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TRANSTORNO DA ANSIEDADE GENERALIZADA CORDIOLI

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA 
► CAROLINA BENEDETTO GALLOIS 
► LUCIANA LOPES MOREIRA 
► HELENA DIAS DE CASTRO BINS 
► YGOR ARZENO FERRÃO 
O TAG é caracterizado por ansiedade e preocupações excessivas relacionadas a diversos 
eventos, circunstâncias e/ou situações da vida diária. A ansiedade não é facilmente controlada, 
causando sofrimento, prejuízos ou incapacitações importantes na vida do indivíduo. O excesso 
de preocupação pode ser acompanhando por inquietude, dificuldades de concentração, lapsos 
de memória (“brancos”), alterações no sono, fadiga, irritabilidade e tensão muscular, além de 
outros sintomas somáticos.1 
O curso do transtorno pode ser crônico ou intermitente, apresentando uma prevalência 
durante a vida em torno de 5,7%, segundo estudos norte-americanos,2 e variando de 0,1 a 
6,9%, em estudos europeus.3 A média de idade do início dos sintomas é de 31 anos, e a doença 
tende a ser 2 vezes mais prevalente em mulheres do que em homens.3Os critérios do DSM-5 
incluem, ainda, um período mínimo de 6 meses para o diagnóstico, além da ocorrência em 
diferentes contextos da vida do indivíduo. 
As causas do TAG vêm sendo estudadas e parecem relacionar-se tanto a eventos de vida 
traumáticos como a alterações neurobiológicas e genéticas.4 Estudos com gêmeos apontam 
uma herdabilidade moderada, de fraca intensidade, se comparada aos demais transtornos de 
ansiedade.5 Estudos genéticos sugerem que o TDM e o TAG apresentam bases genéticas 
comuns.1 As alterações neurobiológicas do TAG estão relacionadas a disfunções em 
neurotransmissores, como GABA, serotonina e noradrenalina.4 Postula-se que disfunções na 
amígdala e no córtex cingulado anterior tenham papel primário nesse transtorno. Estudos 
escassos de neuroimagem mostram que a intensidade de ativação da amígdala, do córtex pré-
frontal medial e do córtex cingulado anterior está associada com a gravidade dos sintomas e 
com possível resposta a determinados fármacos, como a venlafaxina. 
A principal comorbidade psiquiátrica associada ao TAG é a depressão, ocorrendo em 3 de cada 
5 pacientes afetados pelo transtorno.1 A associação com transtornos da personalidade reduz a 
resposta ao tratamento. Sempre que associado a alguma comorbidade, o transtorno tende a 
ter pior prognóstico e a causar maior prejuízo na vida do indivíduo.1 
Nos serviços de atendimento primário, 45% dos casos de TAG não são diagnosticados 
corretamente.4 Muitas queixas dos pacientes costumam ser confundidas com quadros de 
doenças físicas, levando, com frequência, a exames e gastos desnecessários. Algumas 
patologias clínicas precisam ser avaliadas antes do diagnóstico de TAG, como, por exemplo, o 
hipertireoidismo. Outras doenças relacionadas ao estresse, como cefaleias, fibromialgia ou 
síndrome do intestino irritável, costumam acompanhar o diagnóstico do transtorno. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA 
Os tratamentos disponíveis para TAG incluem fármacos e psicoterapias. Considera-se como 
tratamento de primeira linha ISRSs, IRSNs, pregabalina e TCC.4 Embora avanços tenham sido 
realizados nos últimos anos para o tratamento do TAG, cerca de 50% dos pacientes com essa 
patologia têm pobre resposta aos tratamentos de primeira linha, de modo que diferentes 
medicações têm sido estudadas para seu tratamento. Outros medicamentos utilizados incluem 
BZDs, ADTs, outros antidepressivos (agomelatina, bupropiona, IMAOs), anticonvulsivantes, 
buspirona, hidroxizina, riluzol e APs (Fig. 1).4 
FIGURA 1 ► ALGORITMO PARA TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 
GENERALIZADA 
 
A escolha do fármaco deve ser individualizada, levando-se em consideração as características 
do paciente, como preferência, comorbidades, custo, acessibilidade, efeitos colaterais e uso 
prévio com boa resposta e tolerância (pelo paciente ou familiares). Se não há início de 
resposta em até 4 a 6 semanas, é improvável que o medicamento vá ser eficaz. Assim, deve-se 
trocar por outro agente de primeira linha, por um de segunda linha ou associar medicamentos, 
apesar de existirem poucas evidências para embasar tais recomendações. Não há consenso 
sobre a duração do tratamento, mas estima-se que se deva continuar a medicação por pelo 
menos 12 meses após a estabilização dos sintomas, visto que a chance de recaída é bastante 
alta.6 Existem poucos estudos comparando tratamentos isolados com fármacos ou 
psicoterapia com o tratamento combinado. No entanto, como as duas formas de tratamento 
são comprovadamente eficazes, parece razoável a recomendação de associá-los sempre que 
possível.4 
O curso do TAG costuma flutuar entre sindrômico e subsindrômico, atingindo taxas de 
remissão total muito baixas ao longo da vida. A obtenção da remissão total reduz o risco de 
recaídas, devendo ser esse, portanto, o objetivo do tratamento. Um estudo de follow-up de 5 
anos com 167 pacientes com TAG7 mostrou taxas de recaída de 27% nos pacientes que haviam 
atingido remissão total dos sintomas contra 39% dos que haviam obtido remissão parcial. 
