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PlanoDeAula_106465 13

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Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
13 
Tema 
Direito subjetivo 
Objetivos 
·   Apresentar a gênese da construção do conceito de direitos subjetivos; 
·   Fornecer os elementos caracterizadores relativos à classificação dos direitos subjetivos; 
·   Estabelecer a distinção entre direitos transmissíveis e intransmissíveis; 
·   Apresentar as questões relativas à inalienabilidade, sub-rogação e sucessão; 
·   Analisar a questão específica dos direitos adquiridos; 
·   Fornecer os conceitos relativos à figura do instituto do direito adquirido; 
·   Estabelecer a distinção entre direito adquirido, expectativa de direito e abuso de direito; 
·   Apresentar a forma como se manifesta a tutela constitucional do direito adquirido. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Direito subjetivo 
1.1. Conceito; 
1.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
1.3. Direito Adquirido. 
  
2. Direito adquirido 
2.1. Conceito; 
2.2. Distinção entre expectativa de direito e direito adquirido; 
2.3. A tutela constitucional do direito adquirido; 
2.4. A figura do abuso do direito. 
  
3. Classificação dos direitos subjetivos  
3.1. Direitos absolutos, relativos, patrimoniais (subdivisão), extrapatrimoniais (subdivisão), originários, derivados, principais e acessórios; 
3.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
3.3. A questão da inalienabilidade, da sub-rogação e da sucessão. 
  
Referências bibliográficas: 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito . 27. ed. 8ª. tiragem. São Paulo: Saraiva, 2009. ISBN 8502041266  
  
Nome do capítulo: Capítulo XX  Modalidades de direito subjetivo  
N. de páginas do capítulo: 11 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
Segue abaixo um breve resumo sobre a exposição do conteúdo, como sugestão ao professor: 
  
Direito Subjetivo 
  
Generalidades 
Enquanto para muitos autores a distinção entre o Direito objetivo e o subjetivo era familiar aos romanos, Michel Villey defende a tese de que para o Direito Romano clássico, 
o seu de cada um  era apenas o resultado da aplicação dos critérios da lei, "uma fração de coisas e não um poder sobre as coisas?. Para o ilustre professor da Universidade 
de Paris, o jus é definido no Digesto como o que é justo" ( id quod justum est ) ; aplicado ao indivíduo, a palavra designará a parte justa que lhe deverá ser atribuída ( jus 
suum cuique tribuendi  ) em relação aos outros, neste trabalho de repartição ( tributio ) entre vários que é a arte do jurista". 
A ideia do direito como atributo da pessoa e que lhe proporciona benefício somente teria sido claramente exposta no século XIV, por Guilherme de Occam, teólogo e filósofo 
inglês, na polêmica que travou com o Papa João XXII, a propósito dos bens que se achavam em poder da Ordem Franciscana. Para o Sumo Pontífice, aqueles religiosos não 
eram proprietários das coisas, não obstante o uso que delas faziam há longo tempo. Em defesa dos franciscanos, Guilherme de Occam desenvolve a sua argumentação, na 
qual se distingue o simples uso por concessão e revogável, do verdadeiro direito, que não pode ser desfeito, salvo por motivo especial, hipótese em que o titular do direito 
poderia reclamá-lo em juízo. Occam teria, assim, considerado dois aspectos do direito individual: o poder de agir e a condição de reclamar em juízo. 
No processo de fixação do conceito de direito subjetivo, foi importante a contribuição da escolástica espanhola, principalmente através de Suárez, que definiu como "o poder 
moral que se tem sobre uma coisa própria ou que de alguma maneira nos pertence?. Posteriormente, Hugo Grócio admitiu o novo conceito, também aceito por seus 
comentaristas Puffendorf, Feltmann, Thomasius, integrantes da Escola do Direito Natural. É reconhecida especial importância à adesão de Christian Wolf ( 1679-1754 ) ao 
novo conceito, sobretudo pela grande penetração de sua doutrina nas universidades europeias. 
  
A Natureza do Direito Subjetivo - Teorias Principais 
  
1. Teoria da Vontade " Para Bernhard Windscheid ( 1817?1892 ), jurisconsulto alemão, o direito subjetivo ?é o poder ou senhorio da vontade reconhecido pela ordem 
jurídica?. O maior crítico dessa teoria foi Hans Kelsen, que, através de vários exemplos, a refutou, demonstrando que a existência do direito subjetivo nem sempre depende 
da vontade de seu titular. Os incapazes, tanto os menores como os privados de razão e os ausentes, apesar de não possuírem vontade no sentido psicológico, têm direito 
subjetivo e o exercem através de seus representantes legais. Reconhecendo as críticas, Windscheid tentou salvar a sua teoria, esclarecendo que a vontade seria a da lei. 
Para Del Vecchio, a falha de Windscheid foi a de situar a vontade na pessoa do titular in concreto, enquanto que deveria considerar a vontade como simples potencialidade. A 
concepção do jusfilósofo italiano é uma variante da teoria de Windscheid, pois também inclui o elemento vontade ( querer ) em sua definição: "a faculdade de querer e de 
pretender, atribuída a um sujeito, à qual corresponde uma obrigação por parte dos outros." 
  
2.  Teoria do Interesse " Rudolf  von Ihering ( 1818?1892 ), jurisconsulto alemão, centralizou a ideia do direito subjetivo no elemento interesse, afirmando que direito 
subjetivo seria "o interesse juridicamente protegido?. As críticas feitas à teoria da vontade são repetidas aqui, com pequena variação. Os incapazes, não possuindo 
compreensão das coisas, não podem chegar a ter interesse e nem por isso ficam impedidos de gozar de certos direitos subjetivos. Considerado o elemento interesse sob o 
aspecto psicológico, é inegável que essa teoria já estaria implícita na da vontade, pois não é possível haver vontade sem interesse. Se tomarmos, porém, a palavra interesse 
não em caráter subjetivo, de acordo com o pensamento da pessoa, mas em seu aspecto objetivo, verificamos que a definição perde em muito a sua vulnerabilidade. O 
interesse, tomado não como "o meu"ou "o seu"interesse, mas tendo em vista os valores gerais da sociedade, não há dúvida de que é elemento integrante do direito 
subjetivo, de vez que este expressa sempre interesse de variada natureza, seja econômica, moral, artística etc.. Muitos criticam ainda esta teoria, entendendo que o seu 
autor confundiu a finalidade do direito subjetivo com a natureza. 
  
3. Teoria Eclética ? Georg Jellinek ( 1851-1911 ), jurisconsulto e publicista alemão, considerou insuficientes as teorias anteriores, julgando -as incompletas. O direito subjetivo 
não seria apenas vontade, nem exclusivamente interesse, mas a reunião de ambos. O direito subjetivo seria ?o bem ou interesse protegido pelo reconhecimento do poder da 
vontade?. As críticas feitas isoladamente à teoria da vontade e à do interesse foram acumuladas na presente. 
  
4. Teoria de Duguit " Seguindo a linha de pensamento de Augusto Comte, que chegou a afirmar que "dia chegará em que nosso único direito será o direito de cumprir o 
nosso dever... Em que um Direito Positivo não admitirá títulos celestes e assim a ideia do direito subjetivo desaparecerá...", Léon Duguit ( 1859 -1928 ), jurista e filósofo 
francês, no seu propósito de demolir antigos conceitos consagrados pela tradição, negou a ideia do direito subjetivo, substituindo-o pelo conceito de função social. Para 
Duguit, o ordenamento jurídico se fundamenta não na proteção dos direitos individuais, mas na necessidade de manter a estrutura social, cabendo a cada indivíduo cumprir 
uma função social.  
Teoria de Kelsen " Para o renomado jurista e filósofo austríaco, a função básica das normas jurídicas é a de impor o dever e, secundariamente, o poder de agir. O direito 
subjetivo não se distingue, em essência, do Direito objetivo.Afirmou Kelsen que ?o direito subjetivo não é algo distinto do Direito objetivo, é o Direito objetivo mesmo, de 
vez que quando se dirige, com a consequência jurídica por ele estabelecida, contra um sujeito concreto, impõe um dever, e quando se coloca à disposição do mesmo, 
concede uma faculdade". Por outro lado, reconheceu no direito subjetivo apenas um simples reflexo de um dever jurídico, "supérfluo do ponto de vista de uma descrição 
cientificamente exata da situação jurídica". 
  
Classificação dos Direitos Subjetivos 
A primeira classificação sobre o direito subjetivo refere-se ao seu conteúdo, figurando, como divisão maior, a relativa do Direito Público e Direito Privado. 
Direitos Subjetivos Públicos - O direito subjetivo público divide-se em direito de liberdade, de ação, de petição e direitos políticos. Em relação ao direito de liberdade, na 
legislação brasileira, como proteção fundamental, há os seguintes dispositivos:  
  
a)    Constituição Federal:  item II do art. 5º - -Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei? ( princípio denominado por norma de 
liberdade); 
b)   Código Penal: art. 146, que complementa o preceito constitucional   -Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por 
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda ? pena...? ( delito de constrangimento ilegal ); 
c)   Constituição Federal: item LXVIII do art. 5º - ?Conceder-se-á habeas corpus  sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.? 
  
