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As Normas de intervenção minima da integridade física do trabalhador - Denis Hermida

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ria do Direito doTrabaiho reveJa que além d a q u e a l â o 
1, mola propuleore do coniralo de trabalho, desde as 
"as m a n i f e s t a ç õ e s dos trabaíbadores na defesa de seus 
a s c o n d i ç õ e s adequadas de trabalho sempre 
n n o roi óos pmbtemas mais importantes a resolver. 
efeito, a defesa do meio ambiente sadio sempre 
a kjta dos trabalhadoras e a açdo s i rx j fca! e, n i o 
MB, trata-se de tema qua ainda hoje exige toda atenção, 
inda n ã o foi equaclonadc seberatonsmente. 
dficamos que a s e g u r a n ç a dos trabalhadores, em boe 
Ckjs locais de trabalho e em determinadas atividades, nio 
quada, a l é m de não haver preocupação com a e d u c a ç ã o 
tpTBgadores e empregados para a p r e v e n ç ã o dos n s c o s a 
£tão expostos. 
al a i m p o r t â n c i a de um livro de qualidade que cuide d a s 
is referentes á integridade física do trabalhador, como 
:)ue n 0 8 traz o Professor e Mestra Denis D o m í n g u e s 
Pedro Pauto Teixeira Manus 
Ministro do Tribunal Superior do Trabalho 
,1 
r 
D E N t S O O W I N G U E S H E R M I D A 
AiMigaao. Uostn « m D>r»Ho ConaOtudonal pttê PUOSf. 
C j V W W l j s f a am Dtmto Oa Ewnomm a Oa EfnptBsê paia FGV/SP 
om Davto Tnbtíláno pato IB£T — InsâMo BfasJairj d& 
T J M M D S . Cüctaanadoi fíagional ao EMXM Sinana Oa Aàmaou. 
Pwtossof aa J r V v s r s j t f M Poimio — campua Saraao 
AS NORMAS DE PROTEÇÃO MÍNIMA DA 
INTEGRIDADE RSICA DO TRABALHADOR 
e a sua Proteção nos Direitos 
Individual e Coletivo do Trabalho 
( T i T f T Í T f T r w T f T i T r B 
E D I T O R A 
S A O P A L f L O 
D a d » i n t v n a e l o n a l i dv C a t a l D g i ç l a na Publ lcaçlo (CIP) 
(C tmara Braallslra do Livro. S P , Braall) 
Hamuda. [>«nla D o m k H F H 
As n o r m u d » pnMeçao nJnuna da MagddaiM 
n^cs da Trapatiada^ — e s eua protaçAo n u d r e H u 
mdMduai o cclelivo do Uãbelho < Dania [>jriiriguea 
Henrulfl, — Sflo PAÜIO : LTr, £007 
BlbliogrBTld 
I S B N 07â-a £ ' 3 e i - icec i^ 
1. D n i i D àytàaZ C * a * o do vabtPio 3. H e g n l M o 
cc^efiva do rrabavio i. Tiabaifíadoret — Saiide I. THulo. 
(J7-3e71 CPU-347 .121 . l3á ' .OT 
(ndlcaa para catálogo alaTamátlcD: 
1. EMaiD A t n e g o d a ^ C M M M da 
traboCio d M i D d o Irtfjtfw 
3 4 7 . 1 3 1 . 1 : 3 3 t « 
( C ó d . 343&8) 
G T o d o i » t d i r t i l a t m c r T a d a i 
E D I T O R A L T D A . 
K M Apa. '41 — CUP 6120^994 — Fwmã tllf Ítí*-i7U — Fmt (It) 3m-9im 
Sót r a a l A SF MrwMÍ www^j^mM 
Outubro, 2007 
Dedico este livro, 
que é produto da essôncia do meu ser. 
aAlaraNennque PJnro ea Manoel AJvti Pinio. 
e s p í f f í t j s de hs que iluminaram » 
sempre ffurtunarão os caminhos da minha vtda. 
exemplos de amor. de fé, 
de abnegado e de vida. 
< *^~A.-r-fj.J 
L -L - - -
.1 
- ^ 
,1" w-y. • '* • ii''--i .-
1 fifiJTOÍVl' 
' s V j O T ^ E * I • t i . . 
C A P Í T U L O 1 
O D I R E r r O À V I D A 
í.Conaidereçòea iniciais 
De o u ^ tofma n5o podena fncisr-f» osta obra s e n ã o c o í n o e s í u -
do do direito â vida O campo do astudo j u r í d i c o soore o dirorto â v x J a é 
por dornas amplo, havendo á necassidftdo de ò e h m iarmoa a m a t ô i l a de 
i n v e u l i y e ç ã o , f i u n d o o « tina que pretendemos perseguir. 
Nesse C a p í t u l o buscamos encontrar o que ô protegido peto ordma-
menlo j u r í d i c o sob a lorma de inviolatmidade do direrlo à vida" constante 
do caput do â j t . 5 * da C F / B B , para que, a pafík de e n t ã o , possamos 
apHcara p m l e ç ã o jurfdtoa à integridade ffsjca como i m â a ç ã o â atividade 
normativa via n e g o d a ç ã o coletiva de trabalho. 
2. O objetivo do Direito trente ao bem "vida " 
A g e r a ç ã o da vÉSa. c o m o é Ptivlo. é papel da natureza e l r a v é e de 
iormas que ffcc s ã o p r O p n a s e que p o ó e r n , sim. ser objeto tio inlorven-
ç ã o direta da atividade humana principalmente frMite ao atual grau da 
e v o l u ç ã o da tecnologia g e r é t i c a e ã s perspectivas de e v o l u ç ã o da 
mesma. 
O que queramos e&darecer aqui ê que o papel do Direito n ã o é 
gerar D tjem'Vida", o que lhe serie irnpoaalvel a t r a v é s de eua t u n ç é o d e 
regular deontotogicaiiienie o conpoilamer^o humano intersubjetivo, mas 
protegera Vida", proleger n ã o s ú a sue o w s t é r K i a rnirwna, mas t a m b é m 
garantir o seu desenvotvimerito de acordo com a ó b c a que a sociedade 
lhe imprimir. 
Assim, o nosso objeto de i n v e s t i g a ç ã o é a p r o t e ç ã o constitucional 
do bem Vide", na forma como é tutelada pela p r ó p r i a C o n s t i t u i ç ã o atra-
v é s , inclustve, de i i H J t a ç õ e s constiluctenaks que se inserem riease cem-
po rxmnaliva. 
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CorifOfTne evokJi a soaodade, conforme novoa valores e necessidades se 
agregam ao elemenio Vida", surgem novos direitos fundamentais, novas 
c o n c e p ç õ e s da Vida" s serem protegidas. Se nurn primeiro momento 
talava-se somente em vida conx) integridade tlaica, hoje, como veremos, 
o Direito trata de vida digna, vida social, vida privada, vida do ponto de 
vista g e o ó t k » etc. 
Essa i n f o T n a ç f l o sobre a origem doa direftog fundamentafa como 
a c e p ç õ e s do direilo a uida que devern ser tuteladas pelo direito feva-nos 
á c o n c l u s ã o de que a busca do conceito conalllucionai de vida deve advir 
de uma i n t e r a ç ã o entre os mais diversos direitos tundamemais. 
Se de um lado o prisma '^isico-biològico"'^^ é essencial para a exls-
t â n c i a da Vida" em sua compielude, de outro lado n ã o é real dizermos 
que h â r e l a ç S o de Identidade entre o concerto constriucionai de vida a o 
coricerto f t s k t o - t i i o l õ g l c o de Vida". 
C*Amokiçso do termo "vida" no Dketto ConetttuckMBi 
O c o n c ô t t o que remos hoje de VWa" na C o n s t i t u i ç ã o Federal do 
l í t e e é produto da e v o l u ç ã o da sociedade. nSo se leslnngindo ao coricei-
10 e n t ã o pensado pelo Poder Constituinte O r i g i n á r i o , mas se ampliando 
a cada dia. 
Pietro de J&&us tcva Alarcón^' a p ò n à a e x i s t ô n d a de 4 (quatro) 
a c e p ç õ e s de Vida" na C o n s i r t u i ç ã o de 180$, dividindo-as em ' a c e p ç õ e * 
l r a A i o n a i s ' e ' a c e p ç ã o iriovadora'. . 
O Autor apresenta como a c e p ç õ e s "i rar tckinals"™ aqueCas j á am-
plamente © s t u a a a a s peia doutrina e j d sertmentadaa no mundo j u r í d i c o , 
quais setam: 
a. a Integridade ffHlca do ser humano: 
b. o homem como sujeito livre e autodeterminado; 
C. o homem como sujeito social, b c - i í ^ , . 
{3} Artolamoa a eicprauAo " tnvna tiãco4Àiaótppa~ p v a d H l g n a r a c o n c ^ ç t e 
d a vida c o n » timçtta manutenção das ostniUtfU • u i a c i e r i E i i c u r rvrabâl leu 
humanas . 
(4) Patnmónki Genérico Humana e í u e çfoleçào na CorvaTuçdo FaOeraJ da J9Ò8 o. 
1 8 7 ? 19. 
(&J liJem, Ibklem, p. 190-314. ^ 
— 2 8 — 
E aponta ASaíCói\. corno a c e p ç ã o 'inovadora'"', a tutela da \^da 
humana a partir da ót ica g e n é t i c a . N â e podemos t a m b é m deixar de ob-
servar que a doutrina t a m b é m acrescenta entre as a c e p ç õ e s Inovadoras 
è tutela de vide. a l é m da tutela pela ó t i c a g e n é t i c a , t a m b é m a tutela 
frente ã c i b e r n é t i c a e à i n f o r m á t i c a , a l é m da p r o t e ç ã o em r a l a ç ã o á glo-
b a l j z a ç â o ^ . 
É venjadefro que todas essas a c e p ç õ e s de v U i n l o ougirom ao 
acaso, mas foram resultados de um Jongo processo h i B l õ r l a i e m que foi 
W dilatando o conceito de vWa e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , viu-se a necessi-
dade de uma p r o t e ç ã o mais ampEa pelo Direito. 
A p r o t e ç ã o da vida humana è dialética, se confuntindoasua e v o l u ç ã o 
c o r n a d o Direitoe, perficularinenie, com a e v o l u ç ã o do D í r s K o ConsTitu-
donaJ, o que se comprova examinando-se a p r e o c u p a ç ã o da p o s U i v a ç ã o 
constitucional, a partir da Magna Cana. p a s s a n c f ô pelas D e c l a r a ç õ e s da 
Drenos por C o n s t i t u i ç õ e s consideradas marcos na bj$l6da j u r í d i c a do 
mundo com a C o n s t i t u i ç ã o s o v i é t i c a e a C ò n s l i l u í ç ã o de 11'iavnar iamà-
a n d a com a D e d a r a ç â o Universal dos Direitos do Homem, com a prc4e-
ç i o do direito â vKja*"' Pode-se a t é dizer que o conjunto positivado de 
liberdades e garantias forma o desdobramento do direito a viver, seja 
direito a existir, direito a conviver, ou direito a vivar protegido dos impac-
tos e choques do convuislonado mundo contemporâneo^''. 
Francisco Padro Jucá. ú L s s e r t a n d o sobre os direitos tundameritals 
do trabalhadcx'. conceitua direllos tundamemais como iFt i conjunto de 
dkertos que. porsue natureza e papei desempenhado rxj contexto, ser-
vem de fundamento para a c o n s t r u ç ã o oo ser qualificado como humarto, 
ttto é. aqueles sem os q u a « n ã o se pode entender a c o n d i ç ã o humana 
desse seh^^^e acrescenta, a respeito da v a r i a ç ã o do c o n t e ú d o do direito 
á vida TKJ tempo, que: 
"... os valores, especial e deslacadamenie o Justo, sobrepairam, 
integram o universo fundamentalmente da o r g a n i z a ç ã o cultural da 
sociedade, pertinindo ao seu I m a g i n á r i o , ao seu caldo de curtuia 
como categoria ideai a, em r a z ã o disto, serve de r e í e r é n d a a mainz 
(O) Mim, JbUbm. p. 21S-240. ^ 
(TJROMTTA, Anor SayAo, O r M a ftjxMmgnttã nas lOaçúéa da W r f i o . p. 107-117. 
|S) ALAFICÒN. Pl9ro W JtSUt L m , Cp.OB' .p.35. 
|9) lüWii. 
