluiu, ab.1ndorundo .seus 
mito da naturcz.1, estes, na v~rdadc , nunca dl:~ap.ucccram . .Sc, como 
\imos, loda a no ~1 tradi\ao d.1 paisagcm (: o produto d~ uma culwra 
comum, tr.n:a-se, adcrnais, de unu rradi<;jo consrruida .1 panir de um rico 
dcpt'•siLO de mit us, lcmbr.1n ~.1S ~ obsessot:s. Os culto'), que !-lomos com tda-
d.us a pro('ur:tr em outr.ts cultur.ls natiYJ!)- da tlon.:sta primiti\';1 do nu d:t 
vtda, da mcuHnnhn s.lgr.td.t -. 11.1 YcnJad~.: cstao a nossa , olt::t, '" os e lus-
s.md«' bcm; ri!St.l s.1 her nndc prourr.1- los. 
0 l)l~L' /Jnimgt'llt I' 1111'1/Jonn procura ser c um rnodo de olh .1r, d<.: 
rc:dcsl'nh:"· o qut: j~ pns,uimn~, mas que, de .1lguma f(>rnu, l''-·lp.1-nos .w 
rc(O!lhe~uncnw e ·' .tprcci,t~:lo. ~leu objeth o ~ aprcsl:nt.u n.w mais uma 
cxphc.u; .. \1, dr) \PIC pcrdcmos c, 'im, um::t cxplora~Jo do que.:- ainda podc-
mos CJH.:om ra r. 
A:l pn.,por_c se modu .tlternativo de olhar, renho plcn.1 conscicnd.t de 
q~•: ha mat cot-;as ern jogo que sofism.ts acadcmicos. Pob, c.: tod.t a his-
tona da patsagcm no ( kidcnrc de !:no nao passa de um.1 cc •rrid.t inscnsata 
rurnu a um urm·er~u muvido a maquin.1, scm a compkxid.Hk de mitos, 
mctifora.s c ~llcgorias 1 , b. 
_ • • · , no qua o ar urn absoluto do valor {: J mcdic;-:lo c 
nnu a mcrnrma no ,1u tl 1 • • • • 1 d . . . , · ' O~\a mvenuvu .• t c cunstltlll nossa r r.tgcdJ.t em :in 
rcalmcmc cstanms 1, · . · ' J • • rcsn::t no mcca111srno de nossa ,lutodestruic;Jo. 
No amago tl11 I>n:"cnt . I' , 1 l . . 
, •• 1 1 • • ~ • c "ro, l.l uma o )StJnad.t cnnVIl'<;Jo de c.lliC n,l \ctl atrc, ~ssa 1\:\(J (:a hmc'•ri 1 · 1 ••• 'f 1 . . _ _ . , v1• 11 ~ • 1• 1• ' 111 cu a. a conv1c~a" nat' tl'\'C on gem numa ~n ~~c., I tad,, de llt1~; s ) . 1 1 . 11 I .tsS.l\ 11 nu < c no~sas pcrspe~ttva ... T.1mhl:m cstou 
t 
um'itcrnado com a incc~saJIIc dcgrnda~:lt, d(j plancra c acrcdito ern muiras 
das prcvis(Jc~ sobrc ~uas possibilic.bdcs de cuJ·a. 0 objctiw, de Pnisngem c 
1/lnlwnn n.io C: com~.:~tar .1 rcalidadc dcssa crisc. Ames, C. revclar a riqucza, 
a .mllgutdadc c ~ c~1plcxidadc de nossa tradi~ao pai~glstica para mosrrar 
o qu.mw podcmos perdcr. Ao invcs de poMular o caratcr muruamcntc 
cxdusivo daculrura c da natureza ocidcntais, quero mostrar a for\a dos 
clos que as uncm. 
- -bsa tor\a geralmcmc se cscondc sob camadas e camadas de Jugar-
comum. ru~im, conccbi Pnisngtm t' 111cmclt·in como uma escava?o fcata 
.lb.tixo de ~o~so nl\d de vbao corwcndonal com a finalidade de recupcrar 
os 'eios de mito e memoria cxisu:nrcs sc 1h a supcrfkic. 
0 "bosque-catedral" ~ por c.xcmplo, c um clicl1c ru.ristico comum. 
•• Pal a\ ras de vcneras:ao dcscrc\'cm est a terra de nbs.., , diz urn livro particular-
mente embasbacado com as vdhas tlorcst.1s a noroeste do Pacifico. 
Cuntudo, debaixo do Iugar comum, h~1 uma longa, rica e significativa his-
LOria de associas:oes entre o bo!>quc primit.ivo dos pagaos, sua idolarria da 
an ore c as forma.c; caractenstit:a~ da .trquitcnrra gbticl. A c\ oJw;ao dcsde a 
adora<;iio da arvore pclm nbrdicos, passando pda icunografia crhta da 
An ore da Vida e pel a cruz de madeira e chegando a imagens como a as o-
uac;ao exphc1ta de Caspar D.wid Friedrich entre a faia sempre 'erdc c a 
arquitetura da rcssurreu;ao ( ilustrac;ao colorida 1 ), pode parecer c otcrica. 
Na n:alidade, Ycm ao c..:ncontro de lll1l de nossos maiorc~ anseios: o de 
achar, na natureza, urn console> para nossa morralidade. Por isso vemos os 
bosques, com sua promcssa anual de rcnm·a~ao na prim:Jxera, como urn 
cenirio adequado para rcc.:ebcr nossos rcstos terrenos. Assim, o mbrerio 
cxi"itenrc atras desse lugar-comum diz muiro das rcla.;oes mais profundas 
entr<.: a forma natural co dc.:signio humano. 
Dcixarei que 0 lcitOr julguc 51: C!\S.lS rcbc;oc:s sao} de faro, ?abiruab, 
pclo mcnos tao babituais quanw .1 ;\mi.l de <.~ominar a narureza, ~da como 
a marca rcgisa·ada do Octdentc }ung Jcn::dtt.wa que a umn:r~alrd.1de dos 
mitos da natureza atcst:wa sua incltspcnsahtlt~Lld~ psicol6gica no rr,no dos 
mcdos c anseios in tcriore~ E l\ ltn.:e:t r.ltadc.:, o .1ntropoJogo da rdjgijo, 
acrcdiLava que eles sobre\ tvc:rJm, pkn.lnKrHc opcracionais, t.lnto nas cul-
ruras modcrnas qumro na~ (r.ldidon.lis. 
l\1inha posic;ao c, nccc,~ari.lmcmc, nui~ hi~r6ric1 c, por i:-;so mc~t~lO, 
muiro menos umn:rsal. :-\em tod.ts :1" cultur.ts abrJ~am narurc:za c pal'·.l· 
gem com igua.l ardor, e .1s que .1:-; .1br.1~am ronh~ccm. ~~~<::~s de maior ou 
menor cnrusiasmo. 0 qtK os rnitos d.1 tlon:~ra anug..1 ~tSJUhGlm par.1 uma 
cultura europeia nacion.1l pndc :-.c tr.1duzir em algo rora~m~~te dt\ er~o em 
outra culrura 0:a .Alcm.mha, pur excmplo, a llorc"m pnmmYa era o Iugar 
d.t au w -JJirm.ac;ao rribal conrra o I mpcrio rorn~nt'~ de pedra!' c lei . Na 
lngbtcrra, 0 bosque H:rde c1:1 ~) lo(:\1 _om~t· o rc1 (.:'rent:'~ .1 ~eu pudcr na' 
~,..1~adas n:.li~ c_, conrudo, torngJ.l .l~ 111Jll'ttc;.t~ _de :-~c..:m otiuats. 
