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22/02/2016 1 P A R A S I T O L O G I A C L Í N I C A - P R O F . V A N E S S A C O U T O Estudo das Helmintíases intestinais: Himenolepíase (Hymenolepis nana); Estrongiloidíase (Strongyloides stercoralis) e Ancilostomose (Ancilostomídeos). ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO FACULDADES INTEGRADAS DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA Hymenolepis nana Conhecido como “tênia anã”; Vermes de tamanho pequeno ou médio, tendo no escólex um rostro retrátil provido de 1 fileira de acúleos; O tamanho dos vermes varia de acordo com o nº de vermes albergados; Crescimento e produção de proglotes são influenciados pela dieta do hospedeiro. Exemplar adulto de Hymenolepis nana 22/02/2016 2 Hymenolepis nana – O parasito O escólex é dotado de acúleos em círculo único em torno do rostro. As proglotes são muito mais largas que longas. Ovário Glândula vitelina Testículo Canal deferente Bolsa do cirro Poro genital Vagina Receptáculo seminal Escólex Ovo Oncosfera típica, com 3 pares de acúleos envolvida por duas cascas refringentes. Proglote Hymenolepis nana – Ciclo vital Reinfecção externa Reinfecção interna Ovos liberados nas fezes O ato de coçar a região perianal e levar as mãos à boca. Ovos ingeridos eclodem no intestino. Ao fim de 4 dias transforma-se em cisticercóide. Após 10-12 dias, migra para o íleo e escólex evaginado fixa-se à parede intestinal. Em seu habitat definitivo, cresce e começa a produzir proglotes. Proglotes grávidas liberam ovos nas fezes. 22/02/2016 3 Diagnóstico, tratamento e controle Encontro de ovos nas fezes (sedimentação espontânea); Praziquantel e Niclosamida; Alto nível de asseio do domicílio e da higiene individual; Impedir a contaminação fecal das mãos, alimentos e água (“doença das mãos sujas”). Prevalência maior na zona urbana. O S P A R A S I T O S : S t r o n g y l o i d e s s t e r c o r a l i s ; A N C I L O S T O M Í D E O S : A n c y l o s t o m a d u o d e n a l e ; N e c a t o r a m e r i c a n u s C I C L O S D E V I D A L A R V A M I G R A N S C U T Â N E A Estrongiloidíase e Ancilostomose 22/02/2016 4 Strongyloides stercoralis Pequenos nematóides capazes de viver no solo e na parede intestinal (habitat); Fêmeas parasitas (partenogenéticas) produzem machos e fêmeas de vida livre; Ovos originam novas gerações de larvas; Larvas que saem dos ovos: rabditóides (sofrem ecdise); Evolução para larvas infectantes (filarióides) de vida livre; Verme adulto após realizar ciclo pulmonar e chegar ao intestino. Fases evolutivas do S. stercoralis. A. Fêmea de vida livre; B. Macho; C. Ovo; D. Larva rabditóide; E. Larva filarióide (infectante); F. Fêmea parasita. Strongyloides stercoralis - Ciclo de vida Fezes contaminadas com larvas Penetração das larvas pela pele 22/02/2016 5 Modos de Infecção no ser humano HETEROINFECÇÃO: penetração de larvas pela pele. VIA DIGESTIVA: ingestão de larvas. VIA SEXUAL: Homossexuais masculinos. AUTO-INFECÇÃO EXTERNA: penetração de larvas pela mucosa anal. AUTO-INFECÇÃO INTERNA: luz intestinal Imunossupressão e forma disseminada. Larvas de Strongyloides stercoralis no Exame Parasitológico de fezes 22/02/2016 6 ANCILOSTOMÍDEOS • São pequenos vermes da classe Nematoda e parasitos de mamíferos. • Duas espécies parasitam freqüentemente o homem, o Ancylostoma duodenale e Necator americanus e são responsáveis por uma doença tipicamente anemiante: a ancilostomose. • Os vermes adultos vivem na luz do intestino delgado fixados à mucosa, da qual sugam sangue. • Põem ovos que embrionam no solo, onde as larvas eclodem e vivem durante alguns dias, nutrindo-se de matéria orgânica. • Após 2 mudas (ecdises) essas larvas agora infectantes (L3) podem penetrar através da pele de pessoas descalças. • No caso de A. duodenale a infecção também pode dar-se por via oral. Ancylostoma duodenale. A, macho; B, fêmea; a) cápsula bucal; b) glândula cefálica; c) o testículo; d) vesícula seminal; e) canal ejaculador; f) espículos; g) a bolsa copuladora do macho; h) faringe; i) útero; j) ovário; k) intestino; l) reto e ânus. C, ovos. Ancilostomídeos A. caninum A. duodenale Necator americanus Na ancilostomíase, as relações parasito- hospedeiro têm lugar através da fixação do helminto à mucosa intestinal que é aspirada e dilacerada, pelas placas cortantes de Necator ou pelos dentes e lancetas dos Ancylostoma caninum e A. duodenale. 