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União Homoafetiva na visão da Teoria Tridimensional do Direito e a Visão Papal no Trato Homossexual - TI

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União Homoafetiva na Visão da Teoria Tridimensional do Direito e a Visão 
Papal no trato homossexual 
 
José Augusto dos Reis 
 
A Teoria Tridimensional do Direito, conhecidamente criada por Miguel 
Reale em 1968, porém não o único filósofo a ter esta visão na operação do 
Direito, conta também com Emil Lask, Gustav, Radbruch, Roscoe Pound e 
Wilhelm Sauer, todos estes nas décadas de 60 e 70, a Teoria Tridimensional 
do Direito, é uma forma inovadora de se analisar e interpretar e tomar decisão 
de questões no atual campo do pensamento jurídico nacional e internacional. 
Reale trata de três bases jurídicas: o Sociologismo, o Moralismo e o 
Normativismo, seguindo então o Sociologismo que abarca os fatos e a eficácia 
do Direito (justiça), o Moralismo aprofunda os valores e os fundamentos do 
Direito (conotação histórica e social) e o Normativismo declarando o 
ordenamento jurídico (a letra da lei). 
Existindo então, uma continua comunicação entres estes três pilares, 
principalmente entre o histórico e social (o sociologismo e o moralismo), 
denominando-se como a “dialética de implicação-polaridade” ou “dialética de 
complementariedade”, sendo que estes fatos estão intrínsecos a sociedade, de 
maneira mutua e invencível. 
Definiu ele a Teoria Tridimensional do Direito, como “realidade 
histórico-cultural tridimensional, com ordem bilateral, ou seja, da forma de o 
Direito exigir certa conduta”. 
Então se define a tridimensionalidade do direito como a harmonização 
do contexto histórico, social e normativo no tratamento do direito, a fim de 
buscar a satisfação da necessidade da humanidade, necessidade esta, 
descrita como justiça. 
Saindo da questão filosófica da criação da tridimensionalidade para a 
visão e operação do Direito, abordaremos a união homoafetiva sustentada por 
esses três pilares, passando pelo contexto histórico, sociológico e normativo 
que ronda esta questão polêmica no cenário brasileiro e internacional atual. 
Porém, passaremos a questão normativa brasileira no caso da união entre 
pessoas de mesmo sexo, homem com homem e mulher com mulher. 
Há tempos passados, na época da Grécia antiga já se presenciava 
relações e afetos homossexuais, até mesmo como um conceito pedagógico, 
onde se dava a convivência e maneira de bons exemplos entre erastes (moço) 
e erômenos (mais velho) por assim afirmarem que estreitavam as afinidades. 
Já em Roma via-se com bons olhos a pederastia (o relacionamento 
erótico entre um homem e um adolescente, sendo dentro desta relação o 
companheirismo, a convivência a afetividade e bons exemplos, não sendo 
somente a penetração) e demais sexualidades como heterossexualidade, 
homossexualidade, dentre os quais a pederastia, mas não de um homem livre 
praticar a passividade, ou seja, ser penetrado. Em Roma não exista tal 
distinção entre pessoas hetero ou homo, apenas o exercício de sua 
sexualidade. 
Pelos tempos, a invasão da visão religiosa, o cristianismo sagrou como 
pecado o afeto e a relação entre as pessoas do mesmo sexo, salvo apenas 
para a procriação da espécie e com uma posição específica – com a mulher 
deitada para propositalmente poder engravidar. Acabou assim, dando certo 
arbítrio ao Império Romano para suprimir tais ações fora da ideia do 
cristianismo, e ainda assim, tivemos relatos de relacionamentos de parceiros 
de mesmo sexo entre a nobreza e povo, nas épocas antiga e medieval. 
Caminhando através do tempo, mais precisamente no século XIX, no 
ápice da razão como meio de achar a verdade única e época iluminista, 
buscava-se uma solução científica no trato com a questão da interação afetiva 
entre pessoas de sexo semelhantes. Noutro instante, este no século XX veio o 
trato da questão pela lobotomia cerebral, declarando então intervenção 
cirúrgica para quem quisesse livrar-se de tal condição. Iniciando, assim, 
diversos grupos a fim de lutar contra esta discriminação sexual que sofrem os 
homossexuais, onde a ciência descreve a homossexualidade como doença. 
Como se percebe por este breve contexto histórico sobre a relação 
homoafetiva, podemos ter a certeza de que a cada época que passa, a 
discriminação pelo que o homem ou a mulher desejam ser é completamente 
reprovável por uma sociedade onde ainda precisa evoluir sua maneira de 
pensamento e aceitação de que as iguais não são diferentes. Homens tornam 
este evento abominável na sociedade, sem mesmo conhecer o porquê dizem 
ou opinam sobre o assunto da união homoafetiva e sem se perguntar o por quê 
tem este pensamento. Quanto mais ainda, desconhece totalmente, o contexto 
histórico em que funda esta forma de relação. Esta relação de iguais acaba 
tornando-os diferentes, e o diferente assusta aos olhos dos desinformados e 
ignorantes. 
Esta relação está disposta em nosso meio social, no dia-a-dia, quanto 
mais dias passam, mais pessoas de sexo semelhante acabam por manifestar 
esta atração recorrente pela pessoa de mesmo sexo. Portanto, são 
discriminados, tachados, julgados como diferentes ao costume da sociedade, 