Problemas psicossociais, como dificuldades nas relações familiares/sociais, podem dificultar a 
obtenção da remissão total.7 O acréscimo de medidas socioambientais e psicoterápicas ao 
tratamento medicamentoso pode melhorar a taxa de resposta. A avaliação da resposta ao 
tratamento na maioria dos estudos é feita por meio da HAM-A, que avalia os sintomas 
somáticos e psíquicos da ansiedade. A remissão é geralmente definida como escore na HAM-A 
menor ou igual a 7.8 
PSICOFÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE 
GENERALIZADA 
PRIMEIRA LINHA 
► INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) Os ISRSs são considerados 
como de primeira linha para o tratamento do TAG com base em ECRs controlados por placebo 
e em guidelines internacionais.4,9 Os estudos demonstram eficácia especialmente de escitalo-
pram, paroxetina e sertralina.4 São fármacos de preferência para pacientes que apresentam 
comorbidade com depressão, pânico e fobia social. Eles também foram descritos como mais 
eficazes no tratamento de sintomas psíquicos do TAG (tensão, apreensão, preocupação) 
quando comparados aos BZDs, que são mais eficazes nos sintomas autonômicos e somáticos 
do transtorno.10 
• Paroxetina: Considerada eficaz para os tratamentos agudo e de longo prazo e para a 
prevenção de recaídas, segundo ensaios clínicos,1 em doses de 20 a 60 mg/dia. É aprovada, 
nos EUA, para TAG. Tanto a paroxetina quanto a imipramina mostraram eficácia 
(principalmente nos sintomas psíquicos da ansiedade) em um estudo controlado com 
clorodesmetildiazepam.7,10 
• Escitalopram: Considerado eficaz para os tratamentos agudo e de longo prazo e para a 
prevenção de recaídas, segundo ensaios clínicos,1 em doses de 10 a 20 mg. Apresenta boa taxa 
de tolerabilidade11 e é aprovado, nos EUA, para TAG.7 
Uma revisão apontou o escitalopram como mais efetivo que o placebo e pelo menos tão eficaz 
quanto à paroxetina em reduzir os sintomas de ansiedade segundo a HAM-A. Além disso, foi 
superior ao placebo na melhora de sintomas de ansiedade, disfunção e qualidade de vida em 
três trials de 8 semanas, em dose de 10 a 20 mg. Em um grande estudo controlado por 
placebo, 10 mg de escitalopram foram superiores a 20 mg de paroxetina, além de ter sido 
superior também ao placebo. O uso prolongado de escitalopram por 74 semanas foi superior 
ao placebo em termos de prevenção de recaída. 
• Sertralina: Considerada eficaz para os tratamentos agudo e em longo prazo e prevenção de 
recaídas. As doses sugeridas variam entre 50 e 200 mg/dia,12,13 sendo considerado o fármaco 
de melhor tolerabilidade entre diversos tratamentos para TAG em uma revisão 
sistemática.9 Mostrou-se superior ao placebo em estudos duplos-cegos controlados com 
duração de 10 e 12 semanas.7 
• Fluoxetina: Os dados a respeito do uso da fluoxetina no TAG são bastantecontroversos. 