O direito de ação consiste na possibilidade de se exigir do Estado, dentro das hipóteses previstas, a chamada prestação jurisdicional, isto é, que o Estado, através de seus 
órgãos competentes, tome conhecimento de determinado problema jurídico concreto, promovendo a aplicação do Direito. 
O direito de petição refere-se à obtenção de informação administrativa sobre o assunto de interesse do requerente. A Constituição Federal, no item XXXIV, a, do art. 5º, 
prevê tal hipótese. Qualquer pessoa poderá requerer aos poderes públicos, com direito à resposta. 
É através dos direitos políticos que os cidadãos participam do poder. Por eles, os cidadãos podem exercer as funções públicas tanto no exercício da função executiva, 
legislativa ou judiciária. Incluem-se, nos direitos políticos, os direitos de votar e de ser votado. 
  
Direitos Subjetivos Privados ? Sob o aspecto econômico, os direitos subjetivos privados dividem -se em patrimoniais e não patrimoniais. Os primeiros possuem valor de 
ordem material, podendo ser apreciados pecuniariamente, o que não sucede com os não patrimoniais, de natureza apenas moral. Os patrimoniais subdividem-se em reais, 
obrigacionais, sucessórios e intelectuais. Os direitos reais  jura in re   são aqueles que têm por objeto um bem móvel ou imóvel, como o domínio, usufruto, penhor. Os 
obrigacionais, também chamados de crédito ou pessoais, têm por objeto uma prestação pessoal, como ocorre no mútuo, contrato de trabalho etc. Sucessórios são os direitos 
que surgem em decorrência do falecimento de seu titular e são transmitidos aos seus herdeiros. Finalmente, os direitos intelectuais dizem respeito aos autores e inventores, 
que têm o privilégio de explorar a sua obra, com exclusão de outras pessoas.  
Os  direitos subjetivos de caráter não patrimonial desdobram-se em personalíssimos e familiais. Os primeiros são os direitos da pessoa em relação à sua vida, integridade 
corpórea e moral, nome etc. São também denominados inatos, porque tutelam o ser humano a partir do seu nascimento. Já os direitos familiais decorrem do vínculo familiar, 
como os existentes entre os cônjuges e seus filhos.  
 A segunda classificação dos direitos subjetivos refere-se à sua eficácia. Dividem -se em absolutos e relativos, transmissíveis e não transmissíveis, principais e acessórios, 
renunciáveis e não renunciáveis. 
  
Direitos absolutos e relativos - Nos direitos absolutos, a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São direitos que podem ser exigidos contra todos os membros 
da coletividade, por isso são chamados erga omnes . O direito de propriedade é um exemplo. Os relativos podem ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou 
pessoas, que participam da relação jurídica. Os direitos de crédito, de locação, os familiais são alguns exemplos de direitos que podem ser exigidos apenas contra 
determinada ou determinadas pessoas, com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou por imposição legal.  
  
Direitos transmissíveis e não transmissíveis - Como os nomes indicam, os primeiros são aqueles direitos subjetivos que podem passar de um titular para outro, o que não 
ocorre com os não transmissíveis, seja por absoluta impossibilidade de fato ou por impossibilidade legal. Os direitos personalíssimos são sempre direitos não transmissíveis, 
enquanto os direitos reais, em princípio, são transmissíveis.  
  
Direitos principais e acessórios - Os primeiros são independentes, autônomos, enquanto que os direitos acessórios estão na dependência do principal, não possuindo 
existência autônoma. No contrato de mútuo, o direito ao capital é o principal e o direito aos juros é acessório. 
  
Direitos renunciáveis e não renunciáveis - Os direitos renunciáveis são aqueles em que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a condição de titular do direito sem a 
intenção de transferi-lo a outrem, enquanto que nos irrenunciáveis tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos. 
  
Direito Adquirido 
(www.adur-rj.org.br/4poli/documentos/direito_adquirido.pdf) 
  
Do direito adquirido: 
Direito Adquirido é um direito fundamental, alcançado constitucionalmente, sendo encontrando no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, bem como na Lei de Introdução ao 
Código Civil, em seu art. 6º,§ 2º. 
A Constituição Federal restringe-se a descrever, in verbis: 
"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada." 
A LICC declara, in verbis: 
"Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição 
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem." 
A doutrina sobre o instituto é ampla e traz influência dos mais diversos doutrinadores. 
FRANCESCO GABBA, em sua obra ?A Teoria della Retroattività delle Leggi?, Roma, 1891, escreveu: 
  
É direito adquirido todo direito que: 
a)    Seja consequência de um fato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo valer não se tenha 
apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo; e que 
b)   Nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu. 
  
REYNALDO PORCHAT, na obra Retroatividade das Leis Civis , São Paulo, Duprat, 1909, acrescenta: 
"Direitos adquiridos são consequências de fatos jurídicos passados, mas consequências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efetivas. Direito adquirido é, 
pois, todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer."(PORCHAT,1909) 
O pensamento da doutrina brasileira a respeito do assunto está bem representado na lição de CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, in Instituições de Direito Civil , Rio de 
Janeiro, Forense, 1961, v. 1, p. 125, exposta assim: 
  
Direito adquirido, in genere, abrange os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa exercer, como aqueles cujo começo de exercício tenha termo pré-fixo ou 
condição preestabelecida, inalterável ao arbítrio de outrem. São os direitos definitivamente incorporadosao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam 
os que simplesmente dependem de um prazo para seu exercício, sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode 
atingi-los, sem retroatividade.( PEREIRA,1961, P.125) 
  
A relação do direito subjetivo com o direito adquirido: 
Para compreender melhor o conceito de direito adquirido, necessário se faz a análise do conceito do direito subjetivo, que é a possibilidade de ser exercido, de maneira 
garantida, aquilo que as normas de direito atribuem a alguém como próprio. Em outras palavras, é um direito garantido por normas jurídicas e exercitável segundo a 
vontade do titular. Se o direito subjetivo não for exercido, sobrevindo uma lei nova, tal direito transmuda-se em direito adquirido, porque era um direito exercitável e 
exigível à vontade do seu titular e que já tinha incorporado ao seu patrimônio, para ser exercido quando conviesse. [1] 
Todavia, se o direito não configurava direito subjetivo antes da lei nova, mas sim mera expectativa de direito, não se transforma em direito adquirido sob o regime da lei 
nova, pois esta não se aplica à situação objetiva constituída sob a vigência da lei anterior. 
  
A expectativa de direito e o direito adquirido: 
  
Necessário também a conceituação do que seja expectativa de direito, para caracterizar de uma maneira mais clara o que é direito adquirido. 
  
Pois bem, a expectativa de direito configura-se por uma sequência de elementos constitutivos, cuja aquisição faz -se gradativamente; portanto, não se trata de um fato 
jurídico que provoca instantaneamente a aquisição de um direito. O direito está em formação e constitui -se quando o último elemento advém. Há, por conseguinte, 
expectativa de direito quando ainda não se perfizerem os requisitos adequados ao seu advento, sendo possível sua futura aquisição. 
  
Se houve fatos adequados para sua aquisição, que contudo ainda depende de outros que não ocorreram, caracteriza-se uma situação jurídica preliminar; logo, o interessado 
tem expectativa em alcançar o direito em formação, expectativa de direito que poderá ser frustrada ou não. Por exemplo, no caso do direito ao benefício de aposentadoria, 
somente quem possuir simultaneamente todos os requisitos necessários terá direito a aposentar -se. 
  
Faltando um destes requisitos, o titular gozará apenas de mera expectativa de direito. Sobre a definição de expectativa de direito aqui aventada, leciona o afamado mestre 
Orlando Gomes: 
"A legítima expectativa não constitui direito. A conservação, que é automática, somente se dá quando se completam os elementos necessários ao nascimento da situação 
jurídica definitiva." 
  
Dessa maneira, quem tem expectativa de direito não é titular do direito em formação, diferentemente do sujeito que já possui o direito adquirido. Este último instituto traz a 
segurança jurídica e a tranquilidade nas relações humanas formadas no Direito. Sem ele, desapareceria o respeito pela ordem já constituída. 
  
Para ilustrar o entendimento, convém transcrever a lição de Maria Helena Diniz, que assim cita outros autores, caracterizando o direito adquirido em face de lei 
nova: 
Nesse mesmo sentido, Agostinho Alvim define direito adquirido como consequência de um ato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo em que esse fato foi 
realizado, embora a ocasião de o fazer valer não se tivesse apresentado antes da existência de uma lei nova sobre o mesmo, e que, nos termos da lei sob o império 
da qual se deu o fato de que se originou, tenha entrado imediatamente para o patrimônio de quem o adquiriu. (DINIZ) 
  
Manuel A. Domingues de Andrade esclarece-nos que o patrimônio vem a ser o conjunto das relações jurídicas (direitos e obrigações), efetivamente constituídas, como valor 
econômico, da atividade de uma pessoa física ou jurídica de direito privado ou de direito público. Portanto, o que não pode ser atingido pelo império da lei nova é apenas o 
direito adquirido e jamais o direito in fieri ou em potência, a spes juris ou simples expectativa de direito, visto que não se pode admitir direito adquirido a adquirir direito. 
Realmente, expectativa de direito é mera possibilidade ou esperança de adquirir um direito por estar na dependência de um requisito legal ou de um fato aquisitivo 
específico. O direito adquirido já se integrou ao patrimônio, enquanto a expectativa de direito dependerá de acontecimento futuro para poder constituir um direito. 
  
