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Direitos reais Posse e Propriedade

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CURSO ON-LINE – DIREITO CIVIL – TRE-PE 
ANALISTA JUDICIÁRIO 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 1 
AULA 9 – POSSE E PROPRIEDADE 
 O direito das coisas é o complexo das normas reguladoras das 
relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de 
apropriação pelo homem. O Código Civil divide a matéria em duas 
partes: posse e direitos reais, dedicando, nesta última, títulos 
específicos à propriedade e a cada um de seus desmembramentos, 
denominados direitos reais sobre coisas alheias. 
Desta forma, estudaremos que a propriedade é um direito mais 
abrangente que a posse, pois esta representa parte dos poderes da 
primeira (lembre-se do GRUD). 
Neste contexto, o legislador não deu margem para a existência de 
dúvidas e apontou um rol taxativo dos direitos reais através do art. 
1.225 do CC. 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela 
Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, 
de 2007)
Percebe-se que a posse, por representar apenas parte do direito 
de propriedade não está elencada no rol apresentado. Com isso, conclui-
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se que a posse é um instituto do Direito das Coisas, mas não é um 
Direito Real. 
A POSSE NÃO É UM DIREITO REAL, APESAR DE SER UM 
INSTITUTO JURÍDICO ESTUDADO DENTRO DO DIREITO DAS 
COISAS !!! 
 
Cabe também diferenciarmos os conceitos de direto real e de 
direito pessoal. 
- Direito real: é o poder jurídico, direito e imediato, do titular sobre a 
coisa, com exclusividade e contra todos (oponibilidade erga omnes); 
- Direito pessoal: consiste em uma relação jurídica pela qual o sujeito 
ativo pode exigir do sujeito passivo uma determinada prestação (efeito 
inter partes). 
A tabela a seguir permite uma melhor visualização: 
Direitos Reais Direitos Pessoais 
Têm por objeto a res (coisa); 
Podem ser exercidos contra a própria 
pessoa; 
Prevalece o ter; Prevalece o fazer; 
Recaem sobre coisas 
determinadas; 
Podem não recair sobre coisa certa; 
São de enumeração legal 
taxativa; 
Ultrapassam a enumeração da lei; 
Se exercitam contra todos 
(efeitos erga omnes). 
Pressupõem um sujeito passivo 
discriminado (efeitos inter partes). 
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Pensando em detalhar o caminho a ser percorrido na aula de hoje, 
temos, a seguir, uma tabela onde consta a divisão que a doutrina 
costuma fazer sobre os direitos reais. 
DIVISÃO DOS DIREITOS REAIS 
DIREITOS 
REAIS 
SOBRE 
COISA 
PRÓPRIA 
- propriedade 
DIREITOS 
REAIS 
SOBRE 
COISA 
ALHEIA 
DE GOZO OU FRUIÇÃO 
- enfiteuse 
- superfície 
- servidão predial 
- usufruto 
- uso 
- habitação 
DE GARANTIA 
- penhor 
- hipoteca 
- anticrese 
- alienação fiduciária em 
garantia 
DE AQUISIÇÃO 
- compromisso ou 
promessa irretratável de 
compra e venda 
DE INTERESSE SOCIAL 
- concessão de uso 
especial para fins de 
moradia 
- concessão de direito 
real de uso 
Tendo em vista que o assunto direitos reais sobre coisas alheias 
não foi contemplado no edital do seu concurso, então vamos tratar 
apenas da posse e propriedade. 
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Posse 
Duas teorias relevantes conceituam o que vem a ser a posse: a 
teoria subjetiva e a teoria objetiva. 
- Teoria subjetiva: tendo Savigny como principal responsável, define 
a posse como um poder físico sobre a coisa com a intenção de tê-la para 
si. Dessa forma, podemos apontar dois elementos caracterizadores: o 
corpus e o animus. O corpus seria o contato físico com a coisa, isto é, 
a detenção, ao passo que o animus, seria a intenção de possuí-la como 
dono. 
De acordo com a teoria subjetiva, o locatário e o usufrutuário não 
seriam possuidores, pois eles detêm a coisa em nome alheio, sem a 
intenção de permanecer definitivamente com ela (animus domini). 
- Teoria objetiva: tendo Ihering como principal responsável, sustenta 
que a existência da posse dependeria exclusivamente do corpus, 
dispensando-se a presença do animus. 
De acordo com a teoria objetiva, o locatário e o usufrutuário 
seriam possuidores, pois eles detêm a coisa e possuem contato físico 
com ela. 
Qual foi a teoria adotada pelo Código Civil de 2002? 
A resposta se dá através do art. 1.196 do CC: 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o 
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade. 
A boa doutrina diz que o dispositivo em questão se refere à teoria 
objetiva. 
A posse é uma situação de fato que, por aparentar ser uma 
situação de Direito, recebe proteção da lei. Ou seja, pode-se dizer que a 
posse é o efetivo exercício de alguns dos poderes da propriedade 
(gozar, reaver, usar e dispor da coisa) por aquele que não é o 
proprietário (é apenas possuidor). 
Nem sempre a aparência de dono revela a existência da posse. È o 
que ocorre com a detenção, também chamada de flâmulo de posse
ou posse natural. O detentor é aquele que se acha em relação de 
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dependência para com outro e conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas, bem como aquele que 
pratica os atos por mera permissão ou tolerância. Vide o art. 1.198 do 
CC: 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em 
relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome 
deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como 
prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, 
presume-se detentor, até que prove o contrário. 
Como exemplos de detentores, temos o vigia e o caseiro com 
relação à casa que tomam conta; o motorista com relação ao carro que 
dirige; etc. 
CONCEITO DE POSSE 
- Teoria subjetiva (Savigny): corpus (poder de disponibilidade sobre 
a coisa) e animus domini (intenção de ter a coisa). 
- Teoria objetiva (Ihering): corpus (poder de disponibilidade sobre 
a coisa). 
O Código Civil adotou a teoria objetiva, portanto, para haver posse 
não precisa haver intenção de ter a coisa. É possível a posse sem a 
propriedade (intenção de ter a coisa). 
Ex: um inquilino de um apartamento é possuidor (tem disponibilidade 
sobre a coisa), mas não é proprietário (não é o dono da coisa). 
ESPÉCIES DE POSSE 
Existem várias formas de se classificar a posse, dentre elas as 
principais são: 
a) Posse direta e indireta; 
b) Posse justa e injusta; 
c) Posse de boa-fé e de má-fé; 
d) Posse ad usucapionem e ad interdicta; 
e) Posse nova e velha; e 
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f) Posse pro diviso e pro indiviso. 
POSSE DIRETA X POSSE INDIRETA 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a 
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto 
defender a sua posse contra o indireto. 
Quando duas pessoas têm a posse sobre a mesma coisa,mas em 
graus diferentes, ficando um dos possuidores privados do uso imediato 
da coisa, a posse se divide em direta e indireta. 
Possuidor direto ou imediato: é o que detêm materialmente a 
coisa (ex: locatário). 
Possuidor indireto ou mediato: é o proprietário que concede o 
direito de usar a outro (ex: locador). 