Alguns autores não a citam como tratamento com boa eficácia para o transtorno,8porém, foi 
considerada como bastante eficaz em termos de resposta (melhora de 50% ou mais na HAM-
A) e remissão (HAM-A menor ou igual a 7) em uma revisão sistemática que comparou diversas 
substâncias no tratamento do TAG.9 A fluoxetina parece ter uma pior resposta em mulheres 
quando comparadas aos homens, especialmente naquelas com início tardio do transtorno. 
• Citalopram: Estudos iniciais apontaram resultados positivos com doses de 10 a 60 mg. Um 
estudo com 100 pacientes com diagnóstico de TAG comparou o uso de venlafaxina 150 mg 
com citalopram 20 mg, tendo concluído, ao fim de 12 semanas, que a venlafaxina teve maior 
redução de sintomas na HAM-A.14 Como poucos estudos foram realizados com citalopram no 
TAG, ele não costuma ser recomendado como primeira escolha no transtorno. 
• Fluvoxamina: Não há, até o momento, evidências que sustentem seu uso no TAG. 
► INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NORADRENALINA (IRSN) Cerca de 40% 
dos psiquiatras prescreve IRSNs como medicamentos de primeira escolha para o TAG, e 41%, 
como segunda escolha.15 O tempo médio de tratamento recomendado com os IRSNs para o 
TAG é de 12 meses após a estabilização dos sintomas.16 
• Venlafaxina; Ambas as formas de apresentação (liberação imediata e prolongada) mostram 
eficácia, com taxas de remissão variando de 28 a 62,5% para doses de 37,5 a 225 mg por dia. O 
período mínimo recomendado de uso é de 6 meses, com taxas de recaída variando de 10 (após 
6 meses sem uso) a 33% (após 12 meses sem uso). Em caso de recaída, há evidências de que o 
paciente voltará a melhorar caso torne a usar o mesmo medicamento. 
• Duloxetina: Aprovada pela FDA para uso no TAG desde 2007. Em estudos duplos-cegos, 
controlados por placebo, a duloxetina, em doses de 60 a 120 mg/dia, em um período de 9 a 10 
semanas, foi mais eficaz que o placebo para controle da ansiedade, inclusive em pacientes com 
mais de 65 anos de idade.17 A magnitude de melhora foi semelhante à da venlafaxina de 
liberação prolongada. Em 52 semanas de avaliação, a duloxetina foi eficaz em prevenir ou 
atrasar recaída do TAG.17 Náusea foi o único efeito colateral que proporcionou descontinuação 
do tratamento com a duloxetina quando comparada ao placebo, mas não diferiu 
significativamente da venlafaxina.17 Pacientes com sintomas dolorosos na vigência de TAG 
parecem se beneficiar especialmente com o uso de duloxetina. 
• Desvenlafaxina: Não há, até o momento, estudos sobre o uso da desvenlafaxina para 
tratamento do TAG. No entanto, como se trata de uma molécula semelhante à venlafaxina e 
alguns trabalhos mostram que os sintomas de ansiedade em pacientes deprimidos 
melhoraram com o uso de venlafaxina, especula-se que possa ter a mesma eficácia dos IRSNs. 
• Milnaciprano: Não há, até o momento, estudos sobre o milnaciprano para tratamento do 
TAG, nem menção de melhora de sintomas ansiosos com seu uso. 