A lei nova não poderá retroagir no que atina ao direito em si, mas poderá ser aplicada no que for concernente ao uso ou exercício desse direito, mesmo às situações 
já existentes antes de sua publicação. (ANDRADE) 
  
  
Abuso de Direito 
  
A Teoria do Abuso de Direito foi construída sob a simples ilação "o meu direito termina quando começa o do outro". Superando o ideal burguês de afirmação das liberdades 
públicas, em que se edificaram direitos subjetivos absolutos, intangíveis, os imperativos da convivência em sociedade inspiraram a moral hodierna a exigir a relativização 
dos interesses. Do individualismo ao socialismo. 
  
Sobre o tema, lapidar é a lição de Pontes de Miranda, colacionada por Rui Stoco [2]: 
Quando o legislador percebe que o contorno de um direito é demasiado, ou que a força, ou intensidade, com que se exerce é nociva, ou perigosa a extensão em que 
se lança, concebe as regras jurídicas que o limitem, que lhe ponham menos avançados os marcos, que lhe tirem um pouco da violência ou do espaço que conquista. 
  
No Direito Brasileiro, a teoria do abuso de direito não fora consagrada expressamente no Código Civil de 1916. Este apenas mencionava no art.160, I, quando proibia a 
prática de atos irregulares. O legislador de 1916 não fez distinção entre ato ilícito e ato abusivo, equiparando os dois institutos.  
  
Como sua construção se deu através da jurisprudência, diante de análise de casos concretos, que não encontravam solução satisfatória na doutrina dos atos ilícitos, o que 
acarretou uma controvérsia no cerne do conceito, no que diz respeito aos critérios de aferição da abusividade; tem -se usado o princípio da boa-fé objetiva como parâmetro 
para limitar o exercício de um direito, logo o dever de não abusar reflete na observância dos valores sociais, como a boa-fé, os bons costumes e a destinação social ou 
econômica do direito. 
  
A positivação da teoria do abuso de direito, no ordenamento brasileiro, ocorre com o advento do Novo Código Civil em 2002, no artigo 187, que traz limites éticos ao 
exercício dos direitos subjetivos e de outras prerrogativas individuais, impondo ao titular do direito a observância dos princípios da boa-fé e a finalidade social ou econômica 
do direito. O Diploma Civil pátrio inseriu a teoria do abuso de direito no capitulo dos atos ilícitos. Sendo assim, tornam-se confusos seus contornos e enseja a 
responsabilidade subjetiva  fundada na culpa, oposto ao fundamento da aplicação da teoria, que exige que a aferição de abusividade no exercício de um direito seja objetiva, 
declarada no confronto entre o praticado e os valores tutelados no ordenamento constitucional e civil. 
  
O art. 187 do Novo Código Civil /2002 e a tese do abuso do direito. 
  
O art. 187 do NCC teve sua redação inspirada no Direito Civil Português, que preceitua, no seu art. 334, "é ilegítimo o exercício de um direito quando o titular exceda 
manifestadamente os limites impostos pela boa-fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou econômico desse direito". Ao comparar as redações dos dispositivos brasileiro 
e português, percebe-se apenas uma alteração na ordem das expressões, o dispositivo brasileiro expõe da seguinte maneira: "Também comete o ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes". 
  
A tese do abuso de direito, no ordenamentobrasileiro, é expressa no título dos atos ilícitos, sendo necessário aqui conceituar o que seja este tipo de ato: que é a conduta 
voluntária, comissiva ou omissiva, negligente ou imprudente, que viola direitos e causa prejuízos a terceiros. 
  
Extrai-se de imediato uma ilação: a de que, entre nós, o abuso de direito está, de  lege data, equiparado ao ato ilícito. Semelhante equiparação, já se registrou, não é pacífica 
na doutrina. E, na verdade, parece razoável, do ponto de vista teórico, o entendimento que distingue as duas figuras. Uma é a situação de quem, sem poder de invocar a 
titularidade de direito algum, simplesmente viola direito alheio. Outra situação é a daquele que, sendo titular de um direito, irregularmente o exerce [3]. 
  
Apesar de se encontrar consagrado no capítulo dos atos ilícitos, a estes não se equipara, pelos seguintes fundamentos: o abuso de direito é caracterizado por um exercício 
que aparentemente é regular, mas desrespeita a finalidade do direito, enquanto no ato ilícito há um vício na estrutura formal de um direito. Os dois institutos se assemelham, 
porém não se confundem por terem efeitos idênticos. 
O ilícito, sendo resultante da violação de limites formais, pressupõe a existência de concretas proibições normativas, ou seja, é a própria lei que irá fixar limites para o 
exercício do direito. No abuso não há limites definidos e fixados aprioristicamente, pois estes serão dados pelos princípios que regem o ordenamento os quais contêm seus 
valores fundamentais. (HELENA CARPENA, 2003, p.382) 
  
A caracterização do ato ilícito é direta e mais evidente, logo que há uma norma jurídica tipificando uma conduta, enquanto o abuso se constatará a partir do momento que 
houver uma desconformidade entre a conduta e o fim que a lei impõe. 
  
Com esta teoria, pretende-se assegurar o interesse coletivo nas relações interpessoais, pautando o interesse individual nos pressupostos ético -sociais, tais como a boa-fé, os 
bons costumes e a função socioeconômica que cada direito resguarda. 
  
O estudo do abuso de direito é a pesquisa dos encontros, dos ferimentos, que os direitos se fazem. Se pudessem ser exercidos sem outros limites que os da lei escrita, com 
indiferenças, se não desprezo, da missão social das relações jurídicas, os absolutistas teriam razão. Mas a despeito da intransigência deles, fruto da crença a que se aludiu, a 
vida sempre obrigou a que os direitos se adaptassem entre si, no plano do exercício. Conceptualmente, os seus limites, os seus contornos, são os que a lei dá... Na 
realidade, quer dizer " quando se lançam na vida, quando se exercitam " têm de coexistir, têm de conformar-se uns com os outros. 
  
O instituto do abuso de direito traz a premissa da relativização dos direitos, visando evitar o exercício abusivo desses pelos seus titulares, com escopo de garantir o bem-
estar das relações jurídicas na sociedade. Logo, todo aquele que excede os parâmetros da boa -fé objetiva, dos bons costumes e a finalidade social ou econômica dos direito 
ou prerrogativa, deve ter sua conduta repelida pelo Direito, já que o exercício absoluto de um direito causa um desequilíbrio nos valores ético-sociais, que fundamentam a 
vida em sociedade. 
  
1.   O fato de o titular não ter exercido o direito que lhe pertence quando da entrada de uma lei nova, não configura motivo para que esta venha prejudicar o que de direito já 
é seu. Quem tem o direito não é obrigado a exercitá-lo, só o faz quando quiser. A aquisição do direito não pressupõe seu exercício. A possibilidade do exercício do direito 
subjetivo foi adquirida na superveniência da lei velha, tornando-se direito adquirido quando a lei nova vier alterar as bases normativas sob as quais foi constituído. 
2.   STOCO, Rui. Abuso do Direito e Má-fé Processual.2.ed. São Paulo: Saraiva,   2003, p. 56 e 57. 
3.   MOREIRA, José Carlos Barbosa. Novo Código Civil  Doutrinas (VII): Abuso do Direito. Revista Síntese De Direito Civil e Processual Civil. Editora Síntese. Nº 26. nov-dez 
2003 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e 
estudado enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a 
aplicação dos casos concretos, a saber: 
  
CASO CONCRETO 1 
  
Casimiro Cunha, titular de vasto patrimônio e sem herdeiros necessários, sabendo que está gravemente doente e que brevemente poderá morrer, resolve fazer um testamento 
público e estipular como legatário Luiz Guimarães, contemplando -o com todo seu patrimônio. Em relação ao caso acima, pergunta-se: 
Quais as formas de aquisição de direitos que se darão pela transmissão do patrimônio, via testamento, com a morte de Casimiro Cunha? Explique cada uma delas. 
  
CASO CONCRETO 2 
Marcos Menezes adquiriu a titularidade de um bem imóvel, localizado na cidade de Friburgo, através de doação efetuada por seu primo Paulo da Silva Menezes. Ao receber o 
documento de doação, Marcos tomou as devidas providências de registro do bem em seu nome. Pelo exposto, que modalidades de aquisição de direitos ocorreram na relação 
jurídica de doação supramencionada? 
  
QUESTÃO OBJETIVA: (Resposta justificada) 
  
1- A questão apresenta duas proposições, escolha dentre as alternativas abaixo a correta, fundamentando sua resposta:  
A aquisição originária é aquela que nasce no mesmo momento em que se origina o direito para o titutar 
PORQUE 
esse titular pode receber o bem através de ato  inter vivos ou mortis causa . 
  