(10) P B difsilos inütruuais lunoamenale do írabaShsàor fo NASCIMENTO. Amaim 
MuBcaro, (cjord.j. A rrsnsiçdo tio DimUo Oo Trabalho no Biotil. p J S * . 
— 29 — 
na tormuiflçtio das nonnas de c:onduta que s ã o o b r i g a t ó r i a s aos 
mambros daquela comunidade, oa medida em que estas normas 
buscam, com maior ou manor fideikiada. materializar, como repre-
M n É a g i O i e*to vator nas suas r e p e r c u s s õ e s e rebatirrienlos á s 
n e o a « i k b d a a de irida social / ^' 
TemrH. pob. o conceito de dirsilgs tundamemais como sendo o 
COr i fUiÉo de n o m m j u r i d k ^ que t ê m por otiieivo a p io^ 
vtda em todas as suas a c e p ç õ e s absorvidas pski Direito, contendo no 
MuarMecedenlo noimalivo a d e s c r i ç ã o abstrata de um compcrtamento, 
p b r t g a t ú r i o , proibido ou permitido, que realiza a p r o t e ç ã o do direito á v i d a . 
Passamos, agora, a analisar tal e v o l u ç ã o s e m â n t i c a da vida em 
30U t r o l a m â n i o j u r í f l c ú , wctaiecArido que a abrvdagom s e r á agueia sufi-
ciente á d e l i m r t a ç á o e c o m p r e e n s ã o da r n a t é r i a especifica ob|eto dessa 
i f e s e r t a ç ã o , n á o se pretendendo t raçar mmuoas ou m â e x õ e e aprofundadas 
a respefto da cada ama dos g e r a ç õ e s da diraitos tundamantais. 
5.1. A p r o t e ç ã o da Integridede flalce d o l e r h u m a n o 
Inidalmenla. cultueva-se a m a n u t a n ç A o da e i o s t ã n c i a humane, prcf-
b n d o - s e a M e m j p ç à o d o p r í K o s s o v T i a l . i s t o a . da v i d a b f o t o ^ ^ HGÊSB 
momento, a a c e p ç ã o jurirfica de vtda tem r e i a ç ã o de identidade como 
" e x i s t ê n c i a t w t l ò g i c a ' 
Como afirma MarcorVddf^GaCio o sagnlBcado de "integndede f ís i -
ca', que t a m b é m A danorrmada de 'direito à vida", 'ffireilo ã integnòacl f l 
corporaT e 'direilo à aaiide", retere-ae á comptetude ou perie ç ã o , ou 
soja. o qua n ã o eotrau r e d u ç ã o B a suscetJ vM de se manter integro ou de 
se desenvolver normalmenie, porque eott leso, logo. o bem da rmegrida-
de f í s i c a edefmiOo como lado de ser f í s i c o da pessoa, perceprvel medF 
ante os sentidos, estando esse bem na hierarquia dos bens rnaiseievfr 
dos, o bem da vldai^''. 
É de i n e q u í v o c a r e l e v â n c i a para o aer tiumano o direito â Jntegntia-
de f í s i c a , afTBvAe d o q u t f se prologe • i n c o à j m è d a d e do corpo e da mer^te. 
por meio da c o n e w B ç ã o da higxlez f i s k » e da kictdez mentai da pes-
soa, opondo-se a quaiquer ato que venha a c o m p r o m e t é - k a s e, assim, 
C ú n d e n a m - s s os atoa contra a intagndade tieica. refeitanrto-se. social e 
(11) UWn, OMêm. p 26C 
(13] S M H á r w F a . irarvplanre da óigãos a lÉrtíioa da penonaMOada. p. iee-lML 
— 30 — 
individualmente, l e s õ e s causadas £ nomiafidade funcionai do corpo hu-
mano, sob os ponios de vista a n a l ê m i c c . Eisiològico e psiguico^'^-
Aesim. eniendemoscomc integridade t í s i c a a m a n u t e n ç ã o da ana-
lomia (tomia a estrutura dos elementos que c o m p õ e m o oorpo i w i a -
no""). da Rsiotagia Uvocessos fiBco-qulmicos que ocorrem n a i c é l u l a s , 
tecidos. ò i g ã o a e M H M M i s e que s á o r e s p o r i £ á v e i s p e t e t u T K i o r w T ^ 
normal dos serea humanos ' )^ e da psique (astTutu'a rrierrtal ou pSK^Jica 
do » e r humano''^) humanoe, serido que a ofensa á jntegndada tisica 
humana recetM o nome de T e s ã o corporar, conceituada por Oefíon Cnxe 
e Detion Croce Júnior como "quakiuer dano ocasionado A n o r m a l i d B d e 
do corpo humano, quer do ponto de vista a n a t ô m i c o , quer do f i s i o l ó g i c o 
ou mefitaT^'^. 
Uuanto as frvmas de otiaiaa A integndade f íaica fuanana, a Macfcci-
na Legal utiliza o termo "ofensa â miegodade ffsica' pOA « danos de 
natureza a n a t ô m i c a e "ofensa á s a ú d e ' para danos t i i i o l ò g l c o a • men-
tais, c x > r T » d e s t o c a o c l á s s i c o r n a g i s l è r t o da M e < S o n a L ^ ^ 
JúnofôJ.B. de Ottveirg Costa Júr>ior 
'A d e n s a ã irrregnOade c o r p c v a í objativa-se pelo dano a n a t ô m i c o : 
• a o o r t a c ã o , squimose, ferida incisa, fenda l á c e r o - c o n i u s a . tenda 
p v i e i r a r á e . l u x a ç ã o . fralurB. c í c a i r t z , m u d a ç ã o , a m p u t a ç ã o , etc. 
Exista l e s ã o , ainde que ao dano a n a l A m í c o n ã o comasponda a ne-
rÊTum dano funcional, como pode suceder no caso de e s c o r i a ç õ e s 
Pu de equirnoses (...) A otensa á saúde se oxçti&ssa madianie per-
t u r b a ç õ e s tunctonaie: a H e r a ç O a a na sensibilidade gerai ou e s p e c í -
fica, na motricidade. naslunpOaeiMOMairvQS (digeslAo, r e s p f r B ç ã o , 
c i r c u l e ç ã o , e x c r e ç õ e s ) , atividade aexual, no pnquamo. As pertur-
b a ç õ e s f u n c i ú r i a i f i As vezes a l c a n ç a m Hensidada a d u r a ç ã o sufr-
ciefite para c a r a d a r ^ uma doença^ Exitis M k i mMmo q i A o 
dai3o turxxoiW r i â o acorrparihAr-se de a ã e r a ç ã o onaiOndoa | c ^ ^ 
ern p e r t u r b a ç õ e s mentais prcvlndas de Irauncts pafqulcos).^*' 
No que tanga ã Integridade mental, este é um dos direitos da per-
sonalidade, imporxio a todos o devar de respeda; a estrutura p s í q u i c a de 
rM|H0UMB8 fWonio (coBHt-j. J luuiti i íkXonêho Om L K ^ Ptumi^ma 
(1S) idmL 
(1S> Èfauí 
(17) Uanoel Os Ua^dna Lagal. p 11S. 
(1H) Uçõma Oe Medicina Leçel. p 2Z1. 
oulrerm. seja por a ç õ e s diretas ou Indiretas, seja em tratamentos psico-
l ó g i c o s , seja. ainda, em atos repressivos, sendo preciso resguardar os 
componentes identificadores da estivtura interna da pessoa, suas con-
v i c ç õ e s , i d é i a s , m o t í o de pensar etc., de forma que a e t e n s a à integridade 
p s l c o t í s i c a representa muitas v a r i a ç õ e s , por abrange rgravame ã s a ú d e , 
à e s t é t i c a , ã mente, entre outros^^^^ 
A i m p o r t â n c i a da Integridade f í s i c a do ser humano é i n d i s c u t í v e l , 
vez que è a t r a v é s do corpo humano, formado de aparelhos, sistemas, 
t e d d o s e c é l u l a s que o e s t r u l u r a m ™ ! , que a pessoa humana realizaa 
sua m r s s ã o no mundo tático'^>, que atua no mundo c o r p ó r e o , deixando 
a sua marca e realizando o seu destino. 
5 - 2 . O B direitos fundamentais de prfmelrs g e r a ç ã o 
Em e s p e d a í a p ó s a R e v o l u ç ã o Francesa, passou o conceito j u r í d i c o 
de vida a agregar a c a r a c t e r í s t i c a de a u t o d e t e r m i n a ç ã o humana, de liber-
dade. A partir d a í . a vida somente é integral quando se tem liberdade. 
Surgiu, e n t ã o , a necessidade de se espeaficar aquilo que é de d o m í n i o 
p ú b l i c o e o que é de d o m í n i o privado, regulando-se o quantum que o 
Estado pode interferir na particularidade humana, na liberdade do c i d a d ã o . 
Surgem d a í os direitos tundamantais de primeira g e r a ç ã o ' ^ ' . A autode-
t e r m i n a ç ã o do homem, transladada especialmente para a 'liberdade 
419)DINiZ, Maria Hslsna, O o&aiXi aíual Oo biodSfello, p. I S O - I S I . 
(20) C A T A O , Marconi * i Ô, op. cH... p. 174. 
(21) BITTAR, CarloE Albaria, Os diioiSos da personalidade, p. 79. 
(22) A doinhnB c D a t ü i r a u t í l l z a r - s e das a x p r d & a O s â " g e r a ç ã o " e " d i r r e n s ã o " para 
camcter i^r c a d a uma das e c e p ç ò e s j u r í d i c a s da "vida'. Tiala-se da e x p i a s s õ e s ] ã 
c o n e o l i d a d ã s , mcllvu pelo qual as iitilizaircts na presenie trabalho, eerri. entretanio, 
deixar de enfaUzar a e x t s i â a c j a da algqma p o ^ m i c ã quanto ã u ü l i z a ç ã D das mesmas, 
oomo aponta Aryon Seyão RvtVia. quo pjclDro adaliu aa e x p r e s a õ e a fairlioe". "nai-
pes' ou "grupos' de dlreitus fujidantaniars, sob s a r g u m e n t a ç ã o de que 'Usual é o 
emprego do v o c á b u l o g e r a ç ^ e pare designar a s famElias (naipes ou grupos] de 
cUreitoa tundacnentait N â o se bula, p c r á m , de g e r a ç õ e s , e s l a s s a Eucedem coni o 
passar do lecnpo, umas lomarn o Jygei d a s oiiiras. N ã o 9 o que ocorre, p o r é m , cora os 
direilas fundarnenlais. A r a v a í a ç ã o dos cUreitoe de dalerminado naipe n ã o (az dasapa-
recor os aniorloras O s diferentes grupos de d í r e i l o a fundamentais exislem aimultana-
emente, concomllanteniente, sendo I m p e n s á v e l a s u p r e s s ã o dos direllos de primeira a 
segunda ' g e r a ç õ e s ' peFo Falo de s e revelar ume loroeira ' g e r a ç ã o ' . E acrescenla o 
Sayão Roíifia que n ã o s e justifica a d e n o i n i n e ç ã o " d i m e n s õ e s " , vez que a mesma s ú 
adquire legilimdade quando alusiva a certo e detsiminado direito, mas s e revata i m p r ó -
pria pare designar os grupos de direitos lundamenlais C l . ROMITA ArFon S a y ã o , 
op. Cit p. 99-90. 
— 3 2 — 
Oe contratar^, eravistacomo umatormadalgualar" os homens. Isto é, 
somente senam iguais aquelas que p o s s u í s s e m libardade. 
Trata-ss de uma a c e p ç ã o que, ã é p o c a , compatibilizava-se com o 
sistema liberal que preconizava, f u n õ a m e n l a i m e n l e , a liberdade individu-
al, prendendo-se à i d é i a de que o poder central deve se afastar de tudo 
aquilo que n ã o seja essenciai para manter os direitos Individuais do ser 
humano, passando a ler i m p o r t â n c i a o i n d i v í d u o e o individualismo, a 
liberdade e a proprledadtf como narra ManosI Gonçalves Fénsim Fúho: 
"Desde a R e v o l u ç ã o de 1789, o regime constitucional é associado 
à garantia dos direitos fundamentais. N ã o é ocioso recordar que a 
ü e d a r a ç â o d o s Direitos do Homem e d o C i d a d ã o (art. 16) condici-
onou á p r o t e ç ã o dos diroitcs individuais a p r ó p r i a e x i s t â n c i a da 
C o n s t i t u i ç ã o . 