► PREGABALINA Resultados de ECRs e metanálises indicam que a pregabalina é eficaz tanto 
no tratamento agudo quanto na prevenção de recaídas no TAG. O tamanho de efeito da 
pregabalina parece ser superior ao dos antidepressivos (TE = 0,50).18 Uma revisão organizou 
um algoritmo baseado em evidências da literatura sobre eficácia, tolerabilidade e custos dos 
tratamentos para TAG e colocou a pregabalina como primeira escolha, seguida da venlafaxina 
e dos ISRSs.19 Seu efeito ansiolítico começa rapidamente, já no quarto dia, para os sintomas 
tanto físicos quanto psíquicos do TAG, e as doses utilizadas variam de 150 a 600 mg. O 
tratamento deve ser mantido por, pelo menos, 12 meses após estabilização dos 
sintomas.6 Além disso, é mais eficaz e traz menor custo que o uso de BZDs associados aos ISRSs 
ou IRSNs. É aprovada para TAG na Europa.7 
 
 
 
SEGUNDA LINHA 
► ANSIOLÍTICOS 
• Benzodiazepínicos: Alprazolam, lorazepam e diazepam têm eficácia comprovada no 
tratamento do TAG,4 início de ação rápido e são relativamente seguros. No entanto, o 
potencial de sedação e sua capacidade de gerar tolerância, dependência e sintomas de 
retirada limitam o uso em longo prazo. Recomenda-se que os BZDs sejam utilizados apenas no 
início do tratamento, por curtos períodos, geralmente associados a um antidepressivo, 
enquanto o efeito deste ainda não é consistente. Não é recomendado a pacientes que tenham 
história de TUSs.7 
• Azapironas: Uma metanálise encontrou 36 estudos com buspirona em TAG, abrangendo 
cerca de 6 mil pacientes. As azapironas, incluindo a buspirona, foram superiores ao placebo no 
tratamento do transtorno. O NNT foi de 4,4 (IC 95%, variando de 2,16 a 15,4). Esse mesmo 
estudo concluiu que as azapironas podem ser menos eficazes que os BZDs, os antidepressivos 
e a psicoterapia. Os efeitos colaterais são leves e bem tolerados. Não se recomenda como 
alternativa de primeira linha no tratamento do TAG. 
► ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS 
• Imipramina: Estudos controlados apoiam o uso da imipramina e dos ADTs para o tratamento 
do TAG, pois reduzem substancialmente os sintomas de ansiedade. Especialmente no início do 
tratamento, os ADTs podem causar efeitos adversos, como aumento da ansiedade, efeitos 
anticolinérgicos, sedação ou ganho de peso, de maneira que não são considerados como 
primeira linha de tratamento. A latência para o início do efeito do tratamento é de cerca 2 a 6 
semanas.4 
A imipramina apresentou a melhor resposta ansiolítica quando comparada ao diazepam, 
principalmente nos sintomas psíquicos de tensão, apreensão e preocupação. A redução dos 
sintomas foi reportada por 73% dos pacientes tratados com imipramina, 69% com trazodona, 
66% com diazepam e 47% com placebo.20 Em outro estudo, o alprazolam foi muito mais 
efetivo em reduzir os sintomas somáticos, enquanto a imipramina melhorou as características 
psíquicas da ansiedade e da depressão, como hostilidade, sensibilidade interpessoal e 
paranoia.21 
• Nortriptilina: Em relação à nortriptilina, achados sugerem que essa substância possa tratar a 
depressão comórbida com TAG. 
• Opipramol: O opipramol é um composto tricíclico, mas não apresenta a propriedade de 
recaptação como os demais ADTs. Tem grande potencial de bloqueio D2, 5-HT2 e H1e grande 
afinidade aos receptores sigma. Estudos controlados comparando opipramol, alprazolam e 
placebo mostraram eficácia superior dos 2 compostos ativos, de modo que houve melhora 
global em 63% dos pacientes que utilizaram opipramol, 64% dos que utilizaram alprazolam e 
47% dos que utilizaram placebo. Esses dados foram corroborados por outros estudos com bom 
delineamento.4 
 
 
► OUTROS ANTIDEPRESSIVOS 
• Agomelatina: Um ECR duplo-cego com agomelatina mostrou superioridade sobre o placebo 
em doses de 25 a 50 mg/dia em 12 semanas.22 Contudo, mais estudos são necessários para 
sugerir a agomelatina como primeira linha no tratamento do TAG. 
• Mirtazapina: Um estudo aberto com dose fixa de 30 mg/dia por 12 semanas encontrou 
redução de 50% no escore da HAM-A em 79,5% dos pacientes e remissão dos sintomas de TAG 
em 36,4%. Por não ser controlado por placebo e ter tamanho amostral pequeno, deve-se 
considerar tais resultados com cautela, havendo necessidade de mais estudos para confirmar e 
embasar seu uso como primeira linha.23 
• Bupropiona: A bupropiona teve eficácia comparada à do escitalopram em um ECR duplo-
cego de 12 semanas, com doses entre 150 e 300 mg/dia na apresentação XL. Contudo, o 
tamanho amostral pequeno e a falta de mais estudos não apoiam o uso da bupropiona XL 
como tratamento de primeira linha para o TAG.24 
• IMAOs: Não foram encontradas evidências de eficácia dos IMAOs em pacientes com TAG. 