(A)  se as duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. 
<!--[if !supportLists]-->(B)  <!--[endif]-->se as duas são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. 
<!--[if !supportLists]-->(C) <!--[endif]--> se a primeira é verdadeira e a segunda é falsa. 
<!--[if !supportLists]-->(D) <!--[endif]-->se a primeira é falsa e a segunda é verdadeira. 
<!--[if !supportLists]-->(E)  <!--[endif]-->as duas são falsas. 
Plano de Aula: Introdução ao Estudo do Direito 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Estácio de Sá Página 1 / 4
Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
13 
Tema 
Direito subjetivo 
Objetivos 
·   Apresentar a gênese da construção do conceito de direitos subjetivos; 
·   Fornecer os elementos caracterizadores relativos à classificação dos direitos subjetivos; 
·   Estabelecer a distinção entre direitos transmissíveis e intransmissíveis; 
·   Apresentar as questões relativas à inalienabilidade, sub-rogação e sucessão; 
·   Analisar a questão específica dos direitos adquiridos; 
·   Fornecer os conceitos relativos à figura do instituto do direito adquirido; 
·   Estabelecer a distinção entre direito adquirido, expectativa de direito e abuso de direito; 
·   Apresentar a forma como se manifesta a tutela constitucional do direito adquirido. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Direito subjetivo 
1.1. Conceito; 
1.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
1.3. Direito Adquirido. 
  
2. Direito adquirido 
2.1. Conceito; 
2.2. Distinção entre expectativa de direito e direito adquirido; 
2.3. A tutela constitucional do direito adquirido; 
2.4. A figura do abuso do direito. 
  
3. Classificação dos direitos subjetivos  
3.1. Direitos absolutos, relativos, patrimoniais (subdivisão), extrapatrimoniais (subdivisão), originários, derivados, principais e acessórios; 
3.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
3.3. A questão da inalienabilidade, da sub-rogação e da sucessão. 
  
Referências bibliográficas: 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito . 27. ed. 8ª. tiragem. São Paulo: Saraiva, 2009. ISBN 8502041266  
  
Nome do capítulo:Capítulo XX  Modalidades de direito subjetivo  
N. de páginas do capítulo: 11 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
Segue abaixo um breve resumo sobre a exposição do conteúdo, como sugestão ao professor: 
  
Direito Subjetivo 
  
Generalidades 
Enquanto para muitos autores a distinção entre o Direito objetivo e o subjetivo era familiar aos romanos, Michel Villey defende a tese de que para o Direito Romano clássico, 
o seu de cada um  era apenas o resultado da aplicação dos critérios da lei, "uma fração de coisas e não um poder sobre as coisas?. Para o ilustre professor da Universidade 
de Paris, o jus é definido no Digesto como o que é justo" ( id quod justum est ) ; aplicado ao indivíduo, a palavra designará a parte justa que lhe deverá ser atribuída ( jus 
suum cuique tribuendi  ) em relação aos outros, neste trabalho de repartição ( tributio ) entre vários que é a arte do jurista". 
A ideia do direito como atributo da pessoa e que lhe proporciona benefício somente teria sido claramente exposta no século XIV, por Guilherme de Occam, teólogo e filósofo 
inglês, na polêmica que travou com o Papa João XXII, a propósito dos bens que se achavam em poder da Ordem Franciscana. Para o Sumo Pontífice, aqueles religiosos não 
eram proprietários das coisas, não obstante o uso que delas faziam há longo tempo. Em defesa dos franciscanos, Guilherme de Occam desenvolve a sua argumentação, na 
qual se distingue o simples uso por concessão e revogável, do verdadeiro direito, que não pode ser desfeito, salvo por motivo especial, hipótese em que o titular do direito 
poderia reclamá-lo em juízo. Occam teria, assim, considerado dois aspectos do direito individual: o poder de agir e a condição de reclamar em juízo. 
No processo de fixação do conceito de direito subjetivo, foi importante a contribuição da escolástica espanhola, principalmente através de Suárez, que definiu como "o poder 
moral que se tem sobre uma coisa própria ou que de alguma maneira nos pertence?. Posteriormente, Hugo Grócio admitiu o novo conceito, também aceito por seus 
comentaristas Puffendorf, Feltmann, Thomasius, integrantes da Escola do Direito Natural. É reconhecida especial importância à adesão de Christian Wolf ( 1679-1754 ) ao 
novo conceito, sobretudo pela grande penetração de sua doutrina nas universidades europeias. 
  
A Natureza do Direito Subjetivo - Teorias Principais 
  
1. Teoria da Vontade " Para Bernhard Windscheid ( 1817?1892 ), jurisconsulto alemão, o direito subjetivo ?é o poder ou senhorio da vontade reconhecido pela ordem 
jurídica?. O maior crítico dessa teoria foi Hans Kelsen, que, através de vários exemplos, a refutou, demonstrando que a existência do direito subjetivo nem sempre depende 
da vontade de seu titular. Os incapazes, tanto os menores como os privados de razão e os ausentes, apesar de não possuírem vontade no sentido psicológico, têm direito 
subjetivo e o exercem através de seus representantes legais. Reconhecendo as críticas, Windscheid tentou salvar a sua teoria, esclarecendo que a vontade seria a da lei. 
Para Del Vecchio, a falha de Windscheid foi a de situar a vontade na pessoa do titular in concreto, enquanto que deveria considerar a vontade como simples potencialidade. A 
concepção do jusfilósofo italiano é uma variante da teoria de Windscheid, pois também inclui o elemento vontade ( querer ) em sua definição: "a faculdade de querer e de 
pretender, atribuída a um sujeito, à qual corresponde uma obrigação por parte dos outros." 
  
2.  Teoria do Interesse " Rudolf  von Ihering ( 1818?1892 ), jurisconsulto alemão, centralizou a ideia do direito subjetivo no elemento interesse, afirmando que direito 
subjetivo seria "o interesse juridicamente protegido?. As críticas feitas à teoria da vontade são repetidas aqui, com pequena variação. Os incapazes, não possuindo 
compreensão das coisas, não podem chegar a ter interesse e nem por isso ficam impedidos de gozar de certos direitos subjetivos. Considerado o elemento interesse sob o 
aspecto psicológico, é inegável que essa teoria já estaria implícita na da vontade, pois não é possível haver vontade sem interesse. Se tomarmos, porém, a palavra interesse 
não em caráter subjetivo, de acordo com o pensamento da pessoa, mas em seu aspecto objetivo, verificamos que a definição perde em muito a sua vulnerabilidade. O 
interesse, tomado não como "o meu"ou "o seu"interesse, mas tendo em vista os valores gerais da sociedade, não há dúvida de que é elemento integrante do direito 
subjetivo, de vez que este expressa sempre interesse de variada natureza, seja econômica, moral, artística etc.. Muitos criticam ainda esta teoria, entendendo que o seu 
autor confundiu a finalidade do direito subjetivo com a natureza. 
  
3. Teoria Eclética ? Georg Jellinek ( 1851-1911 ), jurisconsulto e publicista alemão, considerou insuficientes as teorias anteriores, julgando -as incompletas. O direito subjetivo 
não seria apenas vontade, nem exclusivamente interesse, mas a reunião de ambos. O direito subjetivo seria ?o bem ou interesse protegido pelo reconhecimento do poder da 
vontade?. As críticas feitas isoladamente à teoria da vontade e à do interesse foram acumuladas na presente. 
  
4. Teoria de Duguit " Seguindo a linha de pensamento de Augusto Comte, que chegou a afirmar que "dia chegará em que nosso único direito será o direito de cumprir o 
nosso dever... Em que um Direito Positivo não admitirá títulos celestes e assim a ideia do direito subjetivo desaparecerá...", Léon Duguit ( 1859 -1928 ), jurista e filósofo 
francês, no seu propósito de demolir antigos conceitos consagrados pela tradição, negou a ideia do direito subjetivo, substituindo-o pelo conceito de função social. Para 
Duguit, o ordenamento jurídico se fundamenta não na proteção dos direitos individuais, mas na necessidade de manter a estrutura social, cabendo a cada indivíduo cumprir 
uma função social.  
Teoria de Kelsen " Para o renomado jurista e filósofo austríaco, a função básica das normas jurídicas é a de impor o dever e, secundariamente, o poder de agir. O direito 
subjetivo não se distingue, em essência, do Direito objetivo. Afirmou Kelsen que ?o direito subjetivo não é algo distinto do Direito objetivo, é o Direito objetivo mesmo, de 
vez que quando se dirige, com a consequência jurídica por ele estabelecida, contra um sujeito concreto, impõe um dever, e quando se coloca à disposição do mesmo, 
concede uma faculdade". Por outro lado, reconheceu no direito subjetivo apenas um simples reflexo de um dever jurídico, "supérfluo do ponto de vista de uma descrição 
cientificamente exata da situação jurídica". 
  
Classificação dos Direitos Subjetivos 
A primeira classificação sobre o direito subjetivo refere-se ao seu conteúdo, figurando, como divisão maior, a relativa do Direito Público e Direito Privado. 
Direitos Subjetivos Públicos - O direito subjetivo público divide-se em direito de liberdade, de ação, de petição e direitos políticos. Em relação ao direito de liberdade, na 
legislação brasileira, como proteção fundamental, há os seguintes dispositivos:  
  
a)    Constituição Federal:  item II do art. 5º - -Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei? ( princípio denominado por norma de 
liberdade); 
b)   Código Penal: art. 146, que complementa o preceito constitucional   -Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por 
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda ? pena...? ( delito de constrangimento ilegal ); 
c)   Constituição Federal: item LXVIII do art. 5º - ?Conceder-se-á habeas corpus  sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abusode poder.? 
  
O direito de ação consiste na possibilidade de se exigir do Estado, dentro das hipóteses previstas, a chamada prestação jurisdicional, isto é, que o Estado, através de seus 
órgãos competentes, tome conhecimento de determinado problema jurídico concreto, promovendo a aplicação do Direito. 
O direito de petição refere-se à obtenção de informação administrativa sobre o assunto de interesse do requerente. A Constituição Federal, no item XXXIV, a, do art. 5º, 
prevê tal hipótese. Qualquer pessoa poderá requerer aos poderes públicos, com direito à resposta. 
É através dos direitos políticos que os cidadãos participam do poder. Por eles, os cidadãos podem exercer as funções públicas tanto no exercício da função executiva, 
legislativa ou judiciária. Incluem-se, nos direitos políticos, os direitos de votar e de ser votado. 
  
Direitos Subjetivos Privados ? Sob o aspecto econômico, os direitos subjetivos privados dividem -se em patrimoniais e não patrimoniais. Os primeiros possuem valor de 
ordem material, podendo ser apreciados pecuniariamente, o que não sucede com os não patrimoniais, de natureza apenas moral. Os patrimoniais subdividem-se em reais, 
obrigacionais, sucessórios e intelectuais. Os direitos reais  jura in re   são aqueles que têm por objeto um bem móvel ou imóvel, como o domínio, usufruto, penhor. Os 
obrigacionais, também chamados de crédito ou pessoais, têm por objeto uma prestação pessoal, como ocorre no mútuo, contrato de trabalho etc. Sucessórios são os direitos 
que surgem em decorrência do falecimento de seu titular e são transmitidos aos seus herdeiros. Finalmente, os direitos intelectuais dizem respeito aos autores e inventores, 
que têm o privilégio de explorar a sua obra, com exclusão de outras pessoas.  
Os  direitos subjetivos de caráter não patrimonial desdobram-se em personalíssimos e familiais. Os primeiros são os direitos da pessoa em relação à sua vida, integridade 
corpórea e moral, nome etc. São também denominados inatos, porque tutelam o ser humano a partir do seu nascimento. Já os direitos familiais decorrem do vínculo familiar, 
como os existentes entre os cônjuges e seus filhos.  
 A segunda classificação dos direitos subjetivos refere-se à sua eficácia. Dividem -se em absolutos e relativos, transmissíveis e não transmissíveis, principais e acessórios, 
renunciáveis e não renunciáveis. 
  
Direitos absolutos e relativos - Nos direitos absolutos, a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São direitos que podem ser exigidos contra todos os membros 
da coletividade, por isso são chamados erga omnes . O direito de propriedade é um exemplo. Os relativos podem ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou 
pessoas, que participam da relação jurídica. Os direitos de crédito, de locação, os familiais são alguns exemplos de direitos que podem ser exigidos apenas contra 
determinada ou determinadas pessoas, com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou por imposição legal.  
  
Direitos transmissíveis e não transmissíveis - Como os nomes indicam, os primeiros são aqueles direitos subjetivos que podem passar de um titular para outro, o que não 
ocorre com os não transmissíveis, seja por absoluta impossibilidade de fato ou por impossibilidade legal. Os direitos personalíssimos são sempre direitos não transmissíveis, 
enquanto os direitos reais, em princípio, são transmissíveis.  
  
Direitos principais e acessórios - Os primeiros são independentes, autônomos, enquanto que os direitos acessórios estão na dependência do principal, não possuindo 
existência autônoma. No contrato de mútuo, o direito ao capital é o principal e o direito aos juros é acessório. 
  
Direitos renunciáveis e não renunciáveis - Os direitos renunciáveis são aqueles em que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a condição de titular do direito sem a 
intenção de transferi-lo a outrem, enquanto que nos irrenunciáveis tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos. 
  
Direito Adquirido 
(www.adur-rj.org.br/4poli/documentos/direito_adquirido.pdf) 
  
Do direito adquirido: 
Direito Adquirido é um direito fundamental, alcançado constitucionalmente, sendo encontrando no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, bem como na Lei de Introdução ao 
Código Civil, em seu art. 6º,§ 2º. 
A Constituição Federal restringe-se a descrever, in verbis: 
"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada." 
A LICC declara, in verbis: 
"Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição 
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem." 
A doutrina sobre o instituto é ampla e traz influência dos mais diversos doutrinadores. 
FRANCESCO GABBA, em sua obra ?A Teoria della Retroattività delle Leggi?, Roma, 1891, escreveu: 
  
É direito adquirido todo direito que: 
a)    Seja consequência de um fato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo valer não se tenha 
apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo; e que 
b)   Nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu. 
  
REYNALDO PORCHAT, na obra Retroatividade das Leis Civis , São Paulo, Duprat, 1909, acrescenta: 
"Direitos adquiridos são consequências de fatos jurídicos passados, mas consequências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efetivas. Direito adquirido é, 
pois, todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer."(PORCHAT,1909) 
O pensamento da doutrina brasileira a respeito do assunto está bem representado na lição de CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, in Instituições de Direito Civil , Rio de 
Janeiro, Forense, 1961, v. 1, p. 125, exposta assim: 
  
Direito adquirido, in genere, abrange os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa exercer, como aqueles cujo começo de exercício tenha termo pré-fixo ou 
condição preestabelecida, inalterável ao arbítrio de outrem. São os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam 
os que simplesmente dependem de um prazo para seu exercício, sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode 
atingi-los, sem retroatividade.( PEREIRA,1961, P.125) 
  
A relação do direito subjetivo com o direito adquirido: 
Para compreender melhor o conceito de direito adquirido, necessário se faz a análise do conceito do direito subjetivo, que é a possibilidade de ser exercido, de maneira 
garantida, aquilo que as normas de direito atribuem a alguém como próprio. Em outras palavras, é um direito garantido por normas jurídicas e exercitável segundo a 
vontade do titular. Se o direito subjetivo não for exercido, sobrevindo uma lei nova, tal direito transmuda-se em direito adquirido, porque era um direito exercitável e 
exigível à vontade do seu titular e que já tinha incorporado ao seu patrimônio, para ser exercido quando conviesse. [1] 
Todavia, se o direito não configurava direito subjetivo antes da lei nova, mas sim mera expectativa de direito, não se transforma em direito adquirido sob o regime da lei 
nova, pois esta não se aplica à situação objetiva constituída sob a vigência da lei anterior. 
  
A expectativa de direito e o direito adquirido: 
  
Necessário também a conceituação do que seja expectativa de direito, para caracterizar de uma maneira mais clara o que é direito adquirido. 
  
Pois bem, a expectativa de direito configura-se por uma sequência de elementos constitutivos, cuja aquisição faz -se gradativamente; portanto, não se trata de um fato 
jurídico que provoca instantaneamente a aquisição de um direito. O direito está em formaçãoe constitui -se quando o último elemento advém. Há, por conseguinte, 
expectativa de direito quando ainda não se perfizerem os requisitos adequados ao seu advento, sendo possível sua futura aquisição. 
  
Se houve fatos adequados para sua aquisição, que contudo ainda depende de outros que não ocorreram, caracteriza-se uma situação jurídica preliminar; logo, o interessado 
tem expectativa em alcançar o direito em formação, expectativa de direito que poderá ser frustrada ou não. Por exemplo, no caso do direito ao benefício de aposentadoria, 
somente quem possuir simultaneamente todos os requisitos necessários terá direito a aposentar -se. 
  
Faltando um destes requisitos, o titular gozará apenas de mera expectativa de direito. Sobre a definição de expectativa de direito aqui aventada, leciona o afamado mestre 
Orlando Gomes: 
"A legítima expectativa não constitui direito. A conservação, que é automática, somente se dá quando se completam os elementos necessários ao nascimento da situação 
jurídica definitiva." 
  
Dessa maneira, quem tem expectativa de direito não é titular do direito em formação, diferentemente do sujeito que já possui o direito adquirido. Este último instituto traz a 
segurança jurídica e a tranquilidade nas relações humanas formadas no Direito. Sem ele, desapareceria o respeito pela ordem já constituída. 
  
Para ilustrar o entendimento, convém transcrever a lição de Maria Helena Diniz, que assim cita outros autores, caracterizando o direito adquirido em face de lei 
nova: 
Nesse mesmo sentido, Agostinho Alvim define direito adquirido como consequência de um ato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo em que esse fato foi 
realizado, embora a ocasião de o fazer valer não se tivesse apresentado antes da existência de uma lei nova sobre o mesmo, e que, nos termos da lei sob o império 
da qual se deu o fato de que se originou, tenha entrado imediatamente para o patrimônio de quem o adquiriu. (DINIZ) 
  
Manuel A. Domingues de Andrade esclarece-nos que o patrimônio vem a ser o conjunto das relações jurídicas (direitos e obrigações), efetivamente constituídas, como valor 
econômico, da atividade de uma pessoa física ou jurídica de direito privado ou de direito público. Portanto, o que não pode ser atingido pelo império da lei nova é apenas o 
direito adquirido e jamais o direito in fieri ou em potência, a spes juris ou simples expectativa de direito, visto que não se pode admitir direito adquirido a adquirir direito. 
Realmente, expectativa de direito é mera possibilidade ou esperança de adquirir um direito por estar na dependência de um requisito legal ou de um fato aquisitivo 
específico. O direito adquirido já se integrou ao patrimônio, enquanto a expectativa de direito dependerá de acontecimento futuro para poder constituir um direito. 
  
A lei nova não poderá retroagir no que atina ao direito em si, mas poderá ser aplicada no que for concernente ao uso ou exercício desse direito, mesmo às situações 
já existentes antes de sua publicação. (ANDRADE) 
  
  
Abuso de Direito 
  
A Teoria do Abuso de Direito foi construída sob a simples ilação "o meu direito termina quando começa o do outro". Superando o ideal burguês de afirmação das liberdades 
públicas, em que se edificaram direitos subjetivos absolutos, intangíveis, os imperativos da convivência em sociedade inspiraram a moral hodierna a exigir a relativização 
dos interesses. Do individualismo ao socialismo. 
  
Sobre o tema, lapidar é a lição de Pontes de Miranda, colacionada por Rui Stoco [2]: 
Quando o legislador percebe que o contorno de um direito é demasiado, ou que a força, ou intensidade, com que se exerce é nociva, ou perigosa a extensão em que 
se lança, concebe as regras jurídicas que o limitem, que lhe ponham menos avançados os marcos, que lhe tirem um pouco da violência ou do espaço que conquista. 
  
No Direito Brasileiro, a teoria do abuso de direito não fora consagrada expressamente no Código Civil de 1916. Este apenas mencionava no art.160, I, quando proibia a 
prática de atos irregulares. O legislador de 1916 não fez distinção entre ato ilícito e ato abusivo, equiparando os dois institutos.  
  
Como sua construção se deu através da jurisprudência, diante de análise de casos concretos, que não encontravam solução satisfatória na doutrina dos atos ilícitos, o que 
acarretou uma controvérsia no cerne do conceito, no que diz respeito aos critérios de aferição da abusividade; tem -se usado o princípio da boa-fé objetiva como parâmetro 
para limitar o exercício de um direito, logo o dever de não abusar reflete na observância dos valores sociais, como a boa-fé, os bons costumes e a destinação social ou 
econômica do direito. 
  
A positivação da teoria do abuso de direito, no ordenamento brasileiro, ocorre com o advento do Novo Código Civil em 2002, no artigo 187, que traz limites éticos ao 
exercício dos direitos subjetivos e de outras prerrogativas individuais, impondo ao titular do direito a observância dos princípios da boa-fé e a finalidade social ou econômica 
do direito. O Diploma Civil pátrio inseriu a teoria do abuso de direito no capitulo dos atos ilícitos. Sendo assim, tornam-se confusos seus contornos e enseja a 
responsabilidade subjetiva  fundada na culpa, oposto ao fundamento da aplicação da teoria, que exige que a aferição de abusividade no exercício de um direito seja objetiva, 
declarada no confronto entre o praticado e os valores tutelados no ordenamento constitucional e civil. 
  
O art. 187 do Novo Código Civil /2002 e a tese do abuso do direito. 
  
O art. 187 do NCC teve sua redação inspirada no Direito Civil Português, que preceitua, no seu art. 334, "é ilegítimo o exercício de um direito quando o titular exceda 
manifestadamente os limites impostos pela boa-fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou econômico desse direito". Ao comparar as redações dos dispositivos brasileiro 
e português, percebe-se apenas uma alteração na ordem das expressões, o dispositivo brasileiro expõe da seguinte maneira: "Também comete o ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes". 
  
A tese do abuso de direito, no ordenamento brasileiro, é expressa no título dos atos ilícitos, sendo necessário aqui conceituar o que seja este tipo de ato: que é a conduta 
voluntária, comissiva ou omissiva, negligente ou imprudente, que viola direitos e causa prejuízos a terceiros. 
  
Extrai-se de imediato uma ilação: a de que, entre nós, o abuso de direito está, de  lege data, equiparado ao ato ilícito. Semelhante equiparação, já se registrou, não é pacífica 
na doutrina. E, na verdade, parece razoável, do ponto de vista teórico, o entendimento que distingue as duas figuras. Uma é a situação de quem, sem poder de invocar a 
titularidade de direito algum, simplesmente viola direito alheio. Outra situação é a daquele que, sendo titular de um direito, irregularmente o exerce [3]. 
  
Apesar de se encontrar consagrado no capítulo dos atos ilícitos, a estes não se equipara, pelos seguintes fundamentos: o abuso de direito é caracterizado por um exercício 
que aparentemente é regular, mas desrespeita a finalidade do direito, enquanto no ato ilícito há um vício na estrutura formal de um direito. Os dois institutos se assemelham, 
porém não se confundem por terem efeitos idênticos. 
O ilícito, sendo resultante da violação de limites formais, pressupõe a existência de concretas proibições normativas, ou seja, é a própria lei que irá fixar limites para o 
exercício do direito. No abuso não há limites definidos e fixados aprioristicamente, pois estes serão dados pelos princípios que regem o ordenamento os quais contêm seus 
valores fundamentais. (HELENA CARPENA, 2003, p.382) 
  
A caracterização do ato ilícito é direta e mais evidente, logo que há uma norma jurídica tipificando uma conduta, enquanto o abuso seconstatará a partir do momento que 
houver uma desconformidade entre a conduta e o fim que a lei impõe. 
  
Com esta teoria, pretende-se assegurar o interesse coletivo nas relações interpessoais, pautando o interesse individual nos pressupostos ético -sociais, tais como a boa-fé, os 
bons costumes e a função socioeconômica que cada direito resguarda. 
  
O estudo do abuso de direito é a pesquisa dos encontros, dos ferimentos, que os direitos se fazem. Se pudessem ser exercidos sem outros limites que os da lei escrita, com 
indiferenças, se não desprezo, da missão social das relações jurídicas, os absolutistas teriam razão. Mas a despeito da intransigência deles, fruto da crença a que se aludiu, a 
vida sempre obrigou a que os direitos se adaptassem entre si, no plano do exercício. Conceptualmente, os seus limites, os seus contornos, são os que a lei dá... Na 
realidade, quer dizer " quando se lançam na vida, quando se exercitam " têm de coexistir, têm de conformar-se uns com os outros. 
  
O instituto do abuso de direito traz a premissa da relativização dos direitos, visando evitar o exercício abusivo desses pelos seus titulares, com escopo de garantir o bem-
estar das relações jurídicas na sociedade. Logo, todo aquele que excede os parâmetros da boa -fé objetiva, dos bons costumes e a finalidade social ou econômica dos direito 
ou prerrogativa, deve ter sua conduta repelida pelo Direito, já que o exercício absoluto de um direito causa um desequilíbrio nos valores ético-sociais, que fundamentam a 
vida em sociedade. 
  
1.   O fato de o titular não ter exercido o direito que lhe pertence quando da entrada de uma lei nova, não configura motivo para que esta venha prejudicar o que de direito já 
é seu. Quem tem o direito não é obrigado a exercitá-lo, só o faz quando quiser. A aquisição do direito não pressupõe seu exercício. A possibilidade do exercício do direito 
subjetivo foi adquirida na superveniência da lei velha, tornando-se direito adquirido quando a lei nova vier alterar as bases normativas sob as quais foi constituído. 
2.   STOCO, Rui. Abuso do Direito e Má-fé Processual.2.ed. São Paulo: Saraiva,   2003, p. 56 e 57. 
3.   MOREIRA, José Carlos Barbosa. Novo Código Civil  Doutrinas (VII): Abuso do Direito. Revista Síntese De Direito Civil e Processual Civil. Editora Síntese. Nº 26. nov-dez 
2003 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e 
estudado enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a 
aplicação dos casos concretos, a saber: 
  
CASO CONCRETO 1 
  
Casimiro Cunha, titular de vasto patrimônio e sem herdeiros necessários, sabendo que está gravemente doente e que brevemente poderá morrer, resolve fazer um testamento 
público e estipular como legatário Luiz Guimarães, contemplando -o com todo seu patrimônio. Em relação ao caso acima, pergunta-se: 
Quais as formas de aquisição de direitos que se darão pela transmissão do patrimônio, via testamento, com a morte de Casimiro Cunha? Explique cada uma delas. 
  
CASO CONCRETO 2 
Marcos Menezes adquiriu a titularidade de um bem imóvel, localizado na cidade de Friburgo, através de doação efetuada por seu primo Paulo da Silva Menezes. Ao receber o 
documento de doação, Marcos tomou as devidas providências de registro do bem em seu nome. Pelo exposto, que modalidades de aquisição de direitos ocorreram na relação 
jurídica de doação supramencionada? 
  
QUESTÃO OBJETIVA: (Resposta justificada) 
  
1- A questão apresenta duas proposições, escolha dentre as alternativas abaixo a correta, fundamentando sua resposta:  
A aquisição originária é aquela que nasce no mesmo momento em que se origina o direito para o titutar 
PORQUE 
esse titular pode receber o bem através de ato  inter vivos ou mortis causa . 
  
(A)  se as duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. 
<!--[if !supportLists]-->(B)  <!--[endif]-->se as duas são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. 
<!--[if !supportLists]-->(C) <!--[endif]--> se a primeira é verdadeira e a segunda é falsa. 
<!--[if !supportLists]-->(D) <!--[endif]-->se a primeira é falsa e a segunda é verdadeira. 
<!--[if !supportLists]-->(E)  <!--[endif]-->as duas são falsas. 
Plano de Aula: Introdução ao Estudo do Direito 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Estácio de Sá Página 2 / 4
Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
13 
Tema 
Direito subjetivo 
Objetivos 
·   Apresentar a gênese da construção do conceito de direitos subjetivos; 
·   Fornecer os elementos caracterizadores relativos à classificação dos direitos subjetivos; 
·   Estabelecer a distinção entre direitos transmissíveis e intransmissíveis; 
·   Apresentar as questões relativas à inalienabilidade, sub-rogação e sucessão; 
·   Analisar a questão específica dos direitos adquiridos; 
·   Fornecer os conceitos relativos à figura do instituto do direito adquirido; 
·   Estabelecer a distinção entre direito adquirido, expectativa de direito e abuso de direito; 
·   Apresentar a forma como se manifesta a tutela constitucional do direito adquirido. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Direito subjetivo 
1.1. Conceito; 
1.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
1.3. Direito Adquirido. 
  
2. Direito adquirido 
2.1. Conceito; 
2.2. Distinção entre expectativa de direito e direito adquirido; 
2.3. A tutela constitucional do direito adquirido; 
2.4. A figura do abuso do direito. 
  
3. Classificação dos direitos subjetivos  
3.1. Direitos absolutos, relativos, patrimoniais (subdivisão), extrapatrimoniais (subdivisão), originários, derivados, principais e acessórios; 
3.2. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis; 
3.3. A questão da inalienabilidade, da sub-rogação e da sucessão. 
  
Referências bibliográficas: 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito . 27. ed. 8ª. tiragem. São Paulo: Saraiva, 2009. ISBN 8502041266  
  
Nome do capítulo: Capítulo XX  Modalidades de direito subjetivo  
N. de páginas do capítulo: 11 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
Segue abaixo um breve resumo sobre a exposição do conteúdo, como sugestão ao professor: 
  
Direito Subjetivo 
  
Generalidades 
Enquanto para muitos autores a distinção entre o Direito objetivo e o subjetivo era familiar aos romanos, Michel Villey defende a tese de que para o Direito Romano clássico, 
o seu de cada um  era apenas o resultado da aplicação dos critérios da lei, "uma fração de coisas e não um poder sobre as coisas?. Para o ilustre professor da Universidade 
de Paris, o jus é definido no Digesto como o que é justo" ( id quod justum est ) ; aplicado ao indivíduo, a palavra designará a parte justa que lhe deverá ser atribuída ( jus 
suum cuique tribuendi  ) em relação aos outros, neste trabalho de repartição ( tributio ) entre vários que é a arte do jurista". 
A ideia do direito como atributo da pessoa e que lhe proporciona benefício somente teria sido claramente exposta no século XIV, por Guilherme de Occam, teólogo e filósofo 
inglês, na polêmica que travou com o Papa João XXII, a propósito dos bens que se achavam em poder da Ordem Franciscana. Para o Sumo Pontífice, aqueles religiosos não 
eram proprietários das coisas, não obstante o uso que delas faziam há longo tempo. Em defesa dos franciscanos, Guilherme de Occam desenvolve a sua argumentação, na 
qual se distingue o simples uso por concessão e revogável, do verdadeiro direito, que não pode ser desfeito, salvo por motivo especial,hipótese em que o titular do direito 
poderia reclamá-lo em juízo. Occam teria, assim, considerado dois aspectos do direito individual: o poder de agir e a condição de reclamar em juízo. 
No processo de fixação do conceito de direito subjetivo, foi importante a contribuição da escolástica espanhola, principalmente através de Suárez, que definiu como "o poder 
moral que se tem sobre uma coisa própria ou que de alguma maneira nos pertence?. Posteriormente, Hugo Grócio admitiu o novo conceito, também aceito por seus 
comentaristas Puffendorf, Feltmann, Thomasius, integrantes da Escola do Direito Natural. É reconhecida especial importância à adesão de Christian Wolf ( 1679-1754 ) ao 
novo conceito, sobretudo pela grande penetração de sua doutrina nas universidades europeias. 
  
A Natureza do Direito Subjetivo - Teorias Principais 
  
1. Teoria da Vontade " Para Bernhard Windscheid ( 1817?1892 ), jurisconsulto alemão, o direito subjetivo ?é o poder ou senhorio da vontade reconhecido pela ordem 
jurídica?. O maior crítico dessa teoria foi Hans Kelsen, que, através de vários exemplos, a refutou, demonstrando que a existência do direito subjetivo nem sempre depende 
da vontade de seu titular. Os incapazes, tanto os menores como os privados de razão e os ausentes, apesar de não possuírem vontade no sentido psicológico, têm direito 
subjetivo e o exercem através de seus representantes legais. Reconhecendo as críticas, Windscheid tentou salvar a sua teoria, esclarecendo que a vontade seria a da lei. 
Para Del Vecchio, a falha de Windscheid foi a de situar a vontade na pessoa do titular in concreto, enquanto que deveria considerar a vontade como simples potencialidade. A 
concepção do jusfilósofo italiano é uma variante da teoria de Windscheid, pois também inclui o elemento vontade ( querer ) em sua definição: "a faculdade de querer e de 
pretender, atribuída a um sujeito, à qual corresponde uma obrigação por parte dos outros." 
  
2.  Teoria do Interesse " Rudolf  von Ihering ( 1818?1892 ), jurisconsulto alemão, centralizou a ideia do direito subjetivo no elemento interesse, afirmando que direito 
subjetivo seria "o interesse juridicamente protegido?. As críticas feitas à teoria da vontade são repetidas aqui, com pequena variação. Os incapazes, não possuindo 
compreensão das coisas, não podem chegar a ter interesse e nem por isso ficam impedidos de gozar de certos direitos subjetivos. Considerado o elemento interesse sob o 
aspecto psicológico, é inegável que essa teoria já estaria implícita na da vontade, pois não é possível haver vontade sem interesse. Se tomarmos, porém, a palavra interesse 
não em caráter subjetivo, de acordo com o pensamento da pessoa, mas em seu aspecto objetivo, verificamos que a definição perde em muito a sua vulnerabilidade. O 
interesse, tomado não como "o meu"ou "o seu"interesse, mas tendo em vista os valores gerais da sociedade, não há dúvida de que é elemento integrante do direito 
subjetivo, de vez que este expressa sempre interesse de variada natureza, seja econômica, moral, artística etc.. Muitos criticam ainda esta teoria, entendendo que o seu 
autor confundiu a finalidade do direito subjetivo com a natureza. 
  
3. Teoria Eclética ? Georg Jellinek ( 1851-1911 ), jurisconsulto e publicista alemão, considerou insuficientes as teorias anteriores, julgando -as incompletas. O direito subjetivo 
não seria apenas vontade, nem exclusivamente interesse, mas a reunião de ambos. O direito subjetivo seria ?o bem ou interesse protegido pelo reconhecimento do poder da 
vontade?. As críticas feitas isoladamente à teoria da vontade e à do interesse foram acumuladas na presente. 
  
4. Teoria de Duguit " Seguindo a linha de pensamento de Augusto Comte, que chegou a afirmar que "dia chegará em que nosso único direito será o direito de cumprir o 
nosso dever... Em que um Direito Positivo não admitirá títulos celestes e assim a ideia do direito subjetivo desaparecerá...", Léon Duguit ( 1859 -1928 ), jurista e filósofo 
francês, no seu propósito de demolir antigos conceitos consagrados pela tradição, negou a ideia do direito subjetivo, substituindo-o pelo conceito de função social. Para 
Duguit, o ordenamento jurídico se fundamenta não na proteção dos direitos individuais, mas na necessidade de manter a estrutura social, cabendo a cada indivíduo cumprir 
uma função social.  
Teoria de Kelsen " Para o renomado jurista e filósofo austríaco, a função básica das normas jurídicas é a de impor o dever e, secundariamente, o poder de agir. O direito 
subjetivo não se distingue, em essência, do Direito objetivo. Afirmou Kelsen que ?o direito subjetivo não é algo distinto do Direito objetivo, é o Direito objetivo mesmo, de 
vez que quando se dirige, com a consequência jurídica por ele estabelecida, contra um sujeito concreto, impõe um dever, e quando se coloca à disposição do mesmo, 
concede uma faculdade". Por outro lado, reconheceu no direito subjetivo apenas um simples reflexo de um dever jurídico, "supérfluo do ponto de vista de uma descrição 
cientificamente exata da situação jurídica". 
  
Classificação dos Direitos Subjetivos 
A primeira classificação sobre o direito subjetivo refere-se ao seu conteúdo, figurando, como divisão maior, a relativa do Direito Público e Direito Privado. 
Direitos Subjetivos Públicos - O direito subjetivo público divide-se em direito de liberdade, de ação, de petição e direitos políticos. Em relação ao direito de liberdade, na 
legislação brasileira, como proteção fundamental, há os seguintes dispositivos:  
  
a)    Constituição Federal:  item II do art. 5º - -Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei? ( princípio denominado por norma de 
liberdade); 
b)   Código Penal: art. 146, que complementa o preceito constitucional   -Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por 
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda ? pena...? ( delito de constrangimento ilegal ); 
c)   Constituição Federal: item LXVIII do art. 5º - ?Conceder-se-á habeas corpus  sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.? 
  
O direito de ação consiste na possibilidade de se exigir do Estado, dentro das hipóteses previstas, a chamada prestação jurisdicional, isto é, que o Estado, através de seus 
órgãos competentes, tome conhecimento de determinado problema jurídico concreto, promovendo a aplicação do Direito. 
O direito de petição refere-se à obtenção de informação administrativa sobre o assunto de interesse do requerente. A Constituição Federal, no item XXXIV, a, do art. 5º, 
prevê tal hipótese. Qualquer pessoa poderá requerer aos poderes públicos, com direito à resposta. 
É através dos direitos políticos que os cidadãos participam do poder. Por eles, os cidadãos podem exercer as funções públicas tanto no exercício da função executiva, 
legislativa ou judiciária. Incluem-se, nos direitos políticos, os direitos de votar e de ser votado. 
  
Direitos Subjetivos Privados ? Sob o aspecto econômico, os direitos subjetivos privados dividem -se em patrimoniais e não patrimoniais. Os primeiros possuem valor de 
ordem material, podendo ser apreciados pecuniariamente, o que não sucede com os não patrimoniais, de natureza apenas moral. Os patrimoniais subdividem-se em reais, 
obrigacionais, sucessórios e intelectuais. Os direitos reais  jura in re   são aqueles que têm por objeto um bem móvel ou imóvel, como o domínio, usufruto, penhor. Os 
obrigacionais, também chamados de crédito ou pessoais, têm por objeto uma prestação pessoal, como ocorre no mútuo, contrato de trabalho etc. Sucessórios são os direitos 
que surgem em decorrência do falecimento de seu titular e são transmitidos aos seus herdeiros. Finalmente, os direitos intelectuais dizem respeito aos autores e inventores,que têm o privilégio de explorar a sua obra, com exclusão de outras pessoas.  
Os  direitos subjetivos de caráter não patrimonial desdobram-se em personalíssimos e familiais. Os primeiros são os direitos da pessoa em relação à sua vida, integridade 
corpórea e moral, nome etc. São também denominados inatos, porque tutelam o ser humano a partir do seu nascimento. Já os direitos familiais decorrem do vínculo familiar, 
como os existentes entre os cônjuges e seus filhos.  
 A segunda classificação dos direitos subjetivos refere-se à sua eficácia. Dividem -se em absolutos e relativos, transmissíveis e não transmissíveis, principais e acessórios, 
renunciáveis e não renunciáveis. 
  
Direitos absolutos e relativos - Nos direitos absolutos, a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São direitos que podem ser exigidos contra todos os membros 
da coletividade, por isso são chamados erga omnes . O direito de propriedade é um exemplo. Os relativos podem ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou 
pessoas, que participam da relação jurídica. Os direitos de crédito, de locação, os familiais são alguns exemplos de direitos que podem ser exigidos apenas contra 
determinada ou determinadas pessoas, com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou por imposição legal.  
  
Direitos transmissíveis e não transmissíveis - Como os nomes indicam, os primeiros são aqueles direitos subjetivos que podem passar de um titular para outro, o que não 
ocorre com os não transmissíveis, seja por absoluta impossibilidade de fato ou por impossibilidade legal. Os direitos personalíssimos são sempre direitos não transmissíveis, 
enquanto os direitos reais, em princípio, são transmissíveis.  
  
Direitos principais e acessórios - Os primeiros são independentes, autônomos, enquanto que os direitos acessórios estão na dependência do principal, não possuindo 
existência autônoma. No contrato de mútuo, o direito ao capital é o principal e o direito aos juros é acessório. 
  
Direitos renunciáveis e não renunciáveis - Os direitos renunciáveis são aqueles em que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a condição de titular do direito sem a 
intenção de transferi-lo a outrem, enquanto que nos irrenunciáveis tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos. 
  
Direito Adquirido 
(www.adur-rj.org.br/4poli/documentos/direito_adquirido.pdf) 
  
Do direito adquirido: 
Direito Adquirido é um direito fundamental, alcançado constitucionalmente, sendo encontrando no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, bem como na Lei de Introdução ao 
Código Civil, em seu art. 6º,§ 2º. 
A Constituição Federal restringe-se a descrever, in verbis: 
"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada." 
A LICC declara, in verbis: 
"Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição 
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem." 
A doutrina sobre o instituto é ampla e traz influência dos mais diversos doutrinadores. 
FRANCESCO GABBA, em sua obra ?A Teoria della Retroattività delle Leggi?, Roma, 1891, escreveu: 
  
É direito adquirido todo direito que: 
a)    Seja consequência de um fato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo valer não se tenha 
apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo; e que 
b)   Nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu. 
  
REYNALDO PORCHAT, na obra Retroatividade das Leis Civis , São Paulo, Duprat, 1909, acrescenta: 
"Direitos adquiridos são consequências de fatos jurídicos passados, mas consequências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efetivas. Direito adquirido é, 
pois, todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer."(PORCHAT,1909) 
O pensamento da doutrina brasileira a respeito do assunto está bem representado na lição de CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, in Instituições de Direito Civil , Rio de 
Janeiro, Forense, 1961, v. 1, p. 125, exposta assim: 
  
Direito adquirido, in genere, abrange os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa exercer, como aqueles cujo começo de exercício tenha termo pré-fixo ou 
condição preestabelecida, inalterável ao arbítrio de outrem. São os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam 
os que simplesmente dependem de um prazo para seu exercício, sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode 
atingi-los, sem retroatividade.( PEREIRA,1961, P.125) 
  
A relação do direito subjetivo com o direito adquirido: 
Para compreender melhor o conceito de direito adquirido, necessário se faz a análise do conceito do direito subjetivo, que é a possibilidade de ser exercido, de maneira 
garantida, aquilo que as normas de direito atribuem a alguém como próprio. Em outras palavras, é um direito garantido por normas jurídicas e exercitável segundo a 
vontade do titular. Se o direito subjetivo não for exercido, sobrevindo uma lei nova, tal direito transmuda-se em direito adquirido, porque era um direito exercitável e 
exigível à vontade do seu titular e que já tinha incorporado ao seu patrimônio, para ser exercido quando conviesse. [1] 
Todavia, se o direito não configurava direito subjetivo antes da lei nova, mas sim mera expectativa de direito, não se transforma em direito adquirido sob o regime da lei 
nova, pois esta não se aplica à situação objetiva constituída sob a vigência da lei anterior. 
  
A expectativa de direito e o direito adquirido: 
  
Necessário também a conceituação do que seja expectativa de direito, para caracterizar de uma maneira mais clara o que é direito adquirido. 
  
Pois bem, a expectativa de direito configura-se por uma sequência de elementos constitutivos, cuja aquisição faz -se gradativamente; portanto, não se trata de um fato 
jurídico que provoca instantaneamente a aquisição de um direito. O direito está em formação e constitui -se quando o último elemento advém. Há, por conseguinte, 
expectativa de direito quando ainda não se perfizerem os requisitos adequados ao seu advento, sendo possível sua futura aquisição. 
  
Se houve fatos adequados para sua aquisição, que contudo ainda depende de outros que não ocorreram, caracteriza-se uma situação jurídica preliminar; logo, o interessado 
tem expectativa em alcançar o direito em formação, expectativa de direito que poderá ser frustrada ou não. Por exemplo, no caso do direito ao benefício de aposentadoria, 
somente quem possuir simultaneamente todos os requisitos necessários terá direito a aposentar -se. 
  
Faltando um destes requisitos, o titular gozará apenas de mera expectativa de direito. Sobre a definição de expectativa de direito aqui aventada, leciona o afamado mestre 
Orlando Gomes: 
"A legítima expectativa não constitui direito. A conservação, que é automática, somente se dá quando se completam os elementos necessários ao nascimento da situação 
jurídica definitiva." 
  
Dessa maneira, quem tem expectativa de direito não é titular do direito em formação, diferentemente do sujeito que já possui o direito adquirido. Este último instituto traz a 
segurança jurídica e a tranquilidade nas relações humanas formadas no Direito. Sem ele, desapareceria o respeito pela ordem já constituída. 
  
Para ilustrar o entendimento, convém transcrever a lição de Maria Helena Diniz, que assim cita outros autores, caracterizando o direito adquirido em face de lei 
nova: 
Nesse mesmo sentido, Agostinho Alvim define direito adquirido como consequência de um ato idôneo a produzi-lo, em virtude da lei do tempo em que esse fato foi 
realizado,

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