Tcntct 1111pedrr qut: L"'>sas impun.tntc~. dttc..·rcn.<;a~ .c..:~"l csp .. wo c tempo 
s<.: 1..,u·tksscm n.l long~l h1st6n.1 d.ts mc:t.tlnr.ls p.11~ .. 1gtsuc.1s, csbo~ad.t no 
.,-_,., 
prc~~ntc lhro. lod.1d.1, IHl'\lllO lc,.mdn em ~.ont.t l''-'·'' v.ui.tl,'tH.'s, 1: d.tro 
que os mun' c kmhr.tnS.l' d.t pai .... 1g~..·m p.tniiii.Hll du.h ,-.u-:tct crlst k.t, 
comun' su.1 surpr~..t>ndcntc p(·rm.ml·nd.l ,111 Ionge-> do' ~~..·tl!u .. t: su.l c.tp.t -
ddadc de molti.lr 11\!o.tllUI oc' cum .1s quai~ aiud.t c<Hn"i\ cm,,s. i\ idl'lll id.t-
dc na~•o•ul ..... , p.1r.1 mcah.Jonar o e\crnplo mais otwio, pcrdcri.t muit11 "k 
M:u fa,cuno ll'roi' scm ,1 nu .. ucJ de unu tr.1di~ao p.tisagJstic.l l'·•rticul.tr: su.t 
topogr.lli.l nupc.uf.t, dah01Jda c cmiqucdda como tcrr.1 n.H.liY' J\ tr.tdi\·no 
pocuca de In dmttr I rn11rt- "docc Fran~a~- rctrat.l tant" uma gcngra-
tia lJU.mtn m11J hJ5itona •• 1 do,·ura de um lugar cl.hsicJmcntc hem ordcn.t-
do, ondc no,, c.llnpos culm ados, pomnr~, \'inhcdt)., e Jlorl.',L.ts cnrl\'iH·m 
em h.mno111o o cq11111hrio. U t:uno o p.mcglrico d.1 "ilh.t com o cctro '\ 
qu~ \hJkc..·,pc.uc ~.:oloc..·:t 11.1 boc.1 du nwribundu John d~..· (.~.Hillt, im c 11.:.1 .1 
in~ul.1r1liJdc cn~.:eJr.1da c..·mrc pcnh.hcns nmw ~1 idclllidadc p.unottL.l, 
cnqu.lntO o ~.k .. ,rm" hcrt'•kr• do Nm o J\lumlo sc 1dcn1 ifk.t ~:omo .1 c..'\lt.:n 
!!.H• ccmtrncJll.ll pn:sl'lllc 11.1 k:tr.t de
"America the lk.lllril'ul''. F ·'' p.tis.l 
gl'IHI pnlkl11 ~cr ((lmdcntc..~ml'rlle coucchtdas p.1r.1 c.:xprcss.tr as \' ll'ltlc..ks d e..: 
unu dctcrnunad .1 C• )f11llllic1Jdc pnliuc.1 ou ~ociJI. A csc.tla do nwnumcnto 
du 1111111tc Ru~hmorc , conl~•nne \l.Temos, lc>i cruci.tl p.1r.1 ,1 .unhit;:lo de scu 
c\culror: prod.mur .1 magnitudl.· cuminc..·mal da Arncrk.t como o h.tlu.tnc 
da dcmou~~.:t.l 1~. num nhcl muitn m.tis imimisr.t, os pal.utinos do bucolis-
mo suhurb.mo d.t \mcnc.t no scculo XIX, como Fr.Htk k~up .Scott, prc!lcrc-
\ cr.lm l.lpetcl\ de gJ.llll.l em ja rdim scm cc..:rc.t p:tr.t cxpn.:..'is,tr ~olid!lric.:d.tdc 
\od.t1 c conmnid.tdc, o .1n11doto irnagimirin da alicna~Jo mctrop11lit.m.1. 
A prt'ICiliJ.Hl clu prdun ~uburbanc' para cur.1r .1~ ,tlli\t>c~ d.t \'id.1 na 
CJtbdc de~rgn.t n gr.1111.1do como n:mancsccmc de 11111 'dhn ~onho idilico 
cmhor.1 c.cm. P \Stores de c.thr.l'\ c stJ.ts dcbulludnr.1s renh:un ~idn suhsLitui~ 
do, (mr t.l11lJllC!I de pcwcrd.1 c CC1f:1deir.t' indusrri.tis. E {: cx.tt.llllCillc por-
qllc c..c C~tt.t c;cmprc: '-11hl'indl) lug.tr·cs .1111i go~ com o .tdubo d.t modcrnid.l -
dc ( rr.tn sl•lllll.!lld•• '-l! .t tlorl'\1.1 primiti,·,,, por c~c1nplo, tnt "panpiL d:t 
"·11 ~ 11 ~.:.1.,\ sch.tg...:ttt"') q11c I! ditkil drsccmir a .lllti);!.llid.ttk tloo; nlltns till ..,ll;.l 
C'il>Cnu,l, I >c qu,dqttCI 111ndn, d.1 C\1,1 .1 li . () motorisl.t que' r.tJ.l .1 rwitt pd.t 
lntl'I~SI.I\~ll,ll H4, J'.I~S.\Ildu pdn que I'C"ilnu tl,t .Hltig,.l "c.:,tpit.d olllltrll..\11,1 do 
l;,t.t(l • \~ a ret bun, em ( lllllll.:ct kut, ,1\ ist.l tllll d.u<1n l)lll.' 'C irr.1di.1 do 
Cllll)l' de lllll.t culm.l snbr.liiLCII'i1 .1 cs1r.1d:l. Uma curva m.tis .tdi.ltlle, suhi-
t.tmcmc n lu 'c.:' <JIIC ' fom . d . I , 
• ~.: C.'>s,t uz t' uma l.':rlll. de neon C:<Jilt nove me· 
Uos de .tlUuil \lllu,llmcntc tude. que sobrnu d.1 "llol\' I :md l''l\" 
~':n~tlUid.t pnr um .td\ og.tdn lo~.:.tl na decada de..· I YllO. P.tra IH:, qt~e cM.l~ 
n J~ t.mult.ml.ldos ~.:om P.lr'-JUC'> de h:ma rdil't0!\0 a llolv I lllll Dll ~~·· .. Smu jllr . I f o , J .. ,l ~.:I•a 
'J) •' • 
1 
c.:~.:c '- .w;J tl. lr ~c llncdJ.H.lmcme com<, um.1 rcspo~t~ do~ c.ublic,,s 
•
1 1
"11C\ .mth,, I ntt c:t.lnw M 1 1 1 - . 
, 
1
• lJL.l U .. lt;ao com, • cohn.l de romtri 1 sua 
llll\•,,turdtt•lo,, s· • 1 ' '' • 
" • c Cll!> ~.:.lttlC'ilf'O!\ c•ilon;ns p.1r.1 I'CJlroduzi t p S 1 1 Nl · 
lng.IHCIIl I l ' r I ) , ,p Ll (. ,\. 0\~ 
. . • "I o~;l.l 1,1 l.1 I ,\IX,lo '-•lr.tcteri1am-Ju com J ,, illlimn ~"'lt~l'll 
1111111/ I CIC) C.l h lilt • f • . . ~ • 
1 I , . •s .1111 ILI;'\1\ l;llf·"' na•gcn~ rcmont.ul\ .los fi·.lncisc.1 11n~ t..l.t L.l\J qu,HillLCI111SI,\ , 
Pc:rn~hcr u contonto l:lllt.tsm,•g/>~ko de urnJ pai~agcm antiga, sob a 
L,tp,t sup~rlic1J.I do contcmpor!inc:u, cquivalc a pc:rccbc.r, intcnsamcruc, a 
pt.:rm.mencia dos mito!\ c~~enci.1is. Enquanto c~tou aqui e~crc\cndu, '!7Jt 
Nt'll' Yhrk Tmn·s intcJrnl.l que m1m vclho frcixo do Escorial, pertO de 
1\ladri, .1 \"•rgcm ap.lrccc, no primdrn sabadn de cada mcs, dianrc de uma 
l~1xineir,1 apo~enrada, p:1ra horror do prcfciro ~ocialista Joc.aJ. • Arras da 
.lrvorc cnconrra-sc:, e\'idc:ntcmcme, o mostciro-pal:icio do catolidssuno rei 
d.t Espanha, Filipc 11. i\:bs, .11r.is de ambos, csrao ~ccuios de assooa~ocs, 
caras cspccialmente aos fr.mcisc.tniJS c jcsuitas, de apari0cs da Virgcm scn-
t.tda numa an ore cuja frondc: sc rcnova na epuca da .Pascoa, ~imbolizando 
a Rl:ssurrcl~5o . E, atr.ls dcssa rradi\ao, havia mitos pagaos ainda mais anti-
gos que aprcscnta\'am \'dhas Jr\'on:s oc:as Como Sl.'lldO 0 rumulo de dcu-
SI.:\ mono~ em c;cus galhos c cnccrrados em scu trunco para c~pcrarcm um 
no\'O ciclo de vida. 