O dispositivo legal em análise, além da divisão da posse em direta 
e indireta, trata de dois importantes conceitos: 
1) a posse direta não anula a indireta: dessa forma, se algumas 
pessoas invadem um imóvel alugado, o locador (possuidor indireto) 
pode mover ações possessórias contra os invasores, mesmo que o 
possuidor direto seja o inquilino (locatário); e 
2) o possuidor direto pode defender sua posse contra o 
possuidor indireto: dessa forma, se o locador invade o imóvel locado 
durante a vigência do contrato de locação, o locatário expulso pode 
ajuizar uma ação de reintegração de posse. 
POSSE JUSTA X POSSE INJUSTA 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou 
precária. 
O artigo em análise trata a posse justa como aquela que não 
apresenta vícios, dessa forma, a contrario sensu a posse injusta é 
aquela que apresenta vícios. 
 São três os vícios que podem tornar a posse injusta: 
- violência: ocorre quando a posse é adquirida mediante esforço físico 
ou grave ameaça. Tem certa semelhança com o crime de roubo; 
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Ex: um movimento popular invade, violentamente, removendo 
obstáculos, uma fazenda que estava cumprindo perfeitamente a sua 
função social. 
- clandestinidade: ocorre quando a posse é adquirida às ocultas do 
proprietário ou do possuidor. Tem certa semelhança com o crime de 
furto; 
Ex: um movimento popular invade, à noite e sem violência, uma 
propriedade rural que está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo 
a sua função social. 
- precariedade: ocorre quando o possuidor direto, vencido o prazo de 
duração da relação jurídica, se recusa a restituir a coisa ao possuidor 
indireto; ou seja, decorre de um abuso de confiança por parte de quem 
recebe a coisa a título provisório. Tem certa semelhança com o crime de 
apropriação indébita. 
Ex: o locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do 
contrato de locação. 
Os vícios citados podem convalescer (desaparecer com o 
decurso de tempo)? 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou 
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos 
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
De acordo com o artigo acima, os vícios da violência e da 
clandestinidade podem convalescer. Entretanto, o mesmo não se pode 
dizer sobre o vício da precariedade. 
Qual é o período de tempo para convalescer os vícios da 
violência e da clandestinidade? 
Art. 924 do CPC - Regem o procedimento de manutenção e de 
reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando 
intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado 
esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter 
possessório. 
Segundo o art. 924 do Código de Processo Civil, as ações 
possessórias para reaver o bem que foi tomado de forma violenta ou 
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clandestina deve ser proposta no prazo de ano e dia. Após esse período, 
a posse injusta pela violência ou clandestinidade passa a ser justa. 
Dessa forma, a explicação anterior acaba “quebrando” a regra 
prevista no art. 1.203 do CC. 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o 
mesmo caráter com que foi adquirida. 
Conclui-se que a continuação do caráter de aquisição da posse, 
salientado no artigo em questão, atinge somente a posse precária que é 
insuscetível de convalidação, sendo, portanto, insanável. 
POSSE DE BOA-FÉ X POSSE DE MÁ-FÉ 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o 
obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção 
de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente 
não admite esta presunção. 
Terá boa-fé o possuidor que estiver convicto de que a coisa 
realmente lhe pertence, sem saber que está prejudicando o direito de 
outra pessoa, por ignorar a existência de vício que lhe impede a 
aquisição da coisa. 
Ou seja, tal classificação da posse é um estado de consciência. Se 
o possuidor ignora a existência do vício na aquisição da posse, então 
temos a posse de boa-fé. Por outro lado, se o vício é de seu 
conhecimento, então a posse é de má-fé. 
IMPORTANTE !!! 
Não se deve confundir a posse de boa-fé com a posse justa. Para 
verificar se a posse é de boa-fé, temos um critério psicológico 
(subjetivo). Por outro lado, para verificar se a posse é justa, 
estamos diante de um critério objetivo, bastando o exame da 
existência ou não dos vícios. 
Posse de boa-fé / Posse de má-fé Æ critério subjetivo 
Posse justa / Posse injusta Æ critério objetivo 
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Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde 
o momento em que as circunstâncias façam presumir que o 
possuidor não ignora que possui indevidamente. 
Sendo a boa-fé um estado de consciência, a partir do momento 
que surge a presunção de que o possuidor não ignora a existência de 
vícios, surgirá a má-fé. 
 
POSSE AD INTERDICTA X POSSE AD USUCAPIONEM 
 A posse ad interdicta é aquela que pode ser defendida pelos 
interditos ou ações possessórias quando houver moléstia, entretanto, o 
seu prolongamento não é capaz de conduzir à usucapião, pois o 
possuidor não possui a intenção de ter a coisa em definitivo (animus 
domini). Como exemplo de posse ad interdicta temos o locatário de um 
apartamento. 
 A posse ad usucapionem é a exercida com a intenção de ter a 
coisa em definitivo (animus domini), devendo também ser mansa, 
pacífica, ininterrupta, justa e durante o lapso de tempo necessário à 
aquisição da propriedade. É o tipo de posse que possibilita a aquisição 
da propriedade através da usucapião. 
POSSE NOVA X POSSE VELHA 
A classificação da posse em nova ou velha é baseada no tempo de 
posse. A posse nova é a que conta menos de ano e dia, ao passo que a 
posse velha é a que conta mais de ano e dia. 
A influência dessa classificação gera efeitos na esfera processual, 
interferindo nos ritos processuais. 
POSSE PRO DIVISO X POSSE PRO INDIVISO 
Este assunto está relacionado com a composse, ou seja, quando 
há uma posse em comum e do mesmo grau entre duas ou mais 
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pessoas. É o que ocorre com os cônjuges no regime da comunhão 
universal de bens. 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, 
poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que 
não excluam os dos outros compossuidores. 
 A posse pro indiviso é a composse de direito e de fato, onde 
cada compossuidor tem o direito de exercer a posse sobre o todo, não 
podendo um excluir a posse do outro. Caso ocorra tal exclusão, o 
compossuidor turbado ou esbulhado poderá mover ação possessória 
contra o outro compossuidor para reapoderar-se da coisa. 
Exemplo: quando um casal mora em uma casa, um não pode limitar o 
outro a transitar em determinadas partes da casa, pois os dois exercem 
uma posse pro indiviso. 
 A posse pro diviso é a composse de direito, mas não de fato, 
onde cada compossuidor não tem odireito de possuir a parte da área 
reservada ao outro. Neste tipo de composse um dos compossuidores 
pode impedir o acesso do outro à sua área. Na prática existe uma 
divisão fática, mas no título de propriedade não há tal divisão. 
Exemplo: quando dois irmãos possuem uma fazenda e um planta 
beterrabas na sua metade e o outro planta batatas na segunda metade. 
AQUISIÇÃO DA POSSE 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna 
possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes 
inerentes à propriedade. 
 O momento de aquisição da posse ocorre quando a pessoa 
puder exercer, em nome próprio, alguns dos poderes inerentes à 
propriedade (Gozar, Reaver, Usar e Dispor - GRUD) ela adquire a 
posse. 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
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 As pessoas que podem adquirir a posse são: 
a) a própria pessoa que pretende ter a posse; 
b) o representante legal: quando o titular for incapaz e necessitar 
de um representante; 
c) o procurador: quando houver uma procuração nomeando um 
representante convencional; 
d) o terceiro sem mandato: quando alguém, sem procuração, 
adquire a posse para outrem, tal aquisição fica na dependência de 
ratificação da pessoa interessada. 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do 
possuidor com os mesmos caracteres. 