22/02/2016 7 As espécies parasitas Diferenças morfológicas permitem identificar as espécies, tais como: a cápsula bucal e a bolsa copuladora dos machos. Ancylostoma duodenale (A): 2 pares de dentes na cápsula bucal; Necator (B): lâminas cortantes na cápsula bucal; A. brasiliensis (C): 1 par de dentes bem desenvolvidos e 1 pequeno na base de cada dente situado medialmente; A. caninum (D): 3 pares de dentes. D A B C Fêmea: extremidade copuladora retilínea (A) Bolsa copuladora de Ancylostoma duodenale (B) Bolsa copuladora de Necator (C) As espécies parasitas B A bolsa copuladora é uma expansão da extremidade posterior de machos sustentada por raios carnosos que são agrupados de diferentes modos para cada espécie, permitindo identificá-las. A C 22/02/2016 8 Ancilostomídeos – Ovos e larvas O sistema reprodutor destes helmintos é de tipo tubular e bastante simples, havendo dois ovários e um só testículo. Os machos têm como anexos, dois espículos finos e longos e a bolsa copuladora com que se fixam às fêmeas durante a cópula. Estas depois de fecundadas, põem ovos de casca fina que logo iniciam a segmentação. Necator põe 6 a 11 mil ovos por dia, medindo entre 64 e 76 µm, ao passo que Ancylostoma duodenale põe 20 a 30 mil ovos por dia com dimensões entre 56 e 60 µm. O embrionamento larvário completa-se no meio exterior em cerca de 18 horas e a eclosão dá-se em um ou dois dias, saindo uma larva rabditóide. Ovos de ancilostomídeos em duas fase de embrionamento (A e B) e com uma larva já formada no seu interior (C). A B C Ovo de Ancilostomídeo com larva rabditóide 22/02/2016 9 Evolução das larvas no ambiente Larva de 1º estádio (L1) – Rabditóide. Possui cerca de 1/3 do comprimento representado pelo esôfago. Alimenta-se de bactérias e matéria orgânica do solo e cresce de modo que em 3 dias tem lugar a 1ª muda. Larva de 2º estádio (L2) – Rabditóide. Cresce mais e seu esôfago alonga-se, passando a ser de tipo filarióide. Larva de 3º estádio (L3) – Filarióide (Infectante). Nesse 3º estádio, ela já não se alimenta, mas passa a consumir suas próprias reservas energéticas, que lhe permitem crescer e mover-se ativamente com um geotropismo negativo, mas hidro, termo e tigmotropismo (ou de contato) positivos. Larvas rabditóides L1 e L2 de Ancilostomídeos 22/02/2016 10 Ciclo de vida no Hospedeiro As larvas infectantes dos ancilostomídeos (L3), que entram pela pele, vão através da circulação venosa ou linfática ao coração e depois aos pulmões. Depois, penetram nos alvéolos e bronquíolos, sendo arrastadas pela corrente de muco da árvore respiratória até a faringe que é o fim do ciclo pulmonar (Síndrome de Loeffler). São entãodeglutidas, indo para o intestino. No intestino passam a vermes adultos, localizando-se de preferência no jejuno e no íleo, fixando-se à mucosa através de sua cápsula bucal. Larvas que casualmente penetrem pela boca, com água ou alimentos, não fazem o ciclo pulmonar. É no período de parasitismo intestinal quando se observam quase todas as manifestações da doença. As lesões que os helmintos produzem na parede intestinal resultam da aplicação de sua cápsula bucal contra a mucosa, dilaceração e sucção do sangue e do tecido lisado, que lhes servem de alimento. Para isso utilizam seus dentes ou placas cortantes e a secreção de suas glândulas cefálicas. Ancilostomose – A doença 22/02/2016 11 Ancilostomose – Fases aguda e crônica Fase Crônica O quadro clínico mais típico é a anemia e suas consequências: palidez, cansaço fácil, desânimo, tonturas, dores musculares, sobretudo nas pernas ao caminhar, cefaléia, etc. Durante o processo de migração das larvas Dias depois aparecem as manifestações pulmonares, em geral discretas, com tosse seca ou expectoração (Síndrome de Loeffler). Fase Aguda (Contato da larva com a pele) Minutos depois da penetração das larvas na pele, surgem prurido, eritema edematoso que duram alguns dias. Larva migrans cutânea As espécies que parasitam cães e gatos como A. braziliensis e A. caninum que não conseguem completar sua evolução na espécie humana, podem invadir a pele e nela permanecerem algum tempo. Aí abrem túneis na epiderme e produzem uma dermatite conhecida como larva migrans cutânea ou “bicho geográfico”. 22/02/2016 12 Diagnóstico para Ancilostomose Ovos costumam ser abundantes nas fezes, podendo ser empregados métodos como Exame direto a fresco; Métodos de concentração (exemplo: Hoffman, centrífugo- flutuação no sulfato de zinco); Estimar a carga parasitária: Método qualitativo- quantitativo de Kato-Katz. Ovo de ancilostomídeo em amostra fecal à microscopia óptica. Referências DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para Diagnósticos de Parasitoses Humanas. São Paulo: Ateneu, 2001. LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica – Texto & Atlas. 4ª ed. São Paulo: Premier, 1997. REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
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