Pni.mgrm e 111C11/tJrin lor d.1bor.1do L'lll wrno dt: insranrcs de rcconhc-
dmcnto (Omo esse, quando um Iugar, dc.: n.:pc.:nrc , «.:xpoc suas rclas:iks com 
um.1 \ isao antiga c pcntliar Ja Jlorcst.l, da momanha ou do rio. Um c ca-
' ador de rrad1<;ocs curioso csbarra num~1 salicncia que sc projera .sohrc a 
supcrlkte dos lugare~-(omuns da vida corucmporinca. Elc. cJva c= dcscobre 
fi·.tgmenros e pe~as d~ um motivo cultural que parcce escapar a uma 
rccorlstitui~ao coc.rcnre, porcm o lcv.t .1 aprofund;1r-sc mais no pa !'>ado. 
Cada urn dos captrulos que sc scg.ucm deve scr ,·isto como uma esca\'3_£.30~ 
cumct;ando pelo conheLidl>, pcl.l~ c.mud.ts de lcmbra.n\.as c rcpre cnta-
t;ocs, .uc rocar a base d.1 rocha, que ~c fi>rmou lui ~&ulos ou are milcnio , 
c ,·olta.ndo ;) superficic, a lu7 do rcconhc(imcnto conrcmpor.inco. 
Naruralmentc, O\ bur.Ko' que c.l\'ei no Lcmpo .tpc.:nas scgucm a rom 
dc numas ourras toupetras esfnn~ad.t' que, cnquanm pcncrr.n am 113 e -
curidao, deixavam ptsta~ par.t o lu~tonador. l\luius d.h hist6ri.ts conmd.l 
ncstc Jivro cdebram sua persc\ cr.111~.1 l' -.u.l pai\:Jn .. ltl mesmo rcmpo que 
rcl ~Ham sua faina. Alguns tksscs /l'lo">o~ g.u.trdt.ks d.t kmbr.m~il lh pabJ-
gcm- como Julius von Brinckcn , lun~..:ulllarin do aar NiLolau I en~trre­
g.tdu de velar pcla llorcsta pnmtll\ .1 polonc .... l de lktlo\\ td.l, ou Ci.llldc 
l·r.1n~ois Ocnccoun, ill\ c..:nwr do p.ts .... c:to nmunt.ic:o p:·b t1tH'C~£J de 
Foma1nebleau - se arr.ttg~lr.lm dl' t.ll modo numJ dcrnmmad:t pJtsagcm 
que ~c rornaram seu pmius loci, n "c~pirito d11 Inca!''. OutrCl!> ~c.: .l:ltO(~C­
sign.ll'Jm dcfen!:>OfCS de Unl.l tr.ldi\:10 ,llltig:l ,- (0111~> 0 p:~fth(O JC'U~ta 
i\th.ma~1 u... Kircher, que ~L: dc.:dtcou .1 dccodrhcJr oo; h1cmghfo~ de obdls-
cos cgtpcio ... p.1ra O!:> p.tp.t~ d.l Rom.l barrnc.1, J iim de: que ~c pudc:~sc .' cr, 
no tr·,;sladn de~~ monumcntns, o Nilo p.1g.1o batiz.1do pciJ Roma cn,tj; 
ntL, como sir )ames HJII , que f(mnou lllll :•rcnp~imiti\~ ~o.m ramo., de .ll· 
gudn> [l..lr.1 pro,·Jr que n pont i.lgudo c ... ulo gouco ... c mrctarJ com g.tlhos 
de .1n orc.: entrc.la~ad<lS . . 
Por mJ.is pnon:!->cos que po,s.tm p.tr~o:~.Tr nuutos l!C' oros do ... '.ntt~..., d.1 
n.Hurc7,1, des nao s~ rc..,umi.tm .1 11111 grupo heraogenco Je cxc~..·mn~os, 
pu-.lmbul.mdo pcl.ls rucl.ls d.t ml'lllOII.l. ( ',Hi.l um dcssC!' dcYoto"> .tcrcdn.t~ 
27 
va que, cntcndcndo-sc as tradi~tt>cs p~isagisrk.l~' t.~) p~1ss.1do, podi.l sc l.u~­
~ luz sobrc o pre cntc c o fururo. Ess.l ('O~l\ te~.w tc.·z ddcs .mcnos .ultl-
quuios que historiadorr c. ate mcsnw, prokt.ts e po.hucos. Fks se e~ren 
dcram sobrc scus lugarc fa,•oriros porquc .Krcdat.wam que poc.il.1m 
rcmcdiar o ,.ujo da \ida contcmpodnea. E cu w.; segui pcl.ls tlorest.ls, 
pclos rios da ,ida c da mc)rtc, pdas monranhas chd.ts de luz, n3o com a 
disposi\ao de llln lampista culrural, 111.1!-> porquc rnuir.ts de nossas prem:u-
pa.;Oc:s modcrnas- imperio, na.;jo, libadadc, cmprcsa e dit.ldura- tcm 
imoc.ado a topografia para confc:rir uma torma natur.1l .1 suas ideias. 
0 amcricano Joel Barlow, poeta, audiror, diplomara c mir6grafo, toi 
apcnas Unl dc~sc cxp)oradorc~, que ligarJ.m ,1\ pai\()C:S de llOSS~ CpOCJ i.l 
anrigas obscssocs com a narureza. Elc procurou .ls origen' da Anore da 
Libcrd:tdc no antigo mito l'gipcio d.1 rcssurrci~ao de 0~1ris porquc qucria 
enr:aizar, num culro d.1 naturcz.l, o cmblema mais imponantc de libcrdadc 
das n:volu'."tlcs amcric.uu c.: trJnccsa. Achava que, com isso, o anscio de 
libcrdadc.: sc:ria nao <> um.t no~Jn modcrna, ma!> tamhcm um instinto anu-
go c irrc~isth d, um din:itn rc:.1lmcntt: natural. 
