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Comportamento alimentar e terapia de grupo

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Comportamento alimentar e terapia de grupo
Quantos de nós já devorámos um pacote de bolachas enquanto aguardamos por um telefonema importante, parámos na pastelaria a caminho de casa em busca de consolo por um dia mau ou oferecemos a caixa de biscoitos favoritos para animar a sobrinha triste? A comida conforta, e este efeito reconfortante está presente em quase todas as fases da vida ou culturas. A fome começa então a surgir quando determinada situação se apresenta e o que comanda o comportamento de ingestão alimentar são as emoções e não as necessidades nutricionais.
Este tipo de padrões alimentares enquadra-se dentro da designada fome emocional, a chamada fome sem fome, uma fome que não tem ligação com a sustentação da vida, que não surge por sinais fisiológicos (fome real), pelo contrário ignora-os, e que se relaciona fortemente a fatores psicológicos podendo constituir uma estratégia para lidar com o cansaço e stress, uma forma de ataque ao próprio corpo ou um mecanismo de compensação face a emoções negativas.
O problema principal advém da repetição destes episódios de ingestão alimentar, sendo que o prazer e bem-estar associado aos alimentos aquando da ingestão inicial, rapidamente dá lugar a sentimentos de culpa, perda de controlo e arrependimento, tendendo a repetir-se o mesmo padrão numa situação futura de tristeza e ansiedade, iniciando-se assim um ciclo vicioso de crises de gula.
Por outro lado, podemos encontrar um padrão de alimentação emocional baseado na restrição. Nestes casos, as emoções levam à diminuição de ingestão de comida numa tentativa de encontrar controlo ou poder, sendo a fome física ignorada. Numa fase inicial podem igualmente surgir sentimentos de bem-estar associados ao controlo absoluto da alimentação mas a curto-médio prazo surgirão consequências físicas e psicológicas graves tendo por base um desligamento do corpo uma vez que não tem as suas necessidades básicas asseguradas.
Assim para além de padrões de alimentação emocional, por confluência de fatores psicológicos, determinantes biológicos e fatores socioculturais podem surgir alterações significativas do comportamento alimentar que se passam a designar de doenças ou perturbações do comportamento alimentar. Estas abrangem comportamentos de controlo alimentar mais ou menos extremos, episódios de compulsão alimentar e comportamentos compensatórios para controlo do peso, diferenciando-se Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Binge Eating (Compulsão Alimentar).
 
Procurar apoio é fundamental. As doenças do comportamento alimentar como a Bulimia e o Binge Eating podem viver na sombra durante muito tempo. O próprio quadro de obesidade pode ser mascarado por atribuições como “falta de força de vontade”, “oscilações de apetite”, “não se importa por ter um quilinhos a mais”, que nos desviam do foco da questão e que levam a que a culpa paralise muita gente e dificulte o pedido de ajuda.
Para além da opção de um processo psicoterapêutico individual, muitas vezes complementado com apoio nutricional e médico, existem diversos benefícios de uma terapia de grupo, incluindo: psicoeducação (fornecimento de informações úteis no processo de compreensão da problemática e de mudança), estruturação (conteúdos programático do grupo permite forte foco na mudança e consequente rapidez na melhoria sintomatológica), normalização (percebe-se que não somos os únicos com este problema, que outras pessoas diferentes de nós conseguem experienciar dificuldades muito idênticas), suporte e aceitação (os participantes aprendem a empatizar com os outros elementos e consigo mesmos e apoiam-se mutuamente), competências interpessoais (treino da capacidade de comunicar com os outros e compreendê-los, potenciando o auto-diálogo e compreensão de si) e confronto com comportamentos desajustados (possibilidade de ver de fora comportamentos pouco saudáveis e analisá-los dessa perspetiva, potenciando a alteração dos mesmos). Os grupos podem ser homogéneos, em que todos os elementos têm o mesmo tipo de desordem alimentar ou heterogéneos, em que os participantes têm diferentes problemas.
O grupo terapêutico de comportamento alimentar da Oficina de Psicologia assenta na adaptação de um protocolo da abordagem DBT (Dialectical Behavior Therapy) criado para as problemáticas de comportamento alimentar, nomeadamente bulimia e binge eating.
O primeiro grande objetivo é que os participantes interrompam os seus comportamentos de ingestão compulsiva (e vómito/compensação) bem como todos os outros comportamentos associados à problemática alimentar listados hierarquicamente (mindless eating – comer inconsciente, fome emocional, impulsividade, desejos). Os objetivos do programa são alcançados através do ensino de estratégias adaptativas de regulação emocional – estratégias Mindfulness e competências de regulação emocional e de tolerância à angústia e desconforto. Estas estratégias visam substituir os comportamentos alimentares desajustados. A par da transformação da relação com a comida, a relação com o corpo e a auto-estima são alvo de intervenção, procurando uma melhoria do bem-estar global.
Estes grupos podem englobar clientes com questões de bulimia, binge eating e obesidade, bem como outros que, sem terem estes quadros diagnósticos e apresentando um peso dentro do normal considerando a sua estrutura, apresentem relações com a comida e com o corpo pouco saudáveis, dominadas por uma alimentação emocional.
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