Tal exagero tinha uma s i g n i f i c a ç ã o profunda. Ir>dicava em alto e 
bom som o objetivo do govemo em prol da C o n s t i t u i ç ã o escrita, 
qual seja, o estatidecimento em í a v c r d o i n d i v í d u o de uma esfera 
a u t ô n o m a de a ç ã o , delimitando assim o campo de i n t e r f e r ê n c i a 
l e g í t i m a do Estado com qualquer um."*^' 
Á v i d a , nesse momento h i s t ó r i c o , reiteramos, era vista como s i n õ -
nirrw de liberdade, como s i n ô n i m o de l i m i t a ç ã o da a t u a ç ã o estalai sobre 
o homem, agora considerado como "cidadão", como ensina Francisco 
Teixeira, dtado por J o i o Marcos Castilho Morato. 
X> Estado n ã o pode violar esles direitos. Ao c o n t r á r i o , deve reco-
n r t e c â - l o s e assegurar o seu exercido por cada i n d i v í d u o , isto trans-
forma o i n d i v í d u o em um c i d a d ã o , na medida em que ele é reconhe-
cido como portadorda direitos e pode, assim, cobrar do Estado a 
liberdade de e x e r c é - l c s contra todo e qualquer poder arbi t rár io im-
posto a ele sem seu consentimento,'^ 
5 . 3 , O s direitos fundamentais de segunda g e r a ç ã o 
Quando da R e v o l u ç ã o inOuslriai, no i n í c i o do s é c u l o XX, surgiu a 
v F s ã o de necessidade de m a n u t e n ç ã o da s u b s i s t ê n c i a do Homem, agre-
gando-se ao conceito jurfffico de vida a "Vida com qualidarfe", a wda com 
(23) MOFlATO, Jo&D Marcos C a s t i ü w , GTobaUsmo s HeiúbiSizaçBo r / a õ H f l M H , p, 17-20 
(24) F E R R E I R A FILHO. Manoel G o n ç a l v e s , Curso de Dirano ConsOliicioiiat. p. 286. 
(25) C^L cjí. p. 19. 
- 3 3 — 
dignidaoe, a necos&xJado de B i t e r v e n ç A o do Fsiado nas r e l a ç õ e s j u r í d i -
cafi no sentido de renlar igualar os p ó l o s diversos dessas r e l a ç õ e s , m u ' 
n i d a n ò o o hipossuticlente de c o n d i ç õ e s para se manler socialmenre 
vivo. Dessa necessidade surgem os direitos 1maan>entais de segunda 
g e r a ç ã o . 
O pantxama vMdo durante a R e m t i j ç f l o Irxjusinal desiacava-sepela 
e x p l o r a ç ã o do ser hurneno A í n t n x k t ç ã o da m á q u i n a a vapor e dos rno-
d e r r x » sistemas de p r o d u ç ã o em sene. com e r e d u ç ã o do numere de 
irabaNiadores na piama das t â o n c a s e c o r w e q ü e r t e aurrtento do deeem-
prego, criou um horizonte perfeito para a e x p l o r a ç ã o da m ã o - d e - o b r a , 
bem descrito por Sebastião Geraldo de Ot'vens 
' A R e v o l u ç ã o industrial veio alterar o c e n á r i o e gerar novos e gra-
ves p r o ò l e m d b . O incremento da p i o J u ç á u eni s é i i e deixou ã moa' 
tra a fragilidade do fiomem na c o m p e t i ç ã o desleal com a m á q u i n a ; 
ao lado dos lucros crescentes e da e x p a n s ã o capilalisla aumenta-
waoi paradoxaimenle a m i s é r i a , o r i ú m e r o de doerfes e rnutiadOB, 
(tos ó r f ã o s 0 das viuvas, nos sombrios a m b « e n t e s de trabaltio 
ConlarKk) com a sorte ou com o insdnto de s o ò r e v r v é n c i a , cabia ao 
p r ò p n o O^toalhador zeter pela sua defesa diante do ambiente de trabalho 
agressivo e pengoso, porque as engrenagens aceleradas e expostas das 
engenhocas de e n t ã o estavam acima da s a ú d e ou da v i d a ^ d e s p r e z í v e r 
do o p e r á r i o . Segundo as c o n c e p ç õ e s da é p o c a (o laissez-faire). os a d -
dentes, as l e s õ e s e as entenriKtedes eram sut>produtos da atividade 
empresarial e a p r e v e n ç ã o ora i n c u m b ê n c i a dc propno trabalhador 
O fiomem, frente ao capriaiante >á bastante desenvolvido e rxxi ido 
pelas diretrizes do sistema liberal, via-sa como mero Tnstaimenlo de 
p r o d u ç ã o " , num c e n â n o onde as m á q u i n a s , os bens produzidos e os 
lucros dos detentores dos meios de p r o d u ç ã o tinham valor aupsnor â 
p r ó p r i a vida humane. 
A t ã o batalhada liberdade contratual, fruto em especial da Revolu-
ç ã o Francesa, lomou-ee uma a m a contra o p r O p r » homem. A doutrina 
btUtnMviaí F i h ç a n | i K i « C H , M n n t a i t e erm náeçàc A oMtK p M U a qu* ocu-
pAm pOta DpOAto at IAÍAÇAO, cufi « u p e r i o r l M A r a i pAnna* hripõr twteiAralrnfm 
cHUAiisa comrAfealt, qu« o mpocsuliciente nAo t*m conttiçoos de decuTir. c«MndD-
•W m f r t e ou ncuA-lAA mm bloco CT. SILVA. Lull 4 « PuTiOPn^epA dA. A M o f -
cabpb ek> Oreao Oo Tr^teni. p 22-2'. 
(27) PrtKQçác tUfkÊK* » tebOt do i r a f a t i a d n . p 6243. 
do tihssez-totfB^, com a n â o i n t o r v e n ç è o estalai nos coniraioe, bans-
f o m > o u - S « no p u t h a l que levava o ser humano ã sua p r ó p r i a d e s t r u i ç ã o , 
Dxposto a c o r i d i ç õ e s de trabalho degradantes, como relata o saudoso 
Orlando Teixeira da Costa 
*Com a i n v e n ç ã o da m ã q u m a , a ferramenta que era usada pelo 
trabalhador foi pof ela subedtuida, daj deccrrendo a c o n c e r i r a ç ã o 
dos m e o f i de p r o d u ç ã o , pnropatotente no saior InduMiaL Ao m 
mo terripo em que se operava essa m u d a r i ç a . a p r o d u ç ã o aiteten-
tava e beiateava. desesOmulando aa ^ h r i d a ú e a maraniarde artesa-
nai t , o (|ua rowltou r « p r i v a ç ã o dite nstrunierlos de I r a b a ^ 
a n ã g o a a r t o t i t o , pois u custo da maquinaria s ó se tomou e c a s s í -
vela quem podia dispof decapitai acumulado ou associado. 
Ü o n c o m i t a n l e r r t e n t e H os p r o p r i e t á r i o â das m á q u i n a s s ã puderam 
Cfwrá-las recrutando a mão-de-obra i n d i s p e n s á v e l . Como. entre-
tanto, ela era abundante. H c o n t r a t a ç ã o passou a ser leita a p r e ç o 
vil. pois suieito a lei da otena e da procura, em que o t ratat to hu-
mano é visto como uma mercadoria. 
As c o r x í ç õ e s e oa locais de Trabalte. outrossim, eram os piores 
p o s s í v e i s , o que implicava em verdadeira afronta ã dignidade da 
pessoa humana do trabalhador. Com isso, o nível de vkJa do obreiro 
baixou a n í v e i s nunca antes atingidos. 
A tudo isso o Ê s i f l d o assistia i m p a s s í v e l , como moro espectador 
erKarregado de manter a ordem quando necessArx). pois o seu 
papei resumia-se a garantir o krvre e x e r c í c i o da ecorxxm. s e g m l o 
os p a d r õ e s ftierais vigentea na é p o c a . ' ^ 
A d i f e r e n ç a de poderea e c o n ô m i c o , pc4flico ecuí tural entre as partes 
componentes da r e l a ç ã o de trabalho era um d e s p r o p ó s i t o . O t r a b o í i a d o r . 
hlpossuficaenle, passou a viver ã m e r c ê da vontade do empregador. 
Naacia, na terceira d é c a d a do s é c u l o XX, em r a z ã o da necessidade 
de soluoonar tal d e s e q u i l í b r i o rias r e l a ç õ e s laborais, o Estado Sodol em 
s i K u t r t i i i ç ã o ao Estado ü b e r a L M n Ú D que o advsote d e s ^ 
de Estada, identificado douliirariemerite corrn Esiatto Sodal de D r e ^ 
(291 Pcuxnfn AüinAnaih pMo toMaeim pwMAur hi Mm • ipm M i 
( ' — - • n -fr Airtir í r t i m i i r u m i ãirl-fitini l lnititiliafciiiil j 
Pciarifl a todam ( c o W M a A d » . pnipnto qm p IV^ enlaclB Oa rwcAdo, iFuiada a inter 
w ç f l o da EdadD n u rptAçflw JuriiSoai Om OIFAIID pnvaW, produana o b«m-«sia- de 
(29) O Dnrnao do TtaOêXio am AOfiMdA FnciaArDa p. ia- ia 
— 35 — 
inlckiij-se em virtude dos narrados acontecimentos pol í t icos, s o c j â i s e 
e c o n ô m i c o s o linha entre suas f u n ç õ e s a i n t e r v e n ç ã o do Estado na reJe-
ç ã o j u r í d i c a trabalhista, fixando direitos m í n i m o s aos Irabalhadores, bus-
cando equilibrar o vincuLo entre os c i d a d ã o s trabalhadores a o s detento-
res dos meios de p r o d u ç ã o ^ ™ . Segadas Vianna narra com detalhes a 
queda do modelo liberal: 
"O sistema liberal, que se julgava c o n s t r u í d o sobre c subjeth/lsmo 
dos direitos indlvidueis, ' c o m e ç o u a perder em altanaria e em im-
p o r t à r > c i a à medida que se ia escoar>do o momento pol í t ico e eco-
n ã m i c o em que fora p o s s í v e l a sua f o r m a ç ã o , combatido por uma 
nova realidade que se desenvolvera, e uma realidade onde já n ã o 
achava apoio a antiga doutrina'. 
Se • liberalismo (...) n ã o á , por si s â , gerador de desigualdade, é 
certo entretanto que, g r a ç a s a ele, e è sua sombra, fiaviam sido cometidos 
os maiores abusos dos fortes contra os fracos, tendo sido anulada a 
liberdade, e o p r ó p r i o Estado, em vez de simples assistente dos aconte-
cimentos, passara, sob o d o m í n i o do capitalismo, a ser um instrumento 
de o p r e s s ã o contra os menos favorecidos. A a f i r m a ç ã o de Paíadosáe-
f i n a bem o que sucedera: "A liberdade sem freios s e r á a causa da bruta-
lidade e da u s u r p a ç ã o se f i á desiguakiade nas f o r ç a s individuais^, e rea-
firmava o preceito de Lacordaim: "Entre o forte e o fraco, entre o rico e o 
pobre, é a liberdade que escraviza, é a lei que liberta"."*^'' 
Como e x p õ e Maurício Godinho Delgado— destacando que essa 
nova v i s ã o de p r o t e ç ã o do direito â vjda tem origens em fatores e c o n ô m i -
cos, sociais e p o l í t i c o s - : 
'Do ponto de vista econômico, s ã o fatores que propiciaram as con-
d l ç õ e s f a v o r á v e i s (...): de um Jado, a u t i l i z a ç ã o da f o r ç a detrabdho 
livre mas subordinada como instrumento central da r e i a ç ã o de 
p r o d u ç ã o pelo novosIsTema produtivo emergente; de outro iado, a 
c i r c u n s t â n c i a de esse novo sistema produtivo t a m b é m gerar e 
desenvolver uma distinta modalidade de o r g a n i z a ç ã o do processo 
produtivo, a chamada grande indústria. Essa nova r r o d â f i d a -
de suplantou as formas primitivas de o r g a n i z a ç ã o da p r o d u ç ã o , 
consubstanciadas no artesanato e na manufatura (...) 
Do ponto de vista soda/, s ã o fatores (.,.): a c o n c e n t r a ç ã o prole-
t á r i a nas sociedades e u r o p é i a e norte-americana em tome das 
(30) A L A R C Ó N . P i e l í o de Jesus Lora. op aS. p. 73-79 
(31) SUSSEKir^D. Arnaldo, 91 a!, Insilnitçóes tte DUBUO do T^abelho. p. 36. 