Barlow pcn:orri.1 o que, um scculo depois, o grande h1stonador da 
anc c: icon6grafo Aby \\'arhurg chamaria de o caminho da ~'mcmona 
social, (sozinltn GcdiicbmiJSu).'" Como scria de se cspcrar de urn crudiro 
formado ncssa tradi\'JO, \V.1rburg cstl\'J interdisado, ..,obn:tudo, na rccor-
r~ncia de morh·os antigos e gcstos c\pressivos na ane dcissica do Rc: 
nas~im~nto c do B.1rroco. Emcndi.1, tambcm, de amropolog1.1 c psicologia 
~OC1al tao profundamcntc: qu.1mo de hisrona da anc. A..ss1m, suas pesquisas 
o Jc\'aram muito alcm da quc~tao puramenre tormal da sobn:vt\
cnCJa de 
~·ctcrrninad.o gest~,s : _com·~nt;t>.cs n,t pmtur.a c na C.\Cultura W.1rburg os 
13 con~o st~nplcs tndK.ldon:~ de ~t lguma cotsa profunchmentc su rpreen -
dcmc, llllJlllCt:tntc nH:smo, na C:\ oluc;ao da sociedadl: ocidc:nral De baixo 
d~ su.ls prctcnsru.:~ de tcr C• 1n...truldo uma cultura bascada na razao acre~ 
dm.lV,~ ~lc, no~s.1 socicd::tdc gu.m.l .l um poderoso rcsiduo de trra<.:io~alida­
dl." tnlll;·~ · J\ssun com•> Clio, .1 mus~l da Hisr6ria , uriginou-sc de ~ua mac 
t<.lncmc ISIJlC un11 - r·l"l · · · . , . ' 
. , • "" " ura m.m msunu'a e pnmana, .tss1rn tambem a cui 
tura racaonal do Oddem . . ) ~ · d 
c, u m ~c us grac10sos c:senhos da natureza, de 
a1lg\lln modo c.r!! ~ulncnh cl .w::o dcmiurgos sam brio, dos mitos irracionais 
u:l morrc, sacnhc1o c fcnjliJ, de. 
sn . ~ada disso si,snifica que, uma vcz pcrcurrendo a trilha da "mcmc)ri ,l 
: .aal , no~ tamhcm chcgJrenws, incvitavclmcntc a lug.m.:s aos C1uajs nao 
tn.unos num scculo de hnrro 1 , . . . ' . ·t ' • 
v'· ~ · , ' I" r, ug.u cs que represent am um rcforc;o c.J,, tr··l-
o\.:lll.l pu,) ICa C na f ·1" • 
dos mitos <.b natto_ uma lltg,l. H.cconhccc~r, cntretanto, u lcgado ambiguo 
• II cz..t pc o menus n' JS t-az d · · . 
semllrc c mcro "loc 1 1 , · a mltlr l)UC .1 pa1sagcm ncm a <. c prazcr' - 0 ~ ~ ' • ~ ~ - • 
'''IK>gratia arran,· ada d. 1 I l:t::nano t.:om lun\',10 de scdanvo, a 
• t.: l3 lllO< o llllC n:gala II 1) . 
como vcrcn111s r ~ . ~ ' ' os o lOS. <>Js esse~ oJhos 
' .1r.11nune sc chnhcam d . - ' 
mtlll6ria n.to rcgist rn "I"~ ·n· l :, I" . ' . as s.u gest ocs li.l mcm(,ria. E .1 
l .\s )\lt.:o Kos Pll}llcmqucs. 
28 
Na vcrdadc, muitos dos rn.1i:s cmpenhados investigaJore~ dos mitos 
da ll~llureza, como Ni~tl.\chc c Jung, nao cstavam entre r1s mais cnmsias-
ticns dctcn!lores da dcnu>eracia pJuralisl3. E, mesmo hoje, os mais fervoro-
sos ~unigos da terra cumprccnsivclmemc se irritam com os ardis c as rixas, 
os .Kordos e as barganhas, de lJUl~ os politicos lan<;am n1ao quando ouvcm 
1:1lar na iminentc ·~morte da naturl:/J '', e com as alrernativas aprcscnradas 
LOmo uma escolha sombria cntTc sJh .1<;?io c extin~ao. Neste ponto, quan-
do os imperatives do ambic:nte sc rc\'~tcm de uma aura sagrada c mltica 
t.:, st.:gundo se diz, passo.m a exigir uma dedica\'ao maior e mais firme que 
aquda que os habitos da humanidadc em geral propordonam, t:. que a 
mcm6ria pode ajudar a rcstabdccer o equilibria. Os habitos culturais da 
humanidade semprt.: dcixaram espa~o para u carater sagradD da parureza-
~ 1ssn que tenrei mosrrar em Paisngem t.• mtnuirin. Todas as nossas paisa-
gens, do parque urbano as rrilhas na monr:mha ,. rem a marca de nossas per· 
s1stentes e inelut<hreis obscssoes. Nao prl:cis.lmos ncgo_fiill" nosso Iegado 
cultural ou sua postcridadt, pcnso eu, p.1r.1 lcvJ.r a ... crio os muitos e varia· 
dos males do ambienrc. ~o tc:mo!l de ci1tendc.:r tal acirude pdo gue ela de 
t:uo c: a venera<;ao, nao o rcpudio, da natureza. 
Pnisagem e memoria nao foi concebido como urn console facil para o 
dcsastre ecol6gico. Tampouco como uma olus:3o para os profundos pro· 
blcmas que ainda arormenram qualquer dcrnocracia desejosa de reparar o 
abuso contra o amb1ente c, Jo mcsmo tempo, preservar a l.iberdade. Como 
todas as hisr6rias, csta c mcnos uma rcceita para a ac;ao que urn convite a 
rdkxao c pretende mais conrribuir para o autoconhecimcnro que ugerir 
unu csrraregia de rcdcn~ao ccol6gica. No emanro, e demonsrrar que, ao 
lonuo dos seculos sc formarJ.m habitos culntrais que nos le\'ara.m a esta-0 , 
bdcccr com a narurcza uma reb(5o omra que n.'io n de simple menre 
esgota-la ate a morte, que o remcd.ao para no!>sos maks podc ''ir de den-
tro de nosso universe mental comum, en tao ore livro rah ez nao tenlu 
sido um complero d~spcrdJdo de boa polp.1 de nudcLra. 
Guarde-o na pratdcira entre.: otimismo t.: pc~slmbmo - casU<llmcnrc 
reprcscnrado por dots outros upos de h\•ros d~.: rn.1deira. Os 'olumcs da 
xy/otbcrptr:, ubibhotccJ de madetrJ ''. s5o produto~ de uma c.poca em que .1 
i 1;,·csuga~ao cientifica c a scmibaltdade poctica parcciam unir-~e ~em c:-for-
c;o c: com grac;a: o Ilumuusrno do ~cculo XVlll (ilustrJ.(ao colorid.1 4 ). Na 
cullura alema, onde se mt..:tou .1 modcrn.1 silvicultur.l, alguns enru.si.tstas 
rcsoh cram ir akm dos \OhlllK" de bodnic.1 qttl' lpenas ilusrra,-.lm a r.t:\io-
num1a d3.s arvores. Dcctdtr.lm produzir os li' rns com o propno matcrill 
que consutuia seu rcma Ass1111, por ~.:xcmplo, o ' .olumc ~obn: FaJ111J, ~ f.1i.1 
eun>pc1•1 comum, ... eri.l cnc.1denudo cum :1 cru~L~\\l dcssa .arvore5 no u~re· 
rior u>nteria amosrns de no zc..:s t.: s~.:ml'ntC...' de 1.11a, CUJ.ls tollu~ furmanam 
sua~ p.1ginas lvbs o:-. llvrns de lllJt.ktr.l n~o a.1m um mero capricho, tu.n 
bclo trocadilho sabre o signilkado do culri\ n. Ao homcnagc.1r a nutc:na 
, cgc:tal d.t quJ.J sc l."ompunlu, como rod.1 .1 lller.nura, a btblioteca tk 
]C) 
madcir.1 .ttirmou .ldmtrn\clmunc .1 n~cc,sid.h.k d.t uni:lo l'tlln: c ultLti".L c 
natureza 
Do1s ~l ulo" c mc1o m.tis tardc1 dcpoi' que .1 .tkgrc: scgur.tn,·.l do 
llummJsmo dcsapJrccl"u em mc:1o J cat.htrofc, dcpoio,; q LH.' ·'" p.1is.1gcns 
pimrc~ts c ~uhltml· l(n~un dcsrnnd.ts pcla guc:rra c l'=rtiliz.td.ls pdo" ossn.. 