► ANTIPSICÓTICOS 
• Quetiapina: Entre os APs, a quetiapina parece ter o efeito mais robusto de eficácia no 
TAG.25 Essa substância, entretanto, ainda não foi aprovada para o tratamentodo transtorno e 
pode somente ser considerada para uso em pacientes em que os tratamentos-padrão 
mostraram-se ineficazes ou não tolerados. No TAG, é utilizada em doses muitos menores do 
que para o tratamento da esquizofrenia. Estudos mostram que a quetiapina XR (50-300 
mg/dia), em monoterapia, é efetiva em melhorar os sintomas de ansiedade em pacientes 
idosos já na primeira semana de tratamento. Sua eficácia foi comparável ao uso de 
escitalopram 10 mg na oitava semana de tratamento.26 Seu uso em monoterapia também 
reduziu o risco da recorrência dos sintomas de ansiedade nos pacientes com TAG 
estabilizados.27 Nas doses de 150 mg/dia (tratamento agudo) e 50 a 300 mg/dia (tratamento 
de manutenção), trouxe melhora para a qualidade de vida, o funcionamento global e a 
qualidade do sono nos pacientes com TAG.28 
Outros estudos sugerem que a quetiapina em baixas doses, somada à terapia tradicional, pode 
ser útil no tratamento do TAG resistente, levando a taxas de remissão de 72%.29 Apesar de 
animadores, esses dados devem ser considerados com cautela, pois ainda são inconsistentes. 
O efeito hipnótico da quetiapina pode ser particularmente útil para os pacientes com TAG e 
insônia. Apesar do rápido início de ação em relação aos antidepressivos, isso não parece 
justificar o uso da quetiapina como primeira opção, devido ao grande potencial de ocorrência 
de efeitos adversos. 
• Risperidona: Os dados são controversos em relação ao tratamento adjuvante com 
risperidona no TAG. Em um estudo, o uso da risperidona associada a antidepressivo e/ou BZD 
resultou em significativa redução dos sintomas de ansiedade em pacientes com TAG que não 
estavam respondendo após 4 semanas de tratamento-padrão.30 Outro estudo não mostrou 
efeito ansiolítico com o uso em monoterapia em pacientes bipolares com TP ou TAG 
comórbidos.31 
• Olanzapina: A olanzapina mostrou ter efeito na redução dos sintomas do TAG A associação 
de olanzapina com fluoxetina parece aumentar a taxa de resposta de pacientes que 
permanecem sintomáticos com o uso de fluoxetina isolada. Assim como ocorre com a 
quetiapina, a ocorrência frequente de efeitos adversos importantes limita seu uso. 
• Outros antipsicóticos: Estudos que avaliaram o uso de outros APs para o tratamento do TAG 
mostraram que baixas doses de trifluoperazina (2-6 mg) foram superiores ao placebo em 
reduzir os escores de ansiedade. Apesar de haver relato de benefício da ziprasidona como 
adjuvante no tratamento do TAG, um estudo comparativo entre ziprasidona (20-80 mg/dia) e 
placebo não encontrou diferença significativa entre os dois grupos na redução de escore nas 
escalas de ansiedade.32 
É válido ressaltar que o uso de APAs pode ser útil em pacientes com TAG comórbido com TUSs 
ou TB. Os pacientes em uso de APAs devem ter monitorados o peso, a circunferência 
abdominal, a PA, a glicose e o perfil lipídico. 
► OUTROS FÁRMACOS 
• Hidroxizina: Uma metanálise encontrou 39 estudos com hidroxizina, mas incluiu apenas 3 
nas análises, totalizando 884 pacientes com TAG. Parece ser mais eficaz que o placebo (OR = 
0,30, com IC 95%, de 0,15 a 0,58). Quando comparada a BZDs e buspirona, a hidroxizina 
mostra eficácia e tolerabilidade semelhantes. Seus principais efeitos colaterais foram 
sonolência e tontura. Entretanto, não é recomendada como alternativa de primeira linha no 
tratamento do TAG. 