— 38 — 
grandes cidades industriais; o surgimento de uma Inovadora identi-
f i c a ç ã o profissional entre as grandes massas obreiras, a partir de 
um mesmo uriverso de e x e r c í c i o de sua f o r ç a de trabalho — uni-
verso consubstanciado no estabelecimento ou empresa. 
Finalmente, do ponto da V\s\a poiítlco, s ã o fatores que conduziram 
ao surgimento do D r e i í o do Trabalho as a ç õ e s gestadas e desen-
volvidas rro plano da sociedade C M Í e do Estado, no sentido de fixar 
preceitos objetivos para a c o n r r a l a ç ã o e gerertciamenJo da f o r ç a de 
trabalho componente do sistema produtivo e n t ã o estruturado.'^ 
5 .4 . O s direitos fundamentais de terceirti g e r a ç ã o 
Os a v a n ç o s t e c n o l ó g i c c s , com a maior capacidade do homem de 
intervir na natureza, explorando-a, juntamente com uma realidade retra-
tada pela irresponsabilidade do homem em seu ato de e x p l o r a ç ã o dos 
recursos naturais fez com que surgisse a p r e o c u p a ç ã o com a p r o t e ç ã o 
da p r ó p r i a humanidade, uma p r o t e ç ã o que tem por objetivo a manuten-
ç ã o da e x i s t ê n c i a humana, mas n ã o somante sob um retererrofal indivi-
dual, mas sob toda a humanidade. Surgem dessa nova p r e o c u p a ç ã o os 
direitos fundamentais de terceira g e r a ç ã o , conforme descrtfo por José 
Frarídsco fíezek. 
•Vieram a qualificar-se como de 'segunda g e r a ç ã o " os direitas 
e c o n ô m i c o s , sociais e culturais de que cuida a parte final da Decla-
r a ç ã o de 1943. A idéia c o n t e m p o r â n e a dos direitos humanos de 
tercei ra g e r a ç ã o " lembra o enfoque dado à m a t é r i s pelos t e ó r i c o s 
marxistas, pouco entusiasmados oom o zelo — a í e g a d a m e n t e 
excessivo — por direitos individuais, e propensos a concentrar 
sua p r e o c u p a ç ã o nos direitos da coletividade a que p e r t e n ç a o 
i n d i v í d u o , noladamente no piano do desenvolvi m e n l o e ó c l o - e c o -
n õ m i c o . Vanguardas do pensamento ocidental alargam o hori-
zonte desses direftos humartos s o c i e t á r i o s , trazendo ã mesa tases 
novas, como a do direito à paz. ao meio ambiente, ã co-propnedada 
do patrímõnfo úomum do gênero humano. O problema inerente aesses direitos do terceira g e r a ç ã o é , como pondera Pierre Dupuy, 
o de Identificar seus credores e devedores. Com efeito, quasa 
todos os direitos individuais de ordem civrl, p o l í t i c a , e c o n ô m i c a , 
socjal e cuJtural s ã o operacionalmente r e d a m á v e i s , por parte do 
(32) D E L G A I X í , MavrJclo GoOinho, Curso de Diioao do Tfjttalhü, p 37-38. 
InJtffcluo. à â < > » i n i H r u ç ã o e aos d e m a è a p o d o f o q w W f c i J o x a i 
M U Esiado pairtal. ou em seu Estado de resadincla o u t i É n a U o . 
AM coiOM 90 i w n a m menos Bknples quaralo ee c i á d a de seber 
de quem exigiremos oue garanta r>t>sao dlroAo GK> ò e s e n v o l v i m e n -
lo, a paz ou ao meio ambienle 
Os direitos fundamentais de terceira g e r a ç A o ainda fie e r x n n i m n 
em fase de m a t u r a ç ã o e lAm como m f a r é n c t a a p r o t e ç ã o de dirertoe 
denominados metaindividtiais. rsto é. aqueles que rronscendem o rndívf' 
duo isoladamonre considerado^^', que excedem o ârnOito estritamente 
individual mas n á o cbegam a íx>fistrtulr interesse p ú b l i c o , onde se in-
cluem os diteiros difusos — que s ã o os inlerefifies de grupos menos 
determinados de pessoas, entreas quais Inexisre vinculo j u r í d i c o muito 
preciso'*' — . coíetrvos — que compreendem direitos de uma categoria 
(Merrninada, Oü peto rnerioe d e t e r n i i n ã v e l d* p M S O M " * — • 
domOff&ObOM—que decorrem de uma odQwn oomum'^, con^veenden-
do os integrantes detemijnados ou d e t e r m i n é v e i f i de grupo, categoria ou 
daaae de pessoas que c o m p a r t ü w m prajulzoe d M « J v a i s , oriundos das 
m M m a s d r o u n s t ã n c i a s ™ . 
Como afirme Veattíc. citado por LofaAiarcórf^. s ã o identificados 
Cinco direitofl chamados de tiatemidade, ou d » terceira geração, a sa-
ber. o direito ao desenvoivtinmto, o direito à paz. o difeito ao meio am~ 
btente. odirottodepropriedachsobreopalnrhôrthcomumdahümank^ 
deeo direito de ccmuoJcação. ^.^^^ ^ ^ 
5.5. Aa mala rxnraa g e r a ç õ e s de dlrattoa tundamantais a o atual 
concafto c o n a ü t u c t o n a l de direito a vida 
A doutnna aponta, aluaimenie, paia a a jdf i tência de rnais I r è s es-
p é c t e s de d ã e l l u a lundamenlois, que o&o os de quaiia, qukiiia e sexla 
g e r a ç õ e s . , . .. 
(33) OttVHtF hOttnêOOtial PÚbMooi curic «JsiTkinfar, p. 222 723 
(3*) U A W C U 9 0 . FMxlQllD d» Camargo. Inlwmmé IMUIKM txtootUo » ^^MmmçÊB 
m Man. M a n , p. 21. 
00) iaiat. 
137] Ft -OMEMO J o M O n t O o Brtti. Manu^ dê MMikim da cmxMiOf. p. 39 
130) MAZ1LU. Hugo NIgra. A dotna dos Í W H H d O n ÍMI fjíio: rmia atnbtenim. 
contumxKf 4 aunat « M f H w itluso$ e cohBuot, p 0 
(3e> Op. ( A p. 00. 
— 38 — 
titoquetarigeaMOramtefurylariteoiaisdeQuarrngeração asmais 
recenieG descobertas na á r e a da biologka, maas eepecifkcamerie no campo 
da g e n é t i c a , com as c o n s e q ü e n t e s p r e o c u p a ç õ M quanto à forma como 
o fwmem pode intervir no p a i r i m õ n i o g e n é í k » fiumano, â p r o f t l e m à l i c a 
do direito de p r t v a c i d a d e e a o a e l e i i o â da pubbcídEKto do peirirrbõráo ge-
n é t i c o de determkudo ser humano, a forma como o d i r e é o deve tutelar 
as i>ivas forriias i t e ' g e r a ç ã o ' d e seres hurnâTHte, entre O I A m a e a u n ^ 
ligados è btolecrxjlogia"^, levaram a mais uma a m p i a ç â o do c o n t e ú d o 
|uríd>co da %1da', agregando-lhe o c a r á t e r ger>étlCO"'^ Dai surge mais 
uma g e r a ç ã o de direitos f u í x l a m o n t a l s , a quarta g e r a ç ã o 
Como drieitos fundamentais ò e qutnla g e r a ç ã o , temos os direitos 
relaoonados á p r o t e ç ã o de vkJa frente à u t ü i z o ç é o doe conheomontos 
iomeodos oeia ooemenca e pela inTormâtxte. corripraenoendo-se ader-
rtôtica como a c i ê n c i a que oOf^iva o estudo comparativo doe sistemas e 
mecanismos de controla a u t o m á t i c o , r e g u l a ç ã o e c o m i K i i c a ç ã o nos se-
res vtvoe e naa m á q M a i M é a xifoimártca como o coniunte de conheci-
mentos cientfficM « l é o n i c o * que posstoKtam o (ratamemo a u t o m á t i c o 
de i n f o r m a ç ã o por meio de equipamentos e procedvnento* da á r e a de 
processamento de dados (computadores e p r o g r a m a s ) ™ 
Sob a d e n o m i n a ç ã o de ' direitos fundamentais de 6' o e r a ç ã o " , te-
mos a p r o t e ç ã o do sar humono frente aos efeitos denjuirurilus ü a globa-
l i z a ç ã o , envolvendo os direitos â democracia, â i n f o r m a ç ã o correta e ao 
p f ü r é k e m o (sociedade composla de v â i i o s grupos ou centroe de poder)'^-
Essa v i s ã o , de certa forma croncplógica, do surgimento dos drertos 
fundamentais nos possCAna n ã o s ó a c o n s t a t a ç ã o de que todas as de-
n o m r a d a s ' g e r a ç õ e s ' de direitos fundamentaiftliiTi comoortgem a am-
p é a ç ã o 0 0 c o n t e ú d o de V d a ' para o Dreitoe, oonsideredas gfobatmenle. 
levom-rxis ã c o n d u s ã o sobre o atual c o n t e ú d o ccnsulLKional de vida. 
Em suma. o atual OOTKXHIO constituctona) de vida o ò r f l n g e aa ae-
gutofes c o n c e p ç õ e s : i H a g n b l t d é Aátoa do ser humanoe oe drerfos funda-
mentais de pnmeira. aegunda, Imavra. quarta, qumta e sexia gerações. 
E aqui ressaltamos mais uma d e t i m i i a ç â o material deste obra, que 
toca espedficamente o m a n u t e n ç ã o da vida conto nlegndede fiaicâ, anal-
|40) tetscnDlDga é CDncWMH DOU» a i s r f w t a de m-rninijlM M utani k n l * -
rfrmB de genes etitrv > V H Wam ( t i w i ^ n v m s . p b r b a ou 1*11—1 r— [ n c n — M 
induamais a COSTA. Sár^o O — n P—D da Olaasána m — m t i g l t — 2004. 
1411 ALARCÓN. PMni d * j H Õ t m Op tf p. 67-100. 
(421 ROMTrA. AUDTI SAyOO. Cp. tf. p. 107- tOO 
(431 f(Mm KjiUein. p 110-116. 
— 3 > — 
sando oa tiiteles rTtetenais da n e g o c i a ç ã o c o i e t í v a de trabalho frente hs 
nonnas jurMicas estatais que t ê m por o b t a t í v o zeLar pela m a n u t e n ç ã o da 
anekvnta (lorma e estrutura doe elemsnlDB que c o m p õ e m o coipo huma-
no), de lisloloÇRa (processos lisaco-qufrncos que ocorrem nas c é l u l a s , 
tecidos, ó r g ã o s e sistemas que S á o r e s p o n s á v e i s pek) tunaonameolo 
normal dos seres humanos) e da psique (estrutura mental ou p s í q u i c a do 
ser humano) do ser humano tiabaihador. 
5, Oa princípios incidentes na atuação da proteção Jurídica ao 
bem "vido" 
Na a t u a ç ã o da p r o t e ç ã o constitucional ã "vida", muitos c h o t p M 
afio presencradoe. alguns aconTocem com outros bens juridicamanla 
tutelados (com normas jurldtcas que protegem outros bens j u r í d i c o e q u t 
n ã o a vida (flretamente). outros em r e l a ç ã o ao p r ó p r i o direito à vida 
(choques entre direrfos fundarnentais), seja de mais de um i i d i v l d u o ™ , 
de um mesmo i n d i v í d u o 
5 á o n e c e s s á r i a s r e f e r ê n c i a s que dirijam o i n t é r p r e t e na s o l u ç ã o 
desses cheques Qe interesses j u r í d i c o s que d e v e r ã o ser enfrentados no 
desenvolvimento dessa obra. Dal fazermos uso dos princípios, institutos 
easea que, como ensina Paulo César Conraáo, s ã o utilizados, r>o campo 
da C i ã n c i a do Direito, para denotar as diretrizes que Iluminam a compre-
e n s ã o de setores normativos (mais ou merxJS abrangentes, segundo o 
caso), imprimindo-lhes c a r á t e r de unidade e servirxkj. em virtude dessa 
mesma unidade, de fator do a g r e g a ç ã o das normas integrantes doa apon-
tados setores^, 
E o c o r K e é o apresentado por PaxA> César Canrado. a desperto de 
trator espedtirarnente de pnricipkis luridtoos, compatibiliza-se, em seu 
á m a Q D . com a d e t u i i ç ã o g e n é r i c a de p n n c í p t o c o m o sendo s i n ô n i m o de 
c o m a ç o , de primeiro, de inaugurai, de estrutura. 