c pdo ~nguc: de Jntlmc:rJ' c1s mono , vurro .llcm:lo criou um lipn difc:rl'll -
IC de lh ro de m.'ldcJr.t ( dustr.t~?io colorida 5 ). ~as p.tgi "·'' do livro de 
r\n~lrn Kiefer, contudo, J hJsW113 c t3 cscrita com lc:tras dl.' J(Jgo l.' o ttti -
nw•mo da cultur.t sctcccnll ta d3 n;uura...a sc: consomc em fi.Jlll.l\".l. 1h 1(>-
lh.t\ dcssc hHu, que o nrtJ t.l imitulou c'nuut·i::.a(tio rfo di.ctrito 1'111'111 tit 
UuciJm ( c:m alcm:in lluciJc signitica t:ti.t, don de o nome dn d ist rit o ), c:st ;io 
qucun.1d.1s pcl.1s l'h.1m.1s de: 11111.1 gucrr.1 total, dJ dc~trui~::lo c.l.1 n.ltllrl'Z,l em 
ITICJ(I ,l atllldCl:\dc. 
N.H• podc111os d~JX.II' dl.' pt:lh.ll" no ft>go ~omo o ckmL:nto d.1 .ln1qui 
Ll•;ilo. Tod.t\'i,,, t.111to 11' llllll>gr.ttrl~ quJntn os hiswri.ldnn:s d.1 n.ltlii"L:/a 
s,thcm q11c d.t pir.1 s1J rgc .r lcnh , qut' .1 vida rcconstlltlld.t potk l.ul,.H tlln 
rchcmo pur ent rc 11111:1 dl.'lll:i:t l'.lm.tda de cin1as. ~sim, .o.,l: u.l<.: c 11111 11\TO 
de h:mhr.ln~.lS, 11.10 ll.li concchido como um bml'nto pcla cn:m.11;:io de 
nn~>c;.1 c<;pcrnJH;.I. Antes, c lllll.t 'i.tg,cm por ~pac;os c: lugarcs, l'olll m olho~ 
bern JbcrtO'i, que podt.: Ill l!i .1jud.1r a .Kn.:ditJr num li.u un, p.11".l c:~sc lc u·tc, 
ad ora' cl c \ dho plnncl.l. 
30 
Pri 11zci1-n pa1·tc 
i\1A'Ti 1 
Pr6lof!O 
...... 
ODESVIO 
Foi prcci~o avistar a colina en1 Giby par.1 cntendcr o signitlcado de 
4
"naisagen1 e n1ernoria '\ . t , .... 
A pritncira vista, qu.:tndo a vislum brei atravcs da janeb do Yelho 
lvlercedes, pareceu tne bcm comun1, apenas tun morro coberto de n1ato 
no qual algucn1 fincou un1 sucedineo de cruz~ tnais tun fetiche paroquial 
nutn Iugar ainda tnovido a deYo~ao. Algun1 .. 1 coisa, rodavia, chamou-n1e a 
aten~ao, perturbou -n1e, tcz-tne olhar de novo. Volran1os au·is. 
Percorrbn1os o :Norde~te da Polonia, tlln pafs cu j.l!' tron ret ras recua-
1".1111 e avan~arJJ11 segundo os abruptos con1andos d .. 1 hist6ria. Os rnesn1os 
can1pos de trigo c centeio, que ondulavan1 lcntan1cnte ao rinno da brisa, 
havian1 sido lituanos, alen1~ks, russos, polone~es. E, enquanto o carro 
transpunha \ elozn1ente os quil6n1etro<; que '"'eparaYan1 Augu~tow, o , ·dho 
centro de iati~n1o, de Sejny, a cidade eclcsii~tic.1 medic\ al, parecia que c~r .. 1-
\'\11110S 'oltando no ten1po. Os arados eran1 puxado'"' por en aJos. Os n1es-
n1os ca\ alos gran des, pcsadoes, castanhos t: baios~ con1 aratais altos -
percorriatn cstrad .. 1s c can1i nhos cheios de sulco~, pu\.~lndo carro~as lotadas 
de crianc;.ts bron;eadas. Havia no ar tun chciro de anin1 .. 1is. Nada pertur-
b.l\ a a in1ensidao daqude ceu branco ao cair d,1 noire
nen1 ~1\·iocs a jato, 
nen1 111i.lrCO~ p.1r~1 os piloto". Ao lado das chJnlines, u:gonhJs tnontavam 
1!uarda a seus ninhos dcsn1esuradan1enre grande<;, grO.\\eirJs cidadela~ de 
.,;,..:r '- "-
gravetos c galhos. De quando en1 qu.1ndo, cas.1is de p.l\'hlros, con1panhei -
ros par,1 toda a vida, cnlpenhavan1 -\t: numa n11dos.1 esgrin1a conjugal, o~ 
bicos vennelhos chocando-sc uns conu·a os ou tros. l\ L1ic._ ao leste, uma 
cscur.1 n1uralha de tlorcsta, a n1ais antiga dJ Europa, crgura-\t:, intlexivcl, 
contr,l o horizonte. 
Eu h.1vi.1 ido a Poloni .. 1 para \·cr essa tlorest.L Conqu .. 1nto nao ~oubes­
sc o que, ex.lt.lnlentc, eu qucria ver. Con...,tJ que os hi~toriadon.:.s devcm 
chcgar .1u pass,1do cn1prc .nr.1ve.s de tcxto~, J~ veze . . urav~!) dt: in1agens; 
cois.ts <.llH:.: col hem, sen1 neniHtnl risco, 11.1 redom~1 d.1s conven<;t)t:s acade-
mic.l.s; dcvcm nlh.u·, m.1s nlo tocar. No t:nt.lnlo, um dos n1eu" profcssores 
· · i, ,1111 ~ 1·rlll\.'Ctr"> intl'l\.'(t u.d l' t•s~,.·ritnr dt· ext r.tnrdin.'hia t'ol'.l-nt.ll' quc..·nt ( .~. • ·• · . . . . .. . · 1 
'CI'll, ,empr~ dl!i.t qu~ <.'tJ prl·~..· 1,0 , ,, t'll(tJr lllll ~~~c.tl, u~.ll o .uqttl\ n.t ~,s ~<..'~ .. ~ku u.·m.1 era ) rnit" c..· .1 memoria d.t p.us.tgem, .L' c..·,..;a lllll'll'ih.l.lll 
l 't, 1. ~.-..,) 1 ••• , 1 1111 ,..-c::.n lllurc,t.t 1. c'tcndendo- ... e, 11111HL'ITllpl.t, pd.t ~..·o lCJ ,, u c.: ... • ~ , • ·... • , • 
· t' 1 'n' •1 "'l\J'' .. l"l>lu'l'i:ttnnilhn 1 (t)tn .1 H1dnrl'll"t.\ c..: .1 Lttll:ttll.l, rl g,1.10 ron e1 ~. l 1 .... .. • • • • • • a~ 0 .. reino n.nural" de c~crittH'l'' de: nossa epo(.l. como ( t.c..·sbw J\ltlos1. 