• Tiagabina: Mostrou eficácia semelhante à da paroxetina no tratamento do TAG em um 
estudo aberto, com doses variando de 4 a 16 mg/dia (divididas em 2 tomadas diárias), mas o 
tamanho amostral pequeno e a falta de grupo-controle não permitem que seja sugerida como 
tratamento de primeira linha no TAG. 
• Gabapentina: Relatos de caso com pacientes com TAG indicaram possível efeito ansiolítico 
da gabapentina em doses muito variadas em pacientes refratários ou intolerantes aos 
tratamentos ansiolíticos estabelecidos. No entanto, estudos posteriores falharam em replicar 
tais achados.10 
• Ácido valproico/valproato: Um estudo duplo-cego encontrou diferença significativa na 
resposta do valproato em relação ao placebo.33 É considerado, por alguns autores, como nova 
possibilidade de abordagem farmacológica para o TAG, mas com dados ainda muito 
preliminares, que precisam ser confirmados em estudos futuros.25 
• Riluzol: Existem algumas evidências iniciais de eficácia do riluzol na remissão de sintomas do 
TAG. Estudos maiores e com melhor delineamento são necessários para confirmar esse efeito. 
• Fitofármacos: Cerca de 70% dos fitofármacos ditos ansiolíticos, quando devidamente 
testados, mostraram pouco ou nenhum efeito inibitório da atividade GABAérgico. Extratos 
de Centella asiatica (gotu kola) ou Valeriana officinalis (valeriana) aumentaram a gravidade do 
TAG em doses de 1 mg/mL, enquanto a Matricaria recutita (camomila alemã) e o Humulus 
lupulus mostraram alguma eficácia no TAG em doses de 0,11 a 0,65 mg/mL.34 Um estudo 
comparou o tamanho de efeito de vários tratamentos para TAG e encontrou que tratamentos 
alternativos (incluindo kawa-kawa e homeopatia) tiveram os piores resultados. 
 
ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOS 
A associação de medicamentos deve ser reservada a situações de TAG refratário aos 
tratamentos convencionais ou a situações de comorbidades com outros transtornos psiquiá-
tricos. Apesar de anticonvulsivantes e APs serem alternativas interessantes e bastante 
utilizadas na prática clínica para tal, mais estudos bem delineados são necessários para 
corroborar a indicação desses fármacos no tratamento do TAG refratário. A evidência mais 
robusta de associação é com a pregabalina, em doses de 150 a 600 mg/dia, quando associada 
a ISRSs ou IRSNs em respondedores parciais, mostrando eficácia maior que o placebo como 
potencializador (47,5 vs. 35,2%).35 Estudos também apontam dados sobre benefícios com o 
acréscimo de risperidona, olanzapina, quetiapina e ziprasidona ao tratamento convenciona. No 
entanto, os estudos avaliados não são bem delineados e têm tamanho amostral pouco 
representativo para que os resultados possam ser generalizados. Deve-se atentar para o fato 
de que pacientes com TAG são menos tolerantes aos efeitos adversos dos APs que pacientes 
com TB ou com TDM. 
TRATAMENTOS NÃO FARMACOLÓGICOS DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA 
Existe enorme variedade de estudos sobre tratamentos não farmacológicos para o TAG. Entre 
eles, destacam-se os estudos utilizando TCC, que colocam essa modalidade de terapia como 
primeira linha para o tratamento do transtorno.4 Além disso, existem algumas evidências 
iniciais a respeito de benefícios com a redução da ingestão diária de cafeína, álcool e nicotina, 
com a prática de meditação (mindfulness), com relaxamento, com exercícios físicos e 
respiratórios (ioga e tai-chi) e com acupuntura. Há também evidências iniciais de efeito com a 
EMTr e a VNS. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O TAG é um transtorno bastante prevalente, porém ainda pouco estudado. Mais estudos com 
bom delineamento e grande tamanho amostral são necessários para que se possa determinar 
com precisão tratamentos farmacológicos e não farmacológicos eficazes. Além de o TAG já 
gerar por si só importante grau de prejuízo ao paciente, ele também pode ser considerado um 
fator de risco para o aparecimento de outros transtornos psiquiátricos, como depressão ou 
TUSs, como álcool ou BZDs,1 o que reforça a importância de um tratamento adequado e 
focado na remissão total dos sintomas. 
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