Luiz Alberto David AiavfO e Vidal Serrano Nunes J ú n i o r apontam 
que os p r i n c í p i o s s ã o regras-mestras dentrodo sistema positivo, devendo 
(44) Adolamos s e x p i e s s á o "choqua « r i i r e d i r â i l o G fundamBriiaJa de mais Oe um Indi-
v í d u o ' para nos lefsrirrros ã s i t u a ç ã o em que direilos fundainenlais de p e u o u 
c t r a r B n i e £ anirafn em dxjque em d e l e r m i n a E i â s i t u a ç ã o CDrcreta 
1451 AdaomcA a enp^iSa "choque smie djreiias lunoamenlajs de um T IM ITM mdrvj-
dtio' pAia r e f e t É n c i a a s i t u a ç ã o conc /«ia de cci l i i lo e n u s g e r a ç o e e Oa iMitnot 
lundamaraiB tf LMH pesa pecsoa 
J 4 Q CONHADO, P a t f i C ã f i â r . i t f H b ç ã d ã r * « H Geiat t»/•manao OM. pZS-
— 40 — 
aer klentificados dentro da C o n s t i t u r ç ã o de cada Estado as estrtjtures 
b é v i c a s . cs fundamentos e os alicerces desse sistema e que, realizando 
lais i d â n t r f i c a ç õ e s , estaremos i d e n l i h c â n o o os f x É n c j p i o s consUtucto-
naiS"" .^ E Carfcs An Sundle/d. por sua vez, entetide que os p r i n c í p i o s 
s ã o i d é i a s centraisde um sistema, ao qual d ã o sentido l ó g i c o , harmoni-
oso, racional, permitindo a c o m p r e e n s ã o ò e seu r n o ò o de organizar-se"*". 
Quanto á i m p o r t â n c i a dos pnncipics, Inleressante a frção de Lenio 
Luiz Srreck no sentido de que os p n n c í p i o s constitucionais assumem 
i m p o r t â n c i a í m p a r ne Estado D e m o c r á t i c o de Direito, s ^ d o a p r ó p r i a 
c o n d i ç ã o de possibilidade da C o n s t i t u i ç ã o porque conformadores de seu 
n ú c l e o p o l í t i c o , naquilo que se denomina rio c o n t e m p o r â n e o const i tuc íO-
nalismo da relação de pertínènda entre as n o r m a s ™ . 
Para o oCfeto do presente estudo, que confronta, em v á r i a s oportu-
nidadfts, a vida como integridade fisica com outros bens, em especiaE 
com os bens e c o n ô m i c o s e as c o n s e q ü ê n c i a s do direito de propoedade, 
n e c e s s á r i o á o esludo do princípio da dignidade da pessoa humana, do 
pnncipiò aa primazia do direito à vida e do piincíph da concordância 
prática ou da harmonização. 
6 . 1 . O p r i n c í p i o da dignidade da peasoa humana 
N ã o se pode, logo de Inrcio. deixar de destacar a i m p o r t â n c i a do 
principio da dignidade da pessoa humana na estrutura constitucional 
do Estado Brasileiro, definido como Estado D e m o c r á t i c o da Direito pelo 
ari. 1^ da C F / e â , que aponta em seu inciso fll a dignidade da pessoa 
humana como um dos rundamentos da R e p ú t i l i c a Federativa do BrasU. 
A qualidade de '^_ndamenio" da flepíWca Federativa do Brasil s ó 
pode verdadeirarrenle ser v a l o r . z a d a q u ã n ò o buscamos o real significa-
do do tonno l u í x l a m e n t o " que, cogundo AuròUo Quarque de Holanda 
Ferreira, é t i a s e . alicerce, r a z õ e s em q u ô se funda, r a z ã o , motivo"'"'. 
Assim, n ã o h á como se admlllr. seja polít ica, seja juridicamente, 
qualquer ato Juridicoi^" no Brasil que n ã o cumpra o requisito de reconhe-
147] Op dl. p.59 
14S) FunOBiTViitos de diiailo pública, p 137. 
(40) S T R E C K . Lenio Luiz. JuristH^ CormWuoonMS e HarmertèuÜca — Ume f V » 
CrtticB do Diredo. p 413. 
(50) F E R R E t f U . Aiaáiü B u 3 w « ^fejiBtf. ianaiXcnéfBasLkiffxPoitü^josa.p 264. 
(51) Sobra O concahD de ale fxt^w. Uewt 8em»fdai de Meêo afnr^ e u r O n m o* 
u n c o m ttlD s a n s u e 56jcfl> s s n s u tf a b |uH<>co, aquole c o n » sendo -o tfo rjOOco 
— 41 — 
cer e proteger a ú i g n i r i a d e da pessoa humana e. pertindo-se do p r i n c í p i o 
de que o funcionamento estatal n ã o deponde exclusivamente dos atos 
da a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a , todos os atos doa c i d a d ã o s , em especial os 
caracterizados pela interauQjetividade (onde age o Direito), devem, da 
mesma fonna, zelar pela dignidade da pessoa humana. 
A p r e v i s ã o do p r i n c í p i o da dignidade da pessoa humane nes Cons-
A u l ç b e s é t e n d ê n c i a que tomou t o r ç a no p e r í o d o p ó s - S e g u n d a Guerra 
mundial, como forma de responder à s atrocidades nazistas que a t é hoje 
marcam a c o n s c i è n c l â humana, como uma das maiores marcas da no-
Cividade do homem contra o seu semelhante. 
Aponta Edilson Pereira Nobre Júnior que. na atualidade, pauta a 
t e n d ê n c i a dos í J r d e n a m e n t o s no reconhecimento do ser humano como o 
centro e o flm do Direito. Essa i n c l i n a ç ã o , r e f o r ç a d a depois da t r a u m á t i -
ca b a r b á r i e nazi-fasclsla, encontra-se p i a s n í a d a pela a d o ç ã o , â guisa de 
valor b á s i c o do Estado D e m o c r á t i c o de Direilc, da dignidade da pessoa 
humana"^. Mesmo ponto ó ratificado por frí^lVbffga/iffSaffeíno senti-
do de que apenas ao longo do s é c u l o XX o, ressalvada uma ou outra 
e x c e ç ã o , t ã o somente a partir da Segunda Querra Mundial, a dignidade 
da pessoa humana passou a ser reconhecida e>:pressamente nas Cons-
t i t u i ç õ e s , rtotadamente a p ó s ter sido consagrada pela D e c l a r a ç ã o Uni-
versal da O N U d e l S ê â ' ' ' ^ 
c ü f O suporte f á l i c o lenha tyymo cerne urna a x i e i 1 i H i T a ç â c consciente ife vontade, 
dinghJe a oDter irm resultado Juildicemente piolegtdo ou nfio-prabido e p o s s í v e l " e este 
como "lãlD j u r í d i c o que tem po! elemento nucLear do s u p a l e E á i k » m a n i l e s i a ç â o ou 
d e c l a r a ç ã o unilateral ds voritada cujos elerlcs j u n ü k o s sso p r e f l x ã d o a pelas normas 
j u í f c b o a E a I n v a j l ã v e l f i , nào cabendo â s pesscae q ü e l g u e r poder de escolija da cate-
goria J u r í d i c a ou de e e l r u t u r a ç ã o do c o n t e i í d o das r e l a ç ò e a jundicas respectivas" { Cf-
M E L L O , Marcos Semardes da. Teoiia do íato jmíiÔGo, P- 115 e 135)- CdSiôdio da 
Piedade Uítalduío Mtanda e s c l a r e ç a qua quando Be laia em ato J u r í d i c o sem qulquer 
EHiira dosi^piaffio cornplementar, lanfo w pode ffjsrer significar uma aiinptsa o l u a ç ã o 
d a vontade, u r coinporlamento da que resultern oeitos eferba j u r í d i c o s por exclusiva 
obra da lei, ainda que o seu auior os n&o tenha quartdo ou ptevieto. como s a pode 
quBfer sJghUrcar • r t e g ú c l o j u r í d i c o , cx>e consiste numa d e d a r a ç ã e que enerioriza um 
cedo conleOdo de vontade e ntediante a qual D seu autor ee p r o p õ e ctnar delerminados 
ofeHoe que a iei dota de jundicidadB ( C í . MIRANDA. C i i s i õ d i o da Piedade Ubaldino. 
reoris geiaS do negócio iitrkUco, p. 21'Z?}. Esdarece-aa l a m b â m que nesse IrahabKi 
utilizamoB o termo aio juridicc lanfc como ato J u r í d i c o Selo senso, quanto como e í o 
j u r í d i c o ^dcio sensu ou n e g ó c i o jundrco, envolvendo n ã o sò atoa de particulares, 
como t a m D á m OB estatais, inctusive aqueles relerentes â p r o d u ç ã o normativa, 
(52) O Dii&lo luasileifo e o pnnclpio da dignidade da pessoa humana, passim. 
(53) Dignidade da pessoa humana e tUmiios íundameniais na Constifuiçãa Federai de 
ídSS. p. 65. 
Essa I n f o r m a ç ã o h i s t ó r i c a é bastante ralavante pam constatarmos 
qus a p r o t s ç ã o da dignidade da pessoa humana surge como uma res-
posta ao estigrna da d e s t r u i ç ã o liumana patrocinada pelo nazismo, o 
que i n f l u e n c i a r á por demais guando da c o n c e i t u a ç ã o do p r i n c í p i o em 
d i s c u s s ã o . 
Atualmente, ganha vulto no mundo a irrflXTtanda da pessoa huma-
n a — e x p r e s s ã o que melhor evoca os valores éiifjos do que oa termos 
i n d i v í d u o , c i d a d ã o , homem — como categoria f ikisóf ioa porque muitas 
vezes é o p r ó p r i e v s b r de ser humano que e s t á sondo posto em causa. 
Assim, a pessoa humana é hoje considerada como o mars n o t á v e l , 
s e n ã o raiz, de todos os valores, devendo, por isso mesmo e dentro de 
uma v i s ã o a n l r o p o c ê n t r i c a , ber o objetivo tinal da norme juridica, ser a 
base do Direito, revelando,assim, c r i t é r i o essencial para conferir legiti-
midade a toda ordem jurídica'^'. 
Se de um lado é I n c o n t e s t á v e l a i m p o r t â n c i a do p r i n c í p i o da digni-
dade da pessoa humana, de outro h á que se destacar a a t i s t r a ç ã o que 
circunda o conceito desse instituto, principaimerite porque o art. 1" da 
GF/8a, a despeito de introduzi-lo con>o fundamento da R e p ú b l i c a Fede-
rativa do Brasil, n ã o apresenta o seu conceito, deixando ao I n t é r p r e t e 
essa f u n ç ã o . 
A l i á s , esse rrvidelo de o m i s s ã o á adotado pelos Constituintes de 
v á r i o s Estados. Para tal, basta ioltura do art. 3^ Oa C o n s t i t u i ç ã o da Re-
p ú b l i c a ItafTana CTutti i citíadini hanno pari dignitá sodale e sono eguali 
davaníi allá lege...*^. do art. 1*' da C o n s l l l u f ç ã o da R e p ú b l i c a Portu-
guesa i"^Portugal é uma República soberana, baseada, entre outros valo-
res, na dignidade da pessoa tiumanaena vontade popular e empenhada 
na c o n s f m ç ã o de uma sociedade livre, fusta e solidária^), do art. 1 ,^ Item 
1, da C o n s t l t u ç ã o A l e m ã C^ Die w ü r d e des Menschen Ist unantasltiar. 31 
zu achten and zu schQtzen ist verpflichtung aliar staalichen G e w a l f ' ^ e 
do art. 10, item 1, C o n s t i t u i ç ã o Espanhola {'La dignidad de Ia persona. 
los deiecbos invioiables que ie son inheientes, ei íibre dosanoilo de Ia 
154) F A G U N D E S J Ú N I O R . J o s ã Cabral Pflreira. 'Limites da c i ã n c i a 9 O roEpalto £ 
dignidade huniena" Irr. SANTOS, Maiia Celaara Cordairo UlW, etodí íBf l t i . dência da 
vtdB. o3 novos desafíos, p. 271. 
(55) T i a d ü ç ã o unasQ. 'Todos os cidadãos lém a mesma dignidade social e são 
prolegidos perante atai ° 
(56) T r a d u ç ã o nossa' 'A dignidade do ser liumaito 6 miangívet. Todos os podôiea 
públicos lém a otdgação de a igspeflar s a piolegô^. 