{' r.ldCU!-7 Kom\lcki; Oll dn pa ...... tdo, como Ad.un l\ lJ(kll:\\I(Z. 1 ,\u lon~o 
d . iJ ~r.'~ -0• ··~ •• l'' e ... cn tore" .:ri.U".llll lllll mi to c.:un,ol.tdor de u m 11 He nor c gc.: "\ .... ' .. • i I ~ 
seh.ltt('O que rc..,i riri.1, int.tto, .1 todo' O" c..ks.tstrl'' que o 1-:.:-.tll o po ont•s 
tcn.1 de ~nfrent.1r. 1:, com uma gu i n.h.i.l da ll',gic.t que ,{, os con hc('edon.·-. 
d.t h1swria pnlonc..·s.l u,n,cguem .lprc('iar, ct•khrou '\t: t:'"·' p.hri.t etc..:rna 
(em pull)nc-;) como nnmc.: tk ''Litu;\ni;l": "Oh, Lnu.\ni.1, mn1 tnnao n.ual, 
tu/ F ... como n s,u'tck: :lll' ag.or.t eu n:io sabi.1/ (Ju3n p1T\.IO~.ll'r.l~, ;ll~ que 
u: padi~'. 
··Jm.tginc..·~, di-. .. c..· tllll .lmigo, "vm:l:-:, amcricanos, c;mt.tndo 'Canada 
the lkautilid' . .,., 
Idcmid.1dc, inst.l\ eis S:io pre sa fad I para .1 hist6ri.l. Eu ~.1bia que h.wi.1 
,,mgw: sob Jqudc \l"rdnr t' ttmmlns nas cLtrciras profi.tth.i.l'i rodc.td~l!'i de 
carvaJiw c .thetos. ( h c.1111pos, as llon:o.,tas c os rios 'iram g,utTI".l L u.:rror, 
akgria c de~cspcro; monc c rc~~unei~~1o; ru~ lnuanos c..: c.n .tktros rcuLtmi; 
cos, gucrrilhciro'i c judcus; a Gest.tpo dos n.1zislas c ~~ NK\'P de St.tlin. E 
um.1 terra mal-as omhrada, ondc sc podc cnconrrJr, entre ·'' follugcns, 
botocs dos pe~;tdns c.ts,l(os tk sc..:is gera<;:6c..:s de sold.1dos morro ..... 
<) i\lcrccdcs p.mHt diamc do p<'>rtico c..k um.l. bda igrqa htu.m.t de 
nudcirj, JS t.1hua-. nurrom-a\'crmdll.ldas, (l tdhado cndnudo por uma 
cupula em lcll'lll.l de cc:hnl.t rc:,·cstkl.l de: an..ic)si.1 cinzc:m.1. Um.1 guirl.mda 
"''st.111h.t de: trig,' pc:ndi.t frouX.1111l'llLC: sobre .1 porta. As 1:m1ilias comc:<;.l-
' .1111 a chq;;tr p.l 1'.1 ,\S \ cspcras, :-.ob re\'Oada:-. de vclozc:s .mdori Jl h.l~. Os 
mcninos atTasta\ am ns pes, cnqu.mw .1s mJ.e'i os pux.wam p.1ra tkntro da 
1grtj.1, k\ ,1ndn 11.1 m.w li\'rc ram.1lhclc~ <.k llorc.:.., silvcstn:s - trc.:tn11~os c.:: 
l Clli.Htr\!,1~. 
Uns (CIIl mcll'ns .u.li.mLe, ~cp.11".1da d.t cstmd.l por uma ramp.t lngrc.:-
me~ a cruz de m.ldcit-.1 crgui.1-sc contr.t o :-,ol d.1~ .... d~ d.t 1.1nk como num 
qu.1dro de < 'aspar D:n id Frinirkh . Pcregrinos cl-ricos, m1m pals f:wwso 
por scm tnnst.llltc.:s lll.ll'lll'olbgios, .1proximamu-nns da cruz, subindo um 
t~ludc 1choso, ondc centcn.ts de mal.td)c:s cniilc..:ir.\do~ p.treciam 11111 reba-
nho d~ fic1s .ou um hat.tlh:iu prutc:gcndo tllll c.:aminho s.tgr.tdo. No mcio 
da snb1da, 'tllll1S tun pequc.::no kt rc:iro .tth.1do na cruz; diz.i.1-11os I..} lit\ no 
~.:omc~~) de l'J45~ .1li em l~ihy~ ccntcn.ls de homcns c mulhc.::rcs, .tcus.tdos 
de apotar o 1-.xc~Lito N;tcion.ll Polon~~, t~ll'am monw; pcl.t NKvn, .1 polkia 
~ccrctJ de St.11in. A pcqucna colina rccehcr.1 11111 novo cumc de arci.1 am.t-
1 c~·'· nu qu;~l :'"stamm pl:~c.ts de: gr:mito polidu. Nc ... s.1s pedr.ls cst,l\'.111\ ins-
~·u,~s 1 ~ 1 ~, .\!lllnl.l~lllllS 1~1111\Ch, 1.11\ ez, rl'lacinnados em nl'tkm .tlt:th~t ic,\, de 
. ·' Z, 1.: r~.:cc,llll:~.mdo \:0111 ns nomt:ll em A, cnmu .sc t.ll't.k da noitc.:: .tlgul:m 
l1\ C(,sc k' .1do .1s mno~ .'\ c.th:~., c diro: ""S.mto Dew;! E Std~m , l' J.m, e 
34 
t\L1rt,1?'', e '"dns a:, pcs~11.1s de svbrcJl(Jfllc dc~conh!.!cidc>, c toda1, as pc:s-
l!O,\!. Clljo primeiro IH>IllC SC ign,Jrava, p11i~ ha\ ia OS dol~ UpOS lll'SSac, Jous.1S 
cinzclll.t:->. Utn,l pcdr.1 solit.tri.l , <.Hst.111tc d.v> dcmal&, dcitada de lad, cnrrc 
us m.l! .tccic~, dc..:dJJ .wa: "morrcram porque cram polonc\cS". 
i\ Polunia p<',!>·comunista esta rcpleta de lugarcc, a~c,im, de hisrbna~ 
brut.tb c ex:l'pl'l'.llllcs, arr.lnc.Jdal:l de dccadas de silcncw oficial e amda mal 
rc.:('on~titulda~; de marcos c.:olocados rcccnrcmcnte • 'o cnramo, o \Crda-
dciro d10quc ll(IS aguardava no alro do monte. PoJ'i atras da cruz o chao 
dcs.lp.trccia de rcpcnrc para rcvelar uma paisagcm de incspcrada bclczc1. 
Unu f1mhri.1 de cimilantcs an orcs jn\ ens assinaht\ a a linha do horizonrc; 
.Hr.h ddas, pun:m, cnmo gig.uttcs scgur.mdo m3us de crian~a~. crguia-sc a 
l~ll.mg.c.: \ 'C rdL-nc..:gra da llnrc::s£.1 prim i tiv:~.. No plano inrermediario. <1 risca 
pr.Hc:td.t de tlln rio .. um dos muiw~ cursos d'agua que alimcnr.am o 
~Jt'men. scrpc.:ntc.l\'a por entre juncai.~) p.mtano:-,o~ c milharai . As jancla.s 
d.l~ L.lsas de madeira, J dist;incia, n:flct i.llll C) crcpt!SCUIO junw a margem 
de !Jgo.1s trJnqiiilas, ondc: os ganso:-, sc posta\'.lm scm fazer nada. --vedc, a 
Lilll.lnia, - podbmos ouvir J\lickic\\ icz dc.::cl.lmar com sua retorica mais 
grJndto ..... l. Pni.s, com cerrcza, cssa crJ .1 pais.1gcm que lhc cnchia os olhos 
do c'p1nto em .scu cxilio parisicnsc. 