onde o correto se forma entre homem e mulher e não homem com homem ou 
mulher com mulher, não sendo aceitos no meio social, como uma verdadeira 
relação de afeto e formação de família com direitos e deveres assim como 
casais heterossexuais. 
Em nosso arcabouço jurídico, a jurisprudência, como neste caso em 
Pernambuco, a Justiça Federal ordenou ao Exército reconhecer como 
dependente o companheiro de um sargento de 40 anos, com quem o militar do 
Exército mantém união estável a mais de três anos. O Tribunal Regional 
Federal da 5° Região votou por unanimidade a decisão. Estão protegendo a 
união homoafetiva, convertendo muitas vezes a união homoafetiva em 
casamento. Conferindo assim diversos direitos e deveres neste “novo tipo de 
relação”, garantindo tudo aquilo que uma família de casais heterossexuais 
detém como: direito sucessório, a partilha de bens em caso de separação, 
adoção e etc.. Assim como na jurisprudência, maiores casos inovadores de 
decisões, está o Rio Grande do Sul, inclusive com a primeira união 
homoafetiva aceita pelo tribunal. 
Por isso deve-se seguir no ordenamento maior, a Constituição Federal, 
em seu preâmbulo confere: “um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna”. 
Devemos então prestar atenção que o Estado em que vivemos, é um 
Estado Democrático de Direito, provendo a proteção, igualdade e sem qualquer 
ordem de discriminação. Ainda mais passe-se pelo Art. 5° em seu caput: “todos 
somo iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Rejeitar a união 
homoafetiva é afastar o princípio fundamental e uma cláusula pétrea de nosso 
Estado Democrático de Direito. 
Por mais que não contenha especificamente na Constituição e demais 
legislação infraconstitucional, esta relação existe e faz justiça ao requerer os 
mesmos direitos que detém casais formados por homens e mulheres, pois 
como consta, basta externar o afeto do casal, independentemente se formado 
por iguais ou diferentes, ambos merecendo serem reconhecidos como uma 
entidade familiar, tão somente pelo afeto entre as partes envolvidas. 
Como em um Estado laico, não se cabe pautar suas ações por 
concepções moralistas e religiosas. 
Mesmo que ainda o tema cause muito preconceito e levante tabu entre 
as pessoas, devemos perceber que a identidade sexual não pode ser vista 
como um dado a ser controlado por alguém ou por alguma instituição. Antes de 
qualquerjustificativa, seja contra ou a favor dos homossexuais, devemos 
colocar o respeito ao outro como princípio máximo da Constituição do Estado 
onde vivemos, portanto, devemos respeito àqueles que desejam ou assumam 
socialmente sua relação homoafetiva. 
Dentro do assunto da homossexualidade, Papa Francisco, quando de 
sua visita ao Brasil e em sua viagem de volta, responde a pergunta feita por 
uma correspondente brasileira a respeito da pessoa gay e seu trato perante a 
Igreja Católica. 
Acredita que de quando a pessoa adere ser gay ou homossexual, não 
se pode mais julgar por ela adquirir esta sexualidade ou aquela outra, porém 
não comenta do direito feito pelos homens, mas sim perante as suas crenças 
religiosas. Admitindo que o mundo esta evoluindo e esta revendo o trato para 
com estas pessoas, pois afirma ele que no passado São Pedro cometeu um 
grave pecado, regando Jesus, a ainda sim foi nomeado Papa à época. Pois se 
arrependeu e aceitou Jesus na sua vida, então para o Papa Francisco, nada 
tem demais, hoje e no passado a pessoa ser homossexual e aceitar a Jesus na 
vida e tiver uma boa vontade, procurando Jesus para sua vida. Diz ele que será 
irmão do próximo, tanto quanto àquele que não aderiu na sua vida a 
homossexualidade, o importante é sempre buscar a Jesus e a Deus em suas 
vidas e serem integradas sempre a sociedade. Fundamentando-se na história e 
embasando-se na evolução da humanidade, respeitando a decisão sexual de 
cada pessoa sem esquecer de que essas pessoas não podem viver sem Jesus 
em suas vidas, independentemente da sexualidade escolhida para viver entre 
seus irmãos perante Deus. 
A grande problemática, segundo o Papa Francisco, é a pressão feita 
por pessoas de diversas organizações como as pessoas políticas, pessoas 
gananciosas, ativistas e outras tantas que fazem os lobbies diversos contra a 
homossexualidade e acabam por obscurecer a real visão da Igreja Católica 
sobre os gays. 
 
 
 
 
 
 
Fontes bibliográficas: 
REALE, Miguel – Teoria Tridimensional do Direito, 5ª Ed. – Editora Saraiva, 
São Paulo, 2003. 
LACERDA NETO. A. V. de. Consulta pessoal em 19 de setembro de 2013. 
BERENICE DIAS, Maria, União Homoafetiva: O Preconceito & a Justiça, 5° Ed. 
– Editora Revistas dos Tribunais, São Paulo, 2011. 
STRECK, Lênio L., A Conversão da União Estável em Casamento in 
http://www. conjur.com.br/2011-jul-06/uniao-homoafetiva-direito-conversao-
uniao-estavel-casamento#autores, Curitiba, 2013. Acesso em 19 de setembro 
2013. 
Jornal Nacional – Papa Francisco fala sobre gays e ganha manchetes pelo 
mundo in http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/07/papa-francisco-
fala-sobre-gays-e-ganha-manchetes-pelo-mundo.html, Curitiba, 2013. 
Acessado em 1° de novembro de 2013.

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