— 43 — 
personaítdaa. ei rsspeto a Ia ley y a kts derechos de tos demús son 
fundamenta dei otOenpolilKoy de Ia paz acKMle'^)F^^ 
Nesse sentido, cabe ao n i i é r p r e i e da C o n s d t u t ç ã o a busca do real 
c » n l M k t o < t o p d r v : f p n d e ( f 7 a d a d e d r i p e s « a e b i M n B n a n ã o sendo í ó d i M 
MriMAo a r t e a p o i s s e r m â da e x p r e s s ã o 'cfenldade óa pessoa humana'. 
F è m a n o b Ferreira dos S a l t o s apresente a emstftncta de 3 flifta) 
c o n c e p ç õ e s da f ü ^ i i O a f t e da pessoa huptiana o (ixtvkluflBsmo, o Irans-
pefBonalfsmo e o pereonalbmo. oom aa seguintes c a r a c t e n s t í c a s ' " ' : 
O individualisrno oeraderiza-se pelo e n t e n d í m â r t t o de que cada 
homem, culdancla dos seus infaressos, protege e reaTiza, í n d i r e t e m a n l a , 
03 interesses coletivos. Seu ponto do parlidH é, portanlo. o i n d i v í d u o . 
Tratfl-fifl de uma c o n c e p ç ã o liberaBslH (InriMriiwJlsmnhijrgiiflfl). norte r* 
diraftoa rundamentais seriam Inatos e anterioras ao Estedo e impostea 
coíTX) hnWtes â ativkteda « M M B L Por e s u COncrepção. i m e r ^ ^ 
Itf <nm o %n de a t f v s g u M t e s a u t e n o r r é i i to MwhSucL p r e s e ^ ^ 
o u i o r i o n ü do Podar PuMco. r o n cor^tto entiB e i a ^ ^ 
p r t v S e g t e - » o Inttviduti. 
O transpersorallsmo é unia C Ò n e e p ç É o Oposta ao individuoKsmo. 
defendando qua è realizando o bem de I D I J M que se salvaguardam oe 
interesses individuais. Inexrstindo harmonia e s p o n t â n e a entre o bem do 
ir>dkviduo o o bem ò o lodo, devem prosperar, sempre, OB valores coleti-
vos. ^ 4 « o a - a a . por essa c o n c e p ç ã o , a peesoa humane como velor supre-
mo, aflnriando-se que a digriidade da pessoa humana é realizada no 
cotetrvo. T « m c e m e c o n c e Q ü â n c i a a landtecis de. na n t e r p r e l a ç ã o do 
<tiaito, l imitBr-MSlMntedesmtavordiJ f f JSUaoe'^ 
O pofsonfliwmo re|eite as c o n c e p ç õ e s trytiriOualiste e cotetiviste. 
n s g M d o a s a p Q n l m i d s d e da harmonia entm intffvkJuo e sooedade 
BUscs a c o m f w f l b N l T B ç â o « m m valores mdhriduate a valores coletivos 
paitlndu da d i s t i n ç ã o entre moivlOuo e psaaos. S * no individualismo exsite-
» o homem abstraiu, tfpico do i i b e t e l i a i r i o b u r o u â e , no personalismo o 
indnritiuo Tteo é apenas uma paite. Como Umapsdra-de-edriicio no lodo, 
Vn T r a O U C é O I M f c -A tfyiÉSltf tf a M « > flMMm 
tão t w n « * s ™ d M F W i i w S g tf M O M B O S O S . O/mpeSo ptis im t pta 
tfnMH doa ouKoa tào ttfujmrmrmx tf ortfm pcetx* a dS peeaocÈà.' 
(Ur Os IbSoa se r f i m s u a ^ i i « • v ^ t f r u nncttba l o m « m k k » do lA* 
jwimjtfitfto.luv.hfjAeMSO m-'2-3iOüS 
çm ftSMéto ntitftf i i in IBF tf dgmiaat tf p s w tnxtmna pHtfn, 
(«te « S n 
— 4 4 — 
ela â. n á o obstante, uma r o í m a do mais alto g ê n e r o , uma pessoa, em 
santdo amplo — o que uma unidade coletiva jamais pode s e i ^ L 
A desperto de o p i n t ã e s diversas, antaridernos que a c o n c e p ç ã o 
IrvVvIduallBte ã a que melhor sc compahbrlrza com s d g n ã J s d e da pes-
soa humana prevista r a C f ^ M d n o e / G ú n ç a f m s f í m h i f l V t e r « t e C i O -
na a dKjnktede da pessoa humana corrte O raconhadmsnlo de que . para 
o Direito Constitudonal braaaatro. a pessoa humana lem uma « c p u d a d e 
prOprte e constitui um vetor am si mesmo, que n ã o pode ser sacnhcado a 
qualquer Interesse c o l e l í v o " . 
Nesse sentido, o conceito de dignidade da pessoa humana aproid' 
me-se do direito que cada m d í v i d u o lem de a l c a n ç a r a p r ó p n a felirride-
da'. n ã o de simplesmente eOstir. mas de lhe ser gaiantida a busca por 
uma e i ü s t è n c i a feliz, como expl iCA Lua Ataerta Devd Araura 
'A v>da em sociedade E a t o * r t d « M p w n Í i r q M M l n J v i d ^ 
contretn suafeticioade.aaubtfn atenr- E. n o c a a o d o t r a n a e g ü a i . a 
. telicidadesopodete9ffccriquistadaaimadria(^paraarTiudan-
ç a de sexo, oa&o seja do seu irieresae Ao anaksar os pedidoe, 
portarno, o Poder J ü d i o â r a deve i i i t e r p r e t a r s C o r i f i t i a j i ç ã o . c o n l ^ 
me os p r i n c í p i o s conetitucionalfi, efipedalmanta o fundamento do 
Estado D e m o c r á t i c o de D i r e í l o . que tem oomo objetivo assegurara 
dignidade da pessoa humaria."^' 
O c o n t e ú d o do principio da dignidade da pessoa humane n á o gera 
como eleito somente um comportamanto do EstoOo no sartido de prover 
a tfMrdade do o d a d ã o , mas t a m b é m atos oomis&ivos que v i a b á i z e m a 
Duaca pelo c i d a d ã o de sua leJodade 
Uarcu3 Vinidus Xavier de Oirvetra destaca a r e l a ç d o entre a topd' 
grafie do pnncjpio da dignidacM da pessoa humana na C o n s t i t u i ç ã o Fe-
deral de 19BB (art. 1 ° ) e o s a u g r a u d e i m p o r t ã r i c i a r i ã o s õ i u r i d í c B . CXH110 
Umbam poiioca: 
"O principio da dignidade da passoa humana e s t á insculpido na 
r n a i i e m b l e m á t i c a norma da C o n s t i t u i ç ã o , o ari. 1°, norma que traz 
e m « i toda a carga da e s p e r a n ç a qua anos de dttndura n á o con-
aeguHrem sufocar. Sejundicamenteeledelineia lodo o a r c a b o u ç o 
j u r í r i c o brasieao.devanctoaeiW de turva p r i m á r i a p a r a q u a i q u é f 
mt C B — « á n t a f A CnnMBl f fc tf » » f . p 14 
m 4 pntagao oonsmudoaM õo c w w n t f , p. ID6, 
- 4 6 — 
\í\i0tptetaçàú consi i tüclonâlrnârttâ adequada, j á que veicula p r í n d p i o s 
i n d e c l i n á v e i s como o princCpio republicano, o principio federativo, 
o principio de eetedo constitucional, principio da liberdade, princi-
pio da soberania popular ele, polilicamente ele significa a v i t ó r i a da 
liberdade contra a o p r e s s ã o , da paz contra a belicosidade, do hu-
manismo contra o lecnicismo desumanizante 
Nesse mesrno compasso, Luiz Alberto David Araújo, em seu estu-
do sobre a p r o t e ç ã o c^stitucional do transexual, atinna que: 
" ü i n t é r p r e t e deveretirar do Texto Constitucional os valores para 
sua tarefa. A dignidade da pessoa humana d e v e r á servir de taro! 
para a busca da efetividade dos direitos constitucionais. Em rela-
ç ã o à p r o t e ç ã o constitucional do transexual, por exemplo, a digni-
dade da pessoa humana r e v e s l i r - s e - á de principio n e c e s s á r i o e 
b á s i c o para a sua p r o t e ç ã o constitucional/^^ 
Sob o ponto de vista interpretativo, o p r i n c í p i o da dignidade da pes-
soa humana i m p õ e um vaJor interpretattvo no sentido de que a constru-
ç ã o da norma j u r í d i c a deve ter como elemento a x i o f ó g i c a a busca da 
felicidade do ser humano, sendo que essa busca da felícLdade' demanda 
n ã o s ó a liberdade f í s i c a da passoa, convi t a m b é m a m a n u t e n ç ã o das 
c o n d i ç õ e s materiais n e c e s s á r i a s ao alcance dos objetivos individuais. 
Assim, terrKrs que, na s o l u ç ã o de conflitos da p r o t e ç ã o constituci-
onal á vida seja com outros bens juridicamente tutelados (cem normas 
j u r í d i c a s que protegem outros bens j u r í d i c o s que n ã o a vida diretamen-
te), seja em r e l a ç ã o ao p r ó p r i o direito â vida (choques entre direitos fun-
damentais), envolvendo mais de um i n d i v í d u o ou um mesmo i n d i v í d u o , 
aplicaremos o pr í tx r íp io da d i ^ i d a d e da pessoa humana soQ o enfoque 
individuallsla, conforme p o s i ç ã o j á fixada. 
Destaquemos, porf í n , os enstoamenlos de Marta Nste/w D m z que, 
enfrentando a i n f l u ê n c i a do p r i n c í p i o da dignidade da pessoa humarte na 
s d ü ç â o d s q u e s t õ e s do Biodireito e da B i o é t i c a , entende que: 
'Urge (.,.) a i m p o s i ç ã o de limites ã moderna medicina, reconhecerh 
do-se que o respeito ao ser humano em todas as suas tases evo-
lutivas (antes de nascer, no nascimento, no viver, no sofrer e no 
morrer) s ó é a l c a n ç a d o se se estiver atento ã dignidade humana. 
(...) O respeito ã vida humana digna, paradigma bioético, deve estar 
( 6 4 ) Cofisrdeiaçoss em tomo do pnocipio Oa dignidade da pessos humene. peasim. 
(65) dí p. 104. 
— 46 — 
presente na é t i c a s no ordenamento j u r í d i c o de todas as socieda-
des humanas. (...) A C o n v e n ç ã o sobre Direitos Humanos B Biome-
dicina, que foi adotada pelo Conselho da Europa em t 9 de novem-
bro de 1996, a p ô s advertir no P r e â m b u l o que c mau uso da biologia 
e da medicina pode conduzir à p r á t i c a de atos que colocam em 
risco a dignidade h u m ^ a , prescreve em seu art. 2° que "os inte-
resses e o bem-estar do ser humano devem prevalecer sobre o 
interesse isolado da S í x i e d a d e ou da c i ê n d a " . Como e n t ã o ficar 
inerte diante de a g r e s s õ e s á dignidade de seres humanos ou do 
respeito á v i d a humana sob o pretexto de buscar novos b e n e f í c i o s 
para a humanidade? Como silenciar diante de injustiças cometidas 
contra a pessoa humana, aceitando que os fins justificariam os 
meios?'^ 
6.2. O princrplo do primado do direito ã vida 
É ó b v i o que n ã o h á Direito sem vida. Se o Direito tem por objetivo 
regrar o componamenio humano intersubjetivo afim de garantir a manu-
t e n ç ã o da sociedade, n ã o haveria r a z ã o para a e x i s t ê n c i a do drretto, para 
a e x t s t ê n c l a ó e normas j u r í d i c a s , se n ã o houvesse sujeito para aplica-
ç ã o doa mesmos, se n ã o existissem seres humanos sobre os quais 
incidissern as normas. 
Da mesma forma, n ã o existiria S í x s e d a d e sem vida humana, motivo 
pelo qual a p r o t e ç ã o do bem "vida" é requisito sfne qua non para a manu-
t e n ç ã o da sociedade e, por c o n s e q ü ê n c i a {ubi soctetas. íbijus), para a 
e x i s t ê n c i a do Direito, tomando-se tal p r o t e ç ã o valor supremo para a so-
ciedade e para o D r e í i o Trata-se de uma c o n c l u s ã o l ó g i c a . 