... ln•t1i mwbn nlwa n11dnnu pnrn pcrcorrcr 
.Aqudt!i omdros robfrtuJ dt bo>f]ttf.f, nqurlrs bosqucs 1'i=mbns 
An Ni,·mnt n::.ul. tstnuf,·ndo·Jc' l't'1'drs r nmplo.r, 
Os cnwpoJ mulricoloridos comottm ncolcbando, 
A prnttl do cmtcio, o doumdo dos tn'gnis 
0 que prcen('hi.l meu (,lmpo de' i~'ilo tinlu a (l-)J'ma de um.1 jancla ou 
de: 11111 qu.tdro, um c.::spac;o rct.mgul.lr, cnmpo'>ru de ekmenro dhpo ro 
em c.un.ldls horizonrais. r.s\.1 cr.1 .1 p.uri,t pda qu.tl n pO\'O dc Gib~ mar-
rent <: a qu.li t(>ra agora Jcre~ccnt.ldo sob ~1 fc.:>rm.l de: uuteiro C'Ontemornti-
VO 'iua kmbr.m~,-.1 .v·,sumir.l .1 f'orm,1 <.Ll propria p.lb.tgem. Unu met.i.i~)l'.l 
M.: torn.lr<l rcaltdadc; unu .lllscnci.l se tr.ln~form,H'il em prt·sc.:n.;a. 
AquLbs prontbcrand.ls cobcn.1s dc rch·.t - lllmulos - crJ.m 3!1 
primcir.ls marcas que o homcm dcixuu 11.1 p.ti~.tgcm d.1 Europa . .Sol aqm.·-
lcs rnonrc-. dL tcrr.l, os corpos dos mnt'lt)s 'c.:net"'.ldus ~c uniri.1m 3 tcrr.l. quc-
o:-, c..ri.u.\ t' hberLmam os t'spirit~>s pJJ',\ .1 'i.tgcm Ct~lll dc-.rino a omra m Jra-
d.t. A Liru.inia lc1i a ulrima na\·jo pJg:l que s~ (011H'ncu ao cri.srianbmn. 
no s~culo XIX. E .1 .tntiga trJdi\.i.o nadnnJI pc..·r istiu, cdcbrando os nl.lni-
n:.s c: hcrt)i:o. luc.:.li' 'oh a fi.>rm.l d~: tllll l·opiti- 11111 momc de: tt:rrJ ~ob<:r­
to de r~h·.t ~b \ ezc..:~ .ll:n;-....:cnr.tdo an It 'PO de tllll.l ~ulin.t n.nur.1l. T.1deu,z 
Kosciuszko, omro pJtnoth ... n filhu da 1 itu.iniJ, que morrcu em 1790 du-
r.mte 11111,1 r~bcli.lo conrr.1 .1 Rus~b. t' cuhu.tdo no~ .lrrt·~..iorc' d::t CrJC.:O\ 1::1, 
;\ an tit.·' ~.tpit.ll polnne .... J, 1111111.1 colin.\ dc-.,c lipo, .trr itici.1lmcm~ ~unk.t;
dizc111 '-lll~ J tcrr.t qu~: :1 ~ornpl~l«.: s.tiu do" ('.llllf'l\S dl· b.H.1lh.1 dn hcrbi ~..· t(,j 
Lr.ln,pon.tda em c.11To~r,1:-.. i\go1'.1 t: tllll oureiru dispo,to em rc:na\·ns, "k 
ondL n.1mor.1dn' de lllJos d.1d.1s pn~..km \l'l' .1 dn~.\1\IC dd.1dc 'dha ofcg:an-
.... ..... 
. • I i h~ -.idc.:r(•r~k·'' ck ~ll\\ ·' Hu t.\, c.:m .Sl:ll do em mclo aos 'apmc~ po \til o~.... . t I. K , ~· , k 
hori?onte m·,oento. Ao pc douutdrd, a-. rdtqlll.l' s.:tgr.lt ·'' l c. n.\t:lli'·Z. o 
- . i - · t\Cl ''ll.lrd.1d.1s lllllll c-.p.t\o s1.111dh.tllll .1 
- um bras.111 1.' lllll.l l sp<H ·' l"' • ::- . _ 
· d 1 · t' ·ul:\ fi u·nla.l (onstnnd.l p~..·lo' .tusua.tu ls. 
um !\anm.lno, cnuo 1. a man I''- · · . '- . _ . , 
I d .. l - mmdo n tda ex•-.tc .tkm ~.k pn. R~.:u.:nt~.:-·ob a-. pc~. ra r •• >), u ' · · , 
. • f1 li'C t l ,•izinh :t de Au uu~n m· tllll.l \ ' ,\Ia (:omu m, 
mente en corm ou-sc n:t c ' • • · ~ _ 
· , 1 - 1 d • ., NL' \'ll h wi 1 c\t:Cutado wd.l a popul.l\~.w dn .tldeaa, th.ia como o o'"·' cu11. c .. " • • · u~ apota\ J 0 cxcn:no pol ones c n:lo os cumuni!'lt.t'\. E.\tlln.tr.un-se os u>r · 
q d' tinth 0 1~ fi\'cla c.: .,, botas mustrJr.tm que .sc tr.HJ\':t de ~ol -pos, ma o '' '• • • · . · . . 1 • . • dados alcm5l' ; 111\lgni.ls de c:wear.t .lp.tre~.:cndo entn: ·'" o\o,,\l .1s, JS\,\\smos 
a sa,,inados. . . 
0 quinhcuros de Giby, port.lnto, aind.1 s.w fama~ma~o, em rr.1nsato; 
arr.t.,1•1dos Sl1hc se Ia p.1r.1 ondt:, jng.tdns em algum burJco no gch_> dn 
Arrico ~0111 milhoc~ de 1..1lltr.1s \'itimas. A aldci.1, tod::t\'J:l, csr.wa dccadada a 
com.:h11 r ,1 rt·p.nri.l~:lu. A .trd.t .llll:lrda no ~op~ da pcqucna cult~1a,.in_dacln­
do um caminhu, ~ >1'3 colo~.1d.1 rccc.:mcmcntc para uma Lcnmonaa que 
ocorrcri.1 dentm k .1lgumas c.:m.m.1s. E, como .l mcmbrin dos sobn.:' "en 
tc' torncccu m.tis n• unc.:;, c.:stcs tambcm lor .1m inscritos n.,, pbcas de.: grJ-
nit•l. ()que, de ccrto mndn, ~onstillli uma \Oit.l ao Jar. 
P.1ra outra popula~an, que .mtig.lmcntc tambcm pcrtcnceu .1 essa pai-
agem, a 'olt.1 ao lar cstnvc1 fi u·a de cogita~ao . Trancafiados nos vagues d~.: 
c.1rga que.:, chl.'...:alh.mdn impl.lCJ\'clmcnte, sc dirigi.1m aos campos ck L\ll:r-
miniu, us judcus polnncscs, que nama\'.lm para .1 morn:, n~o podi.1m J\ IS-
tar a pabagcm. Em 110ss:t im.1gin.1c;lo, .1 patsagem do Holncau~ro ou c ine-
xistcntc, ou, qu.1ndo muilO, c dcspn>\'ida de trac;os c cor, amortalhad.l na 
nouc c n.l nchlin,l 1 cm·oiLl num in\'erno pcrpctuo, tingada lil m.1rrom L 
cin:t.cmn- ., ~inzcntn d.1 li.unat;a, d.ts cinz.as~ dos osso!'. puh cri1.1dos, da 
cal 'iva As~im, c chnl:.antc pcns.u· que.: Trrblinka tambcm sc sHu a numa 
'ividn p.tis.lgcm c.unpt·sr rr~ ,, .1n.:.l h.111luda pdo Rug c.: pclo Vtstula; o ter-
l"l'tHI, suaVI..'IllCiltc ondul.tdll, pc.:n.:mndo por alamcdas de L houpo~o, bran cos 
<'om11 no I\H.:mnri.1l lk (;I h), pcdr.\s rltsticas simboliz.1111 su,1s incont.h t:is 
scpult ura .... 