Havendo a transmissão causa mortis da posse, os herdeiros ou 
legatários tomam o lugar do de cujus, continuando a posse com os 
mesmos caracteres (vícios ou qualidades). 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu 
antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do 
antecessor, para os efeitos legais. 
 A acessão da posse é a soma do tempo de posse do atual 
possuidor com o de seus antecessores. Podem ser de duas espécies: 
a) acessão por sucessão: ocorre na sucessão a título universal, 
ou seja quando o sucessor substitui o titular primitivo na 
totalidade dos bens ou numa quota ideal deles. Como exemplo 
temos o herdeiro que recebe 50% dos bens do de cujus. 
Neste caso o sucessor irá continuar a posse que já havia sido 
iniciada. 
b) acessão por união: ocorre na sucessão a título singular, ou 
seja, quando o sucessor adquire direitos ou coisas determinadas, 
como o comprador, o donatário e o legatário. Neste caso existe a 
possibilidade do sucessor continuar somar a sua posse à posse do 
antecessor sw lhe convier. Caso a faculdade de opção seja 
continuação da posse anterior
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exercida, a posse permanecerá com os mesmos caracteres da 
posse original. 
Na sucessão a título universal, bem como na sucessão a título 
singular, as posses (anterior e posterior) podem ser utilizadas para 
gerar aquisição por usucapião. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou 
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos 
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
Atos de mera permissão ou tolerância, tal como o caseiro que 
mora na fazenda, não caracterizam uma posse, mas apenas uma mera 
detenção. 
O mesmo acontece com os atos violentos e clandestinos que 
são capazes de gerar posse, apenas depois que cessar a violência ou a 
clandestinidade. 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a 
das coisas móveis que nele estiverem. 
A regra deste artigo está fundamentada na presunção júris tantum
(relativa) de que os bens móveis, como acessórios, pertencem ao 
respectivo imóvel. Ou seja, presume-se que o sofá localizado na sala de 
uma casa é do possuidor da casa. 
EFEITOS DA POSSE 
Os principais efeitos da posse são: 
a) direito ao uso dos interditos; 
b) defesa direta; 
c) percepção dos frutos; 
d) indenizações por benfeitorias; 
possibilidade de juntar as posses 
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e) direito de retenção por benfeitorias; 
f) responsabilidade pelas deteriorações; 
A FACULDADE DE USAR OS INTERDITOS 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso 
de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência 
iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
Os interditos são as ações possessórias. Tais ações são cabíveis 
quando a posse for justa, pouco importando se a posse é de boa-fé ou 
de má-fé, direta ou indireta. 
São três os tipos de interditos possessórios: 
- ação de reintegração de posse: é a ação apropriada para o caso 
concreto em que o possuidor tenha sido desapossado, em decorrência 
de esbulho (perda da posse), pouco importando se total ou parcial, e 
para que seja reconduzido à posse, seja restituído o possuidor na posse. 
É o interdito específico para que o possuidor retome uma posse que lhe 
tenha sido tomada por qualquer ato violento ou derivado de 
precariedade ou clandestinidade. 
- ação de manutenção da posse: é a ação destinada para a proteção 
do possuidor na posse contra atos de turbação de outrem, cujo objetivo 
é garantir principalmente a posse de imóveis e a quase-posse das 
servidões e, só terá utilização se o possuidor for molestado na sua 
posse, isto é, se o possuidor, sem perder a sua posse, vem a ser 
perturbado nela. Tem o objetivo de fazer cessar o ato do turbador, que 
molesta o exercício da posse, contudo sem desaparecer a própria posse. 
- interdito proibitório: é uma ação de natureza preventiva, 
desdobrada da ação de manutenção de posse. É apropriada para que o 
possuidor, em vias de comprovada ameaça, proponha e receba a devida 
segurança, que nada mais é do que uma ordem judicial proibitória (daí o 
seu nome), para impedir que se concretize tal ameaça, acompanhada de 
pena ou castigo para a hipótese de falta de cumprimento dessa ordem. 
Segue o gráfico esquemático abaixo: 
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INTERDITO 
PROIBITÓRIO 
(proteção preventiva) 
MANUTENÇÃO DA 
POSSE 
(após a turbação) 
REINTEGRAÇÃO DA 
POSSE 
(após a perda) 
Existem ainda outros tipos de ações possessórias, mas o assunto é 
estudado com mais detalhes no Direito Processual Civil: 
- Imissão na posse: utilizada quando o proprietário, através da 
transcrição de seu título, adquire o domínio da coisa que o alienante, ou 
terceiros, persistem em não lhe entregar. 
- nunciação de obra nova: utilizada para impedir que nova obra em 
prédio vizinho prejudique o confinante. 
- embargos de terceiro senhor e possuidor: utilizada com a 
finalidade de defender os bens possuídos, não sendo parte no feito, 
sofre turbação ou esbulho na posse de seus bens, por efeito de penhora, 
depósito, arresto, seqüestro, venda judicial, arrecadação, partilha, ou 
outro ato de apreensão judicial. 
DEFESA DIRETA DA POSSE 
Art. 1.210 § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-
se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os 
atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável 
à manutenção, ou restituição da posse. 
Através do referido dispositivo o legislador admite dois meios 
hábeis para a proteção possessória: 
a) legítima defesa da posse: é a reação imediata (logo) e 
moderada (não pode ir além da violência necessária à manutenção 
ou restituição da posse) à turbação (moléstia) da posse; e 
b) desforço imediato: é areação imediata (logo) e moderada (não 
pode ir além da violência necessária à manutenção ou restituição 
da posse) ao esbulho (perda) da posse. 
(moléstia) 
TURBAÇÃO 
(perda) 
ESBULHO 
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IMPORTANTE !!! 
Na legítima defesa a violência é empregada para impedir a 
perda da posse, ao passo que no desforço imediato, a violência é 
empregada para recuperar a posse perdida. 
Sobre o elemento temporal da reação ao esbulho ou à turbação, 
se ela for tardia, ficará caracterizado o crime previsto no art. 345 do 
Código Penal: Exercício Arbitrário das Próprias Razões. 
Art. 1.210 § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a 
alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
Ainda no art. 1.210 do CC, o fato de outra pessoa estar 
questionando a propriedade ou outro direito sobre a coisa turbada ou 
esbulhada não impede que o possuidor intente ação de manutenção da 
posse ou ação de reintegração da posse. 
PERCEPÇÃO DOS FRUTOS 
Conforme já estudamos, frutos são produções normais e 
periódicas da coisa, podendo ser, quanto à origem, naturais, industriais 
ou civis. Por outro lado, quando classificados de acordo com o seu 
estado, dividem-se em pendentes, percebidos ou colhidos, estantes, 
percipiendos e consumidos. O assunto já foi estudado na aula 2. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, 
aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a 
boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da 
produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos 
com antecipação. 
O possuidor de boa-fé, nos termos do art. 1.214 do CC, tem 
direito aos frutos percebidos ou colhidos de forma tempestiva. Ou seja, 
o possuidor de boa-fé não é obrigado a devolver os frutos que colher 
durante a posse. Entretanto, os frutos pendentes, que ainda não foram 
separados do bem principal, devem ser devolvidos ou ter o valor 
compensado com as despesas de produção e custeio. 
Como exemplo, se o possuidor de boa-fé plantar e colher, então 
terá direito ao que for colhido (fruto percebido), porém, a plantação que 
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ainda não foi colhida (fruto pendente), como regra, terá de ser 
devolvida caso ocorra o fim da posse. 
Os frutos que, fraudulentamente, forem colhidos de forma 
antecipada, também devem ser restituídos, sob pena de locupletação da 
coisa alheia. 
Conclui-se que a lei ampara o interesse do possuidor de boa-fé, 
por ser mais próximo do interesse social, pois explorando a coisa, o 
possuidor de boa-fé dá uma destinação econômico social para o bem. 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e 
percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos 
dia por dia. 
Se os frutos forem naturais (resultantes de força orgânica da 
natureza) ou industriais (decorrentes do engenho humano) serão tidos 
como colhidos e percebidos no momento da separação de sua fonte. 
Como exemplo, temos as frutas separadas do pé, o tecido que sai 
do tear, etc, 
Em se tratando de frutos civis (ex: juros, aluguéis, etc.), 
independente do dia do pagamento, reputam-se percebidos dia-a-dia. 
Momento em que são considerados 
percebidos 
Frutos Naturais e 
Industriais 
Separação do bem principal. 
Frutos Civis Dia-a-dia. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos 
colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de 
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem 
direito às despesas da produção e custeio. 
O artigo em questão pune o dolo e a malícia do possuidor de má-
fé ao exigir que ele responda por todos os danos que causou com os 
frutos colhidos e percebidos. 
INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS E DIREITO DE RETENÇÃO 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das 
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, 
se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem 
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detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo 
valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as 
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela 
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
O possuidor de boa-fé tem o direito de ser indenizado pelos 
melhoramentos que introduziu no bem. Entretanto, deve-se atentar 
para qual o tipo de melhoramento que foi introduzido. 
O possuidor de má-fé também tem alguns direitos pelos 
melhoramentos introduzidos, de acordo com a espécie. 
O quadro a seguir indica quando poderá haver a indenização: 
Possuidor de boa-fé Tem direito às benfeitorias necessárias, 
úteis e voluptuárias. 
Possuidor de má-fé Tem direito às benfeitorias necessárias. 
Enquanto não for paga a indenização ao possuidor de boa-fé pelas 
benfeitorias necessárias e úteis, será cabível o direito de retenção (meio 
de defesa onde o credor continua a deter o bem até que ocorra a 
indenização). Tal direito de retenção não se aplica ao possuidor de má-
fé. 
Quanto às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé poderá 
levantá-las, ou seja, levá-las consigo. Entretanto, tal direito não assiste 
ao possuidor de má-fé. 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só 
obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
Caso o possuidor esteja obrigado a ressarcir alguma coisa, poderá 
haver a compensação entre o valor utilizado com as benfeitorias e o 
valor a ser pago a título de ressarcimento. 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao 
possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e 
o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
Sobre o valor a ser indenizado em decorrência da realização de 
benfeitorias, o legislador faculta que o reivindicante escolha entre o 
valor atual e o valor de custo em se tratando de um possuidor de má-fé, 
porém, se o possuidor for de boa-fé, a indenização deverá ser feita pelo 
valor atual. 
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RESPONSABILIDADE PELAS DETERIORAÇÕES 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou 
deterioração da coisa, a que não der causa. 
O dispositivo regula a responsabilidade civil do possuidor de boa-
fé pela perda ou deterioração do bem a que não der causa, pois a 
responsabilidade existirá somente para as hipóteses em que ocorrer 
dolo ou culpa de sua parte. 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou 
deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de 
igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
Sobre o possuidor de má-fé, a única exceção à responsabilidade 
civil de indenizar encontra-se na possibilidade de o possuidor de má-fé 
provar que o resultado danoso ocorreria do mesmo modo, se o bem 
estivesse em poder do postulante (“reivindicante”). 
Sobre os efeitos da posse, resumidamente temos o seguinte: 
DIREITOS POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ 
Faculdade de invocar 
interditos (ações 
possessórias) 
Todos possuem o direito de invocar os interditos, basta que a 
posse seja justa em relação ao adversário. 
Defesa direta da posse 
Turbação (moléstia) Æ legítima defesa 
Esbulho (perda) Æ desforço imediato 
São admitidos desde que feitos de formaimediata. 
Percepção dos frutos Tem direito aos frutos percebidos (colhidos) 
Responde pelos frutos 
percebidos (colhidos) 
Indenização por 
benfeitorias e direito 
de retenção 
Tem direito à indenização 
das benfeitorias úteis e 
necessárias e direito de 
retenção do imóvel pela 
indenização do valor gasto. 
Tem direito à indenização das 
benfeitorias necessárias 
apenas, mas não tem direito 
de retenção do imóvel pelo 
pleito de indenização. 
Responsabilidade pela 
deterioração ou perda 
da coisa 
CF ou FM Æ não responde 
Culpa Æ responde 
CF ou FM Æ responde 
Culpa Æ responde 
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PERDA DA POSSE 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a 
vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 
1.196. 
O possuidor perde a posse quando não há mais, contra sua 
vontade, poder fático de ingerência sócio-econômica sobre determinado 
bem. Tais poderes são o GRUD. Entretanto, o possuidor esbulhado só 
vem a perder a posse de um bem quando não busca a reintegração 
dentro do período de ano e dia, que passa a funcionar como uma 
espécie de condição suspensiva. 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não 
presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de 
retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
O dispositivo legal quer dizer é que a simples ausência não 
importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora ausente, 
continuar a posse solo animo, ainda que a coisa possuída por ele tenha 
sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência. 
Propriedade 
Propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar 
(faculdade de servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que convier), 
gozar (retirar os frutos e utilizar os produtos), dispor (alienar ou 
consumir) de um bem ou reavê-lo (reinvindicar) de quem injustamente 
o possua ou detenha. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha. 
PODERES DA PROPRIEDADE 
(GRUD) 
GOZAR (jus fruendi) 
REAVER (rei vindicato) 
USAR (jus utendi) 
DISPOR (jus disponendi) 
Art. 1.228 § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em 
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de 
modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido 
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em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a 
poluição do ar e das águas. 
Aqui está consagrado o princípio da função econômico-social 
da propriedade, preconizado no art. 5º, XXIII da Constituição Federal, 
que visa coibir abusos e que haja prejuízo ao bem-estar social.. 
Art. 1.228 § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário 
qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção 
de prejudicar outrem. 
O proprietário não pode praticar dolosamente, no exercício normal 
do direito de propriedade, atos com a intenção de causar dano a outrem 
e não de satisfazer uma necessidade sua ou interesse seu. 
Dessa forma, não se pode construir uma chaminé falsa para única 
e exclusivamente bloquear o sol da piscina do vizinho, pois tal conduta 
representa um ato emulativo. 
Os atos emulativos são considerados atos ilícitos e, por isso, são 
vedados. 
Art. 1.228 § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos 
de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou 
interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo 
público iminente. 
 A desapropriação é uma modalidade especial de perda da 
propriedade imobiliária pela qual o Poder Público, compulsoriamente, 
despoja alguém de uma propriedade e a adquire para si, mediante 
indenização prévia e em dinheiro ou títulos da dívida pública, fundada 
em um interesse público. 
 A requisição é um ato pelo qual o Estado, em proveito de um 
interesse público, constitui alguém, de modo unilateral e auto-
executório, na obrigação de prestarl´he serviço ou ceder-lhe 
transitoriamente o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar os 
prejuízos que tal medida efetivamente acarretar ao obrigado. 
Art. 1.228 § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se 
o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse 
ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável 
número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto 
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ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de 
interesse social e econômico relevante. 
Art. 1.228 § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a 
justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a 
sentença como título para o registro do imóvel em nome dos 
possuidores. 
Os §§ 4º e 5º tratam da desapropriação judicial fundada na 
posse “pro labore” que também ocorrerá mediante uma justa 
indenização. 
Com base no princípio da função econômico-social da propriedade, 
dá-se especial proteção à posse trabalho, isto é, à posse ininterrupta e 
de boa-fé por mais de 5 anos de uma extensa área que traduza um 
trabalho criador de um número considerável de pessoas. 
A PROPRIEDADE DO SUBSOLO, DO SOLO E DO ESPAÇO AÉREO 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e 
subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu 
exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam 
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não 
tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
A propriedade de um terreno abrange a do subsolo 
correspondente, bem como a do espaço aéreo acima do solo. 
Entretanto, o proprietário não pode se opor à utilização do seu subsolo e 
do seu espaço aéreo quando por terceiros, caso não tenha um interesse 
legítimo. 
Como exemplo, o proprietário de um terreno não pode impedir 
que passe um avião por cima de seu terreno a 2.000 metros de altura; 
ou então, ou impedir que se perfure 300 metros abaixo de seu terreno 
para instalação de metrô. 
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e 
demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os 
monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis 
especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os 
recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde 
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que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto 
em lei especial. 
Apesar do proprietário do solo também ser proprietário do subsolo 
e do espaço aéreo correspondentes, ele não será proprietário das minas. 
Jazidas e energia hidráulica que, pelo art. 176 da CF, pertencem ao 
patrimônio da União, para efeito de sua exploração ou aproveitamento. 
Art. 176 da CF - As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos 
minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem 
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou 
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a 
propriedade do produto da lavra. 
[...]. 
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos 
resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. 
Entretanto, a participação nos resultados da lavra e o direito de 
explorar os recursos minerais que puderem ser utilizados imediatamentena construção civil são garantidos ao dono do solo. 
Na página a seguir temos uma tabela que resume o assunto. 
Ressalto que já vi várias questões das bancas FCC e CESPE/UnB que 
tratam destes conceitos. 
PROPRIEDADE DO SOLO 
SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO 
CORRESPONDENTES 
Abrange, porém o proprietário não pode se opor a 
atividades de terceiros que não tenha interesse 
legítimo. 
JAZIDAS, MINAS E DEMAIS 
RECURSOS MINERAIS, OS 
POTENCIAIS DE ENERGIA 
HIDRÁULICA, OS MONUMENTOS 
ARQUEOLÓGICOS E OUTROS 
BENS REFERIDOS POR LEIS 
ESPECIAIS 
Não abrange, mas é assegurado ao proprietário 
participação nos resultados da lavra. 
RECURSOS MINERAIS DE 
EMPREGO IMEDIATO NA 
CONSTRUÇÃO CIVIL 
Podem ser explorador pelo proprietário, desde que 
não sejam submetidos à transformação industrial. 
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CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova 
em contrário. 
O direito de propriedade apresenta três características essenciais: 
é absoluto, exclusivo e irrevogável ou perpétuo. 
• Absoluto: é o mais completo dos direitos reais; o seu titular pode 
utilizar o bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais 
impostas (interesse público) ou coexistência do direito de propriedade 
de outros titulares; 
• Exclusivo: a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade 
(portanto, ressalvado o condomínio) e simultaneamente a duas ou mais 
pessoas; e 
• Irrevogável ou perpétuo: a duração da propriedade é ilimitada, não 
cessa pelo não-uso e é transmissível com a morte. 
CLASSIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE 
A propriedade classifica-se em: 
- Plena (ou alodial) - quando o proprietário tem o direito de uso, gozo e 
disposição plena enfeixados em suas mãos, sem que terceiros tenham 
qualquer direito sobre àquele bem. Todos os elementos estão reunidos 
nas mãos do seu titular. 
- Limitada (ou restrita) - quando a propriedade tem sobre ela algum 
ônus (ex.: hipoteca, servidão, usufruto, etc.), ou quando for resolúvel 
(se extinguirá com um acontecimento futuro). 
Na verdade, o direito de propriedade é composto de duas partes 
destacáveis: 
• nua-propriedade - corresponde à titularidade, ao fato de ser 
proprietário e ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua 
propriedade é aquela despida dos atributos do uso e da fruição, tendo 
direito à essência, à substância da coisa. A pessoa recebe o nome de 
nu-proprietário, senhorio direto ou proprietário direto. 
• domínio útil - corresponde ao direito de usar, gozar e dispor da 
coisa. Dependendo do direito que tem, recebe nome diferente: 
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enfiteuta, usufrutuário, etc. Desta forma, uma pessoa pode ser o titular, 
o proprietário, ter o bem registrado em seu nome e outra pessoa pode 
ter direitos de usar, gozar e até dispor daquele bem, em virtude de um 
contrato. 
ex: usufruto. 
A DESCOBERTA 
A descoberta é o achado de coisa perdida por seu dono, sendo 
descobridor aquele que encontra a coisa. 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor. 
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-
lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade 
competente. 
A descoberta não é uma forma de aquisição da propriedade, pois a 
coisa achada possui dono e, por isso, deve ser devolvida ao mesmo ou a 
uma autoridade competente. 
A DESCOBERTA NÃO É UMA FORMA DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE !!!
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo 
antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por 
cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito 
com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir 
abandoná-la. 
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, 
considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para 
encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que 
teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. 
O descobridor que vier a restituir o objeto achado terá direito a 
receber uma recompensa a título de prêmio pela sua honestidade. Tal 
recompensa é denominada achádego e não pode ser inferior a 5% do 
valor do objeto. 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao 
proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. 
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Também está consagrada a responsabilidade civil do descobridor 
por dano causado dolosamente. 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da 
descoberta através da imprensa e outros meios de informação, 
somente expedindo editais se o seu valor os comportar. 
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela 
imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a 
propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, 
deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, 
pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se 
deparou o objeto perdido. 
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município 
abandonar a coisa em favor de quem a achou. 
Por fim, os arts, 1.236 e 1.237 do CC tratam dos procedimentos 
que devem ser observados pela autoridade competente por 
ocasião da restituição de um objeto achado. 
FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
A seguir temos um gráfico esquemático sobre as formas de 
aquisição da propriedade imóvel: 
FORMAS DE 
AQUISIÇÃO DA 
PROPRIEDADE 
IMÓVEL 
- ORIGINÁRIAS 
- ACESSÃO 
- ILHAS; 
- ALUVIÃO; 
- AVULSÃO; 
- ÁLVEO ABANDONADO; 
- PLANTAÇÕES E 
CONTRUÇÕES. 
- USUCAPIÃO 
- DERIVADAS 
- REGISTRO DO TÍTULO 
- SUCESSÃO HEREDITÁRIA 
1. Modo Originário de aquisição da propriedade imóvel: ocorre quando 
não há transmissão de uma pessoa para outra; o indivíduo faz seu o 
bem sem que este lhe tenha sido transmitido por alguém. 
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a) Por acessão (art. 1.248 do CC): fica pertencendo ao proprietário 
tudo quando se une ou se incorpora ao seu bem. Há um aumento do 
valor ou do volume do objeto, devido a forças externas. 
Art. 1.248. A acessão pode dar-se: 
I - por formação de ilhas; 
II - por aluvião; 
III - por avulsão; 
IV - por abandono de álveo; 
V - por plantações ou construções. 
São espécies de acessão: 
• Ilhas formadas por força natural (art. 1.249 do CC) – trata-se do 
acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela 
correnteza, ou de rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a 
seco uma parte do fundo ou do leito. Interessam ao direito civil somente 
as ilhas formadas em rios não-navegáveis ou particulares, por 
pertencerem ao domínio particular. 
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou 
particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, 
observadas as regras seguintes: 
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos 
sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as 
margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o 
álveo em duas partes iguais; 
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens 
consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse 
mesmo lado; 
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do 
rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custados 
quais se constituíram. 
• Aluvião (art. 1.250 do CC) - acréscimo paulatino de terras às 
margens do rio, mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou 
desvios das águas. Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos 
marginais, observando-se a regra de que o acessório segue o principal. 
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Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e 
imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao 
longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas 
destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem 
indenização. 
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de 
prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na 
proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. 
No artigo em questão a doutrina consagra duas espécies de 
aluvião: 
- aluvião própria: quando o acréscimo se formar pelos depósitos 
ou aterros naturais nos terrenos marginais dos rios; e 
- aluvião imprópria: quando o acréscimo de formar em virtude 
do afastamento das águas que descobrem parte das margens 
(álveo) do rio. 
• Avulsão (art. 1.251 do CC) - repentino deslocamento de uma porção 
de terra “avulsa” por força natural violenta, desprendendo de um prédio 
e juntando-se a outro. 
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra 
se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá 
a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, 
sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. 
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o 
dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a 
que se remova a parte acrescida. 
 
• Álveo abandonado ou abandono de álveo (art. 1.252 do CC) - álveo 
é o leito do rio. Secando ou desviando (fenômeno natural), tem-se o 
abandono de álveo; dá-se a mesma solução da formação de ilhas. 
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos 
proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham 
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo 
curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o 
meio do álveo. 
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• Acessões artificiais ou físicas ou industriais (arts. 1.253 a 12 do 
CC) - derivam de um comportamento ativo do homem, como 
plantações, construções, etc. Possui caráter oneroso e se submete à 
regra de que tudo aquilo que se incorpora ao bem em razão de uma 
ação qualquer, cai sob o domínio de seu proprietário. 
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno 
presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o 
contrário. 
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio 
com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade 
destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder 
por perdas e danos, se agiu de má-fé. 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio 
perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e 
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder 
consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, 
plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante 
pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver 
acordo. 
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o 
proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o 
valor das acessões. 
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o 
trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem 
impugnação sua. 
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de 
não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-
fé os empregou em solo alheio. 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais 
poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando 
não puder havê-la do plantador ou construtor. 
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, 
invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte 
deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo 
invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde 
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por indenização que represente, também, o valor da área perdida e 
a desvalorização da área remanescente. 
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos 
neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte 
do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o 
valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não 
se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a 
construção. 
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo 
alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da 
parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam 
o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida 
e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é 
obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos 
apurados, que serão devidos em dobro. 
b) Por Usucapião (arts. 1.238 a 1.244 do CC): é o modo de aquisição 
da propriedade, independente da vontade do titular anterior. Ocorre 
quando alguém detém a posse de uma coisa com ânimo de dono (posse 
ad usucapionem), por um tempo determinado, sem interrupção e sem 
oposição, desde que não seja posse clandestina, violenta ou precária. 
São suas espécies: 
• Extraordinária (art. 1.238 do CC) 
Art. 1.238 do CC - Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, 
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a 
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo 
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de 
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez 
anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia 
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter 
produtivo. 
Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os 
seguintes requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
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- decurso do prazo de 15 anos, que poderá ser reduzido para 10 anos se 
o possuidor estabelecer no imóvel sua moradia habitual ou nele realizar 
obras e serviços de caráter produtivo, aumentando a utilidade do bem; 
e 
- dispensa-se o justo título e a boa-fé. 
 
• Ordinário (art. 1.242 do CC) 
Art. 1.242 do CC - Adquire também a propriedade do imóvel aquele 
que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o 
possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se 
o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no 
registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, 
desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, 
ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os 
seguintes requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
- decurso do prazo de 10 anos, que poderá ser reduzido para 5 anos se 
o possuidor tiver adquirido o imóvel onerosamente e cujo registro foi 
cancelado, desde queseja estabelecida a moradia no imóvel ou houver 
sido realizado investimentos de interesse social e econômico; e 
- exige-se um justo título e boa-fé. 
 Por justo título, deve ser entendido um título idôneo, mesmo que 
apresente vício de forma, capaz de operar a transferência da 
propriedade, tal como uma escritura pública, uma cessão de direito, um 
formal de partilha, etc. 
 
• Constitucional Urbana ou pro moradia (art. 1.240 do CC) 
Art. 1.240 do CC - Aquele que possuir, como sua, área urbana de 
até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou 
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
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§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado 
civil. 
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será 
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
Tendo em vista que o solo urbano não pode ficar sem um 
adequado aproveitamento, reconhece-se a quem o utilizar, homem ou 
mulher, casado ou solteiro, a possibilidade de adquirir o domínio se não 
for proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Para que se tenha a usucapião constitucional urbana, são 
necessários os seguintes requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
- decurso do prazo de 5 anos; 
- dimensão da área de até 250 m2; 
• Constitucional Rural ou pro labore (art. 1.239 do CC) 
Art. 1.239 do CC - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel 
rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, 
sem oposição, área de terra em zona rural não superior a 
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de 
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Se o possuidor tornar uma área de terra em zona rural produtiva 
com o seu trabalho e/ou de sua família, não sendo proprietário de outro 
imóvel urbano ou rural poderá adquirir a sua propriedade. 
Para que se tenha a usucapião constitucional rural, são 
necessários os seguintes requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
- decurso do prazo de 5 anos; 
- dimensão da área de até 50 ha; 
• Familiar 
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, 
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sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros 
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia 
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei 
nº 12.424, de 2011)
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo 
possuidor mais de uma vez. 
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Temos aqui uma nova modalidade de usucapião de bem imóvel 
(usucapião familiar), inserida no Código Civil em 2011, cujo prazo é o 
menor de todos (2 anos). 
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada 
adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. 
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo 
constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de 
Imóveis. 
 A sentença judicial que consagra a usucapião não tem valor 
constitutivo, mas sim, meramente probante, pois a aquisição efetiva 
da propriedade só ocorre através do registro da sentença no respectivo 
Cartório de Imóveis. 
2. Modo derivado de aquisição da propriedade imóvel: ocorre quando 
há transmissibilidade do domínio. 
a) Pelo registro do título (arts. 1.227 e 1.245 a 1.247 do CC) – “SÓ É 
DONO QUEM REGISTRA” !!! 
O registro imobiliário é o poder legal de agentes do ofício público 
para efetuar todas as operações relativas a bens imóveis e a direitos a 
eles condizentes, promovendo atos de escrituração, assegurando aos 
requerentes a aquisição e o exercício do direito de propriedade e a 
instituição de ônus reais de fruição, garantia ou aquisição. 
Com isso, o assentamento do registro dá proteção especial à 
propriedade imobiliária, por fornecer meios probatórios fidedignos da 
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situação do imóvel, sob o ponto de vista da respectiva titularidade e dos 
ônus reais que o gravam, e por revestir-se de publicidade, que lhe é 
inerente, tornando os dados registrados conhecidos. 
Ou seja, é através do registro que a propriedade é constituída e se 
torna oponível erga omnes. 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou 
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no 
Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 
a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o 
registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante 
continua a ser havido como dono do imóvel. 
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a 
decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o 
adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. 
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se 
apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no 
protocolo. 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o 
interessado reclamar que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário 
reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do 
terceiro adquirente. 
b) Pela sucessão hereditária: é a forma de transmissão derivada da 
propriedade que se dá por ato causa mortis em que o herdeiro (legítimo 
ou testamentário) ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos 
e obrigações. 
Art. 1.784 do CC - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. 
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL 
Completando as formas de aquisição da propriedade, temos 
aquelas que se referem aos bens móveis: 
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FORMAS DE 
AQUISIÇÃO DA 
PROPRIEDADE 
MÓVEL 
- ORIGINÁRIAS 
- OCUPAÇÃO E ACHADO DE TESOURO 
- USUCAPIÃO 
- DERIVADAS 
- ESPECIFICAÇÃO 
- CONFUSÃO 
- COMISTÃO 
- ADJUNÇÃO 
- TRADIÇÃO 
- SUCESSÃO 
1. Modo Originário 
a) Ocupação (art. 1.263 do CC): é o assenhoramento de coisa móvel 
(inclui semoventes) sem dono, por não ter sido ainda apropriada (res 
nullius) ou por ter sido abandonada (res derelictae), desde que essa 
apropriação não seja proibida pela lei. 
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe 
adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. 
Observação: A descoberta de coisa perdida não acarreta na aquisição 
da propriedade, devendo, aquele que achou, devolver a res para a 
autoridade competente, conforme o art. 1.233, § único do Código Civil. 
b) Usucapião: não só os bens imóveis podem ser adquiridos pela 
usucapião, pois tal instituto também é aplicável aos bens móveis e às 
servidões. 
São duas as espécies de usucapião de bem móvel: 
• Extraordinária (art. 1.261 do CC) 
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, 
produzirá usucapião, independentemente de títuloou boa-fé. 
Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os 
seguintes requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
- decurso do prazo de 5 anos; e 
- não é necessário um justo título e boa-fé. 
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• Ordinária (art. 1.260 do CC) 
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e 
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, 
adquirir-lhe-á a propriedade. 
Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os seguintes 
requisitos: 
- posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; 
- decurso do prazo de 3 anos; e 
- exige-se um justo título e boa-fé. 
c) achado de tesouro: esta situação, comumente descrita em filmes, 
está prevista no arts. 1.264 a 1.266 do CC. São quatro os requisitos do 
tesouro: ser antigo, estar escondido (oculto, enterrado), o dono ser 
desconhecido e o descobridor ter encontrado casualmente (sem querer). 
O tesouro se divide ao meio com o dono do terreno. Se o descobridor 
estava propositadamente procurando o tesouro em terreno alheio sem 
autorização, não terá direito a nada. 
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo 
dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário 
do prédio e o que achar o tesouro casualmente. 
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do 
prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por 
terceiro não autorizado. 
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido 
por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro 
quando ele mesmo seja o descobridor. 
2. Modo Derivado 
a) Especificação (arts. 1.269 a 1.271 do CC): é a transformação da 
coisa móvel em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do 
especificador, desde que não seja possível reduzi-la à sua forma 
primitiva. 
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Ex: lapidação de pedra preciosa. 
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte 
alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder 
restituir à forma anterior. 
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à 
forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova. 
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a 
espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-
prima. 
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da 
escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à 
matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor 
exceder consideravelmente o da matéria-prima. 
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, 
se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, 
no caso do § 1o do artigo antecedente, quando irredutível a 
especificação. 
b) Confusão, Comistão e Adjunção (arts. 1.272 a 1.274 do CC): 
ocorrem quando coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclam de 
tal forma que é impossível separá-las. Nestes casos um dos donos irá 
adquirir a propriedade de toda a mistura mediante uma indenização ao 
outro proprietário. 
• Confusão - mistura entre coisas líquidas. 
Ex: misturar suco de laranja com vodca. 
• Comistão - mistura de coisas sólidas ou secas. 
Ex: areia, cal e cimento, formando uma só massa. 
• Adjunção - justaposição de uma coisa sobre outra. 
Ex: tinta em relação à parede. 
Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, 
misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a 
pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. 
§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo 
dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um 
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dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou 
para a mistura ou agregado. 
§ 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á 
do todo, indenizando os outros. 
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-
fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do 
todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for 
devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será 
indenizado. 
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar 
espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as 
normas dos arts. 1.272 e 1.273. 
c) Tradição: é o ato de entrega da coisa ao adquirente com o intuito de 
transferir-lhe a propriedade. Enquanto no bem imóvel a propriedade se 
transfere com o registro do título, no bem móvel, via de regra, o ato de 
transferência do domínio se dá com a tradição (art. 1.267 do CC). 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios 
jurídicos antes da tradição. 
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente 
continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao 
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder 
de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por 
ocasião do negócio jurídico. 
A tradição pode ocorrer das seguintes formas: 
1) Tradição real: é aquela que se dá pela entrega efetiva ou 
material da coisa; 
2) Tradição simbólica: ocorre quando há um ato representativo da 
transferência da coisa. É o que ocorre na traditio longa manu, em 
que a coisa a ser entregue é colocada à disposição da outra parte 
(ex: entrega das chaves de um apartamento). 
3) Tradição ficta: é aquela que se dá por presunção, como ocorre 
na traditio brevi manu, em que o possuidor possuía em 
nome alheio e agora passa a constituir em nome próprio
(ex: comprar o imóvel que você mora de aluguel); e no 
constituto possessório, em que o possuidor possuía em 
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nome próprio e passa a possuir em nome alheio (ex: vender 
o seu imóvel e continuar morando nele de aluguel). 
RESUMO: 
- traditio longa manu (tradição simbólica) Î entrega das chaves 
de um apartamento; 
- traditio brevi manu (tradição ficta) Î comprar o imóvel que 
você mora de aluguel; e 
- constituto possessório (tradição ficta) Î vender o seu imóvel e 
continuar morando nele de aluguel. 
d) Sucessão hereditária: nos termos do art. 1.784 do CC o direito 
sucessório também pode gerar a aquisição derivada da propriedade 
móvel. 
PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
O art. 1.275 do Código Civil relaciona cinco situações de forma 
exemplificativa, que ocasionam a perda da propriedade. 
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a 
propriedade: 
I - por alienação; 
II - pela renúncia; 
III - por abandono; 
IV - por perecimento da coisa; 
V - por desapropriação. 
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da 
propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título 
transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. 
São elas: 
a) alienação: forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular 
desse direito, por sua própria vontade, transmite a outrem, de forma 
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onerosa (ex: contrato de compra e venda) ou gratuita (ex: doação), 
bem móvel (por meio da tradição) ou imóvel (por meio do registrodo 
título no cartório de imóveis). 
b) renúncia: ato unilateral, pelo qual, o titular declara, expressamente, 
sua intenção de “abrir mão” de seu direito sobre a coisa em favor de um 
terceiro, que não precisará manifestar sua concordância. (ex: dois 
irmãos são os únicos herdeiros de um pai que faleceu, sendo que um 
deles tem uma situação econômica bem superior ao outro; dessa forma, 
se o “irmão rico” abrir mão de sua parte na herança ele estará 
renunciando). 
c) abandono: ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, 
voluntariamente, do seu bem móvel ou imóvel, isso porque, já não 
deseja mais continuar sendo dono. 
d) perecimento da coisa: não é possível existir um direito real (sobre 
a coisa) sem haver objeto. Dessa forma, se o objeto perece (deixa de 
existir), então o direito deixa de existir junto com o objeto. 
e) desapropriação: consubstanciada no princípio da supremacia do 
interesse público, representa a perda compulsória da propriedade em 
decorrência de ato unilateral do Estado em decorrência de necessidade 
pública, utilidade e/ou interesse social. 
ABANDONO DE IMÓVEL 
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a 
intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não 
encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem 
vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do 
Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. 
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas 
circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, 
três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se 
localize. 
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este 
artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de 
satisfazer os ônus fiscais. 
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O abandono do imóvel é um ato unilateral pela qual o titular da 
propriedade de um imóvel dele se desfaz voluntariamente, sendo 
necessária a derrilição (intenção de abandonar o imóvel). Uma simples 
negligência ou descuido em relação ao bem não é capaz de caracterizar 
o abandono. 
A seqüência a ser observada é a seguinte: 
INTENÇÃO DE ABANDONAR 
DECLARAÇÃO DE BEM VAGO 
DECURSO DE 3 ANOS 
TRANSFERÊNCIA PARA O DOMÍNIO DO MUNICÍPIO/DF/UNIÃO 
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LISTA DE QUESTÕES DE BANCAS DIVERSAS COMENTADAS
1. (FGV – BESC – Advogado – 2004) A "cláusula constituti", aposta nas 
escrituras definitivas de compra e venda de imóveis: 
(A) é mera formalidade, consagrada pelo uso dos tabeliães. 
(B) transmite o domínio, nas escrituras. 
(C) é usada para transmitir e exercer posse em nome alheio. 
(D) significa que o vendedor deve responder pela evicção de direito. 
(E) significa que o comprador deve indenizar o vendedor em caso de 
evicção. 
Conforme comentários da aula, a escritura de compra e venda deve 
conter uma cláusula do tipo constituti quando ocorrer uma das formas de 
tradição ficta que é o constituto possessório. 
Tradição ficta é aquela que se dá por presunção, como ocorre na 
traditio brevi manu, em que o possuidor possuía em nome alheio e agora 
passa a constituir em nome próprio (ex: comprar o imóvel que você mora de 
aluguel); e no constituto possessório, em que o possuidor possuía em 
nome próprio e passa a possuir em nome alheio (ex: vender o seu imóvel 
e continuar morando nele de aluguel). 
Gabarito: C 
2. (FUNRIO – PROCURADOR – PREFEITURA DE MARICÁ – 2007) A 
aquisição por acessão, pode se dar, EXCETO por: 
(A) formação de ilhas 
(B) avulsão, por abandono de álveo 
(C) plantações ou construções 
(D) usucapião 
(E) aluvião 
A única alternativa que não enseja uma forma de aquisição da 
propriedade através da acessão é a que trata da aquisição por usucapião. 
Gabarito: D. Conforme o gráfico esquemático da pg. 19. 
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3. (CESGRANRIO - PROCURADOR JURÍDICO – Fundação Educacional e 
Cultural de Nova Iguaçu – FENIG - 2005) A aquisição da propriedade 
de bens móveis pode ocorrer nos seguintes casos: 
(A) aluvião e avulsão. 
(B) usucapião e álveo abandonado. 
(C) especificação e avulsão. 
(D) ocupação e aluvião. 
(E) ocupação e especificação. 
Todas as opções incorretas trazem formas de aquisição da propriedade 
imóvel. 
Gabarito: E. Conforme o gráfico esquemático da pg. 20. 
4. (NCE – ADVOGADO – ELETRONORTE – 2006) A propriedade imóvel 
poderá ser adquirida por usucapião preenchidos os seguintes 
requisitos: 
(A) possuir como seu, por quinze anos, sem interrupção, nem 
oposição, independentemente de título e boa-fé ou outro requisito; 
(B) possuir como seu, por dez anos, sem interrupção, nem oposição, 
independentemente de título e boa-fé ou outro requisito; 
(C) possuir como seu, por cinco anos, contínua e incontestadamente, 
com justo título e boa-fé, independentemente de outro requisito; 
(D) possuir como sua, área em zona rural de até cinqüenta hectares, 
por dez anos ininterruptamente e sem oposição, tornando-a produtiva 
por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, desde que 
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural; 
(E) possuir como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros 
quadrados, por dez anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-
a para sua moradia ou de sua família, desde que não seja proprietário 
de outro imóvel urbano ou rural. 
Análise das alternativas: 
(A) CERTA. Usucapião de bem imóvel extraordinário. 
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(B) ERRADA. Para se configurar usucapião extraordinário, conforme as 
características da alternativa, o prazo é de 15 anos. 
(C) ERRADA. Para se configurar o usucapião ordinário, tratado na assertiva, 
deve haver prova de aquisição oneroso e estabelecer no imóvel sua moradia e 
realizar ou realizar investimentos. 
(D) ERRADA. No usucapião constitucional rural o prazo é de 5 anos. 
(E) ERRADA. No usucapião constitucional urbano o prazo é de 5 anos. 
Gabarito: A 
5. (CESGRANRIO - DIREITO - Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social - BNDES – 2008) Consiste o usucapião em uma das 
hipóteses de perda da propriedade, nos termos do artigo 1.275 do 
Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002). Acerca de tal 
instituto, pode-se afirmar: 
I - não se admite usucapião sobre coisas móveis; 
II - não se admite usucapião de imóvel público; 
III - pode o locatário que detenha a coisa de forma contínua e pacífica 
por 15 anos requerer a declaração, por usucapião, de sua propriedade 
sobre o imóvel; 
IV- apenas se admite usucapião nas situações em que o possuidor da 
coisa a detenha a justo título. 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) 
(A) I, apenas. 
(B) II, apenas. 
(C) I e IV, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
(E) I, II, III e IV. 
Análise das afirmativas: 
(I) ERRADA. Admite-se usucapião sobre coisas móveis e imóveis. 
(II) CERTA. Os bens públicos são não estão sujeitos ao usucapião. Vide art. 
102 do CC na aula 1. 
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ANALISTA JUDICIÁRIO 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 44 
(III) ERRADA. A assertiva quer que o candidato saiba a diferença entre posse 
ad interdicta e posse ad usucapionem. 
- Posse ad interdicta: é aquela que pode ser defendida pelas ações 
possessórias, porém não conduz usucapião. Ex: o

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