A supremacia da vida t a m b é m tem f u n d a m e n t a ç ã o em sentido 
material, revelando-se como valor supremo para o ser humano, a l á m 
de f u n d a m e n t a ç ã o formai, vezque o Consliluinte petrificou a inviolabi-
lidade do direito à vfda, a t r a v é s do ari, 60, § 4 ' , inciso fV, da C o n s t i t u i ç ã o 
Federa!, consagrando-a com essa p o s i ç ã o na escala normativat^. 
Dessas letras iniciais surge o princípio Oo primado do direito à 
vida. segundo o qual a vida tem prioridade sobre todas as coisas, uma 
vez que a d i n â m i c a do mundo neia se c o n t é m e sem ela nada t e r á sen-
(66) DINIZ, Msria Helens. O asOdo atual do Bktdlrslto, p. 1B-I9. 
( 6 7 ) A L A R C Ó N , P Í B I I D de Jesús lüia, op- cll-, p. 1 8 2 - 1 6 3 . 
— 47 — 
tido B. por c o r o l á r i o , o direito á v i d a p r e v a t o c o r á s ^ r e qualquer outro, seja 
ele o de liberdatte religiosa, de iritoresse e c o n ô m i c o , de Interesse pol í t ico 
e t c i « L 
Haverido conflito entiB dois direitos, inckJi ré o p r i n c í p i o do primado 
do mais r e i e v a n t e i ™ , superando hierarquicamente o direito á vida, sob 
qualquer um de seus enfoques (integridadeffsfca e moral, direitos funda-
mentais de primeira, segurida, terceira, quarta, quinta e sexta g e r a ç õ e s ) , 
qualquer outro bem j u r í d i c o . Sobre O valor do bem "vida", dtamos Marconi 
ao Õ CaTão: 
XI dktíto è vida e s t á inserido entre os direitos de personalidade de 
ordem f í s i c a , ocupaixio p o s i ç ã o de m á x i m a i r r ipoi tãncia como bem 
maior no â m b i t o j u r í d i c o , pois, ao seu redor e como c o n s e q ü ê i x j i a 
de sua e x i s t ê n c i a , todos os demais bens g r a v i t a m , " ™ ' 
A indisponibil Idade do direilo à vida t a m b é m ô uma c o n s e q ü ê n c i a 
da p o s i ç ã o a x i o l ò g i c a supenor da "vida" sobre os demais bens j u r í d i c o s , 
o que é, m c t u s í v e , r e f o r ç a d o pela iefra expressa do capul do art. 5" da 
Lei Fundamenta de 1988 ("...garantindo-se aos brasileiros e aos es-
trangeiros residentes no P a í s a inviolabilidade do direito á v i d a . . . ' ' ) . 
Trata-se t a m b é m de um direito de c a r á t e r negativo, impondo-se 
peki respeito e pela o b s e r v â n c i a que a todos os membros da sociedade 
se exige, e, em virtude disso, tem-se a ineÍFCÓcia de qualquer d e c l a r a ç ã o 
de vontade de i n d i v í d u o que implique n e g a ç ã o a esse direito, visto que 
n ã o s e poda tirar a vida humana, por si ou poroutrem, mesmo sob con-
sentimento em r a z ã o do c a r á t e r supremo do bem da vida, consagrado 
p d a ordem j u r í d i c a brasileira^'^. Desse mesmo entendimento partilha 
Piôtro de Jesús Lora Aíatcórt. 
"Diz a norma [ait. 5^., oaput. da C o n s t i t u i ç ã o Federal de ISesF^ 
que o direito ã vida é i n v l o i á v e i , portanto, ao abrigo de qualquer 
v i o i â n c l a , i n t o c á v e J . i n t a n g í v e l . Em homenagem ã supremada do 
Diploma Constitucional, e com fundamento no art. 60, § 4^, inciso 
IV, pode-se inferir que qualquer projeto de emenda tendente a abo-
lir a inviolabilidade do direito á vida seria inconstitucional. Tamttem 
um projeto de lei, uma lei ou ato normativo, pode ser declarado 
(68) DINIZ, Maiia HeJena, op. Õ L p. 2S. 
(69) SOsm. 
(70) Op. Cil. p 1 S 9 
(71) tdem 
(72) Obaervapão no&sB. 
— 48 — 
inconslituciona! quando se manifeste c o n t r á r i o ao postulado cons-
titucional da inviolabilidade do bem j u r í d i c o . 
Constata-se, essim, a ongrnartdade que possui o direito á v i d a en-
quanto ttireilo f u n d a m e n t a l . ' ™ ' 
Portanto, do estudo do p r i n c í p i o do primado do direito à vida, extra-
í m o s os seguintes pontos ú t e i s para esta d i s s e r t a ç ã o : 
— no confronto entre o bem •Vida" e qualquer outro t>em j u r í d i c o , 
sempre p r e v a l e c e r á a vida, por ser axioiogicamente superior, e; 
— o bem "vida" á i n d i s p o n í v e l , seja pelo titular desse bem. seja por 
terceiros,com ou sem o consentimento do seu titular. 
BB. O pr incipio da concordância prática ou da barmontzGçeo 
N e c e s s á r i o enfrentarmos a d i s c u s s ã o sobre qual a c o n d i ç ã o do 
direito mais tradicional á vida, isto é , vida como Integridade f í s i c a frente 
aos demais direitos fundamentais. 
Alguns autores apontam o direito à vida física"^' como absoluto, í n a -
í a s l á v e i , i n t a n g í v e l frente a qualquer s i t u a ç ã o . Tal v i s ã o afasta o real cor>-
t e ú d o do conceito constitucional de vWa, c o m o j ó exposto antenomienle. 
interessante como aiguns Autores^'*' no inldo da suas investiga-
ç õ e s apontam enfaticamente o c a r ^ r 'absoluto" do direito á inlangibiti-
dabe do direito à vida b i o l ó g i c a e, no desenvolvimento de suas teses, 
findam por, tíiocando o direito à vida b i o l ó g i c a ( a c e p ç ã o b i o l ü g i c a - e x l s -
lendal da vida, vida como integridade í í ^ c a ) em determinadas s i t u a ç õ e s 
extremas (como a do doente terminai), com outros drrailos fundamentais 
como O principio da dignidade da pessoa humana e o principio da proibi-
ç ã o da tortura ou de tralamerrto desumano ou degradante, v ê - t o supera-
do. Parece, á s vezes, exialir um certo estigma na a f i r m a ç ã e da relelivi-
z a ç ê o do direito ã vida f í s i c a . 
(73) op. dl. p. ia?-183. 
(74) üEilizarTiOâ nesse trabalho as entuestôsfi "vida llsica". "vida biológicB' e "vlfta 
fí^qo-biolôgica" no sentiflo do vida sob a concepção de Iniagflüade física", de manu-
lonçâo da analomia, dslologle e peique hümanas. 
(75) Citóinos como exemple Marfa Hdena Diniz qus, i>a sua obra O Eeíado Aluai Oo 
Bioòiisifo. defendo o pnncipio do pnmEido do dlreflo è vida (páginas 25 e 26 da citada 
obra), trate a vida « u n o bem absoluto o. BO analisar o "direito 3 mode digna" (péginas 
317 a 361 da cbta), as aspódes de abotlo não onmFüBlimdae pala Diiaiio brasileiro 
(páginas 29 a 101 da obra), acaba por consideiar ratetiva a vida om delomlnadas 
siliiagõeB, 
— 49 — 
Ao m—mo tempo « f p gu* h á estigna. h â u m » a r M o ç à f ) ou 
ato i n d l « r e n Q f t M l i i l i ç i B « M u o ç õ M o l V M 4 « M k M z a g i o do ( M t o 
á p r o t e ç á o à vkfa como IntoLFlitoga h w c é . eomo no caso do at>orte sso-
tmemal tponmiido pote ordenamenio j u r í d t e o p á l n o noa h i p ó t e u s de 
gravidez por estupro). d i a a c M M l â de Jlkdbxte do crtme ds homicldki 
pela e x t e i é n c i a de legllfena ( M M etc. 
N ã o ae tem d ú v i d a de que n á o h ã que se falarem direllos quando 
inexiati d ser hianano, quando n ã o hA uma vide f Mca a asr tuteteda. 
Trata-se de premtssa imporente. mas nAodAf lKaou detenrwntepara 
a anaiise da r e t e e v i z a ç 4 0 Ou rteo d O M tonÉD I n n t o a OUtfO* dvMoa 
fmdamentM - x 
Emsndemo* que • snAfiu doe tecoe de tensão existentes soire 
c ã í e « ü a t u n c t e f T i e n m i i a s w e s o r procedida sob doiasrfoque*. 
9- quando a » s t e ainconáncta de dnsrfos / L v i d a r n e n í a a de m a á r 
de Ltne pessoa nem meamo caso cUlcitou. T e n x » como exemptoe 
dessa s h u a ç â o a tegltrma defesa S o estadode nocesnldade''*. em 
que ee admite o sacnf ICFO da vida ffaica de uma peeaoa em prol da 
w n i É W •. i i I da wiOa iisica de ouoe posoDu nume dstemunoda sau-
B ç A o de teto em que oomante podeoe ee menter a vtda fisice de 
ume: 
b. quando existe • c o n c o n è n c i a da dveMoe fundamemale inaden-
tosnuntemeerrtepeseoerHjrndMerTTitoKtoGeeoconcrelo, Temoe 
oomo exompio d M M medtodade a ortetteiãsàa^^' na h I p ó t e M de 
paciente teirmnaL em te<4ãã ^ IrBegndade f loica e • d l ^ 
nldade da pessoa tejrrvrte, ' -
Em ambas aamodtodndeeentendenteg que d g v o b e v e í uma Inler-
p i ^ t i D d M n o r m » p f Q É t f v M do "dWlO * vidaT fobeteVdMde tfM 
tem (ActteO'Bvando em c o n e a d e r a g ã d o prtectote intaipr^ 
ooidincte ptMca ou h e i m o n t z a ç ã o , peto quei M i n i p õ ^ 
c>yTtetopçAo doe berii í i r t e k x » KjndamonM ern oonfte 
lar o eacrittcte iMal de une em r e l a ç ã o eoc ouiroa. Concorrendo v é r t M 
normas corwlilucionajs sobre um moemo caso corKrelo. dever-ee-A 
(7fl) F l g u í M aponiaafi& rio GrVftpo Penal BiatÜdio ( D « r e l o - L e i n. 7 S W W I %m eau 
en, 23. Inclaoa p « ip, coma c a u H t nau(lar>tBi da entliuridicUwla 
(77) A onoMnefiia * • « n o u u « « H I qua • m o t f ocon^ no I * M morwnto r « E u r > l 
í n « m « i c , ^ DCMT, t taa™ » ú f o i M W para a m « r K j i e r . t f o u rtto nucei 
n a o * K x r W d a Q pKMnia a a p a n » H r w c é n ™ , gue o^AtíÊumm o t 0 > g t « v U n 
— SO — 
procww a o m i p o e i ç é o anire as meomoe, rrteondo-te tovM e C M i A ^ ^ 
manloe reciprocoe de torma a conaegur iene h e m i a n a e ç i o ou concor-
d ã n c t e prAtice entre as meemas 
Aflrmamoe que o direilo â vnte conxj imegrldBde ffstca, como isnv 
M m M dematt dffneneAM do direite è vkte { r ã w l o e tundameri^ s â o 
rotativos frente A concorrAncia (focoe d « t e n s ã o que podem ser vretos 
como antinumlas aparentes deniru do sistema jur ídico consiituclortal) 
comoulroadlreilosfundamentaJa. - - ^ . ' 
7 . M e t a « M ú d P 
tfWe e seOde s ã o tennps muio edutodoa, W M nem eempre bem 
d e m » . Tinte H j da l e r m o B t ^ ntMee V M M O A O ( A s e d n como E I -
n ú n é m e « . « m ouea& opodunidadB. antoi idoi conto teatteitoe total-
mente estanquei, sem a devxla i r ter - r e t a ç A o 
N A o M i d e n t l c t a ú e B ^ t m ^ i d B ~ a ' s a u d e ^ m a s . sim, uma r e t o ç á o de 
irrfenu d e p e n d è n c a entre esses dota neOtutoa Em reeHade o d l r e « o 
ã s a ú d e é verdadeiro desdobramerite do dreno â vida*^. 
O (ireite A vida, de natureza irtervKlual de cada o d a d á c , retere-se 
n ã o eomente ao vnpedrnerito de ates que certem de forma m s l a n i ã n e a a 
vida do MThUMno. como t o m b õ m oquetes aioe que de forma gradativa 
diminuam • M p s c W n a de vida do se< humano. 