Scmpac imaginl'i ns judcus d.1 Altc Land nm1o tipns csscnci.llmenre 
ur banos, nH:snu 1 que lllor,\sscm n.1s .1ldcias: ~wncru.1ntcs c .u·ll:s;ios~ alfaia-
tc.s c carpimciros; .t~ouguciros c p.tdeiros; com o trbbc* como o scnhor do 
tiJirt/~*"* mh.:rocosmiJs d.1s gr.mdcs comunidades supcrpm'll.lli.ls de \Vilno 
c Bialystok c ~liusk. E muitas ,·czes era assim mcsrno; porcrn, as .tldeils 
que per~~~~·rcmos, aqud.ts c.1s,1s r(asticas, pafcit.ls como um.1 pimur.1, com 
~cus bcu ats de madeira ~ s~us j.trdim ccr~ados, pertenccram omror.1 a 
)udc~5!. ~Sct.c.nt.l por ccnlo, oitcm.1 por ccmo d.1s pcssoas aL]lli c .1qui e 
aqUI dtssc I adcu 'I 441 l . ,. ,. l' . i - . 
, • , n< as )lll 1.1s . ort.lnto, arn1. a que n.\0 tn•csscm tr.t-
balhndo .1 tc• r 1 ~..onl 1 1., 1 •• - 1 c-• • S ropll,\S fll,\0!'1 !lCnl COrl,hiCl ICllO Jl()S e.ltnpns, l' M>C.:s 
r •) l'rolco;-''llr ,lc c...<>Cnla 1ud;uca. ( N . T.) 
(•• ) V•b•ct•l•>llc 1 1 • 1 · 
"llllllll( .&! c )\1( ~IC.l (111 rc~JUCilas C l~bd~s d.l Eurup.l uriclll.tl . tN. T.) 
judeus cr.un do rurab qu.uuo us aldcoes d(Js momc~ Cot.S\\ <Jld ou os cam-
poncscs d() Au\crgnc. F, dentre des, lJIH srupo, que todo-, (JS habitantcs 
da rcgiao fi·untun~a da P(>lonia c Liw.'ini.1 conheciam, foi genre da florcs-
1.1, da pw-zczn amu1sa. 
~1inha t:1mili.1 e.stava em algum Iugar com CS'-C grupo. Na virada do 
~t:Lulo, J\brk, meu a\'6 materno, que se tornou a~ouguciro, partiu dessa 
n:ga.lo 1..0111 rrcs irmaos, r~tngiJos pclo terror dus pogroms rcalizados pelos 
cossacos. 1\b.s scu p:ti , Eli, crJmo muitos outros judeus, ganhou a \ida 
extraindc, madeira das grandcs florestas primiD\'35, arrastando-a arc OS tri -
but.1rios do Nic.:men ~ cncaminhando·a para as scrra.rias de Grodno, ao 
norte, mr para a vdha cidadt.: provinci.lll.l de Knwno, ainda mais clisranre. 
Os nos esLavam rcpkros dcss~.:s judcus, que as vczcs passa\ am semanas 
mtl"ir.1s em suls b.tls,ls, dormindo em W!tC.lS cabanas de toras na compa-
nhia de gnlinhas. Durante os Lcrrfvcis im crnos lituanos, quando os rios 
congd.wam, cle Lr.111sporrava a madL"ira em Ionge'!) Lrenbs puxados por 
grandcs Cl\ alos polone~C!> Oll pur juntas de boi~ . De Kowno Oll \\llno, as 
marg~:ns do rio \"tliya, a madeira era despachad.1 para J!> cmpresas ferroYia· 
rias l"liSS<lS , que J compra\ :1111 p;:tra f"azer dormeiHCS C vag6e!> de L3rga. Oll 
scguia em blh•1~ carrcgadas com mil ou mais rora arc o Biltico, onde ou-
tr.ls m.uiurctras m3iorc!l, geralmcntc dirigidas pnr judeus, a cxponavam. 
:\ cas.1 d~.: meu basaYo Eli .sim.wa-~c a margcm de urn rio Hmano, em 
~ 
meiu a um.1 flurcsLa primitiv.1; era uma constru~jo de madeira revcstida de 
reboco e ccrcada por urn muro de pcdr.l que indicava suas prcrensoes so-
ciais. l\linh.1 m5c. que nasLc.:U c sc criou na ruidosa efcnescencia do popu -
lar F~st End londnno, guarda apcnas fi·agmcnt' dJs lcmbrant;a.s que scu 
pai c.: SL'LI t io tm h ~' m dcssa p.usagcm: hi~t <'>ri.ts d~.: mnaos a fJ.st:lndo os lobos 
dos rrcnos (gaboltct: usual na~ tabcrnas d.1 rL·g!Jc) d' >" busqucs); do !>Onha-
dor Hyman, o irmao ca~ub, dormindo no depbsito c lcordando bru~ca­
mcnte ao ser Llll~'ado no rio amarrldo .1 um'l ror.1. Sera que e:-~a f.:unilia er:a 
tao imprm'<lVcl qu.1nto os lcnhadorcs miKh~.:s d.1 Rutcnia, que vi numa 
vdha fol<> Jc Rom.m Vishmak, escor.mdo troncns com c.,tJca .. , u.sJndo 
mcchas dt: c.1bclo l.uerais c chapcus ...:.uJCLerisricos; lenhadorc~ de r:::.it=-is?"' 
Equal era .1 locahza~ao n:nrn dessc lug.u. tk'is.t (,1s.1. desse mundo de 
cigarros .tmarclos, golcs lort.1kccdon:s 1 ir.tdm. de encJrdid.1~ g.1rrafa.~ de 
vodca, dnncus hassadtos ~.:nto.ldos aos bcrros por entre os pinhciro:> da 
PoyliJIJt ptfrfa? "Omk era)"', pergunrei p.tm minlu mk, enqu.mto comia-
rnos uma s.1lada num horcl do \\'est End. Pcb prime ira vcz n:t 'ida, eu pre-
dsa\'a muito s.1ber .. ko\\ no gubt:1·nin, li::H~\ de Knwno, c tudo que .s.1be· 
mos.'' El.1 dcu de nmbro.s c continunu ..... 1bore.md,) sua .1lt:Kc. 
A hbtbria do pais s6 .wrncma '3 inccncza. Po is .. Lituani.l ,, nao coin-
cidL ~.:om .1s fromcar.1.s atuais d.t cn('olhid.l rcpublka b.tlticl; muirn mcn<.ls 
LC)Ill Sll.l lingua c suo rcliglan. nurlntc .\CCulns ocupnu um imen .... n territtl-
nn que sc estendb do mar Negro, .1o -.ul, .nc n rio Bug, .1 oc.:,te, c: o 
( • ) Entre m ju~tcll)t, franj.\ do 111/litll 1JU \ ,lk d~: ot:\1;.\o u~.1do pclm holl1cm (N 1.) 
.. -
.)/ 
B.il!lco, ao nor1c 1-.m 13~(l, scu n:i-(-.tpdor ].tguclJo .,~ c.l'>Oil com .1 r".li -
nlu p >lonc')J }.td\\ 1g.1, cnandn com sua uniao o gr~mdc rt·ino d.1 Pol(mi.l. 
Com o h:rnpo, o ul l' o ( >csrc du p.1i., pcrdcram su.t idl..'mid.tdc cuiLUr~tl. 
A answcracJ.1 I 1cal, proprict:ui.t de t~..·rr.t.,, passuu l talar, c~crcvcr t' rcfl:rir-
«>c a,, llH:Sma em pnloncl\ (s:lndmr). No final do scculo X\ Ill, .l Pol(l!li.l f(,j 
hnnJJ c cllllc.uncntc di\ tdtda, c • ~~ \ izinhos- prussia nos, ntso,o, c .tustri.t-
co~- dc\urar.un '>11.1~ partt·s. 1\ n:gi.tn ccntrJI da Liw.lni.1 tornou-sc.:

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais