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O INDIVÍDUO

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O INDIVÍDUO, A CU LTURA E A SOCI EDADE
Ralph Linton 
 
 
 
Por ora é suficiente te definir cultura como a maneira de viver de uma sociedade. Esta maneira de viver compreende inúmeros pormenores referentes ao comportamento, mas entre eles há sempre fatores em comum. Representam todos a atitude normal e previsível de qualquer dos membros da sociedade diante de uma dada situação. Em consequência, apesar do número infinito de pequenas variantes que podem ser encontradas na atitude de alguns indivíduos, ou mesmo nas atitudes de um mesmo indivíduo em momentos diferentes, verificar-se-á que a maior parte das pessoas, em uma sociedade, reagir a geralmente da mesma forma a uma situação dada. Por exemplo: na nossa sociedade, quase toda gente se alimenta três vezes por dia e toma uma dessas refeições aproxima da mente a o meio-dia. Além disso, aqueles que não seguem esta rotina são considerados esquisitos. Um tal consenso sobre a conduta e a opinião constitui um padrão cultural; a cultura, como um todo, é um conjunto mais ou menos organizado de tais padrões. 
A cultura, como um todo, proporciona aos membros de uma sociedade um guia indispensável em todos os campos da vida. Sem ela, tanto a sociedade como seus membros estariam impossibilitados de funcionar eficientemente. O fato de a maioria dos membros da sociedade reagir a uma dada situação de determinada forma capacita qualquer um a prever o comportamento, com um alto grau de probabilidade, se bem que ja mai s co m absoluta cer teza. Essa p revisão é um pré- requisito em t odo tipo de vi da social organi zada. Se o i ndivíduo vai trabalhar p ara ou tros, precisa estar seguro de ser recompensad o. A existê ncia dos padrões cu lturais l he pr oporciona essa segura nça, com seu fu ndamento na aprova ção social e no poder conseqüente da pr essão social sobre aqueles que n ão se lhes amoldam. Alé m disso, a través de l onga e xperiência e, em g rande parte, pelo e mpreg o do método de tentat iva e erro, os padrões cul turais, característicos de qualq uer soci edade vêm- se ajustando uns aos outr os estrei tamente: o i ndivíduo terá bons resultados se os acei tar e maus, o u mes mo nega tivo s, se não o fizer. O velho pr ovérbio “estan do em Ro ma age co mo ro mano" está ba seado em obser vações sensatas, desde que em Ro ma, co mo e m q ual quer outra socied ade, as coisas se org anizam e m ter mos de padrõ es culturai s lo cais, com pouc os me io s de libertaçã o dos mesmos. U m e xempl o seri am as di fi cul da des de u m i ngl ês à procur a de seu chá numa ci dad ezinha do Oeste médi o dos Estad os Unidos. A existên cia de pa drões cult urais é necessária tanto para o funciona men to de qualquer socie dade, como para sua conservação. A estrutura, isto é, o sistema de organi zação de uma soci edad e é, em si , u m aspecto da cultura. E mb ora com pro pósi tos d escri tivos po ssamos recor rer a analogia s espaci ais e reduzir um tal si stema a ter mos de posi ções, estas posi ções não pode m ser defi nidas de maneira adequad a a nã o ser e m função da conduta qu e se e sper a d e se us ocupantes. Certa s ca racterísticas de i dade, sexo, relaçõe s biol ógicas podem co nstituir pré-requisitos par a a ocup ação de deter mi nad as posições pelo indivíd uo, mas mes mo a d esig nação de tai s pré-requisito s constitui uma questão, cul tur al. Assim, as po si ções de pai e filh o e m nosso si stema soci al não pod em ser e sclareci das por n enhuma afi rmação relativa às relações biológicas existentes entre ambos. É preci so relacionar o comporta mento cul turalmente padronizado dos ocupant es dessas posições, u m em r ela ção a outro. Quando se tr ata de posições tais como a s de empregador e empregado, torna-se impossível defini-Ias, a não ser em termos daquil o que se espe ra qu e os ocu pantes das d uas posiçõ es façam (ou possi velmente façam) u m pel o ou tro. Uma posi ção em u m si stema soci al, tã o difer ente d o in divíduo ou i ndivíduos q ue po ssam ocupá- la em u m cer to mo mento, é realmente u ma confi guração de p adrões cul turai s. Da mesma for ma, o si stema soci al como u m todo é u ma configuração ai nda mai s e xtensa de padrões cul turai s. Esta configuração pr oporci ona ao indi víduo técnicas para a vida do grupo e pa ra a inte ração social, da mesma for ma qu e o utras configuraçõ es d e padrõ es, também dentr o da cultura total, lhe p roporcionam técni cas pa ra explora ção do meio natural ou para proteger-se de p oderes sobrenaturais. As soci edades se perpetuam ensi nando aos indivíduos de cada geração os padrõ es cul turai s referentes às posi ções qu e se e spera que ocupem na

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