E, rsooMomoe, O termo vkta « , peta G o n e n u i ç ã o Federal, tratado 
como %ida com q u a i d a d e ' ™ a n ã o como mera aúbrevkte*", oque teva â 
neoMtadade de p r o t e ç ã o do i n d i v í d u o oonira q u t a q u e r t a l u a ç á o que MjA 
Cte>A2 de tw causar q u e t o ^ eferlo negeOvo qu* patM reduzir a « u a 
qutehtededevhte. 
A s a ú d e pode ser anaiisada segundo t r ê s lipoe de obordagani. a 
ostdeca, a piospect^a e a ^ s i r a t e g i r r a Snhn * n t e q u a e t o á ã D o . a e e i j d e 
â H o u s é n o a de d o e n ç a . Trata-se de i#ne w i o enencItovniiiteQtoPva 
eque durante muito tampo toi adotada patee proAssionata do carnpo da 
s a ú d e * " . 
[Taj A H A ü J O , Luiz Albwto Davkl. e NUNES JUNIOH. V-flai Serram. í p crf . p 414 
(78) C o n c e p ç à ú tf wda sob o enfoque Oo p r i n c í p i o tf O i i F i i i í a t f tf pessoa humana. 
(M) A 4 i p r « i a o '•obrowlda' â aqui utilizada no HiiTido tf i s t i ú m a n o de m B n u l e r i ç A f ) 
r n a u b ú n c * Do w n m w o sem que Mja cooMivatf a •ntoedtftf h M n e c M á r t a A 
l e A i i r a ç S o p » i o h c m m tf saus a n s & O í infllviajaie • DOtai^oi. obrtaaAianOo o 
A l c v u tf - f t f c t f o a -
fll) SOUTO, C ^ í M F m r a . S a í » u T t f i t f X P UTM r w * ^ om j n t f r n r t j p SD 
- =1 — 
a o a t r a b a k t i â d o r e s d c : ! » i i '5 individuais pravislos no art. 5^ da Lei Mai-
or, conforma aPaivo transe nlo: 
"... axifitam, na C o n s t i t u i ç ã o , regras imposftivas enfétcas. que afas-
tam a viaMidada |uridica de condutas ÍEScal izatònas e de controto 
da p r e s t a ç ã o de s e r v i ç o s qua agndam a Alwntade e dignidade b á s i -
cas da pessoa nafurar do trabalhador. IIustratiuamanla, a regra ge-
rai da igualdade de todos perante a lek o da Tnvioiabilidade do d í r e i -
- iBé vida, à liberdade, ã igualdade, â s e g u r a n ç a e á piopriedade" 
W - 5". caput CF/Q&). T a m b é m a regra geral de que" n i n g u é m s e r á 
submebdo... a tratamento desumano ou degradante" fart. III, 
CF/88]. Ainda a regra que deoiara "tnviotávsif i a í n t u r u d a d e , a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à 
i n d e n i z a ç ã o pelo dano motcrial ou moral decorrente de sua viola-
ç ã o " (art, 5*. X. CF/8a). Por f im as ragras gerais c l á s s i c a s no sen-
tido de que " n i n g u é m s e r á privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo tegaT (art,5*. Ut e UV, CF/sa}, 
Todas essas regras e p r i n c í p i o s gerais, portanto, cham uma fron-
teira i n e g á v e l ao exercido das f u n ç õ e s f i s c a i i z a t ó r i a s e de controle 
no contexto e m p r e g e l í c i o , colocando na tranca ilegalidade medi-
das que venham agredir ou cercear a liberdade e dignidade da pes-
soa que trabalha empregatidamenle no país."™^ 
Portanto, a a i â s t õ n c t a Oe p r o t e ç õ e s e s p e c í f i c a s ao trabalhador no 
art. 7^ da C o n s t i t u i ç ã o Fedsrai n ã o atasis a i i » d è n o i a , nas r e l a ç õ e s 
j u r í d i c a s e m p r e g a t í c i a s , dos dispositivos protelivos g e n é n c o s , e x t e n s í -
veis a todos oe c i d a d ã o s , previstos no art. 5" da Lei Maior a noutras 
normas j u r í d i c a s constitucionais. 
Taf a f i r m a ç ã o é enfrentada t a m b é m pete b g i c â j u í d k t a . Sabemos 
que a C o n s t i t u i ç ã o Federal de 1988 encontm-se logicamente drvxMa 
Hiti T í l u l o s " . que c o n t é m "Capítulos'', que contem "artigos", que c o n t ê m 
Tnasos" e "parágrafos", 
Essa dMs5o leva em c o n s i d e r a ç ã o coriceltos tógicos baseados na 
"teoria das dasses', no sentido de que uma classe é um conjunto de 
i n d i v í d u o s que preefv;f>em alguns repuisdos da a d m i s s ã o e que fazem 
com que entre etes hafa Ktentidade em determinado aspedo. 
E a p r ó p r i a teoria das classes, traz-nos a n o ç ã o de "subciasse", 
corrio sendo um conjunto inserto em outro conjunto de maior d i m e n s ã o . 
(68) Op. ca., p. 636-636. 
conjunto maior esse que abrange todos os elementos do conjunto me-
nor. Sobre a teoria de classe, transcrevamos os ensinamanlos de A/fred 
TefSkf. 
"De Ias funciones proposicionales con una variable litTs se afirma a 
menudo. que expresan una determinada p r o p t e ü a d de objetos, pro-
piedad ateeis a los objetos que Ia satisiacen y s ó i o a é s t o s (por 
^emplo, te f u n c ã ô n propostcional <x es drvisitie por 2> expresa 
dei n ú m e r o x i a p r o p i e d a d d e s e r d i v i s i b t e por2, o d e s e r p a r ) La 
clasB que coTesponOe a esta t u n c i ó n c o n t e n d r á . pues, como ele-
mentos, todos loa objetos poseedores de Ia oiteda propiedari, y a 
n t e g ú n atro. Oe esta forma, a Ioda propiedad de objetos se te p o d r á 
hacer corresponder un^ clase u n í v o c a m e n t e determinada. Ahora 
bien, U i n i b i é n eu verdadera Ia reciproca: a Ioda classe ae Ie pude 
asignar una propiedad posa Ida exdusivamento por los elementos 
de dicfia ctesse, a sabor ia propiedad do pedanecor a eHa, Por 
esto no es necessano, en Ia o p i n i ó n de muchos Lógicos, distinguir 
entre los conceptos de dase y propiedad; on outras palabias, una 
<deoria do propFedados> especial s e r í a innecesana.siendo sufici-
ente ia teoria oe cases.'*' 
Em suma, a "ciasse" envoNe todos os elementos que c o m p õ e m as 
S ü b c l a s s o s rieia insedas. E n ã o tornos d ú v i d a de que, seguindo a Cons-
l i l u i ç ã o tal d i v i s ã o í ó g i c a . tomos, de uma formai global, os "títulos" como 
classes envolvendo os "capí tu los' como subdasses. 
Portanto, os elementos contidos nas subciassas de uma mesma 
daseeou, melhor dizendo, incasu. os artigos que c o m p õ e m "capítulos" 
do um inasmo t f t u l o ' devem ser h a r r n ô r o c o B entre si, i m p o s s i t i i l í l a n d o , 
assrm, a c o n t r a d i ç ã o entre termos, a incompatibilidade eritre tais ele-
mentos. 
Analisando de torma msi3 c:ipr>cffica OG T í t u l o s ' da CooGti tuLção 
Federal de 1988, podemoevenficar que o "Capitulo r de cada T í t u l o tem. 
em si, regras g e n é r i c a s , a p ü c á v e i s a todos os demais c a p í t u l o s . Oe-
monatremos: 
— tito T í t i J o 11 — "Dos dtrertce e garantias fundameniab—. o Capftu-
to I trata dos tSreilos e deveres jndMduau e coletrwos', que s ã o 
regras de c o n t e ú d o g e n é r i c o a p l í c ã v e i s a todos os demais C a p í t u l o s 
desse Titulo: 
(60) TAPSKI, « t r e J . íffíwhicaôn a Is Lógica, p. 9S-I0O, ._ 
— 55 — 
— No Titulo III — Dfl o r g a n i z a ç á o do Estado — . o C a p í t u l o 1 trata 
'• Tta o r g a n i z a ç ã o po^Ftko-administnnva''. que c o n t é m regras gerata 
sobre a o r g a n i z a ç ã o e que s e r ã o aplicadas aos Capituloe de H e 
Vil, que tratam de cada unidade da o r g a n i z a ç ã o p o l í b c o - a d m i n í s -
irattva ndvidutamonte ( C ^ U o iJ — "Oa ü r i ã o ' , Capitulo ktl - "Dos 
Eatadoa Fudaradoa'- Gapiiulo JV — "Dos M u n i c í p i o s ' ; C^LMO V 
, — D o a s t n t o F a d e r a l . . . ' ) ; 
— No THub VII — "Oa O í d o m E c o n ô m i c a a Rnaricoira", o Capllulo 
' I t i a t a ' t ) o s p d r i c í p l o s g e m t a d a a 1 M a a d e e c o n õ m k : â ' , q u o c o r i T é m 
^ ' regras geron sobre a atividade e c o n ô m i c a a que s e r ã o apttcadas 
•oa C a p í t u l o s seguinlofi, mars e s p e c í f i c o s como o C a p í t u l o H que 
nomiatiza a pol í t ica urtmna, o CapllulO III que normaliza a pol í t ica 
agrtoolB e hj r id iár ia e o C a p l l u b IV que Trata do sistema financairo 
nAcionat 
^ ' - r t o l M V n — T t e O M m S o c t e r . o a t o â J o l M d a s T N s p o -
•lOÔM Gerab" da ordem aocial e q u « s e r ã o apicarte a temas 
, ftspecrticos contidos nos C a p í t u l o s seguintes, como rio C a p í t u l o 11 
— "Oa seguridade s o c a r no Capftito Ifl — ' D a e d u c a ç ã o , da cutu-
ra e d o desporto', no Capitulo tV — "Da c i ê n c i a o tecnologia'', e t c 
As e x c e ç õ e s a tal c o n s t a t a ç ã o s á o somente os T í t u l o s I a IX, que 
ante o teor dos mesmos, n ã o possuem C a p í t u l o s . 
Tal d e m o n s t r a ç ã o tem como otjJeOvo a l c a r i ç a r a o o n d u s ã a de que 
m denominados "Caprtutó r dc cada T í t u l o " da C o n s t i t u t ç ã o Federal 
exercerri a í u n ç ã o de emitir regras g e n e i K i u que s e r ã o aplicadas a Io-
dos o « demais C a p í t u b s a ele pertencentes, que tratam de temas mais 
e s p e c í f i c o s , corforme rai:iocjnio ababio: 
— o art. 7*da C o n s t i t u i ç ã o Federai de 1968 encontra-se inseito no 
C a p í t u l o II {'Dos Direitos Sociais') dg Titulo ü ("Dos Dirartoe e Qa-
, nnOas Fundamentais); 
• — o C f l p f S j l o I Oo T í t u l o II da CF/H8, q u t trata "Dos direitos e deve-
ras individuais a coletivos" (orl. 5^) emite regras gerais a s e w n 
aplicadas aos C a p í t u l o s II ('Dos direitos sociais), m c D a nacionaJi-
dada"). IV n>te Direitos Poimcoe~) e v (-Dos partidos polít icoe"): 
— os ertigos que c o m p õ e m o Capftito II (T)os í > i e r t o s Sooets") do 
TniAo II r O o s direitos e garantias fundamenlais') devem ser nler-
pretados levando em c o n s i d e r a ç ã o as r e ^ a s g e n é r i c a s contidas 
rte C t a p r M 1 (l>7s cireitos e devBiH incfvKluaB A l é m 
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de que è s r e l a ç õ e s juridktee emprogaticias s á o a p l i c á v e i s os dia-
posilTvos gerais de p r o t e ç ã o do ser humano. 
Aos trabalhadores, a l é m da garantia ds viiegnctoda hsKa, t a m b é m 
s â o a p l i c á v e i s todas as dimensfies de direitos l u n d a m e n t a t ó . 
RMpeitando os iimiiea d « a M < l M e í t a ç ã c , somos capazes, ante o 
todo ariahsado, M efliTTter que a C o n a l l u i ç ã o =ederal M 1 9 6 8 g a r a r t t a 
mtegndade t í s i c a do trabalhador, cabendo-nos investigar corro essa In-
tegridade

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